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009 - Slides Fatos Jurídicos

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FATOS JURÍDICOS
3º elemento da relação jurídica (vínculo);
“Acontecimentos, previstos em norma jurídica, em razão dos quais nascem, se modificam, subsistem e se extinguem as relações jurídicas” – Maria Helena Diniz; exs. nascimento, divórcio, renovação de contrato e pagamento.
Fatos jurídicos e jurígenos (Ex facto oritur jus – O fato dá origem ao direito).
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CLASSIFICAÇÃO DOS FATOS JURÍDICOS:
a) Fato natural ou jurídico strictu sensu: sem intervenção humana (ordinário – ex. morte - e extraordinário – catástrofes naturais);
b) Ato-fato (ato jurídico não intencional; ex. praticado por incapaz);
c) Ato jurídico (strictu sensu: comportamento humano consciente de natureza não negocial – ex. escolha de domicílio - art. 185; negócio jurídico: vontade qualificada para produção de efeitos jurídicos: ex. arts. 188, II e 876) -;
d) Ato ilícito (efeito jurídico contrário à vontade do agente; gera dever jurídico e não direito subjetivo; arts. 186 e ss.).
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TEORIA DO NEGÓCIO JURÍDICO
“Todo fato jurídico consistente em declaração de vontade, ao qual o ordenamento jurídico atribui os efeitos designados como queridos, respeitados os pressupostos de existência, validade e eficácia, impostos pela norma jurídica que sobre ele incide”. 
Do pacta sunt servanda à autonomia da vontade; restrições: normas de ordem pública (exs. quanto ao casamento; art. 421 do CC) e princípios norteadores como da boa-fé (exs. arts. 422 e 170 da CF); e dignidade da pessoa humana (art. 1º, III da CF).
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CLASSIFICAÇÃO DO NEGÓCIO JURÍDICO
I - Quanto ao número de participantes:
Unilaterais (só uma manifestação de vontade; receptícios (se necessitar conhecimento da outra parte: revogação de mandato, rescisão de contrato (art. 473); ou não receptícios – reconhecimento de dívida, art. 854), bilaterais (consentimento; simples (vantagem para uma parte e ônus para outra – ex. testamento) ou sinalagmáticos (reciprocidade – contratos), plurilaterais (três ou mais partes - sociedade);
II – Quanto ao modo de participação:
Contratos (vontades harmônicas; ex. compra e venda) ou acordos (vontade comum; ex. deliberação de condomínio);
III – Quanto ao objeto:
Obrigacionais (conduta; ex. prestação de serviço), reais (incide sobre uma coisa; ex. contrato de aluguel), familiares (ex. emancipação), sucessórios (ex. renúncia de herança);
IV – Quanto às vantagens ou objetivos:
Onerosos (empréstimo), gratuitos (ex. doação, comodato), neutros (ex. instituição do bem de família) ou bifrontes (vantagem deliberada pelas partes – exs. arts. 628 e 658);
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V – Quanto ao tipo de efeito produzido:
Constitutivos (ex nunc) ou declarativos (ex tunc);
VI – Quanto à forma:
Formais (casamento) ou não formais (compra de bem móvel);
VII - Quanto à época da produção dos efeitos:
Intervivos ou causa mortis;
VIII – Quanto ao tipo:
Típico ou atípico (art. 425);
IX – Quanto à relação com outro negócio jurídico:
Principais (locação) ou acessórios (ex. fiança);
X – Quanto ao conteúdo:
Patrimoniais ou extrapatrimoniais (direito de família);
XII – Quanto ao exercício dos direitos:
Disposição ou simples administração (ex. uso, locação)
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EFEITOS DO NEGÓCIO JURÍDICO
a) Aquisição de direitos (originária/constitutiva ou derivada/translativa; Regra geral: “Ninguém pode transmitir mais direitos do que possui”; exs. direito de passagem e compra e venda; direitos atuais ou futuros; a título gratuito ou oneroso; universal ou singular);
b) Modificação de direitos (objetiva (qualitativa ou quantitativa – exs. maioridade/aluvião) ou subjetiva – ex. cessão de crédito; exceção: direitos personalíssimos);
c) Conservação de direitos (ex. ação de manutenção de posse, prorrogação de contrato/mandato, fiança);
d) Extinção de direitos (causas: perecimento do objeto (exceção: objeto segurado), alienação, renúncia, prescrição, abandono, falecimento do titular, confusão, implemento de condição resolutiva, advento de termo, abolição de um instituto jurídico).
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ELEMENTOS DE EXISTÊNCIA E VALIDADE DO NEGÓCIO JURÍDICO:
Art. 104: A validade do negócio jurídico requer: I - agente capaz; II – objeto lícito, possível, determinado ou determinável; III – forma prescrita ou não defesa em lei.
Elementos de existência: agente, objeto e forma; negócio existente pode produzir efeitos jurídicos, mesmo inválido;
Capacidade:
Atributo exclusivo de pessoas físicas, embora pessoas jurídicas (representantes legais e destinação) e entes despersonificados estejam contemplados, porque representados pelas primeiras;
Representação e assistência como suprimento à incapacidade;
Capacidade genérica (arts. 3º, 4º, 166, I e 171, I) ou específica (ausência de impedimentos - arts. 496, 497, 1.618 etc);
Capacidade ou incapacidade superveniente (art. 1.553, exceção e 1.861 – regra);
Reconhecimento de negócios de pequeno valor feito por incapazes por costume jurídico e princípio da insignificância;
Efeito possível além da invalidade: responsabilidade civil.
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Capacidade do agente
Art. 105. A incapacidade relativa de uma das partes não pode ser invocada pela outra em benefício próprio, nem aproveita aos co-interessados capazes, salvo se, neste caso, for indivisível o objeto do direito ou da obrigação comum.
Benefício legal do relativamente incapaz – exceção pessoal excepcionalmente estendida a outras pessoas;
Princípio da segurança jurídica;
Objetos ou obrigações indivisíveis (arts. 87 e 258 do CC; ex. compra de imóvel de herdeiros, sendo um deles incapaz não representado).
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Art. 106. A impossibilidade inicial do objeto não invalida o negócio jurídico se for relativa, ou se cessar antes de realizada a condição a que ele estiver subordinado.
Licitude, possibilidade e determinação do objeto;
Ilicitude: dupla sanção (invalidade e reparação); compreende também atos contrários à moral, bons costumes e à ordem pública;
Impossibilidade: jurídica (coincide com a ilicitude); física (absoluta – cancelamento de vôo; ou relativa (atraso); art. 166, II, 426; ao tempo ou superveniente (ainda que absoluta, não gera a invalidade); inicial (ex. doença de atleta com promessa de patrocínio);
Indeterminação ou indeterminabilidade: ex. venda de apto. sem especificação completa; art. 244;
Condição: ex. aluguel de clube em reforma com condição de pagamento de sinal.
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Forma do negócio jurídico
Art. 107. A validade da declaração de vontade não dependerá de forma especial, senão quando a lei expressamente a exigir.
Princípio da liberdade das formas (exs. art. 1.609; exceções: ex. art. 1.867); Pode ser tácita (ex. art. 659) ou expressa (ex. art. 1.653); oral ou por escrito, por instrumento público ou particular, envolvendo publicidade, ritos, registro público, presença de autoridade etc; única (ex. adoção), plural (ex. instituição do bem de família por escritura pública ou testamento) ou contratual;
Forma como meio de manifestação de vontade livre (exigência de consentimento) e de boa-fé; art. 166, IV e V; 
Leva-se em conta o grau de importância do ato negocial.
Art. 108. Não dispondo a lei em contrário, a escritura pública é essencial à validade dos negócios jurídicos que visem à constituição, transferência, modificação ou renúncia de direitos reais sobre imóveis de valor superior a trinta vezes o maior salário mínimo vigente no País.
Ex. arts. 62, 541 e 1.245.
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Art. 109. No negócio jurídico celebrado com a cláusula de não valer sem instrumento público, este é da substância do ato.
Sacramentalidade→consensualismo; Objetivos: segurança (veracidade e prova) e eficácia do negócio jurídico; Vedações: a) se a forma adotada é livre, quando a lei exige especial – arts. 1.886/7; b) se a forma adotada não se enquadra nas possibilidades oferecidas por lei – arts. 1.609 e 2.015; c) se a forma adotada não segue (no todo ou em parte), o rito legal – ex. na adoção, faltar período de convivência; d) se o agente adota forma proibida – art. 1.867.
Art. 110. A manifestação de vontade subsiste ainda que o seu autor haja feito a reserva mental de
não querer o que manifestou, salvo se dela o destinatário tinha conhecimento.
Reticência; Intenção de coibir atos ilícitos ou abusivos; elemento subjetivo; ausência de consentimento; Intencional (Simulação e reserva mental) ou não (fraude, erro, coação) – ex. propaganda enganosa.
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Interpretação dos negócios jurídicos:
Finalidade: questionamentos quando da execução do negócio, quanto a omissões, ambigüidades, expressões ininteligíveis...;
Art. 111. O silêncio importa anuência, quando as circunstâncias ou os usos o autorizarem, e não for necessária a declaração de vontade expressa.
Fato ambíguo: “quem cala não nega, mas também não afirma”; “Quem cala parece consentir, se devesse ou pudesse falar” - arts. 539, 659, 1805; art. 39, parágrafo único, III do CDC.
Art. 112. Nas declarações de vontade se atenderá mais à intenção nelas consubstanciada do que ao sentido literal da linguagem.
Prevalência da teoria da vontade sobre a da declaração – ex. “Não poderá haver nenhum atraso!”
Art. 113. Os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme a boa-fé e os usos do lugar de sua celebração.
Ex. compra de porteira fechada.
Art. 114. Os negócios jurídicos benéficos e a renúncia interpretam-se estritamente.
Implicam em liberalidade - arts. 819, 1.899 do CC.
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Regras de interpretação:
Deve-se priorizar a interpretação:
Mais harmônica com a natureza do negócio – ex. compra e venda com cláusula de período de teste em que uma das partes pretende prolongar indevidamente;
Em benefício da parte em desvantagem - arts. 423 do CC e 47 do CDC;
Sistemática;
Na cláusula suscetível de dois significados, a que pode ser exeqüível (princípio do aproveitamento) – ex. art. 134;
De acordo com o nível intelectual e educacional das partes, e seu estado de espírito no momento da declaração;
Em que aquele que pode o mais, pode o menos – ex. autorizar o uso comercial em residência e questionar a hospedagem;
Na apuração da intenção dos contratantes, verificar o modo pelo qual vinham executando, de comum acordo.
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DA REPRESENTAÇÃO
Instrumento de ampliação da esfera de atuação jurídica de alguém, através da prática de negócios jurídicos por intermédio de outrem; busca praticidade, mas em atendimento à segurança jurídica.
Art. 115. Os poderes de representação conferem-se por lei ou pelo interessado.
a) Representação legal: designados pela própria lei: tutor, curador, pais, síndico, inventariante, representação processual (art. 12 do CPC);
b) Representação convencional: escolha do representante pelo próprio interessado – mandatário (arts. 653 e ss. do CC).
Diferenças:
a) Quanto à revogação, a convencional pode ser revogada a qualquer tempo pelo representado; já a representação legal tem caráter personalíssimo, sendo indelegável o seu exercício pelo representado ou representante;
b) Quanto à capacidade, o CC permite que o maior de 16 e menor de 18 anos não emancipado seja mandatário, mas só as pessoas capazes podem ser mandantes e representantes legais (art. 654);
c) Quanto à autonomia do representado: ausência absoluta na representação legal e relativa na representação convencional;
d) Quanto aos poderes do representante: em regra, limitados (princípio da segurança jurídica);
e) Na representação convencional, requer mandato, que poderá ser expresso ou tácito (ou mandato sem representação - corretagem e representação sem mandato – ex. representação comercial).
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Art. 116. A manifestação de vontade pelo representante, nos limites de seus poderes, produz efeitos em relação ao representado.
Ex. arts. 662.
Art. 117. Salvo se o permitir a lei ou o representado, é anulável o negócio jurídico que o representante, no seu interesse ou por conta de outrem, celebrar consigo mesmo.
Parágrafo único. Para esse efeito, tem-se como celebrado pelo representante o negócio realizado por aquele em quem os poderes houverem sido substabelecidos.
Conflito de interesses – ex. art. 497; STF: atenção às regras de moralidade.
Art. 118. O representante é obrigado a provar às pessoas, com quem tratar em nome do representado, a sua qualidade e a extensão de seus poderes, sob pena de, não o fazendo, responder pelos atos que a estes excederem – ex. art. 673.
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Art. 119. É anulável o negócio concluído pelo representante em conflito de interesses com o representado, se tal fato era ou devia ser do conhecimento de quem com aquele tratou.
Parágrafo único. É de cento e oitenta dias, a contar da conclusão do negócio ou da cessação da incapacidade, o prazo de decadência para pleitear-se a anulação prevista neste artigo.
Abuso de direito e excesso de poder; Arts. 679 (erro ou má-fé; indenização) e 1.692.
Art. 120. Os requisitos e os efeitos da representação legal são os estabelecidos nas normas respectivas; os da representação voluntária são os da Parte Especial deste Código.

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