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Comunicação Empresarial

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1 
Marketing Estratégico 
MARKETING ESTRATÉGICO 
 
 
GRADUAÇÃO 
COMUNICAÇÃO EMPRESARIAL 
 
 
 
 
 
1 
 
PÓS-GRADUAÇÃO 
COMUNICAÇÃO EMPRESARIAL 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CENTRO UNIVERSITÁRIO DINÂMICA DAS CATARATAS Núcleo de Educação a Distância 
 
Comunicação Empresarial. 
ARAÚJO, Prof.ª Me. Ana Lucia Moreira Rios Coimbra de 
Foz do Iguaçu - PR 2013. 
52 p. 
 
TECNÓLOGOS EM GESTÃO FINANCEIRA, GESTÃO COMERCIAL E GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS - 
EaD 
 
CDU: 65.012.45 
 
 
NEAD – Núcleo de Educação a Distância 
Av. Bartolomeu de Gusmão, 1324 - Centro – CEP: 85.852-130 
Foz do Iguaçu – Paraná / ead.udc.br / 3574-6900 
 
 
 
 
2 
 
PÓS-GRADUAÇÃO 
COMUNICAÇÃO EMPRESARIAL 
APRESENTAÇÃO 
 
Prezado(a) Acadêmico(a), 
 
Você está participando da disciplina de Comunicação Empresarial na 
modalidade a distância, ofertada pelo Centro Universitário Dinâmica das 
Cataratas - UDC. Sabemos que o seu percurso de aprendizagem necessita ser 
acompanhado e orientado, para que você obtenha sucesso nos estudos e 
construa um conhecimento relevante à sua formação profissional. 
Preparamos este material didático com os conteúdos teóricos e as orientações 
de atividades planejadas pelo professor, possibilitando, assim, guiá-lo no 
autoestudo ao longo do semestre. Além disso, você conta com o ambiente virtual 
de aprendizagem como espaço de estudo e de participação ativa no curso. Nele 
você encontra as orientações para realizar atividades e avaliações online, além 
de recursos que vão enriquecer a proposta deste material didático, tais como 
links para sites da Internet, vídeos gravados pelo professor e outros por ele 
sugeridos, textos, animações, ilustrações, dentre outras mídias. 
Lembre-se, no entanto, de que você deve se organizar para criar sua própria 
autonomia de estudo. Isso inclui o planejamento do seu tempo de dedicação ao 
estudo individual e de participação colaborativa no ambiente virtual. 
Este material é o seu livro-texto e apoio importante no desenvolvimento de sua 
aprendizagem no curso. 
 
Bom estudo! 
Direção UDC Online 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 
 
PÓS-GRADUAÇÃO 
COMUNICAÇÃO EMPRESARIAL 
SUMÁRIO 
 
APRESENTAÇÃO ................................................................................................................... 2 
UNIDADE I – FUNDAMENTOS DA COMUNICAÇÃO ..................................................... 5 
1.1 O PROCESSO DA COMUNICAÇÃO ........................................................................... 5 
1.2 AS COMUNICAÇÕES VERBAIS E NÃO VERBAIS.................................................... 7 
1.2.1 O código verbal e suas variantes ................................................................................ 8 
1.3 RUÍDOS NA COMUNICAÇÃO ........................................................................................ 9 
1.3 VARIAÇÕES LINGUÍSTICAS .......................................................................................11 
1.3.1 Modalidade Falada ......................................................................................................11 
1.3.2 Modalidade Escrita ......................................................................................................12 
1.4 FUNÇÕES DA LINGUAGEM ........................................................................................14 
1.4.1 Função Referencial ou Denotativa ............................................................................14 
1.4.2 Função Emotiva ...........................................................................................................15 
1.4.3 Função Conotativa ou Apelativa................................................................................16 
1.4.3 Função Fática ...............................................................................................................16 
1.4.4 Função Metalinguística ...............................................................................................16 
1.4.5 Função Poética.............................................................................................................16 
UNIDADE II – ESTUDO DO TEXTO ..................................................................................18 
2.1 A ANÁLISE TEXTUAL ....................................................................................................18 
2.1.1 Os Formadores de Sentido ........................................................................................19 
2.1.2 Compreensão e Interpretação ...................................................................................20 
2.1.3 Coesão e Corerência...................................................................................................24 
UNIDADE III – TIPOLOGIAS TEXTUAIS..........................................................................26 
3.1 TIPOLOGIA E GÊNEROS TEXTUAIS.........................................................................26 
3.1.1 O Texto Descritivo .......................................................................................................26 
3.1.2 O Texto Narrativo .........................................................................................................27 
3.1.3 O Texto Dissertativo ....................................................................................................27 
UNIDADE IV – RECEPÇÃO DO TEXTO...........................................................................31 
4.1 RECEPÇÃO DO TEXTO................................................................................................31 
3.1.1 Níveis de Leitura ..........................................................................................................33 
4.2 A ANÁLISE TEXTUAL ....................................................................................................35 
4.2.1 Argumentação ..............................................................................................................37 
 
 
 
 
4 
 
PÓS-GRADUAÇÃO 
COMUNICAÇÃO EMPRESARIAL 
4.2.2 Introdução, desenvolvimento e conclusão...............................................................39 
4.3 AS INFORMAÇÕES IMPLÍCITAS ................................................................................41 
4.4 RESUMO ..........................................................................................................................43 
REFERÊNCIAS ......................................................................................................................46 
 
 
 
 
 
 
5 
 
PÓS-GRADUAÇÃO 
COMUNICAÇÃO EMPRESARIAL 
UNIDADE I – FUNDAMENTOS DA COMUNICAÇÃO 
 
OBJETIVOS DA APRENDIZAGEM 
Nesta unidade estudaremos a comunicação, compreendendo os conceitos que a 
envolvem, os elementos comunicativos e os ruídos que envolvem as situações 
comunicativas. Faremos também uma abordagem sobre os conceitos de língua e 
linguagem e os elementos que as distinguem. Você será capaz de compreender que 
a língua sofre variações, e que estas estão ligadas às situações de uso tanto verbais 
como por escrito. Por fim, identificaremos as funções da linguagem nas diversas 
situações de comunicação. 
 
 
1.1 O PROCESSO DA COMUNICAÇÃO 
 
A comunicação é um processo social sem a qual a sociedade não existiria. No 
mundo moderno, transformou-se em força extraordinária na observação das relações 
sociais e no comportamento individual. Você já transmitiu alguma mensagem e que 
não foi entendida como você esperava que fosse? 
Comunicar implica a busca de entendimento sobre a transmissãode 
sentimentos e ideias estabelecidas por meio de sinais que só pode acontecer por meio 
de um processo, que consiste em um comunicador (emissor ou transmissor), em uma 
mensagem e um recebedor (receptor ou codificador). 
Os sinais são chamados de signos e têm o significado que a experiência das 
pessoas permite atribuir aos mesmos. Por isso, no processo comunicativo, emissor e 
receptor precisam conhecer o mesmo código, ou seja, o mesmo conjunto de sinais, 
caso contrário, a comunicação não ocorrerá. 
Observe no diálogo a seguir o que ocorre com a comunicação quando os signos 
não são compreendidos: 
Dois sujeitos conversavam em um ponto de ônibus. Um deles segurava 
um buquê de rosas, quando o outro perguntou: 
- Para Petrolina? 
Não, é para a Maria. 
 Fonte: Criado pela autora exclusivamente para esse material 
 
 
 
 
6 
 
PÓS-GRADUAÇÃO 
COMUNICAÇÃO EMPRESARIAL 
Como pudemos observar na piada, o rapaz que segurava o buquê não 
entendeu a pergunta por imaginar que o outro passageiro se referia a uma pessoa e 
não à localidade a qual o outro passageiro pretendia seguir. Percebemos que o 
emissor não soube esclarecer a pergunta ao referir-se a Petrolina. O outro rapaz, que 
segurava o buquê, por sua vez, entendeu a pergunta como se tratasse de uma pessoa 
e não um destino. Portanto, comunicar envolve uma dinâmica que não dispensa os 
elementos mais importantes na comunicação. É necessário conhecer todos os 
elementos para que a comunicação realmente se efetive. 
 
Relembrando! 
No processo de comunicação necessitamos de: 
Um código – signo linguístico que deve ser conhecido por quem emite e 
quem recebe a mensagem; 
Um emissor – quem enviará a mensagem; 
Um receptor – quem receberá a mensagem; 
Uma mensagem – aquilo que se pretende comunicar. 
 
Como pudemos observar na piada, o rapaz que segurava o buquê não 
entendeu a pergunta por imaginar que o outro passageiro se referia a uma pessoa e 
não à localidade a qual o outro passageiro pretendia seguir. Percebemos que o 
emissor não soube esclarecer a pergunta ao referir-se a Petrolina. O outro rapaz, que 
segurava o buquê, por sua vez, entendeu a pergunta como se tratasse de uma pessoa 
e não um destino. Portanto, comunicar envolve uma dinâmica que não dispensa os 
elementos mais importantes na comunicação. 
Além destes elementos, há também o canal, que é a forma utilizada para enviar 
a mensagem. O canal pode ser natural – que utiliza os órgãos sensoriais ou; 
tecnológico, que utiliza da forma espacial (rádio, telefone, telex, Internet...) e a forma 
temporal (livros, discos, fotografia...), pois transporta a mensagem de uma época para 
outra. 
REVISANDO! 
Muito bem! Chegamos ao final do primeiro tema. Espero que você tenha 
aprendido tudo direitinho e de maneira clara, afinal, a comunicação verbal 
é o que distingue o homem dos demais animais. 
 
 
 
 
7 
 
PÓS-GRADUAÇÃO 
COMUNICAÇÃO EMPRESARIAL 
1.2 AS COMUNICAÇÕES VERBAIS E NÃO VERBAIS 
 
Como mencionamos anteriormente, é necessário que emissor e receptor 
conheçam o mesmo código. O código é um conjunto de sinais estruturados que pode 
ser verbal (utiliza da palavra escrita ou falada) ou não verbal (utiliza gestos ou sinais). 
Os códigos não verbais, pela sua própria natureza, dificultam a (decodificação) uma 
vez que são plurissignificantes, ou seja, podem apresentar várias significações. Por 
exemplo, enquanto a cor branca significa pureza no Ocidente. Assim, é comum 
vermos uma noiva chinesa vestida no dia do casamento com um vestido vermelho ao 
invés do branco tradicional. 
Mas, será que só o ser humano se comunica? 
Na verdade, todos os seres vivos estabelecem alguma forma de comunicação. 
Para isto, utilizam-se dos códigos não verbais. 
Por exemplo, as abelhas ao encontrarem alimento, executam uma espécie de 
dança em forma de “8” que representa proximidade de alimento. 
Contudo, somente o homem tem a capacidade de se comunicar por meio de 
uma língua. 
Observe o texto não verbal a seguir: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: www.portaldoprofessor.mec.gov.br 
 
Embora a tirinha não apresente nenhuma linguagem verbal, é perfeitamente 
possível compreender a ideia somente por meio das imagens. 
 
 
 
 
 
8 
 
PÓS-GRADUAÇÃO 
COMUNICAÇÃO EMPRESARIAL 
1.2.1 O código verbal e suas variantes 
 
A língua é um código verbal que representa a parte social da linguagem, é de 
natureza homogênea, um sistema de signos convencionais e arbitrários. Cada grupo 
social determina esse sistema que pode ser estruturado a partir de letras ou símbolos, 
os quais serão conhecidos por toda a comunidade falante. 
 
No caso da língua portuguesa, o signo convencionado é o alfabeto; com este, 
formamos as palavras, as frases e, finalmente, os textos. Mas, ao empregar os signos 
que formam a nossa língua, devemos obedecer às regras de organização que a língua 
nos oferece. Desta forma, o conhecimento de uma língua nos faz conhecer e 
identificar não somente os signos, mas também o uso adequado de suas regras 
combinatórias. 
 
Cada pessoa pode, individualmente, utilizar a língua de seu grupo social de 
maneira personalizada. Você mesmo (a), ao escrever, dá preferência a determinadas 
palavras ou expressões. Esse modo particular de utilizar a língua social é denominado 
fala. 
 
Além da fala, há outros fatores que faz com que a língua sofra variações. Dentre 
esses fatores estão: 
Geográficos – a língua portuguesa assume formas diferentes dependendo da 
região em que determinados vocábulos são utilizados. Por exemplo, a palavra 
mandioca pode ser referenciada de diferentes maneiras, dependendo da região. No 
Nordeste, por exemplo, é conhecida como macaxeira; no Norte, por aipim. 
 
Sociais – A maneira como determinados grupos adquirem o conhecimento e o 
domínio das regras linguísticas faz com que ocorra uma variação social do código 
linguístico. O português empregado por uma pessoa que frequenta a escola segue 
normas diferenciadas de quem não frequenta. Enquanto algumas classes sociais 
gozam de prestígio, outras são vítimas de preconceito. Cria-se, assim, a modalidade 
da língua culta, a qual é adquirida nos anos de escolaridade; e a língua coloquial, 
despreocupada e utilizada pela maioria dos falantes, mas que não apresenta 
formalidade no seu emprego. É na variante social que surge a Gíria, uma modalidade 
da fala que é constante modificada pelo grupo que a utiliza. Vale lembrar que a gíria 
é mais restrita a determinados grupos: policiais, estudantes, surfistas, 
contrabandistas, porque estes empregam códigos que somente os membros do grupo 
 
 
 
 
9 
 
PÓS-GRADUAÇÃO 
COMUNICAÇÃO EMPRESARIAL 
conhecem o significado. 
 
Profissionais – Essa variante tem seu uso restrito ao intercâmbio técnico, ou 
seja, certas atividades requerem o domínio de certas expressões que são 
denominadas técnicas. Um técnico de informática, por exemplo, pode utilizar-se de 
expressões para demonstrar um problema que ocorre no computador e para isso, 
emprega um termo técnico. Os falantes comuns dificilmente entenderão a linguagem, 
uma vez que não têm o domínio deste tipo de vocabulário. 
Situacionais – Um mesmo indivíduo pode empregar diferentes formas de 
língua, dependendo da situação de uso. Que atitudes você toma quando vai falar com 
um superior ou alguém que possui uma posição social mais elevada que a sua? 
Percebeu? É este tipo de variante que estamos nos referindo. Ao falar com uma 
pessoa socialmente mais bem posicionada, empregamos um vocabulário, uma 
estrutura gramatical mais elaborada do que quando falamos com alguémda nossa 
família ou de nosso meio social. 
Falar e escrever implica profundas diferenças na elaboração de mensagens, mas isto 
será visto mais adiante. 
 
 
1.3 RUÍDOS NA COMUNICAÇÃO 
 
Imagine-se num centro de convenções na hora do intervalo. É praticamente 
impossível estabelecer uma comunicação sem que haja uma interrupção da fala ou o 
frequente comentário: “O que foi mesmo que disse? ”, “Há muito barulho, não consigo 
te ouvir direito! ” . Isso certamente já ocorreu com você, não é mesmo? É isto que 
chamamos de ruído – uma interferência indesejável na transmissão de uma 
mensagem. 
Dentre os fatores que contribuem para que o ruído apareça estão: 
• Emissor e receptor terem percepções diferentes do contexto da 
comunicação, ou o desconhecimento do receptor; 
• A falta de organização das ideias por meio do emissor de forma clara, 
levando o receptor ao não entendimento da mensagem; 
• Emissor e receptor não terem o domínio completo do vocabulário da 
língua; 
 
 
 
 
10 
 
PÓS-GRADUAÇÃO 
COMUNICAÇÃO EMPRESARIAL 
• Falta de atenção por parte do receptor em relação à mensagem que 
está sendo transmitida; 
• Interferências sofridas pelo canal transmissor da mensagem. 
Vejamos um exemplo de uma situação resultante de um ruído de comunicação: 
 
Em uma sala de aula, os alunos encontravam-se em meio a um trabalho 
em grupo, quando a professora diz: 
- Luís, este fica suspenso. 
Devido ao barulho, o aluno que havia saído e retornava à sala ouviu apenas 
o final “suspenso” e, ao ver o colega próximo à professora deduziu “A 
professora suspendeu o Luís” e começou a espalhar pela sala o boato. 
- Carlos, ouviu? A professora suspendeu o Luís. 
Sem saber do que se tratava, o boato foi se espalhando e a professora 
ficou sem entender nada. 
Fonte: Criado pela autora exclusivamente para esse material 
 
Neste caso, pudemos perceber que a mensagem não foi bem interpretada pelo 
marinheiro, que entendeu que o barco tratava da mulher de Hagar e não um barco, 
literalmente. 
Problemas como esse são comuns no processo comunicativo. 
 
Saiba Mais 
Percebeu como é interessante estudar Comunicação? Mas, que tal 
aprofundar um pouco mais os conhecimentos? Consulte o site abaixo, leia 
o artigo proposto sobre a fruição literária, que tem por título: “ Breves 
considerações sobre fruição literária na escola” de Maria da Conceição de 
Jesus Ranke e da Dra. Em Literatura Hilda Gomes Dutra Magalhães. Boa 
leitura! http://www.uft.edu.br/pgletras/revista/capitulos/3_-
_texto_hilda_e_conceicao.pdf 
 
Glossário 
Arbitrário: adj. (lat.arbitrarius) 1. Que depende só da vontade pessoal. 2. Que não 
 
 
 
 
11 
 
PÓS-GRADUAÇÃO 
COMUNICAÇÃO EMPRESARIAL 
respeita leis ou regras; ilegal. 
Convencional: adj. 2g. 1. Relativo a ou que resulta de uma convenção. 2. Tradicional, 
clássico. 3. Diz-se de armamentos que não são nucleares, biológicos ou químicos. 4. 
Diz-se da guerra onde apenas armas desse tipo são empregadas. •s.2g. Participante 
de uma convenção; convencionalista. 
Homogêneo: adj. 1. Diz-se de um corpo cuja composição e estrutura são as mesmas 
em todos os pontos. 2. Igual, análogo, idêntico. 3. Que tem grande identidade, 
comunhão de ideias ou de sentimentos. Quím. Que é formado de uma única fase. 
Plurissignificante: adj. Palavra que adquire vários significados, dependendo da 
forma ou da situação em que é empregada. 
 
 
1.3 VARIAÇÕES LINGUÍSTICAS 
 
No estudo anterior visto como acontece o processo de comunicação, os 
conceitos de língua e linguagem, o que é linguagem verbal e a não verbal e por que é 
importante estudarmos uma língua. Percebemos que o estudo da língua não se limita 
apenas a estudos conceituais e, mais que isso, iniciamos o desenvolvimento da 
competência linguística, elemento chave para todo o processo comunicativo e 
necessário a qualquer área profissional. 
Percebemos também que uma língua não é falada da mesma maneira por 
todos os falantes; que é variante conforme a classe social, o espaço geográfico, a 
situação de uso ou até mesmo, de acordo com a profissão. 
O estudo das variantes linguísticas nos proporciona o conhecimento de como 
a língua pode variar de acordo com a pessoa que a utiliza. Assim, concentraremos 
nosso estudo em alguns eixos determinantes de uma variação linguística: a 
modalidade falada e a modalidade escrita. 
 
 
1.3.1 Modalidade Falada 
 
As pessoas se comunicam de formas diferentes, como já mencionamos, em 
função de múltiplos fatores: época, região, ambiente, status. O modelo da língua 
 
 
 
 
12 
 
PÓS-GRADUAÇÃO 
COMUNICAÇÃO EMPRESARIAL 
padrão é decorrente dos parâmetros utilizados pelo grupo social mais culta. A língua 
falada, no entanto, exige a observação do interlocutor em relação ao emprego desta 
modalidade, que é a forma como a língua está vinculada às situações de uso. Ou seja, 
no ato comunicativo, os interlocutores estão presentes, interagindo e, assim, elaboram 
mensagens marcadas pelos fatos da língua falada. O vocabulário é alusivo, como o 
emprego de pronomes ou advérbios que possibilitam indicar os envolvidos na 
mensagem sem que os nomeie. 
A língua falada torna-se, desta forma, mais espontânea, mais viva e concreta, 
porque é despreocupada em relação à gramática. O vocabulário também é mais 
limitado, embora seja permanentemente renovado. 
A língua falada pode apresentar-se de maneira culta, utilizada por pessoas com 
instrução, niveladas pela escolaridade, obedece aos padrões da língua; coloquial, é 
mais espontânea, usada para satisfazer as necessidades do falante, sem muita 
preocupação com as formas linguísticas; vulgar ou inculta, própria das pessoas sem 
instrução, livre de convenções sociais, infringe totalmente as normas gramaticais; 
regional, está circunscrita a regiões geográficas, caracterizando-se pelo acento 
linguístico; grupal ou técnica, pertence a grupos fechados e só é compreendida 
quando o falante faz parte do grupo. É o caso das gírias e da linguagem utilizada por 
técnicos. 
 
1.3.2 Modalidade Escrita 
 
A modalidade escrita requer uma linguagem mais precisa. O uso de pronomes 
e advérbios obedece a outros critérios, pois estas palavras relacionam partes do texto 
entre si e, por isso, exigem formas de referência mais precisas. Assim, a língua escrita 
demanda mais precisão e um esforço maior por parte de quem a emprega. Por ser 
mais eficiente, não exige a proximidade leitor-redator porque a mensagem é 
transmitida satisfatoriamente. 
No entanto, é ilusório pensar que uma ou outra dessas modalidades é mais ou 
menos importante que a outra; são apenas diferentes e cada uma é apropriada a uma 
determinada forma de comunicação. 
A modalidade escrita pode se apresentar com as mesmas variantes da língua 
falada: língua padrão, coloquial, inculta, regional, grupal, porém, pode ser literária, 
 
 
 
 
13 
 
PÓS-GRADUAÇÃO 
COMUNICAÇÃO EMPRESARIAL 
utilizada pelos escritores; ou não literária, utilizada por todos os membros da 
comunidade. 
A linguagem literária rompe com o convencionalismo, o escritor pode fazer uso 
da palavra como bem entender, porque o que importa é o trabalho com a palavra, o 
efeito que esta produz no texto; a linguagem é repleta de significados que vão sendo 
construídos lentamente. 
Na linguagem literária predomina a conotação e a subjetividade. A conotação 
é a responsável em proporcionar às palavras os múltiplos significados, ou seja, o autor 
pode escrever uma palavra, mas o sentido atribuído a ela está fora do seu significado 
real. 
A subjetividade está relacionada ao sentimento de cada pessoa, portanto, 
quandoo autor escreve de maneira literária, ele atribui ao texto ou às palavras o 
sentido que desejar, pois é algo pessoal, livre de convenções. 
 
Vejamos, no texto a seguir, o que a autora nos esclarece a respeito dessas 
modalidades de linguagem: 
 
O TEXTO ESCRITO 
A luta que os alunos enfrentam com relação à produção de textos escritos é muito 
especial. Em geral, eles não apresentam dificuldades em se expressar através da 
fala coloquial. Os problemas começam a surgir quando este aluno tem 
necessidade de se expressar formalmente e se agravam no momento de produzir 
um texto escrito. Nesta última situação ele deve ter claro que há diferenças 
marcantes entre falar e escrever. 
Na linguagem oral o falante tem claro com quem fala e em que contexto. O 
conhecimento da situação facilita a produção oral. Nela o interlocutor, presente 
fisicamente, é ativo, tendo possibilidade de intervir, de pedir esclarecimentos, ou 
até mudar o curso da conversação. O falante pode ainda recorrer a recursos que 
não são propriamente linguísticos, como gestos ou expressões faciais. Na 
linguagem escrita a falta destes elementos extratextuais precisa ser suprimida 
pelo texto, que se deve organizar de forma a garantir a sua inteligibilidade. 
Escrever não é apenas traduzir a fala em sinais gráficos. O fato de um texto escrito 
não ser satisfatório não significa que o seu produtor tenha dificuldades quanto ao 
manejo da linguagem cotidiana e sim que ele não domina os recursos específicos 
da modalidade escrita. 
A escrita tem normas próprias, tais como regras de ortografia – que, 
evidentemente, não é marcada na fala -, de pontuação, de concordância, de uso 
de tempos verbais. Entretanto, a simples utilização de tais regras e de outros 
recursos da norma culta não garante o sucesso de um texto escrito. Não basta, 
também, saber que escrever é diferente de falar. É necessário preocupar-se com 
a constituição de um discurso, entendido aqui como um ato de linguagem que 
representa uma interação entre o produtor do texto e o seu receptor; além disso, 
 
 
 
 
14 
 
PÓS-GRADUAÇÃO 
COMUNICAÇÃO EMPRESARIAL 
é preciso ter em mente a figura do interlocutor e a finalidade para a qual o texto 
foi produzido. 
Para que esse discurso seja bem sucedido deve constituir um todo significativo e 
não fragmentos isolados justapostos. No interior de um texto devem existir 
elementos que estabeleçam uma ligação entre as partes, isto é, elos significativos 
que confiram coesão ao discurso. Considera-se coeso o texto em que as partes 
referem-se mutuamente, só fazendo sentido quando consideradas em relação 
umas com as outras. 
(DURIGAN, Regina H. de Almeida et AL. A dissertação no vestibular. In: 
INFANTE, Ulisses. Curso de Gramática Aplicada aos Textos. São Paulo: Scipione, 
p.49-50, 2001. 
 
 
Percebeu? Não é tão difícil assim. Sempre que for escrever procure se lembrar 
do que é essencial para uma boa compreensão do que pretende transmitir. Faça a 
escolha lexical mais apropriada a cada situação de escrita e bom trabalho! 
 
 
1.4 FUNÇÕES DA LINGUAGEM 
 
Como vimos anteriormente, a língua é um contrato social pelo qual os seres 
humanos convencionaram para estabelecer a comunicação com o grupo. 
Percebemos também que a linguagem estabelece a comunicação quando 
consegue relacionar os elementos básicos que a compõe: emissor, receptor, 
mensagem, canal, código. Sendo assim, é importante ressaltar que a linguagem 
também tem uma função comunicativa. Vamos conhecê-la? 
Quando estabelecemos o vínculo comunicativo, normalmente o fazemos com 
uma intenção: referenciar algo, emocionar, persuadir, trocar informações ou 
simplesmente explicar o próprio termo. 
Quaisquer destas intenções estão associadas às funções da linguagem. 
 
1.4.1 Função Referencial ou Denotativa 
 
Esta função tem por finalidade transmitir uma informação ou expor dados da 
realidade de modo objetivo. É o que observamos nos textos jornalísticos, técnicos, 
didáticos ou em correspondências comerciais. 
Observe a linguagem adotada no fragmento a seguir: 
 
 
 
 
 
15 
 
PÓS-GRADUAÇÃO 
COMUNICAÇÃO EMPRESARIAL 
'Draw Something 2' será lançado nos Estados Unidos Revelação foi 
feita por Mark Pincus, CEO da Zynga, para investidores 
 
O CEO da Zynga, Mark Pincus, anunciou nesta quarta-feira que o jogo Draw 
Something 2 será lançado nos Estados Unidos nesta quarta-feira. O Draw 
Something é um aplicativo social que coloca duas pessoas em uma competição 
de desenhos. Alternadamente, cada um dos contendores recebe do programa três 
palavras. Tem, então, que desenhar, na superfície do smartphone ou tablet, uma 
imagem que represente aquela palavra. Em seguida, o desenho é exibido ao rival: 
se este matar a charada, ambos ganham pontos - na verdade, moedas virtuais. É 
uma atualização dos antigos programa de TV. Encerrada a rodada, trocam-se os 
papéis. (Fonte: www.veja.abril.com.br: Disponível em 
http://veja.abril.com.br/noticia/vida-digital/draw-something-2-sera-lancado-nos-
estados-unidos; Extraído em 24/04/2013 
 
 
Notou como é uma linguagem direta, objetiva? Além disso, a característica 
fundamental do texto é transmitir uma informação, sem que haja a opinião do autor. 
 
1.4.2 Função Emotiva 
 
Diferentemente da função referencial, a função emotiva tem por objetivo 
transmitir as emoções pessoais de quem a produz. A realidade é transmitida sob o 
ponto de vista do emissor, portanto, mais pessoal. Neste tipo de linguagem é comum 
aparecerem os pontos de exclamação, interrogação ou reticências. Essa função é 
comum em poemas ou narrativas românticas ou dramáticas. 
 
Vejamos mais um exemplo: 
 
Motivo 
Eu canto porque o instante existe e a minha vida já está 
completa. Não sou alegre nem sou triste: sou poeta. 
Irmão das coisas fugidias, não sinto gozo nem tormento. 
Atravesso noites e dias no vento. 
Se desmorono ou se edifico, se permaneço ou me desfaço, 
- não sei, não sei. Não sei se fico ou passo. 
Sei que canto. E a canção é tudo. 
Tem sangue eterno a asa ritmada. 
 
 
 
 
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PÓS-GRADUAÇÃO 
COMUNICAÇÃO EMPRESARIAL 
E um dia sei que estarei mudo: 
- mais nada. 
(MEIRELES, Cecília. Poesia Completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1994.) 
 
 
1.4.3 Função Conotativa ou Apelativa 
 
Como o próprio nome diz, essa função tem por objetivo “apelar” para o receptor, 
ou seja, convencê-lo de algo. Para isso, emprega vocativos, sugestões, convites ou 
apelos. Essa função é muito empregada por anúncios publicitários, discursos políticos 
ou de autoridade. 
 
1.4.3 Função Fática 
 
Esta função é centrada no sujeito receptor, ou seja, no interlocutor. Tem por 
objetivo prolongar ou interromper a comunicação. 
 
 
 
Exemplo: “ – Olá! Por gentileza, o Senhor Luís se encontra?” 
 
 
 
1.4.4 Função Metalinguística 
 
Esta função é predominante dos manuais e dicionários, pois é utilizada para 
explicar a própria linguagem. 
 
 
Exemplo: O Sol é uma estrela de quinta grandeza. 
 
 
 
 
1.4.5 Função Poética 
 
Assim como a emotiva, a esta função utiliza-se da subjetividade. O que a 
distingue da emotiva, é que na função poética o emissor pode usar da criatividade. 
 
 
 
 
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PÓS-GRADUAÇÃO 
COMUNICAÇÃO EMPRESARIAL 
 
 
Exemplo: “ Vi o vento soprar 
E a noite descer...” (Lêdo Ivo) 
 
 
 
 
Saiba Mais! 
 
Procure ficar atento (a) às funções da linguagem e outros elementos da 
comunicação, verificando como o emissor a utiliza para convencer o 
receptor sobre o que está sendo emitido. Realize outras leituras, 
consultando esses sites: http://www.brasilescola.com/gramatica/funcoes-
linguagem.htm http://www.gramaticaonline.com.brhttp://www.infoescola.com 
 
 
Glossário 
Alusivo: adj. Que contém alusão. Vago; indireto. 
Contexto: subst. masc. O que constitui o texto no seu todo. 
Circunscrito: adj. 1. Limitado, restrito. 2. Que tem limites determinados. 
Inteligibilidade: subst. fem. Qualidade ou estado do que é inteligível, fácil de 
compreender. 
Lexical: adj. Relativo a léxico; conjunto de palavras de uma língua ou de um texto. 
 
 
 
 
 
 
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PÓS-GRADUAÇÃO 
COMUNICAÇÃO EMPRESARIAL 
UNIDADE II – ESTUDO DO TEXTO 
 
OBJETIVOS DA APRENDIZAGEM 
Nesta unidade estudaremos as bases que são indissociáveis de análise textual; 
compreendendo os conceitos que a envolvem, os elementos formadores de sentido 
no texto. Faremos também um reconhecimento sobre os gêneros textuais e a tipologia 
bem como as características que os diferem. Você será capaz de diferenciar a 
compreensão e a interpretação de um texto, observar as relações lógicas que nos 
levam a conclusões objetivas. Bom estudo! 
 
 
2.1 A ANÁLISE TEXTUAL 
 
O texto é um elemento passível de duas bases indissociáveis de análise: a 
estrutural e a discursiva. A análise estrutural prevê a maneira como se organiza um 
texto a partir de mecanismos estruturais que o compõem, quais os procedimentos que 
levam à combinação desses mecanismos. Aqui, a língua é vista como um código 
gramatical. 
Na análise discursiva, o texto é um elemento da comunicação, portanto, um 
fator de interação entre os sujeitos. Além disso, o texto depende de fatores externos, 
uma vez que é construído pela interação entre sujeitos, a análise passa a exigir mais. 
Para isto, é fundamental um repertório de informações que se obtém pelo chamado 
“conhecimento de mundo”, ou seja, por meio das experiências do leitor. 
Para entender melhor, vamos esquematizar: ao fazer uma análise textual, o 
leitor é levado a realizar uma leitura detalhada sob ampla visão, estudando as ideias 
e o pensamento do autor de maneira clara e objetiva. É o conhecimento prévio sobre 
o assunto, o qual propiciará a interpretação futuramente. 
Quando o leitor obtém uma compreensão geral do texto, diz-se que a análise é 
temática, pois o foco são as ideias discutidas pelo autor. Já a análise interpretativa 
requer do leitor uma análise crítica sobre o conteúdo abordado pelo autor. Na análise 
interpretativa, o leitor deve ser capaz de tomar uma posição própria em relação às 
ideias enunciadas, superando a estrita mensagem do texto. 
 
 
 
 
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PÓS-GRADUAÇÃO 
COMUNICAÇÃO EMPRESARIAL 
2.1.1 Os Formadores de Sentido 
 
Lembre-se de que o tempo todo nós pronunciamos sobre fatos que 
presenciamos ou vivemos, produzindo algum efeito sobre os outros. 
Assim, toda frase deve ser analisada de acordo com o contexto em que ela se 
insere. Um texto tem sempre algo a dizer a alguém e estabelece a realidade em que 
está inserido. 
Por isso, a escolha de palavras que norteia um texto direciona a certos efeitos 
de sentido. É o que denominamos de percurso de sentido do texto. 
Observe no texto de João Cabral de Melo Neto como as palavras se 
entrecruzam criando um efeito de sentido. 
 
Tecendo a manhã 
Um galo sozinho não tece uma manhã: ele precisará sempre de 
outros galos. De um que apanhe esse grito que ele e o lance a 
outro; de um outro galo que apanhe o grito que um galo antes e o 
lance a outro; e de outros galos que com muitos outros galos se 
cruzem os fios de sol de seus gritos de galo, 
para que a manhã, desde uma teia tênue, se vá tecendo, entre 
todos os galos. 
E se encorpando em tela, entre todos, se erguendo tenda, onde 
entrem todos, se entretendendo para todos, no toldo (a manhã) 
que plana livre de armação. A manhã, toldo de um tecido tão 
aéreo que, tecido, se eleva por si: luz balão. 
(MELO NETO, João Cabral de. A educação pela pedra. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 
1996, p.35) 
Percebeu como o autor vai combinando as palavras de forma a transmitir a 
imagem de que a manhã vai se formando com os movimentos de todos? Os galos 
representam as pessoas, em seus movimentos cotidianos, levantar, locomover-se ao 
trabalho e que, passo a passo, vão se unindo a outras pessoas (outros galos) até 
chegar ao ápice da manhã (luz balão). 
Para chegar a seus significados, precisamos, muitas vezes, lançar mão de 
conhecimentos adquiridos anteriormente e estabelecer relações que o próprio texto 
vai fornecendo (as pistas). 
 
 
 
 
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PÓS-GRADUAÇÃO 
COMUNICAÇÃO EMPRESARIAL 
Dependendo do nível de elaboração os textos podem resultar em diferentes 
tipos, como aqueles que permitem uma única interpretação e aqueles que permitem 
várias interpretações. Isto está relacionado à situação em que se diz algo e à intenção 
com que se diz. 
Por isso é que se diz que o texto é um tecido verbal estruturado de forma tal 
que as ideias formam um todo coeso. Para que um texto seja constituído ou que 
chegue a uma compreensão, é necessário trabalhar as relações de conexão cognitiva 
e as relações coesivas, como: o saber partilhado (informação antiga da qual temos 
conhecimento), informação nova e as provas (fundamentos das afirmações expostas, 
normalmente outras obras indicadas pelo autor). Assim, um texto é mais ou menos 
eficaz dependendo da competência de quem o produz ou da interação autor-leitor. 
Ao escrever, o indivíduo manifesta o desejo de comunicar, de ser entendido; 
para isso, deixa marcas (pistas) em seus textos para que possam ser seguidas pelo 
leitor para que esse desejo de comunicação seja compreendido. 
 
Glossário 
Apreensão: s.f.1. Ato ou efeito de apreender; tomada, prisão. 2. Receio, 
preocupação. 3. Compreensão, conhecimento. 
Coeso: adj. 1. Único, ligado por coesão. 2. Harmônico. 3. Coerente, lógico. 
Coesivo: adj. 1. Em que existe coesão ou ligação recíproca. 2. Que une, junta, liga. 
Cognitivo: adj.: Relativo à cognição; conhecimento. 
Indissociável: adj.m. e adj.f. Que não pode ser dissociado; aquilo que não se pode 
separar: parentesco indissociável. 
Semântica: adj. Relativo ao sentido, à significação das unidades linguísticas. 
 
2.1.2 Compreensão e Interpretação 
 
Compreender e interpretar textos envolve duas coisas distintas. A 
compreensão estabelece apena a apreensão das ideias, ou seja, a aquisição das 
informações deixadas pelo texto; a interpretação vai além, é a análise que cada leitor, 
com suas experiências, faz a respeito das informações contidas no texto. A 
interpretação está relacionada à maneira como se percebem as marcas linguísticas, 
permitindo várias possibilidades de leitura. 
 
 
 
 
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PÓS-GRADUAÇÃO 
COMUNICAÇÃO EMPRESARIAL 
A interpretação pode ser subjetiva – que interessa apenas o conhecimento 
prévio que o leitor possui; e a objetiva - que leva em conta as marcas significativas 
contidas no texto, como o vocabulário, as palavras-chaves, as ideias-chaves, 
gramática empregada (relações sintáticas) e o raciocínio lógico verbal, que leva a 
conclusões objetivas. 
A interpretação subjetiva não significa inferir qualquer ideia, há limites para isso. 
A preocupação nesse tipo de interpretação deve ser a captação da essência do texto. 
Por isso é importante identificar as ideias-chaves que constituirão a base para a 
interpretação objetiva. 
Observe o texto a seguir: 
A moça tecelã 
Acordava ainda no escuro, como se ouvisse o sol chegando atrás das 
beiradas da noite. E logo sentava-se ao tear. 
Linha clara, para começar o dia. Delicado traço cor da luz, que ela ia 
passando entre os fios estendidos, enquanto lá fora a claridade da 
manhã desenhava o horizonte. 
Depois lãs mais vivas, quentes lãs iam tecendo hora a hora, em longotapete que nunca acabava. 
Se era forte demais o sol, e no jardim pendiam as pétalas, a moça 
colocava na lançadeira grossos fios cinzentos do algodão mais 
felpudo. Em breve, na penumbra trazida pelas nuvens, escolhia um fio 
de prata, que em pontos longos rebordava sobre o tecido. Leve, a 
chuva vinha cumprimentá-la à janela. 
Mas se durante muitos dias o vento e o frio brigavam com as folhas e 
espantavam os pássaros, bastava a moça tecer com seus belos fios 
dourados, para que o sol voltasse a acalmar a natureza. 
Assim, jogando a lançadeira de um lado para outro e batendo os 
grandes pentes do tear para frente e para trás, a moça passava os 
seus dias. 
Nada lhe faltava. Na hora da fome tecia um lindo peixe, com cuidado 
de escamas. E eis que o peixe estava na mesa, pronto para ser 
comido. Se sede vinha, suave era a lã cor de leite que entremeava o 
tapete. E à noite, depois de lançar seu fio de escuridão, dormia 
tranquila. 
Tecer era tudo o que fazia. Tecer era tudo o que queria fazer. 
Mas tecendo e tecendo, ela própria trouxe o tempo em que se sentiu 
sozinha, e pela primeira vez pensou em como seria bom ter um marido 
ao lado. 
Não esperou o dia seguinte. Com capricho de quem tenta uma coisa 
nunca conhecida, começou a entremear no tapete as lãs e as cores 
que lhe dariam companhia. E aos poucos seu desejo foi aparecendo, 
chapéu emplumado, rosto barbado, corpo aprumado, sapato 
engraxado. Estava justamente acabando de entremear o último fio da 
ponto dos sapatos, quando bateram à porta. 
Nem precisou abrir. O moço meteu a mão na maçaneta, tirou o 
chapéu de pluma, e foi entrando em sua vida. 
 
 
 
 
 
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PÓS-GRADUAÇÃO 
COMUNICAÇÃO EMPRESARIAL 
Aquela noite, deitada no ombro dele, a moça pensou nos lindos filhos 
que teceria para aumentar ainda mais a sua felicidade. 
E feliz foi, durante algum tempo. Mas se o homem tinha pensado em 
filhos, logo os esqueceu. Porque tinha descoberto o poder do tear, em 
nada mais pensou a não ser nas coisas todas que ele poderia lhe dar. 
— Uma casa melhor é necessária — disse para a mulher. E parecia 
justo, agora que eram dois. Exigiu que escolhesse as mais belas lãs 
cor de tijolo, fios verdes para os batentes, e pressa para a casa 
acontecer. 
Mas pronta a casa, já não lhe pareceu suficiente. 
— Para que ter casa, se podemos ter palácio? — perguntou. Sem 
querer resposta imediatamente ordenou que fosse de pedra com 
arremates em prata. Dias e dias, semanas e meses trabalhou a moça 
tecendo tetos e portas, e pátios e escadas, e salas e poços. A neve 
caía lá fora, e ela não tinha tempo para chamar o sol. A noite chegava, 
e ela não tinha tempo para arrematar o dia. Tecia e entristecia, 
enquanto sem parar batiam os pentes acompanhando o ritmo da 
lançadeira. 
Afinal o palácio ficou pronto. E entre tantos cômodos, o marido 
escolheu para ela e seu tear o mais alto quarto da mais alta torre. 
— É para que ninguém saiba do tapete — ele disse. E antes de trancar 
a porta à chave, advertiu: — Faltam as estrebarias. E não se esqueça 
dos cavalos! 
Sem descanso tecia a mulher os caprichos do marido, enchendo o 
palácio de luxos, os cofres de moedas, as salas de criados. Tecer era 
tudo o que fazia. Tecer era tudo o que queria fazer. 
E tecendo, ela própria trouxe o tempo em que sua tristeza lhe pareceu 
maior que o palácio com todos os seus tesouros. E pela primeira vez 
pensou em como seria bom estar sozinha de novo. 
Só esperou anoitecer. Levantou-se enquanto o marido dormia 
sonhando com novas exigências. E descalça, para não fazer barulho, 
subiu a longa escada da torre, sentou-se ao tear. 
Desta vez não precisou escolher linha nenhuma. Segurou a lançadeira 
ao contrário, e jogando-a veloz de um lado para o outro, começou a 
desfazer seu tecido. Desteceu os cavalos, as carruagens, as 
estrebarias, os jardins. Depois desteceu os criados e o palácio e todas 
as maravilhas que continha. E novamente se viu na sua casa pequena 
e sorriu para o jardim além da janela. 
A noite acabava quando o marido estranhando a cama dura, acordou, 
e, espantado, olhou em volta. Não teve tempo de se levantar. Ela já 
desfazia o desenho escuro dos sapatos, e ele viu seus pés 
desaparecendo, sumindo as pernas. Rápido, o nada subiu-lhe pelo 
corpo, tomou o peito aprumado, o emplumado chapéu. 
Então, como se ouvisse a chegada do sol, a moça escolheu uma linha 
clara. E foi passando-a devagar entre os fios, delicado traço de luz, 
que a manhã repetiu na linha do horizonte. 
(COLASANTI, Marina. Doze Reis e a Moça no Labirinto do Vento. 
RJ : Global Editora , 2000.) 
 
 
A primeira leitura (subjetiva) nos possibilita conhecer os elementos que 
fornecerão os dados para a interpretação: a linguagem, a relação com a leitura de 
 
 
 
 
23 
 
PÓS-GRADUAÇÃO 
COMUNICAÇÃO EMPRESARIAL 
mundo (conhecimento sobre histórias infantis) e a atitude das personagens. 
Já a segunda leitura (objetiva) nos permite interpretar e perceber a 
intencionalidade do autor. A atitude da moça tecelã em tecer e destecer lembra a 
história de Penélope, enquanto esperava a volta de seu esposo Ulisses – epopeia 
clássica. Há também outras passagens que nos lembram outros clássicos, como 
Rapunzel que ficara presa em uma torre. 
Vamos à interpretação! 
Ao iniciar a narrativa, a autora nos apresenta a personagem, como se estivesse 
no conto da Bela Adormecida, afinal, a princesa estava em um quarto, com um tear, 
em uma torre longínqua. Até aqui, fazemos uma leitura subjetiva, conseguimos 
perceber a relação entre os textos representados pelo ambiente. A seguir, a autora 
vai nos apresentando outras passagens, como a de Rapunzel, que fica presa em uma 
torre e, por último, a relação com a história de Penélope (esta requer um conhecimento 
de mundo mais amplo pelo leitor). 
Agora, a leitura objetiva: no primeiro momento a personagem se adapta às 
situações que vão se apresentando, até a chegada do marido e as exigências que 
este começa a fazer, mas depois reage, ao destecer a vida que havia construído para 
dizer que a atitude inicial não funcionou, porque as atitudes do marido que a 
obrigavam a tecer não pertenciam ao desejo inicial, portanto, não cederá à vontade 
do opressor. Aí está a intenção da autora: demonstrar que somos e podemos modificar 
o destino sempre que o desejarmos. 
Porém, para que chegássemos a essa interpretação, foi necessário perceber a 
relação entre as referências textuais das histórias infantis. 
Um leitor que não possui esse conhecimento prévio das histórias infantis não 
consegue relacionar os fatos e, portanto, não perceberá a intencionalidade e o 
propósito do texto. 
 
Que tal tentar interpretar a passagem abaixo? 
 
O marido, beberrão, chega a casa às 3 horas da manhã e pensa encontrar 
a esposa dormindo. A mulher espera-o se acomodar na cama e diz: 
- Então, bebeu todas? 
O marido então responde: 
 
 
 
 
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PÓS-GRADUAÇÃO 
COMUNICAÇÃO EMPRESARIAL 
- Não deu tempo. A polícia chegou antes que abríssemos a última caixa. 
Fonte: Criado pela autora exclusivamente para este material. 
 
Esta foi fácil, não é mesmo? Quem não conhece a fama de um beberrão que 
chega em casa e tenta se esconder da mulher para que ela não o veja bêbado? Mas, 
será que percebeu a intenção que a esposa 
tem ao perguntar se o marido tinha bebido todas? Se não foi capaz de perceber, não 
tem problema. Tudo é uma questão de hábito. Quanto mais leituras fazer e quanto 
maior o domínio sobre as situações de uso da linguagem, mais fácil será para 
interpretar. Continue tentando! 
 
 
2.1.3 Coesão e Coerência 
 
Como vimos, o texto se constrói por uma relação de sentidos. Esta relação é 
denominada textualidade. 
A coesão é uma relação semântica entre um elemento do texto e algum outroelemento que seja de extrema importância para que se estabeleça a interpretação. É 
a maneira como as palavras e frases encontram-se conectadas entre si numa 
sequência linear. 
A coesão ajuda a estabelecer a coerência na percepção dos sentidos do texto, 
facilita a compreensão. 
A coerência tem a ver com as possibilidades de o texto funcionar como uma 
peça comunicativa, um meio de interação verbal. É responsável por constituir os 
sentidos do texto. 
Para que se estabeleça a coerência, é necessário que o texto fale de coisas 
que façam parte dos conhecimentos do leitor, ou este não conseguirá estabelecer as 
relações de sentido. 
Vejamos um exemplo de texto incoerente: 
 
O presidente da Associação do Bairro Canoas comunicou hoje aos 
associados que esta será a última notificação para aqueles que estão em 
débito com a mesma. A próxima notificação será acompanhada de multa, 
 
 
 
 
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PÓS-GRADUAÇÃO 
COMUNICAÇÃO EMPRESARIAL 
que deverá ser paga até o quinto dia útil do mês em que for notificada. 
Fonte: Texto criado pela autora exclusivamente para este material 
 
Se a proposta do presidente é notificar os associados pela última vez, como 
pode afirmar que a próxima notificação será acompanhada de multa? Aí está a 
incoerência. 
 
Saiba Mais! 
Leia outros exemplos de textos incoerentes em: 
www.biblioamigos2010.blogspot.com www.infoescola.com 
Quer mais informação? Que tal o livro “A Coerência Textual”? Os autores 
Ingedore Villaça Koch e Luiz Carlos Travaglia apresentam o tema de forma 
simples e objetiva. Vale a pena ler! O livro foi editado pela Editora Contexto 
e é fácil obtê-lo 
 
Glossário 
Coesão: s.f. união íntima das partes de um todo. 
Coerência: s.f. ligação ou harmonia entre situações, acontecimentos ou ideias. 
 
 
 
 
 
 
26 
 
PÓS-GRADUAÇÃO 
COMUNICAÇÃO EMPRESARIAL 
UNIDADE III – TIPOLOGIAS TEXTUAIS 
 
 
3.1 TIPOLOGIA E GÊNEROS TEXTUAIS 
 
Aprimorar a capacidade comunicativa é uma forma de ampliarmos nosso 
relacionamento com o mundo, tornando-se apto a compreender melhor a realidade e 
poder transformá-la. E como estudamos a língua, falada ou escrita, é um elemento 
fundamental desse intercâmbio de experiências humanas. 
Vimos também que o texto – do latim textum, que significa tecido, 
entrelaçamento – resulta da ação de tecer as partes a fim de formarmos um todo inter-
relacionado. Assim, no processo de produção de texto, o autor escolhe o modo de 
organização textual – a tipologia - que possa contribuir para o desvendamento de sua 
intenção. Nesta forma de organização textual, o autor opta por uma das formas 
tradicionais: descrição, narração ou dissertação. 
O que falamos, a maneira como falamos e a forma que damos ao nosso texto 
estão diretamente ligados às condições de uso da língua. Isto significa que os gêneros 
estão diretamente ligados à situação comunicativa. Eles se diferenciam pelos 
conteúdos específicos que veiculam as características particulares dos textos 
produzidos nas diferentes situações e pelas configurações da linguagem. 
Vamos ver se você entendeu. Você pode escrever um texto com características 
descritivas (Tipo: descritivo) e com a finalidade de explicar o funcionamento de um 
aparelho eletrônico (Gênero: Manual de Instrução). Notou a diferença entre tipo e 
gênero textual? O Gênero está sempre relacionado à situação de uso da língua, a 
funcionalidade. Por isso, diz-se que há uma infinidade de gêneros textuais, mas 
apenas três tipos de textos: descritivo, narrativo e dissertativo. 
 
 
3.1.1 O Texto Descritivo 
 
Um texto pode ser composto por vários tipos, mas a predominância sempre 
será de um. Por exemplo, em um relato de notícia, há o elemento descritivo, porque 
detalha o fato, mas há também a narração, pois o objetivo do emissor é transmitir o 
 
 
 
 
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PÓS-GRADUAÇÃO 
COMUNICAÇÃO EMPRESARIAL 
acontecimento. Então, no relato, a predominância é da narração. 
Mas, o que é o texto descritivo? O texto descritivo dificilmente aparecerá 
sozinho, pois ele existe para completar os elementos da narrativa, caracterizando 
personagens, ambiente, detalhes dos acontecimentos. Usamos a descrição isolada 
quando queremos mostrar, por exemplo, características isoladas: um imóvel para 
venda: 
 
VENDE-SE 
Sobrado com 2 suítes; 3 quartos, 2 banheiros sociais, sala ampla, cozinha, 
lavanderia, dependência de empregada, piscina. Ótima localização. 
Note que no exemplo os dados são exclusivamente descritivos. 
 
 
3.1.2 O Texto Narrativo 
 
A narração é um tipo de texto marcado pela temporalidade, seu material é o 
fato e a ação que envolve personagens, progressão temporal direcionado para um 
conflito que requer uma solução. A organização dos fatos é feita por um narrador que 
pode ou não participar dos acontecimentos narrados. Dependendo do narrador, o foco 
narrativo ou ponto de vista pode ser modificado. 
 
Naquela manhã de sol o rei acordou tranquilamente, pois não teria 
obrigações a cumprir, poderia passar a manhã toda na cama, se assim 
desejasse. Mas, tão logo sentiu os raios de sol atravessar a cortina, 
levantou-se e preparou para tomar o seu café. 
 
Agora, imagine esta mesma situação sob o ponto de vista do serviçal. Coloque-
se no lugar do serviçal, que precisa estar de pé antes do rei, independente do dia, 
preparar o café para ele, as roupas, servi-lo e tudo o mais. Muda, não? É isto que 
torna a narrativa rica, o olhar de quem a conta. 
 
 
 
3.1.3 O Texto Dissertativo 
 
 
 
 
 
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PÓS-GRADUAÇÃO 
COMUNICAÇÃO EMPRESARIAL 
Enquanto a narração e a descrição utilizam de elementos concretos (tempo, 
ambiente, personagens), a dissertação emprega o abstrato (conceitos, ideias, 
concepções). 
O texto dissertativo caracteriza-se pelo caráter de expor argumentos, persuadir 
o leitor sobre o assunto que está sendo evidenciado, por isso, exige um cuidado e 
uma organização melhor. Para expor ideias ou opiniões fundamentadas na 
observação, no conhecimento de mundo ou no conhecimento específico, o emissor 
precisa selecionar os argumentos que possam convencer o receptor daquilo que está 
enunciando. 
O encadeamento das ideias deve organizar-se de tal forma que leve o receptor 
a compreender a ideia defendida pelo emissor, a convencer da veracidade de uma 
determinada posição assumida. 
O texto dissertativo é temático; explica, classifica, analisa, avalia os seres 
concretos. A referência ao mundo é feita por meio de conceitos genéricos, sem se 
importar com as relações de anterioridade e de posterioridade, mas com as relações 
de causalidade, implicação. 
 
Vejamos um exemplo: 
 
Estamos emburrecendo 
Você já teve a impressão de que seu chefe, seu supervisor ou seus colegas 
de trabalho estão ficando menos inteligentes a cada ano que passa? E que 
essa onda está afetando inclusive você? Que o mundo está cada vez mais 
difícil de entender? Se você está se sentindo cada vez menos inteligente, 
fique tranquilo, estamos todos emburrecendo a passos largos, inclusive eu. 
O conhecimento humano está aumentando explosivamente. Antigamente, 
dizia-se que o conhecimento humano dobrava a cada dezoito meses. Hoje, 
parece que ele dobra a cada nove. Embora coletivamente o mundo esteja 
ficando mais inteligente, individualmente estamos ficando cada vez mais 
burros. 
Antigamente, você precisava entender de mecânica para dirigir um carro. 
Hoje, os computadores são feitos à prova de idiota, graças a Deus! É 
justamente por isso que sobrevivemos. Equipamentos incorporam 
conhecimento, e muitas vezes tomam decisões por nós. Por essa Darwin29 
 
PÓS-GRADUAÇÃO 
COMUNICAÇÃO EMPRESARIAL 
não esperava, pela sobrevivência dos menos inteligentes. 
Se você ler três livros por mês, dos 20 aos 50 anos, serão 1.000 livros lidos 
numa vida, que nem chegam perto dos 40.000 publicados todo ano só no 
Brasil. Comparado com os 40 milhões de livros catalogados pelo mundo 
afora, mais 4 bilhões de home pages na internet, teses de doutorado, artigos 
e documentos espalhados por aí, provavelmente seu conhecimento não 
passa de 0,0000000000025% do total existente. 
Há intelectual que acha que tem o direito de mudar o mundo só porque já 
leu 5.000 livros. É muita arrogância. A ideia de intelectuais 
superesclarecidos governando nações hoje não faz o menor sentido, é até 
perigosa. 
Como sobreviver num mundo onde cada um de nós só poderá almejar saber 
0,0000000000025% do conhecimento humano ou até menos? O segredo é 
cada um se esforçar para saber 100% de um pequeno nicho, uma parcela 
mui, mui pequena do conhecimento humano. 
Não basta mais tirar a nota mínima 5 em 58 matérias e achar que um 
diploma vai resolver sua vida. Não basta mais saber 90% de uma única 
matéria acadêmica. Você precisará saber 100% de algo que seja útil para 
os outros. Você vai ter de ser o maior especialista do mundo num assunto e 
vender o que sabe fazer bem aos demais mini especialistas do planeta, e 
vice-versa. 
Quantos alunos se formam especialistas em coisa alguma? Infelizmente, as 
universidades hoje em dia produzem commodities. Preferem formar 
generalistas, porque é bem mais barato do que formar especialistas. 
Só que generalista que não tenha uma especialidade não arruma o primeiro 
emprego. Faculdades oferecem basicamente o mesmo curso todo ano, 
obedecendo a um mesmo currículo, chamado de mínimo. Não é à toa que 
há tanto desemprego. 
Antigamente, superespecialistas poderiam morrer de fome por falta de 
mercado. Hoje, a globalização permite mercados cada vez maiores. Por isso 
a enorme preocupação dos especialistas em ampliar mercados como a Alca, 
Brindia e Mercosul. Um técnico de manutenção de rodas de avião morreria 
de fome no Uruguai. 
O segredo daqui para a frente é ignorar uma série de leituras, publicações 
e jornais que você lia anteriormente, com exceção de VEJA, para não 
parecer um ET. Curiosamente, você vai ter de se tornar um ignorante, 
 
 
 
 
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PÓS-GRADUAÇÃO 
COMUNICAÇÃO EMPRESARIAL 
alguém que deliberadamente ignora milhares de informações para se 
concentrar na sua especialidade. O segredo não é mais ser um intelectual 
que sabe um pouquinho de tudo, mas ser um ignorante que sabe tudo sobre 
um pouquinho. 
(KANITZ, Stephen. Revista Veja, Editora Abril, edição 1814, ano 36, no. 31 de 
06 de agosto de 2003.) 
 
Observe como o autor conduz a escrita, a maneira como apresenta os 
argumentos e como divide os parágrafos de forma a deixar a ideia mais clara, coesa 
e coerente. 
 
Saiba Mais! 
Procure realizar outras leituras com os diferentes gêneros e tipos textuais. 
Poderá começar pela leitura de “Ler e compreender: os sentidos do texto” 
das autoras Koch e Elias. 
KOCH, Ingedore G. Villaça & ELIAS, Vanda Maria. Ler e compreender: os 
sentidos do texto. 2.ed. São Paulo: Contexto, 2006. 
 
Glossário 
Commodities: s.f.(do inglês commodity), mercadoria; termo utilizado para designar 
bens e serviços para os quais existe procura sem atender à diferenciação de qualidade 
do produto no conjunto dos mercados e entre vários fornecedores ou marcas.2. As 
commodities são habitualmente substâncias extraídas da terra e que mantêm até 
certo ponto um preço universal. 
Encadeamento: s. m. 1. Ação de encadear(-se).2. Disposição, ligação de coisas da 
mesma natureza ou que têm entre si certas relações; ordem, série, sucessão. 
Veicular: v. t. transmitir, propagar, difundir, transportar, circular. 
 
 
 
 
 
 
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PÓS-GRADUAÇÃO 
COMUNICAÇÃO EMPRESARIAL 
UNIDADE IV – RECEPÇÃO DO TEXTO 
 
 
 
4.1 RECEPÇÃO DO TEXTO 
 
Escrever é colocar no papel as ideias de forma organizada. As ideias são fruto 
do processo de comunicação. Mas, como escrever? Esta é uma pergunta que 
frequentemente os estudantes e a maioria das pessoas fazem quando se deparam 
com a situação da escrita. Na verdade, não existe receita para o processo da escrita, 
como afirmamos, é um processo e, como tal, depende de outros fatores para que 
aconteça. 
Dentre os fatores que favorecem à escrita está a leitura. O pensamento é 
expresso por palavras, registradas na escrita e que é interpretada pela leitura. Assim 
deduzimos que quem não pensa não escreve e quem não lê também não escreve, ou 
escreve mal. A leitura, além dos nos ensinar os mecanismos da língua escrita, é 
também fonte inesgotável de ideias. Portanto, ler é fundamental para escrever. 
Vejamos o que CAMARA JUNIOR nos informa a respeito da leitura e escrita! 
 
A arte de escrever 
Há, portanto, uma arte de escrever – que é a redação. Não é uma 
prerrogativa dos literatos, senão uma atividade social indispensável, 
para a qual falta, não obstante, muitas vezes, uma preparação 
preliminar. 
A arte de falar, necessária à exposição oral, é mais fácil na medida em 
que se beneficia da prática da fala cotidiana, de cujos elementos parte 
em princípio. 
O que há de comum, antes de tudo, entre a exposição oral e a escrita 
é a necessidade da boa composição, isto é, uma distribuição metódica 
e compreensível de ideias. 
Impõe-se igualmente a visualização de um objeto definido. Ninguém é 
capaz de escrever bem, se não sabe bem o que vai escrever. 
Justamente por causa disto, as condições para a redação no exercício 
da vida profissional ou no intercâmbio amplo dentro da sociedade são 
 
 
 
 
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PÓS-GRADUAÇÃO 
COMUNICAÇÃO EMPRESARIAL 
muito diversas das da redação escolar. A convicção do que vamos 
dizer, a importância que há em dizê-lo, o domínio de um assunto de 
nossa especialidade tira à redação o caráter negativo de mero 
exercício formal, como tem na escola. 
Qualquer um de nós senhor de um assunto é, em princípio, capaz de 
escrever sobre ele. Não há um jeito especial para a redação, ao 
contrário do que muita gente pensa. Há apenas uma falta de 
preparação inicial, que o esforço e a prática vencem. 
Por outro lado, a arte de escrever, na medida em que 
consubstancia a nossa capacidade de expressão do pensar e do 
sentir, tem de firmar raízes na nossa própria personalidade e decorre, 
em grande parte, de um trabalho nosso para desenvolver a 
personalidade por este ângulo. (...) 
A arte de escrever precisa assentar numa atividade preliminar 
já radicada, que parte do ensino escolar e de um hábito de leitura 
inteligentemente conduzido; depende muito, portanto, de nós 
mesmos, de uma disciplina mental adquirida pela autocrítica e pela 
observação cuidadosa do; que outros com bom resultado escreveram. 
(CAMARA JR, Joaquim Mattoso. Manual de expressão oral e escrita. 7.ed. 
Petrópolis: Vozes, 1983, p.58-59) 
 
Por este texto pode-se perceber a importância que a leitura tem para o 
favorecimento da escrita. Assim, se quiser escrever bem, precisará desenvolver o 
hábito da leitura, e mais, fazer uma análise, tecer comentários e, se possível, discutir 
com alguém o que lê para ter melhor compreensão do que foi lido. 
O texto nos apresenta várias possibilidades de leitura, aliás, não são somente 
os textos escritos, mas um quadro, uma situação, uma vestimenta e tantas outras 
possibilidades de leituras nos são impostas cotidianamente. Ao ler um texto, somos 
levados a refletir sobre o contexto de produção, as percepções das relações que o 
texto pode nos fornecer em relaçãoa outros textos, a força expressiva das figuras de 
linguagem (como as metáforas, por exemplo), a carga significativa das palavras, a 
identificação dos vários recursos expressivos nos permite uma interpretação mais rica 
e abrangente do texto. 
Nenhum texto se produz no vazio, ao contrário, se alimenta de outros textos, 
 
 
 
 
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PÓS-GRADUAÇÃO 
COMUNICAÇÃO EMPRESARIAL 
de modo claro ou subentendido. É o que chamamos de intertextualidade. Ao 
tomarmos uma palavra, muitas vezes recorremos a um texto alheio com o objetivo de 
fundamentar nossas ideias ou até mesmo para discordar da fala alheia. A 
intertextualidade contribui para nosso conhecimento pessoal ou para dar novo sentido 
às coisas. Quando um determinado autor recorre a outros textos para compor os seus, 
o faz a construção de significados específicos. Assim, quanto mais experiente for o 
leitor, mais possibilidades terá de compreender os caminhos percorridos por um 
determinado autor em sua produção e maior será a sua possibilidade de utilizar seus 
próprios caminhos e suas produções. 
 
Observe alguns exemplos de intertextos: 
 
“Minha terra tem palmeiras, 
Onde canta o sabiá” (Gonçalves Dias) 
 
“Minha terra tem palmares 
Onde gorjeia o mar” (Oswald de Andrade) 
 
Algumas considerações a respeito do texto que devemos ter ciência: o texto 
não é um aglomerado de frases; todo texto contém um pronunciamento dentro de um 
debate de escala mais ampla. Assim, ao lermos um texto precisamos estar atentos 
aos pronunciamentos feitos por quem escreve e o propósito do texto escrito, a 
intencionalidade. 
A percepção das relações intertextuais, das referências de um texto a outro, 
depende do repertório do leitor. Daí a importância da leitura, quanto mais se lê, mais 
se amplia a competência para apreender o diálogo entre os textos. 
 
3.1.1 Níveis de Leitura 
 
Por mais simples que pareça, ao primeiro contato do leitor com um texto, 
defronta-se com a dificuldade de encontrar a unidade por trás de tantos sentidos que 
aparecem na superfície do texto. 
Com textos bem escritos, após algumas leituras é possível encontrar o fio 
 
 
 
 
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COMUNICAÇÃO EMPRESARIAL 
condutor, ou seja, percebe-se a harmonia e a coerência existentes. 
Em qualquer leitura que realizamos podemos perceber, pelo menos, três níveis: 
no primeiro, abstraímos algumas informações básicas do texto, isto porque já temos 
algumas informações antecedentes; no segundo nível de leitura podemos apreender 
significados mais abstratos a partir de ideias concretas e; no terceiro nível, 
conseguimos finalmente compreender a ideia central do texto. 
Em outras palavras, o texto pode se apresentar em três planos distintos de sua 
estrutura: a superficial, onde se instalam o narrador, personagens, cenários, ações 
concretas; a intermediária, onde se definem os valores; a profunda, onde ocorrem os 
significados mais abstratos e simples. 
A análise de um texto permite detectar a importância dos elemento s 
superficiais, que parecem dispersos e caóticos, a encontrar a posição reguladora de 
seus sentidos. 
Vamos ver como isso funciona na prática a partir da fábula a seguir: 
 
O galo que logrou a raposa 
Um velho galo matreiro, percebendo a aproximação da raposa, 
empoleirou-se numa árvore. A raposa, desapontada, murmurou 
consigo: “Deixe estar, eu malandro, que já te curo!...” E em voz alta: 
-Amigo, venho contar uma grande novidade: acabou-se a guerra entre 
os animais. Lobo e cordeiro, gavião e pinto, onça e veado, raposa e 
galinhas, todos os bichos andam agora aos beijos, como namorados. 
Desça desse poleiro e venha receber o meu abraço de paz e amor. 
-Muito bem! – exclama o galo. Não imagina como tal notícia me alegra! 
Que beleza vai ficar o mundo, limpo de guerras, crueldades, traições! 
Vou já descer para abraçar a amiga raposa, mas... como lá vêm vindo 
três cachorros, acho bom esperá-los, para que também eles tomem 
parte da confraternização. 
Ao ouvir falar em cachorro, Dona Raposa não quis saber de histórias, 
e tratou de pôr-se ao fresco, dizendo: 
-Infelizmente, amigo Có-ri-có-có, tenho pressa e não posso esperar 
pelos amigos cães. Fica para outra vez a festa, sim? Até logo. 
E raspou-se. 
Contra esperteza, esperteza e meia. 
 
 
 
 
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COMUNICAÇÃO EMPRESARIAL 
(LOBATO, Monteiro. Fábulas. 19.ed. São Paulo: Brasiliense, s.d. p. 47) 
 
Assim, podemos depreender da primeira leitura ou nível, que um galo esperto, 
consciente de que a raposa é inimiga, coloca-se em proteção diante do 
convencimento da raposa e finge ter acreditado na mesma. 
No segundo nível, podemos compreender que, embora o discurso seja um, no 
nível da realidade continua o mesmo. 
No terceiro nível, percebemos a esperteza do galo que não deixa se levar pela 
conversa da raposa e mantém-se em segurança até pôr à prova o discurso da mesma, 
alegando a chegada dos cachorros. Sabendo que cachorros e raposas são inimigos, 
fica fácil entender que o que a raposa queria, de fato, era atacar o galo. Este elemento 
garante a unidade do texto todo. 
 
Saiba Mais! 
Leia o artigo de Cavenaghi sobre a intertextualidade a partir das histórias 
em quadrinhos. Consulte-o no site: 
www.uel.br/eventos/.../Ana%20Raquel%20Abelha%20Cavenaghi.pdf 
 
Glossário 
Depreender: v.t. 1.Chegar à compreensão ou ao conhecimento de; compreender. 2. 
Deduzir, inferir. 
Intertextualidade: s.f. criação de um texto a partir de um outro texto já existente. 
Literato: s. m. Pessoa que se ocupa da literatura; escritor. 
Metódica: adj. 1. Que tem ordem, que tem método. 2. (fig.) Comedido, circunspecto. 
Obstante: adj. Que obsta, que impede. Não obstante, apesar de tudo isso, ao 
contrário do que se esperava; apesar de, a despeito de. 
Prerrogativa: s. f. 1. Privilégio especial; regalia, apanágio. 2. Atributo peculiar. 
 
 
4.2 A ANÁLISE TEXTUAL 
 
Vimos no capítulo anterior que existem níveis diferentes de leitura. Percebemos 
que quanto mais tivermos conhecimento acerca dos elementos que estruturam o 
 
 
 
 
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PÓS-GRADUAÇÃO 
COMUNICAÇÃO EMPRESARIAL 
texto, melhor será a sua compreensão. Todo texto fornece uma linha de raciocínio – 
a argumentação - em que o leitor principiante possa estabelecer um ponto de vista. 
Sem a linha de argumentação em torno da ideia central de um texto, o texto fica 
desarticulado, se é que está me entendendo, sem sentido. 
Abdala Junior (1995: 8) afirma que a análise literária pressupõe dois 
movimentos: a desmontagem do texto e a sua articulação em torno de um tema 
capaz de explicar-lhe o sentido. Isto significa que, para entendermos bem um texto é 
preciso decompormos em todos os seus elementos constitutivos: quem participa do 
fato, qual é o fato, em que tempo transcorre(u) a ação, qual a intenção do autor. 
Abdala Junior (1995:9) afirma ainda: 
 
(...) a análise conceber-se-á então como atitude descritiva que assume 
individualmente cada uma de suas partes, tentando descortinar depois as 
relações que entre essas distintas partes se estabelecem; noutra 
perspectiva, poder-se-á ainda observar que a elaboração de uma análise 
literária deve cingir-se, por parte do crítico, a uma tomada de posição 
racional, a uma atitude objetivamente científica em que os elementos 
textuais devem predominar sobre a subjetividade do sujeito receptor. 
 
Como pudemos observar no fragmento acima, a interpretação não significa 
inferir qualquer raciocínio porque somos nós quem a realizamos, é preciso estabelecer 
a relação entre as partes constitutivas do texto. Por meio da interpretação podemos 
encontrar uma ideiasintética, capaz de nos levar a entender o sentido da construção 
do texto, no desenvolvimento do seu tema. 
Na análise textual, não se pode deixar de destacar a correlação autor – 
narrador – autor implícito. Para melhor entendermos, vamos a cada uma das partes. 
O autor é o sujeito que escreve, aquele que recebe da realidade os estímulos que o 
levam a produzir o texto, portanto, as correspondências entre o autor e seu ambiente 
cultural são auxiliares na análise textual. Em outras palavras, é importante conhecer 
o contexto histórico-social em que o texto foi produzido para melhor entendermos o 
propósito do autor com aquele determinado texto. 
O narrador é uma entidade fictícia (personagem) que age como uma 
verdadeira máscara para narrar os acontecimentos. Muitas vezes o narrador é 
confundido com o autor. A título de exemplo, imagine uma letra de música, (gosto das 
letras de Chico Buarque) em que o compositor é masculino, mas o narrador, aquele 
 
 
 
 
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PÓS-GRADUAÇÃO 
COMUNICAÇÃO EMPRESARIAL 
que fala na letra é feminino. Conhece alguma? Vale a sugestão anterior. É disso que 
estamos falando, não é o autor, mas o narrador que declara na letra da canção. 
Entre a figura do autor e do narrador temos o autor implícito. O autor implícito pode 
ser observado por meio das ideias concebidas através dos discursos ou das várias 
vozes que circulam o texto. Vejamos o que nos diz Abdala Junior (1995:20) a respeito 
disso: 
Na fala do narrador podem aparecer certas ideias que são no fundo do 
autor – não o autor perfeitamente consciente do que diz, mas com 
motivações profundas que escapam à sua própria consciência. Ao se 
colocar entre as categorias de autor e de narrador, a do autor implícito pode 
propiciar uma abordagem literária sem os riscos do biografismo (análise 
presa à biografia do escritor, sem estudo sério do texto) ou, em sentido 
oposto, sem o risco de uma análise formalista (estudo excessivamente 
preso ao texto e que considera o fato de que o ambiente cultural do escritor 
contribui para o entendimento da narrativa). 
 
 
Da mesma forma que ocorre a diferença entre autor e narrador, também ocorre 
entre leitor e narratário. O primeiro é o indivíduo que efetivamente lê o texto, 
enquanto que o segundo é um destinatário imediato da comunicação. Ao escrever, o 
leitor não direciona a um leitor específico, mas a uma categoria de leitores 
(narratários). 
Ao realizar uma análise, podemos perceber qual o ponto de vista do autor 
implícito, narrador, personagens e narratário. Independente da forma, os modos de 
pensar a realidade do autor, autor implícito e narrador devem ser levados em 
consideração na análise. Vale lembrar que “ nas marcas textuais do autor implícito, 
aparecem observações que nos levam ao autor não apenas em termos de sua 
consciência, mas sobretudo de estruturas que escapam à sua consciência” (ABDALA 
JUNIOR, 1995:23). 
 
Saiba Mais! 
Leia o livro Introdução à Análise da Narrativa do autor Benjamin Abdala 
Junior para saber mais sobre os elementos da narrativa e como analisar 
textos. 
4.2.1 Argumentação 
 
 
 
 
 
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PÓS-GRADUAÇÃO 
COMUNICAÇÃO EMPRESARIAL 
Um dos grandes terrores dos estudantes, quando se fala em escrita, é a 
argumentação. E o que contribui para esse medo é o fato de, na maioria das vezes, 
os estudantes estarem despreparados para discutir os temas que lhe são propostos 
para dissertar. Como vimos anteriormente, a leitura é essencial para que o indivíduo 
esteja preparado para argumentar, discutir sobre assuntos diversos, mas, se o 
indivíduo não tem o hábito da leitura, esse é um problema do qual levar-se-á grande 
tempo para ser resolvido. 
A argumentação é a capacidade que o indivíduo tem para apresentar uma ideia 
a respeito de um determinado tema, de forma atemporal, em seus valores, mesmo 
situadas em algum momento histórico ou fictício. A argumentação faz parte dos textos 
dissertativos, em que a exposição das ideias deve ser fundamentada por argumentos 
convincentes ao leitor. Argumentar consiste em persuadir, convencer o leitor a aceitar 
as conclusões acerca de um tema polêmico ou não. 
O texto argumentativo caracteriza-se pela presença de um argumentador, que 
diante de um tema, apresenta uma tese (ideia), apoiada em argumentos sólidos, 
consistentes. 
A eficácia de um texto argumentativo está parcialmente ligada à figura do 
argumentador, que tem a autoridade, o direito de defesa, de expor a opinião sobre um 
determinado tema. A autoridade está relacionada ao conhecimento que o 
argumentador tem e apresenta sobre um assunto. O depoimento de autoridade pode 
ser influenciado por possíveis interesses do argumentador no parecer emitido, por 
isso, a tese exposta pelo argumentador pode revestir-se de três aspectos, conforme 
aponta CARNEIRO (2001): 
“certeza, opinião ou dúvida”, porém, estes aspectos atendem a exigências da situação 
de comunicação podendo ser apresentados de forma diversa: uma certeza pode ser 
apresentada como uma dúvida, uma opinião ou uma certeza. 
Os argumentos apresentados pelo argumentador podem ser originais ou 
alheios, quando deste, podem ser localizadas em citações, indicações de autoria ou 
ainda constituírem domínio comum. 
Como um bom argumento é aquele que convence, cabe ao argumentador 
selecionar o tipo de argumento adequado ao público a que se destina. Os argumentos 
podem ser fruto da experiência pessoal do argumentador, testemunhos de autoridade, 
evidências ou julgamentos (inferências que fazemos a respeito dos fatos). As 
 
 
 
 
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PÓS-GRADUAÇÃO 
COMUNICAÇÃO EMPRESARIAL 
inferências são as deduções que realizamos sobre um fato e, por isso mesmo, não 
são confiáveis. 
A extensão de um texto dissertativo depende da situação; por exemplo, se for 
livre, cabe ao argumentador determinar o tamanho; se for em um concurso, 
normalmente há um limite para a exposição dos argumentos; independente da 
situação, o texto argumentativo deve apresentar, ao menos, três partes: 
 
4.2.2 Introdução, desenvolvimento e conclusão 
 
Normalmente, a pergunta que se faz é: Como farei a introdução? Muito bem, a 
introdução é o carro chefe de seu texto, se é que me entende. Se você não apresentar 
as informações que serão relevantes para o desenvolvimento do seu texto, o leitor 
poderá perder o interesse pela dissertação. Observe alguns esquemas a seguir. 
Na introdução os argumentos são apenas mencionados, assim, neste primeiro 
parágrafo informamos o assunto de que a dissertação vai tratar. Você poderá 
estabelecer uma relação histórica com o tema, ou causa e consequência, mas lembre-
se: os argumentos só serão desenvolvidos posteriormente. 
No desenvolvimento o argumentador apresenta a tese, ou seja, os 
argumentos que sustentam o ponto de vista. Se na introdução, o argumentador 
apresentou uma relação de causa e consequência sobre o problema, é no parágrafo 
do desenvolvimento que fará as explanações a respeito dessa causa e quais as 
consequências que levaram ao problema. Tudo de forma muito convincente e apoiada 
em dados. Aqui não se admite “achismo”. No desenvolvimento, os parágrafos devem 
estar conectados. 
A conclusão deve retomar o que foi dito nos parágrafos anteriores. Convém 
retomar a proposta do parágrafo de introdução e rever os objetivos propostos para a 
explanação do tema. A seguir, faz-se uma reafirmação do tema e é interessante 
também fazer um comentário sobre os fatos mencionados ao longo da dissertação. 
 
Vejamos agora um esquema de texto dissertativo. 
Tema: Violência 
Introdução: Em todo o mundo, verifica-se um aumento generalizado da violência. 
 
 
 
 
 
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