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FUNÇÕES MOTORAS DA MEDULA ESPINAL

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FUNÇÕES MOTORAS DA MEDULA ESPINAL; OS REFLEXOS ESPINAIS
Cap. 55 – Guyton
Sem os circuitos neuronais especiais da medula, não seria possível gerar movimentos musculares intencionais;
Por exemplo, não existe nenhum circuito neuronal no encéfalo que gere o movimento alternado das pernas, necessário para o andar;
Os circuitos para esses movimentos estão na medula, e o encéfalo manda os sinais de comando para ela iniciar o processo.
gera os programas que controlam as atividades sequenciais da medula
sinais de “comando” e “analíticos”
Os circuitos neuronais da medula espinal são os objetos desses comandos.
ORGANIZAÇÃO DA MEDULA ESPINAL PARA AS FUNÇÕES MOTORAS
Substância cinzenta: área integrativa para os reflexos espinais
Sinais sensoriais: entram na medula pelas raízes sensoriais 
posteriores ou dorsais
Sinal sensorial	entra na medula	trafega por duas vias separadas
Um ramo do nervo sensorial termina quase imediatamente na substância cinzenta da medula e provoca os reflexos espinais segmentares locais e outros efeitos locais.
Outro ramo transmite sinais para níveis superiores do sistema nervoso: para zonas superiores da própria medula, para o tronco cerebral ou para o córtex cerebral.
Os neurônios dos segmentos da medula espinal, na subst. cinzenta, podem ser de dois tipos:
Neurônios Motores Anteriores
Localizados em cada segmento dos cornos anteriores da substância cinzenta;
Dão origem às fibras nervosas que deixam a medula pelas raízes ventrais e inervam as fibras musculares esqueléticas;
São de 2 tipos: neurônios motores alfa e neurônios motores gama
Têm metade do tamanho dos outros;
Transmitem os impulsos por fibras do tipo A gama (menos calibrosas);
Inervam as pequenas fibras musculares esqueléticas especiais, as fibras intrafusais, as quais constituem o centro do fuso muscular, auxiliando no controle do tônus muscular, por exemplo.
Originam as fibras nervosas do tipo A alfa;
Se ramificam várias vezes após chegarem ao músculo;
A estimulação de uma fibra A alfa excita centenas de fibras musculares esqueléticas, dando o nome de unidade motora para esse conjunto.
Interneurônios
Estão em todas as áreas da substância cinzenta medular (cornos dorsais, anteriores e nas áreas intermediárias entre eles);
Células mais numerosas, pequenas e muito excitáveis, exibindo atividade espontânea com frequência;
Possuem bastantes interconexões entre si;
Muitas fazem sinapse diretamente com os neurônios anteriores;
Responsáveis pela maioria das funções integrativas da medula espinal;
Circuitos encontrados no conjunto dessas células: divergência, convergência, descargas repetitivas, etc.;
OBS.: Os sinais aferentes, geralmente, são transmitidos primeiro para os interneurônios, onde são adequadamente processados. Apenas poucos terminam diretamente nos neurônios motores anteriores.
Células de Renshaw: pequenos neurônios localizados nos cornos anteriores da medula que estão em íntima associação aos neurônios motores. São células inibitórias para esses neurônios circunjacentes. Utilização para inibição lateral -> estimula 1, inibe os outros adjacentes. 
Fibras proprioespinais: fibras que trafegam de um segmento a outro da medula (ascendentes e descendentes). São as vias utilizadas nos reflexos multissegmentares, incluindo os reflexos que coordenam os movimentos simultâneos dos membros superiores e inferiores.
RECEPTORES SENSORIAIS MUSCULARES
Controle adequado da função muscular: excitação do músculo pelos neurônios motores anteriores e feedback contínuo da informação sensorial (indicando o estado funcional do músculo, etc.)
Receptores especiais dos músculos e dos tendões (para o controle intrínseco do músculo):
FUSOS MUSCULARES
São receptores localizados no ventre do músculo, e enviam informações sobre o comprimento do músculo ou sobre a velocidade de variação desse comprimento;
Constituído por 3 a 12 fibras intrafusais que são ligadas ao glicocálice das fibras extrafusais;
Cada fibra muscular intrafusal é a fibra muscular esquelética muito pequena;
A região central de cada fibra intrafusal quase nunca tem filamentos de actina e miosina, o que faz com que ela raramente se contraia, enquanto as extremidades fazem isso normalmente;
As extremidades que se contraem são excitadas por pequenas fibras nervosas motoras gama (fibras eferentes gama);
A porção central do fuso muscular é a porção receptora, e o fuso pode ser excitado de várias maneiras:
pelo aumento do comprimento do músculo (estiramento da região central)
contraindo as regiões terminais (extremidades), o que provoca o estiramento da região central e a excitação do receptor.
2 tipos de terminações sensoriais na região: as terminações ou receptores aferentes primários e as terminações ou receptores aferentes secundários.
Existem ainda dois tipos de fibras intrafusais no fuso muscular:
Fibras musculares com saco nuclear: de 1 a 3 em cada fuso.
Fibras com cadeia nuclear: de 3 a 9 em cada fuso.
RESPOSTA ESTÁTICA: ocorre quando a região central é estirada lentamente, aumentando o número de impulsos transmitidos pelas terminações primária e secundária, fazendo com que elas os transmitam por vários minutos se o fuso permanecer estirado.
RESPOSTA DINÂMICA: apenas a terminação primária responde. Quando o comprimento do fuso aumenta rapidamente essa terminação é fortemente estimulada. Enquanto o comprimento está aumentado, o receptor primário transmite enorme quantidade de impulsos; porém, quando o fuso encurta, ocorrem sinais sensoriais opostos.
Os fusos podem enviar para a medula espinal tanto sinais positivos – quantidades aumentadas de impulsos, indicando o estiramento do músculo – quanto sinais negativos – quantidades reduzidas de impulsos, indicando que o músculo não está estirado.
REFLEXO DE ESTIRAMENTO MUSCULAR
Músculo é rapidamente estendido excitação deles causa a contração reflexa das fibras musc. esq. grandes (extrafusais) do próprio músculo e também de sinérgicos;Possibilita que o sinal retorne ao músculo rapidamente
Circuito neuronal: via monossinápticaFibra do tipo Ia originada do fuso muscular entra pela raiz dorsal da medula espinal; ramificação vai pra substância cinzenta da medula e faz sinapse c/ os neurônios motores anteriores que enviam fibras motoras pro mesmo músculo.
Reflexo de estiramento dinâmico: provocado por sinais dinâmicos potentes, se opõe às alterações rápidas do comprimento do músculo;
Reflexo de estiramento estático: mais fraco, continua por período prolongado. É importante pois mantém o grau de contração constante.
Função de amortecimento/alisamento: impede oscilações ou sacudidas nos movimentos do corpo.
31% das fibras nervosas motoras para o músculo são do tipo A gama;
Coativação dos neurônios motores alfa e gama: neurônios motores gama são estimulados simultaneamente quando os sinais são transmitidos para os neurônios alfa, fazendo com que tanto as fibras extrafusais quanto as intrafusais se contraiam ao mesmo tempo;
É importante pois impede que o reflexo do fuso muscular se oponha à contração muscular e também para manter a função adequada de amortecimento do fuso.
O sistema eferente gama é estimulado, de modo específico, por sinais provenientes da região facilitatória bulborreticular do tronco cerebral e, secundariamente, por impulsos transmitidos da área bulborreticular do cerebelo, dos gânglios da base e do córtex cerebral.
O sistema do fuso muscular estabiliza a posição do corpo durante uma ação tensa
OBS.: aplicação clínica clônus muscular
Oscilações dos abalos musculares (reflexo de estiramento muito sensibilizado)
ÓRGÃOS TENDINOSOS DE GOLGI
Receptores sensoriais encapsulados, localizados nos tendões, transmitem informações sobre a tensão do tendão ou a velocidade de alteração da tensão do músculo;
Auxiliam no controle dessa tensão;
O órgão é estimulado quando o feixe de suas fibras musculares é tensionado pela contraçãoou pelo estiramento do músculo;
Os sinais são transmitidos por meio de fibras nervosas do tipo Ib (condução rápida e grande diâmetro)
Transmitem sinais para áreas da medula espinal e também após fazer sinapse no corno dorsal da medula, por via de fibras longas, tais como os tratos espinocerebelares, para o cerebelo, e, por outros tratos, para o córtex cerebral.
O sinal local da medula espinal excita interneurônio inibitório (que inibe neurônio motor interior)
O reflexo tendinoso evita uma tensão excessiva no músculo: mecanismo de feedback negativo;
Reação de alongamento: previne o rompimento do músculo ou a separação do tendão de seus ligamentos ao osso. Ocorre quando a tensão no músculo (e no tendão) fica extrema, o que leva à reação rápida na medula espinal, causando o relaxamento instantâneo de todo o músculo.
O reflexo tendinoso equaliza as forças contráteis das diversas fibras musculares. Fibras com tensão excessiva são inibidas, e as que exercem pouca tensão ficam mais excitadas, pois não há sinais inibitórios reflexos.
Faz com que a carga do músculo se distribua por todas as fibras, além de impedir lesões em áreas isoladas.
REFLEXO FLEXOR E REFLEXO DE RETIRADA
Reflexo flexor = reflexo nociceptivo = reflexo à dor
Estímulo sensorial cutâneo em um membro contração dos músculos flexores desse membro afastamento do membro do objeto estimulador
Reflexos de retirada
Tato pode provocar um reflexo assim também, porém mais fraco e menos prolongado;
As vias que provocam o reflexo flexor passam primeiro nos interneurônios, e de forma secundária nos neurônios motores;
Os sinais trafegam pelos seguintes circuitos:
Circuitos divergentes para propagar o reflexo aos músculos necessários para a retirada;
Circuitos de inibição recíproca: para a inibição dos músculos antagonistas;
Circuitos que promovem pós-descarga, c/ duração de muitas frações de segundo, após término do estímulo.A duração da pós-descarga depende da intensidade do estímulo sensorial que provocou o reflexo.
O padrão de retirada depende do nervo sensorial estimulado;
Os centros integrativos da medula espinal induzem a contração dos músculos que podem mais efetivamente remover a parte dolorida do corpo para longe do objeto que causa dor.
REFLEXO EXTENSOR CRUZADO
Ocorre de 0,2 a 0,5 segundos após o reflexo flexor, e é quando o membro oposto começa a se estender para que haja o afastamento do corpo do objeto doloroso;
O reflexo extensor cruzado tem um período mais longo de pós-descarga, o que auxilia na manutenção da área dolorida do corpo afastada do objeto doloroso, até que outras reações do sistema nervoso afastem todo o corpo do estímulo. 
Inibição Recíproca: excita um grupo de músculos e inibe outro grupo.
Inervação Recíproca: circuito neuronal responsável pela relação de inibição recíproca.
REFLEXOS POSTURAIS E LOCOMOTORES DA MEDULA ESPINAL
Reação de suporte positivo ou reação de sustentação passiva: para suportar o peso do corpo. Envolve circuito complexo nos interneurônios. Possui uma reação magnética.
Reflexo espinal de “endireitamento”: ocorre quando, por exemplo, um animal é deitado sobre um dos lados do corpo, e automaticamente ele fará movimentos não coordenados para assumir a postura em pé.
Demonstra que alguns reflexos relativamente associados à postura são integrados na medula espinal.
A medula espinal é o controlador inteligente do andar;
Reflexo de Tropeço;
Reflexo da Marcação de Tempo: andar com os quatro membros;
Reflexo de Galope: membros anteriores e posteriores estimuados.
REFLEXO DE COÇAR: sensação de coceira ou cócega
Sensação de posição: possibilita que o local da irritação seja encontrado. Função muito desenvolvida.
Movimento de vaivém de coçar: envolve os circuitos de inervação recíproca que causam a oscilação.
REFLEXOS ESPINAIS QUE PROVOCAM ESPASMO MUSCULAR:
Resultante de um osso quebrado;
Espasmo do músculo abdominal nas pessoas com peritonite;
Cãibra muscular
REFLEXOS AUTÔNOMOS DA MEDULA ESPINAL:
Alterações do tônus vascular;
Transpiração;
Reflexos intestinos-intestinais;
Reflexos peritônio-intestinais;
Reflexos de evacuação do cólon ou do esvaziamento da bexiga urinária.
Se eles são deflagrados simultaneamente, chamamos isso de reflexo em massa, que tem como estímulo mais comum a dor forte. Os músculos acabam apresentando forte espasmo flexor, a pressão aumenta, haverá evacuação do cólon e esvaziamento vesical, e grandes áreas do corpo irrompem em uma sudorese intensa.
Transecção da medula espinal e choque espinal: 
Quando a medula é transeccionada nos níveis cervicais altos, praticamente todas as funções dela ficam diminuídas, até o ponto de quase total silêncio, reação chamada de choque espinal;
Os neurônios retomam sua excitabilidade após algumas horas ou algumas semanas;
Algumas funções são especificamente afetadas: cai a pressão, reflexos musculares de integração são bloqueados, reflexos sacrais – para controle da evacuação do cólon e esvaziamento da bexiga – são suprimidos.

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