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EXAME DO CORPO DE DELITO
● 1- AS PROVAS NO PROCESSO PENAL: 
Tema previsto nos artigos: 155 a 157 do CPP. 
No processo penal, as provas são todos os meios ou elementos capazes de mostrar
ou confirmar a existência ou não de um fato. Visam demonstrar ao estado-juiz os
elementos e a materialização de um crime, e possibilitam ao julgador a formação de
sua convicção para fundamentar sua decisão.
As provas podem ser lícitas ou ilícitas, sendo que apenas as primeiras devem ser
levadas em consideração no processo criminal e suas espécies estão elencadas no
Código de Processo Penal, sendo que a produção daquelas não previstas em lei
não deve fugir a moralidade, à ética, à dignidade da pessoa humana, aos bons
costumes e os princípios gerais do direito.
Neste trabalho, vamos nos ater, especificamente, à Prova - Exame do Corpo de
Delito. Prova técnica, em regra produzida na fase pré-processual e prevista no
Código de Processo Penal, especificamente no Título VII, Capítulo II. 
Art. 158, CPP
"Quando a infração deixar vestígios, será
indispensável o exame de corpo de delito, direto
ou indireto, não podendo supri-los a confissão do
acusado"
● 2-CORPO DE DELITO X EXAME DO CORPO DE DELITO
Há uma confusão gerada acerca das denominações, que implicam coisas diversas. 
O Corpo de delito é o conjunto de vestígios materiais produzidos pelo crime, ou seja,
é a sua materialidade, é aquilo que é palpável, que se vê, se ouve ou se sente, isto
é, que é perceptível pelos sentidos. São os vestígios do crime, marcas, pegadas,
impressões, rastros, resíduos, resquícios e fragmentos de materiais deixados no
local, do crime.(delicta facti permanentis – crimes que sempre deixam corpo de
delito, ou seja, os delitos praticados com vestígios. 
Exame de corpo de delito é a perícia que se faz para apontar a referida
materialidade. É o exame realizado sobre o corpo delito (vestígios)
Segundo Guilherme de Souza Nucci, em sua obra Código de Processo Penal
Comentado, o exame de corpo de delito é “a verificação da prova da existência do
crime, feita por peritos diretamente, ou por intermédio de outras evidências, quando
os vestígios ainda que materiais, desapareceram”. 
Logo, Corpo Delito e Exame de Corpo de Delito não são sinônimos.
● 3- ASSOCIAÇÃO ERRÔNEA DO EXAME DO CORPO DE DELITO
O Exame de corpo de Delito, muitas vezes associado a um determinado exame no
corpo da vitima, ou no estado físico de uma pessoa.
Quem nunca ouviu, nos programas de televisão, entre amigos ou familiares, sobre a
morte de alguém, e que estão fazendo exame de corpo de delito no de cujus? Ou
em caso de agressão física, o encaminhamento ao IML para realizar o "exame de
corpo de delito"? 
A maioria das pessoas associam Exame de corpo de Delito, somente à pessoa
humana, sendo que, como vimos anteriormente, pode ser tanto num exame
cadavérico, como local dos vestígios, etc., como veremos em outros exemplos, mais
adiante, neste trabalho.
Entendendo o Exame do Corpo de Delito:
● 4-A PROVA DE EXAME DE CORPO DE DELITO, (perícia), PODE SER
REALIZADODE DUAS FORMAS: DIRETO OU INDIRETO: 
a) EXAME DE CORPO DE DELITO DIRETO:
O Exame do Corpo de Delito Direto, na definição de Fernando da Costa Tourinho
Filho, “Diz-se DIRETO, quando os próprios peritos examinam os vestígios deixados
pelo crime, isto é, o CORPO DE DELITO, e respondem ao questionário que lhes
formulam a autoridade e as partes”, ou seja, no exame direto, os peritos examinam o
próprio “corpo de delito”, que constitui a materialidade da suposta infração penal.
EX.: Quando o perito analisa pessoalmente o objeto da perícia Ex.: necropsia no
crime de homicídio,, cuida-se da modalidade direta. 
b) EXAME DE CORPO DE DELITO INDIRETO:
Muitas causas podem inviabilizar o Exame do Corpo de Delito Direto:
desaparecimento dos vestígios, inacessibilidade ao local dos fatos, etc. Por vezes, o
perito oficial precisa analisar dados colhidos por um profissional da sua área, mas
que não é perito. Exemplo disso é a verificação nas fichas clínicas de um hospital,
assinadas por um médico, não perito, que assevera ter atendido a paciente Fulana,
que acabou de praticar auto-aborto. Nesse caso, fez o exame na modalidade
indireta, atestando ao juiz ter ocorrido aborto. Cumpre observar que o exame indireto
é sempre realizado por peritos, em dados secundários, quando por alguma razão,
for impossível o exame direto do corpo de delito.
● 5- PROVA TESTEMUNHAL SUPLETIVA:
Prova supletiva - é prova admitida na lei, em caráter excepcional, quando, por
motivos justos, não tenha sido produzida a prova originária. É o caso do art. 167 do
Código de Processo Penal, que admite a prova testemunhal supletiva quando
desaparecem os vestígios que inviabilizam a prova pericial, ou quando esta, por
motivo justificado, não pôde ser realizada. As testemunhas darão os informes para o
convencimento judicial quanto à materialidade do delito, e estará suprido o exame
de corpo de delito. 
Segundo Hélio Tornaghi , somente “quando impossível o exame direto e também o
indireto é que a lei admite o suprimento pela prova testemunhal”. 
Caso haja resquícios do corpo de delito, ou mesmo documentos, filmes, fotografias,
radiografias, laudos anteriores ou outros dados secundários, deve-se determinar o
exame indireto de corpo de delito. Mas se impossível que tais dados existam, resta
a possibilidade da prova testemunhal, que poderá suprir o exame de corpo de delito,
direto ou indireto (art. 167).
Art. 167. Não sendo possível o exame de corpo de
delito, por haverem desaparecido os vestígios, a
prova testemunhal poderá suprir-lhe a falta. 
Questão controvertida surge quando tratamos do exame de corpo de delito indireto,
que é a coleta de dados técnicos, documentais, fornecidos indiretamente por
pessoas habilitadas: ficha hospitalar, atestado médico, certidão de óbito, guia de
sepultamento ou outros escritos que forneçam aos peritos os informes essenciais
para fixar a causa da morte, além de fornecerem a certeza da materialidade do fato,
sem que tenha sido feito o exame direto. Para a maioria da doutrina, o exame
indireto se confunde com a prova testemunhal supletiva. Em outras palavras, não
havendo corpo de delito (vestígios do crime), o exame será suprido pelo depoimento
de uma testemunha. 
A posição defendida por Cezar Roberto Bitencourt: O exame indireto não se
confunde com o mero depoimento de uma testemunha, uma vez que naquele
(exame indireto) sempre haverá um juízo de valor efetuado por um perito, o que não
ocorre com a prova testemunhal. Assim, somente quando impossível os exames
direto e indireto, é que seria admitida a prova testemunhal.
Temos então, três opções diversas apontadas pelo legislador: a) preferência para a
perícia direta; b) não sendo possível, por motivos escusáveis, procede-se à indireta,
com a colheita dos elementos disponíveis; c) por fim, se também não for possível a
realização da prova pericial indireta, a prova testemunhal poderá supletivamente
servir como prova material do fato, mediante a coleta de depoimentos que deem
conta do ocorrido, principalmente a certeza material do fato. 
Como exemplo, lembramos do acidente de helicóptero envolvendo Ulysses
Guimarães, no ano de 1992. Se fossem encontrados no fundo do mar pertences da
vítima ou até partes de seu organismo, poderia ser realizado o exame indireto.
Agora, se nada fosse encontrado, o exame de corpo de delito poderia ser suprido
pela prova testemunhal que presenciou a queda do helicóptero. 
O mesmo ocorreu no homicídio de Elisa Samudio, em que o fato de seu corpo nunca
ter sido encontrado, não impossibilitou a condenação dos suspeitos. (Há mais
comentários em outro tópico deste trabalho, mais adiante).
Concluindo:É evidente que há uma corrente que não distingue a expressão suprir
(quando ocorre não acontecer a originária) de substituir (quando se troca uma
espécie por outra que assume seu lugar, adquire suas características e produz os
mesmos efeitos). O processo penal brasileiro não consagrou esta última hipótese.
Prova testemunhal nada tem a ver com perícia.
● 6- DO CABIMENTO
O exame de corpo de delito , cujo objetivo é detectar lesões causadas por qualquer
ato ilegal ou criminoso, ele pode ser aplicado em diversas situações, como após
uma batida de carro, em casos de agressão ou quando um detento é transferido de
presídio..
Exemplos de exame do corpo de delito
a) homicídio (art. 121, CP)- exame necroscópico ou cadavérico.
b) lesão corporal (art. 129, CP)- exame das ofensas físicas, fisiológicas ou mentais).
c) estupro (art. 213, CP)- exame da conjunção carnal.
d) Furto (art. 155, CP)– perícia em local de crime
● 7- DA NULIDADE
Sendo possível e viável o exame pericial, ao magistrado, cabe ordenar, de ofício,
sua realização, sob pena de nulidade da sentença. (art. 564, III, b, CPP). ...
● 8- A LEGISLAÇÃO CRIMINAL
O ENTENDIMENTO DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA ACERCA DA PROVA
DE EXAME DE CORPO DE DELITO
A legislação criminal determina que o exame de corpo de delito é indispensável para
materialização de um crime que venha a deixar rastros passiveis de constatação e
registro, obrigando, no campo das provas, a sua realização. Seja de forma direta, no
caso de exame de corpo de delito direto, quando ainda presentes os vestígios do
crime, seja de forma indireta, ou no caso de exame de corpo de delito indireto,
quando ausentes tais elementos, a legislação determina sua prescindibilidade
evitando a ocorrência de nulidade no curso do processo criminal.
Vejamos, que, o Superior Tribunal de Justiça proferiu decisões em processos
criminais, submetidos a análise, nesse sentido:
Ementa: PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS. CRIME CONTRA A DIGNIDADE
SEXUAL. AUSÊNCIA DE EXAME DE CORPO DE DELITO. NULIDADE DA AÇÃO
PENAL. CONSTRANGIMENTO ILEGAL NÃO EVIDENCIADO. ORDEM
DENEGADA. I. Esta Corte de Justiça possui entendimento no sentido de que a
ausência de exame de corpo de delito nos crimes contra a dignidade sexual não
enseja nulidade do processo, se existirem nos autos outros elementos aptos a
comprovar a materialidade e autoria do delito. Precedentes. II. Ordem denegada.
STJ - HABEAS CORPUS HC 213045 SP 2011/0161898-8 (STJ). Data de
publicação: 19/12/2011.
Ementa: PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS. HOMICÍDIO QUALIFICADO.
PRONÚNCIA. FALTA DE FUNDAMENTAÇÃO DA PRISÃO CAUTELAR.
SUPERVENIÊNCIA DE SENTENÇA. PEDIDO PREJUDICADO AUSÊNCIA
DEEXAME DE CORPO DE DELITO. NULIDADE. NÃO-OCORRÊNCIA. ORDEM
PARCIALMENTE CONHECIDA E, NESSA EXTENSÃO, DENEGADA. 1. A
superveniência da sentença condenatória prejudica a análise do pedido de habeas
corpus fundado na falta de motivação idônea à prisão cautelar. 2. A falta do exame
de corpo de delito não é suficiente para invalidar a sentença de pronúncia, seja
porque a materialidade pode ser comprovada por outros meios de prova, seja
porque essa diligência, até o julgamento, pode ser realizada a qualquer tempo. 3.
Ordem parcialmente conhecida e, nessa extensão, denegada. FALTA DE EXAME
DECORPO DE DELITO - SENTENÇA VÁLIDA STJ - HC. STJ - HABEAS CORPUS
HC 52123 RJ 2005/0216080-9 (STJ). Data de publicação: 22/10/2007.
Verifica-se que o Superior Tribunal de Justiça, consolidou o entendimento de que a
falta do exame de corpo de delito não enseja a nulidade da condenação do acusado,
não demonstrando ser prova fundamental para a incidência de condenação criminal.
Não sendo possível sua realização ou em não sendo realizada a produção desse
meio de prova, o STJ consolidou o entendimento de que a falta do exame de corpo
de delito, pode ser suprida por outros meios de prova que venham a atestar a
materialidade do crime analisado.
Muito embora o artigo 167 do Código de Processo Penal determinar que “não sendo
possível o exame de corpo de delito por haverem desaparecido os vestígios, a prova
testemunhal poderá suprir-lhe a falta”, o Superior Tribunal de Justiça tem alicerçado
suas decisões em outros meios capazes de comprovar a existência do crime. 
Ao atual posicionamento do STJ, há uma doutrina majoritária que defende, que ante
a impossibilidade de realização do exame de corpo de delito quando desaparecidos
os vestígios do crime, a aplicação do artigo 167 do Código de Processo Penal é
crucial para a materialidade e autoria do delito.*
Nesse sentido, Fernando Capez destaca que: “o juiz poderá considerar suprida a
falta do exame de corpo de delito pela prova testemunhal, ou seja, pelos
depoimentos prestados em audiência quando, desde logo, os vestígios
desapareceram”. Quando a infração deixar vestígios o art. 158 do Código de
Processo Penal determina a realização do exame de corpo de delito, caso estes
vestígios constituam o próprio corpo de delito (ex.: um cadáver), ou o exame de
corpo de delito indireto, quando embora desaparecido o corpo de delito, ainda
restarem vestígios periféricos (roupas com sague da vítima, ao lado das cinzas do
corpo incinerado)”. (CAPEZ, 2014, p. 418).
● 9- O PRINCÍPIO DA VERDADE REAL DOS FATOS
O princípio da Verdade Real dos Fatos é um dos princípios do Direito Penal
brasileiro. A busca da verdade dos fatos deve ser incessantemente buscada pelo juiz
antes da condenação do acusado numa ação penal. A condenação da pessoa
acusada, trata-se, em verdade, do cerceamento de um direito fundamental
constituído, o direito à liberdade. Por isso, todos os pontos relevantes do processo
acusatório devem ser analisados, e um deles é o cumprimento da legislação penal.
O STJ consolidou entendimento contrário a legislação processualista penal e adota
como fundamento para a condenação do réu, outros meio de prova, embora, muitas
vezes, estes meios não sejam aquele que o próprio legislador determinou.
● 10- JURI - AUSÊNCIA DO CORPO DA VÍTIMA - POSSIBILIDADE
Ausência do corpo de suposta vítima não impede a pronúncia. Com este
posicionamento, a Sexta Turma do STJ negou pedido de habeas corpus no HC
170.507-SP, relatado pela Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 16/2/2012
(Info. 491).
Caso Concreto - O pedido de habeas corpus originou-se em recurso em sentido
estrito( RESE-Recurso em sentido estrito-"em sentido estrito"O Recurso em sentido
estrito é a impugnação voluntária do interessado contra decisões do juízo de
primeiro grau, de forma geral contra despachos interlocutórios e em situações
especiais inclusive contra sentenças, conforme previsto no artigo 581 do CPP.)
contra pronúncia de acusado de homicídio, alegando-se falta de materialidade diante
da ausência do corpo da suposta vítima. O Tribunal local, ao julgar o mencionado
recurso entendeu que existem outras provas que demonstrariam a materialidade do
crime, como a confissão do paciente e depoimento de testemunhas, etc.
A relatora lembrou, no entanto, que o STJ já decidiu que, nos termos do art. 167 do
CPP, a prova testemunhal pode suprir a falta do exame de corpo de delito direto,
caso desaparecidos os vestígios, e que o entendimento se aplica aos casos em que
o corpo da vítima não é encontrado.
Dessa forma, o caso foi encaminhado a julgamento pelo Plenário. É fato que a
pronúncia, (decisão que leva o réu a julgamento diante do Tribunal do Júri), exige
prova da materialidade do crime (art. 413, CPP). Mas como fazer nos casos em que
o corpo da vítima não é encontrado? : Exemplificando, Eliza Samúdio, caso Bruno.
Tratando-se de crime doloso contra a vida, o julgamento deve ser feito por juízes
leigos, jurados escolhidos na sociedade. Cumpre, à acusação,nestas hipóteses,
coletar todas as provas possíveis e levar ao Plenário para que os jurados decidam
sobre o caso.
OBS: No caso Bruno/Samudio, encaminharemos, anexo a este trabalho, algumas
provas e demais detalhes, a título de curiosidades.
Precedente do STJ firmou que: Apesar de relevante para a comprovação dos
crimes de resultado, a realização do exame de corpo de delito não foi imprescindível
para a comprovação da materialidade delitiva, não podendo sua não-realização
impedir a persecução criminal em juízo (HC 110642/ES, Sexta Turma, Rel. Min. Og
Fernandes, DJe 06/04/2009).
Por outro lado, o risco enorme de condenar alguém, sem a comprovação direta do
corpo da vítima é possível gerar erro judicial. Isso, foi o que ocorreu no caso dos
irmãos Naves Araguari (MG). 
A centenária Araguari, no Triângulo Mineiro, foi cenário daquele que ficou conhecido
como um dos mais graves erros judiciários do Brasil. Em 1937, dois irmãos (os
Naves) começam a ser investigados pelo desaparecimento e morte de um
comerciante local. Anos depois da condenação por um determinado assassinato, a
vítima apareceu. 
Não só esse, mas outros que vieram depois,como os casos: Marcos Mariano da
Silva, o advogado Aldenor Ferreira da Silva, Valdimir Sobrosa, Tiago Cleber de
Souza Costa e outros... A título de curiosidade, veja os casos concretos em:
http://www.migalhas.com.br/dePeso/16,MI161127,21048-
Erros+judiciais+causam+danos+a+inocentes
(Recomendamos o filme dos Irmãos Naves–Youtube–filme completo dublado) Por
ter sido um frenesi midiático, na época.(Veja cartaz abaixo)
Caso a perícia apresente a inobservância de formalidades, ou mesmo omissões,
obscuridades ou contradições, a autoridade judiciária mandará, dependendo da
ocasião suprir a formalidade, complementar ou esclarecer o laudo, conforme o art.
181 do CPP. E, no seu parágrafo único, estabelece também a possibilidade do juiz
em proceder um novo exame pericial, caso julgue conveniente.
● 11- PROCEDIMENTO PARA O EXAME DO CORPO DE DELITO
Visando uma melhor análise dos peritos sobre os fatos para emitir um juízo de valor,
informando o diagnóstico e o prognóstico, torna-se necessário que não ocorra
nenhuma alteração sobre o estado das coisas em um local onde ocorrer algum
delito. E, para tanto, a polícia deverá auxiliar os peritos, preservando o corpo de
delito, ou seja, os vestígios materiais dos crimes.
O art. 6º estabelece as procedências que deverão ser feitas pela autoridade policial
logo que tiver conhecimento da prática de alguma conduta delituosa. 
No inciso I estabelece que deverá dirigir-se o local onde ocorreu o delito,
providenciando a permanência do estado e conservação das coisas, até a chegada
dos peritos criminais. E quanto aos objetos relacionados ao ato infracional, deverão
ser apreendidos pela autoridade policial, após a liberação dos peritos criminais,
conforme seu inciso III. Além disto, o inciso VII estabelece que deverá também
determinar a procedência, se for preciso, do exame do corpo de delito e demais
perícias.
O art. 169 do CPP, reitera a importância da participação da autoridade policial em
providenciar a preservação do estado das coisas até a chegada dos peritos, os
quais poderão inclusive utilizar-se de fotografias, desenhos ou esquemas
elucidativos para um maior esclarecimento dos laudos.
Nota-se a excessiva preocupação do legislador em estabelecer a necessidade da
preservação do corpo de delito, cujo exame poderá ser realizado em qualquer dia e
a qualquer hora, segundo o art. 161 do CPP.
O laudo pericial será elaborado pelos peritos, no prazo máximo de 10 dias, onde
descreverão detalhadamente o que examinarem, e responderão aos quesitos. Este
prazo poderá ser prorrogado somente em casos excepcionais, a requerimento dos
peritos, conforme o art. 160 CPP.
● 12- O LAUDO PERICIAL E O JULGAMENTO
Ao avaliar as provas, o juiz deverá fazer uma análise dos elementos apresentados
para fundamentar a sua decisão. É, sem dúvida, um ato intelectual, de natureza
personalíssima, pois um mesmo fato poderá facilmente ter julgamentos distintos se
forem analisados por diversos juízos.
O nosso ordenamento utiliza o sistema da convicção condicionada, de modo que o
juiz deve avaliar as provas mediante o seu convencimento, mas vinculado os
dispositivos legais, embora o art. 157 do CPP afirme que o juiz apreciará livremente
as provas para formar a sua convicção.
E em relação a apreciação dos laudos periciais, há os sistemas vinculatório e o
liberatório. 
No primeiro caso a decisão judicial deve estar necessariamente em conformidade
com o exame pericial. No segundo, adotado pelo nosso ordenamento, o laudo
pericial poderá ser aceito ou não pelo julgador, tendo este a liberdade para a sua
apreciação. É o que estabelece os arts. 157 e 182 do CPP.
Vale salientar ainda o grau de influência das perícias nas decisões do Tribunal do
Júri, tendo em vista a sua relevante competência constitucional para o julgamento
dos crimes dolosos contra a vida, como determina o art. 5º, inciso XXXVIII, da
Constituição Federal de 1988.
● 13- CURIOSIDADE
Em alguns julgamentos na comarca de Sobral, estado do Ceará, uma considerável
parcela dos jurados seguiram a conclusão pericial, mesmo havendo provas robustas
divergentes capazes de fundamentar decisão contrária.
Tal fato provavelmente é resultante da pouca experiência dos membros do conselho
de sentença na avaliação das provas apresentadas em juízo, mediante efetivo
exercício do livre convencimento probatório, posto que geralmente tiram algumas
dúvidas através de sucintos esclarecimentos do juiz-presidente do júri, como
determina o art. 478 do Código de Processo Penal, caso ainda não se considerem
habilitados.
● 14- JURISPRUDÊNCIA 
Jurisprudência TJES
HABEAS CORPUS - PACIENTE DENUNCIADO PELO CRIME DE ATENTADO
VIOLENTO AO PUDOR, CONTRA MENOR DE QUATORZE ANOS O fato do laudo
de exame de coito anal, realizado três dias após a situação narrada na denúncia,
não ter constatado sinais daquele contado, não importa reconhecer esteja
prejudicada a prova da materialidade delitiva, haja vista ser perfeitamente possível o
exame de corpo de delito indireto (artigo 167 do CPP). [...] (TJES, Classe: Habeas
Corpus, 100090027713, Relator: CATHARINA MARIA NOVAES BARCELLOS,
Órgão julgador: PRIMEIRA CÂMARA CRIMINAL, Data de Julgamento: 30/09/2009,
Data da Publicação no Diário: 16/11/2009)
EMENTA - APELAÇÃO CRIMINAL - LESÃO CORPORAL - ART. 129, § 1º, I E II DO
CP - LEGÍTIMA DEFESA - NÃO CONFIGURADA - LAUDO COMPLEMENTAR -
EXAME DO CORPO DE DELITO INDIRETO - VÍTIMA SUBMETIDA A DOIS
EXAMES - IMPOSSIBILITADA DE EXERCER OCUPAÇÕES HABITUAIS POR MAIS
DE 30 DIAS - PERIGO DE VIDA - INTERVENÇÃO CIRÚRGICA DE URGÊNCIA -
SENTENÇA MANTIDA - RECURSO NEGADO PROVIMENTO. Ausentes todos os
requisitos da alegada legítima defesa. Em se tratando de um policial civil inviável
que tenha a arma disparado. A vítima e a ex-companheira do apelante estavam
sentados à mesa do bar quando o apelante dirigiu-se até eles, provocando-os e, a
vítima estava desarmada. (TJES, Classe: Apelação Criminal, 24960003507, Relator:
WELINGTON DA COSTA CITTY, Órgão julgador: SEGUNDA CÂMARA CRIMINAL,
Data de Julgamento: 19/12/2001, Data da Publicação no Diário: 06/02/2002)
 Jurisprudência STJ
Habeas Corpus. Exame de Corpo de delito Indireto. Possibilidade. Emendatio Libelli.
Manifestação do recorrido acerca da nova capitulação jurídica. Desnecessidade. “O
exame de corpo de delito direto pode ser suprido se desaparecidos os vestígios
sensíveis da infração penal, por outros elementos de caráter probatório existentes
nos autos, notadamente os de natureza testemunhal ou documental”. (STJ, Min.
Felix Fischer, 5ªTurma, HC – 23.898/MG).
OBS: Emendatio Libelli:O art. 383 do Código de Processo Penal dispõe que o juiz
poderáá́, sem modificar a descrição do fato contida na denúncia ou queixa, atribuir-lhe
definição jurídica diversa, ainda que, em consequência, tenha de aplicar pena mais
grave ao fato.
HABEAS CORPUS DECLARATÓRIO DE NULIDADE PROCESSUAL E
DESCONSTITUTIVO DE PRISÃO PREVENTIVA. FURTO QUALIFICADO,
APROPRIAÇÃO INDÉBITA QUALIFICADA E ESTELIONATO PRATICADO POR
MEIO DE CHEQUE. INOCORRÊNCIA DE NULIDADE PELO RECEBIMENTO DA
DENÚNCIA DESACOMPANHADA DO EXAME DE CORPO DE DELITO DIRETO.
[...] 2. A falta do exame de corpo de delito direto antes do recebimento da denúncia
não é causa de nulidade. A despeito de o referido exame ser, em regra, realizado
antes do oferecimento da denúncia, tal fato não se apresenta como uma exigência
intransponível, capaz de determinar a nulidade de toda a Ação Penal, até porque o
exame de corpo de delito pode ser realizado a qualquer tempo e a sua falta pode ser
suprida pelo exame de corpo de delito indireto e pela prova testemunhal. [...] (HC
102.187/PA, Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, QUINTA TURMA, STJ,
julgado em 04/02/2010, DJe 08/03/2010)
Jurisprudência STF
HABEAS CORPUS. CRIME DE ABORTO COM O CONSENTIMENTO DA
GESTANTE. POSSIBILIDADE DE EXAME DE CORPO DE DELITO INDIRETO.
PRECEDENTES DO STF. ALEGAÇÃO DE ATIPICIDADE DA CONDUTA DO RÉU.
NECESSIDADE DE REEXAME DE FATOS E PROVAS. ORDEM DENEGADA. 1. A
jurisprudência do Supremo Tribunal Federal é firme no sentido da possibilidade de
exame de corpo de delito indireto no crime de aborto. .Ante o exposto, denego a
ordem de habeas corpus. (HC 97479, Relator (a): Min. ELLEN GRACIE, Segunda
Turma, julgado em 26/05/2009, DJe-108 DIVULG 10-06-2009 PUBLIC 12-06-2009
EMENT VOL-02364-02 PP-00232 LEXSTF v. 31, n. 366, 2009, p. 407-416)
● 15- CONCLUSÃO:
Nota-se a dificuldade existente em se obter um laudo pericial eficiente. Os escassos
recursos governamentais para custear as despesas, em estabelecer quantidade
suficiente de peritos, como também sobre importância na preservação e
conservação dos vestígios materiais oriundos dos delitos.
Diante da lentidão do fato jurídico em alcançar o fato social, a perícia, com o avanço
científico e tecnológico poderá, sem dúvida, contribuir bastante para a eficácia do
Poder Judiciário.
Quanto ao estudo do Exame do Corpo de Delito, concluímos que há divergências
na aplicação da legislação, principalmente quanto às modalidades de realização,
direto, indireto e provas testemunhais. O entendimento, como vimos, é bem confuso
por parte da maioria. Destacamos interpretações, como exemplo, de Fernando
Capez, onde pontua o esgotamento das modalidades do exame do corpo de delito
para, só após, suprirem de forma suplementar, a materialidade do delito, com a
prova testemunhal. (bem esclarecedor, de fácil compreensão e conforme o CPP) .
Porém, acreditamos que, a confusão esteja no fato de que o artigo 167 não cita as
modalidades do exame de corpo de delito. 
Art. 167. Não sendo possível o exame de corpo de delito, por haverem
desaparecido os vestígios, a prova testemunhal poderá suprir-lhe a falta. 
É certo, ainda, que, relembrando o princípio da verdade real dos fatos,
reconhecemos a importância na apuração da materialidade dos delitos, a tamanha a
responsabilidade do julgador em detectar sua autoria e a interpretação correta das
normas de procedimento legislativo, para que assim tenhamos a segurança
necessária no sistema jurídico.
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E ainda...
EXAME DO CORPO DE DELITO, CASO MARIELLE FRANCO
Em uma nova perícia feita no fim da tarde desta quinta (15), ficou constatado que 13
disparos atingiram o veículo em que Marielle estava: nove na lataria e quatro no
vidro.
MATERIALIDADE, FALTANDO AUTORIA !
PGR avalia pedir federalização das investigações 
Durante toda a quinta-feira, a polícia coletou informações no local do crime e com
testemunhas, como uma assessora de Marielle que também estava no carro e não
foi atingida pelos tiros. 
Os disparos foram efetuados a cerca de dois metros do carro das vítimas, quando
um outro automóvel, um Cobalt prata, emparelhou. Segundo a perícia, os tiros
entraram pela parte traseira do lado do carona, onde Marielle estava sentada, De
acordo com a Divisão de Homicídios, o atirador seria experiente e sabia o que
estava fazendo. 
MARIELLE FRANCO, PRESENTE!
Referências:
1. Fernando da Costa Tourinho Filho - Manual de Processo Penal;
2. Guilherme de Souza Nucci -Código de Processo Penal Comentado;
3. Hélio Tornaghi, Curso de Processo Penal;
4. Fernando Capez – Curso de Processo Penal;
5. Luiz Flávio Gomes - artigos web;
6. www.migalhas.com.br - Portal jurídico;
7. www.stf.jus.br;
8. www.stj.jus.br;
9. www.tj.es.gov.br
Acadêmicos do 9º período do Curso de Direito – Universidade Estácio:
Trabalho de Direito Processual Penal – Profª Lígia Nazar
Célia A. Vieira – 201403366799
Selma Maynart M.Tindou - 201402162006
Ana Maria Bondezan - 201402162031
Neivaldo Araújo - 201308283644

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