Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
RESUMO Palavras-chave: Como parte integrante da metodologia aplicada na execução do projeto “Desenvolvimento da tecnologia de congelamento de massa coagulada e fermentada de leite de búfala para fabricação de mozarela”, realizado com recursos da FAPESP/PIPE (Programa de Inovação Tecnológica em Pequenas Empresas), o perfil socioeconômico e a tipificação técnica de 111 bubalinocultores familiares na região Sudoeste paulista foram traçados a partir de um diagnóstico rápido participativo, objetivando-se melhor conhecer o primeiro elo da cadeia de produção de leite de búfalas regional, bem como aos pontos de estrangulamento da atividade, por fim, conhecer as oportunidades e desafios da bubalinocultura familiar na região Sudoeste paulista. Bubalus bubalis, Bubalinocultura familiar, Sudoeste paulista, Desenvolvimento regional, Diagnóstico socioeconômico e zootécnico. OPORTUNIDADES E DESAFIOS DA BUBALINOCULTURA FAMILIAR DA REGIÃO SUDOESTE PAULISTA 1 2 3 4 5Carlos Frederico de C. Rodrigues , João Elzeário C. B. Iapichini , Alcina Maria Liserre , Karina B. de Souza , Cristina Fachini , 6Roberto H. Reichert 1Méd.Veterinário, Mestre, Pesquisador Científico, APTA - Pólo Sudoeste Paulista, Unidade de Pesquisa e Desenvolvimento de Itapetininga, Caixa Postal 169, CEP 18200-970, Itapetininga-SP, frediz@apta.sp.gov.br; 2 Zootecnista, Mestre, APTA - Pólo Sudoeste Paulista, Unidade de Pesquisa e Desenvolvimento de Itapetininga; 3 Eng. Alimentos, Doutora, APTA - Pólo Sudoeste Paulista, Unidade de Pesquisa e Desenvolvimento de Itapetininga; 4Med.Veterinária, MBA em Gestão Empresarial Estratégica em Agribusiness - FGV, Coordenadora do projeto” Desenvolvimento da tecnologia de congelamento de massa coagulada e fermentada de leite de búfala para fabricação de mozarela”/ FAPESP/PIPE; 5 Economista, Mestre, APTA - Pólo Sudoeste Paulista; 6Méd.Veterinário, Mestre, Pesquisador Científico, APTA - Pólo Vale do Ribeira, Unidade de Pesquisa e Desenvolvimento de Registro. Revista Tecnologia & Inovação Agropecuária Dezembro de 2008 www.apta.sp.gov.br100 INTRODUÇÃO O búfalo (Bubalus bubalis) é uma espécie originária da Ásia, que se difundiu para praticamente todos os continentes. A Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação FAO (FAO, 2006) estimou que, em 2004, havia cerca de 172 milhões de animais, tendo ocorrido um acréscimo no número de cabeças de 61% no período compreendido entre os anos de 1970 e 2004. No Brasil são encontradas quatro raças oficialmente reconhecidas de búfalo doméstico: Jafarabadi (de dupla aptidão, com concentração no Sul do País e nos Estados de São Paulo e Minas Gerais), Murrah (mais eficiente na produção de leite e manteiga, concentrando-se no Sul do País e Estados de São Paulo e Minas Gerais), Mediterrâneo (com característica de animal de dupla aptidão, todavia, com tendência leiteira, predominante na região Nordeste do Brasil) e Carabao, que raramente é usada para a produção de leite (Van Dender et al., 1989; Cunha Neto, 2003). O rebanho bubalino brasileiro saltou de 118.000 cabeças no final dos anos 70 para aproximadamente 1,2 milhão de cabeças em 2004, distribuído em todo território nacional na proporção de 62,3% na região Norte, 13,1% na região Sul, 9,6% na região Sudeste, 9,3% na região Nordeste e 5,7% na região Centro-Oeste, segundo o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento-MAPA (Brasil, 2004). O MAPA (Brasil, 2004) aponta que, em 1990, o rebanho nacional foi estimado em 1.400.000 cabeças e a partir de 1995 constatou-se queda acentuada para cerca de 900 mil animais, com discreto crescimento a contar do ano de 1997, estabilizando o efetivo nacional em torno de 1.200.000 cabeças desde então. Entretanto, a Associação Brasileira de Criadores de Búfalos ABCB (2004), por levantamentos indiretos e avaliações de abate/desfrute, estima rebanho com cerca de 3,5 milhões de animais, apresentando um crescimento anual de pelo menos 3 a 3,5 % (FAO, 2006; Bernardes, 2006). Para o Estado de São Paulo, a ABCB estima rebanho de 250 mil cabeças, com cerca de 30 % dos rebanhos voltados para a produção de leite. A discrepância entre as informações oficiais ou não sobre os efetivos nacionais e regionais de búfalos no País não impede constatar que a bubalinocultura no Brasil apresenta marcante crescimento nos últimos anos, seja pelo aumento no efetivo dos rebanhos, pelo aumento no número de propriedades envolvidas nessa atividade, na captação de leite e na produção de queijos e outros laticínios, no abate e comercialização de carne reconhecidamente como de búfalo e ainda no trânsito e comercialização de matrizes e reprodutores. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE (IBGE, 2006), o número de búfalos no Brasil e na região Sudeste cresceu respectivamente em torno de 0,6 % e 26 %, entre os anos de 1996 a 2006, com distribuição do efetivo de búfalos no País e nos Estados de São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Espírito Santo, apresentados na Tabela 1. O efetivo bubalino paulista encontra-se principalmente nas regiões do Vale do Ribeira e Sudoeste, áreas essas geograficamente contíguas, que possuem atualmente cerca de 20.000 e 10.000 cabeças cada uma, respectivamente a primeira e a segunda concentração de búfalos no Estado.As características e potencialidades do Estado de São Paulo para a produção de leite, carne, couro e material genético diferenciado, particularmente da região Sudoeste, levantadas por estudos de prospecção de demanda participativa, permitem a adequada geração, validação e difusão de conhecimentos técnicos e científicos para a devida competitividade e sustentabilidade do agronegócio Búfalos. Mas, com foco na diversidade agropecuária e preservação ambiental, a meta finalista das inovações tecnológicas desenvolvidas e outras políticas públicas exequíveis. Tabela 1. Efetivo de rebanhos de búfalos no Brasil e região Sudeste, ano base 2006 Cabeças % Do Efetivo Nacional % Do Efetivo Sudeste Brasil 839.960 100 - Sudeste 76.615 9,12 100 São Paulo 46.626 5,6 60,9 Minas Gerais 25.481 3,0 33,3 Rio de Janeiro 3.556 0,4 4,6 Espírito Santo 952 0,2 1,2 Fonte: IBGE – Pesquisa Agropecuária 2006. Revista Tecnologia & Inovação Agropecuária Dezembro de 2008 www.apta.sp.gov.br 101 Tabela 2. Distribuição (% e proporção) de vacas na safra por município; produção total de leite; litros de leite produzidos na safra (L). Lactação média total (L) e média diária individual ( L/dia) no período da safra Vacas % Leite Total % Leite Safra % Lactação Lactação (proporção) (proporção) (proporção) total média ind. média PIlar do Sul 92,8 45 45,5 1096 5,2 (812 / 815) (1.239.145/2.753.294) (890.326/1.954.576) Saparuí 97 24 24,3 1320 6,25 (360/371) (659.154/2.753.294) (474.953/1.954.576) Itapetininga 77,7 22,6 22,4 1049 5,0 (417/537) (623.515/2.753.294) (437.377/1.954.576) Alambari 72,7 8,4 7,8 1266 6,0 (120/165) (231.480/2.753.294) (151.920/1.954.576) Total 87,7 - 71 1145 5,4 (1709/1948) (1.954.576/2.753.294) Tabela 3. Distribuição (% e proporção) de vacas na entressafra por município; produção total de leite; litros de leite produzidos na entressafra (L). Lactação média total (L) e média diária individual ( L/dia) no período da entressafra Vacas % Leite Total % Leite Entressafra % Lactação Lactação (proporção) (proporção) (proporção) média ind. média Pilar do Sul 62,7 % 43,7 685 4,5 (509/815) (1.239.145/2.753.294) (348.819/789.718) Saparuí 77,5 24 23 660 4,3 (279/360) (659.154/2.753.294) (184.201/789.718) Itapetininga 77 22,6 23,3 580 3,8 (321/537) (623.515/2.753.294) (186.138/789.718) Alambari 71 8,4 10 936 6,1 (85/120) (231.480/2.753.294) (79.560/789.718) Total 69,9 - 29 669 4,4 (1194/1948) 2.753.294 (789.718/2.753.294) Porém, os poderes públicos,tanto na esferas municipal e estadual, não atuam de forma ativa e constante na prospecção, organização e atendimento de ações locais que envolvam a bubalinocultura, principalmente a de cunho agrofamiliar.Apesar das suas potencialidades, no Brasil, a agricultura familiar encontra-se ainda limitada por problemas e dificuldades, tais como: ausência ou debilidade das políticas diferenciadas de desenvolvimento econômico que apoiem o segmento; tecnologias agropecuárias inadequadas às circunstâncias do agricultor familiar; relação desfavorável insumo/produto; falta de conscientização por parte desses produtores, da capacidade de que dispõem para melhorar as condições de produção e bem-estar familiar; nível de organização deficiente ou inexistente (EMBRAPA, 1998).Graças ao processo de constante evolução e modernização, o agronegócio renova-se e consolida-se no Brasil como uma das principais alavancas de desenvolvimento socioeconômico do País. Revista Tecnologia & Inovação Agropecuária Dezembro de 2008 www.apta.sp.gov.br102 Novas técnicas de produção e armazenamento, novas leis, a necessidade de melhorar a capacitação gerencial e profissional são desafios que permeiam toda a atividade agrícola (SEBRAE, 2003). Por esses motivos, é fundamental que políticas públicas se dirijam com maior ímpeto a esse segmento de produtores rurais para estimular a criação de alternativas que levem à geração de emprego e ao aumento da renda familiar. Também é necessário um esforço de coordenação dos diversos representantes que têm atuado, ao lado do poder público, junto a esse setor, no sentido de desenvolver experiências voltadas para a melhoria da renda da produção familiar, incluindo a agregação de valor à produção primária (Tarsitano et al., 2005). Um estudo de prospecção de demandas para a região sudoeste do Estado de São Paulo concluiu que existem sérios gargalos tecnológicos, ambientais, sociais e econômicos que afetam o desenvolvimento desejado na região. Esse estudo sugere ainda que, para a solução desses problemas, é necessário um conjunto de ações e de instituições públicas e privadas competentes que trabalhem tendo em vista o planejamento de políticas públicas e do desenvolvimento regional sustentável (Nogueira et al., 2005).Diante desse contexto torna-se oportuno e essencial implantar e consolidar propostas de ações coletivas dando continuidade às pesquisas visando culminar com melhorias das condições socioeconômicas dos produtores familiares da região sudoeste paulista. De base econômica agropecuária, historicamente demandante de programas de desenvolvimento, essa região concentra considerável parcela da agricultura familiar do Estado de São Paulo, com grande potencial de crescimento (Nogueira et al., 2005). Uma das funções mais importantes dos bubalinos é, sem dúvida, a produção de leite (Embrapa CPATU, 2006). Os bubalinos possuem produtividade leiteira economicamente superior aos zebuínos, pois apresentam maior produção por animal, maior número de fêmeas em lactação por ano e, por isso, cada litro de leite é produzido a um menor custo, além de ser vendido a um preço superior (Benevides, 1999; Nascimento & Carvalho, 1993). A exploração de leite de búfala em pequenas propriedades gera ganhos substanciais aos pequenos produtores e tem-se mostrado relevante instrumento de progresso social. Fomentar sua exploração é, portanto, não só mais uma boa alternativa, mas uma escolha necessária em ambientes tropicais. Além disso, o leite de búfala destaca-se como uma alternativa considerável para a produção de proteína de alta qualidade para a população, tanto para consumo interno quanto para a exportação (Fonseca, 1987; Olivieri, 2004). Os rebanhos leiteiros vêm aumentando e confirmando o crescente interesse pela exploração de seu potencial, principalmente nos estados da região Sudeste, particularmente no Estado de São Paulo. (Olivieri, 2004). A partir da década de oitenta, a região do sudoeste do Estado de São Paulo (abrangendo de forma mais marcante os municípios de Pilar do Sul, São Miguel Arcanjo, Sarapuí, Alambari, Itapetininga, Tatuí, Capela do Alto, Araçoiaba e Sorocaba) vem apresentando expressiva expansão na criação de bubalinos, principalmente após a absorção da produção leiteira por estabelecimentos industriais locais que passaram a remunerar o produto de forma diferenciada do leite bovino. Devido a esses fatos, observou-se na região o ingresso de novos criadores na atividade, notadamente pequenos produtores que recebem hoje dessa exploração, parcela significativa da renda de suas propriedades (Paineiras da Ingaí, 1996). Esses fatores têm tornado essa região uma das mais significativas bacias leiteiras de búfalas de nosso Estado, estimando-se, no ano de 2002, uma produção diária que ultrapassou os dez mil litros em alguns meses do ano, projetando uma produção anual de 2,3 milhões de litros de leite. Esse leite foi absorvido particularmente pelas cinco unidades industriais especializadas na produção de derivados dessa espécie e instaladas em Alambari (duas), Guareí, São Miguel Arcanjo e Sorocaba (Paineiras da Ingaí, 1996). O leite de búfala é usado geralmente para a fabricação de mozarela, devido a uma tendência histórica de consumo e ao alto valor agregado desse produto. Para a utilização do leite bubalino na alimentação humana, entretanto, é necessário que o mesmo tenha uma boa condição higiênico-sanitária em todas as etapas de produção, para evitar a presença de contaminantes e microrganismos patogênicos nos produtos processados. No Brasil, a mozarela destaca-se como um dos principais queijos elaborados com leite de búfala, sendo fabricado de acordo com a tecnologia da produção tradicional italiana, e já possui alta aceitação pelos consumidores e excelentes perspectivas no mercado, visto que há uma demanda maior do que a oferta para leite in natura destinado ao processamento de mozarela de búfala, e esse problema agrava-se no período de entressafra (primavera/verão), devido principalmente à sazonalidade reprodutiva dos animais. (Olivieri, 2004). Revista Tecnologia & Inovação Agropecuária Dezembro de 2008 www.apta.sp.gov.br 103 O objetivo da realização de um diagnóstico rápido participativo com bubalinocultores familiares da região sudoeste paulista foi melhor conhecer o primeiro elo da cadeia de produção de leite de búfalas, seus pontos de estrangulamento, oportunidades e desafios, fornecendo assim, subsídios para elaboração de políticas públicas para o incremento do setor. DISCUSSÃO O projeto “Desenvolvimento da tecnologia de congelamento de massa coagulada e fermentada de leite de búfala para fabricação de mozarela”, foi executado com recursos da FAPESP/PIPE (Programa de Inovação Tecnológica em Pequenas Empresas), no período de outubro de 2007 a fevereiro de 2008, numa parceria entre o Pólo Regional de Desenvolvimento Tecnológico dos Agronegócios do Sudoeste Paulista, Instituto de Tecnologia dos Alimentos, ambos integrantes da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios; COPPRIR Cooperativa dos Pequenos Produtores Rurais de Itapetininga e Região e Casas da Agricultura Municipalizadas dos municípios de Alambari, Itapetininga, Pilar do Sul e Sarapuí. O perfil técnico e socioeconômico dos bubalinocultores foi elaborado a partir de dados primários, levantados junto aos produtores no segundo semestre de 2007 até fevereiro de 2008, utilizando o Diagnóstico Rápido Participativo (DRP), elaborado a partir de questionário adaptado para levantamento semelhante para caprinocultores do Estado de São Paulo (Lemos Neto & Almeida, 1993). Foram analisados 111 estabelecimentos preponderantemente familiares na região sudoeste paulista, de um universo estimado de 300 produtoresem toda região, sendo que 44,3% situam-se no município de Pilar do Sul (54 criadores), 27,8 % no município de Itapetininga (31 criadores), 20,8 % no município de Sarapuí (23 criadores) e 2,7 % no município de Alambari (3 criadores). No perfil socioeconômico dos entrevistados consideraram-se informações como a idade do proprietário e/ou responsável pela condução da atividade, sendo que 12 % têm entre 20 e 30 anos, 18 % entre 30 e 40 anos, 50 % entre 40 e 60 anos e acima de 61 anos de idade 20 % dos criadores. Quanto ao tempo de exercício na atividade, 11% declararam estar envolvidos a menos de um ano com a criação de búfalos, 21 % entre um a cinco anos, 34 % entre cinco a dez anos, 18 % acima de 11 até 20 anos, entre 21 a 30 anos apenas 5 %, e envolvidos com a bubalinocultura há mais de 30 anos, 11 % dos entrevistados. Questionados quanto às atividades produtivas desenvolvidas na propriedade, 71 % declararam ser a criação de búfalos a principal ocupação, seguido de 19 % ocupados principalmente com a produção de uvas de mesa e melancias e 2 % priorizando o reflorestamento com eucaliptos. A pecuária bovina leiteira é exercida como principal atividade para 4% dos entrevistados e a pecuária de corte também para 4% dos produtores caracterizados. A carga horária diária dedicada para a bubalinocultura, incluindo ordenha e outros serviços pertinentes, ocupa menos de uma hora do dia para 4 % dos criadores; 33 % dedicam entre uma a três horas diárias, 43 % atuam entre três a seis horas e 20 % consideraram a jornada de trabalho para atividade entre 6 a 10 horas diárias. Questionados quanto à principal fonte de renda da família, 18 % dos entrevistados não responderam a essa questão. Considerando o universo total de entrevistados, a renda total da família é exclusiva da exploração de búfalos leiteiros para 16 % dos produtores; entre 99% a 80% da renda familiar é obtida com a criação de búfalos para 14 % dos entrevistados; 18 % dos criadores aferem entre 79% a 50 % da sua receita familiar com a bubalinocultura, 27 % aferem entre 50 a 30 % e apenas 7 % dos criadores complementam a renda familiar com 20 % de recursos originados da criação de búfalos. Outras atividades agrícolas na propriedade contribuem para a receita global da família. A complementação da renda familiar com pensões e/ou aposentadorias são fundamentais para oito produtores rurais (7 %) e um (1 %) admitiu que a sua renda é obtida somente do comércio de animais. Foi constatado baixo nível de instrução formal, sendo que eles têm no máximo até o segundo grau (15 %), com apenas um produtor com curso superior incompleto. O nível de instrução é, em sua grande maioria, de ensino primário (81 %), tendo apenas um terço deles concluído o ensino fundamental e um produtor admitiu ser analfabeto funcional. Esses produtores exploram terras próprias, nem s e m p r e l e g a l i z a d a s d e f i n i t i v a m e n t e , c o m complementação de área arrendada em poucas situações, empregando, predominantemente, a mão-de- obra familiar (76 % proprietário e membros da família). São residentes no imóvel, a maior parte adulta e de mulheres, sendo a grande maioria das propriedades gerida pelos próprios proprietários e/ou por outros membros da família. A força de trabalho advém, ainda, de trabalhadores residentes permanentes presentes em 20 % dos criatórios estudados, 2 % das propriedades são gerenciadas por “administradores” contratados e também 2 % dos criatórios são de responsabilidade plena de assistência técnica contratada. Revista Tecnologia & Inovação Agropecuária Dezembro de 2008 www.apta.sp.gov.br104 Quanto ao tamanho das propriedades analisadas, predominam aquelas com menos de cinco alqueires (menos de 12 ha) 27 % dos entrevistados; entre 20 a 40 alqueires (48-96 ha) também 27 %; imóveis rurais com área total entre cinco a dez alqueires (12-24 ha) e 10 a 20 alqueires (24-48 ha), foram respectivamente descritas por 21 e 17 % dos produtores rurais. Acima de 40 alqueires (mais de 96 ha) foram enquadrados 9 % dos produtores, com cinco proprietários de áreas rurais entre 144 a 480 hectares. Observou-se pouca ociosidade da terra nas pequenas unidades agrícolas pesquisadas na região, ocupadas principalmente por áreas de pastagem e pomares. Os dados referentes à área de produção e ocupação do solo agrícola revelaram que as pastagens representam a maior área, em torno de 80% no cômputo global, constituindo-se basicamente de áreas de pastagens degradadas. Potencial ocupação do solo agrícola com áreas específicas para a produção de alimentos para os animais, tais como capineiras ou cana- de-açúcar, utilizadas no fornecimento de alimentação suplementar principalmente no período de escassez de pastagem. A área reservada para a produção de alimentos para o período seco foi observada em menos da metade dos criatórios analisados, ocupando em média menos de 10 % da área total reservada para a produção de leite e manutenção dos animais. As raças de búfalos observadas nesse estudo confirmam a marcante utilização de animais com aptidão leiteira, representados principalmente por aqueles da raça Murrah, contribuindo com 92 % da composição do rebanho avaliado, seguidos de animais das raças Jafarabadi e Mediterrâneo, com 4 % de participação cada no efetivo total computado de 4.431 cabeças de búfalos nos municípios diagnosticados. Os animais considerados nesse estudo estão distribuídos nas seguintes categorias: 1.948 vacas (44 %), 1.389 bezerros/bezerras (31,35 %), 631 novilhas (14,2 %), 190 garrotes (4,3 %), 162 bois (3,65 %) e 111 touros (2,5 %). Os dados referentes aos sistemas de produção adotados pelos bubalinocultores estudados conferem que 92 % são do tipo extensivo (com 101 produtores) e do tipo semi-intensivo é empregado por 8 % dos criatórios (10 produtores). A tendência geral da especialização dos rebanhos paulistas para a produção leiteira e mais especificamente daqueles da região sudoeste do Estado é validada pela distribuição de 92 % dos criatórios produzindo primordialmente leite, empregando os sistemas semi-intensivos levantados na região, e ainda cinco criatórios (4 %) com dupla aptidão (leite e carne) e cinco voltados exclusivamente para a produção de carne (4 %). A quantidade total de leite de búfalo foi compilada da produção 106 criadores, pois do total de 111 criatórios avaliados, dois rebanhos são especializados para carne e outros três haviam implantado seus sistemas recentemente, sem produção de leite no momento das investigações. No presente estudo, o período de safra considerado foi de 211 dias entre fevereiro e agosto e o período de entressafra de 153 dias entre setembro e janeiro. De modo geral, os produtores consideraram o período médio de lactação em torno de oito meses, com variações entre cinco a nove meses. Os resultados para a distribuição do efetivo de vacas em lactação nos períodos de safra e entressafra nos municípios avaliados, a produção global de leite e de forma diferenciada na safra e entressafra, bem como a produção média geral e individual de leite durante a lactação nos períodos de safra e entressafra dos rebanhos são apresentados nas tabelas 2 e 3. Tais desempenhos devem ser analisados considerando-se principalmente os efetivos de animais e o número de criatórios avaliados em cada município. A queda de cerca de 60 % na produção e oferta de leite no período de entressafra é explicado pelos aspectos fisiológicos da búfala, mais especificamente a estacionalidade reprodutiva, com reflexos diretos na quantidade de vacas em lactação e produções médias individuais de leite, apesar de constatado cerca de 70 % das vacas em lactação no período de entressafra e ser relatado uma maior dispersão de cios ao longodo ano, diminuindo também a concentração de partos, fatos ressaltados por diversos entrevistados. Essa situação pode ser contornada ou ao menos amenizada com ações que garantam o acesso dos bubalinocultores às técnicas voltadas para alimentação adequada, seleção e descarte de animais, uso de touros leiteiros geneticamente voltados para esse fim, uso de biotécnicas reprodutivas, aliadas às boas práticas para obtenção de leite. Quanto à produção da lactação média geral e individual, os resultados encontrados são inferiores ao de outro estudo em cinco criatórios localizados nos municípios de Sarapuí e Pilar do Sul (Fernandes et al., 2004), porém superiores ao considerarmos os mesmos parâmetros avaliados e estimados de 26 fornecedores de leite de búfala na região Sudoeste paulista (Paineiras da Ingaí, 1996). A remuneração média recebida pelos produtores por litro de leite na safra de 2007 foi de R$ 0,85 e na entressafra passou para R$ 1,00 o litro, com reajuste geral entre os compradores a partir do mês de agosto de 2007. Revista Tecnologia & Inovação Agropecuária Dezembro de 2008 www.apta.sp.gov.br 105 Localizados entre os principais municípios produtores de leite de búfala da região sudoeste paulista, os laticínios locais absorvem praticamente toda a produção do seu entorno. O laticínio “Santo Antonio”, localizado no Município de São Miguel Arcanjo, também conhecido como Iemma, capta 78,3 % do leite de búfala produzido nos municípios diagnosticados, sendo 48 produtores (57,8%) oriundos de Pilar do Sul, 19 (22,9 %) de Itapetininga e 16 criadores de Sarapuí (19,3 %). Localizados no município de Alambari, os laticínios “Jaborandi” e “Alambari” absorvem a produção restante, respectivamente 16 % e 5,7 %, sendo 17 fornecedores entrevistados para o primeiro e seis para o segundo, com a seguinte proporção: Jaborandi (1 produtor de Pilar do Sul 5,9 %; 11 de Itapetininga 64,7 % e cinco de Sarapuí 29,4 %); Alambari (2 criadores de Pilar do Sul 33,3 %; 1 de Itapetininga 16,7 % e 3 de Alambari -50 %). Receitas consideráveis são auferidas pelos bubalinocultores por meio da venda de animais para engorda e/ou abate, bem como de matrizes em lactação e vacas de descarte. De modo geral, apesar do bom rendimento de carcaça e apelo comercial devido às suas qualidades nutricionais e sensoriais, os produtores encontram dificuldade de vender diretamente essa produção para frigoríficos e abatedouros, recorrendo na maioria das vezes para atravessadores e aos poucos rebanhos especializados para engorda e acabamento de bezerros e garrotes na região. Na comercialização desses animais, a diferença entre o valor da arroba bovina para a arroba bubalina praticada na região é desvalorizada em até 10 % para os búfalos. Os bovinos comercializados na região para abate ou engorda são valorizados entre 10 a 20 % a mais em relação aos búfalos. Mesmo assim, os produtores consideram importante esse tipo de comércio, pois está havendo progressivas mudanças positivas no sentido de valorizar e diferenciar a carne de búfalos. Seu custo de produção é menor do que bovinos, com melhor desempenho animal em condições adversas. Os valores para venda de animais com menos de um ano giram em torno de R$ 200,00 a R$ 300,00 por cabeça, para engorda ou abate, com fêmeas dessa categoria melhor remuneradas quando vendidas como futuras matrizes, na faixa de R$ 300,00 a R$ 400,00 a cabeça. Garrotes são vendidos entre R$ 500,00 a R$ 700,00 a cabeça. Touros jovens até dois anos de idade alcançam em média R$ 1.000,00 a cabeça. Vacas para descarte são negociadas entre R$ 400,00, R$ 600,00 e R$ 800,00 a cabeça, dependendo da idade e condição corporal. Vacas jovens para matrizes ou em lactação alcançam preços que variam entre R$ 900,00 , R$ 1.200,00 e R$ 1.400,00, esse último valor para vacas com bezerro ao pé. Cerca de 20 % dos entrevistados foram resistentes ao responderem às questões relativas à venda e receitas obtidas com esses animais. Portanto, consideramos a venda total “assumida' de animais no período de coleta de dados de 735 bezerros (52,9% do disponível para venda), 120 cabeças de garrotes, concentrados principalmente nos criatórios de exploração mista ou carne, 85 vacas para reprodução, quatro para descarte e um touro de quatro anos, pois para adquirir essa categoria animal geralmente é realizada a troca entre criadores. Quanto às benfeitorias específicas para a bubalinocultura da região, observou-se um grande número de currais de manejo e barracões usados como leiterias, geralmente “herdados” de instalações para bovinos leiteiros. Entretanto, é inexpressiva a existência de outras benfeitorias tecnicamente recomendadas para o correto manejo do rebanho, principalmente bezerreiros e troncos/bretes de contenção, bem como as salas de ordenha manual ou mecânica, cochos e bebedouros específicos, assim como pisos com revestimento. Constatou-se também serem insuficientes as instalações que, indiretamente, auxiliam os criadores na higiene e qualidade do leite ordenhado, podendo-se citar o pequeno número de pias próximas ao local da ordenha, banheiros e vestuários para as pessoas envolvidas com a atividade, o que acarreta maiores riscos de contaminação do leite, dificulta a higienização e facilita a veiculação de microrganismos, interferindo na qualidade do produto. Em termos da infraestrutura que fornece suporte ao emprego de tecnologia e à gestão da atividade, todas as propriedades analisadas possuem energia elétrica instalada, a grande maioria tem telefone, principalmente celulares, e somente uma tem computador e endereço eletrônico, sendo que menos de 10 % dos produtores declararam fazer uso da escrituração como ferramenta de organização das atividades, informações que, na prática, são fundamentais para o planejamento e condução bem- sucedidos da atividade. De modo geral, em relação às máquinas e equipamentos da propriedade agrícola, registrou-se um número bastante considerável, principalmente picadeira de forragens e pulverizador costal. Praticamente todos os criatórios possuem eletrificador de cercas, fundamentais no manejo de pastagens e preservação dos animais nos limites da propriedade. Ordenhadeiras mecânicas foram descritas em dois criatórios e tanques resfriadores em cerca de 30 % das propriedades. Revista Tecnologia & Inovação Agropecuária Dezembro de 2008 www.apta.sp.gov.br106 O planejamento de atividades por calendários sanitários ocorre em menos de 20 % dos criatórios e apenas 39 % dos proprietários consultam médicos veterinários, agrônomos ou zootecnistas. Outras fontes de consultas e informações adotadas pelos criadores são os técnicos agrícolas (2 %), outros criadores de búfalos (30 %), lojas agropecuárias (23 %) e Casas da Agricultura Municipalizadas (28 %). Quanto ao manejo sanitário, 100 % dos criadores vacinam seus animais contra brucelose, febre aftosa e raiva, menos de 10 % contra pneumoenterite e 30 % contra carbúnculo. O controle para ectoparasitas e endoparasitas é realizado em mais de 90 % dos criatórios, principalmente no período da seca e em bezerros. Um fato relevante é que em cerca de 90 % das propriedades a ordenha não é realizada com procedimentos profiláticos e mais de 60 % dos criadores não aplicam nenhum teste para detecção de mastite. A descrição de casos de mastites é rara, mas quando há casos são geralmente agudos e severos, não havendo descarte de búfalas. O leite ordenhado é resfriado ou congelado respectivamente em 75 e 25 % dos casos. Porém, dependendo da linha de coleta do leite e da época (safra/entressafra), esse pode ficar até uma semana no tanque resfriador ou exposto ao sol na estrada até por mais de quatro horas após a ordenha. A identificação animalé feita por meio de marcação a fogo nos cornos, ancas ou paletas e brinco, porém muitos dos criadores não usam nenhum tipo de identificação, quanto à escrituração zootécnica, menos de 5 % usam fichas individuais. Em relação à alimentação animal, a maioria dos entrevistados utiliza pastagens e suplementação no período de inverno, principalmente com cana-de- açúcar. O sal mineral é pouco utilizado pelos produtores, fornecido de forma irregular e muitas vezes em quantidade insuficiente. Em cerca da metade das propriedades os produtores utilizam o sistema de rotação de pastagens, principalmente naquelas com maiores áreas de pasto. No manejo reprodutivo utiliza-se monta natural a campo em 95 % das propriedades e no restante monta controlada. O tempo médio de cobertura pós-parto varia de 20 a 90 dias e o intervalo entre partos é de aproximadamente um ano. Os índices de fertilidade são altos e dificilmente uma vaca não concebe, o que estimula os produtores. As perdas por abortos são baixas e as maiores perdas (óbitos e desenvolvimento retardado) prevalecem em bezerros até seis meses de idade. Questionados quanto ao uso de linhas de crédito/financiamento, 50 % dos produtores alegam não ter interesse ou achar necessário. Dos que já utilizaram linhas oficiais de crédito, 36 % aderiram ao Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) e 11 % ao Programa de Geração de Emprego e Renda (Proger) principalmente para custeio de culturas como frutas e outros tipos de lavouras. A Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo disponibiliza para pequenos e médios produtores rurais recursos do Fundo de Expansão do Agronegócio Paulista (FEAP) para várias linhas de crédito agropecuário, entre elas o FEAP Búfalos. Essa linha de financiamento visa à aquisição de matrizes, touros, equipamentos e ou adequação/construção de instalações zootécnicas diversas, com teto de financiamento de R$ 37.000,00 por tomador pessoa física, 3 % de juros ao ano, carência de dois anos e mais cinco anos para quitação em parcelas semestrais, autorizadas para todo o Estado de São Paulo. Somente 4 % dos entrevistados já utilizaram a linha FEAP Búfalos, apesar da regional do Escritório de D e s e n v o l v i m e n t o R u r a l d e I t a p e t i n i n g a (CATI/Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo) ser responsável pela realização de 60 % dos contratos (43) para compra de animais, 50 % dos contratos para investimento (29) e 21 % do tipo integrado (27), respectivamente captando 62 % (R$ 520.000,00) e 60 % (R$200.000,00) dos recursos liberados a partir de 2001. No entanto, o interesse pelo uso dessas linhas de crédito existe, no qual 38 % (24% Pronaf e 57% FEAP) pretendem utilizar esses recursos principalmente para investimentos diversos (34%), produção de alimento para uso animal (16 %), 20 % para aquisição de animais, instalações (16%), compra de trator (5 %), aquisição de terras (2 %), reforma de pastos (4 %) e aquisição de ordenhadeira mecânica (3 %). Não pretendem utilizar recursos públicos, mas querem investir na atividade, foram respondidos por 54 % dos criadores. Questionados quanto às principais dificuldades encontradas na atividade, 20 % declararam não haver maiores entraves; 11 % denotam a necessidade de expansão de área, 30 % a produção de alimentos para os animais, sendo 4 % especificamente no período das secas; 23 % reclamam da dificuldade na aquisição de bons animais a preço mais acessível; a falta/inconstância de assistência técnica é sentida por 6 % dos entrevistados, as condições das estradas para escoar produção são descritas por 1 % dos produtores, o valor da remuneração do leite por 9 %, a oscilação do preço (2 %) e dificuldade na comercialização por 4 % dos criadores, lactação curta das vacas é considerada por 7 % dos produtores, dificuldade de mão-de-obra é relatada Revista Tecnologia & Inovação Agropecuária Dezembro de 2008 www.apta.sp.gov.br 107 por 2 %, a captação de recursos e taxas de juros dos financiamentos, ambas com 2 %, necessidade de poder público mais atuante (2 %) e 20 % consideram o tamanho da atual propriedade como principal dificuldade. Quanto ao interesse em produzir artesanalmente derivados de leite de búfala, 13 % declararam que sim, 86 % que não e 2 % apenas para consumo próprio. Estimulados a avaliar a bubalinocultura, 4 % dos entrevistados preferiram não opinar, 18 % consideram a melhor escolha, 16 % acham o rendimento bom; renda garantida é descrita por 16 % e 14 % afirmam pagar o custeio mensal da família com a atividade, 54 % declaram que é uma boa opção principalmente quando comparada a lavoura e bovinocultura; 2 % que só o fato de utilizar poucos produtos tóxicos já torna a atividade a melhor opção; manejo fácil, rusticidade, precocidade e fertilidade são apontados como bons indicadores da atividade por 11 %, 16 %, 4 % e 7 %, respectivamente, dos entrevistados e, finalmente, 9 % consideram a remuneração do leite boa. Solicitados a avaliar a própria produção, 57 % dos criadores preferiram não opinar. Dos que responderam, 5 % consideram satisfatória, 32 % que é boa/muito boa; 4 % querem melhorar; 11 % acham boa, mas pretendem/gostariam de melhorar; 2 % consideram boa produção e remuneração do leite pelo que possuem de estrutura; 11 % consideram melhor desempenho da atividade quando comparada à época que criavam bovinos leiteiros e 2 % querem desistir da atividade devido à idade avançada. Como considerações finais da entrevista, 32 % dos criadores preferiram nada relatar. Dos que opinaram, compromisso e trabalhar bem são ambos relatados por 2 %; 45 % dos criadores acham importante associação e 2 % cooperativa própria, apesar de somente 3 % fazerem parte de associação de fruticultores; 2 % acham que associação não é importante; 16 % consideram necessidade de poder público mais atuante e 2 % opinaram que laticínio municipal é importante; financiamentos e assistência técnica pública são descritos respectivamente por 5 % e 4 %; a necessidade de tanque resfriador coletivo é apresentada por 4 % dos criadores; acesso à água é fundamental para 2 % dos criadores; eventos (dias de campo, palestras etc.) são fundamentais para 11 %; acesso à alimentação animal mais barata foi lembrada por 2 % dos criadores; implantar programa de melhoramento genético é básico para 13 %; concorrência entre os laticínios é bom para 4 % dos entrevistados, 2 % opinaram sobre regular/melhorar mercado da carne e, finalmente, 4 % consideram fator importante não ter reclamações dos vizinhos sobre seu criatório. CONSIDERAÇÕES FINAIS A região sudoeste paulista apresenta aspectos propíc ios para a e fe t iva consol idação da bubalinocultura, com boas condições edafoclimáticas; produção constante de alimentos para uso animal; tradição e aptidão na bovinocultura de leite e corte; interesse dos produtores agrofamiliares; mercados consumidores; articulação de instituições públicas e privadas; linhas de crédito específicas para o setor e incentivo político. A sustentabilidade do agronegócio Búfalo está na estreita dependência do acesso desses agricultores ao conhecimento, principalmente aos aspectos de técnicas de gerenciamento, de organização da produção e da aplicação de tecnologias, garantindo assim a sua inserção competitiva nesse mercado. Os bubalinocultores, além de não terem recursos, dispõem de informações escassas sobre o correto manejo preventivo de doenças. Especialmente no caso de obtenção higiênica do leite e suas práticas inerentes que confiram melhor qualidade final e menores índices de rejeição pela empresa compradora/beneficiadora. Exames sanitários de rotina, quarentena dos animais adquiridos e controle de saúdedas pessoas envolvidas na atividade apresentam baixos índices de realização. As práticas zoossanitárias adotadas hoje deverão se adequar, com a adoção de novas tecnologias, antecipando-se à organização do mercado de leite, carne, de animais e outros produtos. A bubalinocultura leiteira tem grande importância para os produtores entrevistados na região. Isso pode ser evidenciado pela participação do valor da produção do leite no valor bruto total das propriedades e principalmente por permitir aliar atividades pecuárias e agrícolas em épocas distintas, notadamente quando consideramos a cultura de uva de mesa e melancia, típicas e tradicionais entre os produtores da região, ambas com períodos de safra e entressafra opostos ao dos bubalinos, gerenciados e manejados pela mesma mão-de-obra familiar. Nesse contexto, os produtores são refratários a mudanças drásticas no manejo dos búfalos, sobretudo, na tentativa de amenizar ou eliminar a estacionalidade f i s i o l ó g i c a r e p r o d u t i v a d a s b ú f a l a s e , consequentemente, melhor distribuir partos e produção de leite ao longo do ano. O uso de biotécnicas reprodutivas na safra e entressafra, além de onerosas, são distantes da realidade prática, de pleno entendimento e aplicabilidade, ainda proporcionam índices reprodutivos abaixo do esperado, muitas vezes sem o devido retorno desse investimento. Revista Tecnologia & Inovação Agropecuária Dezembro de 2008 www.apta.sp.gov.br108 De modo geral, as recomendações oriundas desse estudo sugerem três ações básicas visando à expansão e consolidação da atividade na região sudoeste paulista: implantar redes de referência da bubalinocultura familiar; agilizar o acesso às linhas públicas de financiamento e conciliar o crescimento da atividade aliado ao atendimento da legislação ambiental. O diagnóstico realizado permitiu a elaboração de recomendações balizadoras de ações potencialmente exequíveis pelo poder público, subsidiando as tomadas de decisão das instituições envolvidas, o que pode possibilitar a produção sustentável dos produtores familiares da região sudoeste paulista que têm na bubalinocultura sua atividade principal ou de marcante contribuição na renda familiar. REFERÊNCIAS ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DOS CRIADORES DE BÚFALOS - ABCD. 2004, 19 de novembro. Disponível em www.bufalo.com.br BENEVIDES, C. M. de J. 1999. Leite de búfala – qualidades tecnológicas. Revista Higiene Alimentar 62, n 13, p. 18-21. BERNARDES, O. 2006. Os búfalos no Brasil. In: ENCONTRO DE BÚFALOS DAS AMÉRICAS, 3. Medellín: EBA (CD-ROM). BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e do Abastecimento. 2004, 20 de março. Pecuária: Rebanho Bubalino brasileiro / Efetivo por Estado. MAPA – Ministér io da Agricul tura , Pecuária e do A b a s t e c i m e n t o . D i s p o n í v e l e m http://www.agricultura.gov.br CUNHA NETO, OC. 2003. Avaliação do iogurte natural produzido com leite de búfala contendo diferentes níveis de gordura. São Paulo: USP- FAZEA, 58 p. (Dissertação de Mestrado). E M P R E S A B R A S I L E I R A D E P E S Q U I S A AGROPECUÁRIA.1998. Pesquisa e desenvolvimento: subsídios para o desenvolvimento da agricultura familiar brasileira 1. Brasília-DF: EMBRAPA-SPI/ CPATSA, 40 p. E M P R E S A B R A S I L E I R A D E P E S Q U I S A AGROPECUÁRIA.1998. Programa de Incentivo a Criação de Búfalos por Pequenos Produtores. EMBRAPA - Empresa Brasileira de Pesquisa A g r o p e c u á r i a . D i s p o n í v e l e m : < h t t p / / : www.cpatu.br/Bufalo/paginas/pronaf_bufalos>. Acesso em 25/10/2006. FERNANDES, SAA; ROSSATO, C; BERNARDES,O. 2004. Avaliação da produção leiteira de búfalas na região sudoeste paulista. Boletim do Búfalo n.1:38. FOOD AND AGRICULTURE E ORGANIZATION OF THE UNIDED NATIONS. 2007, 15 de abril. Banco de dados FAOSTAT. Disponível em: http://apps.fao.org F O N S E C A , W . 1 9 8 7 . B ú f a l o – E s t u d o e Comportamento.São Paulo: Editora Ícone.224p. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. 2006. 06 de março. Pesquisa da Pecuária Municipal 2006 - Efetivo dos rebanhos, segundo as Mesorregiões, Microrregiões e os Municípios. IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Disponível:http://www.ibge.gov.br/home/estatistic a/indicadores/agropecuaria/producaoagropecuaria/ default.shtm LEMOS NETO, MJ; ALMEIDA, JE de. 1993. Levantamento da situação da caprinocultura no Estado de São Paulo. Zootecnia, 31, n 1:29-46. NASCIMENTO, CNB de; MOURA CARVALHO, LOD de. 1993. Criação de búfalos: alimentação, manejo, melhoramento e instalações. Brasília: EMBRAPA-SPI. 403p. NOGUEIRA, E.A. et al . , 2005. Pesquisa e Desenvolvimento: prospectando demandas para a região sudoeste do Estado de São Paulo. Agricultura em São Paulo, 52, n 1: 63-76. OLIVIERI, D de A. 2004. Avaliação da Qualidade Microbiológica de Amostras de Mercado de Queijo Mussarela, elaborado a partir de leite de búfala (Bubalis bubalis). Piracicaba: USP-ESALQ, 61 p. (Dissertação de Mestrado). PAINEIRAS DO INGAÍ Ind. Laticínios Ltda. 1996. Características dos fornecedores de leite de búfala na r e g i ã o d e S a r a p u í - S P D i s p o n í v e l e m http://www.paineirasdaingai.hpg.ig.com.br/pesquis a.htm. Acessado em 18/01/2006. VAN DENDER, AGF.; MORENO, I.; VALLE, JLE; BUSANI, SFB. 1989. Utilização Artesanal de Leite de oBúfala. Manual Técnico n 3, Campinas: ITAL.60p. SERVIÇO BRASILEIRO DE APOIO ÀS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS, 2003. Diagnóstico da estrutura produtiva dos pequenos produtores de leite do Estado de São Paulo. São Paulo:SEBRAE, 56p. TARSITANO, MAA; SANT'ANA, AL; RAPASSI, RMA, 2005. Relevância da agricultura familiar na geração de renda no município de Monções, Estado de São Paulo. Informações Econômicas 35, n.7: 7-17. Revista Tecnologia & Inovação Agropecuária Dezembro de 2008 www.apta.sp.gov.br 109 Página 1 Página 2 Página 3 Página 4 Página 5 Página 6 Página 7 Página 8 Página 9 Página 10
Compartilhar