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Artigo Bufalos 11

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RESUMO 
Palavras-chave: 
Como parte integrante da metodologia aplicada na execução do projeto “Desenvolvimento da 
tecnologia de congelamento de massa coagulada e fermentada de leite de búfala para fabricação de 
mozarela”, realizado com recursos da FAPESP/PIPE (Programa de Inovação Tecnológica em Pequenas 
Empresas), o perfil socioeconômico e a tipificação técnica de 111 bubalinocultores familiares na região 
Sudoeste paulista foram traçados a partir de um diagnóstico rápido participativo, objetivando-se melhor 
conhecer o primeiro elo da cadeia de produção de leite de búfalas regional, bem como aos pontos de 
estrangulamento da atividade, por fim, conhecer as oportunidades e desafios da bubalinocultura familiar 
na região Sudoeste paulista.
Bubalus bubalis, Bubalinocultura familiar, Sudoeste paulista, Desenvolvimento 
regional, Diagnóstico socioeconômico e zootécnico.
 
OPORTUNIDADES E DESAFIOS DA 
BUBALINOCULTURA FAMILIAR DA REGIÃO 
SUDOESTE PAULISTA
1 2 3 4 5Carlos Frederico de C. Rodrigues , João Elzeário C. B. Iapichini , Alcina Maria Liserre , Karina B. de Souza , Cristina Fachini , 
6Roberto H. Reichert
1Méd.Veterinário, Mestre, Pesquisador Científico, APTA - Pólo Sudoeste Paulista, Unidade de Pesquisa e Desenvolvimento de 
Itapetininga, Caixa Postal 169, CEP 18200-970, Itapetininga-SP, frediz@apta.sp.gov.br;
2 Zootecnista, Mestre, APTA - Pólo Sudoeste Paulista, Unidade de Pesquisa e Desenvolvimento de Itapetininga;
3 Eng. Alimentos, Doutora, APTA - Pólo Sudoeste Paulista, Unidade de Pesquisa e Desenvolvimento de Itapetininga;
4Med.Veterinária, MBA em Gestão Empresarial Estratégica em Agribusiness - FGV, Coordenadora do projeto” Desenvolvimento 
da tecnologia de congelamento de massa coagulada e fermentada de leite de búfala para fabricação de mozarela”/ FAPESP/PIPE;
5 Economista, Mestre, APTA - Pólo Sudoeste Paulista;
6Méd.Veterinário, Mestre, Pesquisador Científico, APTA - Pólo Vale do Ribeira, Unidade de Pesquisa e Desenvolvimento de 
Registro.
Revista Tecnologia & Inovação Agropecuária Dezembro de 2008
www.apta.sp.gov.br100
INTRODUÇÃO
O búfalo (Bubalus bubalis) é uma espécie 
originária da Ásia, que se difundiu para praticamente 
todos os continentes. A Organização das Nações 
Unidas para a Agricultura e Alimentação FAO (FAO, 
2006) estimou que, em 2004, havia cerca de 172 milhões 
de animais, tendo ocorrido um acréscimo no número de 
cabeças de 61% no período compreendido entre os anos 
de 1970 e 2004. 
No Brasil são encontradas quatro raças 
oficialmente reconhecidas de búfalo doméstico: 
Jafarabadi (de dupla aptidão, com concentração no Sul 
do País e nos Estados de São Paulo e Minas Gerais), 
Murrah (mais eficiente na produção de leite e manteiga, 
concentrando-se no Sul do País e Estados de São Paulo e 
Minas Gerais), Mediterrâneo (com característica de 
animal de dupla aptidão, todavia, com tendência 
leiteira, predominante na região Nordeste do Brasil) e 
Carabao, que raramente é usada para a produção de 
leite (Van Dender et al., 1989; Cunha Neto, 2003).
O rebanho bubalino brasileiro saltou de 118.000 
cabeças no final dos anos 70 para aproximadamente 1,2 
milhão de cabeças em 2004, distribuído em todo 
território nacional na proporção de 62,3% na região 
Norte, 13,1% na região Sul, 9,6% na região Sudeste, 9,3% 
na região Nordeste e 5,7% na região Centro-Oeste, 
segundo o Ministério da Agricultura, Pecuária e 
Abastecimento-MAPA (Brasil, 2004). O MAPA (Brasil, 
2004) aponta que, em 1990, o rebanho nacional foi 
estimado em 1.400.000 cabeças e a partir de 1995 
constatou-se queda acentuada para cerca de 900 mil 
animais, com discreto crescimento a contar do ano de 
1997, estabilizando o efetivo nacional em torno de 
1.200.000 cabeças desde então.
Entretanto, a Associação Brasileira de Criadores 
de Búfalos ABCB (2004), por levantamentos indiretos e 
avaliações de abate/desfrute, estima rebanho com cerca 
de 3,5 milhões de animais, apresentando um 
crescimento anual de pelo menos 3 a 3,5 % (FAO, 2006; 
Bernardes, 2006). Para o Estado de São Paulo, a ABCB 
estima rebanho de 250 mil cabeças, com cerca de 30 % 
dos rebanhos voltados para a produção de leite. 
A discrepância entre as informações oficiais ou 
não sobre os efetivos nacionais e regionais de búfalos no 
País não impede constatar que a bubalinocultura no 
Brasil apresenta marcante crescimento nos últimos 
anos, seja pelo aumento no efetivo dos rebanhos, pelo 
aumento no número de propriedades envolvidas nessa 
atividade, na captação de leite e na produção de queijos 
e outros laticínios, no abate e comercialização de carne 
reconhecidamente como de búfalo e ainda no trânsito e 
comercialização de matrizes e reprodutores. 
Segundo dados do Instituto Brasileiro de 
Geografia e Estatística - IBGE (IBGE, 2006), o número de 
búfalos no Brasil e na região Sudeste cresceu 
respectivamente em torno de 0,6 % e 26 %, entre os anos 
de 1996 a 2006, com distribuição do efetivo de búfalos 
no País e nos Estados de São Paulo, Minas Gerais, Rio de 
Janeiro e Espírito Santo, apresentados na Tabela 1.
O efetivo bubalino paulista encontra-se 
principalmente nas regiões do Vale do Ribeira e 
Sudoeste, áreas essas geograficamente contíguas, que 
possuem atualmente cerca de 20.000 e 10.000 cabeças 
cada uma, respectivamente a primeira e a segunda 
concentração de búfalos no Estado.As características e 
potencialidades do Estado de São Paulo para a 
produção de leite, carne, couro e material genético 
diferenciado, particularmente da região Sudoeste, 
levantadas por estudos de prospecção de demanda 
participativa, permitem a adequada geração, validação 
e difusão de conhecimentos técnicos e científicos para a 
devida competitividade e sustentabilidade do 
agronegócio Búfalos. Mas, com foco na diversidade 
agropecuária e preservação ambiental, a meta finalista 
das inovações tecnológicas desenvolvidas e outras 
políticas públicas exequíveis.
Tabela 1. Efetivo de rebanhos de búfalos no Brasil e região Sudeste, ano base 2006
Cabeças % Do Efetivo Nacional % Do Efetivo Sudeste
Brasil 839.960 100 -
Sudeste 76.615 9,12 100
São Paulo 46.626 5,6 60,9
Minas Gerais 25.481 3,0 33,3
Rio de Janeiro 3.556 0,4 4,6
Espírito Santo 952 0,2 1,2
Fonte: IBGE – Pesquisa Agropecuária 2006.
Revista Tecnologia & Inovação Agropecuária Dezembro de 2008
www.apta.sp.gov.br 101
Tabela 2. Distribuição (% e proporção) de vacas na safra por município; produção total de leite; litros de leite produzidos na safra 
(L). Lactação média total (L) e média diária individual ( L/dia) no período da safra
Vacas % Leite Total % Leite Safra % Lactação Lactação 
(proporção) (proporção) (proporção) total média ind. média
PIlar do Sul 92,8 45 45,5 1096 5,2
(812 / 815) (1.239.145/2.753.294) (890.326/1.954.576)
Saparuí 97 24 24,3 1320 6,25
(360/371) (659.154/2.753.294) (474.953/1.954.576)
Itapetininga 77,7 22,6 22,4 1049 5,0
(417/537) (623.515/2.753.294) (437.377/1.954.576)
Alambari 72,7 8,4 7,8 1266 6,0
(120/165) (231.480/2.753.294) (151.920/1.954.576)
Total 87,7 - 71 1145 5,4
(1709/1948) (1.954.576/2.753.294)
Tabela 3. Distribuição (% e proporção) de vacas na entressafra por município; produção total de leite; litros de leite produzidos 
na entressafra (L). Lactação média total (L) e média diária individual ( L/dia) no período da entressafra
Vacas % Leite Total % Leite Entressafra % Lactação Lactação 
(proporção) (proporção) (proporção) média ind. média
Pilar do Sul 62,7 % 43,7 685 4,5
(509/815) (1.239.145/2.753.294) (348.819/789.718)
Saparuí 77,5 24 23 660 4,3
(279/360) (659.154/2.753.294) (184.201/789.718)
Itapetininga 77 22,6 23,3 580 3,8
(321/537) (623.515/2.753.294) (186.138/789.718)
Alambari 71 8,4 10 936 6,1
(85/120) (231.480/2.753.294) (79.560/789.718)
Total 69,9 - 29 669 4,4
(1194/1948) 2.753.294 (789.718/2.753.294)
Porém, os poderes públicos,tanto na esferas 
municipal e estadual, não atuam de forma ativa e 
constante na prospecção, organização e atendimento de 
ações locais que envolvam a bubalinocultura, 
principalmente a de cunho agrofamiliar.Apesar das 
suas potencialidades, no Brasil, a agricultura familiar 
encontra-se ainda limitada por problemas e 
dificuldades, tais como: ausência ou debilidade das 
políticas diferenciadas de desenvolvimento econômico 
que apoiem o segmento; tecnologias agropecuárias 
inadequadas às circunstâncias do agricultor familiar; 
relação desfavorável insumo/produto; falta de 
conscientização por parte desses produtores, da 
capacidade de que dispõem para melhorar as condições 
de produção e bem-estar familiar; nível de organização 
deficiente ou inexistente (EMBRAPA, 1998).Graças ao 
processo de constante evolução e modernização, o 
agronegócio renova-se e consolida-se no Brasil como 
uma das principais alavancas de desenvolvimento 
socioeconômico do País. 
Revista Tecnologia & Inovação Agropecuária Dezembro de 2008
www.apta.sp.gov.br102
Novas técnicas de produção e armazenamento, 
novas leis, a necessidade de melhorar a capacitação 
gerencial e profissional são desafios que permeiam toda 
a atividade agrícola (SEBRAE, 2003). Por esses motivos, 
é fundamental que políticas públicas se dirijam com 
maior ímpeto a esse segmento de produtores rurais 
para estimular a criação de alternativas que levem à 
geração de emprego e ao aumento da renda familiar. 
Também é necessário um esforço de coordenação dos 
diversos representantes que têm atuado, ao lado do 
poder público, junto a esse setor, no sentido de 
desenvolver experiências voltadas para a melhoria da 
renda da produção familiar, incluindo a agregação de 
valor à produção primária (Tarsitano et al., 2005).
Um estudo de prospecção de demandas para a 
região sudoeste do Estado de São Paulo concluiu que 
existem sérios gargalos tecnológicos, ambientais, sociais 
e econômicos que afetam o desenvolvimento desejado na 
região. Esse estudo sugere ainda que, para a solução 
desses problemas, é necessário um conjunto de ações e de 
instituições públicas e privadas competentes que 
trabalhem tendo em vista o planejamento de políticas 
públicas e do desenvolvimento regional sustentável 
(Nogueira et al., 2005).Diante desse contexto torna-se 
oportuno e essencial implantar e consolidar propostas de 
ações coletivas dando continuidade às pesquisas visando 
culminar com melhorias das condições socioeconômicas 
dos produtores familiares da região sudoeste paulista. 
De base econômica agropecuária, historicamente 
demandante de programas de desenvolvimento, essa 
região concentra considerável parcela da agricultura 
familiar do Estado de São Paulo, com grande potencial de 
crescimento (Nogueira et al., 2005).
Uma das funções mais importantes dos 
bubalinos é, sem dúvida, a produção de leite (Embrapa 
CPATU, 2006). Os bubalinos possuem produtividade 
leiteira economicamente superior aos zebuínos, pois 
apresentam maior produção por animal, maior número 
de fêmeas em lactação por ano e, por isso, cada litro de 
leite é produzido a um menor custo, além de ser 
vendido a um preço superior (Benevides, 1999; 
Nascimento & Carvalho, 1993). 
A exploração de leite de búfala em pequenas 
propriedades gera ganhos substanciais aos pequenos 
produtores e tem-se mostrado relevante instrumento de 
progresso social. Fomentar sua exploração é, portanto, 
não só mais uma boa alternativa, mas uma escolha 
necessária em ambientes tropicais. Além disso, o leite 
de búfala destaca-se como uma alternativa considerável 
para a produção de proteína de alta qualidade para a 
população, tanto para consumo interno quanto para a 
exportação (Fonseca, 1987; Olivieri, 2004).
Os rebanhos leiteiros vêm aumentando e 
confirmando o crescente interesse pela exploração de 
seu potencial, principalmente nos estados da região 
Sudeste, particularmente no Estado de São Paulo. 
(Olivieri, 2004). 
A partir da década de oitenta, a região do 
sudoeste do Estado de São Paulo (abrangendo de forma 
mais marcante os municípios de Pilar do Sul, São 
Miguel Arcanjo, Sarapuí, Alambari, Itapetininga, Tatuí, 
Capela do Alto, Araçoiaba e Sorocaba) vem 
apresentando expressiva expansão na criação de 
bubalinos, principalmente após a absorção da produção 
leiteira por estabelecimentos industriais locais que 
passaram a remunerar o produto de forma diferenciada 
do leite bovino. 
Devido a esses fatos, observou-se na região o 
ingresso de novos criadores na atividade, notadamente 
pequenos produtores que recebem hoje dessa 
exploração, parcela significativa da renda de suas 
propriedades (Paineiras da Ingaí, 1996). 
Esses fatores têm tornado essa região uma das 
mais significativas bacias leiteiras de búfalas de nosso 
Estado, estimando-se, no ano de 2002, uma produção 
diária que ultrapassou os dez mil litros em alguns 
meses do ano, projetando uma produção anual de 2,3 
milhões de litros de leite. Esse leite foi absorvido 
particularmente pelas cinco unidades industriais 
especializadas na produção de derivados dessa espécie 
e instaladas em Alambari (duas), Guareí, São Miguel 
Arcanjo e Sorocaba (Paineiras da Ingaí, 1996).
O leite de búfala é usado geralmente para a 
fabricação de mozarela, devido a uma tendência 
histórica de consumo e ao alto valor agregado desse 
produto. 
Para a utilização do leite bubalino na alimentação 
humana, entretanto, é necessário que o mesmo tenha 
uma boa condição higiênico-sanitária em todas as 
etapas de produção, para evitar a presença de 
contaminantes e microrganismos patogênicos nos 
produtos processados.
No Brasil, a mozarela destaca-se como um dos 
principais queijos elaborados com leite de búfala, 
sendo fabricado de acordo com a tecnologia da 
produção tradicional italiana, e já possui alta aceitação 
pelos consumidores e excelentes perspectivas no 
mercado, visto que há uma demanda maior do que a 
oferta para leite in natura destinado ao processamento 
de mozarela de búfala, e esse problema agrava-se no 
período de entressafra (primavera/verão), devido 
principalmente à sazonalidade reprodutiva dos 
animais. (Olivieri, 2004).
Revista Tecnologia & Inovação Agropecuária Dezembro de 2008
www.apta.sp.gov.br 103
O objetivo da realização de um diagnóstico 
rápido participativo com bubalinocultores familiares 
da região sudoeste paulista foi melhor conhecer o 
primeiro elo da cadeia de produção de leite de búfalas, 
seus pontos de estrangulamento, oportunidades e 
desafios, fornecendo assim, subsídios para elaboração 
de políticas públicas para o incremento do setor.
DISCUSSÃO
O projeto “Desenvolvimento da tecnologia de 
congelamento de massa coagulada e fermentada de 
leite de búfala para fabricação de mozarela”, foi 
executado com recursos da FAPESP/PIPE (Programa 
de Inovação Tecnológica em Pequenas Empresas), no 
período de outubro de 2007 a fevereiro de 2008, numa 
parceria entre o Pólo Regional de Desenvolvimento 
Tecnológico dos Agronegócios do Sudoeste Paulista, 
Instituto de Tecnologia dos Alimentos, ambos 
integrantes da Agência Paulista de Tecnologia dos 
Agronegócios; COPPRIR Cooperativa dos Pequenos 
Produtores Rurais de Itapetininga e Região e Casas da 
Agricultura Municipalizadas dos municípios de 
Alambari, Itapetininga, Pilar do Sul e Sarapuí.
O perfil técnico e socioeconômico dos 
bubalinocultores foi elaborado a partir de dados 
primários, levantados junto aos produtores no segundo 
semestre de 2007 até fevereiro de 2008, utilizando o 
Diagnóstico Rápido Participativo (DRP), elaborado a 
partir de questionário adaptado para levantamento 
semelhante para caprinocultores do Estado de São 
Paulo (Lemos Neto & Almeida, 1993). Foram analisados 
111 estabelecimentos preponderantemente familiares 
na região sudoeste paulista, de um universo estimado 
de 300 produtoresem toda região, sendo que 44,3% 
situam-se no município de Pilar do Sul (54 criadores), 
27,8 % no município de Itapetininga (31 criadores), 20,8 
% no município de Sarapuí (23 criadores) e 2,7 % no 
município de Alambari (3 criadores).
No perfil socioeconômico dos entrevistados 
consideraram-se informações como a idade do 
proprietário e/ou responsável pela condução da 
atividade, sendo que 12 % têm entre 20 e 30 anos, 18 % 
entre 30 e 40 anos, 50 % entre 40 e 60 anos e acima de 61 
anos de idade 20 % dos criadores. Quanto ao tempo de 
exercício na atividade, 11% declararam estar 
envolvidos a menos de um ano com a criação de 
búfalos, 21 % entre um a cinco anos, 34 % entre cinco a 
dez anos, 18 % acima de 11 até 20 anos, entre 21 a 30 anos 
apenas 5 %, e envolvidos com a bubalinocultura há mais 
de 30 anos, 11 % dos entrevistados.
Questionados quanto às atividades produtivas 
desenvolvidas na propriedade, 71 % declararam ser a 
criação de búfalos a principal ocupação, seguido de 19 % 
ocupados principalmente com a produção de uvas de 
mesa e melancias e 2 % priorizando o reflorestamento com 
eucaliptos. A pecuária bovina leiteira é exercida como 
principal atividade para 4% dos entrevistados e a pecuária 
de corte também para 4% dos produtores caracterizados.
A carga horária diária dedicada para a 
bubalinocultura, incluindo ordenha e outros serviços 
pertinentes, ocupa menos de uma hora do dia para 4 % 
dos criadores; 33 % dedicam entre uma a três horas 
diárias, 43 % atuam entre três a seis horas e 20 % 
consideraram a jornada de trabalho para atividade 
entre 6 a 10 horas diárias.
Questionados quanto à principal fonte de renda 
da família, 18 % dos entrevistados não responderam a 
essa questão. Considerando o universo total de 
entrevistados, a renda total da família é exclusiva da 
exploração de búfalos leiteiros para 16 % dos 
produtores; entre 99% a 80% da renda familiar é obtida 
com a criação de búfalos para 14 % dos entrevistados; 18 
% dos criadores aferem entre 79% a 50 % da sua receita 
familiar com a bubalinocultura, 27 % aferem entre 50 a 
30 % e apenas 7 % dos criadores complementam a renda 
familiar com 20 % de recursos originados da criação de 
búfalos. Outras atividades agrícolas na propriedade 
contribuem para a receita global da família. A 
complementação da renda familiar com pensões e/ou 
aposentadorias são fundamentais para oito produtores 
rurais (7 %) e um (1 %) admitiu que a sua renda é obtida 
somente do comércio de animais.
Foi constatado baixo nível de instrução formal, 
sendo que eles têm no máximo até o segundo grau (15 
%), com apenas um produtor com curso superior 
incompleto. O nível de instrução é, em sua grande 
maioria, de ensino primário (81 %), tendo apenas um 
terço deles concluído o ensino fundamental e um 
produtor admitiu ser analfabeto funcional. 
Esses produtores exploram terras próprias, nem 
s e m p r e l e g a l i z a d a s d e f i n i t i v a m e n t e , c o m 
complementação de área arrendada em poucas 
situações, empregando, predominantemente, a mão-de-
obra familiar (76 % proprietário e membros da família). 
São residentes no imóvel, a maior parte adulta e de 
mulheres, sendo a grande maioria das propriedades 
gerida pelos próprios proprietários e/ou por outros 
membros da família. A força de trabalho advém, ainda, 
de trabalhadores residentes permanentes presentes em 
20 % dos criatórios estudados, 2 % das propriedades são 
gerenciadas por “administradores” contratados e 
também 2 % dos criatórios são de responsabilidade 
plena de assistência técnica contratada.
Revista Tecnologia & Inovação Agropecuária Dezembro de 2008
www.apta.sp.gov.br104
Quanto ao tamanho das propriedades 
analisadas, predominam aquelas com menos de cinco 
alqueires (menos de 12 ha) 27 % dos entrevistados; entre 
20 a 40 alqueires (48-96 ha) também 27 %; imóveis rurais 
com área total entre cinco a dez alqueires (12-24 ha) e 10 
a 20 alqueires (24-48 ha), foram respectivamente 
descritas por 21 e 17 % dos produtores rurais. Acima de 
40 alqueires (mais de 96 ha) foram enquadrados 9 % dos 
produtores, com cinco proprietários de áreas rurais 
entre 144 a 480 hectares.
Observou-se pouca ociosidade da terra nas 
pequenas unidades agrícolas pesquisadas na região, 
ocupadas principalmente por áreas de pastagem e 
pomares. Os dados referentes à área de produção e 
ocupação do solo agrícola revelaram que as pastagens 
representam a maior área, em torno de 80% no cômputo 
global, constituindo-se basicamente de áreas de 
pastagens degradadas. Potencial ocupação do solo 
agrícola com áreas específicas para a produção de 
alimentos para os animais, tais como capineiras ou cana-
de-açúcar, utilizadas no fornecimento de alimentação 
suplementar principalmente no período de escassez de 
pastagem. A área reservada para a produção de 
alimentos para o período seco foi observada em menos 
da metade dos criatórios analisados, ocupando em 
média menos de 10 % da área total reservada para a 
produção de leite e manutenção dos animais.
 As raças de búfalos observadas nesse estudo 
confirmam a marcante utilização de animais com 
aptidão leiteira, representados principalmente por 
aqueles da raça Murrah, contribuindo com 92 % da 
composição do rebanho avaliado, seguidos de animais 
das raças Jafarabadi e Mediterrâneo, com 4 % de 
participação cada no efetivo total computado de 4.431 
cabeças de búfalos nos municípios diagnosticados. Os 
animais considerados nesse estudo estão distribuídos 
nas seguintes categorias: 1.948 vacas (44 %), 1.389 
bezerros/bezerras (31,35 %), 631 novilhas (14,2 %), 190 
garrotes (4,3 %), 162 bois (3,65 %) e 111 touros (2,5 %).
 Os dados referentes aos sistemas de produção 
adotados pelos bubalinocultores estudados conferem 
que 92 % são do tipo extensivo (com 101 produtores) e 
do tipo semi-intensivo é empregado por 8 % dos 
criatórios (10 produtores). A tendência geral da 
especialização dos rebanhos paulistas para a produção 
leiteira e mais especificamente daqueles da região 
sudoeste do Estado é validada pela distribuição de 92 % 
dos criatórios produzindo primordialmente leite, 
empregando os sistemas semi-intensivos levantados na 
região, e ainda cinco criatórios (4 %) com dupla aptidão 
(leite e carne) e cinco voltados exclusivamente para a 
produção de carne (4 %).
A quantidade total de leite de búfalo foi 
compilada da produção 106 criadores, pois do total de 
111 criatórios avaliados, dois rebanhos são 
especializados para carne e outros três haviam 
implantado seus sistemas recentemente, sem produção 
de leite no momento das investigações. 
No presente estudo, o período de safra 
considerado foi de 211 dias entre fevereiro e agosto e o 
período de entressafra de 153 dias entre setembro e 
janeiro. De modo geral, os produtores consideraram o 
período médio de lactação em torno de oito meses, com 
variações entre cinco a nove meses.
Os resultados para a distribuição do efetivo de 
vacas em lactação nos períodos de safra e entressafra 
nos municípios avaliados, a produção global de leite e 
de forma diferenciada na safra e entressafra, bem como 
a produção média geral e individual de leite durante a 
lactação nos períodos de safra e entressafra dos 
rebanhos são apresentados nas tabelas 2 e 3. Tais 
desempenhos devem ser analisados considerando-se 
principalmente os efetivos de animais e o número de 
criatórios avaliados em cada município.
 A queda de cerca de 60 % na produção e oferta de 
leite no período de entressafra é explicado pelos 
aspectos fisiológicos da búfala, mais especificamente a 
estacionalidade reprodutiva, com reflexos diretos na 
quantidade de vacas em lactação e produções médias 
individuais de leite, apesar de constatado cerca de 70 % 
das vacas em lactação no período de entressafra e ser 
relatado uma maior dispersão de cios ao longodo ano, 
diminuindo também a concentração de partos, fatos 
ressaltados por diversos entrevistados. 
Essa situação pode ser contornada ou ao menos 
amenizada com ações que garantam o acesso dos 
bubalinocultores às técnicas voltadas para alimentação 
adequada, seleção e descarte de animais, uso de touros 
leiteiros geneticamente voltados para esse fim, uso de 
biotécnicas reprodutivas, aliadas às boas práticas para 
obtenção de leite.
Quanto à produção da lactação média geral e 
individual, os resultados encontrados são inferiores ao 
de outro estudo em cinco criatórios localizados nos 
municípios de Sarapuí e Pilar do Sul (Fernandes et al., 
2004), porém superiores ao considerarmos os mesmos 
parâmetros avaliados e estimados de 26 fornecedores 
de leite de búfala na região Sudoeste paulista 
(Paineiras da Ingaí, 1996).
A remuneração média recebida pelos 
produtores por litro de leite na safra de 2007 foi de R$ 
0,85 e na entressafra passou para R$ 1,00 o litro, com 
reajuste geral entre os compradores a partir do mês de 
agosto de 2007.
Revista Tecnologia & Inovação Agropecuária Dezembro de 2008
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Localizados entre os principais municípios 
produtores de leite de búfala da região sudoeste 
paulista, os laticínios locais absorvem praticamente 
toda a produção do seu entorno. O laticínio “Santo 
Antonio”, localizado no Município de São Miguel 
Arcanjo, também conhecido como Iemma, capta 78,3 % 
do leite de búfala produzido nos municípios 
diagnosticados, sendo 48 produtores (57,8%) oriundos 
de Pilar do Sul, 19 (22,9 %) de Itapetininga e 16 criadores 
de Sarapuí (19,3 %). Localizados no município de 
Alambari, os laticínios “Jaborandi” e “Alambari” 
absorvem a produção restante, respectivamente 16 % e 
5,7 %, sendo 17 fornecedores entrevistados para o 
primeiro e seis para o segundo, com a seguinte 
proporção: Jaborandi (1 produtor de Pilar do Sul 5,9 %; 
11 de Itapetininga 64,7 % e cinco de Sarapuí 29,4 %); 
Alambari (2 criadores de Pilar do Sul 33,3 %; 1 de 
Itapetininga 16,7 % e 3 de Alambari -50 %).
Receitas consideráveis são auferidas pelos 
bubalinocultores por meio da venda de animais para 
engorda e/ou abate, bem como de matrizes em lactação 
e vacas de descarte. De modo geral, apesar do bom 
rendimento de carcaça e apelo comercial devido às suas 
qualidades nutricionais e sensoriais, os produtores 
encontram dificuldade de vender diretamente essa 
produção para frigoríficos e abatedouros, recorrendo na 
maioria das vezes para atravessadores e aos poucos 
rebanhos especializados para engorda e acabamento de 
bezerros e garrotes na região. Na comercialização desses 
animais, a diferença entre o valor da arroba bovina para 
a arroba bubalina praticada na região é desvalorizada 
em até 10 % para os búfalos. Os bovinos comercializados 
na região para abate ou engorda são valorizados entre 10 
a 20 % a mais em relação aos búfalos.
Mesmo assim, os produtores consideram 
importante esse tipo de comércio, pois está havendo 
progressivas mudanças positivas no sentido de 
valorizar e diferenciar a carne de búfalos. Seu custo de 
produção é menor do que bovinos, com melhor 
desempenho animal em condições adversas. Os valores 
para venda de animais com menos de um ano giram em 
torno de R$ 200,00 a R$ 300,00 por cabeça, para engorda 
ou abate, com fêmeas dessa categoria melhor 
remuneradas quando vendidas como futuras matrizes, 
na faixa de R$ 300,00 a R$ 400,00 a cabeça. Garrotes são 
vendidos entre R$ 500,00 a R$ 700,00 a cabeça. Touros 
jovens até dois anos de idade alcançam em média R$ 
1.000,00 a cabeça. Vacas para descarte são negociadas 
entre R$ 400,00, R$ 600,00 e R$ 800,00 a cabeça, 
dependendo da idade e condição corporal. Vacas jovens 
para matrizes ou em lactação alcançam preços que 
variam entre R$ 900,00 , R$ 1.200,00 e R$ 1.400,00, esse 
último valor para vacas com bezerro ao pé. 
Cerca de 20 % dos entrevistados foram 
resistentes ao responderem às questões relativas à 
venda e receitas obtidas com esses animais. Portanto, 
consideramos a venda total “assumida' de animais no 
período de coleta de dados de 735 bezerros (52,9% do 
disponível para venda), 120 cabeças de garrotes, 
concentrados principalmente nos criatórios de 
exploração mista ou carne, 85 vacas para reprodução, 
quatro para descarte e um touro de quatro anos, pois 
para adquirir essa categoria animal geralmente é 
realizada a troca entre criadores.
Quanto às benfeitorias específicas para a 
bubalinocultura da região, observou-se um grande 
número de currais de manejo e barracões usados como 
leiterias, geralmente “herdados” de instalações para 
bovinos leiteiros. Entretanto, é inexpressiva a 
existência de outras benfeitorias tecnicamente 
recomendadas para o correto manejo do rebanho, 
principalmente bezerreiros e troncos/bretes de 
contenção, bem como as salas de ordenha manual ou 
mecânica, cochos e bebedouros específicos, assim como 
pisos com revestimento. 
 Constatou-se também serem insuficientes as 
instalações que, indiretamente, auxiliam os criadores na 
higiene e qualidade do leite ordenhado, podendo-se 
citar o pequeno número de pias próximas ao local da 
ordenha, banheiros e vestuários para as pessoas 
envolvidas com a atividade, o que acarreta maiores 
riscos de contaminação do leite, dificulta a higienização 
e facilita a veiculação de microrganismos, interferindo 
na qualidade do produto.
Em termos da infraestrutura que fornece suporte 
ao emprego de tecnologia e à gestão da atividade, todas 
as propriedades analisadas possuem energia elétrica 
instalada, a grande maioria tem telefone, 
principalmente celulares, e somente uma tem 
computador e endereço eletrônico, sendo que menos de 
10 % dos produtores declararam fazer uso da 
escrituração como ferramenta de organização das 
atividades, informações que, na prática, são 
fundamentais para o planejamento e condução bem-
sucedidos da atividade.
De modo geral, em relação às máquinas e 
equipamentos da propriedade agrícola, registrou-se 
um número bastante considerável, principalmente 
picadeira de forragens e pulverizador costal. 
Praticamente todos os criatórios possuem eletrificador 
de cercas, fundamentais no manejo de pastagens e 
preservação dos animais nos limites da propriedade. 
Ordenhadeiras mecânicas foram descritas em dois 
criatórios e tanques resfriadores em cerca de 30 % das 
propriedades.
Revista Tecnologia & Inovação Agropecuária Dezembro de 2008
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O planejamento de atividades por calendários 
sanitários ocorre em menos de 20 % dos criatórios e 
apenas 39 % dos proprietários consultam médicos 
veterinários, agrônomos ou zootecnistas. Outras fontes 
de consultas e informações adotadas pelos criadores são 
os técnicos agrícolas (2 %), outros criadores de búfalos 
(30 %), lojas agropecuárias (23 %) e Casas da 
Agricultura Municipalizadas (28 %).
 Quanto ao manejo sanitário, 100 % dos criadores 
vacinam seus animais contra brucelose, febre aftosa e 
raiva, menos de 10 % contra pneumoenterite e 30 % 
contra carbúnculo. O controle para ectoparasitas e 
endoparasitas é realizado em mais de 90 % dos 
criatórios, principalmente no período da seca e em 
bezerros. 
Um fato relevante é que em cerca de 90 % das 
propriedades a ordenha não é realizada com 
procedimentos profiláticos e mais de 60 % dos criadores 
não aplicam nenhum teste para detecção de mastite. A 
descrição de casos de mastites é rara, mas quando há 
casos são geralmente agudos e severos, não havendo 
descarte de búfalas. 
O leite ordenhado é resfriado ou congelado 
respectivamente em 75 e 25 % dos casos. Porém, 
dependendo da linha de coleta do leite e da época 
(safra/entressafra), esse pode ficar até uma semana no 
tanque resfriador ou exposto ao sol na estrada até por 
mais de quatro horas após a ordenha.
A identificação animalé feita por meio de 
marcação a fogo nos cornos, ancas ou paletas e brinco, 
porém muitos dos criadores não usam nenhum tipo de 
identificação, quanto à escrituração zootécnica, menos 
de 5 % usam fichas individuais. 
Em relação à alimentação animal, a maioria dos 
entrevistados utiliza pastagens e suplementação no 
período de inverno, principalmente com cana-de-
açúcar. O sal mineral é pouco utilizado pelos 
produtores, fornecido de forma irregular e muitas vezes 
em quantidade insuficiente. Em cerca da metade das 
propriedades os produtores utilizam o sistema de 
rotação de pastagens, principalmente naquelas com 
maiores áreas de pasto. 
No manejo reprodutivo utiliza-se monta natural 
a campo em 95 % das propriedades e no restante monta 
controlada. O tempo médio de cobertura pós-parto 
varia de 20 a 90 dias e o intervalo entre partos é de 
aproximadamente um ano. Os índices de fertilidade são 
altos e dificilmente uma vaca não concebe, o que 
estimula os produtores. As perdas por abortos são 
baixas e as maiores perdas (óbitos e desenvolvimento 
retardado) prevalecem em bezerros até seis meses de 
idade. 
Questionados quanto ao uso de linhas de 
crédito/financiamento, 50 % dos produtores alegam 
não ter interesse ou achar necessário. Dos que já 
utilizaram linhas oficiais de crédito, 36 % aderiram ao 
Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura 
Familiar (Pronaf) e 11 % ao Programa de Geração de 
Emprego e Renda (Proger) principalmente para custeio 
de culturas como frutas e outros tipos de lavouras. A 
Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de 
São Paulo disponibiliza para pequenos e médios 
produtores rurais recursos do Fundo de Expansão do 
Agronegócio Paulista (FEAP) para várias linhas de 
crédito agropecuário, entre elas o FEAP Búfalos. Essa 
linha de financiamento visa à aquisição de matrizes, 
touros, equipamentos e ou adequação/construção de 
instalações zootécnicas diversas, com teto de 
financiamento de R$ 37.000,00 por tomador pessoa 
física, 3 % de juros ao ano, carência de dois anos e mais 
cinco anos para quitação em parcelas semestrais, 
autorizadas para todo o Estado de São Paulo. 
Somente 4 % dos entrevistados já utilizaram a 
linha FEAP Búfalos, apesar da regional do Escritório de 
D e s e n v o l v i m e n t o R u r a l d e I t a p e t i n i n g a 
(CATI/Secretaria de Agricultura e Abastecimento do 
Estado de São Paulo) ser responsável pela realização de 
60 % dos contratos (43) para compra de animais, 50 % dos 
contratos para investimento (29) e 21 % do tipo integrado 
(27), respectivamente captando 62 % (R$ 520.000,00) e 60 
% (R$200.000,00) dos recursos liberados a partir de 2001. 
No entanto, o interesse pelo uso dessas linhas de crédito 
existe, no qual 38 % (24% Pronaf e 57% FEAP) pretendem 
utilizar esses recursos principalmente para investimentos 
diversos (34%), produção de alimento para uso animal 
(16 %), 20 % para aquisição de animais, instalações (16%), 
compra de trator (5 %), aquisição de terras (2 %), reforma 
de pastos (4 %) e aquisição de ordenhadeira mecânica (3 
%). Não pretendem utilizar recursos públicos, mas 
querem investir na atividade, foram respondidos por 54 
% dos criadores.
Questionados quanto às principais dificuldades 
encontradas na atividade, 20 % declararam não haver 
maiores entraves; 11 % denotam a necessidade de 
expansão de área, 30 % a produção de alimentos para os 
animais, sendo 4 % especificamente no período das 
secas; 23 % reclamam da dificuldade na aquisição de 
bons animais a preço mais acessível; a falta/inconstância 
de assistência técnica é sentida por 6 % dos 
entrevistados, as condições das estradas para escoar 
produção são descritas por 1 % dos produtores, o valor 
da remuneração do leite por 9 %, a oscilação do preço (2 
%) e dificuldade na comercialização por 4 % dos 
criadores, lactação curta das vacas é considerada por 7 % 
dos produtores, dificuldade de mão-de-obra é relatada 
Revista Tecnologia & Inovação Agropecuária Dezembro de 2008
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por 2 %, a captação de recursos e taxas de juros dos 
financiamentos, ambas com 2 %, necessidade de poder 
público mais atuante (2 %) e 20 % consideram o tamanho 
da atual propriedade como principal dificuldade.
Quanto ao interesse em produzir artesanalmente 
derivados de leite de búfala, 13 % declararam que sim, 
86 % que não e 2 % apenas para consumo próprio.
Estimulados a avaliar a bubalinocultura, 4 % dos 
entrevistados preferiram não opinar, 18 % consideram a 
melhor escolha, 16 % acham o rendimento bom; renda 
garantida é descrita por 16 % e 14 % afirmam pagar o 
custeio mensal da família com a atividade, 54 % 
declaram que é uma boa opção principalmente quando 
comparada a lavoura e bovinocultura; 2 % que só o fato 
de utilizar poucos produtos tóxicos já torna a atividade 
a melhor opção; manejo fácil, rusticidade, precocidade e 
fertilidade são apontados como bons indicadores da 
atividade por 11 %, 16 %, 4 % e 7 %, respectivamente, 
dos entrevistados e, finalmente, 9 % consideram a 
remuneração do leite boa.
Solicitados a avaliar a própria produção, 57 % 
dos criadores preferiram não opinar. Dos que 
responderam, 5 % consideram satisfatória, 32 % que é 
boa/muito boa; 4 % querem melhorar; 11 % acham boa, 
mas pretendem/gostariam de melhorar; 2 % 
consideram boa produção e remuneração do leite pelo 
que possuem de estrutura; 11 % consideram melhor 
desempenho da atividade quando comparada à época 
que criavam bovinos leiteiros e 2 % querem desistir da 
atividade devido à idade avançada. 
Como considerações finais da entrevista, 32 % 
dos criadores preferiram nada relatar. Dos que 
opinaram, compromisso e trabalhar bem são ambos 
relatados por 2 %; 45 % dos criadores acham importante 
associação e 2 % cooperativa própria, apesar de 
somente 3 % fazerem parte de associação de 
fruticultores; 2 % acham que associação não é 
importante; 16 % consideram necessidade de poder 
público mais atuante e 2 % opinaram que laticínio 
municipal é importante; financiamentos e assistência 
técnica pública são descritos respectivamente por 5 % e 
4 %; a necessidade de tanque resfriador coletivo é 
apresentada por 4 % dos criadores; acesso à água é 
fundamental para 2 % dos criadores; eventos (dias de 
campo, palestras etc.) são fundamentais para 11 %; 
acesso à alimentação animal mais barata foi lembrada 
por 2 % dos criadores; implantar programa de 
melhoramento genético é básico para 13 %; 
concorrência entre os laticínios é bom para 4 % dos 
entrevistados, 2 % opinaram sobre regular/melhorar 
mercado da carne e, finalmente, 4 % consideram fator 
importante não ter reclamações dos vizinhos sobre seu 
criatório.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A região sudoeste paulista apresenta aspectos 
propíc ios para a e fe t iva consol idação da 
bubalinocultura, com boas condições edafoclimáticas; 
produção constante de alimentos para uso animal; 
tradição e aptidão na bovinocultura de leite e corte; 
interesse dos produtores agrofamiliares; mercados 
consumidores; articulação de instituições públicas e 
privadas; linhas de crédito específicas para o setor e 
incentivo político. 
A sustentabilidade do agronegócio Búfalo está 
na estreita dependência do acesso desses agricultores 
ao conhecimento, principalmente aos aspectos de 
técnicas de gerenciamento, de organização da produção 
e da aplicação de tecnologias, garantindo assim a sua 
inserção competitiva nesse mercado. 
 Os bubalinocultores, além de não terem 
recursos, dispõem de informações escassas sobre o 
correto manejo preventivo de doenças. Especialmente 
no caso de obtenção higiênica do leite e suas práticas 
inerentes que confiram melhor qualidade final e 
menores índices de rejeição pela empresa 
compradora/beneficiadora. Exames sanitários de 
rotina, quarentena dos animais adquiridos e controle de 
saúdedas pessoas envolvidas na atividade apresentam 
baixos índices de realização. As práticas zoossanitárias 
adotadas hoje deverão se adequar, com a adoção de 
novas tecnologias, antecipando-se à organização do 
mercado de leite, carne, de animais e outros produtos. 
A bubalinocultura leiteira tem grande 
importância para os produtores entrevistados na 
região. Isso pode ser evidenciado pela participação do 
valor da produção do leite no valor bruto total das 
propriedades e principalmente por permitir aliar 
atividades pecuárias e agrícolas em épocas distintas, 
notadamente quando consideramos a cultura de uva de 
mesa e melancia, típicas e tradicionais entre os 
produtores da região, ambas com períodos de safra e 
entressafra opostos ao dos bubalinos, gerenciados e 
manejados pela mesma mão-de-obra familiar.
Nesse contexto, os produtores são refratários a 
mudanças drásticas no manejo dos búfalos, sobretudo, 
na tentativa de amenizar ou eliminar a estacionalidade 
f i s i o l ó g i c a r e p r o d u t i v a d a s b ú f a l a s e , 
consequentemente, melhor distribuir partos e 
produção de leite ao longo do ano. 
O uso de biotécnicas reprodutivas na safra e 
entressafra, além de onerosas, são distantes da 
realidade prática, de pleno entendimento e 
aplicabilidade, ainda proporcionam índices 
reprodutivos abaixo do esperado, muitas vezes sem o 
devido retorno desse investimento.
Revista Tecnologia & Inovação Agropecuária Dezembro de 2008
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De modo geral, as recomendações oriundas desse 
estudo sugerem três ações básicas visando à expansão e 
consolidação da atividade na região sudoeste paulista: 
implantar redes de referência da bubalinocultura 
familiar; agilizar o acesso às linhas públicas de 
financiamento e conciliar o crescimento da atividade 
aliado ao atendimento da legislação ambiental. 
O diagnóstico realizado permitiu a elaboração de 
recomendações balizadoras de ações potencialmente 
exequíveis pelo poder público, subsidiando as tomadas 
de decisão das instituições envolvidas, o que pode 
possibilitar a produção sustentável dos produtores 
familiares da região sudoeste paulista que têm na 
bubalinocultura sua atividade principal ou de marcante 
contribuição na renda familiar.
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