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Elementos da Natureza e Propriedades dos Solos " ~ I I I I I I I I ! POTÁSSIO EM SOLOS E PLANTAS9 Redução de perdas de fósforo na água As entradas de P (deposição, adubos, alterações orgânicas, resíduos vegetais e ração animal) devem evitar excesso de acúmulos, tomando-se cuidados na manutenção de todas essas adi- çóes para não exceder a remoção pelas plantas ou acumular o P além dos níveis neceSsários para o desenvolvimento ideal da planta (Seção 13.1). O uso de práticas conservacionistas no preparo do solo pode minimiiar o escoamento superficial e a erosão, especialmente em áreas com elevados teores de fósforo. As culturas de cobertura e os resíduos vegetais podem aumentar a infiltração e reduzir o escoamento superficial (Seção 6.2). A aplicação de estercos ou adubos minerais em solos congelados deve ser evitada. As terras úmidas naturais ou artificiais (Seção 7.7) e as matas ciliares (margens dos rios - Seção 13.2) podem colaborar, -retendo o fósforo antes que o escoamento atinja lagos ou córregos. Essas medidas removem parte do P dissolvido, principalmente aquele retido nos sedimentos. Vários materiais contendo ferro, alumínio ou cálcio reagem com o P dissolvido, formando compostos altamente insolúveis, semelhantes aos descritos no Quadro 12.2. Nas granjas, as aplicaçóes--de sulfato de alumínio nas camas dos frangos ou sua distribuição superficial em gramados são práticas que reduzem a perda do fósforo dissolvido de adupos orgânicos como estercos ou compostos ricos em P (Figura 12.26). I I / i12.4 476 / A'históri~ do potássio difere em muitos aspectos daquela do fósforo, do enxofre e do nitrogê- nio. Ao' contrário desses macronutrientes, o potássio está presente na solução do solo apenas como um cátion com carga positiva K+. Assim como o fósforo, o potássio não forma gases que poderiam ser perdidos para a atmosfera. Seu comportamento no solo é influenciado princi- palmente pelas propried~des da troca catiônica (Capítulo 8) e do intemperismo (Capítulo 2), e não por processos microbiológicos. Ao contrário do nitrogênio e do fósforo, o potássio não causa problemas ambientais fora do local quando sai do sistema do solo. Ele não é tóxico nem causa eutrofização em sistemas aquáticos. Potássio na planta e nutrição animal O potássio não está incorporado às estruturas de compostos orgânicos de forma eficaz. Em vez disso, ele permanece na forma iônica dissolvida (K+) nas células ou age como um ativado r de enzimas. Esse elemento é conhecido por ativar mais de 80 enzimas diferentes, as quais são responsáveis por processos no metabolismo energético, na -síntese de amido, na redução de nitrato, na fotossÍntese e no metabolismo dos açúcares em plantas e animais. Como um componente da solução citoplasmática das plantas, o potássio desempenha um papel muito importante na redução do potencial osmótico das células (Seção 5.3), reduzin- do assim a perda de água pelos estômatos das folhas e aumentando a capacidade das células das raízes em absorverem água do solo. O conteúdo em K de um tecido foliar saudável pode encontrar-se na faixa de 1 a 4% para a maioria das planta~, semelhante ao N, mas em quanti- dades bem maiores do que do P ou S. . O potássio é especialmente importante para ajudar as plantas a se adaptarem a estresses ambientais. Uma boa nutrição em potássio está ligada à boa tolerância à seca e a ataques de insetos (Figura 12.27), bem como à resistência a invernos fortes e a certas doenças fúngicas. O potássio também melhora a qualidade das flores, frutos e verduras, que passam a ter sabor e cor mais apurados, além de hastes mais fortes (reduzindo assim o tombamento). Em muitos desses aspectos,' o potássio parece contrariar alguns dos efeitos prejudiciais do excesso de nitrogênio. 9 Para mais informaçóes sobre esse assunto, consulte Mengel e Kirkby (2001). Capítulo 12 Ciclagemde Nutrientes e Fertilidadedo Solo 477 ~ 0,5II mErã 0,4 ,--"II ~ ,,, ~ , , I ~ c 0,3 •Ql , Ql ,, " , AdubosoucorretivolO 0,2 ,~ •.• -- Gessom 'lO ---- CalcáriolO c 0,1 CI-<l Sulfatodeferro 2 ~ '0 0,0u. O 5 10 15 Estercoaplicado,Mgha-1 Figura 12.26 Efeito da aplicação superficial de sulfato de ferro, gesso ou calcário na concentração do fósforo dissolvido em água de enxur- rada. A grama-bermuda foi adubada com esterco de curral curtido e submetida a duas irrigações de 30 minutos. O sulfato de ferro reagi,u rapidamente com os íons fosfato que foram liberados do esterco, for- mando compostos altamente insolúveis de fosfato de ferro. O gesso e o calcário, que formaram alguns fosfatos de cálcio, foram ;"enos eficazes na redução do fósforo da água da enxurrada. (Desenhadoapartirdosdadosde Torbertet aI.[2005D Em animais, incluindo os humanos, o potássio desempenha um papel decisivo na regu- lação do sistema nervoso e na manutenção da saúde dos vasos sanguíneos. As dietas humanas que incluem alimentos ricos em potássio, como bananas, batatas, suco de laranja e folhas ( verdes têm demonstrado reduçã() do risco de acidente vascular cerebral e doenças cardíacas. i Portanto, a manutenção do equilíbrio entre o potássio e o sódio é especialmente importantel na dieta humana. j Sintomas de deficiência em plantas Comparada às deficiências de P, a deficiência de potássio é relativamente fácil de ser reconhecida na maioria das plantas. Os sintomas foliares específicos associados com a deficiência de potássio ocorrem primeiro, e mais gravemente, nas folhas mais velhas. Em geral, as pontas e bordas das folh~ mais velhas começam a amarelar (clorose) e de- pois morrem (necrose), de maneira que as folhas parecem ter sido queimadas nas bordas (Figura 12.28 e Prancha 87). Em várias espécies de leguminosas economicamente importantes, manchas brancas necróticas formam um padrão notável ao longo das margens das folhas, as quais, muitas vezes, são confundidas com os danos causados por insetos (Figura 12.28, à direita). o ciclo do potássio A Figura 12.29 mostra as principais formas pelas quais o potássio é retido no solo e suas mudanças dentro do ciclo do sistema solo-planta. As fontes originais de potássio são os mi- nerais primários, como as rnicas (biotita e muscovita) eos feldspatos potássicos (microclina e oftoclásio). Com a intemperização, as redes estruturais rígidas desses mineráis tornam-se mais flexíveis: Por exemplo, o potássio, ligado entre as camadas cristalinas do tipo 2: 1das mi- cas, torna-se mais disponível com o tempo, primeiro na forma não trocável, rn;as lentamente disponibilizado nas bordas intemperizadas dos minerais e, por fim, nas formas prontamente 11 10 9 8 ~7..-g 6 -o ~ 5 ~ 4 3 2 1 O 11 Causa da mortalidade • Outf"OS Besouros • Controle Tratamento N + K só com N- . Figura 12.27 Influência do tratamento com adubação de potássio e nitrogênio na percentagem de pinheiro-ponderosas que morreram no oeste do Estado de Montana, Estados Unidos, devido aos danos causados, principalmente, pelo besouro, nos primeiros quatro anos após o plantio. O nitrogênio usado sozinho (224 kg de N/ha) provocou um grande aumento da mortalidade de árvores, mas a adição ç1epotássio (224 kg de K/ha) neutralizou totalmente esse efeito. Ambos os tratamentos de fertilização estimularam og:escimento das árvores sobrevi- ventes. (Fonte:MandzakeMoore[1994]) 478 Elementos da Natureza e Propriedades dos Solos Figura 12.28 A deficiência de potássio geralmente produz sintomas foliares facilmente reconhecíveis, principalmente nas folhas mais velhas. A esquerda: c1orose nas margens da folha de soja. A direita: pequenas manchas brancas necróti- cas em folhas de ervilhaca-peluda. (Fotos: cortesia do Potash and Phosphate Institute, à esquerda, e de R.Weil, à direita) trocáveis que podem ser solubilizadas na solução do solo, a partir da qual {ste nutriente é ab- sorvido pelas raízes das plantas. I O potássio é absorvido pelas plantas em grandes quantidades.Dependendo do tipo de ecos~istema, uma parte dele é lixiviado das folhas das plantas (precipitação não interceptada pelas folhas), quando estas captam a água das chuvas, e retoma ao solo; a outra parte é devol- vida ao s~lo com os resíduos vegetais. Em ecossistemas naturais, a maior parte do K absorvido pelas plantas retoma ao solo sob essas formas ou como resíduos (principalmente na urina) de animais que se alimentam da vegetação. Além disso, uma parte do K pode ser perdida com a erosão das partículas de solo e, também, na água da enxurrada; outra parte pode ser perdida por lixiviação para as águas subterrâneas. Nos agroecossistemas, de um quinto do K (nos de cultivos de grãos) a quase todo o K (nos de cultivos de feno) absorvido pelas plantas pode acabar por ser exportado para locais distantes, com retorno improvável. Em qualquer época do ano, a maior parte do potássio do solo encontra-se nos minerais primários e em formas não trocáveis. Em solos relativamente férteis, a liberação do K- das for- mas não diretamente assimiláveis para outras que as plantas podem diretamente utilizar (como as trocáveis e da solução do solo) - pode acontecer de uma forma suficientemente rápida para manter o fornecimento de K em níveis adequados para o bom desenvolvimento das plantas. Por outro lado, onde há grandes colheitas de produtos agrícolas ou extração de madeira, ou onde o conteúdo de K intemperizável contido nos minerais é baixo, os níveis de K trocáveis e da solução do solo devem ser complementados por fontes externas, como adubos minerais, esterco de galinha ou cinza de madeira. Sem essas adições,: o fornecimento do K disponível provavelmente será esgotado em alguns anos, e a produtividade declinará. Um exemplo de esgotamento e restauração do K disponível no solo é apresentado na Figura 12,30. As plantas perenes de raízes profundas frequentemente agem como "bombas de nutrien- tes", trazendo potássio (ou outros nutrientes) dos horizontes mais profundos do solo através de seus sistemas radiculares, translocando-o para as folhas e, posteriormente, provocando a reciclagem com o retorno do nutriente à superfície do solo, devido à queda e à lixiviação das folhaS. Em.ecossistemas naturais estáveis, as pequenas perdas anuais de potássio por lixivia- ,çáo e erosão (l a 5 kg/ha) podem perfeitamente ser equilibradas pelo potássio resultante do j intemperismo de minerais primários e de formas não trocáveis do perfil do solo, seguido da translocação desse elemento via vegetais para os horizontes mais superficiais do solo. Já em sistemas agrícolas, a taxa de lixiviação é elevada por dois motivos: níveis elevados de K trocável são mantidos ho solo, e as raízes das culturas estão ativas emapenas uma parte do ano. Erosão Escoamento superficial agrícolas ou dejetos Exportação do sistema na forma de produtos í Pessoas Feldspatos Micas Minerais primários 90-98% Animais Lixiviação e decomposição Capítulo 12 Ciclagem de Nutrientes e Fertilidade do Solo 479 Rxado em argilas 2:1, , não trocável, l-10% Precipitação qúe escorre pelo tronco, depois de interceptada pela copa Plantas \ "----. ~ Trocável 1-2% Absorção pelas raízes das plantas 0-0-60 Lixiviação I I j I I \ I \ I. I l Figura 12.29 Principais componentes do ciclo do potássio no solo. A grande seta circular enfatiza o ciclo biológico do potássio, a partir da solução do solo em direção às plantas, e seu retorno, via resíduos vegetais ou animais. Os minerais primários e secundários são as fontes originais do elemento. O potássio trocável pode incluir aqueles íons retidos e os liberados por coloides das argilas e do húmus, mas o potássio não é um componente estrutural do húmus do solo. As interações entre o K da solução, o K trocável, o não trocável e o K estrutural dos minerais primários são apresentadas. A maior parte do potássio do solo está contida nos minerais primários e secundários e é liberada muito lentamente por processos de intemperismo. (Diagrama: cortesia de R. Weil) o problema do potássio na fertilidade do solo o'isponibilidade de potássio Ao contrário do fósforo, o potássio é enconnado em níveis relativamente superiores na maioria dos solos minerais, com exceção daqueles formados prin- cipalmente de areias quartzosas. De fato, a quantidade total deste elemento é, geralmente, maior do que a de qualquer outro macronutriente (Tabela 7.2). Mesmo assim, a quantidade retida em condições facilmente trocáveis, a qualquer tempo, pode ser muito pequena. A maior parte do K é fortemente retida nos minerais primários ou é Hxada em formas que são, na me- lhor das hipóteses, apenas moderadamente disponíveis para as plantas. Perdas por Iixiviação O potássio é muito mais suscetÍvel à lixiviação do que o P, mas menos do que o N. Os solos de regiões úmidas com cultivo de culturas anuais recebendo moderadas taxas de adubos comumente perdem cerca de 15 a 50 kg de KJha por Iixiviação - sendo os maiores valores encontrados em solos ácidos e arenosos. 480 Elementos da Natureza e Propriedades dos Solos I T RecuperaçãoDegradação ]i ~ 0,04 E~ Nível do estado estãdãnãriõ - - - - - - ~ 0,03 '5~ ~ 0,02 0,01 1800 1840 1880 1920 1960 2000 2040 Ano Figura 12.30 Padrão geral de esgotamento do potássio :trocável no horizonte A, devido a décadas de exploração agrícola, ~eguida por sua restauração sob vegetação florestal. A agricultura sem adubações, por mais de um século, esgotou o potássio trocável de um solo arenoso no Estado de Nova York, Estados Unidos. Após o esgotamento do potássio disponível do solo, a terra foi abandonada na década de 1920. Na década seguinte, 1920-1930, uma floresta de pinheiros-vermelhos foi plantãda. As árvores em algumas parcelas foram adubadas com potássio, trazendo a es- perada rápida recuperação do potássio trocável ao nível existente antes da agricultura. Mesmo onqe as árvores não tinham sido adubadas, o nível de potássio trocável da camada mais superficial do solo foi restaura10, mas muito len- tamente, levando :erca de ~O anos: As árvore~Afo.ramplantad~s em um solo d~ séri~ P/~infieldfra7co-arenosa (Udip- samment), com baixa capaCidade de troca catlOnlca e com baixos teores de K trocavels. (Fonte: N~wak et a!. [1991]) ! .i Com certeza, as perdas seriam muito maiores se a lixiviação do potássio não fosse retardada pela atração dos Íons K+ aos sítios de troca catiônica, que são carregados negativamente na su- perfície das argilas e de húmus. A calagem em solo ácido, efetuada para elevar o seu pH, pode reduzir as perdas por lixiv'iação de K devido ao efeito do ion complementar (ver Figura 8.16). Consumo de luxúria Muitas plantas absorvem aproximadamente a mesma quantidade de K e N. Se boa parte da planta, ou toda ela, for removida na colheita, a retirada de potássio do solo poderá ser muito grande. Essa situação é ainda mais crítica devido à tendência que as plantas têm em absorver K além de suas necessidadesn se este elemento estiver presente em grandes quantidades no solo. Essa tendência é denominada consumo de luxúria (ou de luxo), porque o excesso de K absorvido, na verdade, não melhora o desenvolvimento das plantas. Os princípios envolvidos no consumo de luxúria são mostrados na Figura 12,31. Esse con- sumo desnecessário de K pode deprimir a absorção de Ca e Mg e causar desequilíbrios nutri- cionais, tanto em plantas quanto nos animais que as consomem. Em resumo, o potássio apresenta três problemas: (1) grande quantidade é relativamente indisponível para as plantas superiores, (2) está sujeito a perdas por lixiviação e (3) a remoção de potássio pelas plantas é alta, especialmente quando quantidades supérfluas desse elemento são fornecidas. Com base nessas ideias, as várias formas de potássio no solo, bem como sua disponibilidade, serão consideradas. Formas e disponibilidade de potássio em solos A quantidade total de K no solo esua distribuição entre os quatro principais compar- timentos são bastante dependentes dos tipos de minerais de argila presentes em um solo, como indicado na Figura 12.29. Geralmente, os solos dominados por argilas 2: 1 contêm mais potássio, e aqueles dominados por caulinita contêm os menores rc- ores (Tabela 12.5). Em termos de disponibilidade para a planta, o K das estruturas de minerais primários está indísponivel, o K não trocável nos minerais secundários está sob uma forma lentamente disponivel, e tanto o K trocável dos coloides do solo quanto o K solúvel em água estão prontamente disponíveis. - Potássio em solos: www.soils.wisc. edu/-barak/ soilscience326/potassium. htm Alto Potássio disponível no solo t o....•cu'"-o :J g~ ".p o.. .!!!dI l'!".s ~c:.CI ,~ Õ v •• "J'll'! c: Vcuo. G:onsumo de luxúria de potáSsio " -~-;::::~:n~:!o--- de energia de luxúria de potássio Capítulo 12 Ciclagem de Nutrientes e Fertilidade do Solo 481 Alto Baixo Baixo ~.•o....•-o o 'in..'.• Õa. di-o o-o •:J 2! c:o V I', Figura 12.31 Relação geral entre o nível de potássio disponível no solo, o desenvolvimento da planta e a sua absor- ção de potássio. Se a disponibilfdade do potássio no solo for maior que a quantidade necessária para o desenvolvi- mento máximo das plantas, muitas plantas continuarão a absorvê-lo sem qualquer aumento correspondente em seu desenvolvimento. A absorçã0 do potássio em excesso é denominada consumo de luxúria. Esse ti~o de consumo pode ser considerado um desperdício, especialmente se as plantas forem completamente removidas do solo. Ele também pode causar desequilíbrio na dieta dos animais de pasto. (Diagrama: cortesia de R.Weil) { I I Na presença de vermiculita esmectita e outros minerais do tipo 2: 1, os Íons de K: (bem como os íons NH4 + que possuem tamanho similar) na solução do solo (ou adicionados como adubos) não só se tornam adsorvidos, mas t~bém podem tornar-se definitivamente fixados pelos coloides do solo (Figura 12.32). Os Íons potássio (e amônio) se ajustam entre as camadas dos cristais dessas argilas, que normalmente são expansíveis e tornam-se parte integrante de seus cristais. Esses íons não podem ser substituídos por processos normais de troca e, conse- quentemente, são designados íons náo trocdveis. Como tais, não estão prontamente disponí- veis para a maioria das plantas superiores. No entanto, essa forma está em equilíbrio com as formas mais disponíveis e, consequentemente, age como um compartimento extremamente importante de nutrientes lentamente disponíveis. Como resultado desse equilíbrio, muitos solos arenosos com baixa CTC têm baixo poder tampão em relação ao K. Isto é, tais solos têm baixa capacidade de manter a concentração de K à medida que as plantas removem o K dissolvido na solução do solo. Em s~los com alta CTC e maior poder tampão, a concentração inicial de K da solução pode ser um pouco me- nor; no entallto, o solo é capaz de manter um suprimento razoável e constante de íons de K na I, solução durante todo o período de crescimento. ' Tabela 12.5 Influência dos minerais de argila dominantes nas quantidades de potássio total, fixado (não trocáve\), trocável e solúvel em água de vários solos ' Tipo de minerais das argilas dominantes nos solos, mg de Klkg de solo Compartimento do potássio' Potássio tot~1 Potássio trocável Potássio solúvel em ~gua ===:r=~=~~===~' --'.~~-' Cauliníticos (26 solos) 3.340 45 2 Misturados (53 solos) 8.920 224 5 Esmectíticos (23 solos) 15.780 183 4 Dados de Sharpley (1990). 482 Elementos da Natureza e Propriedades dos Solos , I Si r -- - - Mica CTC;' O . -K, +H,o +K,-H20 -K,+H,o +K,-H~O Mica de granulação fina (ex., i1ita) CTC = 15-40 -K,+H,o Vermiculita CTC = 150 T I I I 1 I I I I I íon não hidratado de K • Cátions trocáveis hidratados @"K 8 Ca O Na O Mg Figura 12.32 Diagrama ilustrando a liberação e a fixação do potássio situado entre as camadas das micas primárias, da mica de granulação fina (arg"ilailita)e da vermiculita. No diagrama, a liberação de potássio ocorre em direção à direita, enquanto o processo de fixação se dá para a esquerda. Nota-se que o íon do potássio de!iidratado é muito menor do que os íons hidratados de Na+,Ca2+, Mg2+, etc. Assim, quando o potássio é adicionadp a um solo conten- do minerais do tipo 2:1, como vermiculita, a reação pode ir para a esquerda, e os íons potássio se ligarão fortemente (fixarão)entre as camadas dentro do cristal, produzindo uma estrutura de mica de granulação fi~a. Os íons de amônio (NH4+,não apresentado.s) são de tamanho e cargas similares aos dos íons de potássio e podem ~er fixados por lea- ções semelhantes. (Adaritado de'McLean [1978]) Todas as plantas podem utilizar facilmente as formas que estão disponíveis, mas a capa- cidade de obter o potás,sio, ligado ¥ formas lentamente disponíveis ou indisponíveis, difere muito entre as espécies de plantas. Fatores que afetam a fixação de potássio nos solos A caulinita e os outros tipos de argilas 1:1 fixam praticamente nenhum potássio. Por outro lado, as argilas do tipo 2: 1, como a vermiculita, a mica de granulação fina (ilita) e a esmectita, fixam prontamente grandes quantidades de potássio. Até frações do tamanho do silte, de al- guns minerais micáceos, fixam e, posteriormente, liberam o potássio. As alternâncias de umedecimento/secagem e de congelamento/descongelamento aumen- tam a fixação de K em formas não trocáveis e também a liberação do K previamente fixado na solução do solo. Influência do pH As aplicações de calcário, por vezes, aumentam a capacidade de fixação de potássio dos solos. À medida que o pH aumenta, os H+ e os Íons oxi-hidróxidos de alumínio associados às superfícies coloidais são removidos ou neutralizados, tornando mais fácil a aproximação dos Íons de K às superfícies coloidais, onde são mais suscetíveis à fixação em argilas 2: 1. Além disso, os altos níveis de Ca e Mg na solução do solo podem reduzir a absorção de potássio pela planta, porque os cátionstendem a competir entre si para serem absorvidos pelas raízes. Aspectos práticos do manejo do potássio Com exceção dos solos muito arenosos, o problema da disponibilidade de potássio raramente está relacionado com a quantidade total desse nutriente, mas sim com a taxa adequada de transformação das formas não disponíveis para as disponíveis. Onde o produtb dos cultivos é removido, especialmente se pouco resíduo das plantas retoma ao sistema, o ciclo solo-planta deve ser completado pela liberação de potássio das formãS minerais menos disponíveis e, até i 1 Capítulo 12 Ciclagem de Nutrientes e Fertilidade do Solo 483 certo ponto, pela adubação. Se for necessária uma grande produção de legurnlnosas forragei- ras, o solo terá que ser capaz de fornecer K para os períodos de elevada absorção, exigindo, assim, altos níveis de adubação - mesmo em solos bem-supridos de minerais intemperizáveis. Frequência de aplicação Embora uma aplicação pesada, mas menos frequente, seja conve- niente, aplicações leves e mais frequentes de K pod~m oferecer vantagens, pela diminuição do consumo desnecessário por algumas plantas, pela diminuição das perdas deste elemento por lixiviação e pela redução da possibilidade de fixação em formas indisponíveis, antes das plan- tas terem rido a oportunidade de usar o K aplicado. Poder dos solos em, suprir potássio A ideia de que cada quilograma de potássio lixiviado ou removido pelas plantas deve ser devolvido na forma de adubos pode não estar sempre correta: Em muitos solos, as grandes quantidades de formas lentamente disponíveis que estão presentes podem ser utilizadas de modo que apenas uma parte do total removido pela colheita precise ser reposta por adubos. No entanto, a remoção contínua pelas culturas pode esgotar os compartimentos de K que estão disponíveis nossolos. O problema da manutenção de potássio do solo está esquemati- zado na Figura 12.33. Nas regiões agrícolas menos desenvolvidas do mundo, o uso de adubos' potássicos terá que aumentar por muitos anos para que haja aumento ou manutenção di produtividade. I , I / 12.5 CÁLCIO COMO NUTRIENTE-ESSENCIAL o cálcio (Ca) é um macro nutriente essencial para todas as plantas e seu status nos solos tem grande influência sobre a composição das espécies e a produtividade dos ecossiste.r:nas terres- tres. Para os animais, o teor de Ca das planças que eles consomem é importante, porque esse é um componente principal de ossos e dentes e desempenha papel importante em muitos processos fisiológicos. Já foi até mesmo hipotetizado que o status do cálcio relativamente mais elevado nos solos da África contribuiu para a existência de herbívoros de grande porte, como elefantes, zebras e girafas nas savanas semiáridas da África, mas não na América do Sul. Cálcio nas plantas As monocotiledôneas, em sua maioria, são consideradas plantas ealcífUgas (evitam o cálcio), que crescem bem com 0,15 a 0,5% de Ca nos tecidos da folha. Muitas dicotiledôneas são consideradas ealcíeolas (do latim, "que vivem no calcário") e precisam de 1 a 3%"de Ca em suas folhas para o crescimento ideal. As árvores armazenam uma grande quantidade de cálcio em seus tecidosJenhosos; por isso, a absorção líquida de cálcio de muitas árvores está próxima à de nitrogênio. Funções fisiológicas O cálcio é o principal componente das paredes celulares. Ele também está intimamente envolvido com o alongamento e a divisão celular, com a permeabilidade da membrana e com a ativação de várias enzimas fundamentais. O cálcio é absorvido quase exclUSIvamente pelas raízes jovens e move-se dentro da planta, principalmente com a água de transpiração, através do xilema, e não do floema. As deficiências de cálcio são bem raras para a maioria das plantas, exceto em solos muito ácidos. Ela se revela nos pontos de crescimento (meristemas), como brotos, folhas jovens,fru- tos e pontas de raiz (Figura 12.34). Quando o cálcio é deficiente, os níveis normalmente ino- fensivos de dutro~ metais podem se tornar tóxicos para as plantas. Esses efeitos tóxicos podem causar, nas árvores mais sensíveis de florestas, perdas de galhos e, por fim, levá-las à morte. Em solos muito ácidos, a deficiência de Ca é, muitas vezes, acompanhada pela toxicidade de AI ou Mn, 'e seus efeitos nas plantas são difíceis de identificar. -
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