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CURSO ON-LINE - D. CONSTITUCIONAL ATRFB PROFESSORES: VÍTOR CRUZ E RODRIGO DUARTE 1 Prof. Vítor Cruz e Rodrigo Duarte www.pontodosconcursos.com.br Aula 1 Olá Pessoal, tudo bem com vocês, preparados para darmos seguimento aos nossos estudos rumo à aprovação para Analista da Receita Federal do Brasil? Hoje começaremos um dos assuntos mais cobrados em concursos, Direitos Fundamentais, inclusive exigido na prova de Analista realizada ano passado, conforme vocês poderão verificar no decorrer da aula...Então, vamos nessa!! Direitos e Garantias Fundamentais- Parte 1 Mas qual a diferença entre direitos e garantias? Diz-se que direito é uma faculdade de agir, exercer, fazer ou deixar de fazer algo, uma liberdade positiva. As garantias não se referem às ações, mas sim às proteções que as pessoas possuem frente ao Estado ou mesmo frente às demais pessoas. Diz-se que as garantias são proteções para que se possa exercer um direito1. José Afonso da Silva faz o delineamento da diferença com uma frase exaustivamente usada pelas bancas de concurso: "Em suma (...) os direitos são bens e vantagens conferidos pela norma, enquanto as garantias são os meios destinados a fazer valer esses direitos, são instrumentos pelos quais se asseguram o exercício e o gozo daqueles bens e vantagens"2. 1. (CESPE/Analista Processual - MPU/2010) Considerando que os direitos sejam bens e vantagens prescritos no texto constitucional e as garantias sejam os instrumentos que asseguram o exercício de tais direitos, a garantia do contraditório e da ampla defesa ocorre nos processos judiciais de natureza criminal de forma exclusiva. Comentários: A consideração inicial da questão está correta: direitos são bens e vantagens prescritos no texto constitucional e as garantias são os instrumentos que asseguram o exercício de tais direitos, é isso que importa neste momento. A questão erra ao dizer que a garantia do contraditório e da ampla defesa ocorre nos processos judiciais de natureza criminal de forma exclusiva. Veremos que o contraditório e a ampla defesa (CF, art. 5º, LV) são garantias asseguradas em qualquer processo judicial ou administrativo. 1 CRUZ, Vítor. Vou Ter que Estudar Direito Constitucional! E Agora? São Paulo: Método. 2011. Pg. 30. 2 Silva, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo. São Paulo: Malheiros. pg. 412. CURSO ON-LINE - D. CONSTITUCIONAL ATRFB PROFESSORES: VÍTOR CRUZ E RODRIGO DUARTE 2 Prof. Vítor Cruz e Rodrigo Duarte www.pontodosconcursos.com.br Gabarito: Errado. 2. (CESPE/Contador-AGU/2010) Embora se saliente, nas garantias fundamentais, o caráter instrumental de proteção a direitos, tais garantias também são direitos, pois se revelam na faculdade dos cidadãos de exigir dos poderes públicos a proteção de outros direitos, ou no reconhecimento dos meios processuais adequados a essa finalidade. Comentários: É isso aí... Essa é uma questão doutrinária. Nos mostra o papel das garantias constitucionais: “exigir dos poderes públicos a proteção de outros direitos (... e) reconhecimento dos meios processuais adequados a essa finalidade”. Gabarito: Correto. Qual o campo de abrangência da expressão "Direitos e Garantias Fundamentais? A Constituição Federal de 1988 estabeleceu cinco espécies de direit- os e garantias fundamentais: • 1ª - direitos e deveres individuais e coletivos (CF, art. 5º); • 2ª - direitos sociais (CF, art. 6º ao 11); • 3ª - direitos de nacionalidade (CF, art. 12 e 13); • 4ª - direitos políticos (CF, art. 14 a 16); e • 5ª - direitos relativos à existência e funcionamento dos partidos políticos (CF, art. 17). Importante ainda é salientar que esses direitos e garantias não se constituem em uma relação fechada, exaustiva, mas em um rol exemplificativo, aberto para novas conquistas e reconhecimentos futuros. Art. 5º, § 2º - Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem outros decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte. Por este motivo a doutrina faz a seguinte classificação: Direitos Formalmente Fundamentais ��� São todos Direitos Fundamentais que se encontram arrolados do art. 5º ao art. 17 da Constituição. A Constituição expressamente estabeleceu tais direitos sob o título de “Direitos Fundamentais”. CURSO ON-LINE - D. CONSTITUCIONAL ATRFB PROFESSORES: VÍTOR CRUZ E RODRIGO DUARTE 3 Prof. Vítor Cruz e Rodrigo Duarte www.pontodosconcursos.com.br Direitos Materialmente Fundamentais ��� São os Direitos que, independentemente de onde estão elencados, possuem conteúdo de direito fundamental, protegendo os particulares contra o arbítrio do Estado. Exemplo: as limitações ao poder de tributar do art. 150 da Constituição. 3. (FCC/EPP-BA/2004) A classificação adotada pelo legislador constituinte de 1988 estabeleceu como espécies do gênero direitos fundamentais tão-somente os direitos: a) individuais e coletivos. b) individuais, coletivos e sociais. c) individuais, coletivos, sociais, de nacionalidade, políticos e relacionados à existência, organização e participação em partidos políticos. d) sociais, de nacionalidade, políticos e relacionados à existência, organização e participação em partidos políticos. e) individuais, sociais, de nacionalidade, políticos e relacionados à existência, organização e participação em partidos políticos. Comentários: A doutrina costuma dizer que os direitos fundamentais podem ser de 5 tipos: 1- Direitos e deveres individuais e coletivos; 2- Direitos Sociais; 3- Direitos da Nacionalidade; 4- Direitos Políticos; e 5- Direitos relativos à existência e funcionamento dos partidos políticos. A questão pegou estes tipos e desmembrou ainda mais. Se observarmos calmamente todas as assertivas, veremos que a correta então é a letra C, já que a letra E esqueceu dos direitos coletivos. Gabarito: Letra C. 4. (ESAF/ATRFB/2009) A Constituição Federal de 1988 não previu os direitos sociais como direitos fundamentais. Comentários: Temos na Constituição 5 espécies de direitos fundamentais: 1- Direitos e deveres individuais e coletivos; 2- Direitos Sociais; 3- Direitos da Nacionalidade; 4- Direitos Políticos; e 5- Direitos relativos à existência e funcionamento dos partidos políticos. Gabarito: Errado. 5. (ESAF/SEFAZ-CE/2007) A Constituição Federal de 1988 estabeleceu cinco espécies de direitos e garantias fundamentais: direitos e garantias individuais e coletivos; direitos sociais; direitos de CURSO ON-LINE - D. CONSTITUCIONAL ATRFB PROFESSORES: VÍTOR CRUZ E RODRIGO DUARTE 4 Prof. Vítor Cruz e Rodrigo Duarte www.pontodosconcursos.com.br nacionalidade; direitos políticos; e direitos relativos à existência e funcionamento dos partidos políticos. Comentários: A única observação é que a ESAF "escorregou" e colocou direitos e garantias individuais e coletivos, quando o certo seria direitos e deveres individuais e coletivos, o que não seria suficiente para anular a questão. Gabarito: Correto. 6. (ESAF/AFPS/2002) Todos os direitos previstos na Constituição, por causa da hierarquia dela no ordenamento jurídico, recebem o nome e o tratamento de direitos fundamentais. Comentários: Errado. Não são todos os direitos constitucionais que são fundamentais. Os direitos fundamentais são os direitos essenciais à condição humana positivados em uma Constituição. Na Constituição de 1988 temos cinco espécies de direitos e garantias fundamentais: direitos e deveres individuais e coletivos; direitos sociais; direitos de nacionalidade; direitos políticos; e direitos relativos à existência e funcionamento dos partidos políticos.7. (ESAF/Técnico ANEEL/2004) A Constituição enumera exaustivamente os direitos e garantias dos indivíduos, sendo inconstitucional o tratado que institua outros, não previstos pelo constituinte. Comentários: Segundo a Constituição em seu art. 5º § 2º, os direitos e garantias expressos na Constituição não excluem os outros que decorrerem do regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte. Gabarito: Errado. A doutrina costuma salientar que: embora "direitos humanos" e "direitos fundamentais" sejam termos comumente utilizados como sinônimos, a distinção ocorre pelo fato de que o termo "direitos humanos" é de aspecto universal, supranacional, enquanto "direitos fundamentais" são aqueles direitos do ser humano que foram efetivamente reconhecidos e positivados na Constituição de um determinado Estado. A doutrina também costuma elencar como características destes direitos: CURSO ON-LINE - D. CONSTITUCIONAL ATRFB PROFESSORES: VÍTOR CRUZ E RODRIGO DUARTE 5 Prof. Vítor Cruz e Rodrigo Duarte www.pontodosconcursos.com.br • historicidade e mutabilidade - São históricos porque que foram conquistados ao longo dos tempos. Esse caráter histórico também remete a uma idéia cíclica de nascimento, modificação e desaparecimento, o que nos impede de considerar tais direitos como imutáveis. • inalienabilidade - pois são intransferíveis e inegociáveis; • imprescritibilidade - podem ser invocados independentemente de lapso temporal, eles não prescrevem com o tempo; • irrenunciabilidade - podem até não estar sendo exercidos, mas não poderão ser renunciados; • universalidade - são aplicáveis a todos, sem distinção. • relatividade ou limitabilidade - Os direitos fundamentais não são absolutos, são relativos, pois existem limites ao seu exercício. Este limite pode ser de ordem constitucional (decretação de Estado de Sítio ou de Defesa) ou encontrar-se no dever de respeitar o direito da outra pessoa. • indivisibilidade, concorrência e complementaridade - Os direitos fundamentais formam um conjunto que deve ser garantido como um todo, e não de forma parcial. Um direito não excluiu o outro, eles são complementares, se somam, concorrendo para dotar o indivíduo da ampla proteção; • Interdependência - Pode ser empregada em dois sentidos: 1º - Em um primeiro momento levaria à noção de indivisibilidade, já que a garantia de um direito fundamental dependeria da garantia conjunta de outro direito fundamental (exemplo: não se pode querer garantir os direitos sociais, sem garantir os direitos econômicos); 2º - Em uma segunda acepção também é lembrada como a relação que deve existir entre as normas (sejam elas constitucionais ou infraconstitucionais) e os direitos fundamentais, de forma que as primeiras (normas constitucionais e infraconstitucionais) devem traçar os caminhos para que efetivamente se concretizem tais direitos. 8. (ESAF/Analista Tributários da Receita/ 2012) Os direitos fundamentais se revestem de caráter absoluto, não se admitindo, portanto, qualquer restrição. Comentários: Errado. Tais direitos são relativos, admitindo restrições quando em colisão em casos concretos. Gabarito: Errado. CURSO ON-LINE - D. CONSTITUCIONAL ATRFB PROFESSORES: VÍTOR CRUZ E RODRIGO DUARTE 6 Prof. Vítor Cruz e Rodrigo Duarte www.pontodosconcursos.com.br 9. (ESAF/PGFN/2007) Entre as características funcionais dos direitos fundamentais encontra-se a legitimidade que conferem à ordem constitucional e o seu caráter irrenunciável e absoluto, que converge para o sentido da imutabilidade. Comentários: Como vimos, os direitos fundamentais não são absolutos, são relativos, pois existem limites ao seu exercício. Este limite pode ser de ordem constitucional ou encontrar-se no dever de respeitar o direito da outra pessoa. Outro erro também é o da conversão para imutabilidade. Os direitos fundamentais são conquistas históricas, com o passar do tempo se faz necessário novas conquistas pois são novos os anseios da sociedade, assim, não podemos considerá-los como imutáveis. Gabarito: Errado. 10. (TRT 14/ TRT 14/2008 - Adaptada) A universalidade e a concorrência são características dos direitos fundamentais. Comentários: Exato. Eles são universais já que se aplicam a todos sem distinção e concorrentes na medida que se somam, concorrendo para a proteção da pessoa. Gabarito: Correto. 11. (VUNESP/-PGE-SP/2005 - Adaptada) A doutrina majoritária entende que os direitos fundamentais são absolutos, invioláveis e inalienáveis, mas renunciáveis e prescritíveis. Comentários: Como vimos, os direitos fundamentais não são absolutos, são relativos. Eles também não são renunciáveis, nem prescritíveis. Gabarito: Errado. 12. (MPT/Procurador do Trabalho/2004) As principais características dos direitos fundamentais do homem são a inalienabilidade, a imprescritibilidade e a irrenunciabilidade. Comentários: Isso aí. Gabarito: Correto. É importante salientar que estes direitos não se restringem a particulares, podendo, alguns, serem ga- CURSO ON-LINE - D. CONSTITUCIONAL ATRFB PROFESSORES: VÍTOR CRUZ E RODRIGO DUARTE 7 Prof. Vítor Cruz e Rodrigo Duarte www.pontodosconcursos.com.br rantidos também a pessoas jurídicas, até mesmo de direito público, como, por exemplo, o direito de propriedade. É importante que citemos ainda que a pessoa jurídica faz jus inclusive ao direito à honra, ou seja, à sua reputação, bom nome... Na jurisprudência do STJ - Súmula nº 227: “A pessoa jurídica pode sofrer dano moral”. 13. (ESAF/ATRFB/2009 - Adaptada) Pessoas jurídicas de direito público não podem ser titulares de direitos fundamentais. Comentários: Vários deles que são extensíveis às pessoas jurídicas, inclusive de direito público, como o direito ao sigilo bancário, sigilo fiscal, direito de propriedade, entre outros. Gabarito: Errado. 14. (ESAF/ PGDF/2007) Pessoas jurídicas de direito público podem ser titulares de direitos fundamentais. Comentários: Tem horas que os concursos são muito manjados né?! Essa banca fez pelo menos outras 5 questões idênticas a essa. Gabarito: Correto. 15. (ESAF/Técnico Receita Federal - TI/2006) A proteção da honra, prevista no texto constitucional brasileiro, que se materializa no direito a indenização por danos morais, aplica-se apenas à pessoa física, uma vez que a honra, como conjunto de qualidades que caracterizam a dignidade da pessoa, é qualidade humana. Comentários: Honra se refere ao bom nome, reputação e etc.. É assegurada às pessoas jurídicas. Gabarito: Errado. Historicamente, estes direitos se constituem em uma conquista de uma proteção do cidadão em face do poder autoritário do Estado (daí serem classificado como elementos limitativos da Constituição). Porém, atualmente, já se vislumbra o uso de tais direitos nas relações entre os próprios particulares, no CURSO ON-LINE - D. CONSTITUCIONAL ATRFB PROFESSORES: VÍTOR CRUZ E RODRIGO DUARTE 8 Prof. Vítor Cruz e Rodrigo Duarte www.pontodosconcursos.com.br que chamamos de eficácia horizontal dos direitos fundamentais. Desta forma, temos: Eficácia vertical Proteção do particular em face do Estado. Proteção do particular em face de outro Eficácia horizontal particular. 16. (CESPE/Analista - TRT 9ª/2007) Os direitos e garantias fundamentais não se aplicam às relações privadas, mas apenas às relações entre os brasileiros ou os estrangeiros residentes no país e o próprio Estado. Comentários: Está incorreto, pois atualmente se reconhece a eficácia horizontal dos direitos fundamentais. Gabarito: Errado. 17. (CESPE/AJEM-TJDFT/2008) A retirada de um dos sócios dedeterminada empresa, quando motivada pela vontade dos demais, deve ser precedida de ampla defesa, pois os direitos fundamentais não são aplicáveis apenas no âmbito das relações entre o indivíduo e o Estado, mas também nas relações privadas. Essa qualidade é denominada eficácia horizontal dos direitos fundamentais. Comentários: Isso aí. Ainda que no âmbito dos poderes privados, os direitos fundamentais devem ser respeitados. Gabarito: Correto. 18. (ESAF/ATRFB/2009) As violações a direitos fundamentais não ocorrem somente no âmbito das relações entre o cidadão e o Estado, mas igualmente nas relações travadas entre pessoas físicas e jurídicas de direito privado. Assim, os direitos fundamentais assegurados pela Constituição vinculam diretamente não apenas os poderes públicos, estando direcionados também à proteção dos particulares em face dos poderes privados. Comentários: Isso aí, é o que chamamos de eficácia horizontal dos direitos fundamentais. CURSO ON-LINE - D. CONSTITUCIONAL ATRFB PROFESSORES: VÍTOR CRUZ E RODRIGO DUARTE 9 Prof. Vítor Cruz e Rodrigo Duarte www.pontodosconcursos.com.br Correto. Os direitos e garantias individuais podem ser invocados de duas diferentes formas: Relação vertical = Particular X Estado (este tem posição preponderante em relação aos particulares, pois representa o interesse público); Relação horizontal = Particular X Particular. Gabarito: Correto. 19. (TRT 21/Juiz do Trabalho TRT 21ª/2010) As violações a direitos fundamentais não ocorrem somente no âmbito das relações entre o cidadão e o Estado, mas igualmente nas relações travadas entre pessoas físicas e jurídicas de direito privado (fenômeno conhecido como eficácia horizontal dos direitos fundamentais). Comentários: Exatamente. Gabarito: Correto. 20. (ESAF/PGFN/2007) Verificado que um direito fundamental traz consigo um dever de proteção por parte do Estado, fica também caracterizado que incumbe ao Judiciário especificar como esse direito será protegido. Comentários: Errado. O Judiciário só atua se provocado, o Poder Legislativo é que, em alguns casos, deverá regulamentar a norma através de leis. Gabarito: Errado. É comum que a doutrina classifique os direitos fundamentais em dimensões, principalmente em 1ª, 2ª e 3ª dimensões (antes o termo usado era gerações, mas atualmente o uso deste termo é repudiado pelo fato de induzir ao pensamento de que uma geração acabaria por substituir a outra - o que é incorreto - e, ainda, que os direitos foram conquistados exatamente na ordem exposta, o que não é exatamente verdade em muitos países). É importante que revisemos aqui um pouco da "evolução do Estado" para entendermos melhor a questão dos direitos fundamentais: "Junto com o constitucionalismo temos a evolução do conceito de Estado. Com a Revolução Francesa e pela Independência dos Estados Unidos temos o início do Estado Liberal, já que se asseguraram as liberdades individuais, que vieram a ser chamadas de "direitos de primeira geração". Segundo os conceitos do liberalismo, o homem é naturalmente livre, então, buscou-se limitar o poder de atuação dos Estados para dotar de maior força a autonomia privada e deixar o CURSO ON-LINE - D. CONSTITUCIONAL ATRFB PROFESSORES: VÍTOR CRUZ E RODRIGO DUARTE 10 Prof. Vítor Cruz e Rodrigo Duarte www.pontodosconcursos.com.br Estado apenas como força de harmonização e consecução dos direitos. Na Constituição mexicana de 1917 e na de Weimar (Alemanha) em 1919, que nascem logo após a 1ª Guerra Mundial, temos um estilo de Constituição que prega não mais os direitos individuais em sentido estrito, mas uma visão mais ampla, do indivíduo em sociedade. Não podemos associá-la, do ponto de vista histórico, ao conceito de “constituição liberal” expresso pela Revolução Francesa. Ela vai além do “Estado liberal”. A Constituição Mexicana de 1917 passa a trazer em seu texto mais do que simples liberdades (direitos de 1ª geração - liberdades individuais - direitos políticos e civis). Ela traz os direitos econômicos, culturais e sociais (direitos de segunda geração - relacionados à igualdade), surgindo então o conceito de “Estado Social”. Desta forma, possui como característica a mudança da concepçào de constituição sintética para uma constituição analítica, mais extensa, capaz de melhor conter os abusos da discricionariedade. Aumenta assim a intervenção do Estado na ordem econômica e social, dizendo-se que a democracia liberal-econômica passa a ser substituída pela democracia social. Esse estado social é superado com o fim da 2ª Guerra Mundial, temos então o surgimento do Estado Democrático de Direito marcado pelas iniciativas relacionadas à solidariedade e aos direitos coletivos". Grosso modo, podemos fazer uma correlação de que forma esses direitos foram surgindo e a fase pela qual o mundo passava. Vejamos: Fase Marco Mundial Dimensão dos direitos Direitos Marco no Brasil Estado Liberal Revolução Francesa e Independê ncia dos EUA 1ª Liberdade: Direitos civis e políticos Incipiente na CF/1824 e fortalecido na CF/1891 Estado Social Pós 1ª Guerra Mundial - Constituiçã o Mexicana (1917) e Weimar (1919). 2ª Igualdade: Direitos Sociais, Econômicos e Culturais. CF/1934 CURSO ON-LINE - D. CONSTITUCIONAL ATRFB PROFESSORES: VÍTOR CRUZ E RODRIGO DUARTE 11 Prof. Vítor Cruz e Rodrigo Duarte www.pontodosconcursos.com.br Estado Democrático Pós 2ª Guerra Mundial. 3ª Solidariedade (fraternidade): Direitos coletivos e difusos. CF/1988 Pulo do Gato: • As dimensões estão na ordem do lema da Re- volução Francesa: liberdade, igualdade, e fraternidade. • Os direitos Políticos são os de Primeira dimensão. • Os direitos Sociais, Econômicos e Culturais (SEC - Lembrese de "second") são os de segunda dimensão. • Os direitos de Terceira Geração, são os difusos, de Todos indistintamente, como por exemplo, o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado. A primeira dimensão dos direitos são as chamadas liberdades negativas, clássicas ou formais, pois foram as primeiras conquistas de libertação do povo em face do Estado. Eram protetoras. Eram formais pois via o homem como um ser genérico, abstrato, todos iguais, mas sem enxergar as verdadeiras diferenças materiais (econômica, cultural...) entre as pessoas. A segunda dimensão reflete a busca da igualdade material, é também o que se chama das liberdades positivas, pois pressupõem não só uma proteção individual em face do Estado, mas uma efetiva ação estatal para que se concretizassem a igualdade econômica, social e cultural. A terceira dimensão enxerga o homem em sociedade. Desta forma, se preocupa com os direitos coletivos (pertencentes a um grupo determinado de pessoas) e os direitos difusos (pertencentes a uma coletividade indeterminada). São exemplos destes direitos o direito à paz, ao meio ambiente equilibrado, ao progresso e desenvolvimento, o direito de propriedade ao patrimônio comum da humanidade, o direito de comunicação, entre outros. Nesta 3ª dimensão podemos incluir ainda o que se chama de "direitos republicanos". Estes seriam os direitos do cidadão pensando no patrimônio público comum (res publica - coisa pública). Assim, o cidadão age ativamente para defender as instituições da sociedade reprimindo danos ao meio ambiente, ao patrimônio histórico-cultural, praticas de corrupção, nepotismo, e imoralidades administrativas. O CURSO ON-LINE - D. CONSTITUCIONAL ATRFB PROFESSORES: VÍTOR CRUZ E RODRIGO DUARTE 12 Prof. Vítor Cruz e Rodrigo Duarte www.pontodosconcursos.com.br principal instrumento deste exercício é a ação popular que veremos à frente. 21. (ESAF/Analista Tributário da Receita /2012) Enquanto os direitos de primeira geração realçam o princípio da igualdade, os direitos de segunda geração acentuam o princípio da liberdade. Comentários: Errado. Os direitos de primeira dimensão compreendem as liberdades clássicas, negativas ou formais e não os direitos de igualdade. O item inverteu as características. Gabarito: Errado. 22. (FCC/Analista TRF 4ª/2010) São direitos fundamentais classificados como de segunda geração a) os direitos econômicos e culturais. b) os direitos de solidariedade e os direitos difusos. c) as liberdades públicas. d) os direitos e garantias individuais clássicos. e) o direito do consumidor e o direito ao meio ambiente equilibrado. Comentários: Olha o macete: Segunda dimensão é o "SECond" - sociais, econômicos e culturais. Gabarito: Letra A. 23. (FCC/ PGE-SP/2009 - Adaptada) Liberdade, Igualdade e Fraternidade, ideais da Revolução Francesa, podem ser relacionados, respectivamente, com os direitos humanos de primeira, segunda e terceira gerações. Comentários: É isso aí... Gabarito: Correto. 24. (CESPE/Analista - DPU/2010) Os direitos políticos são exemplos típicos de direitos de 3.ª geração Comentários: CURSO ON-LINE - D. CONSTITUCIONAL ATRFB PROFESSORES: VÍTOR CRUZ E RODRIGO DUARTE 13 Prof. Vítor Cruz e Rodrigo Duarte www.pontodosconcursos.com.br Os direitos Políticos são de Primeira geração ou dimensão, da mesma forma que os civis. Gabarito: Errado. 25. (ESAF/PGFN/2007) Apenas com o processo de redemocratização do país, implementado por meio da Constituição de 1946, é que tomou assento a ideologia do Estado do Bem-Estar Social, sob a influência da Constituição Alemã de Weimar, tendo sido a primeira vez que houve inserção de um título expressamente destinado à ordem econômica e social. Comentários: A questão estaria perfeita se dissesse 1934 em vez de 1946. Gabarito: Errada. 26. (MPT/Procurador do Trabalho/2005) Em face das assertivas abaixo, indique a alternativa CORRETA: I - no plano histórico, as primeiras Declarações de Direitos Humanos proclamaram a necessidade de um Estado de índole positivista, democrática e intervencionista, objetivando a garantia das liberdades fundamentais; II - o princípio da igualdade constitui o principal fundamento dos Direitos Humanos de primeira geração; III - o princípio da 'prevalência dos Direitos Humanos' foi previsto, de maneira explícita, pela Constituição brasileira de 1988, como fundamento para reger as relações internacionais da nossa República Federativa; IV - em face do sistema constitucional brasileiro, pode ser introduzido no ordenamento jurídico pátrio direitos ou garantias fundamentais, por força da adoção e vigência de um Tratado Internacional; a) as alternativas I e IV estão corretas; b) apenas a alternativa IV está correta; c) as alternativas I e II estão incorretas; d) apenas a alternativa II está incorreta; e) não respondida. Comentários: I - Errado. O estado não era intervencionista, isso só passou a ocorrer no pós primeira guerra. O Estado Liberal pregava apenas uma abstenção do Estado, respeitando as liberdades individuais. II - Errado. O principal fundamento era a "liberdade". CURSO ON-LINE - D. CONSTITUCIONAL ATRFB PROFESSORES: VÍTOR CRUZ E RODRIGO DUARTE 14 Prof. Vítor Cruz e Rodrigo Duarte www.pontodosconcursos.com.br III - Correto. IV - Correto. Isto está embasado no art. 5º §2º da Constituição. Gabarito: Letra C. DISPOSIÇÕES CONSTITUCIONAIS APLICÁVEIS AOS DIREITOS FUNDAMENTAIS EM GERAL: O art. 5º da Constituição nos traz 4 parágrafos com disposições aplicáveis aos direitos fundamentais. Sabemos, pelo §2º deste art. 5º, que os direitos e garantias expressos na Constituição não excluem outros decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte. Agora vamos estudar os outros 3 parágrafos: Sobre as normas dos direitos e garantias fundamentais: Art. 5º § 1º - As normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais têm aplicação imediata. Este dispositivo mostra a preocupação com a efetividade dos direitos e garantias fundamentais. O que ele quer dizer na verdade, Vítor? Quer dizer que "em regra" devemos aplicar imediatamente todos dos direitos e garantias, não ficando parados, sentados, dormindo, esperando que venha uma lei para regulamentá-los. Pode haver regulamentação legal? Sim, mas esta não é essencial para a sua efetividade quando for possível aplicar desde logo o direito. Isso não quer dizer que as normas ali sejam todas de eficácia plena. Na verdade, trata-se apenas um apelo para que se busque efetivamente aplicá-las e assim não sejam frustrados os anseios da sociedade. 27. (ESAF/Auditor Fiscal - SEFAZ-CE/2007) As normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais têm aplicação imediata e eficácia plena. Comentários: É errado dizer que possuem eficácia plena. Gabarito: Errado. CURSO ON-LINE - D. CONSTITUCIONAL ATRFB PROFESSORES: VÍTOR CRUZ E RODRIGO DUARTE 15 Prof. Vítor Cruz e Rodrigo Duarte www.pontodosconcursos.com.br 28. (ESAF/Gestor-SEFAZ-MG/2005) Como regra geral, os direitos fundamentais somente podem ser invocados em juízo depois de minudenciados pelo legislador ordinário. Comentários: A regra geral é que eles podem ser invocados imediatamente. Gabarito: Errado. 29. (TRT 21/ TRT 21ª/2010 - Adaptada) Apesar de não haver norma expressa na ordem jurídica brasileira, reconhece-se universalmente a aplicabilidade imediata dos direitos fundamentais. Comentários: Erra a questão devido à existência de norma expressa neste sentido. Gabarito: Errado. Tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos: § 3º Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes às emendas constitucionais. (Incluído pela EC 45/04) A EC 45/04 abriu a possibilidade de ampliar a relação dos direitos fundamentais de status constitucional através da aprovação de tratados internacionais pelo mesmo rito de emendas constitucionais. Vamos entender melhor isso: • A regra é que os tratados internacionais são equivalentes às leis ordinárias. • A exceção é essa acima - eles vão estar equiparados às Emendas Constitucionais caso cumpram estes requisitos acima, ou seja, versem sobre direitos humanos e o decreto legislativo relativo a ele seja aprovado pelo mesmo rito exigido para as emendas à Constituição. • Ainda que não aprovados pelo rito das Emendas, se versarem sobre direitos humanos, o STF entende que possuem “supralegalidade” podendo revogar leis anteriores e devendo ser observados pelas leis futuras. É assim, por exemplo, que vigora em nosso ordenamento o "Pacto de San Jose da Costa Rica" - status acima das leis e abaixo da Constituição. • Lembrando que (CF, art. 49, I e 84, VII) cabe ao Congresso Nacional – por meio de Decreto Legislativo – resolver definitivamente sobre tratados internacionais (seja sobre CURSO ON-LINE - D. CONSTITUCIONAL ATRFB PROFESSORES: VÍTOR CRUZ E RODRIGO DUARTE 16 Prof. Vítor Cruz e Rodrigo Duarte www.pontodosconcursos.com.br direitos humanos ou não), referendando-os e, após isso, estes passarão a integrar o ordenamento jurídico nacional entrando em vigor após a edição de um decreto presidencial. Esquematizando, u m tratado pode adquirir 3 status hierárquicos: 1- Regra: Status de lei ordinária. Caso seja um tratado que não verse sobre direitos humanos. 2- Exceção 1: Status Supralegal.Caso seja um tratado sobre direitos humanos não votado pelo rito de emendas constitucionais, mas pelo rito ordinário; 3- Exceção 2: Status constitucional. Caso seja um tratado sobre direitos humanos votado pelo rito de emendas constitucionais (3/5 dos votos, em 2 turnos de votação em cada Casa). Essa possibilidade só passou a existir com a EC 45/04. Mais observações: • Com base neste parágrafo, vigora com força de Emenda Constitucional o Decreto Legislativo nº 186/08 que ratificou o texto da convenção sobre os direitos das pessoas com deficiência e de seu protocolo facultativo, assinados em Nova Iorque, em 30 de março de 2007. • Não precisa necessariamente ser direito individual, perceba que a norma fala direitos humanos. • Segundo o STF, como os tratados internacionais são equiparados às leis ordinárias, não podem versar matéria sob reserva constitucional de lei complementar, pois em tal situação, a própria Carta Política subordina o tratamento legislativo de determinado tema ao exclusivo domínio normativo da Lei Complementar. 30. (ESAF/Procurador PGFN/2012) Sobre a relação entre direitos expressos na Constituição de 1988 e tratados internacionais, especialmente à luz da jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, é incorreto afirmar que: a) as normas de direitos humanos contidas em convenções internacionais pactuadas no âmbito da Organização das Nações Unidas, mesmo que a República Federativa do Brasil delas não seja parte, se incorporam ao direito pátrio de forma equivalente às emendas constitucionais. b) os direitos e garantias expressos na Constituição não excluem outros decorrentes dos tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte. CURSO ON-LINE - D. CONSTITUCIONAL ATRFB PROFESSORES: VÍTOR CRUZ E RODRIGO DUARTE 17 Prof. Vítor Cruz e Rodrigo Duarte www.pontodosconcursos.com.br c) da disposição contida no § 2o do art. 5o da Constituição não resulta que os direitos e garantias decorrentes dos tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte ostentem o nível hierárquico de norma constitucional. d) da disposição contida no § 3o do art. 5o da Constituição, decorrente da Emenda Constitucional n. 45 de 2004, resulta que as normas de direitos humanos contidas em convenções internacionais de que a República Federativa do Brasil seja parte, quando aprovadas pelo Congresso Nacional na forma ali disposta, sejam formalmente equivalentes àquelas decorrentes de emendas constitucionais. e) especialmente da disposição contida no § 2o do art. 5o da Constituição resulta que as normas de direitos humanos contidas em convenções internacionais de que a República Federativa do Brasil seja parte, mesmo quando não aprovadas pelo Congresso Nacional na forma disposta no § 3o do mesmo dispositivo, tenham status de normas jurídicas supralegais. Comentários: a) Errado, se o Brasil não fizer parte da convenção, não se incorporarão ao nosso direito. b) Correto. É o que diz o § 2º do Art. 5º da CF-88, vejamos: “Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem outros decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte”. c) Correto. Veja que a questão fala que não serão de nível hierárquico de norma constitucional. Para que tais direitos sejam elevados à status constitucional é necessário o quórum de aprovação de emenda à Constituição, aprovada em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros d) Correto, este é o teor do art. 5º, § 3º. e) Correto. Este é o entendimento atual do Supremo, que decidiu os tratados sobre direitos humanos, ainda que não aprovados pelo rito das emendas constitucionais, se versarem sobre direitos humanos, o atual entendimento da corte é que tais tratados teriam status de “supralegalidade”, podendo revogar leis anteriores e devendo ser observados pelas leis futuras. É assim, por exemplo, que vigora em nosso ordenamento o "Pacto de San Jose da Costa Rica" status acima das leis e abaixo da Constituição. Gabarito: Letra A. 31. (ESAF/TFC-CGU/2008) A respeito dos direitos e garantias fundamentais, é possível afirmar que os tratados e convenções sobre CURSO ON-LINE - D. CONSTITUCIONAL ATRFB PROFESSORES: VÍTOR CRUZ E RODRIGO DUARTE 18 Prof. Vítor Cruz e Rodrigo Duarte www.pontodosconcursos.com.br direitos humanos que forem aprovados, em cada casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes às (aos) a) emendas constitucionais. b) leis ordinárias. c) leis complementares. d) decretos legislativos. e) leis delegadas. Comentários: Como cumpriu os requisitos: Direitos Humanos + Rito de emenda, eles serão equivalentes às emendas constitucionais. Gabarito: Letra A. 32. (ESAF/ATA-MF/2009) Os tratados e convenções internacionais sobre direitos fundamentais que forem aprovados, no Congresso Nacional, serão equivalentes às emendas constitucionais. Comentários: Não basta que os tratados e convenções internacionais sejam aprovados no Congresso Nacional para serem equivalentes às emendas constitucionais. Eles serão equivalentes às emendas constitucionais somente se forem sobre direitos humanos e aprovados por 3/5 dos membros em 2 turnos, ou seja, com o mesmo procedimento exigido para a aprovação de uma emenda constitucional (CF, art. 5º §3º). Gabarito: Errado. 33. (ESAF/ATRFB/2009) Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em turno único, por três quintos dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes às emendas constitucionais. Comentários: Para que sejam equivalentes às emendas constitucionais, eles precisam de dois turnos, ou seja, o mesmo rito que se exige de uma emenda constitucional. (CF, art. 5°, § 3°) Gabarito: Errado. 34. (ESAF/ANA/2009) Relativo ao tratamento dado pela jurisprudência que atualmente prevalece no STF, ao interpretar a CURSO ON-LINE - D. CONSTITUCIONAL ATRFB PROFESSORES: VÍTOR CRUZ E RODRIGO DUARTE 19 Prof. Vítor Cruz e Rodrigo Duarte www.pontodosconcursos.com.br Constituição Federal, relativa aos tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos ratificados pelo Brasil: A legislação infraconstitucional anterior ou posterior ao ato de ratificação que com eles seja conflitante é inaplicável, tendo em vista o status normativo supralegal dos tratados internacionais sobre direitos humanos subscritos pelo Brasil. Comentários: Na jurisprudência do STF, o tratado sobre direitos humanos que não foi votado pelo rito de emenda constitucional possui status supralegal (superior às leis e inferior à Constituição), revogando as leis anteriores e devendo ser observado pelas leis futuras. Gabarito: Correto. 35. (ESAF/PFN/2004) O Pacto de San José, tratado que entrou em vigor no Brasil depois do advento da Constituição de 1988, revogou o dispositivo constitucional que admitia a prisão civil do depositário infiel. Comentários: Segundo o STF, os tratados internacionais, em regra, se equivalem à Lei Ordinária, não podendo alterar a Constituição, salvo se versarem sobre direitos humanos e forem votados pelo rito de uma EC ‘s conforme dispõe o art. 5º §3º. Perceba que a questão é de 2004. Em um julgado de 2008, o STF conferiu status de supralegalidade ao referido tratado (Pacto de San Jose), tal fato, porém, não modificaria a resposta dada a questão, já que o pacto não foi considerado como Emenda Constitucional. Gabarito: Errado. Tribunal Penal Internacional: § 4º O Brasil se submete à jurisdição de Tribunal Penal Internacionala cuja criação tenha manifestado adesão. (Incluído pela EC 45/04) Outra inovação da EC 45/04. Esse dispositivo tem sido cobrado apenas literalmente nos concursos, independente do nível. 36. (ESAF/AFRFB/2009) Nos termos da Constituição Federal de 1988, o Brasil se submete à jurisdição de Tribunal Constitucional Internacional a cuja criação tenha manifestado adesão. Comentários: CURSO ON-LINE - D. CONSTITUCIONAL ATRFB PROFESSORES: VÍTOR CRUZ E RODRIGO DUARTE 20 Prof. Vítor Cruz e Rodrigo Duarte www.pontodosconcursos.com.br A submissão é ao tribunal penal internacional a cuja criação tenha manifestado adesão, e não ao tribunal constitucional internacional (CF, art. 5º §4º). Gabarito: Errado. 37. (CESPE/Técnico-TJ-TJ/2008) A submissão do Brasil ao Tribunal Penal Internacional depende da regulamentação por meio de lei complementar. Comentários: Não há necessidade de lei complementar. Gabarito: Errado. Direitos e Deveres Individuais e Coletivos: Esses direitos estão presentes no art. 5º da Constituição Federal. A Constituição dá o nome de "Direitos e Deveres", porém, não há "deveres individuais" propriamente ditos expressos no texto, os deveres são, na verdade, o de respeitar o direito do outro. Também não há segregação expressa daqueles que seriam direitos individuais e os que seriam direitos coletivos. Os direitos individuais são uma cláusula pétrea de nossa Constituição (CF, art. 60 §4º) – isso quer dizer que não podem ser abolidos ou ter a sua eficácia reduzida por uma emenda constitucional. Eles são “de pedra”, permanentes, uma modificação poderá fortalecê-los, mas nunca enfraquecê-los. Sabemos que a relação não é exaustiva, pois por força do § 2º do art. 5º, não se excluem outros direitos decorrentes dos regimes e princípios adotados pela Constituição ou decorrentes de tratados internacionais em que o Brasil seja parte. Assim, existem diversos outros direitos individuais e coletivos também protegidos como cláusula pétrea, espalhados ao longo do texto constitucional, como, por exemplo, as limitações ao poder de tributar do art. 150. 38. (CESPE/Agente-Hemobrás/2008) Dos direitos fundamentais, apenas os direitos e garantias individuais podem ser considerados como cláusulas pétreas. Comentários: Não existe exata delimitação das cláusulas pétreas formadas pelos direitos e garantias fundamentais. Alguns autores defendem que os direitos sociais também seriam cláusulas pétreas, outros defendem CURSO ON-LINE - D. CONSTITUCIONAL ATRFB PROFESSORES: VÍTOR CRUZ E RODRIGO DUARTE 21 Prof. Vítor Cruz e Rodrigo Duarte www.pontodosconcursos.com.br que não. Nos afastando desta polêmica, a questão se resolve pelo fato de o voto direto, secreto, universal e periódico também ser um direito fundamental (CF, art. 14) e também ser uma cláusula pétrea, que segundo o art. 60 §4º, são: I - a forma federativa de Estado; II - o voto direto, secreto, universal e periódico; III - a separação dos Poderes; IV - os direitos e garantias individuais. Gabarito: Errado. 39. (CESPE/AJAA-STF/2008) Todos os direitos e garantias fundamentais previstos na CF foram inseridos no rol das cláusulas pétreas. Comentários: Dentre os direitos e garantias fundamentais, a CF só previu como cláusula pétrea os direitos e garantias individuais e o voto com as suas características de ser "direto, secreto, universal e periódico". Gabarito: Errado. Caput do art. 5º: Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: Doutrina: Segundo o prof. Manuel Gonçalves Ferreira Filho, o critério usado para classificar os direitos do art. 5º (direitos e deveres individuais e coletivos) foi o critério do objeto imediato do direito assegurado3. Isso quer dizer que eles foram divididos em 5 “objetos imediatos”: vida, liberdade, igualdade, segurança e propriedade. Assim, os diversos incisos presentes no art. 5º são usados para definir direitos e garantias que, não obstante tenham um fim traçado na norma, possuem como “objeto imediato” o alcance do direito à vida, da liberdade, da igualdade, da segurança ou da propriedade. Podemos assim agrupar cada um dos incisos de acordo com o seu objeto imediato. Ex.: 3 Manuel Gonçalves Ferreira Filho apud José Afonso da Silva, Curso de Direito Constitucional Positivo (33ª Ed.), pg. 194. CURSO ON-LINE - D. CONSTITUCIONAL ATRFB PROFESSORES: VÍTOR CRUZ E RODRIGO DUARTE 22 Prof. Vítor Cruz e Rodrigo Duarte www.pontodosconcursos.com.br Direitos cujo objeto imediato é a “liberdade” - Direito de locomoção (CF, art. 5º, XV e LXVIII), Liberdade de pensamento e religião (CF, art. 5º, IV, VI, VII, VIII, IX), liberdade de reunião (CF, art. 5º, XVI), etc. Jurisprudência: - Segundo o Supremo, as pesquisas com células-tronco embrionárias não violam o direito à vida ou o princípio da dignidade da pessoa humana4. - No mesmo julgado, que se referia proteção do direito à vida, e a constitucionalidade da lei de Biossegurança (Lei 11.105/2005), o STF entendeu que a Constituição Federal, quando se refere à “dignidade da pessoa humana” e à proteção dos direitos e garantias individuais não se estaria se referindo a todo e qualquer estágio da vida humana, mas da vida que já é própria de uma concreta pessoa, porque nativiva, e que a inviolabilidade de que trata o art. 5º diria respeito exclusivamente a um indivíduo já personalizado5. 40. (FCC/AJ-Arquivologia-TRT-19/2011) A Constituição Federal, ao classificar os direitos enunciados no artigo 5º, quando assegura a inviolabilidade do direito à vida, à dignidade, à liberdade, à segurança e à propriedade, adota o critério do a) perigo subjetivo do direito assegurado. b) objeto imediato do direito assegurado. c) alcance relativo do direito assegurado. d) plano mediato do direito assegurado. e) alcance subjetivo do direito assegurado. Comentário: O critério foi o do objeto imediato do direito assegurado. Eles foram divididos em 5 “objetos imediatos”: vida, liberdade, igualdade, segurança e propriedade. Assim, os diversos incisos presentes no art. 5º são usados para definir direitos e garantias que, não obstante tenham um fim traçado na norma, possuem como “objeto imediato” o alcance do direito à vida, da liberdade, da igualdade, da segurança ou da propriedade. Gabarito: Letra B. 4 ADI 3.510, Rel. Min. Carlos Britto, julgamento em 28 e 29-5-08, Plenário, Informativo 508 5 ADI 3.510, Rel. Min. Carlos Britto, julgamento em 28 e 29-5-08, Plenário, Informativo 508 CURSO ON-LINE - D. CONSTITUCIONAL ATRFB PROFESSORES: VÍTOR CRUZ E RODRIGO DUARTE 23 Prof. Vítor Cruz e Rodrigo Duarte www.pontodosconcursos.com.br Extensão da expressão “residentes País” do art. 5º: Embora a literalidade do caput expresse o termo “residente”, o STF promoveu uma mutação constitucional, ampliando o escopo desses direitos. O Supremo decidiu que deve ser entendido como todo estrangeiro que estiver em território brasileiro e sob as leis brasileiras, mesmo que em trânsito. Assim o estrangeiro em trânsito estará amparado pelos direitos individuais, e poderá inclusive fazer uso de “remédios constitucionais” como habeas corpus e mandado de segurança. Ressalva-se que o estrangeiro não poderá fazer uso de todos os direitos, pois alguns são privativos de brasileiros como, por exemplo, o uso da ação popular. Vale dizer que esta extensão não deve ser entendida como apenas aos direitosindividuais, mas todos os direitos fundamentais, na medida em que forem possíveis de serem aplicados. 41. (ESAF/AFC-CGU/2012) A Constituição assegura aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no país, em igualdade de condições, os direitos e garantias individuais tais como: a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, mas aos estrangeiros não se estende os direitos sociais destinados aos brasileiros. Comentários: Segundo o STF, o estrangeiro, que estiver sob as leis brasileiras, ainda que em mero trânsito pelo país, teria os mesmos direitos, garantias e deveres individuais que os brasileiros possuem, salvo aqueles direitos que a Constituição reserva somente a brasileiros, como o caso da impetração de ação popular, e esta extensão não deve ser entendida como apenas aos direitos individuais, mas todos os direitos fundamentais, na medida em que forem possíveis de serem aplicados. Assim, erra a questão ao dizer que os direitos sociais não podem ser aplicados aos estrangeiros. Gabarito: Errado. 42. (ESAF/Analista-SUSEP/2010) A Constituição Federal garante a inviolabilidade dos direitos à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, além de outros decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados ou dos tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte. Os direitos configurados nos incisos do art. 5 da Constituição não são, em verdade, CURSO ON-LINE - D. CONSTITUCIONAL ATRFB PROFESSORES: VÍTOR CRUZ E RODRIGO DUARTE 24 Prof. Vítor Cruz e Rodrigo Duarte www.pontodosconcursos.com.br concretização e desdobramento dos direitos genericamente previstos no caput. Comentários: O caput do art. 5º traz os 5 direitos individuais básicos: vida, liberdade, igualdade, segurança e propriedade. Estes direitos se desdobram em diversos outros ao longo dos diversos incisos do art. 5º. Por ex.: O direito à propriedade se desdobra no direito de propriedade industrial, direitos autorais, inviolabilidade de domicílio, não-desapropriação, salvo nos casos previstos no texto constitucional e etc. Gabarito: Errado. 43. (ESAF/ATRFB/2009) O direito fundamental à vida, por ser mais importante que os outros direitos fundamentais, tem caráter absoluto, não se admitindo qualquer restrição. Comentários: Não existem quaisquer direitos fundamentais absolutos, todos são relativos, inclusive o direito à vida. Não há também o que se falar em qualquer hierarquia entre eles. Não há hierarquia entre princípios constitucionais, nem entre quaisquer das normas constitucionais. Gabarito: Errado. 44. (ESAF/ATRFB/2009) Apesar de o art. 5°, caput, da Constituição Federal de 1988 fazer menção apenas aos brasileiros e aos estrangeiros residentes, pode-se afirmar que os estrangeiros não-residentes também podem invocar a proteção de direitos fundamentais. Comentários: Isso aí. Segundo o STF, o estrangeiro, que estiver sob as leis brasileiras, ainda que em mero trânsito pelo país, teria os mesmos direitos, garantias e deveres individuais que os brasileiros possuem, salvo aqueles direitos que a Constituição reserva somente a brasileiros, como o caso da impetração de ação popular. Gabarito: Correto. 45. (ESAF/Analista - SEFAZ-CE/2007) Os dispositivos relativos aos direitos e garantias individuais, por se constituírem cláusulas pétreas, não podem sofrer modificações que lhe alterem a substância. Mesmo status não foi conferido aos direitos sociais, que podem ser objeto de emenda à Constituição, tendente à sua abolição. CURSO ON-LINE - D. CONSTITUCIONAL ATRFB PROFESSORES: VÍTOR CRUZ E RODRIGO DUARTE 25 Prof. Vítor Cruz e Rodrigo Duarte www.pontodosconcursos.com.br Comentários: O erro foi dizer que "não podem sofrer modificações que lhe alterem a substância". A proteção dos direitos individuais como cláusulas pétreas protege apenas a abolição ou redução dos direitos. Nada impede porém que eles sejam ampliados ou fortalecidos. Gabarito: Errado. 46. (ESAF/Analista - SEFAZ-CE/2007) A Constituição Federal de 1988 garante apenas aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à propriedade. Nesse sentido, a autoridade policial poderá determinar o ingresso em imóvel de estrangeiro, que não resida do País, sem que sejam observadas as limitações constitucionais. Comentários: Está errado, pois o estrangeiro, embora não tenha residência fixa no país, está albergado pelos direitos fundamentais. Isso devido a mutação constitucional promovida pelo STF ampliando a abrangência do caput do art. 5º. Gabarito: Errado. Igualdade (ou Isonomia): Art. 5º, I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição; O caput também faz menção a este princípio, quando diz: todos são iguais perante a lei. Este princípio pode ser entendido como: “a lei não pode fazer distinção, deve tratar de forma igual os iguais e de forma desigual os desiguais na medida de suas desigualdades”. Desta forma, temos dois diferentes tipos de isonomia: Todos poderão igualmente buscar Isonomia formal os direitos expressos na lei. Isonomia material É a igualdade real, vai além da igualdade formal. A busca da igualdade material acontece quando são tratadas desigualmente as pessoas que estejam em situações desiguais. Geralmente usada para favorecer alguns grupos que estejam em CURSO ON-LINE - D. CONSTITUCIONAL ATRFB PROFESSORES: VÍTOR CRUZ E RODRIGO DUARTE 26 Prof. Vítor Cruz e Rodrigo Duarte www.pontodosconcursos.com.br posição de desvantagem. Obviamente ela só será válida se for pautada em um motivo lógico e justificável. Ex. Destinação de vagas especiais para deficientes físicos em concursos públicos. Discriminação Reversa - A isonomia material acaba gerando uma discussão sobre a chamada "discriminação reversa". Este tema foi muito debatido no caso de cotas raciais em faculdades públicas. A adoção do sistema de cotas iria, para alguns, gerar uma “discriminação reversa” na medida que uma ação estatal com objetivo de ajudar uma parcela da população a alcançar a isonomia material acabaria por gerar um preterimento de uma outra parcela, que seria, assim, prejudicada. A doutrina também costuma diferenciar outras duas formas de isonomia (ambas comportadas pela Constituição): Igualdade perante a lei Com a lei já elaborada, esta igualdade direciona o aplicador da lei para que a aplique sem fazer distinções (isonomia formal). Igualdade na lei É o princípio que direciona o legislador a não fazer distinções entre as pessoas no momento de se elaborar uma lei. 47. (Adaptação - ESAF/Procurador Bacen/2002 e CESPE/Juiz do Trabalho Substituto TRT 5ª/2006) Assinale a opção correta. a) A Constituição em vigor assegura o princípio da igualdade perante a lei e o da igualdade na lei, mas não adotou o princípio da igualdade real ou material. b) A adoção entre nós do princípio da igualdade na lei torna inconstitucional todo diploma normativo que institua caso de discriminação reversa. c) O princípio da igualdade é dirigido apenas ao aplicador da lei, não vinculando o legislador. d) Tratamento diferenciado instituído pelo legislador deve ter por base motivo que justifique lógica e racionalmente a existência de um vínculo entre o fator de discrímen e a desequiparação procedida. CURSO ON-LINE - D. CONSTITUCIONAL ATRFB PROFESSORES: VÍTOR CRUZ E RODRIGO DUARTE 27 Prof. Vítor Cruz e Rodrigo Duarte www.pontodosconcursos.com.br e) O princípio da isonomia deve ser considerado, em sua função de impedir discriminações e de extinguir privilégios, sob duplo aspecto: o da igualdade na lei e o da igualdade perante a lei. A igualdadeperante a lei opera em uma fase de generalidade puramente abstrata e a igualdade na lei, pressupõe a lei já elaborada e traduz imposição destinada aos demais poderes estatais, para que, na aplicação da norma legal, não a subordinem a critérios que ensejem tratamento seletivo ou discriminatório. Comentários: Letra A - Errado. A igualdade perante a lei, expressa na Constituição, comporta os dois sentidos: a igualdade perante a lei, propriamente dita (direcionando o aplicador) e a igualdade na lei (direcionando o legislador ao elaborar a norma). Também comporta igualmente a isonomia formal e a material (real), na medida que deve ser entendida como "tratar de forma igual os iguais e de forma desigual os desiguais na medida de suas desigualdades". Letra B - Errada. A discriminação reversa é uma consequência de alguns atos que tentam buscar a isonomia material. Não se pode falar que TODO ato que promova uma discriminação reversa será inconstitucional, depende da análise do caso concreto para saber se é justificável. Letra C - Errada. A igualdade em nosso ordenamento jurídico comporta os dois sentidos: a igualdade perante a lei (direcionando o aplicador) e a igualdade na lei (direcionando o legislador ao elaborar a norma). Letra D - Correta. Letra E - Errada. É o inverso, a igualdade na lei se dirige à elaboração, enquanto a igualdade perante a lei se dirige à aplicação. Gabarito: Letra D. 48. (ESAF/Técnico Receita Federal - TI/2006) A doutrina e a jurisprudência reconhecem que a igualdade de homens e mulheres em direitos e obrigações, prevista no texto constitucional brasileiro, é absoluta, não admitindo exceções destinadas a compensar juridicamente os desníveis materiais existentes ou atendimento de questões socioculturais. Comentários: No caso de busca de nivelamento de desigualdade (isonomia material), não há qualquer violação ao princípio. Gabarito: Errado. CURSO ON-LINE - D. CONSTITUCIONAL ATRFB PROFESSORES: VÍTOR CRUZ E RODRIGO DUARTE 28 Prof. Vítor Cruz e Rodrigo Duarte www.pontodosconcursos.com.br 49. (ESAF/Juiz Substituto TRT 7º/2005) A Constituição veda todo tratamento diferenciado entre brasileiros que tome como critério o sexo, a etnia ou a idade dos indivíduos. Comentários: Poderá ocorrer tratamento diferenciado para que se possa alcançar a chamada isonomia material, ou seja, tratar de forma desigual os desiguais para que possamos reduzir as desigualdades. Gabarito: Errado. Liberdade (legalidade na visão do cidadão): Art. 5º, II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei; Doutrinariamente, chama-se de "liberdade" (uma de suas faces) o princípio que está expresso no art. 5º, II, já que somente a lei (legítima) pode obrigar que alguém faça ou deixe de fazer algo contra sua vontade. Este princípio também é conhecido como a faceta da legalidade para o cidadão, isso porque a legalidade pode ser entendida de 2 formas: • Para o cidadão - O particular pode fazer tudo aquilo que a lei não proíba; • Para o administrador público - O administrador público só pode fazer aquilo que a lei autorize ou permita. Doutrina: Cabe-nos agora, expor uma outra discussão doutrinária relevante para concursos: a diferenciação dos termos "legalidade" e "reserva legal" (reserva de lei). Embora, não seja pacífico tal distinção, muitos juristas (inclusive o próprio STF6) consideram importante diferenciar tais institutos: 1- Reserva legal - É um termo mais específico. Ocorre quando a Constituição estabelece um comando, mas faz uma "reserva" para que uma lei (necessariamente uma lei formal - emanada pelo Poder Legislativo - ou então, uma lei delegada ou medida provisória) estabeleça algumas situações. Ex. Art. 5º, XIII – É livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer. Veja que a Constituição garantiu uma liberdade, porém, reservou à lei, e somente à lei (formal), a 6 HC 85.060, Rel. Min. Eros Grau, julgamento em 23-9-2008, Primeira Turma, DJE de 13-2-2009. CURSO ON-LINE - D. CONSTITUCIONAL ATRFB PROFESSORES: VÍTOR CRUZ E RODRIGO DUARTE 29 Prof. Vítor Cruz e Rodrigo Duarte www.pontodosconcursos.com.br possibilidade de estabelecer restrições à norma. Esta reserva feita à lei, pode ocorrer de duas formas: • Reserva legal absoluta - Quando será a própria lei que irá atender o mandamento. Ex. Os casos constitucionais que venham com as expressões "a lei estabelecerá", "a lei regulará", " a lei disporá"... veja que é a própria lei, diretamente, que atenderá o comando constitucional; • Reserva legal relativa - Quando não é a lei que irá, diretamente, atender ao comando constitucional, mas estabelecerá os limites, ou os termos, dentro dos quais um ato infralegal irá atuar. Ex. Os casos constitucionais que venham com as expressões "nos termos da lei", "na forma da lei", "nos limites estabelecidos pela lei"... veja que não será a lei que atenderá ao comando, porém, esta estará traçando os limites para tal. 2- Legalidade - É um termo mais genérico, também conhecido como "reserva da norma". Grosso modo, a legalidade (reserva de norma) pode ser atendida tanto com o uso de leis formais, quanto pelo uso de atos infralegais emanados nos limites da lei. Legalidade, então, seria simplesmente "andar dentro dos limites traçados pelo Legislador". Seja com o uso direto de uma lei, seja o uso de um ato, nos limites da lei, ambos conseguiriam perfeitamente cumprir o comando da "legalidade". Jurisprudência: Em julgado de 2008, o STF citou o fato de que a legalidade expressa no art. 5º, II da Constituição seria meramente uma "reserva de norma", ou seja, uma legalidade ampla e não uma reserva de lei (formal) em sentido estrito7. Assim, tal dispositivo poderia ser cumprido através de uma lei formal, e também por outros atos expressa ou implicitamente autorizados por ela. 50. (ESAF/Auditor - Receita Federal/2001) Segundo o princípio da legalidade, tanto os poderes públicos como os particulares somente podem fazer o que a lei os autoriza. Comentários: As visões são diferentes, o particular pode fazer tudo, desde que a lei não proíba. Já o poder público tem que andar nos trilhos do que a lei já permitiu ou autorizou. Gabarito: Errado. 7 7 HC 85.060, Rel. Min. Eros Grau, julgamento em 23-9-2008, Primeira Turma, DJE de 13-2- 2009. CURSO ON-LINE - D. CONSTITUCIONAL ATRFB PROFESSORES: VÍTOR CRUZ E RODRIGO DUARTE 30 Prof. Vítor Cruz e Rodrigo Duarte www.pontodosconcursos.com.br 51. (ESAF/Técnico - Receita Federal/2006) Com relação ao direito, a todos assegurado, de não ser obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa, senão em virtude de lei, o sentido do termo "lei" é restrito, não contemplando nenhuma outra espécie de ato normativo primário. Comentários: A questão citou no enunciado o teor do art. 5º, II da Constituição. Em julgado de 2008, o STF citou o fato de que a legalidade expressa neste art. 5º, II da Constituição seria meramente uma "reserva de norma", ou seja, uma legalidade ampla e não uma reserva de lei (formal) em sentido estrito8. Assim, tal dispositivo poderia ser cumprido através de uma lei formal, e também por outros atos expressa ou implicitamente autorizados por ela. Gabarito: Errado. 52. (ESAF/ANA/2009) Ninguém é obrigado a cumprir ordem ilegal, ou a ela se submeter, por isso que é dever de cidadania opor- se à ordem ilegal, ainda que emanada de autoridade judicial; caso contrário, nega-se o Estado de Direito. Comentários: Este é o pensamento do STF em cima do dispositivo Constitucionaldo art. 5º, II (ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei). Assim o Supremo decidiu: "Ninguém é obrigado a cumprir ordem ilegal, ou a ela se submeter, ainda que emanada de autoridade judicial. Mais: é dever de cidadania opor-se à ordem ilegal; caso contrário, nega-se o Estado de Direito." (HC 73.454, Rel. Min. Maurício Corrêa, julgamento em 22-4-96, 2ª Turma, DJ de 7-6-96) Gabarito: Correto. 53. (ESAF/AFT/2003) Aplicado o princípio da reserva legal a uma determinada matéria constante do texto constitucional, a sua regulamentação só poderá ser feita por meio de lei em sentido formal, não sendo possível discipliná-la por meio de medida provisória ou lei delegada. Comentários: A reserva legal é cumprida pela lei ou ato com força de lei, assim, observa-se a reserva legal pelo uso de lei formal - emanada pelo Poder Legislativo - ou então, lei delegada ou medida provisória. 8 8 HC 85.060, Rel. Min. Eros Grau, julgamento em 23-9-2008, Primeira Turma, DJE de 13-2- 2009. CURSO ON-LINE - D. CONSTITUCIONAL ATRFB PROFESSORES: VÍTOR CRUZ E RODRIGO DUARTE 31 Prof. Vítor Cruz e Rodrigo Duarte www.pontodosconcursos.com.br Gabarito: Errado. 54. (CESPE/Oficial de Inteligência- ABIN/2010) O preceito constitucional que estabelece que ninguém é obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei veicula a noção genérica do princípio da legalidade. Comentários: Trata-se da norma do art. 5º, II, que traz o chamado princípio da liberdade, ou o princípio da legalidade na visão do cidadão. Este princípio é conhecido como a faceta da legalidade para o cidadão porque a legalidade pode ser entendida de 2 formas: • Para o cidadão - O particular pode fazer tudo aquilo que a lei não proíba; • Para o administrador público - O administrador público só pode fazer aquilo que a lei autorize ou permita. Gabarito: Correto. Nas palavras do Supremo: ninguém é obrigado a cumprir ordem ilegal, ou a ela se submeter, ainda que emanada de autoridade judicial. É dever da cidadania opor-se à ordem ilegal; caso contrário, nega-se o Estado de Direito9. 55. (CESPE/AGU/2009) De acordo com o princípio da legalidade, apenas a lei decorrente da atuação exclusiva do Poder Legislativo pode originar comandos normativos prevendo comportamentos forçados, não havendo a possibilidade, para tanto, da participação normativa do Poder Executivo. Comentári- os: É admitido o uso de medidas provisórias (ato do Poder Executivo com força de lei), logo, está incorreta a questão. Gabarito: Errado. Desdobramento da dignidade da pessoa humana: Art. 5º, III - ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante; Súmula Vinculante nº 11 → Só é lícito o uso de algemas em casos de resistência e de fundado receio de fuga ou de perigo à integridade física própria ou alheia, por parte do preso ou de terceiros, justificada a excepcionalidade por escrito, sob pena de 9 HC 73.454, Rel. Min. Maurício Corrêa, julgamento em 22-4-96, 2ª Turma, DJ de 7-6-96 CURSO ON-LINE - D. CONSTITUCIONAL ATRFB PROFESSORES: VÍTOR CRUZ E RODRIGO DUARTE 32 Prof. Vítor Cruz e Rodrigo Duarte www.pontodosconcursos.com.br responsabilidade disciplinar, civil e penal do agente ou da autoridade e de nulidade da prisão ou do ato processual a que se refere, sem prejuízo da responsabilidade civil do Estado. 56. (ESAF/ANA/2009 - Adaptada) O uso de algemas só é lícito em casos de resistência e de fundado receio de fuga ou de perigo à integridade física própria ou alheia, por parte do preso ou de terceiros, justificada previamente a excepcionalidade por escrito. Comentários: Segundo a Súmula Vinculante de nº 11 (“Só é lícito o uso de algemas em casos de resistência e de fundado receio de fuga ou de perigo à integridade física própria ou alheia, por parte do preso ou de terceiros, justificada a excepcionalidade por escrito, sob pena de responsabilidade disciplinar, civil e penal do agente ou da autoridade e de nulidade da prisão ou do ato processual a que se refere, sem prejuízo da responsabilidade civil do Estado”) precisa haver justificação por escrito para que se possa usar algemas em uma prisão, porém, esta justificação, obviamente, não precisa ser prévia, podendo ocorrer em momento posterior. Gabarito: Errado. 57. (ESAF/Juiz Substituto TRT 7º/2005) O direito à incolumidade física expressa caso de direito fundamental absoluto. Comentários: Não existe direito fundamental absoluto, pois todos podem ser ponderados no caso concreto. Gabarito: Errado. Manifestação do pensamento: Art. 5º, IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato; Obviamente, a manifestação do pensamento não é absoluta, deve-se respeitar os outros princípios, como a intimidade, privacidade etc. Segundo o STF, não é possível a utilização da denúncia anônima como ato formal de instauração do procedimento investigatório, quando isoladamente consideradas, já que as peças futuras não poderiam, em regra, ser incorporadas formalmente ao processo. Nada impede, porém, que o Poder Público seja provocado pela delação anônima e, com isso, adote medidas informais para que se CURSO ON-LINE - D. CONSTITUCIONAL ATRFB PROFESSORES: VÍTOR CRUZ E RODRIGO DUARTE 33 Prof. Vítor Cruz e Rodrigo Duarte www.pontodosconcursos.com.br apure a possível ocorrência da ilicitude penal10. E ratifica:não serve à persecução criminal notícia de prática criminosa sem identificação da autoria, consideradas a vedação constitucional do anonimato e a necessidade de haver parâmetros próprios à responsabilidade, nos campos cível e penal, de quem a implemente11. 58. (ESAF/ Analista Tributário da Receita/2012) É livre a manifestação do pensamento, sendo permitido o anonimato. Comentários: O erro está em afirmar que é permitido o anonimato, pois nos termos do art. 5º, IV, é vedado o anonimato. Gabarito: Errado. 59. (ESAF/Advogado-IRB/2006) A liberdade de manifestação do pensamento, nos termos em que foi definida no texto constitucional, só sofre restrições em razão de eventual colisão com o direito à intimidade, vida privada, honra e imagem. Comentários:xx Está errado já que expressamente a Constituição (CF, art. 5º, IV) prevê outra limitação, quando veda o anonimato. Não podemos dizer o termo "só". Gabarito: Errado. Direito de resposta e inviolabilidade de honra, imagem e vida privada : Art. 5º, V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano material, moral ou à imagem; Pois é, vimos que todo mundo tem a liberdade de se manifestar... Obviamente essa liberdade não é absoluta e se abusar do direito, vem esse dispositivo aqui! O ofendido tem direitos de resposta, ainda podendo cumular uma forma tríplice de indenização pela ofensa: material, moral e imagem. Isso porque temos o seguinte dispositivo: Art. 5º, X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação; 10 Inq 1.957, Rel. Min.Carlos Velloso, voto do Min. Celso de Mello, julgamento em 11-5-05, Plenário, DJ de 11-11-05. 11 STF, o HC 84827 / TO , em 2007. CURSO ON-LINE - D. CONSTITUCIONAL ATRFB PROFESSORES: VÍTOR CRUZ E RODRIGO DUARTE 34 Prof. Vítor Cruz e Rodrigo Duarte www.pontodosconcursos.com.br Embora seja assegurado o direito de resposta, não se pode, nesta, violar a intimidade, a vida privada e a honra do agressor. Exemplo: A mulher nãopode vingar-se do namorado, que publicou fotos suas desrespeitosas na internet, fazendo o mesmo com as dele, alegando direito de resposta. É de se destacar que a intimidade e a vida privada são regidas “princípio da exclusividade”. Isso significa que cada pessoa deve ter garantido o seu direito ao acesso de seus dados e a sua vida particular de forma exclusiva, sem que tenha ingerências externas ou tenha essa sua exclusividade devassada. Diante disso, decorrem aqueles diversos sigilos: bancário, fiscal, telefônico... Intimidade e vida privada são conceitos de fácil visualização. Porém, é necessário que façamos aqui uma distinção dos conceitos de honra e imagem, para fins dessa proteção: • honra - aspecto interno, reputação do indivíduo, bom nome. • Imagem - aspecto externo, exposição de sua figura. Desta forma, vemos que honra e imagem são coisas dissociadas. No entendimento do STF, se alguém fizer uso indevido da imagem de alguém, a simples exposição desta imagem já gera o direito de indenizar, ainda que isso não tenha gerado nenhuma ofensa à sua reputação. Ainda nos cabe diferenciar a questão dos danos: Dano material - Quando existe ofensa, direta ou indireta (lucros cessantes), ao patrimônio das pessoas físicas ou jurídicas. Dano moral - Quando existe ofensa à algo interno, subjetivo. Conceito amplo que abrange ofensa à reputação de alguém, ou quando se refere ao fato de ter provocado violação ao lado emocional, psíquico, mental da pessoa. Dano à imagem - Segundo o art. 20 do Código Civil, são aqueles que denigrem, através da exposição indevida, não autorizada ou reprovável, a imagem das pessoas físicas, ou seja , a publicação de seus escritos, a transmissão de sua palavra, ou a utilização não autorizada de sua imagem, bem como, a utilização indevida do conjunto de elementos como marca, logotipo ou insígnia, entre outros, das pessoas jurídicas. Lembrando ainda que: STJ - súmula - 227 → a pessoa jurídica pode sofrer dano moral. Jurisprudência relevante: CURSO ON-LINE - D. CONSTITUCIONAL ATRFB PROFESSORES: VÍTOR CRUZ E RODRIGO DUARTE 35 Prof. Vítor Cruz e Rodrigo Duarte www.pontodosconcursos.com.br Segundo o STF: a divulgação dos vencimentos brutos de servidores, com seus respectivos nomes e matrículas funcionais, a ser realizada oficialmente – em portal de transparência -, constituiria interesse coletivo, sem implicar violação à intimidade e à segurança deles, não se podendo fazer divulgação de outros dados pessoais como endereço residencial, CPF e RG de cada um12. 60. (ESAF/EPPGG-MPOG/2009) São invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano material, moral ou à imagem decorrente de sua violação. Comentários: Exato. É o que preceitua o art. 5º, X da Constituição. São os direitos subjetivos que as pessoas possuem de proteção à sua privacidade, honra e imagem. Estes direitos além de garantirem seu próprio núcleo expresso na Constituição, ainda são o respaldo para outros como o direito ao sigilo bancário e fiscal. Gabarito: Correto. 61. (ESAF/Técnico ANEEL/2004) Pela ofensa à sua honra, a vítima pode receber indenização por dano moral, mas não por danos materiais. Comentários: A indenização por danos materiais também é assegurada (CF, art. 5º, X). Gabarito: Errado. 62. (ESAF/Juiz Substituto TRT 7º/2005) A publicação da fotografia de alguém, que causa constrangimento e aborrecimento, pode ensejar indenização por danos morais. Comentários: Não se pode invocar o exercício de um direito para prejudicar outro. Desta forma, no caso exposto não se poderia invocar a liberdade de manifestação ou de publicidade pois deveria respeitar a intimidade e vida privada da pessoa. Assim, poderia sujeitar o infrator à indenização por dano moral, material e imagem. Gabarito: Correto. 12 Informativo – 630 - SS 3902 Segundo AgR/SP, rel. Min. Ayres Britto, 9.6.2011. CURSO ON-LINE - D. CONSTITUCIONAL ATRFB PROFESSORES: VÍTOR CRUZ E RODRIGO DUARTE 36 Prof. Vítor Cruz e Rodrigo Duarte www.pontodosconcursos.com.br Sigilo bancário e fiscal: Segundo o STF, o art. 5º, X, que vimos anteriormente, também é o respaldo constitucional para o sigilo bancário e fiscal das pessoas. Pois a intimidade e a vida privada são regidas “princípio da exclusividade”. A pessoa deve ter o direito exclusivo ao acesso de seus dados e a sua vida particular. Estes sigilos só podem ser relativizados, com a devida fundamentação, por: • decisão judicial; • CPI - somente pelo voto da maioria da comissão e por decisão fundamentada, não pode estar apoiada em fatos genéricos; • Ministério Público - muito excepcionalmente. Somente quando estiver tratando de aplicação das verbas públicas devido ao princípio da publicidade. 63. (ESAF/ATRFB/2009) Comissão Parlamentar de Inquérito não pode decretar a quebra do sigilo fiscal, bancário e telefônico do investigado. Comentários: Ela pode sim, desde que por maioria absoluta e sem estar apoiada em fatos genéricos. Importante ressaltar que, conforme será visto, essa quebra de sigilo telefônico se refere somente aos dados telefônicos (para quem ligou, quando ligou, etc.). Não se trata de interceptação da conversa telefônica, isso só o juiz poderá ordenar. Gabarito: Errado. 64. (ESAF/ANA/2009) Em obediência ao princípio da publicidade, instituição financeira não pode invocar sigilo bancário para negar ao Ministério Público informações e documentos sobre nomes de beneficiários de empréstimos concedidos com recursos subsidiados pelo erário, em se tratando de requisição para instruir procedimento administrativo instaurado em defesa do patrimônio público. Comentários: Trata-se da hipótese excepcional, em que se admite quebra de sigilo pelo Ministério Público, segundo jurisprudência do STF. Esta hipótese excepcional só é admitida quando estiver se tratando de verbas públicas, devido o princípio da publicidade. Em regra, não poderá haver quebra do sigilo pelo ministério público, apenas por: • Decisão judicial; • CPI; CURSO ON-LINE - D. CONSTITUCIONAL ATRFB PROFESSORES: VÍTOR CRUZ E RODRIGO DUARTE 37 Prof. Vítor Cruz e Rodrigo Duarte www.pontodosconcursos.com.br Resposta: Correto. Liberdade de crença religiosa e filosófica O Brasil é um país laico, não possui uma religião oficial, embora proteja a liberdade de crença como uma das faces da não discriminação. Art. 5º, VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias; (Entenda-se por liturgias: celebrações, rituais...) Art. 5º, VII - é assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência religiosa nas entidades civis e militares de internação coletiva; 65. (ESAF/EPPGG-MPOG/2009) É inviolável a liberdade de consciência e de crença, assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida de forma absoluta a proteção aos locais de culto e a suas liturgias. Comentários: Nenhum direito fundamental é absoluto, pois, ao usufruir de um direito também deve-se respeitar outros como, por exemplo, a intimidade e a vida privada das pessoas. Assim, a liberdade de culto também não pode ser considerada absoluta, e tal garantia se fará apenas na forma da lei (CF, art. 5º, VI). Gabarito: Errado. 66. (ESAF/AFRFB/2009) Segundo a Constituição de 1988, é assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência religiosa nas entidades civis e militares de internação privada ou pública. Comentários: A assistência é assegurada nas