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PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO TRABALHO
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 07ª REGIÃO
1ª Vara do Trabalho de Maracanaú
RTSum 0003229-90.2016.5.07.0032
RECLAMANTE: HELENITA SANTOS BATISTA
RECLAMADO: INDUSTRIA E COMERCIO DE-MELS LTDA, KOKID INDUSTRIA E
COMERCIO DE CONFECCOES LTDA - EPP, BOANA JEANS INDUSTRIA E
COMERCIO DE CONFECCOES LTDA - ME - EPP, MARIA TORQUATO DE SOUSA -
ME
 
I - RELATÓRIO:
Dispensado o relatório, conforme artigo 852 - I da CLT.
 
II - FUNDAMENTAÇÃO:
PRELIMINAR
ILEGITIMIDADE PASSIVA
 Uma vez indicadas pelo autor como devedoras na relação jurídica de direito material, legitimadas estão
as reclamadas para figurarem no polo passivo da ação, ante a adoção pelo direito brasileiro da teoria da
asserção. Somente com o exame do mérito decidir-se-á pela configuração ou não da responsabilidade
postulada, não havendo de confundir relação jurídica material com relação jurídica processual, vez que
nesta a legitimidade deve ser apurada apenas de forma abstrata. Logo, indicadas as reclamadas como
responsáveis pelas verbas pleiteadas na petição inicial, regular sua legitimação passiva, o que autoriza
rejeitar a prefacial.
 
MÉRITO
 REVELIA
O não comparecimento da primeira reclamada à audiência em que deveria contestar a demanda, da qual
foi regularmente cientificada, implica revelia. A revelia é a situação processual pela qual o processo
apresenta sua tramitação regular, mesmo sem a presença do réu. O efeito principal da caracterização da
revelia é a presunção de veracidade dos fatos alegados pelo autor da ação, conforme se depreende da
redação do Código de Processo Civil, art. 319 e Consolidação das Leis do Trabalho, art. 844.
No caso dos autos, havendo pluralidade de réus, não há incidência dos efeitos da revelia, conforme o
artigo 345, I, do CPC.
Não há nos autos recibos de pagamento, conforme artigo 320 do Código Civil.
Ato contínuo, defiro os pedidos abaixo de:
salário atrasado R$ 917,40;
13º salário de 2016 R$ 917,40;
ID. eda8d0f - Pág. 1
Assinado eletronicamente. A Certificação Digital pertence a: TIAGO BRASIL PITA
https://pje.trt7.jus.br/segundograu/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?nd=17042413305480200000003026692
Número do processo: ROPS 0003229-90.2016.5.07.0032
Número do documento: 17042413305480200000003026692
Data de Juntada: 08/05/2017 14:56
Fls.: 229
aviso prévio, R$ 1.009,14;
saldo de salário de 7 dias R$ 214,06;
férias em dobro + 1/3, R$2.445,79
férias simples + 1/3 R$ 1.222,89;
férias proporcionais + 1/3 R$ 203,81;
FGTS + multa de 8% R$ 554,44;
FGTS não depositado, R$ 146,78;
Multa de 40% FGTS, R$ 857,22;
Multa do art. 477, R$917,14;
Multa do art. 467, R$4.703,17.
 
RESPONSABILIDADE
 O contrato de facção é muito empregado na indústria têxtil, tendo por objeto a execução de serviços de
acabamento pela contratada em peças a serem entregues à contratante. Essa modalidade contratual se
caracteriza pela entrega de peças em "estado bruto" pela contratante.
No caso dos autos, não existiu exclusividade na prestação de serviços pela contratada, conforme
depoimentos pessoais. Esse elemento, juntamente com a autonomia da empresa contratada e a
inexistência de exclusividade, demonstram que o contrato de facção não se inclui na situação de
terceirização de serviços descrita na Súmula 331 do TST. Portanto, não se configura, no caso, "locação de
mão-de-obra", mas sim autônoma prestação de serviços e fornecimento de bens por parte da primeira
reclamada.
 Também não vislumbrei fraude na relação comercial entre as reclamadas no intuito de fraudar direitos
trabalhistas, máxime quando a primeira reclamada tinha contrato de facção com diversas empresas. Nesse
sentido:
 "Contrato de facção. Responsabilidade subsidiária. Inexistência. O contrato de facção destina-se ao
fornecimento de produtos por um empresário a outro, a fim de que deles se utilize em sua atividade
econômica. O referido ajuste, ao contrário da terceirização a que alude a Súmula nº 331, IV, do TST, não
visa à obtenção da mão de obra imprescindível à realização de atividades-meio de uma das partes da
avença, mas tão somente da matéria-prima necessária à exploração do seu objeto social, motivo pelo qual,
aquele que adquire os bens em comento não pode ser responsabilizado subsidiariamente pelos créditos
trabalhistas devidos aos empregados de seu parceiro comercial. No caso dos autos, as reclamadas
firmaram contrato de prestação de serviços de confecção de calçados, por meio de contrato de facção, no
qual a segunda-reclamada repassava modelagem e amostras para serem confeccionadas pela
primeira-reclamada, sem exclusividade, e a fiscalização operada pela segunda-reclamada se dava com
vistas à observância da qualidade da produção, não se dirigindo diretamente aos empregados da linha de
produção. Portanto, tal atitude não configura, por si só, ingerência, sendo perfeitamente aceitável que a
empresa contratante tenha interesse no controle da qualidade dos produtos que seriam adquiridos. Assim,
constata-se que a reclamante se encontrava subordinada, exclusivamente, à primeira-reclamada.
Inaplicável ao caso dos autos o disposto na Súmula nº 331, IV, do TST, por inexistir terceirização de
serviços na hipótese. Recurso de revista conhecido e provido. (TST, 7ª Turma, RR -
240-22.2010.5.04.0383, Rel. Min. Luiz Philippe Vieira de Mello Filho, DEJT 23.05.2014)."
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Data de Juntada: 08/05/2017 14:56
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 Dessa forma, indefiro o pedido de responsabilidade subsidiária das segunda, terceira e quarta reclamadas.
GRATUIDADE DE JUSTIÇA
 Defere-se o requerimento de gratuidade de justiça à parte autora uma vez preenchidos os requisitos do
art. 790, § 3º da CLT, sendo certo que o TST já pacificou não haver necessidade de declaração de próprio
punho da parte quanto ao estado de miserabilidade e nem mesmo a concessão de poderes especiais a
procurador neste sentido, bastando a simples declaração como efetuado na peça inaugural, conforme
entendimento da OJ 331 da SDI-I.
 HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS
 Indevidos os honorários de advogado por não se encontrar a parte autora assistida pelo sindicato de
classe, nos termos da Lei 5.584/70 e como já pacificado pelas Súmulas 219 e 329 do TST.
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO
 Frise-se que eventuais embargos declaratórios que não visem sanar omissões, obscuridades e
contradições, mas apenas impugnar a decisão ou contestar os seus fundamentos ou suas apreciações de
prova, sequer, serão conhecidos e não terão o efeito de interromper o prazo para Recurso Ordinário, além
de o embargante ser qualificado como litigante de má-fé, nos termos do artigo 80, VII, do CPC, e ser
condenado a pagar multa e indenização, nos termos do artigo 81, do CPC.
 
III - DISPOSITIVO
 POSTO ISSO, decido rejeitar as preliminares de ilegitimidade passiva e no mérito julgar PROCEDENTE
EM PARTE a presente reclamação trabalhista para condenar a primeira reclamada a pagar à reclamante
os títulos acima deferidos:
salário atrasado R$ 917,40;
13º salário de 2016 R$ 917,40;
aviso prévio, R$ 1.009,14;
saldo de salário de 7 dias R$ 214,06;
férias em dobro + 1/3, R$2.445,79
férias simples + 1/3 R$ 1.222,89;
férias proporcionais + 1/3 R$ 203,81;
FGTS + multa de 8% R$ 554,44;
FGTS não depositado, R$ 146,78;
Multa de 40% FGTS, R$ 857,22;
Multa do art. 477, R$917,14;
Multa do art. 467, R$4.703,17.
 
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Decido ainda julgar a presente reclamação trabalhista improcedente em relação à segunda, terceira e
quarta reclamadas, conforme fundamentação supra que integra este decisum.
 O valor das verbas deferidas deverá ser apurado em liquidação de sentença, por simples cálculo,
observados os limites da fundamentação.
 Juros, conforme a Lei 8.177/91 e correção monetária na forma da Lei 8.177/91 (art. 39), sendo esta a
partir do mês subsequente ao da prestação dos serviços, de acordo com o entendimento da Súmula 381 do
TST.
 Natureza das verbas contempladas nesta decisão na forma do art. 28, § 9º da Lei 8.212/91, comprovando
a reclamada os recolhimentos previdenciários e fiscais (Lei 8.541/92 e Súmula 368 do TST), sob pena de
execução quanto aos primeiros e de ser comunicada à Receita Federal a falta destes, autorizados os
descontos legais das parcelas devidas pela autora.
 Custas pela primeira reclamada no importe de R$282,19, calculados sobre R$14.109,50, valor esse
fixado à condenação.
 
Maracanaú, 8 de Maio de 2017
TIAGO BRASIL PITA
Juiz do Trabalho Substituto
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Número do documento: 17042413305480200000003026692
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