Buscar

Conceitos de Especie

Prévia do material em texto

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO
INSTITUTO DE BIOCIÊNCIAS
 DISCIPLINA: “Fundamentos de Evolução, Sistemática e Biogeografia”
 
 
 
 
 Docente: Prof. Dr. Fernando Zagury Vaz de Mello
 Discente: Murilo Gomes Ribeiro; 201811505013 – 1º Semestre 
 
__________________________________
Cuiabá, 02 julho de 2018
Existe vários conceitos para que possamos definir uma espécie, a variedade de métodos se resulta pelo fato de cada um deles ter uma afinidade na identificação de um grupo de seres vivos, na qual seu estudo facilita a identificação de membro da espécie, porem sempre algum conceito possui alguma falha na análise de algum tipo de espécie, como podemos ver a seguir:
O conceito biológico de espécie mais aceito é o proposto por Mayr, que não se resume apenas em sua aparência ou suas características morfológicas, mas sim em sua capacidade de reprodução entre os membros de sua população, assim como isolamento reprodutivo em questão de outros indivíduos fora do grupo. Esse conceito possui algumas falhas, quando se trata de plantas ou seres vivos assexuados, pelo fato deles não precisarem de outro individuo para sua reprodução, acaba dificultando na identificação da espécie por esse método.
Conceito tipológico de espécies: O conceito tipológico leva em conta características físicas de seus indivíduos, sendo assim, para que seja possível definir um certo grupo de pássaros (por exemplo) teremos que analisar suas características (como: penas, tamanho, coloração, assas, bico e etc) para que possamos comparar com outros indivíduos e por fim separar em grupos (espécie). Este método como todos os outros possui algumas falhas na identificação de certos tipos de seres, pois se formos analisar, ao mesmo tempo que existe espécies diferentes com características semelhantes, existe indivíduos da mesma espécie com características diferentes. 
Temos como exemplo organismos extremamente semelhantes morfologicamente que, diferem em sua espécie, como o Sturnella neglecta e Sturnella magna, cotovias ocidentais e orientais semelhantes, porém com incapacidade reprodutiva entre as espécies.
Conceitos baseados em linhagem: Este conceito resumidamente, se inspira na linhagem evolutiva de uma espécie, afirma que toda espécie possui uma linhagem da qual se evoluiu separadamente de outras. 
Conceitos Filogenéticos: Conceito filogenético valida a ponta de uma filogenia, ou seja, para ser considerado uma espécie, a população deve ter passado por um período evolutivo suficiente, para que as características únicas tornassem visível. E estudado também, toda a filogenia ancestral do indivíduo, possibilitando a identificação da família, ordem, classe e etc. Esse é um conceito onde abrange espécie não só como indivíduo, mas também como um grupo, que faz parte de um subgrupo e assim por diante.
Conceitos ecológicos: Esse conceito se parece bastante com o conceito biológico, porém não leva em conta a capacidade reprodutiva, mas sim seu nicho ecológico junto a sua zona adaptativa, sendo assim, considera espécie a base de estudos comportamental, zona ou região em que o ser vive, alimentação e etc. Esse método possua algumas falhas, como em indivíduos anfíbios, que possuem parte da sua vida aquática, e parte terrestre, que pelo pensamento, um girino por exemplo, não poderia ser considerado da mesma espécie que um sapo, pois seu meio varia ao decorrer de sua vida.
Conceitos Morfológicos: Esse conceito também se parece com o tipológico, porem o estudo da morfologia vai além de características superficiais, indo a fundo com todo o sistema do indivíduo. Nesse modo a compatibilidade com espécies anfíbias ou espécies assexuadas é bem maior, pois não analisa apenas o meio geográfico, capacidade reprodutiva ou suas características superficiais, mas sim toda sua estrutura física. Para que possa ser classificado uma espécie pelo método morfológico, é descartado sua reprodução ou seu ambiente geográfico, não que isso não seja importante, mas, não são apenas esses métodos os mais importantes.
Podemos usar dois conceitos para falar sobre espécie abertamente, um deles é como classe. Quando falamos de espécie como classes, estamos abrangendo a taxonomia para inserir um conjunto de espécies maior, como uma classe ou ordem, uma maneira de estudo muito complexa, que possamos e devemos estudar toda sua linhagem evolutiva, até que se obtenha dados para tal organização. O Conceito de definição de espécie mais apropriado para que possamos estudar espécie como classe é por sua vez o conceito evolutivo, pois assim é possível analisar toda sua arvore genealógica, possibilitando a organização em gênero, família, ordem e por seguinte até o reino.
Quando falamos em espécie como individuo, resumimos o estudo apenas em um grupo, ou seja, deixamos de estudar toda sua linhagem evolutiva (não que isso não seja importante), para especializar apenas na identificação da espécie como um grupo, sendo assim, é analisado a morfologia de todos os indivíduos do grupo, para que seja possível a identificação dos indivíduos em apenas uma espécie. O conceito melhor apropriado para a identificação é o morfológico, que possibilita o agrupamento isolado de apenas espécie como espécie, deixando ordem, família e etc, como fatores de segunda importância.
Quando se fala de evolução, é possível falar sobre especiação, que resumidamente falando é o processo de evolução na qual da origem a uma ou mais novas espécies.
A especiação é dividida por dois tipos, sendo a Anagênese e a Cladogênese:
Anagênese: neste modo podemos visualizar a existência de uma espécie inicial, e apenas uma espécie no estágio final. Baseia-se na mutação de alguns indivíduos da espécie, que por sua vez acabam possuindo algumas características diferentes, e através de permutação, da continuidade a esses “novos” genes. Na proporção em que a população com gene alterado aumenta, a população antiga diminui, até que haja a inexistência da antiga população, dando origem a uma nova espécie tendo a antiga como ancestral. 
Cladogênese: neste modo podemos observar em seu estado final, o surgimento de novas espécies incluindo a original. Esse processo dá início a uma barreira geográfica, onde as duas populações são impossibilitadas de contato, com o passar de várias gerações uma delas (ou as duas), adquire características novas que as diferenciam, a ponto de impossibilitar o cruzamento entre as duas populações, dando assim, origem a uma nova espécie. Diferente da Anagênese, na parte final do processo, é possível observar a existência de várias espécies novas, e não apenas uma. 
Profundamente existe alguns processos de especiação com ou sem isolamento geográfico, porem existe quatro que são mais aceitos e conhecidos:
Especiação Alopátrica: Essa é a especiação mais comum, acontece inicialmente com o surgimento de uma barreira geográfica (No caso de ilhas, depressão de solo, surgimento de uma montanha e etc), onde os dois grupos da mesma espécie não terão contato uns com os outros, com o passar dos anos seus fundos genéticos sofrem algumas alterações naturais, ate que a diferença se torna tão grande, que resulta no isolamento reprodutivo. Se esse tempo não for suficiente para chegar no ponto de isolamento reprodutivo, e os grupos voltarem a ter contato, há o surgimento de uma espécie hibrida ou subespécie, em difusão com os dois grupos. 
Especiação Simpátrica: É o processo que ocorre sem barreira geográfica, por exemplo, moscas que depositam seus ovos em maçãs diferentes, dando seguimento a uma nova cultura, separadas pelas que botam seus ovos em maçãs vermelhas e outras em maçãs verdes, até que seu isolamento se torne reprodutivo. Esse é um processo muito questionado, pois o meio em que proporciona a divisão deveria ser muito forte a ponto da população se dividir por muito tempo até o surgimentos de duas “novas” espécies. 
Especiação Parapátrica: Esse processo não requer barreira geográfica,pois acontece com alguma alteração natural de alguma das partes em que a população se encontra, como exemplo, há uma população de erva em um campo, parte desse campo é contaminada com metais pesados, acontecerá uma seleção natural para as ervas que conseguem sobreviver com absorção de radiação, que em seguida terá diferenças em relação a parte não afetada, gerando futuramente isolamento reprodutivo entre as ervas atingidas e as intactas, dando origem a duas espécies diferentes.
Especiação Peripátrica: Esse processo se parece muito com a especiação alopátrica, pois inicialmente requer um isolamento geográfico para que não haja troca de genes, porem o que as diferencia é que na peripátrica há separação desproporcional, na qual se tornam dois grupos, um com grande população e outro com uma população reduzida.
Espécies em anel: Esse termo é usado para dar um nome especial para um conjunto populações da mesma espécie. Essa grande população se organiza em um espaço geograficamente em anel, onde entre eles possuem algumas características diferentes entre si, mas que de certa forma não são impedidos de se reproduzir, em exceção os indivíduos que estão nas “pontas” do anel. Isso ocorre pois, em ao decorrer da região, encontra-se indivíduos com pequenas características diferentes em relação aos outros, sendo assim quanto maior a distância percorrida , maior vai ser a variabilidade de características, os indivíduos que estão geograficamente perto, por mais que tenha características diferentes, conseguem se reproduzir normalmente, porém, quando distância é muito longa, as características são tão diferentes , que acabam impossibilitando a reprodução, levando ao pensamento de uma “nova” espécie. 
Referencias bibliográficas
ESTEVES, Bernardo. Proximidade de genes acelera especiação. Revista ciência hoje on-line. Deisponivel em: www.ciencia.org.br Acesso em: Maio, 2017
MEYER, Diogo; EL-HANI, Charbel Nino. Evolução: o sentido da biologia. São Paulo: Editora UNESP, 2005
ODUM, EugeneP. Ecologia. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan S.A, 1988
RAVEN,P.H.,RAY E.E EICHHORN S.E Biologia vegetal Rio de Janeiro, Guanabara Koogan 2001
RICKLEFS, Robert E. A economia da Natureza, 5 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan S.A, 2003
MACEDO, Thais. Processos de Especiação. Disponivel em: www.meuartigo.brasilescola.uol.com/biologia/o-processo-especiacao.html acesso em Junho de 2018 
GARCIA-PARIS, M; GOOD, DA.; PARRA-OLEA, G.; WAKE, D.B (2000). Biodiversity of Costa Rican salamanders: implications of high levels of genetic differentiation and phylogeographic structure for espécies formation. Proc. Natl. Acad. Sci. 97:1640-1647.
SIMPSON. Conceito de espécie – Portal São Francisco. Disponivel em www.portalsaofrancisco.com.br/biologia/conceito-de-especie Acesso em: Junho 2018
PAZZA. Rubens. Especie em anel - especiação ao vivo Disponivel em www.darwin.bio.br/?p=17 Acesso em Junho de 2018.
www.ib.usp.br/evosite/evo101/Va1BioSpeciesConcept.shtml Acesso em: Junho 2018
LEMOS. Laura; Especies. Disponivel em : www.bioglosa/wikispaces.com/especie Acesso em: 29 de Julho de 2018
APRILE, Mariana; Como funciona o sistema de classificação dos seres vivos Disponivel em: www.educacao.uol.com.br/disciplinas/biologia/taxonomia-como-funciona-o-sistema-de-classificacao-dos-seres-vivos.html Acesso em 30 de junho de 2018

Continue navegando