Buscar

TRF5 - 2013 - Ponto 1 - Direito Constitucional

Prévia do material em texto

DIREITO CONSTITUCIONAL
1º PONTO. Constituição. Conceito. Classificação. Elementos. Poder constituinte: originário e derivado. Hermenêutica constitucional. O constitucionalismo brasileiro. A ordem constitucional vigente. Emendas à Constituição. Disposições gerais e transitórias. República e federação no direito Constitucional em geral. Sistema brasileiro. Repartição de competências. União: bens e competência. Competência exclusiva, competência de normas gerais, competência comum e competência concorrente.
REVISADO POR ROSELI DE QUEIROS BATISTA RIBEIRO EM NOVEMBRO DE 2013.
Constituição. Conceito. Classificação. Elementos.
DIREITO CONSTITUCIONAL: “É a ciência encarregada de estudar a Teoria das Constituições e o ordenamento positivo dos Estados.” (BULOS, 2010 p. 56). Para Pinto Ferreira é a ciência positiva da constituição. Sempre a constituição será o centro. O direito constitucional é dividido pela doutrina em 03 grandes ramos:
DIREITO CONSTITUCIONAL POSITIVO – estuda uma determinada constituição;
Direito Constitucional Positivo ou Particular: é a disciplina que tem por objeto o estudo dos princípios e normas de uma Constituição concreta em vigor de um Estado determinado. Daí falar-se em Direito Constitucional brasileiro, direito constitucional francês, direito constitucional americano...
DIREITO CONSTITUCIONAL COMPARADO – estuda a comparação entre duas ou mais constituições;
Direito Constitucional Comparado: este é muito mais um método do que uma ciência ou disciplina propriamente dita. Seu objetivo é fazer comparações entre normas e princípios de várias Constituições. Estas confrontações podem utilizar como critério distintivo o aspecto temporal – e aí se compara a Constituição vigente com outras Constituições deste mesmo Estado que não estão mais em vigor) ou o aspecto espacial – quando se comparam Constituições de vários Estados entre si, não necessariamente vigentes).
DIREITO CONSTITUCIONAL GERAL – busca identificar os conceitos e noções gerais que estão em todas as constituições.
Direito Constitucional Geral: é a disciplina que traça uma série de princípios e conceitos que podem ser encontrados em várias Constituições, para classificá-los e sistematizá-los de modo unitário. Constituem objeto do direito constitucional geral: o próprio conceito de direito constitucional, seu objeto genérico, seu conteúdo, suas relações com outras disciplinas, suas fontes, a evolução do constitucionalismo, a teoria da constituição, a teoria do poder constituinte etc.
ELEMENTOS DA CONSTITUIÇÃO: Orgânicos – normas que regulam a estrutura do Estado e do Poder. 
Limitativos – limitam a ação dos poderes estatais e dão a tonica do Estado de Direito, consubstanciando o elenco dos direitos e garantias fundamentais.
Sócio-ideológicos – normas que revelam o caráter decompromisso das constituicaoes modernas entre o Estado individualista e o Estado Social
De estabilização constitucional – asseguar a solução de conflitos constitucionais
Formais de aplicabilidade – estatuem regras de aplicação das constituicaoes.
(NÃO ESTÁ EXPRESSO NO EDITAL, MAS ACHEI INTERESSANTE ABORDAR).
Constitucionalismo: 
O conceito de constitucionalismo está vinculado à noção e importância da constituição, na medida em que pretende realizar o ideal de liberdade humana com a criação de meios necessários para limitar e controlar o poder político, opondo-se, desde as origens, a governos arbitrários. Enfim, é o movimento político-constitucional que pregava a necessidade da elaboração de Constituições escritas que regulassem o fenômeno político e o exercício do poder, em benefício de um regime de liberdades públicas.
A origem do constitucionalismo remonta à antiguidade clássica. No povo hebreu se constata as primeiras manifestações deste movimento em busca de uma organização política da comunidade fundada na limitação do poder absoluto. Fundado no regime teocrático, o detentor do poder estava limitado pelas leis do Senhor, que submetia igualmente governantes e governados, sob uma concepção de constituição material.
Contudo, foi na idade média, em especial com a Carta Magna inglesa de 1215 que o constitucionalismo ganhou ares de modernidade, notadamente em razão de importantes documentos constitucionais, vg, petition of rigths, de 1628; habeas corpus act, de 1679; bill of rights, de 1689.
No século XVIII, ganhou reforço com as idéias iluministas que serviram de combustivel para as revoluções libertárias.
Podemos dividir as fases do constitucionalismo em três momentos: constituiconalismo antig, moderno e neoconstitucionalismo. 
O antigo se verifica da idade antiga (povo hebreu, grécia, Roma) até a Carta Magna de 1215. 
O moderno surge no século XVIII, com os ideiais libertários propagados pelo iluminismo, que visava estabelecer regimes constitucionais onde governos moderados teriam seus poderes limitados, por serem submetidos à constituição escrita. A grande marca do constitucionalismo moderno é a idéia de constituição escrita, cujo ápice ocorre com as constituições dos EUA, de 1787 e da França de 1791, cujas características marcantes são: organização do Estado e limitação do poder estatal por meio de uma declaração de direitos e garantias fundamentais. Os poderes são limitados e vinculados. Em razão disto, tem-se como pressuposto a rigidez constitucional, superioridade hierarquica da constituição, constituição como norma fundamental, sistema de responsabilização juriídica-política do poder que a desrespeitar e controle de constitucionalidade.
NEOCONSTITUCIONALISMO
Do século XVIII até meados do século XX o constitucionalismo moderno seguiu inquestionável entre nos até meados do XX, ocasiao em que se orginou na Europa um novo pensamento constitucional voltado a reconhecer a supremacia material e axiológica da constituição, cujo conteúdo, dotado de força normativa e expansiva, passou a condicionar a validade e compreensao de todo o Direito e estabelecer deveres de atuação para os órgaos de direção política. Surge o Estado Constitucional de Direito. 
Até a segunda guerra a teoria jurídica vivia sob o influência do estado legislativo de direito, onde a Lei e o princípio da legaldiade eram as únicas fontes de legitimação do Direito, na medida em que uma norma era válida nao por ser justa mas por haver sido posta por uma autoridade dotada de competência normativa.
A constituição passa a ser o centro de todo o sistema em face do reconhecimento da constituição como verdadeira norma jurídica, com força vinculante. Distingue-se vigência de validade, sendo válida a norma com conteúdo (fundo material) em conformidade com a constituição.
Outra caracterítica do neoconstitucionalismo é a incorporação explícita de valores (associados à promoção da dignidade humana e dos direitos fundamentais) e opções políticas gerais (v.g, redução das desigualdades sociais) e específicas (obrigação de atuação estatal na saúde e educação).
Teve início na Europa, com a constituição de Bonn de 1949 e no Brasil com a CF/88.
Expressão correlata: “constitucionalização do direito”.
(fonte: Dirley da Cunha Jr – Curso de D. Constitucional)
Pra quem tiver tempo, segue trecho extraído do Resumo do TRF1 2012:
Constitucionalismo: 
Walber Agra afirma que “o constitucionalismo significa que as condutas sociais devem ser determinadas por normas, e o ápice da escala normativa reside nas normas constitucionais.” A doutrina costuma reportar-se a, no mínimo, quatro significados do termo constitucionalismo, compreendidos como constitucionalismo antigo, da Idade Média, moderno e contemporâneo.
André Ramos Tavares (2006) sintetiza que “numa primeira acepção, emprega-se a referência ao movimento político-social com origens históricas bastante remotas, que pretende, em especial, limitar o poder arbitrário. Numa segunda acepção, é identificado com a imposição de que haja cartas constitucionais escritas. Tem-se utilizado, numa terceira acepçãopossível, para indicar os propósitos mais latentes e atuais da função e posição das constituições nas diversas sociedades. Numa vertente mais restrita, o constitucionalismo é reduzido à evolução histórico-constitucional de um determinado Estado”.
A primeira ideia de constitucionalismo está associada às pioneiras limitações ao poder do Estado. As raízes desse “movimento constitucional” � são encontradas entre os hebreus, para quem as leis dos homens estariam limitadas pelos comandos divinos. Os povos hebreus, juntamente com as cidades-estados gregas formam o denominado constitucionalismo antigo. 
A segunda vertente do constitucionalismo aparece na idade média, com o surgimento da Magna Carta do Rei João Sem-Terra, de 1215. Ainda que seja mais identificada como um Documento instituidor de privilégios, a Magna Carta de 1215 representou, sem dúvida, uma limitação do poder real, tendo importância histórica para a evolução do constitucionalismo.
Neste aspecto, Fábio Konder Comparato (2010), menciona que, mais de reconhecer que a soberania do monarca passava a ser substancialmente limitada por franquias ou privilégios estamentais, conferidos aos barões feudais, a Magna Carta “deixa implícito pela primeira vez, na história política medieval, que o rei achava-se naturalmente vinculado pelas próprias leis que edita”. O autor identifica esta primeira limitação institucional como o embrião da democracia moderna. Mas o constitucionalismo inglês não se restringiu à elaboração da Magna Carta do rei João da Inglaterra. Ao contrário, enfrentou diversas fases, entre as quais se destaca a Petition of Rights e o Bill of Rights.
Jorge Miranda (2003) separa a formação evolutiva do direito constitucional britânico desta época em duas fases, a saber, “a fase dos primórdios, iniciada em 1215 com a concessão da Magna Carta (pela primeira vez, porque diversas outras vezes viria a ser dada e retirada consoante fluxos e refluxos de supremacia do poder real) e a fase de transição, aberta em princípios do século XVII pela luta entre o Rei e o Parlamento e de que são momentos culminantes a Petição de Direito (Petition of Rights) de 1628, as revoluções de 1648 e 1688 e a Declaração de Direitos (Bill of Rights) de 1689”.
O marco do constitucionalismo moderno está ligado a dois grandes acontecimentos do Séc. XVIII, símbolos da limitação do poder estatal, a saber: Constituição norte-americana, de 1787, e Revolução Francesa de 1789, e na consequente elaboração da Constituição francesa de 1791.
André R. Tavares pontua que este novo modelo de constitucionalismo caracteriza-se “a) pela publicidade, permitindo amplo conhecimento da estrutura do poder e garantia de direitos; b) pela clareza, por ser um documento unificado, que afasta incertezas e dúvidas sobre os direitos e os limites do poder; c) pela segurança, justamente por proporcionar a clareza necessária à compreensão do poder.
O constitucionalismo moderno foi fortemente influenciado pelo iluminismo, movimento cultural surgido na Europa cujos expoentes, entre os quais se destacam Locke, Hobbes, Rousseau, Montesquieu, defendiam que as crenças religiosas e o misticismo, típicos da Idade Média, deveriam ceder espaço ao racionalismo. É a própria sociedade quem deve traçar seu rumo e decidir por quem e como deve ser governada, o que era inconciliável com a moral religiosa até então sedimentada.
Por sua vez, o constitucionalismo contemporâneo surgiu após o fim da 2ª Guerra Mundial, quando o mundo ocidental sentiu a necessidade de reformular o conceito de Constituição, de maneira a não mais admitir como legítima a ação estatal que fragilizasse a dignidade da pessoa humana e outros valores como a justiça e a paz social, ainda que supostamente amparada na lei. A ordem é que nenhum ordenamento jurídico, por mais democrático que se intitule, possa violar os direitos fundamentais, possa desrespeitar o postulado da dignidade humana, considerado valor universal pela Declaração dos Direitos de 1948.
Não é por outra razão que o prof. André R. Tavares insere o constitucionalismo atual no fenômeno mais amplo da globalização, no qual qualquer ameaça à paz mundial afetará o interesse de todas as nações
NEOCONSTITUCIONALISMO
Daniel Sarmento registra que este conceito foi formulado sobretudo na Espanha e na Itália, mas que tem repercutido na doutrina brasileira a partir da divulgação da obra Neoconstitucionalismo, organizada pelo mexicano Miguel Carbonell, em 2003. Seus adeptos buscam embasamento em Dworkin, Alexy, Peter Härbele, Gustavo Zagrebelsky, Ferrajoli e Carlos Santiago Nino, mesmo que nenhum deles tenha se definido como neoconstitucionalista.
O fenômeno ocorrido na Europa Ocidental do pós-guerra foi o panorama histórico que ensejou seu advento. Sarmento destaca que “A percepção de que as maiorias políticas podem perpetrar ou acumpliar-se com a barbárie, como ocorrera no nazismo alemão, levou as novas constituições a criarem ou fortalecerem a jurisdição constitucional. (...)” As constituições do pós-guerra são marcadas por elevado teor axiológico, caracterizadas, ainda, pela abertura e indeterminação semântica, importando em sua aplicação pelo Judiciário a partir de novas técnicas e estilos hermenêuticos.
	
Assim, muitos dizem que moral e direito têm uma conexão necessária, cujo significado último é: “norma terrivelmente injusta não tem validade jurídica, independentemente do que digam as fontes autorizadas do ordenamento”(frase de Gustav Radbruch, citada por Sarmento).
No Brasil, esse movimento só iniciou com a CF/88, eis que até então as constituições não eram vistas como autênticas normas. Neste contexto, os adeptos (Luís Roberto Barroso, Lênio Streck, Ana Paula de Barcellos etc.) e críticos (Dimitri, Humberto Ávila etc.) do neoconstitucionalismo apontam suas principais características como sendo: valorização dos princípios, adoção de métodos ou estilos mais abertos e flexíveis na hermenêutica jurídica, com destaque para a ponderação, abertura da argumentação jurídica à moral, reconhecimento e defesa da constitucionalização do Direito e do papel de destaque do Judiciário na Agenda de concretização dos valores constitucionais.
Sarmento aponta as principais críticas ao neoconstitucionalismo como sendo: (a) a de que seu pendor judicialista é antidemocrático; (b) a de que sua preferência por princípios e ponderação, em detrimento de regras de subsunção, é perigosa, sobretudo no Brasil, em função de singularidades de nossa cultura; e (c) a de que ele pode gerar uma panconstitucionalização do Direito, em detrimento da autonomia pública do cidadão e da autonomia privada do indivíduo.
O autor citado defende um neoconstituconalismo pensado como uma teoria constitucional que, sem descartar a importância das regras e da subsunção, abra espaço para os princípios e ponderação, tentando racionalizar o seu uso; seja visto como uma concepção que, sem desprezar o papel protagonista das instâncias democráticas na definição do Direito, reconheça e valorize a irradiação dos valores constitucionais pelo ordenamento, bem como a atuação firme do Judiciário para proteção e promoção dos direitos fundamentais e dos pressupostas da democracia; seja concebido como uma visão que conecte o Direito com exigências de justiça e moralidade crítica, sem enveredar pelas categorias metafísicas do jusnaturalismo.
O QUE É UMA CONSTITUIÇÃO? 
A palavra constituição, em sentido comum, está relacionada ao conjunto de elementos que constitui, constrói determinado objeto. Do ponto de vista jurídico, a constituição é o documento que estabelece e disciplina o conjunto de elementos essenciais ao Estado. Se o Estado vai ser constituído, será necessário tratar de seus elementos (humano – povo, físico – território e político – soberania ou governo; há doutrinadores que acrescentam um 4o. elemento que é a finalidade), que serão tratados pela CONSTITUIÇÃO.
O vocábulo constituição, em seu significado de ordenamento político do Estado, existe desdeos primórdios. Aristóteles distinguia as leis do Estado daquelas que estabeleciam os seus alicerces e fundamentos. Cícero e Maquiavel, igualmente, distinguiam entre normas fundamentais e demais normas.
Não resta dúvida de que o termo Constituição é resultado de uma evolução histórica. Não obstante, tal como concebida hoje, a Constituição provém do racionalismo do século XVIII. Documentos elaborados anteriormente, como a Magna Carta (1215), que alguns autores afirmam terem sido formas rudimentares de leis fundamentais, não podem ser consideradas como Constituições, eis que o poder ainda não havia sido unificado nas mãos do Estado e não se poderia falar em Estado do Direito, estruturado por leis vigentes para toda a população. (Walber de Moura Agra).
Há quem afirme que a Magna Carta de 1215 influenciou determinados aspectos da própria CF/88 (devido processo legal). Foi o primeiro instrumento de limitação do poder, ao colocar os elementos constitutivos do Estado.
A noção de LEIS FUNDAMENTAIS DO REINO surgiu na doutrina francesa, as quais seriam impostas ao próprio rei contra a suas fraquezas, protegendo-se, assim, a Coroa. Penetrou na Inglaterra, sendo usadas pelo monarca contra os parlamentares e pelos parlamentares contra os STUARTS. Essa doutrina é fonte da superioridade e intocabilidade concernentes ao poder, que se empresta às constituições escritas.
No séc. XVIII, surge o PENSAMENTO ILUMINISTA. Supremacia do indivíduo. Impera a não-intervenção do Estado (LAISSEZ-FAIRE). MONTESQUIEU (ESPÍRITO DAS LEIS, marcou a idéia de separação dos poderes). São marcos fundamentais do constitucionalismo: 1787 (Constituição dos Estados Unidos�) e 1789 (Revolução Francesa)�. Somente aqui começa a surgir a noção de constituição escrita. �
A doutrina aponta que Abade de Sieyès foi o formulador do conceito moderno de Constituição (através da publicação do livro “O que é o Terceiro Estado?”), posto que se deve a ele o deslocamento de eixo de legitimidade do poder político – antes calcado em bases teocráticas – para um substrato de legitimidade alicerçado na soberania da nação.
A partir do Séc. XIX, começou-se a desenvolver o que se chamou de CONCEITO IDEAL DE CONSTITUIÇÃO (CANOTILHO):
 Toda nação deveria ter uma constituição que deveriam ter 03 elementos:
 sistema de garantias da liberdade (implementado a partir da existência de direitos individuais e da participação popular no parlamento),
 princípio da separação dos poderes (Montesquieu) e
 forma escrita.
Esses elementos irradiaram por todo o mundo, com algumas variações: constituições não escritas, estados fundamentalistas. 
Já no Séc. XX, surgiu a idéia da RACIONALIZAÇÃO DO PODER, já não basta a previsão dos direitos fundamentais, é preciso garantir condições mínimas para que um poder democrático possa subsistir (crise econômica, minorias raciais em conflito, agitação extremista, ausência de tradição liberal e outros).
OBJETO DA CONSTITUIÇÃO: é a disciplina dos elementos constitutivos do Estado (meios de aquisição do poder, sistema de governo, forma de governo). Questão é saber se o objeto é DINÂMICO ou ESTÁTICO. É sempre dinâmico, porque a sociedade humana está sempre em evolução, sempre se modificando. 
CONCEPÇÕES CLÁSSICAS SOBRE O QUE É A CONSTITUIÇÃO: são 03:
CONCEPÇÃO SOCIOLÓGICA a elaboração deste conceito é de Ferdinand de Lassale, apresentado na obra “O que é uma Constituição?” (obs: não seria “A essência da Constituição?”), de 1862. Para este autor, a Constituição é, em essência, a soma dos fatores reais de poder que regem um determinado Estado. Neste sentido, a Constituição não é um mero produto da razão; algo inventado pelo homem, mas sim o resultado concreto do relacionamento entre as forças sociais. A Constituição escrita é uma mera “folha de papel” e só será boa e durável se seus preceitos coincidirem com os fatores reais de poder que regem a sociedade. – Características do enfoque sociológico: 1) a Constituição é vista mais como fato do que como norma, prioriza-se a perspectiva do ser e não a do dever-ser; 2) a Constituição não está sustentada numa normatividade superior transcendente (como seria o direito natural), está baseada nas práticas desenvolvidas na sociedade. (JOSÉ AFONSO DA SILVA, Aplicabilidade, p. 26).
CONCEPÇÃO POLÍTICA este conceito foi concebido por Carl Schmitt, para quem a Constituição significaria a decisão política fundamental. Para Schmitt, há diferença entre Constituição e lei constitucional. A Constituição resulta da manifestação de um poder constituinte que, por intermédio de uma decisão política fundamental, crie e organize o Estado. Assim, o conteúdo próprio da Constituição é simplesmente aquilo que diga respeito à estrutura básica do Estado, à sua conformação fundamental. A Constituição limitar-se-ia, portanto, a disciplinar a forma de Estado, a forma de governo, o Sistema de governo, o regime de governo, a organização e divisão dos poderes, o rol de direitos individuais. Segundo JOSÉ AFONSO DA SILVA, consitituiria decisão política fundamental na nossa Constituição, apenas os seguintes dispositivos: art. 1°> forma de Estado e forma de governo; art. 1°, § único> regime de governo; art. 2°> princípio da divisão, harmonia e independência dos poderes e base da organização do sistema presidencialista; art. 5°, 12 e 14> declaração dos direitos individuais; arts. 18 a 43 e 145 a 162> organização federal e distribuição de competências; art. 44 a 125> que tratam da organização de cada um dos 3 poderes. – As leis constitucionais, por sua vez, são todas aquelas normas inscritas na Constituição mas que não têm a natureza de decisão política fundamental. Estas normas só se tornam constitucionais em virtude do documento em que estão inseridas. A matéria de que tratam poderia muito bem ser relegada à legislação ordinária. EX. art. 242, § 2° da CF/88. Sobre Schmitt: JOSÉ AFONSO DA SILVA, Aplicabilidade, p. 26 a 29 e MICHEL TEMER, p. 18).
CONCEPÇÃO JURÍDICA� (KELSEN, no livro TEORIA PURA DO DIREITO�) – a constituição é norma pura é um dever ser, não há fundamento sociológico ou político, é pura norma. O kelsen dá 02 sentidos à palavra constituição: 
JURÍDICO-POSITIVO: direito positivo é norma escrita ou posta pelo homem (pirâmide das leis – princípio da compatibilidade vertical entre as normas inferiores e superiores). Quem escreveu muito sobre esse princípio foi o MAURICE HAURIOU. No topo da pirâmide, há uma norma suprema que impõe a compatibilidade para todas as inferiores, essa norma é a CONSTITUIÇÃO.
LÓGICO-JURÍDICO: a norma inferior encontra seu fundamento de validade na norma que lhe for superior. A constituição encontra o seu fundamento de validade, NÃO NO DIREITO POSTO, mas, no plano PRESSUPOSTO LÓGICO, tendo natureza jurídica, mas, em plano pressuposto, ou seja, a NORMA HIPOTÉTICA FUNDAMENTAL, que é a constituição no sentido lógico-jurídico.
CONCEPÇÕES MODERNAS: Além dessas 03 concepções clássicas, existem outras 03 concepções ou teorias, mais modernas:
TEORIA DA FORÇA NORMATIVA DA CONSTITUIÇÃO (KONRAD HESSE�, no livro a força normativa da constituição) – é uma resposta ao Lassele. A constituição escrita NÃO necessariamente será a parte mais fraca no embate, pode ser que a constituição escrita seja capaz de redesenhar a soma dos fatores reais de poder, ela pode modificar o conjunto de forças da sociedade, modificando a sociedade; não existe interpretação constitucional desvinculada dos problemas concretos.
CONSTITUCIONALIZAÇÃO SIMBÓLICA (MARCELO NEVES, no livro constitucionalização simbólica) – a utilização da norma constitucional como símbolo, o legislador constituinte quando elabora o texto, tinha a real intenção de concretizar o que escrevia ou a intenção era somente entregar um símbolo à sociedade. Será que a constituição é para ser efetiva ou é para ser um símbolo. Nas constituições ditatoriais, também existe rol de direitos fundamentais, que não ocorrem no mundo dos fatos.
CONSTITUIÇÃO ABERTA (PAULO BONAVIDES, CARLOSROBERTO CIRQUEIRA CASTRO) – o objeto da constituição é sempre dinâmico. A constituição deve ser o documento dinâmico que não será enclausurado em si mesmo. As necessidades sociais vão se espalhar por outros ramos, sob pena de ficar ultrapassada e ser condenada à morte. Está repleta de conceitos abertos: casa, meio ambiente ecologicamente equilibrado.
CLASSIFICAÇÃO DAS CONSTITUIÇÕES – a doutrina apresenta várias classificações distintas:
	CONTEÚDO
	MATERIAIS
	
	
	FORMAIS
	
	FORMA
	ESCRITAS ou DOGMÁTICAS
	Codificadas 
	
	
	Não codificadas
	
	NÃO-ESCRITAS, COSTUMEIRAS, CONSUETUDINÁRIAS ou HISTÓRICAS
	
	ORIGEM
	PROMULGADAS ou DEMOCRÁTICAS ou POPULARES
	
	
	OUTORGADAS ou IMPOSTAS
	
	
	CESARISTAS ou PLEBISCITÁRIAS
	
	
	PACTUADAS
	
	ESTABILIDADE
	RÍGIDAS
	
	
	FLEXÍVEIS
	
	
	SEMI-RÍGIDAS
	
	EXTENSÃO
	CONCISAS ou BREVES
	
	
	EXTENSAS ou LONGAS
	
	FINALIDADE
	CONSTITUIÇÕES-GARANTIA ou NEGATIVAS
	
	
	DIRIGENTES
	
	
	CONSTITUIÇÕES-BALANÇO
	
	CLASSIFICAÇÃO ONTOLÓGICA
KARL LOEWENSTEIN
	NORMATIVAS
	A Constituição se impõe sobre o poder político
	
	NOMINAIS
	O poder político se impõe sobre a Constituição
	
	SEMÂNTICAS
	Constituições são instrumentos a serviço dos detentores do poder político e não do povo.
QUANTO AO CONTEÚDO: pode ser
MATERIAIS – “são as normas constitucionais escritas ou costumeiras, inseridas ou não num documento escrito, que regulam a estrutura do Estado, a organização de seus órgãos e os direitos fundamentais” (JOSÉ AFONSO DA SILVA, Curso, p. 44). (Obs: as normas costumeiras não são fruto de uma decisão política fundamental, elas se formam ao longo do tempo).
FORMAIS – documento escrito, estabelecido de modo solene pelo poder constituinte originário e somente modificável por processos e formalidades especiais nela própria estabelecidos. Estabelece o peculiar modo de existir do Estado. (JOSÉ AFONSO DA SILVA, Curso, p. 45). As normas constitucionais, independentemente de seu conteúdo, possuem supremacia em relação à lei ordinária. EXEMPLOS CF/88:
Art. 208. § 3º - Compete ao Poder Público recensear os educandos no ensino fundamental, fazer-lhes a chamada e zelar, junto aos pais ou responsáveis, pela freqüência à escola.
Art. 242. § 2º - O Colégio Pedro II, localizado na cidade do Rio de Janeiro, será mantido na órbita federal.
QUANTO À FORMA: podem ser
ESCRITAS ou DOGMÁTICAS – fruto de um trabalho racional ou sistemático, aplicando-se racionalmente os dogmas da sociedade.
CODIFICADA – um único texto
NÃO-CODIFICADA (ESPARSA/LEGAL) – dois ou mais textos (Ex: Constituição da Suécia)
NÃO-ESCRITAS ou COSTUMEIRAS ou CONSUETUDINÁRIAS ou HISTÓRICAS – é o exemplo da Constituição Inglesa, que se baseia nos costumes e na jurisprudência, também pode ter texto escrito, especificamente no caso da constituição inglesa há texto escrito, tratam-se de textos históricos que se incorporam à constituição.
QUANTO À ORIGEM 
DEMOCRÁTICAS ou POPULARES ou PROMULGADAS – são as elaboradas por representantes do povo, ou seja, são fruto de uma assembléia constituinte que foi criada para isso. No Brasil, são: 1891, 1934, 1946 e 1988.
OUTORGADAS ou IMPOSTAS – impostas pela força, sem participação popular. No Brasil, são: 1824, 1937, 1967 (foi aprovada pelo Congresso, mas não houve ambiente para uma discussão política e soberana, além de que o congresso não foi eleito para fazer uma constituição, ou seja, não existia outorga do poder pelo povo para a elaboração de constituição) e 1969 (há discussão se se trata até mesmo de constituição).
PACTUADAS – quando o poder constituinte NÃO está na mão do seu titular o povo. Mas quando houver a divisão entre os dois (o povo e o poder constituinte), a constituição será pactuada.
CESARISTAS ou PLEBISCITÁRIAS – consulta popular depois que o texto esteja escrito, na verdade, é um referendo e não um plebiscito, que é anterior à tomada de decisão e à elaboração do texto.
QUANTO À ESTABILIDADE – a constituição deve ser capaz de se adequar às novas realidades sociais. A emenda é uma alteração formal que altera o texto da constituição. Quando ao processo de elaboração da emenda podem ser classificadas em:
RÍGIDAS – nessas constituições, os processos de elaboração da emendas são diferentes dos processos de elaboração da lei. Na CF, dois turnos. São pilares do direito constitucional: SUPREMACIA CONSTITUCIONAL, RIGIDEZ, CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE, somente se pode falar em controle se há supremacia e rididez.
Da Emenda à Constituição
Art. 60. A Constituição poderá ser emendada mediante proposta:
I - de um terço, no mínimo, dos membros da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal;
II - do Presidente da República;
III - de mais da metade das Assembléias Legislativas das unidades da Federação, manifestando-se, cada uma delas, pela maioria relativa de seus membros.
§ 1º - A Constituição não poderá ser emendada na vigência de intervenção federal, de estado de defesa ou de estado de sítio.
§ 2º - A proposta será discutida e votada em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, considerando-se aprovada se obtiver, em ambos, três quintos dos votos dos respectivos membros.
§ 3º - A emenda à Constituição será promulgada pelas Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, com o respectivo número de ordem.
§ 4º - Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir:
I - a forma federativa de Estado;
II - o voto direto, secreto, universal e periódico;
III - a separação dos Poderes;
IV - os direitos e garantias individuais.
§ 5º - A matéria constante de proposta de emenda rejeitada ou havida por prejudicada não pode ser objeto de nova proposta na mesma sessão legislativa.
FLEXÍVEIS – a lei ordinária tem a mesma natureza jurídica de emenda constitucional, não há divergência entre os procedimentos de uma e outra.
SEMI-RÍGIDAS – parte é rígida e parte é flexível. EXEMPLO: Constituição do Império (1824). 
CONSTITUICÃO POLITICA DO IMPERIO DO BRAZIL (DE 25 DE MARÇO DE 1824) EM NOME DA SANTISSIMA TRINDADE.
Art. 178. É SÓ CONSTITUCIONAL o que diz respeito aos limites, e attribuições respectivas dos Poderes Politicos, e aos Direitos Politicos, e individuaes dos Cidadãos. Tudo, o que não é Constitucional, PÓDE SER ALTERADO SEM AS FORMALIDADES REFERIDAS, pelas Legislaturas ordinarias.
OBSERVAÇÃO: Constituição escrita não significa Constituição rígida. Pode haver Constituições escritas e ao mesmo tempo flexíveis. Constituição histórica não significa Constituição flexível. Em verdade, as Constituições históricas geralmente são rígidas.
QUANTO À EXTENSÃO
CONCISAS ou BREVES ou CURTAS ou SINTÉTICAS: prevêem somente princípios e normas gerais, não vão se preocupar em definir todos os efeitos. São típicas do estado liberal.
LONGA ou ANALÍTICA ou PROLIXA: a extensão é bastante ampla. São típicas do estado de bem estar social
QUANTO À FINALIDADE
NEGATIVAS ou GARANTIA: equivalem às concisas.
DIRIGENTES ou PROGRAMÁTICAS: estabelecem programas e definem os limites e a extensão de seus direitos, equivalem às constituições longas. Principal teórico é o CANOTILHO, no livro constituição dirigente e vinculação do legislador, mas o próprio Canotilho fez um novo prefácio, afirmando que a constituição dirigente MORREU. Porque na realidade contemporânea, há outros mecanismos que são responsáveis pela programação da sociedade, a CF não é mais o único instrumento, no livro, CANOTILHO e a constituição dirigente. Existe o direito internacional e a constituição da comunidade européia.
CONSTITUIÇÕES BALANÇO: preocupam-se em somente refletir a situação presente, sem preocupação com o futuro. EXEMPLO: constituições soviéticas antes da queda do muro de Berlim. De conotação socialista, oriunda principalmente da ex-União Soviética, representam um estágio no desenvolvimento das forças produtivas, porque são essas forças econômicas que moldamo arcabouço jurídico. Inspirada na teoria dos “fatores reais de poder”, de Lassale, ela deve registrar a organização estabelecida em determinado momento histórico. Com a evolução das forças econômicas deve haver uma alteração na estrutura jurídica, de modo que a Constituição seja reflexo da infraestrutura econômica. (AGRA).
Existe ainda a CLASSIFICAÇÃO ONTOLÓGICA, que foi feita pelo KARL LOEWENSTEIN. Ele vai cotejar a constituição com o processo político:
NORMATIVAS – o processo político da sociedade se ajusta à constituição, ou seja, a constituição que se impõe ao processo político. São aquelas em que o processo de poder está de tal forma disciplinado que as relações políticas e os agentes do poder subordinam-se às determinações do seu conteúdo e do seu controle procedimental;
NOMINAIS OU NOMINALISTAS – tem nome de constituição, mas cede ao processo político, ela se amolda a ele. As Constituições nominalistas contêm disposições de limitação e controle de dominação política, sem ressonância na sistemática de processo real de poder, com insuficiente concretização constitucional;
SEMÂNTICA – serve aos interesses dos detentores do poder político e não ao povo. São simples reflexos da realidade política, servindo como mero instrumento dos donos do poder e das elites políticas, sem limitação do seu conteúdo. 
OUTRAS CLASSIFICAÇÕES 
Constituição expansiva – sinônimo de Constituição analítica.
Constituição contratual ou pactual – resultado da aliança entre o rei e o Poder Legislativo.
Constituição semântica – é aquela que só serve para legitimar os interesses da classe dominante, sem que seus fundamentos tenham eficácia.
Constituição garantia – seu objetivo é de assegurar a liberdade, limitando para isso o poder estatal através da separação de poderes.
Constituição legal – é a que se apresenta esparsa ou fragmentada em vários textos.
Constituição total – refere-se àquela que engloba os vários tipos de perspectivas constitucionais, como o político, o sociológico, o normativo. É a visão da lei maior em sua integralidade.
Constituição oral - é a que não está sedimentada em um determinado texto escrito. Cretella Júnior cita o exemplo da Islândia do séc. IX.
Constituição compromissória – é a que se originou de um compromisso constitucional, fruto de uma ampla composição entre as várias classes sociais. 
OBSERVAÇÃO: Classificação da Constituição Federal de 1988: formal, escrita, dogmática, promulgada, rígida e analítica.
Poder constituinte: originário e derivado.
É o poder que cria a norma constitucional, tornando-a exigível, cria e põe em vigor a norma constitucional (Estrutura do Estado, Divisão dos Poderes e outros). Visa a criar a Constituição, a estabelecer a estrutura do Estado. Ele se manifesta em momentos de crise (não necessariamente violenta), porque instaura uma Nova Ordem Constitucional (crises jurídica, econômica, social e política).
O Poder Constituinte legitima a estrutura do Poder. Inicialmente, Sieyes pensava no Poder Constituinte tendo como titular a nação, o que foi depois evoluído para povo. 
A Teoria do Poder Constituinte é algo distinto do Poder Constituinte, ela veio explicar o surgimento do Poder Constituinte. 
1 TEORIA DO PODER CONSTITUINTE
 SHAPE ���
O marco foi a Teoria de SIEYES, com o livro “O que é o Terceiro Estado” (A Constituinte Burguesa). A manifestação deve ser feita pelos representantes do Povo, materialização do Poder, no conceito de representatividade. Exercício da soberania popular. Distinguiu:
Poder Constituinte (poder de elaborar a estrutura do Estado e dividir os Poderes) do 
Poder Constituído (Poderes reconhecidos pela constituição são: o Legislativo, Executivo e Judiciário). 
Desde o primórdio da organização das sociedades humanas, já há algo cunhado como constituição, sendo identificado o poder constituinte. A existência do poder constituinte não coincide com o marco histórico de seu surgimento. A Revolução Francesa (fev 1789) é o marco do surgimento do poder constituinte, com a obra de SIEYÈS. Nesta obra, pela primeira vez, alguém racionalmente tratou do poder constituinte. 
No séc. XVIII, a França vivia uma enorme crise política, econômica, social e orçamentária. Foram convocados os ESTADOS-GERAIS. 
ESTADOS-GERAIS eram a assembleia consultiva do rei. Foram criados por Felipe IV (o Belo) em 1303. Eram formados por 03 classes que compunham a sociedade burguesa: 
o primeiro estado (clero); 
o segundo estado (nobreza) e 
o terceiro estado (comuns, posteriormente, chamados de burguesia). 
Os Estados tinham a seguinte forma de deliberação: cada Estado tinha um voto, em todas as questões os votos eram mantidos unidos entre a nobreza e o clero, e a burguesia que pagava a conta sempre perdia. Assim, quando Luis XVI convoca os estados-gerais, o abade propõe que a representação em cada Estado seja proporcional à quantidade de franceses que representavam. Desta forma, ao terceiro estado caberia a maior representatividade. Ele propõe ainda que o voto fosse por cabeça e não por estado, assim, cada integrante teria um voto e não o estado todo somente com um voto exclusivo. O objetivo era acabar com os privilégios tributários da nobreza e do clero.
Para justificar essa mudança, ele afirmava que o Estado está submetido a certas regras, entretanto, a nação tem o poder de modificar essas normas, por meio do seu PODER CONSTITUINTE, por meio de seus PODERES CONSTITUÍDOS (executivo, legislativo e judiciário). As leis constitucionais não podem ser independentes da vontade da nação. Quem pode mudar a constituição não é a própria assembléia (estados gerais), mas a constituinte.
Mas, o abade não foi bem sucedido, porque os estados gerais não aceitaram a votação por cabeça. Daí, há a rescisão por meio de uma rebelião da assembléia do terceiro estado que se autoproclama em poder constituinte, sendo que o rei não aceita essa rebeldia, e eles afirmam que quem manda é povo.
Ao longo do tempo, o abade foi reescrevendo o panfleto aprofundando-o e atualizando-o de acordo com os acontecimentos da época, até alcançar a redação final que se conhece. Conclusão: a nação era escrava da vontade do rei.
1.2 NATUREZA DO PODER CONSTITUINTE
A natureza do Poder Constituinte é jurídica ou extrajurídica? Existem duas correntes doutrinárias que procuram impor suas posições: 
JUSPOSITIVAS (KELSEN): o poder constituinte é um poder histórico, ele simplesmente existe, ou seja, é assim, não se funda em uma ordem jurídica superior, ele inaugura toda a normatização jurídica, ele é um fato, não deriva de um outro direito superior, o poder que antecede a norma, sendo um Poder Político�. No Brasil, essa é a posição adotada.
JUSNATURALISTAS (TOMÁS DE AQUINO): o fundamento de validade do poder constituinte está no direito natural, que é superior hierarquicamente ao poder constituinte, ou seja, ele existe por força do sistema de direito natural; os adeptos reconhecem no Poder Constituinte a natureza extrajurídica, já que o Direito não é só norma.
1.3 TITULARIDADE DO PODER CONSTITUINTE
Titularidade do Poder Constituinte: Quem é o titular do Poder Constituinte? Para Sieyès, é a nação, mas hoje o titular é o povo. Nação é identidade de língua, cultura e raça. Povo é parte da nação que habita determinado território. Titular do poder constituinte é o POVO, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente nos termos da CF (artigo 1o., CF/88).�
Não é possível reunir o povo no mesmo lugar para decidir sobre as normas constitucionais, por isso, é preciso que o poder seja exercido por meio de representantes, que em nome do povo irá elaborar as normas constitucionais. Assim, os exercentes do poder constituinte são os REPRESENTANTES DO POVO.
Manifestação do Poder Constituinte 
Referendos constitucionais (Democracia direta)
Representantes do povo (Democracia representativa)
A legitimidade da ordem constitucional é o queo Poder Constituinte tenta explicar ou justificar; são espécies de poder constituinte:
PODER CONSTITUINTE ORIGINÁRIO e
PODER CONSTITUINTE DERIVADO
2 PODER CONSTITUINTE ORIGINÁRIO
Poder Constituinte Originário: Poder que cria uma nova ordem constitucional. É o capaz de fazer nascer uma nova constituição, é o poder que o povo tem de escrever uma nova constituição para conduzir os seus destinos. Tem a natureza jurídica política (pré-jurídico), não é norma é fato social, antecede a formação A sua manifestação ocorre em um momento de ruptura da sociedade, quando uma nova ordem constitucional precisa ser escrita. Essa ruptura pode ser: 
revolução�, que pressupõe o uso da força, que se legitima pelas injustiças da ordem anterior, é a tomada do poder por quem não está no poder; 
golpe de Estado, é a tomada de poder por quem já está em exercício de uma parcela de poder; 
transição constitucional, ocorre quando uma colônia tem a sua independência preparada pelo colonizador, por exemplo (Grã-Betanha fez a CF do Canadá, África do Sul e Austrália), outro exemplo de transição foi o que ocorreu no Brasil, com a ruptura do regime ditatorial para um regime democrático, por um amadurecimento político houve o surgimento de uma nova constituição. 
Há uma corrente que nega que a CF/88 foi resultante de um movimento soberano, porque ela foi convocada por uma emenda constitucional da constituição anterior, assim, alguns afirmam que não foi uma verdadeira constituinte, não existindo um verdadeiro poder constituinte originário. ROBÉRIO: isso é uma besteira, não importa a forma pela qual a assembléia se reuniu, o que interessa é que de fato ela não sofreu limitação pela ordem constitucional anterior, que era totalmente irrelevante para o novo poder constituinte que se formou. 
Outra crítica que pode ser feita à assembléia constituinte é que seria um CONGRESSO CONSTITUINTE e não uma assembléia nacional constituinte. ROBÉRIO: há duas formas/modelo de ser feita uma constituinte: 
assembléia específica para o fim de constituinte e um 
congresso que simultaneamente faz o papel da assembléia constituinte; 
Não houve prejuízo porque no momento da eleição dos congressistas, sabia-se que eles seriam eleitos para fazer também uma nova constituição. 
2.1 CARACTERÍSTICA DO PODER CONSTITUINTE ORIGINÁRIO
À luz da corrente juspositivista, o poder constituinte originário é:
À luz da corrente juspositivista, o poder constituinte originário é:
Inicial – não existe nem poder de fato e nem direito acima dele; inicia toda a normatividade jurídica.
 Autônomo – não convive com nenhum outro poder que tenha a mesma hierarquia; só o soberano, o titular, pode dizer o seu conteúdo. 
Incondicionado – não se sujeita a nenhuma outra norma jurídica. 
Ilimitado – nenhum limite de espécie alguma, muito menos imposto pela ordem jurídica anterior. Não tem que respeitar ato jurídico perfeito, coisa julgada ou direito adquirido. 
EXEMPLO 01: o artigo 231, CF, trata das terras tradicionalmente ocupadas pelos índios, que são de propriedade da União, mas, destinadas à ocupação pelos índios. No § 6o., estabelece a nulidade e extinção de atos relacionados às áreas do caput, sendo que a nulidade e a extinção não gerarão quaisquer efeitos jurídicos. 
Art. 231. São reconhecidos aos índios sua organização social, costumes, línguas, crenças e tradições, e os direitos originários sobre as terras que tradicionalmente ocupam, competindo à União demarcá-las, proteger e fazer respeitar todos os seus bens. 
§ 1º - São terras tradicionalmente ocupadas pelos índios as por eles habitadas em caráter permanente, as utilizadas para suas atividades produtivas, as imprescindíveis à preservação dos recursos ambientais necessários a seu bem-estar e as necessárias a sua reprodução física e cultural, segundo seus usos, costumes e tradições.
§ 2º - As terras tradicionalmente ocupadas pelos índios destinam-se a sua posse permanente, cabendo-lhes o usufruto exclusivo das riquezas do solo, dos rios e dos lagos nelas existentes.
§ 3º - O aproveitamento dos recursos hídricos, incluídos os potenciais energéticos, a pesquisa e a lavra das riquezas minerais em terras indígenas só podem ser efetivados com autorização do Congresso Nacional, ouvidas as comunidades afetadas, ficando-lhes assegurada participação nos resultados da lavra, na forma da lei. 
§ 4º - As terras de que trata este artigo são inalienáveis e indisponíveis, e os direitos sobre elas, imprescritíveis.
§ 5º - É vedada a remoção dos grupos indígenas de suas terras, salvo, "ad referendum" do Congresso Nacional, em caso de catástrofe ou epidemia que ponha em risco sua população, ou no interesse da soberania do País, após deliberação do Congresso Nacional, garantido, em qualquer hipótese, o retorno imediato logo que cesse o risco.
§ 6º - São nulos e extintos, não produzindo efeitos jurídicos, os atos que tenham por objeto a ocupação, o domínio e a posse das terras a que se refere este artigo, ou a exploração das riquezas naturais do solo, dos rios e dos lagos nelas existentes, ressalvado relevante interesse público da União, segundo o que dispuser lei complementar, não gerando a nulidade e a extinção direito a indenização ou a ações contra a União, salvo, na forma da lei, quanto às benfeitorias derivadas da ocupação de boa fé.
§ 7º - Não se aplica às terras indígenas o disposto no art. 174, § 3º e § 4º. (FAVORECIMENTO DAS COOPERATIVAS DE GARIMPEIROS PARA A EXPLORAÇÃO DE LAVRA).
EXEMPLO 02: o artigo 17, do ADCT, que determina que não pode ser alegado o direito adquirido em relação ao teto. FATORES REAIS DE PODER, até hoje esse artigo não foi aplicável, pela alegação de que seria necessária uma nova lei para fixar os subsídios. 
Art. 17. Os vencimentos, a remuneração, as vantagens e os adicionais, bem como os proventos de aposentadoria que estejam sendo percebidos em desacordo com a Constituição serão imediatamente reduzidos aos limites dela decorrentes, não se admitindo, neste caso, invocação de direito adquirido ou percepção de excesso a qualquer título.
§ 1º - É assegurado o exercício cumulativo de dois cargos ou empregos privativos de médico que estejam sendo exercidos por médico militar na administração pública direta ou indireta.
§ 2º - É assegurado o exercício cumulativo de dois cargos ou empregos privativos de profissionais de saúde que estejam sendo exercidos na administração pública direta ou indireta.
EXEMPLO 03: o artigo 18, que determina a extinção dos efeitos jurídicos de qualquer ato. 
Art. 18. Ficam extintos os efeitos jurídicos de qualquer ato legislativo ou administrativo, lavrado a partir da instalação da Assembléia Nacional Constituinte, que tenha por objeto a concessão de estabilidade a servidor admitido sem concurso público, da administração direta ou indireta, inclusive das fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público.
Mas, a Constituição para relativizar ou desconstituir os institutos do ato jurídico perfeito, a coisa julgada e o direito adquirido ela deve ser EXPRESSA, não basta a omissão, os dispositivos constitucionais devem ser claros e expressos para desconstituir essas garantias constitucionais. 
A nova constituição tem dois fenômenos em nome da segurança jurídica: RECEPÇÃO de toda a legislação que não a contrariam e RECEPÇÃO de todo ato jurídico perfeito, coisa julgada ou direito adquirido que não a contrarie. 
Juridicamente, NÃO há limites, mas, as relações humanas não são ditadas apenas por normas jurídicas, assim, a assembléia nacional constituinte tem limites metajurídicos (sociologia, história, cultura), que estão fora do direito, mas, presentes nas relações sociais estabelecidas e reconhecidas historicamente. 
JORGE MIRANDA classifica essas limitações (há outras tantas propostas) em:
Ideológicas – baseadas na opinião pública, no pensamento predominante;
Institucionais – ligadas a instituições arraigadas na sociedade, EXEMPLO: a família,a propriedade
Substanciais – divididas em 03 grupos:
Transcendentes: valores éticos superiores, uma consciência ética coletiva, direitos fundamentais ligados à dignidade do homem, isso está fora do direito positivo.
Imanentes: dizem respeito à história do Estado, EXEMPLO: a revolução acabou de derrubar a monarquia, não pode a nova ordem restabelecê-la. 
Heterônomas: dizem respeito ao direito internacional, nenhum Estado pode mais tentar ser isolado dos problemas do planeta, que por sinal são comuns de todos os Estados.
2.2 POSITIVAÇÃO DO PODER CONSTITUINTE ORGINÁRIO
O momento da POSITIVAÇÃO ocorre quando a nova Constituição deixa de ser um PROJETO DE CONSTITUIÇÃO e passa a ser uma nova constituição. A positivação pode ser por: 
OUTORGA (ato de força do poder totalitário), 
PROMULGAÇÃO (último ato da assembléia constituinte) ou 
REFERENDO (aprovação posterior pelo povo).
3 PODER CONSTITUINTE DERIVADO OU SECUNDÁRIO
Para garantia de maior durabilidade de uma CF, é importante que existam possibilidades de sua atualização, para se afastar de uma ruptura. As constituições obedecem ao princípio da IMUTABLIDADE RELATIVA, ou seja, não são eternas mas, por outro lado, não podem ser modificadas de forma contumaz. Essas modificações não podem ferir o espírito da constituição, só quem pode fazer isso é o poder originário, mediante um processo de ruptura. A constituição tem que poder mudar para servir de instrumento para a sociedade. Essas alterações podem ser:
i. FORMAIS – há Estados que não diferenciam as emendas da revisão, no Brasil, não há essa nítida distinção, já que a previsão de revisão foi pontual.
Emenda – será uma revisão pontual
Revisão – será uma revisão total
Tratados equivalentes à emenda (EC/45)
ii. INFORMAIS – são as que modificam a CF sem alterar o seu texto, ocorrem por meio de: interpretação evolutiva, jurisprudência, doutrina, aplicação de conceitos jurídicos indeterminados. A isso se dá o nome de MUTAÇÃO, que a doutrina admite
MUTAÇÃO CONSTITUCIONAL não ofende o texto da lei, a sua literalidade (artigo 5o., XI, CF), na inviolabilidade de domicílio, o conceito de casa, não corresponde a um conceito literal, se no futuro houver o entendimento no sentido de restrição do conceito de casa, não há ofensa à literalidade da constituição.
MUTAÇÃO INCONSTITUCIONAL (artigo 102, § 2o., CF) – as decisões definitivas de mérito admitem efeito vinculante, mas, por meio de decisão do STF admitiu-se o efeito vinculante da decisão liminar, com nítida ofensa à literalidade da constituição; dizer que a liminar tem efeito vinculante viola-se a literalidade da CF, sem mudar o texto.
As mutações informais são fruto de um “PODER CONSTITUINTE DIFUSO” (JELLINEK).
3.1 CARACTERÍSTICAS DO PODER CONSTITUINTE DERIVADO OU SECUNDÁRIO
Estão mais relacionadas aos mecanismos formais: 
Derivado: decorre do poder constituinte originário e da constituição;
Subordinado: hierarquicamente em plano inferior, ou seja, está abaixo do poder constituinte originário. 
Condicionado ou Limitado: só pode ser exercitado nos casos previstos pelo poder constituinte originário, que estabelece regras que determinam a contenção do seu exercício. É o poder para alterar uma ordem constitucional pré-existente; além das limitações metajurídicas terá também limitações jurídicas.
3.2 ESPÉCIES DE PODER CONSTITUINTE DERIVADO OU SECUNDÁRIO
Ele pode ser de duas espécies:
Decorrente (Poder de estabelecer uma nova constituição em um segundo nível – Estadual). Art. 11, ADCT
Reformador ou de revisão: poder de alterar a própria constituição.
Há quem negue a existência do poder constituinte derivado, somente existindo o poder constituinte originário. A reforma da constituição seria um PODER CONSTITUÍDO (MIN CARLOS AYRES DE BRITO). Não é possível imaginar o poder de constituir o estado sem imaginar o correlato poder de DESCONSTITUIR o estado anterior, ou seja, o PODER DESCONSTITUINTE. Enquanto, é escrito algo novo, a ordem antiga é apagada. Somente quem tem esse poder de desconstituir o estado anterior é o poder constituinte originário. O que classicamente se chama de poder constituinte reformador não tem a força de desconstituir o Estado anterior, assim, muitos doutrinadores defendem que somente é poder constituinte o originário, que tem essa capacidade correlata de desconstituir a ordem posta. 
Há quem diga também que somente é poder constituinte uma única espécie de poder: PODER FUNDACIONAL, qual seja, aquele que faz a primeira constituição do Estado. Por essa posição minoritária, o Brasil somente teria exercido o poder constituinte originário, em 1824, quando fez a sua primeira constituição.
3.3 LIMITES DO PODER CONSTITUINTE REFORMADOR 
Quando se fala em limites do poder constituinte derivado reformador, não se pode prescindir da análise do artigo 60 da CF. 
Art. 60. A Constituição poderá ser emendada mediante proposta:
        I - de um terço, no mínimo, dos membros da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal;
        II - do Presidente da República;
       III - de mais da metade das Assembléias Legislativas das unidades da Federação, manifestando-se, cada uma delas, pela maioria relativa de seus membros.
        § 1º - A Constituição não poderá ser emendada na vigência de intervenção federal, de estado de defesa ou de estado de sítio.
        § 2º - A proposta será discutida e votada em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, considerando-se aprovada se obtiver, em ambos, três quintos dos votos dos respectivos membros.
        § 3º - A emenda à Constituição será promulgada pelas Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, com o respectivo número de ordem.
        § 4º - Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir:
        I - a forma federativa de Estado;
        II - o voto direto, secreto, universal e periódico;
        III - a separação dos Poderes;
        IV - os direitos e garantias individuais.
        § 5º - A matéria constante de proposta de emenda rejeitada ou havida por prejudicada não pode ser objeto de nova proposta na mesma sessão legislativa.
3.3.1 Limite temporal 
Esse limite consiste no estabelecimento de prazo. A Constituição Federal de 1988 não tem. A Constituição Federal de 1824 tinha.
3.3.2 Limite circunstancial 
A Constituição não pode ser alterada em algumas circunstâncias, sob o fundamento legitimador de que o ânimus do legislador estará alterado: estado de defesa; estado de sítio e intervenção federal (§ 1o.). Esse limite é absoluto, mas provisório. A Constituição de São Paulo não fala da intervenção federal como limite circunstancial. Mas, a emenda pode ser proposta, mas, se for discutir, há divergência doutrinária; agora a partir de votar não pode. A emenda pode ser até discutida.
Nas circunstâncias em questão, o país está em uma situação crítica, na qual, não pode ser modificada a CF, o constituinte confiou nos mecanismos que a CF tem para atravessar esse momento, inclusive a guerra. O constituinte não quer que a CF seja modificada em momento de exceção.
3.3.3 Limite Material 
Por força desse limite, excluem determinada matéria do Poder Constituinte derivado reformador, por ser superior no ordenamento nacional. Os limites materiais podem ser: EXPRESSOS ou IMPLÍCITOS:
3.3.3.1 Limite expresso
Limitação material expressa. PROPOSTA de emenda tendente a abolir. Pode existir o controle de constitucionalidade contra a emenda constitucional (OTTO BACHOF). No Brasil, se afirma que não se admite a teoria da norma constitucional inconstitucional: ofensa ao direito natural; hierarquia entre as normas constitucionais; (mas, uma das situações, no Brasil, é aceita) emendas constitucionais inconstitucionais, nesse ponto o Brasil, adota a teoria de OTTO.
O limite expresso trata das cláusulas de intangibilidade ou cláusulas pétreas. 
§ 4º - Não será objetode deliberação a proposta de emenda tendente a abolir:
I - a forma federativa de Estado;
II - o voto direto, secreto, universal e periódico; 
III - a separação dos Poderes;
IV - os direitos e garantias individuais.
Não será objeto de deliberação. Não será objeto de DELIBERAÇÃO, ou seja, o processo sequer pode chegar ao final, o vício é anterior à deliberação da emenda, hipótese de controle de constitucionalidade preventivo e judicial, cabimento de MS impetrado por parlamentar (STF).
O voto obrigatório NÃO é cláusula pétrea, ele existe na CF, mas, pode ser abandonado por emenda, adotando-se voto facultativo.
Quanto aos direitos e garantias individuais há uma discussão sobre qual a interpretação que deve ser utilizada. Assim, dependendo da interpretação, haverá conseqüências distintas em relação à aplicação da limitação prevista no dispositivo. Se a INTERPRETAÇÃO for:
LITERAL: ficam afastados os direitos sociais, difusos, coletivos; sendo objeto de proteção somente os direitos e garantias puramente individuais. O STF ainda não foi decisivo quanto a isso, mas, já entendeu que existem cláusulas pétreas fora do artigo 5o. 
TELEOLÓGICA OU SISTEMÁTICA: é uma posição mais moderna, por meio da qual, deve-se entender como objeto da proteção do artigo todos os DIREITOS FUNDAMENTAIS. 
A interpretação literal esbarra em uma dificuldade: não há identificação, no texto constitucional, de texto idêntico à expressão utilizada no inciso IV, do § 4o, pois em nenhum lugar fala-se de direitos individuais isoladamente. 
Entretanto, por meio da regra geral de hermenêutica que diz que a exceção será interpretada restritivamente. Assim, como a emenda é uma EXCEÇÃO (a regra é não emendar a CF), vai-se ampliar o inciso IV. Isto é, a regra é a manutenção da constituição, a exceção é a emenda, assim, a possibilidade de emenda deve ser restringida, por ser a exceção, assim, a vedação à emenda deve ser ampliada para restringir a emenda; essa é a posição da doutrina majoritária. O inciso IV deve ser interpretado ampliativamente, para restringir a emenda. Deve ser entendido que os DIREITOS FUNDAMENTAIS são cláusula pétreas, sejam individuais, coletivos, difusos ou sociais.
Há direitos fundamentais que são FORMALMENTE FUNDAMENTAIS mas, não têm substância de direitos fundamentais, assim, não são cláusulas pétreas, somente os que têm substância de direito fundamental não poderão ser abolidos, sem os quais não há vida humana digna. XXIX, ARTIGO 5O., não é materialmente fundamental, é formalmente fundamental. (MIN. CARLOS VELLOSO defende essa posição, em um artigo).
XXIX - a lei assegurará aos autores de inventos industriais privilégio temporário para sua utilização, bem como proteção às criações industriais, à propriedade das marcas, aos nomes de empresas e a outros signos distintivos, tendo em vista o interesse social e o desenvolvimento tecnológico e econômico do País;
Pode existir emenda constitucional para ampliar os direitos e garantias fundamentais, porque a limitação do artigo consiste em abolir. Por outro lado, se for para restringir ou diminuir o seu alcance, aplica-se a limitação prevista no dispositivo, porque pelo menos no caso específico estará sendo abolido o direito.
3.3.3.2 Limite implícito
Não precisa estar expressamente previsto. EXEMPLOS: 
redução de cláusula pétrea e a titularidade do Poder Constituinte Originário (não pode existir emenda que restrinja a titularidade do poder constituinte originário); 
emenda modificando o exercente do poder reformador; 
as limitações metajurídicas; 
modificação do processo de emendas futuras, facilitando ou dificultando (há quem diga que pode dificultar) os processos de emenda, se permitir que dificulte, o reformador está limitando a si próprio o que não é possível juridicamente. 
Pode haver uma nova revisão constitucional como foi em 1993? Está relacionado com a possibilidade de poder facilitar a revisão constitucional; o rol de cláusulas pétreas, o conteúdo é fluido no tempo, a questão é saber se pode ou não modificar o rol, há quem diga que pode aumentar (ROBÉRIO acha que não, mesmo motivo acima), a possibilidade de reduzir traz a discussão de possibilidade de DUPLA REVISÃO. 
JORGE MIRANDA afirma que existem 03 posições: 
insuperáveis, não podem ser reduzidas
ilegítimas, há quem diga que não pode existir porque o povo de hoje não pode condicionar o povo do futuro, a geração atual não pode criar amarras para as gerações futuras.
Legítimas, mas, superáveis, pela DUPLA REVISÃO = 1a. emenda para retirar do rol de cláusulas pétreas que está incomodando; 2a. modificar realmente. APROFUNDAR seria falar em plebiscito ou referendo.
Não há posição acertada, no Brasil, a maior parte entende que são INSUPERÁVEIS. ROBÉRIO: não se filia à dupla revisão, porque no momento da Assembléia constituinte o povo está atento ao que está acontecendo, com discussão mais profunda, mas, ordinariamente, o povo não está ligado a essas questões, seria perigoso que o Congresso ordinariamente pudesse fazer isso.
A República e o Presidencialismo são cláusulas pétreas? Houve a possibilidade de modificação em revisão. Há quem diga que a república é uma cláusula implícita, porque dentro da idéia de forma federativa de Estado, a proteção do voto periódico também, protegeria a república. ROBÉRIO: são limitações implícitas, mas, especiais (artigo 2o., ADCT), o povo decidiu assim não pode haver emenda contra a vontade, mas, pode ser superada por meio de uma outra consulta direta ao povo.
Artigo 127, CF o MP é instituição permanente, pode ser extinto por emenda? Pode ter suas atribuições extintas por emenda? MP é cláusula pétrea ou instituição permanente? HUGO NIGRO MAZZILLI é cláusula pétrea. Forças armadas, polícia federal, rodoviária e ferroviária também são instituições permanentes.
3.3.4 Limite processual ou formal 
INCISOS I A III – limitações formais, no inciso I, troca-se o OU pelo E. O STF não se posicionou sobre a possibilidade de iniciativa popular para proposta de emenda, mas, pode-se defender isso. A maioria dos autores não aceita.
§ 2o. – não há sanção ou veto do PR, no concurso, troca-se a mesa por congresso
§ 5o. – no concurso vai-se ministurar com o artigo 67, que não devem ser confundidos, projeto de emenda e de lei são distintos. A doutrina se divide falando em limitação formal ou temporal, ROBÉRIO mais uma limitação formal 
4 GRAUS DE LEGITIMIDADE DAS CONSTITUIÇÕES
A Constituição promulgada é mais legítima que a Constituição que foi outorgada. A constituição será mais legítima, quanto mais atender aos procedimentos da assembléia constituinte. 
O procedimento constituinte é imposto pela própria assembléia constituinte, mas, se na hora de julgar não obedecer a alguns procedimentos, não faz diferença porque a assembléia constituinte não está obrigada por ela própria, seus procedimentos NÃO emanam de uma ordem superior. 
A violação aos procedimentos não é jurídica, assim, a sua autolimitação pode ser revista a qualquer momento. 
EXEMPLO: discussão de que algumas normas da CF não obedeceram ao procedimento previsto, isso não tem relevância já que foi aprovado pela assembléia. 
LEGITIMIDADE é diferente de LEGALIDADE�, EXEMPLO: o ato revolucionário é ILEGAL, por sua natureza, mas, NÃO é ilegítimo. Obedecer ao procedimento aproxima a constituição da legitimidade, mas, sozinho não quer dizer nada.
A participação do povo legitima a constituição, quanto maior a participação, maior a legitimidade.
Outro critério é o critério do CONSENSUS, será legítima a Constituição que atendeu a posição da maioria. É um critério que também é sedutor, quanto mais atender ao que o povo pensa, mais legítima é. Mas, sozinho não serve, porque por trás da idéia de atender à maioria não pode desrespeitar os direitos da minoria, porque deve ser a constituição de todos e não da maioria.
Outro critério é o do EXERCÍCIO CONFORME OS INTERESSES DO TITULARdo poder constituinte, quando mais o exercente atue no interesse do titular, mais legítima será a constituição. Esse critério sozinho é insuficiente, porque há um pluralismo reinante, que faz parte do jogo democrático.
A constituição pode ser legítima ou não a partir da análise de todos os critérios, nenhum é suficiente sozinho, devem ser conjugados.
A constituição pode começar legítima e depois deixar de ser, quando passe a ser instrumento de exercício de poder da classe dominante. O contrário também pode ocorrer, ou seja, pode uma constituição ser outorgada e com o passar do tempo tornar-se legítima.
5 FENÔMENO DO DIREITO CONSTITUCIONAL INTERTEMPORAL
A positivação de uma nova carta produzida por uma assembléia constituinte. A partir das relações da nova constituição com a ordem infraconstitucional é que se podem observar os fenômenos:
RECEPÇÃO – a nova constituição recebe a legislação inferior, que não lhe é materialmente ofensiva. Utopicamente, o ideal era que todo o ordenamento jurídico fosse refeito, mas, pragmaticamente, isso NÃO é possível. Observe-se a compatibilidade é MATERIAL. Do ponto de vista formal, não há que se indagar se a lei anterior é ou não conforme a nova constituição. Se no momento em que a lei surge é de acordo com a constituição vigente ela é válida. EXEMPLO: a CF não admitiu os decretos-lei, mas, eles foram recepcionados, desde que materialmente compatíveis com a CF. Pela jurisprudência do STF, a lei que contraria uma disposição constitucional é revogada. ROBÉRIO: o termo correto seria a NÃO-RECEPÇÃO, porque normas de hierarquia distinta. Esse é um fenômeno que não precisa ser expresso, ele decorre automaticamente da CF, mas, nada se impede que se diga: artigo 34, § 5o., ADCT, incompatível materialmente, o CTN não é lei complementar mais vige. 
OBS: Em razão de ter sido objeto da oral do TRF 2, vale comentar a discussão que ficou famosa no Supremo , quando da análise da ADI 2, em 1992. Prevaleceu o entendimento do ministro Paulo Brossard, relator, após longo debate com o Min. Pertence, firmando o entendimento de que há revogação do direito anterior incompatível com a nova CF.
OBS2: A partir do julgamento da ADPF 130 (Lei de Imprensa), em abril de 2009, o STF passou a entender que norma anterior incompatível com a nova ordem constitucional é tida como não-recepcionada, abandonando a nomenclatura outrora empregada (revogação).
A lei anterior não pode ser objeto de ADIN, mas, a ADPF pode ter por objeto lei anterior à CF.
Pode ser protelado para o futuro o momento em que a legislação anterior contrária permaneça vigendo, isso deve ser expresso, EXEMPLO: artigo 25, ADCT. Inclusive com a utilização do termo: REVOGADO.
REPRESTINAÇÃO – pode se aplicar no momento de sucessão de constituições no tempo. Constituição A que admite a pena de morte, a lei B regulamenta a pena de morte. Depois vem a CF C que proíbe a pena de morte, a lei é não recepcionada, depois uma nova CF D, passa a permitir novamente a pena de morte, poderá fazer valer novamente a lei anterior, assim, a repristinação só é válida quando expressa.
DESCONSTITUCIONALIZAÇÃO – o normal é que quando surge uma nova CONSTItuição a anterior será completamente apagada, mas, por esse fenômeno, ao invés de descartar a CF anterior, pode permanecer no ordenamento jurídico como lei ordinária, isso pode ocorrer quando se tem uma CF longa e pretende-se ter uma norma breve. 
Há o fenômeno pelo qual a CF permite que sejam aplicadas normas da CF anterior, EX. art 27 e 29, ADCT, artigo 70
Art. 27 - O Superior Tribunal de Justiça será instalado sob a Presidência do Supremo Tribunal Federal. 
Art. 29 - Enquanto não aprovadas as leis complementares relativas ao Ministério Público e à Advocacia-Geral da União, o Ministério Público Federal, a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional, as Consultorias Jurídicas dos Ministérios, as Procuradorias e Departamentos Jurídicos de autarquias federais com representação própria e os membros das Procuradorias das Universidades fundacionais públicas continuarão a exercer suas atividades na área das respectivas atribuições
Esse fenômeno não se confunde com a desconstitucionalização. 
6. MUTAÇÃO CONSTITUCIONAL
A Ordem Constitucional pode ser modificada sem que haja necessidade de alteração do texto. Exemplo: a interpretação do princípio da igualdade pode ser aplicada de forma mais ampla. Exemplo: a interpretação do STF sobre a inviolabilidade de casa, ampliando para o ambiente de trabalho, garagem, jardins. Com isso, houve ampliação do conteúdo constitucional. Mutação constitucional, ou seja, permite a alteração da constituição sem alteração do texto constitucional, adequação da constituição à realidade social.
O fundamento de validade para a mutação constitucional está na Teoria dos Poderes Implícitos (poderes necessários para dar cumprimento às suas competências, aos seus objetivos e aos seus deveres). A mutação demonstra um resquício do Poder Constituinte na atuação do judiciário.
Pode ocorrer a mutação pelas seguintes técnicas:
Interpretação: exemplo: posição do STF que se modifica no tempo. Exs: posição sobre inconstitucionalidade do dispositivo da lei de crimes hediondos que vedava a progressão de regime, concessão de liberdade provisória; efeitos do mandado de injunção; exigência de depósito prévio para admissibilidade de recurso administrativo (Súmula Vinculante 21).
Construção Constitucional: não são todos os autores que admitem isso. Trata-se de uma teoria norte-americana, que consiste em conjugar dois preceitos constitucionais para extrair o sentido do preceito. Alguns autores afirmam que isso na verdade é interpretação sistemática.
Prática Constitucional: utilização reiterada do costume de uma determinada sociedade pode estabelecer o conteúdo do texto constitucional. Exemplo: sociedade conjugal de fato como entidade familiar na ordem constitucional anterior.
Prática Inconstitucional: mesmo que o anterior, mas ofende a constituição, é método ilegítimo e não pode ser reconhecido.
A mutação constitucional pode ocorrer por intermédio do Poder Legislativo, quando ele pretende regulamentar algum preceito constitucional, e depois modificar a lei que tenha anteriormente feito. Por outro lado, o Poder Judiciário também pode ser responsável por mutação, quando determina os limites do alcance da norma constitucional.
7. REVISÃO CONSTITUCIONAL
A REVISÃO CONSTITUCIONAL estava prevista no artigo 3o, do ADCT. Estava submetida a um LIMITE TEMPORAL – 05 anos depois de promulgada a constituição. LIMITE FORMAL – unicameral por voto de maioria absoluta. QUESTÃO: pode haver nova revisão? O limite temporal era absoluto ou relativo? QUESTÕES: houve limite material à revisão? As cláusulas pétreas limitavam essa revisão? QUESTÕES: a revisão estava atrelada ao plebiscito do artigo 2o.?
Pedro Lenza, 2011: No ordenamento jurídico pátrio, a competência revisional do art. 3° do ADCT proporcionou a elaboração de meras 6 Emendas, não sendo mais possível nova manifestação do poder constituinte derivado revisor em razão da eficácia exaurida e aplicabilidade esgotada da aludida regra. 
Entendimento este que foi ratificado pelo STF: 
EMENTA: (...) Emenda ou revisão, como processos de mudança na Constituição, são manifestações do poder constituinte instituído e, por sua natureza, limitado. Está a "revisão" prevista no art. 3° do ADCT de 1988 sujeita aos limites estabelecidos no parágrafo 4° e seus incisos, do art. 60, da Constituição. O resultado do plebiscito de 21 de abril de 1933 não tornou sem objeto a revisão a que se refere o art. 3° do ADCT. Após 5 de outubro de 1993, cabia ao Congresso Nacional deliberar no sentido da oportunidade ou necessidade de proceder a aludida revisão constitucional, a ser feita "uma só vez". As mudanças na Constituição, decorrentes da "revisão" do art. 3° do ADCT, estão sujeitas ao controle judicial, diante das "cláusulas pétreas" consignadas no art. 60, par. 4° e seus incisos,da Lei Magna de 1988 (...) (ADI 981 MC, Relator(a): Min. NÉRI DA SILVEIRA, Tribunal Pleno, julgado em 17/12/1993, DJ 05-08-1994 PP-19299 EMENT VOL-01752-01 PP-00030).
É cabível o controle de constitucionalidade das emendas de revisão constitucional.
8. TRATADOS INTERNACIONAIS
Atualmente, há nova forma de alteração formal do texto constitucional, nos termos do novo § 3o., do artigo 5o., CF. A correta aplicação do dispositivo dependerá de apreciação do STF. Há divergência:
Alguns defendem a inconstitucionalidade do dispositivo, porque teria dificultado a absorção dos tratados de direitos humanos, que já poderiam ingressar no ordenamento com menos exigência, a teor do § 2o. O STF não confere status constitucional ao tratado que ingressou na forma do art. 5 º do § 2 º, da CF.
Há quem diga que, havendo maioria simples, os tratados ingressariam como lei ordinária. 
O dispositivo somente cria uma nova possibilidade de emenda constitucional.
Essa recepção sofre limitações circunstanciais? O que significa ser equivalentes às emendas constitucionais?
O STF, em 03.12.08 (RE 466.343-SP e HC 87.585-TO), atribuiu status supralegal para os tratados de direitos humanos não aprovados com o quorum qualificado previsto no art. 5º, § 3º, da CF (tese vencedora do Min. Gilmar Mendes). 
Para Celso de Mello, vencido, ingressariam no ordenamento jurídico brasileiro ou como norma constitucional (posição da doutrina avalizada pelo Min. Celso de Mello – HC 87.585-TO, seja em relação aos tratados aprovados com quorum qualificado, seja em relação aos tratados de direitos humanos vigentes no Brasil antes da EC 45/2004
9. PODER CONSTITUINTE DERIVADO DECORRENTE
É com base nesse poder que são elaboradas as Constituições Estaduais e as Leis Orgânicas Municipais. Há, na doutrina, quem discorde de que as leis orgânicas são expressão do poder constituinte derivado decorrente�, já que os Municípios são entidades federadas. Esse poder possui as mesmas características do poder reformador.
Dentre os princípios da constituição, destaca-se o princípio da rigidez constitucional, ou seja, as constituições estaduais não podem ser revogadas por lei, somente cabe por emenda. O mesmo se aplica às Leis Orgânicas.
As normas derivadas do poder decorrente podem ser:
NORMAS PRÓPRIAS – são as imaginadas e discutidas pelo poder decorrente dentro de sua competência.
NORMAS REPETIDAS – há correspondente na constituição. Aqui, há ainda outra divisão:
Normas de repetição obrigatórias: normas centrais federais, de comando obrigatório, que alcançam os estados membros de forma obrigatória. Tais normas limitam a autonomia organizativa dos estados membros. Integram o ordenamento jurídico dos Estados-membros independente de repetição dessas normas na Constituição dos Estados-membros, cabendo ao Poder Constituinte Decorrente apenas complementar a obra do Constituinte Federal.
Normas de repetição facultativas – o legislador estadual ou municipal pode repetir ou não, mas, se repetir deve obedecer à simetria. EXEMPLO: estabelecimento de medida provisória.
A distinção entre norma de repetição obrigatória e facultativa desperta interesse em sede de controle de constitucionalidade de leis estaduais, pois se a norma impugnada em sede de ADI Estadual for de repetição obrigatória há a possibilidade de interposição de recurso extraordinário para o STF, visualizando-se, assim, uma espécie de transformação de controle concreto (o RE) para abstrato (esse RE será de controle abstrato, com efeitos erga omnes, pois discute-se a norma em tese.), que é a regra em sede de ADI (à exceção de ADI interventiva, onde se constata um controle concentrado e concreto).
Seleção de Jurisprudência
Ao Poder Legislativo Federal ou Estadual não está aberta a possibilidade de nova revisão constitucional, como disposto no ADCT. (ADI 1722 MC/TO).
Viola a separação dos poderes a norma de Constituição que proíbe a realização de prova oral nos concurso públicos em geral, notadamente na magistratura e MP. (ADI 1080 MC/PR, Julgamento: 29/06/1994) Autonomia do Estado membro, impossibilidade de EMENDA proibir a prova oral, separação de poderes.
Na ADI 425/TO (2002) o STF assentou que os Estados-membros podem editar medidas provisórias em face do princípio da simetria, obedecidas as regras básicas do processo legislativo no âmbito da União (CF, artigo 62). 2. Constitui forma de restrição não prevista no vigente sistema constitucional pátrio (CF, § 1º do artigo 25) qualquer limitação imposta às unidades federadas para a edição de medidas provisórias. Legitimidade e facultatividade de sua adoção pelos Estados-membros, a exemplo da União Federal.
Direitos Humanos 
Neste ponto, aproveitei o material do TRF2 2013, que está atualizado e bem sistematizado.
Definição de direitos humanos. 
Direitos fundamentais: são as posições jurídicas necessárias para a satisfação e concretização do valor dignidade.
(IMPORTÂNCIA DA DISTINÇÃO ENTRE DIREITOS HUMANOS E DIREITOS FUNDAMENTAIS( - tecnicamente as expressões DIREITOS HUMANOS e DIREITOS FUNDAMENTAIS são utilizadas para expressar realidades distintas.
(DIREITOS HUMANOS( - conjunto de direitos reconhecidos no plano internacional.(declarações, tratados, convênios etc.
(DIREITOS FUNDAMENTAIS( - conjunto de direitos positivados em um ordenamento jurídico. (são os direitos humanos positivados no plano interno de cada Estado, especialmente no texto constitucional.
(a tendência é entender que o direito internacional tem influência direta no sistema interno, nesse sentido a distinção acima apontada perderia relevância. (necessidade de se entender o direito internacional dos direitos humanos como direito positivo dentro do ordenamento brasileiro.
(ex.: reconhecimento do caráter supra-legal das convenções internacionais sobre direitos humanos, ainda que não internalizados.
-os direitos fundamentais não se limitam àqueles previstos no texto constitucional. A constituição não esgota o rol dos direitos considerados como fundamentais, ela traz um núcleo fundamental não exaustivo.
(DIREITOS FUNDAMENTAIS E A ORDEM INTERNACIONAL( [art. 5º, § 2º, CF ( CLÁUSULA DE ABERTURA] (por meio deste dispositivo o constituinte reconhece a incidência direta dos direitos humanos no ordenamento interno. A constituição reconhece que não esgota o tema e chama para si a ordem internacional.
(por meio deste dispositivo o constituinte reconhece a incidência direta dos direitos humanos no ordenamento interno. A constituição reconhece que não esgota o tema e chama para si a ordem internacional.
(DIREITOS FUNDAMENTAIS E A ORDEM INFRACONSTITUCIONAL( [art. 5º, § 2º, CF ( CLÁUSULA DE ABERTURA]	(os direitos fundamentais não se limitam àqueles previstos expressamente no texto constitucional, eles se encontram espalhados por todo o ordenamento. 
(o reconhecimento da figura do BLOCO DE CONSTITUCIONALIDADE NA SUA FORMA AMPLIATIVA [não é o posicionamento do STF, mas foi o adotado no voto do Min. Celso de Mello] ratifica o entendimento de que os direitos fundamentais não se limitam àqueles previstos no texto constitucional. Ainda que não previsto expressamente no texto constitucional seria possível a utilização como paradigma de controle de constitucionalidade.
(DIREITOS FUNDAMENTAIS DO HOMEM( [expressão utilizada por JAS ao se referir aos direitos fundamentais] -conceito: SÃO AS PRERROGATIVAS E INSTITUIÇÕES QUE O DIREITO POSITIVO CONCRETIZA EM GARANTIAS DE UMA CONVIVÊNCIA DIGNA, LIVRE E IGUAL DE TODAS AS PESSOAS.
-a análise do conceito trazido por JAS é importante porque identifica os principais elementos da teoria dos direitos fundamentais:
(POSITIVAÇÃO( [ “(...) direito positivo (...)”] - direitos fundamentais são aqueles direitos positivados pelo ordenamento. Reflete a distinção técnica entre direitos fundamentais e direitos humanos.
(CONCRETIZAÇÃO( [ “(...) concretiza (...)”] - os direitos fundamentais não podem se limitar à mera previsão

Continue navegando