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Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium Teorias da Administração I Administração Prof. Dr. Eduardo Teraoka Tófoli Lins - 2015 Prof. Adm. Eduardo Teraoka Tofoli Teorias da Administração I 1 HHIISSTTÓÓRRIIAA DDAA AADDMMIINNIISSTTRRAAÇÇÃÃOO Dos supervisores da construção da Grande Muralha da China aos conselhos dados a Moisés por seu sogro, Jethro (o primeiro consultor em administração), em Êxodo 18:14-27, sempre houve quem praticasse eficazmente a administração e desse conselhos administrativos. Entretanto, apenas recentemente se formou um conjunto de literatura que examina as dimensões da administração e a investiga de maneira científica. Tentativas de ver a administração de modo coerente e consistente constituíram o início do desenvolvimento da teoria da administração. Alguns dos primeiros textos sobre a administração datam o início da Revolução Industrial, no século XVII na Inglaterra, depois se alastrando para toda a Europa e América no século XIX. Esses primeiros teóricos, como Charles Babbage (1792-1871), foram perspicazes o bastante para afirmar que o surgimento do mundo industrial iria requerer um estudo sistemático da administração de tarefas e da padronização das operações do trabalho a fim de ajustar as empresas, particularmente na área emergente da manufatura leve, a uma realidade nova e exigente. Mas, da mesma maneira como a tecnologia da Inglaterra do século XIX era inadequada para construir o motor analítico que Babbage propunha (na realidade, o primeiro projeto para um computador mecânico), também inadequado era o estágio da industrialização e da teoria da administração. Dessa forma, suas ideias forma ignoradas até serem redescobertas pelo Pai da Administração Científica, Frederick W. Taylor (1856-1915). Em On the economy of machinery and manufactures (Sobre a economia de máquinas e fábrica) (1835), Babbage afirmou que o trabalho deveria ser reduzido a tarefas menores e padronizado. Embora essa ideia tenha sido um dos fundamentos teóricos para tecnologia de linha de montagem moderna, ela foi ignorada por mais de meio século. O estágio da industrialização emergente era tal que os gerentes não viam a necessidade de uma teoria escrita de administração. Assim, como o restante da Europa, a Inglaterra era ainda a terra dos privilégios herdados, da pequena nobreza latifundiária e do status que se originava da posse inatingível, porém real, da condição de cavalheiro. As habilidades em administração e liderança não eram vistas como passíveis de se aprender, mas sim como habilidades herdadas. Não havia necessidade de uma teoria da administração: nascia-se líder, não era possível fazer-se um líder. Não admira, portanto, que as idéias de homens como Babbage fossem ignoradas. Com a expansão da industrialização, surgiu a necessidade de gerentes treinados e de uma teoria da administração. Os Estados Unidos, no final do século XIX e em meio a uma rápida expansão econômica, necessitavam de um grande número de trabalhadores para alimentar seu crescimento industrial. Os trabalhadores atraídos para a América para suprir essa necessidade eram, em sua maioria, imigrantes não qualificados, e tal força de trabalho, étnica e culturalmente diversificada, exigia um número maior de gerentes altamente qualificados. No dia 26 de maio de 1886, Henry R. Towne (1844-1924), um importante industrial, apresentou um ensaio intitulado “O engenheiro como economista” em uma reunião da Americam society of mechanical engineers (sociedade americana dos engenheiros mecânicos). Nesse ensaio, Towne chamava a atenção dos engenheiros para a necessidade de se realizar um estudo científico da administração de trabalho. Essa foi a primeira vez que se preconizou um enfoque científico no estudo da administração. Frederick W. Taylor e seus colegas nos Estados Unidos e na Europa aceitaram o desafio de Towne e começaram a criar o que é conhecido atualmente como a teoria da administração. Prof. Adm. Eduardo Teraoka Tofoli Teorias da Administração I 2 Os fundamentos para as várias abordagens e as escolas da teoria da administração são encontrados em diversas disciplinas. Mas a teoria da administração, ainda que faça uso de outras disciplinas e observações da prática administrativa, surgiu como uma área de estudo independente a partir de 1940. Embora a teoria da administração tenha começado no final do século XIX, ela continua a ser um corpo dinâmico e evolutivo de conhecimento e prática, de âmbito verdadeiramente internacional. EEVVOOLLUUÇÇÃÃOO DDAASS TTEEOORRIIAASS DDAA AADDMMIINNIISSTTRRAAÇÇÃÃOO AA EEVVOOLLUUÇÇÃÃOO DDOO PPEENNSSAAMMEENNTTOO AADDMMIINNIISSTTRRAATTIIVVOO Ainda que bastante nebulosa, a administração é uma atividade encontrada em empreendimentos de qualquer espécie, de todos os povos, de todos os tempos. Na verdade, todos os grandes líderes que a História registra foram administradores – administrando países, coordenando explorações, dirigindo guerras, gerindo os esforços de outros homens. Desde 1900, a administração tem evoluído à categoria de atividade central de nossa era, e a economia é uma força poderosa e inovadora de que as sociedades dependem para seu desenvolvimento. A administração é, ao mesmo tempo, fator determinante do processo econômico e modeladora das sociedades e do modo como são conduzidas as pessoas e as instituições. Embora se possa reconhecer a importância da administração para o bem- estar e desenvolvimento dos povos, é muito difícil reconstituir sua história. Os registros sobre os mais antigos empreendimentos do homem são vagos e remotos, quando existem. AA AADDMMIINNIISSTTRRAAÇÇÃÃOO DDAASS CCIIVVIILLIIZZAAÇÇÕÕEESS AANNTTIIGGAASS As origens de alguns conceitos e práticas modernas de administração podem ser atribuídas a civilizações muito antigas. Salomão, um governante bíblico, coordenou a elaboração de acordos de comércio, administrou programas de constituição e modelou tratados de paz no século X a.C. Entretanto, antes disso já havia a necessidade de alguma forma ou sistema para governar o povo. Muitos governantes antigos usaram seus fiéis servidores para executar seus desejos soberanos, conferindo a esses servidores a devida autoridade para atuar em nome do chefe. De modo coletivo, os fiéis servidores se converteram, então, no conselho ou junta consultiva dos chefes. À medida que o poder e a reputação desses conselheiros aumentavam, alguns deles se tornavam líderes terrenos e espirituais do povo. Para administrar, desenvolveram regras e tabus de conduta, utilizando o temor ao sobrenatural e o medo do ridículo mundano para garantir a adesão e a obediência às suas regras. Antecedendo o estudo das escolas de administração, é importante conhecer a evolução do pensamento administrativo. Para compreender a estrutura empresarial moderna e agir com precisão, o administrador precisa conhecer o processo evolutivo das organizações nos últimos cem anos. Várias correntes de pensamentos forma aparecendo e influenciando a gestão dos negócios. O quadro mostrado a seguir apresenta uma visão geral da evolução dos procedimentos administrativos. Prof. Adm. Eduardo Teraoka Tofoli Teorias da Administração I 3 A administração, inicialmente compreendida como a realização de um empreendimento sob as ordens de alguém ou simplesmente como a prestação de um serviço a outrem, sofreu um formidável aprofundamento e ampliação em seu escopo. O administrador é hoje encontrado em todos os níveis e em todas as áreas da empresa moderna e em todos os tipos de organizações humanas. A teoria da administração surgiu com a “ênfase nas tarefas”, a partir da Escola da Administração Científica de Taylor, dentro de uma abordagem de sistema fechado, preocupada exclusivamentecom o nível operacional da empresa. Quase simultaneamente, foi enriquecida com a “ênfase na estrutura”, decorrente da abordagem anatômica de Fayol (Teoria Clássica da Administração), com a abordagem burocrática de Weber (Teoria da Burocracia) e com a abordagem estruturalista (Teoria Estruturalista), mais recentemente. A reação humanista surgiu com a Escola das Relações Humanas, centrada na “ênfase nas pessoas”, no que também foi seguida pela Escola do Comportamento Organizacional e pelo movimento do Desenvolvimento Organizacional (D.O.), ambos realçando as características eminentemente humanas e democráticas das organizações bem sucedidas. Quadro 1: Evolução dos procedimentos administrativos N. Época aproxima da Escolas Outras denominações Principal nome Ênfase 01 1890 a 1925 Administração científica Escola Mecanicista, Tradicionalista, Americana. Taylor Tarefas 02 1890 a 1925 Administração clássica Normativista, Européia, Teoria Administrativa. Fayol Estrutura 03 1927 Relações Humanas Behaviorista Elton Mayo Pessoas 04 1932 a 1940 Comportamentalista Behaviorista Argyres Pessoas 05 1940 Burocrática Teoria da burocracia Max Weber Estrutura 06 1950 Estruturalista Weberiana Etzioni Estrutura 07 1951 Sistemas Sistemas gerais Ludwing von Bertalanffy Ambiente 08 1954 APO (administração por objetivo) Neoclássica Peter Drucker Estrutura 09 1962 Desenvolvimento Organizacional Behaviorosta Leland Bradford Pessoas 10 1972 Contingência Administração da tecnologia Lawrence e Lorsch Tecnologia 11 Qualidade Total e Melhoria Contínua: tendência dos anos 1980 até nossos dias. A partir da Teoria dos Sistemas, surgiu a ênfase no ambiente, cujo apogeu ocorreu com a Teoria da Contingência. Esta trouxe, também, a “ênfase na tecnologia”. Prof. Adm. Eduardo Teraoka Tofoli Teorias da Administração I 4 Atualmente, a Teoria da Administração considera simultaneamente estas cinco forças reunidas: tarefa, estrutura, pessoas, tecnologia e ambiente. São variáveis interdependentes e interagentes. As perspectivas futuras da Administração são promissoras, embora nem um pouco tranquilas. A “Era da Incerteza”, cheia de mudanças e transformações, de turbulências e instabilidades, que atravessamos está impondo novos e crescentes desafios para a Administração. EESSTTIILLOOSS DDEE AADDMMIINNIISSTTRRAAÇÇÃÃOO ENFOQUE CLÁSSICO AADDMMIINNIISSTTRRAAÇÇÃÃOO CCIIEENNTTÍÍFFIICCAA Em termos de desenvolvimento das escolas ou teorias da administração, a escola clássica é a mais velha, tendo se iniciado com a Teoria da Administração Científica, estabelecida por Frederick W. Taylor. Frederick W. Taylor (1856 -1915) nasceu na Filadélfia, viveu na Europa durante três anos e aos 18 anos começou a trabalhar como aprendiz na Hydraulic Works, fabricante de bombas a vapor. Depois da licenciatura em engenharia mecânica pela Stevens Institute of Technology, ascendeu a engenheiro chefe da Midvale Steel Company, passando a diretor-geral da Manufacturing Investment Company. Em 1893 mudou-se para Nova Iorque para trabalhar como consultor de engenharia e foi considerado o pai da administração científica. A origem da administração científica está ligada a revolução industrial, principalmente ao crescimento acelerado e desorganizado das empresas, que gerou um aumento da complexidade da administração e a necessidade de maior planejamento e, consequentemente uma abordagem científica, substituindo a improvisação por métodos racionais de trabalhos, e a necessidade que as empresas passaram a ter de aumentar a eficiência e a competitividade, procurando obter um melhor aproveitamento dos seus recursos para poder enfrentar a concorrência e a competição, que aumentava a cada dia. A Administração Científica é uma escola clássica de administração, tendo recebido também outras denominações: clássica, americana e tradicionalista. Inicialmente, Taylor chegou a conclusão de que a administração das empresas precisava ser melhorada e que havia muitas perdas com a ineficiência. Taylor considerou que os problemas de falta de eficiência e de baixa produtividade da empresa estavam ligados ao fato de as pessoas não estarem satisfeitas no seu trabalho. Estudando o ambiente industrial, chegou à conclusão de que essa insatisfação era causada pela baixa remuneração recebida pelos funcionários, que a consideravam injusta e não incentivava a produzir mais. A partir disso Taylor procurou criar um sistema de pagamento que fosse mais justo e que incentivasse o trabalhador a produzir mais, agradando aos patrões sem desagradar os demais funcionários, seus companheiros de trabalho. A solução encontrada foi estabelecer uma produção-padrão, de acordo com o qual o funcionário receberia sua remuneração. Para estabelecer qual seria essa produção-padrão era necessário determinar a melhor maneira de realizar cada tarefa (the one best way); a seguir, determinar quanto tempo um homem plenamente apto gastaria na execução dessa tarefa, estabelecendo assim um tempo-padrão. Dessa maneira, conhecendo o modo ideal e Prof. Adm. Eduardo Teraoka Tofoli Teorias da Administração I 5 o tempo-padrão para executar uma tarefa, foi possível determinar a produção- padrão. Isso foi conseguido com o estudo de tempos e movimento, como veremos mais adiante. Assim, Taylor focou seus estudos no trabalho dos operários, procurando dividir as tarefas em seus elementos básicos, passando depois a cronometrar o tempo necessário para sua execução, eliminando movimentos inúteis e desperdício de tempo. Nesta teoria, Taylor comparava os operários com bovino. Tem muita força e pouca imaginação. Sua teoria segue o caminho de baixo para cima na empresa, procurando aumentar a produtividade melhorando a eficiência no nível operacional, dando ênfase à análise e à divisão do trabalho do operário. Ou seja, Taylor vai das partes para o todo, ao contrario de Fayol, que segue o caminho inverso. Inicialmente, Taylor cuidou apenas de processos. Depois, tratou de estabelecer princípios destinados a generalizar aquilo que obtivera por meio de experimentações. Nessa fase, evidenciaram-se apenas três: a) Atribuir a cada trabalhador a tarefa mais elevada possível, de acordo com as suas aptidões; b) Solicitar a cada trabalhador produção igual ou maior que o padrão estabelecido (produção de um trabalhador hábil, não excepcional, da sua classe e no horário normal de trabalho). c) Atribuir aos trabalhadores tarifas diferentes de remuneração por unidades produzidas, tarifas essas que seriam satisfatórias apenas para os trabalhadores que cumprissem o padrão estabelecido, e mais ainda para os que excedessem esse padrão. Empenhando em auxiliar os operários a alcançar o máximo de produção/remuneração com o mínimo de esforço, Taylor passou a empregar na prática o estudo dos tempos e movimentos que iria fazer, mais tarde, a fama dos Gilbreth. Na fase seguinte, emergiram os seguintes princípios: a) Substituir, no trabalho, a improvisação e a atuação empírico-prática pela científica; b) Escolher os trabalhadores e prepará-los para produzirem mais e melhor; c) Controlar o trabalho para se certificar de que está sendo executado de acordo com as normas estabelecidas cientificamente. d) Distribuir distintamente as atribuições e as responsabilidades: de um lado, o preparo, o planejamento e o controle do trabalho; de outo, a execução. A administração Científica instituiu, também, o sistema de mérito, que consistia em: a) Demissão dos incapazes; b) Maior salario para os que produzissem mais; e c) Promoção para osque apresentassem melhor desempenho Frederick w. Taylor, considerado o fundador da administração científica, estudou várias atividades e, dividindo-as tarefas menores, determinou a maneira mais eficiente de realiza-las. Ele chamou seu método para a compreensão do trabalho e a melhoria na eficiência do trabalhador de: ”a única maneira correta”. Prof. Adm. Eduardo Teraoka Tofoli Teorias da Administração I 6 Figura 1: Formas de remuneração segundo Taylor Já nessa época identificavam-se problemas similares aos atuais, como a cera no trabalho, que poderia ser demonstrada por meio de determinadas ações: a) Operar uma máquina empregando apenas parte de sua capacidade de produção; b) Trabalhar em ritmo lento; e c) Executar o trabalho sem que se pudesse prever se seria ou não concluída a cota estabelecida. Taylor também desenvolveu estudos sobre a fadiga e seus efeitos sobre a produtividade. Sendo a fadiga a diminuição da capacidade funcional provocada por excesso de trabalho, acompanhada da sensação característica de mal-estar, ele achava que era preciso estudar suas causas e organizar o trabalho de forma a evitar que ela se instalasse entre os operários. A fadiga pode ser identificada por sinais como: a) acúmulo de substância residuais no organismo humano, prejudicando o seu bom funcionamento; b) desaparecimento das reservas orgânicas; c) alteração dos centros nervosos; d) ação tóxica em geral; e e) excesso de trabalho. A prevenção da fadiga poderia ser feita por meio de: a) trabalho racionalizado; b) eliminação das condições ambientais inadequadas; c) intervalos de recuperação; d) respeito à capacidade orgânica individual; e e) boa alimentação. Figura 2: Supervisão funcional segundo Taylor. Pagamento por Resultados Remuneração de Taylor A Supervisăo Funcional de Taylor Operário A Supervisor de Produção Operário B Operário C Supervisor de Manutenção Operário D Supervisor da Qualidade Gerente de Produção Prof. Adm. Eduardo Teraoka Tofoli Teorias da Administração I 7 AA AADDMMIINNIISSTTRRAAÇÇÃÃOO DDEE FFOORRDD Talvez o mais conhecido de todos os precursores da moderna Administração, Henry Ford (1863-1947), nascido no Estado de Michigan (EUA). Ford não era nem engenheiro, nem economista, nem psicólogo; era um empresário com visão prática, que buscava a cristalização do conceito de eficiência, no mais amplo sentido, em uma fábrica de automóveis. Henry Ford iniciou sua vida como simples mecânico, chegando posteriormente a engenheiro-chefe de uma fábrica. Idealizou e projetou um modelo de carro auto-propelido e, em 1899, fundou com alguns colaboradores a sua primeira fábrica de automóveis, que logo depois foi fechada. Continuou seus projetos sem desanimar e conseguiu financiamento com o qual fundou, em 1903 a Ford Motor Co., fabricando um modelo de carros a preços populares dentro de um plano de vendas e de assistência técnica de grande alcance, revolucionando a estratégia comercial da época. A política de Ford se alicerçou na produção em massa, em série e em cadeia contínua, no pagamento de altos salários e na fixação de preços mínimos para os bens produzidos. Tudo isso apoiado na elevação da produtividade do operário, no aumento da intensidade de produção e na economia máxima de material e de tempo de fabricação. Ford estabeleceu um processo de trabalho contínuo. O automóvel era fabricado e vendido antes de serem pagos os salários e matérias-primas nele utilizadas. Em sua linha de montagem implantada em 1913, já fabricava 800 carros por dia. A empresa Ford assombrou o mundo pela velocidade de fabricação, pelo preço de venda (bastante reduzido para a época) e pela grandiosa produção anual, o que ocorreu pela introdução do conceito de eficiência como objetivo da administração. Daí adveio um original interesse de bem-estar do trabalhador. Em 1926, já tinha 88 indústrias e já empregava 150 mil pessoas, fabricando então 2 milhões de carros por ano. Contudo, teve outros méritos que simplesmente o de haver construído o primeiro carro popular em larga escala ter feito fortuna por formular um punhado de teorias e ideias próprias a respeito da administração. CCOONNCCEEIITTOO DDEE HHOOMMOO EECCOONNOOMMIICCUUSS Taylor achava que o estudo do trabalhador deveria ser feito por meio de uma abordagem econômica, considerando o homem motivado pela busca do dinheiro e pelo medo de perder o emprego. Ele adotou o conceito de homo economicus para caracterizar o operário, isto é, a ideia de que para trabalhar mais o homem é influenciado apenas pelo fator econômico, portanto só aumentará seu ritmo de trabalho se receber em troca recompensas financeiras. EESSTTUUDDOOSS DDEE TTEEMMPPOOSS EE MMOOVVIIMMEENNTTOOSS –– EETTMM Frank (1868-1924) e Lillian M. Gilbreth (1878-1972) foram contemporâneos, seguidores e, muitas vezes, rivais de Taylor, ainda que aceitassem sua afirmação sobre a única maneira correta e a necessidade de usar o método científico de observação e de medidas para analisar o trabalho. Os Gilbreth são considerados pioneiros no uso de estudos de movimentos para melhorar a eficiência do trabalhador. Prof. Adm. Eduardo Teraoka Tofoli Teorias da Administração I 8 Frank Gilbreth criou um esquema de classificação de 17 movimentos usados em tarefas e usou essa classificação para analisar as ações dos trabalhadores. Embora Frank Gilbreth seja o mais famoso da dupla, sua esposa Lillian também foi pioneira no uso de estudos de movimentos para melhorar a produtividade do trabalhador. Taylor deu bastante atenção ao ETM, podendo ser citado como o pioneiro na utilização neste campo. Partia do pressuposto de que o trabalho precisava ser observado para que resultasse no maior aproveitamento em menor espaço de tempo, poupando assim o trabalhador. Taylor acreditava que todo e qualquer trabalho admitia uma fórmula para ser aperfeiçoado, mas para isso era preciso estudar a tarefa, o local de trabalho, as máquinas e ferramentas. Fonte: Adaptado de Ribeiro (2005) Figura 3: estudos de tempos e movimentos – ETM O ETM é um estudo que visa racionalizar o trabalho e alcançar a otimização da relação tempo-esforço, procurando identificar os melhores movimentos e tempos na execução de uma tarefa. TTEEOORRIIAA AANNAATTÔÔMMIICCAA OOUU AADDMMIINNIISSTTRRAAÇÇÃÃOO CCLLÁÁSSSSIICCAA A administração clássica é um segundo componente das teorias da administração. Teoria que dá ênfase à gerência e à departamentalização. Tinha a preocupação de aumentar a eficiência da empresa por meio de sua organização e da aplicação de princípios gerais de administração. A Escola Clássica, corrente do pensamento administrativo, foi fundada pelo engenheiro francês Henry Fayol (1841-1925), e é conhecida também como: normativista, tradicionalista, europeia, anatomista e fisiologista. Henry Fayol nasceu em Constantinopla, estabelecendo-se mais tarde na França. Graduou-se engenheiro de minas pela Escola Nacional de Minas em Saint Étienne, em 1860. Trabalhou toda sua vida em uma empresa de mineração de carvão e fundição de ferro. O sucesso profissional se tronou visível quando, após ser promovido a gerente geral, revitalizou a companhia em que trabalhava. Foi com base nas suas experiências e pesquisas que desenvolveu a Teoria Clássica. Para Fayol, o problema da administração concentrava-se nas indústrias e usinas, e a preocupação era com a produtividade. Fayol levou a administração do nível da oficina para o da direção geral da empresa, considerada em sua totalidade. Estudo Tempos Movimentos Tarefa e tempo ideais Estudo demovimento e tempos - ETM Prof. Adm. Eduardo Teraoka Tofoli Teorias da Administração I 9 Sua principal contribuição ao pensamento administrativo foi mostrar como um processo administrativo complexo pode ser separado em áreas interdependentes de responsabilidade ou de função. Taylor, para aumentar o rendimento da empresa industrial, começou pelo operário (visão de baixo para cima), Fayol começou pelos dirigentes (de cima para baixo). Os trabalhos de Fayol e de Taylor foram essencialmente complementares; ambos perceberam que a chave do sucesso industrial estava no problema do pessoal e de sua administração. Ambos foram pioneiros e prestaram uma grande colaboração ao moderno pensamento administrativo. Assim como Taylor, Fayol buscava a eficiência nas organizações por meio da utilização do método científico na administração, porém, enquanto o primeiro buscou o aumento da eficiência no nível operacional, a teoria de Fayol se caracterizou pela ênfase na estrutura, procurando aumentar a eficiência com um melhor arranjo dos diferentes setores da empresa e das relações existentes entre eles. Ao definir as funções da empresa, Fayol diz que a administração é distinta das outras (técnicas, comerciais, financeiras, etc.) e é constituída por cinco funções: previsão, organização, comandar, coordenação e controle, ou seja, o ato de administrar. O conjunto de operações de toda empresa pode ser dividido em seis grupos: a) técnicas: produção, fabricação, transformação; b) comerciais: compras, vendas, permutas; c) financeiras: procura e gerência de capitais; d) de segurança: proteção de bens e de pessoas; e) de contabilidade: inventários, balanços, preços de custo e estatísticas; e f) administrativas: previsão, organização, comandar, coordenação e controle. FFUUNNÇÇÕÕEESS AADDMMIINNIISSTTRRAATTIIVVAASS Nenhuma das cinco funções precedentes tem o encargo de formular o programa geral de ação da empresa, de constituir o seu corpo social, de coordenar os esforços, de harmonizar os atos. Essas operações não fazem parte das atribuições de caráter técnico, nem tampouco das funções comerciais, financeiras, de segurança ou de contabilidade. Elas constituem outra função, designada habitualmente sob o nome de administração, cujas atribuições e esfera de ação são muito mal definidas. IIMMPPOORRTTÂÂNNCCIIAA DDAASS FFUUNNÇÇÕÕEESS A principal função do operário é a técnica, como a do diretor é a administrativa. À medida que se sobe na escala hierárquica, o coeficiente administrativo aumenta, e vice-versa, embora nas estruturas empresariais mais complexas o setor técnico também se veja envolvido com questões administrativas, mais precisamente com as de sua respectiva área de abrangência. Resguardadas algumas exceções, a função técnica é o esteio das pequenas empresas, enquanto nas maiores a administrativa é a que dá sustentação. Nas empresas médias observa-se equilíbrio entre as duas forças. Prof. Adm. Eduardo Teraoka Tofoli Teorias da Administração I 10 ENFOQUE HUMANISTA a) Teorias Transitivas b) Antagonismo – Teoria das Relações Humanas c) Comportamentalista – Behaviorista TEORIAS TRANSITIVAS: Conserva a racionalidade do Enfoque Clássico e acrescenta uma pitada de humanismo, através da psicologia do trabalho. Dois estudiosos apresentaram contribuições significativas ao pensamento administrativo, antecipando a compreensão de como a organização formal e a parte das relações humanas poderiam ser interligadas. São eles: Mary Parker Follet e Chester Barnard. Ambos trabalharam a partir dos enfoques da perspectiva clássica e introduziram novos elementos no campo das relações humanas e na estrutura organizacional. MMAARRYY PPAARRKKEERR FFOOLLLLEETTTT Nascida em Quincy, no Estado de Massachusetts, Mary Parker Follett (1868- 1933) frequentou, em 1898, o Radcliffe College, um anexo de Harvard,e, mais tarde, o Newnham College, na Universidade de Cambridge, tendo concentrado seus estudos em filosofia, história, política e direito. Ela Também realizou estudos complementares em Paris. Desde o início de seus trabalhos educacionais e sociais, em 1891, Mary P. Follett tentou implementar uma filosofia de administração baseada na tese de que qualquer sociedade duradoura, produtiva, deveria se fundamentar no reconhecimento dos desejos motivacionais do indivíduo do grupo. Ela não foi uma acadêmica convencional; mais do que isso, foi uma pensadora política, social e de administração, o que originou sua inspiração para os estudos no trabalho social em sua cidade natal. Cronologicamente, Mary P. Follett pertenceu à era da administração científica. Filosófica e intelectualmente, ela foi membro da era do ser social. Tinha um pé em cada mundo e serviu de ligação entre a abordagem mecanicista da administração científica e a abordagem humanista, antecipando muitas das conclusões dos pesquisadores de Hawthorne. CCHHEESSTTEERR IIRRVVIINNGG BBAARRNNAARRDD Chester Irving Barnard (1886-1961) nasceu em Malden, no Estado de Massachusetts, tendo ingressado em Harvard em 1906, onde cursou economia, mas não recebeu o diploma por não haver concluído uma disciplina de laboratório. Ele foi um sociólogo de organizações sem portfólio, que por mais de 30 anos trabalhou na American Telephone and Telegraph (AT&T). Atuou também, entre outras organizações, na Rockfeller Foundation, a qual presidiu por quatro anos. Inspirado nas obras de Mayo, Follet e outros, o trabalho de Barnard consistiu na análise lógica da estrutura da organização e na aplicação de conceitos sociológicos na administração. Prof. Adm. Eduardo Teraoka Tofoli Teorias da Administração I 11 Barnard desenvolveu estudos e teorias de organizações cujo propósito era estimular o exame da natureza dos sistemas cooperativos. A noção do conceito de sistema cooperativo começou com o indivíduo, como um ser discreto; todavia, ele notou que seres humanos não funcionavam, exceto em conjunto com outros humanos, em uma interação de relacionamento social. As pessoas se comportam em função de escolha baseada em seus propósitos, desejos e impulsos do momento, ou em função de quais alternativas estiverem disponíveis. A organização influencia as pessoas por meio do controle exercido por seus executivos, modificando seus comportamentos. TTEEOORRIIAA DDAASS RREELLAAÇÇÕÕEESS HHUUMMAANNAASS O pensamento da Escola Clássica, representado pela visão mecanicista do trabalho de Taylor e pela abordagem normativista da organização de Fayol, não tardou a encontrar opositores preocupados em humanizar os princípios e formas de administrar a empresa. A primeira tendência que surgiu em oposição a Taylor foi a Escola das Relações Humanas. Seus autores sempre destacaram os pontos positivos das Escolas Mecanicistas e Normativista, mas queriam corrigir seus excessos. A escola das Relações Humanas, como mais comumente é conhecido o movimento, foi construída com base na Teoria Clássica. As teorias administrativas desenvolvidas até então desencadearam uma alteração: a ênfase colocada na tarefa (Taylor) e na estrutura (Fayol) foi transferida para a ênfase nas pessoas que fazem parte das organizações. Os aspectos organizacionais mais importantes se concentram no homem e seu grupo social, isto é, a preocupação passa dos aspectos técnicos e formais para os aspectos psicológicos e sociológicos. O movimento das relações humanas foi um esforço combinado entre teóricos e práticos para fazer os gerentes mais sensíveis ás necessidades dos empregados. Nascido em Adelaide, na Austrália, George Elton Mayo (1880-1949), um sociólogo que trabalhou maior parte de sua vida na Havard Business School,Australiano, diplomado em Lógica, Filosofia e Medicina, foi o mais importante incentivador e protagonista da Escola das Relações Humanas. Ele foi o responsável pela coordenação e realização da experiência de Hawthorne, que desencadeou uma série de descobertas sobre o comportamento humano no trabalho. Realizou quatro estudos importantes com relação ao comportamento e aos resultados da produtividade no trabalho, entre 1923-1944. O primeiro foi desenvolvido em uma fábrica de tecido na Filadélfia, onde ocorria uma intensa troca de funcionários, que se mostravam tristes e deprimidos, o que, de acordo com Mayo, era consequência da fadiga. Mayo então estabeleceu períodos de descanso ao longo do dia, o que não provocou grande alteração na motivação. Houve significativa melhora no comportamento dos operários quando eles passaram a participar da decisão de estabelecer os períodos mais convenientes de descanso. Tanto Follett como Barnard buscavam desenvolver os meios para integrar as pessoas e as organizações. Follett focalizou mais as pessoas e como elas podiam direcionar seus esforços para os objetos; Barnard estudou tanto a parte formal quanto a informal das organizações. Prof. Adm. Eduardo Teraoka Tofoli Teorias da Administração I 12 O segundo estudo desenvolvido foi a experiência na fábrica de Hawthorne (1927-1932), a mais famosa pesquisa sobre relacionamento das pessoas no trabalho. Nenhum estudo na história da administração recebeu tanta publicidade, foi alvo de tantas interpretações e foi tão aceito, e ao mesmo tempo tão duramente criticado, como os experimentos realizados na fábrica da Western Eletric Company, no bairro de Hawthorne, em Chicago, Illinois. Os experimentos em Hawthorne são de extrema importância na teoria das organizações por diversas razões. Primeiro, porque foi durante esses estudos que os teóricos das organizações começaram a aprender como o trabalho de grupo, as atitudes e as necessidades dos empregados afetavam sua motivação e seus comportamentos. Segundo, porque o programa pesquisou e mostrou a enorme complexidade do problema da produção em relação á eficiência (produtividade). O terceiro foi uma pesquisa que se desenvolveu em três indústrias metalúrgicas (numa cidade da costa ocidental dos Estados Unidos) onde ocorria um alto índice de absenteísmo, exceto em uma delas. Mayo descobriu que nesta última o grupo tinha sua reputação valorizada, o que foi consequência de treinamento dos contramestres feito muito tempo antes, a fim de preservar a dignidade pessoal do empregado, o que se mantinha até então. O treinamento dos contramestres se fundamentava em serem pacientes, atenciosos e em evitar o descontrole emocional no trato com seus subordinados. A quarta pesquisa foi realizada em uma fábrica de aviões. Em 1944, no sul da Califórnia, onde se constatava alta rotatividade de mão-de-obra. Mayo verificou que, dentre os tipos de comportamento dos grupos da empresa, destacava-se aquele com espírito de equipe criado pelos gerentes, que incitavam a solidariedade com os demais participantes. O livro Problemas humanos de uma civilização industrial, de Elton Mayo, é considerado a bíblia do movimento das relações humanas e foi publicado em 1933. TTEEOORRIIAA CCOOMMPPOORRTTAAMMEENNTTAALLIISSTTAA A abordagem comportamentalista, também denominada novas relações humanas, teve origem como um desdobramento da Teoria das Relações Humanas e como uma tentativa de consolidar o enfoque das relações humanas nas teorias das organizações. Essa escola trouxe um novo direcionamento ás teorias da administração, com uma maior valorização do comportamento do indivíduo e uma redução nas posturas normativas e descritivas das teorias de até então, isto é, a teoria Clássica, a Teoria Burocrática e a Teoria das Relações Humanas. A herança mais importante trazida para a abordagem comportamentalista veio de Kurt Lewin (1890-1947). Nascido na Alemanha estudou nas universidades de Friburgo, Munique e Berlin, onde se doutorou em psicologia. Os estudos de Lewin constituíram a passagem das relações humanas para um novo movimento dedicado à administração e à psicologia industrial na década de 1960. O comportamentalismo pode ser definido como uma doutrina psico- sociofilosófica, que visa explicar os fenômenos sociais por meio do comportamento dos indivíduos e o estudo das causas que influenciam tal comportamento. Muitos estudiosos, por dificuldade em estabelecer parâmetros que distinguissem as Escolas das Relações Humana e do Comportamento Humano, acabaram por generalizá-las como behavioristas (do comportamento). Mas uma tênue diferença assoma entre os princípios cristalizados pelas duas: é que, enquanto a das Relações Humana entende que o indivíduo é dotado de sentimentos Prof. Adm. Eduardo Teraoka Tofoli Teorias da Administração I 13 e percepções, a do Comportamento Humano, além de reconhecer esses aspectos, situa o indivíduo como agente de seu próprio progresso na medida em que o entende como participativo e não como mero espectador da realidade que o cerca. A Motivação Humana O estudo da motivação refere-se basicamente às razões pelas quais as pessoas se comportam de certo modo. Em termos gerais, a motivação pode ser descrita como o direcionamento e a persistência da ação. Isso será relacionado com a escolha que as pessoas fazem de determinado curso de ação, em detrimento de outros, e porque, continuam com a ação escolhida, muitas vezes por um longo período, enfrentando muitas dificuldades. Motivação é um assunto complexo, muito pessoal, e influenciado por diversas variáveis. Os indivíduos têm uma variedade de necessidades, que se alteram e que às vezes são conflitantes, bom como expectativas que podem ser satisfeitas de várias maneiras diferentes. Fonte: adaptado de Silva (2008) Figura 4: Modelo de motivação Hierarquia das Necessidades Maslow, um psicólogo e consultor americano apresentou uma teoria da motivação, segundo a qual as necessidades humanas estão organizadas e dispostas em níveis, numa hierarquia de importância e de influencia. Essa hierarquia de necessidades pode ser visualizada como uma pirâmide. Na base da pirâmide estão as necessidades mais baixas (necessidades fisiológicas) e no topo, as necessidades mais elevadas (as necessidades de auto-realização). Motivação é alguma força direcionada dentro dos indivíduos, pela qual eles tentam alcançar uma meta, a fim de preencher uma necessidade ou expectativa. Resultam em Para alcançar Que provêem Que busca Necessidades ou expectativas Força direcional Metas desejadas Realização Retorno (ou feedback) Prof. Adm. Eduardo Teraoka Tofoli Teorias da Administração I 14 Segundo Maslow, as necessidades humanas obedecem a uma ordem de importância e podem ser dispostas numa hierarquia como em uma pirâmide: na base estão às necessidades básicas e no topo, as mais importantes. Portanto, o ser humano possui necessidades que motivam o seu comportamento, num processo contínuo e cíclico de surgimento e satisfação de necessidades. À medida que o homem satisfaz uma necessidade, surge outra, e assim por diante. Figura 5: Hierarquia das necessidades humanas 1. Necessidades Fisiológicas: constituem o nível mais baixo de todas as necessidades humanas, mas de vital importância. Neste nível estão as necessidades de alimentação (fome e sede), de repouso, de sono, de abrigo, o desejo sexual, etc. 2. Necessidades de Segurança: são as necessidades de segurança ou de estabilidade, a busca por proteção contra a ameaça ou privação, a fuga ao perigo. Surgemno comportamento quando as necessidades fisiológicas estão relativamente satisfeitas. Tem grande importância na empresa devido ao fato do empregado estar sempre em relação de dependência com a empresa. 3. Necessidades Sociais: surgem no comportamento, quando as necessidades encontram-se relativamente satisfeitas. Dentre as necessidades sociais encontram-se a necessidade de associação, de participação, de aceitação por parte dos companheiros, de troca de amizade, de afeto e de amor. 4. Necessidades de Estima: são as necessidades relacionadas com a maneira pela qual o indivíduo se vê e se avalia. Envolvem a auto- apreciação, a autoconfiança, a necessidade de aprovação social e de respeito, de status, prestígio e consideração. A satisfação dessas necessidades conduz a sentimentos de autoconfiança, de valor, de força, prestígio, poder, capacidade e utilidade. 5. Necessidade de Auto-Realização: são as necessidades humanas mais elevadas, que estão no topo da hierarquia. São as necessidades de cada pessoa realizar o seu próprio potencial e de autodesenvolver-se Prof. Adm. Eduardo Teraoka Tofoli Teorias da Administração I 15 continuamente. Essa tendência geralmente se expressa através do impulso de a pessoa tornar-se sempre mais do que é e de vir a ser tudo o que pode ser. Essas necessidades tomam formas e expressões que variam enormemente de pessoa para pessoa. A sua intensidade e ou manifestação também são extremamente variadas, obedecendo às diferenças individuais entre as pessoas. EENNFFOOQQUUEE OORRGGAANNIIZZAACCIIOONNAALL TTEEOORRIIAA BBUURROOCCRRÁÁTTIICCAA Os dois enfoques anteriores (clássico e humanista) não foram suficientes para a abordagem mais ampla. Percebeu-se a necessidade da presença de um poder racional – a própria burocracia. O poder racional – imposição e aceitação de normas, de forma coerente e prática, com baixo custo e adequado à produtividade. A administração burocrática se originou na Europa no início do século XX, como alternativa às teorias conhecidas, visto que buscava a racionalidade técnica requerida para projetar e construir um sistema administrativo baseado no estudo exato dos tipos de relacionamento humanos necessários para expandir a produtividade. As origens desta escola são provenientes do antagonismo existente entre a Teoria Clássica e a Teoria das Relações Humana, que não conseguiam apresentar uma visão geral da organização. Assim, a burocracia surge da necessidade de criar um modelo organizacional que considerasse todos os aspectos organizacionais, fossem eles humanos ou estruturais. A isso veio somar-se o contínuo crescimento das empresas, com um número cada vez maior de tarefas mais complexas e interdependentes de outras tarefas dentro da organização, e, por fim, a influência dos trabalhos de Max Weber, que propõe um modelo de organização baseado na burocracia, imediatamente aproveitado pelas empresas. A escola Burocrática foi inspirar-se em Max Weber (1864-1920), sociólogo alemão, notabilizou-se pelos seus estudos sobre autoridade e burocracia. Burocracia no sentido popular é um sistema exagerado de culto por papel e aos regulamentos. Não é essa a abordagem de Weber, que considerava burocracia um sistema ou modelo em que a estrutura é organizada por normas escritas visando racionalidade e igualdade de tratamento de todos os casos e situações. Max Weber é considerado o pai da teoria da burocracia, cujo sentido não é aquele atribuído pejorativamente pela sociedade, mas o de efetivamente atender à organização formal dentro de padrões de racionalidade e eficiência. A burocracia constitui um exemplo típico do modelo de organização dotado de racionalidade, possível de ser aplicado a todos os tipos de organizações e empresas, independentemente da natureza das operações, do tamanho, etc. a burocracia visa atingir certas consequências desejadas, dentre elas a previsibilidade do comportamento das pessoas dentro da organização, ou seja, uma certa padronização do desempenho humano, buscando alcançar a máxima eficiência da organização. O tipo ideal de burocracia de Weber está detalhado no quadro 2 a seguir: Prof. Adm. Eduardo Teraoka Tofoli Teorias da Administração I 16 Quadro 2: a Burocracia ideal de Max Weber 1 – Divisão do trabalho: Os trabalhos são divididas em tarefas simples, rotineiras e bem definidas. 2 – Hierarquia de autoridade: Os cargos ou postos são organizados em uma hierarquia, sendo cada um dos postos inferiores são controlado e supervisionado por um mais elevado. 3 – Seleção formal: Todos os membros da organização serão selecionados com base em qualificações técnicas demonstradas por treinamento, educação ou exame formal. 4 – Regras e regulamentos formais: Para garantir uniformidade e regulamentar as ações dos funcionários, os gerentes devem recorrer constantemente a regras organizacionais formais. 5 – Impessoalidade: Regras e controles são uniformemente aplicados, evitando-se envolvimento com as personalidades e preferência pessoais dos funcionários. 6 – Orientação de carreira: os gerentes são funcionários profissionais e não proprietários das unidades que administram. Trabalham em troca de salários fixos e seguem suas carreiras dentro da organização. Fonte: Adaptado de Robbins (2001, p.492) A burocracia não é um conceito exclusivo das empresas. É uma forma de organização baseada na racionalidade, que procura atingir metas coma maior eficiência possível por meio da melhor adequação dos meios aos objetivos estabelecidos. O ABC da Burocracia Numa administração eminentemente burocrática, podem-se identificar deficiências como: a) Não há solução rápida que não possam ser adiadas; b) Não há problema simples que não possa ser transformado em complexo; c) Não há documento válido em que não possa achar alguma irregularidade; d) Atrapalhe a vida dos outros antes que alguém atrapalhe a sua; e) Descarregue suas frustrações nas pessoas que dependam de suas soluções; f) Humilhe sempre as pessoas de condição social modesta, que não têm como revidar suas grosserias; g) Burocrata que é burocrata defende o outro em qualquer circunstância; h) O burocrata moderno não está apenas na administração pública; ele pode trabalhar em qualquer lugar. Prof. Adm. Eduardo Teraoka Tofoli Teorias da Administração I 17 Vantagens e desvantagens da burocracia Quadro 3: Algumas vantagens e desvantagens da burocracia Vantagens Desvantagens Maior eficiência Ineficiência Atendimento padronizado Excesso de formalismo Divisão do trabalho Excesso de documentos (papéis/arquivos) Impessoalidade no relacionamento Despersonalização do relacionamento Hierarquização da autorização Decisões muito padronizadas Regra no procedimento Inchamento do quadro profissional Mérito Alto grau de conformismo Especialização na administração Atendimento ao público precário Previsibilidade do funcionamento TTEEOORRIIAA EESSTTRRUUTTUURRAALLIISSTTAA Teoria Estruturalista desenvolvida a partir de 1950. Preocupada em integrar todas as teorias das diferentes escolas acima enumeradas. A Escola Estruturalista teve início com a Teoria da Burocracia de Max Weber Analisa a estrutura da organização considerando as partes internas (subsistemas) comparando-as com o todo. A administração científica foi o ponto de transição dos percursores da administração para a Escola Clássica. As pesquisas de Hawthorne representam a passagem da Escola Clássica para as Escolas das Relações Humanas. Nessa evolução, o estruturalismo representa uma nova visão no campo administrativo, como surgimento de uma escola chamada sistêmica. O nome de maior projeção doestruturalismo é Amitai Etzioni (1929-), que deve sua proeminência ao fato de ter se ocupado em analisar os fundamentos das escolas correntes até então conhecidas (Clássica, Científica, Burocrática e das Relações Humanas) e, julgando-os insatisfatórios, formulou uma síntese do que considerava válido, ao que denominou estruturalismo. O estruturalismo marcou sua presença no campo da administração por implicar o estudo das organizações em um sentido mais amplo e integral, levando em conta todos os fatos que influem, tanto interna como externamente, e submetendo-os a uma análise comparativa e global. O estruturalismo implica em reconhecer que os fenômenos organizacionais se interligam, interpenetram de tal modo que qualquer modificação ocorrida em uma parte da organização afeta todas as outras partes. Esse estruturalismo foi talvez a primeira abordagem a reconhecer a importância do conceito de sistema aberto, isto é, da interação entre as instituições humanas e o ambiente onde elas se inserem. Entre as contestações de Etzioni às escolas precedentes, devem-se acentuar aquelas que formularam em relação à Escola das Relações Humanas, apontando, Prof. Adm. Eduardo Teraoka Tofoli Teorias da Administração I 18 por exemplo, para a insuficiência de variáveis de estudo e para a ausência de relacionamento dessas variáveis com outras muito importantes para as organizações. Assim como a Burocrática, a Escola Estruturalista percebeu o conflito entre a Escola Clássica e a Escola de Relações Humanas. Procurou então determinar uma teoria mais abrangente, que levasse em consideração tanto a organização formal estudada pela primeira como a teoria informal estudada pela segunda. Era necessário ver a empresa como uma organização complexa, com grande interação social, da qual fazem parte vários grupos sociais, que nem sempre têm os mesmos objetivos que a organização. A Escola estruturalista se preocupa com o todo, com a interdependência entre as partes que formam o todo e que faz com que esse todo seja maior do que simplesmente a soma das partes. Dentro da visão organizacional da Escola Estruturalista, define-se o conceito de homem organizacional, ou seja, o homem que desempenha papéis em diferentes organizações. Comparando-a com outras escolas, podemos lembrar que a Escola Clássica teve como base o conceito de homo economicus, e a Escola das Relações Humanas, o conceito de homem social. O homem organizacional deve ter características cooperativistas e coletivistas e estar preparado para as constantes mudanças que ocorrem nas organizações. Para isso, precisa estar apto a assumir diferentes papéis nas organizações e ser tolerante para evitar se desgastar diante dos conflitos inerentes ao ambiente organizacional. A organização espera um certo conformismo das pessoas, o que nem sempre ocorre, pois elas têm aspirações e objetivos pessoais que podem não estar de acordo com os objetivos da organização. A Escola Estruturalista procura unir todas as teorias anteriores em sua análise, fazendo a análise organizacional por meio de abordagem múltipla que envolve tanto a organização formal (Escola Clássica) quanto a organização informal (Escola das Relações Humanas), analisando também o resultado da adoção de recompensas de materiais (Escola Clássica) e de recompensas sociais (Escolas de Relações Humanas). A Escola Estruturalista, ao contrário das escolas anteriores, passa a utilizar uma abordagem múltipla por meio de análise intra-organizacional (fatores internos) e outra interorganizacional (fatores externos), ou seja, em vez de utilizar a abordagem do sistema fechado, com base no modelo racional de organização, os estruturalistas utilizam uma abordagem do sistema aberto, tendo como base o modelo natural de organização. TTEEOORRIIAA GGEERRAALL DDOOSS SSIISSTTEEMMAASS Embora noções de sistemas existam há muito tempo, uma grande diferença entre a era moderna e as anteriores é a maneira de pensar ou a filosofia da abordagem de sistemas. A Teoria Geral de Sistema (TGS) é um campo lógico- matemático cuja tarefa é a formulação e derivação daqueles princípios que são aplicáveis aos sistemas em geral. A solução de problemas atualmente exige amplo enfoque para um sistema, mais do que a obsessão de aprofundamento do problema em questão. Isso significa olhar o problema sob uma perspectiva mais ampla, ou seja, sob um ponto de vista de sistemas, um ponto de vista holístico. A visão do problema como um todo é denominada visão de sistemas ou abordagem de sistemas. A falta dessa maneira de analisar os problemas pode ser catastrófica. Prof. Adm. Eduardo Teraoka Tofoli Teorias da Administração I 19 Por volta de 1940, Ludwig von Bertalanffy (1901-1972), um biólogo alemão, iniciou o movimento de volta ao pensamento aristotélico. Bertalanffy conduziu seus estudos de sistemas gerais pensando no metabolismo, estados estáveis, crescimento e sistemas abertos, por meio de conceitos encontrados na química- física, cinemática e termodinâmica, e a Teoria Geral de Sistemas começou a se desenvolver. O pensamento de sistemas é importante na psicologia, na sociologia, na economia e na cibernética, bem como em muitas das ciências físicas. Quase todas as coisas podem ser vistas como sistemas. Um automóvel é um sistema mecânico de centenas de peças. Uma flor é um sistema botânico, assim como um animal é um sistema zoológico. Um ser humano é um sistema fisiológico e psicológico, constituído de células, órgão, atitudes, expectativas e muitos outros elementos. Uma empresa de negócios é um sistema sociotécnico porque combina organização humana com a tecnologia das máquinas, dos materiais, dos processos e assim por diante. O fato comum a todos os casos mencionados é a interação de elementos. É ponto de vista comum entre os estudiosos que a teoria estruturalista está a um passo da teoria dos sistemas. Ao dizer que a empresa atua em interação com o meio externo, estava aberto o caminho para o surgimento da visão sistêmica da organização, que a vê como parte de um sistema amplo e dinâmico, que influencia e é por ela influenciado. O pensamento sistêmico A Teoria dos Sistemas desempenha papel decisivo na ciência de nosso tempo, pois permite a integração de conhecimentos das ciências físicas, biológicas e humanas. Alguns dos seus principais desdobramentos foram à teoria da informação, a cibernética e a ecologia. A ciência do século XIX adotava a mecânica clássica como modelo do pensamento científico, o que equivale a pensar nas coisas como mecanismos e sistemas fechados. A ciência atual veio corrigir esse equívoco trazendo como modelo um organismo vivo e dinâmico, voltado para tender prontamente a uma realidade cada vez mais competitiva e exigente. TTEEOORRIIAA DDAA CCOONNTTIINNGGÊÊNNCCIIAA Joan Woodward, Tom Burns e Warren Bennis são os expoentes desta teoria. A incerteza quanto à ocorrência de resultados já obtidos em outras circunstâncias é denominada por contingência. No enfoque contingencial, a organização deve ser uma estrutura adaptativa, visto que as variáveis tecnológicas, processos, pessoas e ambiente se interagem. Na década de 1970, ocorreu uma profusão de pesquisas que investigam os fenômenos organizacionais a partir de uma nova perspectiva. Diversos escritores formularam teorias de administração das organizações que projetavam estruturas Um sistema pode ser definido como um conjunto de elementos interagentes e interdependentes relacionados cada um ao seu ambiente de modo a formar um todo organizado. Prof. Adm. Eduardo Teraoka Tofoli Teorias da Administração I 20 organizacionais e ações gerenciais apropriadas para situações mais específicas. Na literatura administrativa,o termo contingência implica que uma coisa está relacionada à outra. Isso é aceitação do caráter altamente complexo e inter- relacionado das características organizacionais. A Teoria das Contingências pode ser vista como um desenvolvimento da Teoria de Sistemas e vai a um estágio posterior no relacionamento com o ambiente e outras variáveis para estruturas específicas de organização. Na visão dessa escola, não há forma ideal de administrar empresas, uma vez que tudo depende do momento econômico e das tecnologias envolvidas na produção, somados ao preparo das respectivas estruturas para enfrentar oscilações nas tendências de mercado, respondendo prontamente aos desafios que se sucedem. Em linhas gerais, a Teoria da Contingência considera tudo relativo, não existindo um modelo absoluto que possa ser utilizado em todas as situações; o que fazer irá depender das variáveis do ambiente que determinarão quais decisões deverão ser tomadas pela organização. Verificou-se que grande parte do que se observava dentro das organizações era decorrente do que acontecia fora delas, o que motivou o estudo da interdependência entre ambiente e organização. Outra variante condicionante é a tecnologia, a que se atribui grau de eficiência tanto maior quanto mais avançada for. TTEEOORRIIAA DDOO DDEESSEENNVVOOLLVVIIMMEENNTTOO OORRGGAANNIIZZAACCIIOONNAALL O D.O. nasceu por três razões distintas: problemas burocráticos na organização, conhecimento sistêmico da organização e a tecnologia administrativa. Tem como objetivo o crescimento da empresa e do empregado através de uma integração das partes. É uma forma de aumentar a participação dos empregados em assuntos da empresa. É um processo de intervenção na organização, uma estratégia educacional que pretende alterar o comportamento e a estrutura da organização. D.O. procura influenciar na cultura da organização (modo de vida, crença, valores) através de profunda análise comportamental, estrutural e do meio ambiente. As organizações têm enfrentado continuamente o dilema de ter de alcançar, ao mesmo tempo, a produtividade organizacional e a satisfação das necessidades dos indivíduos. Richard Beckhard (1918-1999), um cientista comportamental norte- americano do Massachusetts Institute of Technology (MIT), foi criador da expressão desenvolvimento organizacional (DO). A Teoria da Contingência estabelece que situações diferentes exigem práticas diferentes, apregoando o uso das teorias tradicionais, comportamentais e de sistemas separadamente ou combinadas para resolver problemas das organizações. A abordagem contingencial enfatiza que não há solução universal única para os problemas da administração, mas que a solução correta dependerá das necessidades específicas da situação. Prof. Adm. Eduardo Teraoka Tofoli Teorias da Administração I 21 O DO ajuda os gerentes a alcançar um grau de síntese da organização; ajuda a colocar as muitas peças de um sistema complexo juntas, na melhor configuração possível. Esse sistema complexo, isto é, a organização como um todo precisa ser integrado de tal modo que encoraje os subsistemas a trabalhar juntos tão eficiente e eficazmente quanto possível. Útil para o gerente, o DO o força a ver as organizações como sistemas abertos dinâmicos que interagem ativamente com o ambiente circundante. Além disso, ele encoraja os gerentes a olhar não só o que os indivíduos e grupos estão fazendo, mas também como estão fazendo. É muito difícil reduzir o DO a uma rápida e simples definição. Embora relativamente novo, ele tem se tronado um título muito conveniente para um conjunto de técnicas e processo que procuram transformar uma organização doente em uma organização sadia e transformar organizações sadia em mais sadias. O desenvolvimento da organização é um processo de modificações culturais e estruturais, de forma que a organização se habilite permanentemente a diagnosticar, planejar e implementar essas modificações. De maneira objetiva, o DO é um processo de mudança planejada, visando alcançar determinada condição, conforme figura 6. Fonte: adaptado de Silva (2008) Figura 6: O conceito de DO AADDMMIINNIISSTTRRAAÇÇÃÃOO PPOORR OOBBJJEETTIIVVOOSS -- AAPPOO A APO trouxe notável contribuição para o pensamento administrativo, por sua praticidade e por sua visão de resultados, alertando o administrador para a necessidade de readequar objetivos caso constate alteração no mercado. O perfil da empresa moderna revela uma estrutura sempre pronta para reagir criativa e eficientemente frente a situações emergentes e desafiadoras para resultar vitoriosa em cenários inconstantes como o que observamos atualmente. A empresa moderna é altamente empreendedora e participativa, movimentando todos os segmentos das diversas ciências para poder fazer frente às exigências de mercados cada vez mais sofisticados e diversificados. Por ser essencialmente dinâmico, o desenvolvimento organizacional é o processo que envolve combinação de alteração estruturais e comportamentais que se completam e se suportam, em vista de um objetivo que é o aumento da eficiência ou da eficácia organizacional. O desenvolvimento organizacional é um processo sistemático, administrado e planejado de mudança de cultura, sistemas e comportamentos de uma organização, a fim de melhorar a eficácia na solução dos problemas e no alcance dos objetivos organizacionais. Situação atual Situação desejada Mudança planejada Prof. Adm. Eduardo Teraoka Tofoli Teorias da Administração I 22 Uma forma comum de estabelecimento de metas usada nas organizações é a Administração por Objetivo (APO). Esse processo é uma tentativa de alinhar metas pessoais com a estratégia de negócio, por meio do aumento da comunicação e das percepções compartilhadas entre a gerência e os subordinados, seja como indivíduos ou como um grupo, pela conciliação do conflito quando este existir. A APO dá atenção aos objetivos dos membros da organização e como esses objetivos se relacionam com os objetivos da organização. A APO pode ser aplicada aos membros de todos os níveis da organização, e isso pode resultar na adoção de um estilo de administração mais participativo e colaborativo. A expressão Administração por Objetivo foi desenvolvida por Peter Drucker em 1954, nasceu na Áustria, se formou em direito. O trabalho de Drucker foi ampliado por George Odiorne, cujo primeiro livro realçava a necessidade de medições quantitativas. A origem da Administração por Objetivos (APO) está baseada na mudança do enfoque administrativo. A ênfase saiu do processo, dos meios de produção, das atividades-meio e passou às atividades-fim, aos resultados e objetivos alcançados. A APO é um sistema de gerência em que chefias e subordinados estabelecem objetivos e metas para suas respectivas áreas de reponsabilidade, formulam planos para tingir as metas especificadas. Definem padrões para medir o desempenho e fazem o acompanhamento periódico do progresso obtido. EENNFFOOQQUUEE MMOODDEERRNNOO TTEEOORRIIAA NNEEOOCCLLÁÁSSSSIICCAA Originária no enfoque clássico, reafirma os postulados clássicos, sustentando que Taylor e Fayol nunca estiveram desatualizados. Difere apenas quanto à coerência de suas colocações. Peter Drucker encabeça algumas idéias, chamadas de Gerência por Resultados. Foi o “boom” da década de 50. A Teoria Neoclássica é também denominada Escola Operacional ou Escola do Processo Administrativo, pela sua concepção da Administração como um processo de aplicação de princípios e de funções para o alcance de objetivos.As várias funções do administrador, consideradas como um todo forma o processo administrativo. Planejamento, organização, direção e controle, por exemplo, consideradas separadamente, constituem as funções administrativas, quando visualizadas na sua abordagem total para o alcance de objetivos, elas formam o processo administrativo. Processo é qualquer fenômeno que apresente mudança contínua no tempo ou qualquer operação ou tratamento contínuo. O conceito de processo implica que os acontecimentos e as relações sejam dinâmicos, em evolução, sempre em mudança, contínuos. O processo não é uma coisa parada, estático, é dinâmico. A Administração por Objetivos pode ser definida como um estilo ou sistema de administração que relaciona as metas organizacionais com o desempenho individual, por meio do envolvimento de todos os níveis administrativos. Prof. Adm. Eduardo Teraoka Tofoli Teorias da Administração I 23 A teoria neoclássica da administração é o nome dado a um conjunto de teorias que surgiram na década de 50 e que propõem uma retomada das abordagens clássica e científica da administração. A teoria tem como principal referência Peter Drucker, mas também inclui um grupo amplo de autores como Willian Newman, Ernest Dale, Ralph Davis, Louis Allen e George Terry. Dentre os principais conceitos abordados por essa teoria, destacam-se: a) ênfase na prática da administração; b) reafirmação relativa das proposições clássicas; c) ênfase nos princípios gerais de gestão; d) ênfase nos objetivos e resultados. As teorias depois de Drucker são chamadas de "modernas" por ser ele reconhecido como "pai da administração moderna"[2] ("modern management" em inglês), embora o termo "administração moderna". TTEEOORRIIAASS JJAAPPOONNEESSAASS Técnicas industriais usadas no Japão, trazidas para o mundo ocidental como se fosse algo realmente espetacular para os nossos problemas de produção. Contém grande originalidade em termos de metodologia, mas em essência não passam de um princípio de Taylor; estudar o trabalho e aperfeiçoar os métodos. Os sucessos das teorias japonesas não se prendem ao fato único da teoria, mas de algumas características: emprego vitalício, cultura do povo, dentre outras. A maior evidência da participação desta Teoria está na aplicação das ferramentas da qualidade em solução de problemas, reuniões etc. (brainstorm, Ishikawa...) Tendo observado a ascensão da indústria japonesa a uma posição de importância na comunidade econômica mundial, após sua destruição quase total durante a Segunda Guerra Mundial, o consultores e teóricos americanos em administração dedicaram-se a um exame dos fundamentos conceituais da teoria da administração japonesa. Willian G. Ouchi batizou a abordagem japonesa de Teoria Z, uma extensão óbvia da caracterização de McGregor de Teoria X e Y para as primeiras abordagens das teorias da administração. A abordagem da Teoria Z é pragmaticamente adaptada do estilo de administração que emergiu no Japão após sua destruição na Segunda Guerra Mundial e que se caracterizou como milagre econômico japonês. Técnicas básicas A Teoria Z tem suas raízes filosóficas na cultura e nos costumes japoneses e, muito menos do que uma abordagem teórica, é uma coleção prática de técnicas gerenciais que têm sido agrupadas ao redor do foco central do grupo de trabalho. Essa abordagem sustenta que a tomada de decisão mais eficaz é aquela que é realizada por um grupo e não por um determinado gerente. Esse estilo é chamado de tomada de decisão consensual e supõe que o processo de decisão em grupo resultará em melhores decisões. A principal manifestação da Teoria Z no local de trabalho foi a introdução dos círculos de qualidade (CQ). São pequenos grupos de trabalhadores e gerentes que se reúnem regularmente durante o expediente normal e tentam aumentar a qualidade e reduzir custos. Prof. Adm. Eduardo Teraoka Tofoli Teorias da Administração I 24 PPOORR QQUUEE EESSTTUUDDAARR AADDMMIINNIISSTTRRAAÇÇÃÃOO A primeira razão para se estudar administração é o interesse em melhorar o modo como às organizações são administradas, porque todos interagem com todos, a cada dia, dentro das organizações. Organizações bem administradas desenvolem consistência, crescimento e prosperidade; já as mal administradas declinam e, muitas vezes, morrem. Algumas organizações conseguem se recuperar do declínio, com certeza, utilizando-se de recursos administrativos altamente eficazes. Administradores usam as teorias administrativas para a tomada de decisões em seus esforços diários de planejar, organizar, dirigir e controlar a produtividade organizacional. Uma teoria administrativa explica e prediz o comportamento das organizações e de seus membros. Algumas dessas teorias são teorias de configuração, isto é, desenvolvidas pelos próprios estudiosos ou aprendidas de outros com o tempo e como resultado das experiências. Outras são teorias científicas, desenvolvidas por meio de métodos científicos. Existe uma relatividade de valores entre os dois tipos mencionados. Somente a experiência pode não ser válida, e somente a metodologia não garante sucesso. Os indivíduos adquirem conhecimento teórico e experiência prática ao mesmo tempo, seja por meio de programas de trabalho-estudo ou de treinamento. A figura 7 descreve o processo de aquisição de conhecimentos teóricos e práticos para administrar organizações, em termos fundamentais. Fonte: Adptado de Silva, 2008. Figura 7: O processo de aquisição da habilidade de administrar pela junção da teoria com a prática. É bom notar que está cada vez mais difícil se recuperar de situações caóticas, o que vale dizer que, cada vez mais, o declínio significa a morte da organização. Uma teoria é um conjunto de conceitos e ideias que explica e prediz fenômenos sóciais e físicos. Teoria Aquisição da habilidade de administrar Prática � Definições � Fatos relevantes � Conceitos � Técnicas � Orientações � Palestrar e seminário � Experiência simulada � Casos para estudo � Participação em eventos específicos � ..... Integração sistemática da teoria e prática nos meios significativos e úteis da administração Prof. Adm. Eduardo Teraoka Tofoli Teorias da Administração I 25 AA AADDMMIINNIISSTTRRAAÇÇÃÃOO EE SSEEUUSS DDEESSAAFFIIOOSS A Administração é um dos campos mais excitantes e importantes dos cursos universitários, pois envolve o direcionamento das empresas para serem competitivas e lucrativas. Além disso, afeta todas as demais atividades profissionais existentes, já que todas elas devem ser administradas. Como disciplina, a administração tem sido fortemente afetada por significativas mudanças ambientais e organizacionais que têm ocorrido nas últimas décadas. É muito importante desenvolver um claro entendimento do conceito de administração, bem como de todas as implicações no ambiente organizacional onde ocorre a administração; é preciso também entender o processo administrativo sob uma perspectiva funcional. Os administradores, atualmente, confrontam-se, com desafios extraordinários, que seus predecessores raramente enfrentaram. Esses desafios incluem uma crescente competição global, uma sem precedente demanda por qualidade e valor para os consumidores e uma grande necessidade de mudar radicalmente o modo como às organizações funcionam. Mais importante, os administradores de amanhã vão enfrentar um ambiente de negócio ainda mais competitivo. Para vencer os desafios do ambiente dos negócios, de hoje e de amanhã, os administradores devem ser flexíveis, proativose centrados na qualidade de tudo o que fazem. DDEEFFIINNIIÇÇÃÃOO DDEE AADDMMIINNIISSTTRRAAÇÇÃÃOO Em administração, infelizmente é difícil encontrar definições-padrão, por causa dos muitos termos comumente usados. Entretanto, é fundamental que exista um vocabulário e um entendimento comuns para o sucesso da comunicação. Você encontrará muitas definições diferentes em vários textos, sendo todas, no geral, variações do mesmo tema. Com o passar dos tempos, tem havido, e continua a haver, uma modificação de ênfase nas definições. Mas, a definição que é mais atual e completa para o termo adminstração é o ato de trabalho com e por intermédio de outras pessoas para realizar e atingir os objetivos da organização, bom como de seus membros. A tarefa da administração é interpretar os objetivos propostos pela empresa e transformá-los em ação empresarial, a fim de atingir tais objetivos. Além de combinarem seus esforços, as pessoas que compõem uma organização utilizam outros tipos de recursos, tais como, máquinas, equipamentos, ferramentas, capital, instalações, energia, conhecimento, etc. Podemos agrupá-los em três categorias mais amplas: dinheiro, materiais e informação. A tarefa de tomar decisões sobre a definição de objetivos e a utilização dos recursos necessários para atingi-los chama-se administração; isto é, buscar a eficiência e eficácia das organizações. As principais decisões administrativas podem ser classificadas em quatro categorias e funções principais: Planejamento, Organização, Direção e Controle. AAddmmiinniissttrraaççããoo éé oo pprroocceessssoo ddee ppllaanneejjaarr,, oorrggaanniizzaarr,, ddiirriiggiirr ee ccoonnttrroollaarr aa aapplliiccaaççããoo ddooss rreeccuurrssooss hhuummaannooss,, mmaatteerriiaaiiss,, ffiinnaanncceeiirrooss ee iinnffoorrmmaaççõõeess,, vviissaannddoo oo aallccaannccee ddooss oobbjjeettiivvooss.. Prof. Adm. Eduardo Teraoka Tofoli Teorias da Administração I 26 Portanto: a) Administrar é lidar com pessoas; b) Administrar é tomar decisões; c) Administrar é liderar um grupo; d) Administrar é alcançar resultados; e) Administrar é estabelecer objetivos; f) Administrar é comandar; g) Administrar é mandar; h) Administrar é dirigir; i) Administrar é coordenar esforços; j) Administrar é ser agente de mudanças; k) Administrar é inovar; l) Administrar é influenciar pessoas; m) Administrar é exercer poder; n) Administrar é obter resultados com e através de pessoas. AASS AAPPTTIIDDÕÕEESS PPAARRAA AADDMMIINNIISSTTRRAARR Administrar é uma obra específica. Dessa forma, exige aptidões específicas. Entre essas aptidões estão as seguintes: a) Tomar decisões eficazes; b) Comunicar-se com e sem a organização; c) Aplicar adequadamente os controles e as mensurações; d) Ser capaz de trabalhar com orçamentos e com planejamento; e) Ser capaz de empregar instrumentos analíticos as ciências da administração. É pouco provável que alguém possua ao mesmo tempo todas essas aptidões. Todo administrador, contudo, precisa compreender em que consiste cada uma delas, o que podem elas fazer a seu favor e o que, pôr sua vez, dele exigem. AA IIMMPPOORRTTÂÂNNCCIIAA DDAA AADDMMIINNIISSTTRRAAÇÇÃÃOO Os gerentes influenciam todas as fases das organizações modernas. Gerentes Industriais executam operações industriais que produzem as roupas que vestimos, a comida que comemos e os automóveis que dirigimos. Gerentes de vendas mantêm uma força de vendas que negocia produtos. Gerente de pessoal fornece força de trabalho competente e produtiva às organizações. As seções de emprego dos classificados de qualquer grande jornal descrevem muitos tipos diferentes de atividades administrativas e confirma sua importância. A administração é o processo que procura assegurar a eficácia e eficiência das organizações. A administração, como assinalou Fayol, é importante em qualquer escala de utilização de recursos para realizar objetivos - individual, familiar, grupal, organizacional ou social. A Figura 8 ilustra essas definições, bem como a relação entre o aumento da quantidade de recursos e a complexidade do processo administrativo. Embora o processo administrativo seja importante em qualquer contexto de utilização de recursos, a razão principal para estudá-lo é seu impacto sobre o desempenho das organizações. As organizações assumiram importância sem Prof. Adm. Eduardo Teraoka Tofoli Teorias da Administração I 27 precedentes na sociedade e na vida das pessoas. Há poucos aspectos da vida contemporânea que não sejam influenciados por alguma espécie de organização. A sociedade moderna é uma sociedade organizacional, em contraste com as sociedades comunitárias do passado. O principal motivo para a existência das organizações é o fato de que certos objetivos só podem ser alcançados por meio da ação coordenada de grupos de pessoas. Fonte: (MAXIMIANO, 2000, p. 28) Figura 8: A complexidade do processo administrativo aumenta de forma diretamente proporcional ao volume e interdependência de recursos. TTAARREEFFAA DDAA AADDMMIINNIISSTTRRAAÇÇÃÃOO Além de compreender o que o trabalho administrativo significa para eles e para a sociedade e seus benefícios, os prováveis administradores precisam saber o que as tarefas da administração acarretam. Nossa sociedade não existiria, como a conhecemos atualmente, nem se aperfeiçoaria sem que gerentes orientassem permanentemente suas organizações. Peter Drucker enfatizou esse ponto quando afirmou que a administração eficaz é provavelmente a maior fonte de riqueza dos países desenvolvidos e a maior carência dos países em desenvolvimento. Em resumo, todas as sociedades necessitam desesperadamente de bons gerentes. OO PPAAPPEELL DDOO AADDMMIINNIISSTTRRAADDOORR Essencialmente, o papel dos gerentes é liderar as empresas para atingirem suas metas. Toda empresa existe para um determinado propósito ou objetivo, e os Administração pessoal Administração familiar Administração de pequenos grupos sociais Administração de organizações Administração social: cidade, Estado, sociedade global Prof. Adm. Eduardo Teraoka Tofoli Teorias da Administração I 28 gerentes são responsáveis por combinar e utilizar os recursos de que dispõe a organização para garantir que essas empresas alcancem seus propósitos. OORRGGAANNIIZZAAÇÇÃÃOO Uma organização é o produto da combinação de esforços individuais, visando à realização de propósitos coletivos. Por meio de uma organização, é possível perseguir ou alcançar objetivos que seriam inatingíveis para uma pessoa. São exemplos de organizações: uma grande empresa, uma pequena oficina, um laboratório ou um corpo de bombeiros. Sempre que alguém precisa realizar uma atividade para a qual é necessário recorrer ao auxílio de outros, ou sempre que algumas pessoas descobrem que se unirem suas forças e seus esforços conseguirão fazer coisas que sozinhos nunca alcançariam, o resultado é uma organização. AASS OORRGGAANNIIZZAAÇÇÕÕEESS SSÃÃOO GGRRUUPPOOSS DDEE PPEESSSSOOAASS QQUUEE CCOOMMBBIINNAAMM SSEEUUSS PPRRÓÓPPRRIIOOSS EESSFFOORRÇÇOOSS EE OOUUTTRROOSS TTIIPPOOSS DDEE RREECCUURRSSOOSS PPAARRAA AALLCCAANNÇÇAARREEMM OOBBJJEETTIIVVOOSS CCOOMMUUNNSS.. Há duas características importantes que diferenciam uma organização de outros tipos de grupos sociais: 1. Divisão do Trabalho: cada pessoa ou grupo de pessoas tem um papel específico que contribui para o objetivo final. 2. Coordenação: os diversos papéis específicos combinam-se e integram-se de
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