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Caso Dharavi A Urbanização da Maior Favela da Ásia

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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ
MBA EM ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Fichamento de Estudo de Caso
Simone Botelho de Oliveira
Trabalho da Disciplina Poder Local e Sociedade,
 Tutor: Profª Carla Barrígio
Santos 
2018
FICHAMENTO
TÍTULO: Poder Local e Sociedade
CASO: Dharavi: urbanização da maior favela da Ásia
REFERÊNCIA: IYER, Lakshmi; MACOMBER, John. Dharavi: urbanização da maior favela da Ásia. Boston: Harvard Business School Publishing, 2011.
TEXTO: Lakshmi Iyer e John Macomber (2011) analisam o caso do projeto de Urbanização da favela de Dharavi, os entraves para ser posto em prática e as ações derivadas dessa iniciativa de parceria entre os setores público e o privado.
Em julho de 2009 vários consórcios imobiliários enviaram suas propostas financeiras para participarem do Projeto de Urbanização de Dharavi, a maior favela da Ásia, em Mumbai. Por causa dos preços mais altos do mundo nas propriedades na cidade o projeto era lucrativo mesmo depois de fornecer moradias gratuitas com mais conforto e infraestrutura aos moradores. Em março de 2009 catorze propostas foram avaliadas tecnicamente.
O prazo de entrega para a licitação foi indefinidamente prorrogado após dois adiamentos no primeiro semestre daquele ano; o governo do estado de Maharashra não queria continuar o processo enquanto a regulamentação de questões como o FSI (índice de construção) e a divisão por metro quadrado para cada residência não fosse concluída. Alguns relatórios especulavam que o governo tinha sido influenciado pela crença de que as condições da licitação estariam favorecendo alguns incorporadores. Mesmo com o adiamento, o DRP continuou enfrentando percalços. Em março de 2011 o futuro da parceria público-privada era duvidoso. Propostas alternativas foram discutidas sem chegar a um acordo. A instabilidade refletia a falta de confiança nos incorporadores do setor privado, no partido político no poder e em Mukesh Mehta, o arquiteto desenvolvedor da estratégia da parceria. Os atrasos também refletiam as oposições entre as exigências dos moradores da favela e as diversas ambições do DRP.
Entre abril de 2008 – data da convocação de propostas detalhadas de urbanização – e janeiro de 2011, os consórcios incorporadores interessados em participar da licitação diminuíram de dezenove para quatro. Cinco haviam desistido no início de 2009 com a crise econômica global e os problemas financeiros dos parceiros internacionais. O momento não era apropriado: a maior parte dos incorporadores enfrentava problemas financeiros e Dharavi era um projeto caro; até os grandes teriam dificuldade de se comprometer.
Outros perderam o interesse depois dos decorrentes atrasos e mudanças nas condições do projeto. Não confiavam porque não estavam certos de que o projeto seria realizado no momento da crise.
Em fevereiro de 2010 um comitê responsável por sugerir medidas que desatravancassem o plano sugeriu que o valor mínimo das propostas aumentasse em quase cinco vezes o preço do metro quadrado e que o processo de licitação ocorresse em etapas diferentes, em vez de simultaneamente. Isso abalou ainda mais o entusiasmo dos incorporadores. Houve comentário de que, se aprovado, o acréscimo no valor tornaria o projeto economicamente inviável.
No primeiro semestre de 2009, o governo do estado nomeou um comitê especialista para avaliar o DRP. O comitê criticava Mukesh Mehta argumentando que parecia não ter qualificações ou experiências necessárias para lidar com aquela complexidade e que sua permanência prejudicaria os interesses do projeto e da cidade. Em julho de 2009 após várias cartas enviadas ao governo, sem obter resposta, o comitê redigiu uma carta aberta descrevendo o DRP como um esquema sofisticado de apropriação de terras, oferecendo habitação aos moradores de Dharavi em troca de sua realocação em áreas da metade do espaço que ocupavam, para explorar comercialmente a extensão restante. Dessa maneira, a condução estava sendo feita de acordo com interesses pessoais em vez de visar o bem-estar dos moradores de Dharavi. A alternativa proposta foi os moradores serem encorajados a fazerem a urbanização por conta própria, no tempo deles, seguindo um plano principal geral e um conjunto de diretrizes sugeridos para o controle do processo de urbanização.
Para os moradores da favela os principais problemas eram alocação e tamanho das residências e espaços de trabalho, que continuavam controversos.
Apesar dos protestos, a data limite para receber as moradias gratuitas do programa de reabilitação não mudou, colocando todos os moradores que não pudessem comprovar que haviam se mudado para Dharavi antes do dia 1º de janeiro de 2000 sob o risco de despejo. Uma pesquisa demostrou que 31% estavam nessa situação. Em março de 2011 o governo de Maharashtra concordou em legalizar direitos de propriedade dos moradores que haviam se mudado para lá após a data limite mediante pagamento de uma taxa simbólica de transferência. Cartões de identificação foram distribuídos aos moradores de modo a facilitar o processo.
Até março de 2011 não havia data anunciada para a entrega das propostas de licitação. A ideia de parceria estava sendo reavaliada. Em fevereiro de 2011 o ministro chefe do estado obteve uma aprovação inicial para que o Setor 5 da favela fosse urbanizado por um órgão do governo chamado Maharashtra Housing and Development Authority (MHADA) como um projeto-piloto, mas a decisão foi contestada por vários membros de seu próprio partido político. O setor imobiliário criticava o projeto anterior da MHADA pela estrutura ruim, com tubos e conexões de má qualidade e acabamento abaixo das expectativas. Os moradores também se opuseram; o presidente da federação composta de trinta e cinco sociedades habitacionais de Dharavi, criada para protestar contra os atrasos do DRP, comentou que eles seriam obrigados a preencher vários documentos para receberem uma área que eles já tinham direito, diante de condições do projeto de reabilitação.
Por se tratar de uma complexidade de alta magnitude, seria possível ainda elaborar uma estratégia de colaboração para que MHADA e os incorporadores privados trabalhassem juntos. Até março de 2011, não havia sido tomada nenhuma decisão.
Embora a proposta original fosse boa, criticado e com atrasos sucessivos, o DRP levantou dúvidas quanto ao futuro das parcerias entre os setores público e privado em projetos como esse. Outras cidades da Índia também estavam adotando estratégias semelhantes. A Agência de desenvolvimento de Délhi tinha avançado concedendo formalmente o primeiro projeto de urbanização de favela de Délhi à Raheja Developers, que pegou o dinheiro para comprar o terreno e comprometeu-se a construir 2800 casas de mais ou menos 30 metros quadrados para os moradores da colônia de Kathputli, e assim poderia usar um décimo da área total das casas para o mercado comercial e mais 10.000 metros quadrados do terreno para construir residências de alto padrão. Até março de 2011 as obras da Raheja não haviam começado pois o alojamento temporário dos moradores da favela não tinha sido definido.
Em Mumbai outros projetos estavam sendo iniciados. Um dos maiores foi o Projeto Golibar em Santa Cruz, em frente à Rodovia Expressa que cruza Dharavi. Esse prometia realocar 125000 moradores em alojamentos temporários e depois em novos apartamentos, além de vender apartamentos a preço de mercado, o que subsidiaria o projeto como no plano original de Dharavi. O início foi lento em parte devido a restrições financeiras dos incorporadores, assim como acontecia em vários projetos menores da Agência de reabilitação de favelas em Mumbai.
Portanto, Iyer e Macomber (2011) concluem de tal modo que como o DRP foi interrompido pela desconfiança mútua entre as partes interessadas, a necessidade de encontrar uma forma viável de suprir a falta de moradia decente e condições básicas de vida para os moradores de favelas de países em desenvolvimento persiste.LOCAL: www.hbsp.harvard.edu/educators
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
IYER, Lakshmi; MACOMBER, John. Dharavi: urbanização da maior favela da Ásia. Boston: Harvard Business School Publishing, 2011.
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