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Notas de Estratigrafia de Seqüências Gasperi

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i 
Notas de Estratigrafia de Seqüências 
 
O presente material foi elaborado com base no livro Principles of Sequence Stratigraphy, de 
autoria do Professor Octavian Catuneanu, e complementado com notas de aula da disciplina de 
Estratigrafia e Bacias Sedimentares do Departamento de Ciências da Terra e Atmosféricas da 
Universidade de Alberta. Esta disciplina utilizou como livro texto o volume acima referido. Na 
medida do possível foram introduzidos tópicos da disciplina de Sedimentologia Clástica, também 
ministrada pelo Professor Octavian Catuneanu, e que teve como referência os artigos contidos no 
CD Facies Models Revisited (2006), editado por Roger Walker e Henry Posamentier. Por vezes 
também foram introduzidas definições de termos técnicos que nem sempre são claros para os 
geólogos em geral. Algumas das definições foram extraídas do Glossário de Geologia Jackson (4ª 
edição). 
 
O curso de Estratigrafia e Bacias Sedimentares juntamente com o de Sedimentologia 
Clástica fez parte do programa de Especialização em Geologia Sedimentar do qual participei 
durante o ano de 2009. Ambas as disciplinas foram realizadas entre os meses de janeiro e abril de 
2009 e fazem parte do programa de pós-graduação na área de ciências da terra da Universidade de 
Alberta, Canadá. 
 
Para efeito de organização desta apostila procurou-se seguir a mesma ordem dos temas 
abordados no livro Principles of Sequence Stratigraphy. A introdução de tópicos e comentários 
adicionais foi realizada de acordo com a necessidade, procurando proporcionar um melhor 
entendimento dos assuntos abordados. Desta forma, o presente material tem a pretensão reunir o 
conteúdo da disciplina de Estratigrafia e Bacias Sedimentares e apresentar de forma resumida o 
conteúdo do volume acima citado. Exceto quando referenciadas, todas as figuras apresentadas 
foram extraídas do livro Principles of Sequence Stratigraphy, com ou sem edição, ou adaptadas de 
desenhos feitos em sala de aula pelo Professor Catuneanu. 
 
Pretende-se com este material disponibilizar para a comunidade de geocientistas da 
Petrobras uma visão atualizada dos conceitos de Estratigrafia de Seqüências baseada no trabalho 
do pesquisador que tem se destacado internacionalmente, não só pelo seu esforço na padronização 
desta área do conhecimento geológico, mas também pela sua contribuição no aprimoramento deste 
ramo da ciência e a introdução de novos conceitos e formas de interpretar o registro sedimentar. 
Neste sentido, alguns pontos que podem ser realçados são: 
 
- A forma clara e organizada da base conceitual que envolve a estratigrafia de seqüências, 
incluindo seus controles, superfícies e tratos de sistemas. A estratigrafia de seqüências analisa a 
resposta sedimentar causada por variações do nível base e os trends deposicionais que emergem da 
interação entre a acomodação e a sedimentação na linha de costa. As mudanças da linha de costa 
(transgressão e regressão) representam o elemento central em torno do qual os conceitos de 
estratigrafia de seqüências são definidos. Suas variações no tempo, que por sua vez são controladas 
pela interação entre eustasia, subsidência e sedimentação, determinam a formação de pacotes de 
estratos associados com trends deposicionais particulares e com padrões de empilhamento 
específicos. Estes pacotes são delimitados pelas superfícies de seqüências estratigráficas e 
denominados tratos de sistemas. 
 
- Outro ponto de destaque é o esclarecimento de raseamento e aprofundamento da lâmina 
d’água, que geralmente são confundidos com regressão e transgressão, e os trends de gradação 
granulométrica na porção marinha rasa da bacia. A lâmina d’água em qualquer parte marinha de 
uma bacia sedimentar depende da interação entre subsidência, variação do nível do mar e 
sedimentação. Subsidência e aumento do nível do mar contribuem para o aprofundamento da 
 ii 
lâmina d’água, enquanto a queda do nível do mar e a sedimentação contribuem para o raseamento 
da lâmina d’água. Como as taxas de subsidência e de sedimentação variam ao longo da bacia, uma 
regressão na linha de costa pode estar associada com o aprofundamento da lâmina d’água em 
porções mais distais da bacia. Assim, a equivalência entre pacotes transgressivos e trend de 
aprofundamento para o topo ou regressivos e raseamento para o topo, não pode ser generalizada. Já 
os trends de gradação granulométrica dos sedimentos são controlados pelo suprimento de 
sedimentos (quantidade e tamanho de grão) e pela energia deposicional, independentemente da 
lâmina d’água. Tratos de sistemas regressivos apresentam trend granocrescente para o topo e tratos 
transgressivos trend granodecrescente para o topo. Variações da lâmina d’água podem seguir 
padrões que são independentes dos trends de gradação granulométrica, bem como sucessões de 
granulometria grosseira para o topo podem progradar em lâminas d’águas raseando ou 
aprofundando. 
 
- No ambiente fluvial destaca-se o entendimento do padrão de empilhamento dentro de um 
arcabouço de estratigrafia de seqüências com base na abundância relativa dos elementos 
arquiteturais fluviais. Quando controlado por variações do nível base os depósitos fluviais podem 
ser integrados dentro dos tratos de sistema padrões. Neste caso, a razão entre depósitos de 
preenchimento de canal e depósitos de overbank depende da taxa de subida do nível base. Baixas 
taxas de subida do nível base, como as do trato regressivo normal de mar baixo, proporcionam 
baixas taxas de acomodação que resultam na implantação de um sistema fluvial braided (aumento 
da proporção de depósitos de preenchimento de canais amalgamados). Altas taxas de subida do 
nível base, como as do trato transgressivo, proporcionam uma criação mais rápida de espaço (alta 
acomodação), resultando na formação de um estilo fluvial meandrante (incremento da proporção 
dos depósitos de planície de inundação). Quando não é possível estabelecer uma relação dos 
depósitos fluviais com as mudanças da linha de costa, não faz sentido utilizar os tratos de sistemas 
tradicionais. Neste caso a solução é a introdução dos tratos de sistema de baixa e alta acomodação. 
Estes tratos são controlados por ciclos climáticos e/ou tectônicos e podem apresentar padrões 
opostos aos esperados em sistemas fluviais controlados por variações do nível base com indução 
glacio-eustática. Por exemplo, durante períodos de deglaciação ocorre um aumento na descarga 
fluvial favorecendo a incisão (acomodação negativa) na porção upstream dos rios. Este mesmo 
processo causa um aumento do nível base na porção fluvial downstream, aumentando o espaço de 
acomodação. 
 
- Mesmo na região de águas profundas, onde muitas vezes não existe uma continuidade 
física dos depósitos deste ambiente com os depósitos costeiros, alguns critérios são propostos no 
sentido de se estabelecer um arcabouço de estratigrafia de seqüências. Uma detalhada abordagem, 
envolvendo processos e respostas em cada estágio de variação do nível base para este ambiente é 
apresentada. No estágio regressivo normal de mar alto, quando a linha de costa está longe da 
margem da plataforma, ocorre o predomínio de sedimentação pelágica e desenvolvimento da seção 
condensada. Durante a fase inicial da regressão forçada, o rebaixamento da base das ondas de 
tempestade causa a instabilidade da margem da plataforma provocando o fluxo de lama para águas 
profundas. No final do estágio regressivo forçado, com a linha de costa próxima a margem da 
plataforma, uma grande quantidade de sedimentos é transportada para o ambiente de águas 
profundas através de turbiditos de alta densidade, causando a agradação de sistemas canal-levee no 
talude continental e splays frontais no assoalho da bacia. No estágio regressivonormal de mar baixo 
e transgressivo inicial predominam os turbiditos de baixa densidade, constituídos 
predominantemente por sistemas de canal-levee que podem se estender por grandes distâncias bacia 
adentro. No final do trato transgressivo, o rápido aumento na lâmina d’água provoca instabilidade 
na margem da plataforma gerando novamente fluxos de lama para águas profundas. Depósitos de 
healing phase (fase de cicatrização) onlapam o talude continental. 
 
 iii 
- Como herança dos primórdios da estratigrafia de seqüências ainda é comum observar 
tentativas de adaptação dos dados a uma curva global de variação do nível do mar e encaixar as 
seqüências deposicionais neste templete, refletindo um mau entendimento dos controles alogênicos 
na sedimentação. Na realidade a componente da tectônica local é superposta aos efeitos globais e 
atua de forma mais determinante do que este na criação de acomodação na escala de bacia. Este 
parâmetro varia grandemente, mesmo dentro de uma bacia sedimentar, não sendo esperado 
sincronismo de seqüências entre bacias vizinhas. Na prática é muito difícil separar as parcelas de 
acomodação geradas por tectônica e variações globais do nível do mar. Ao invés de se tentar ajustar 
os dados a curvas globais é melhor tentar representar a curva de variação do nível base de referência 
da sua área de trabalho ou bacia com base nos seus dados. 
 
- Embora a grande maioria dos modelos exemplificados no livro seja relacionada a bacias do 
tipo margem continental divergente (ou ‘margem passiva’) é realçada a importância do ambiente 
tectônico ou tipo de bacia sedimentar. Diferentes tipos de bacias (intracratônica, rift, margem 
continental divergente, margem convergente, relacionadas à colisão...) apresentam diferentes estilos 
e velocidades de geração de espaço. O entendimento dos controles alogênicos na sedimentação 
nestes tipos de bacia requer ainda um maior aprimoramento. 
 
Enfim, além de trazer inúmeras contribuições originais (algumas delas realçadas acima) e de 
mostrar a Estratigrafia de Seqüências de uma forma extremamente clara e organizada, o livro 
Principles of Sequence Stratigraphy apresenta uma vasta quantidade de ilustrações de modelos 
teóricos, bem como de exemplos de interpretações em diferentes bases de dados (perfil, sísmica, 
afloramento e análogos modernos). Espero ter alcançado o objetivo proposto ao condensar este 
material. 
 
 
 
 
 
André De Gasperi 
Geólogo Sênior - Consultor Técnico 
UN-BC/ATP-AB/RES 
 
11/Fevereiro/2010 
 
 1 
Capítulo 1 - Introdução 
 
Conceitos Básicos 
 
Estratigrafia de Seqüências 
- A estratigrafia de seqüências analisa a resposta sedimentar causada por variações do nível base e 
os trends deposicionais que emergem da interação entre acomodação e sedimentação na linha de 
costa. 
- A estratigrafia de seqüências estuda os padrões de empilhamento estratal e suas variações em um 
arcabouço temporal. 
 
Tipos de Trends Deposicionais 
- Agradação 
- Erosão (incisão, degradação, denudação) 
- Progradação 
- Retrogradação 
 
 
Figura 1.1 - Direções possíveis dos trends deposicionais. 
 
Tipos de Migração da Linha de Costa 
- Regressão significa migração da linha de costa na direção do mar. 
- Transgressão significa migração da linha de costa na direção do continente. 
 
 
Figura 1.2 – Tipos de migrações da linha de costa. 
 
 2 
Padrões de Empilhamento Estratal 
- Progradação + Agradação 
- Progradação + Erosão 
- Retrogradação + Agradação 
Progradação pode ocorrer tanto com variação de acomodação positiva (nível base 
ascendente) como negativa (nível base descendente). 
 
 
Figura 1.3 - Neste exemplo o nível base sobe durante a progradação de um delta. Acomodação é criada, contudo a taxa 
de sedimentação é maior que a taxa acomodação. 
 
 
Figura 1.4 - Neste exemplo o nível base desce. É formada uma topografia em degraus (downstepping) sobre a qual atua 
a erosão subaérea (subaerial unconformity) que degrada a planície deltaica. A taxa de acomodação é negativa. 
 
 
Figura 1.5 - Neste exemplo o nível base sobe. Acomodação é criada com uma taxa superior a da sedimentação causando 
a retrogradação da linha de costa. A ação das ondas provoca a formação de uma superfície de ravinamento transgressivo 
que erode as praias formadas em estágios anteriores. 
 
Uma Visão Geral da Estratigrafia de Seqüências 
 
Estratigrafia de Seqüências no Contexto Interdisciplinar 
 
A estratigrafia de seqüências é o paradigma revolucionário mais recente no campo da 
geologia sedimentar. Os conceitos envolvidos nesta disciplina resultaram em mudanças 
fundamentais no modo de pensar a geologia, em particular nos métodos de análises de fácies e 
análises estratigráficas. Seu desenvolvimento proporcionou um melhor entendimento de como as 
unidades estratigráficas, as fácies e os elementos deposicionais se relacionam uns com os outros no 
tempo e no espaço dentro das bacias sedimentares, o que lhe confere um caráter preditivo. 
 3 
 
A estratigrafia de seqüências requer a integração do conhecimento de diversas disciplinas, 
do uso de dados de diferentes fontes e é controlada por forças de diferentes naturezas, constituindo 
uma ferramenta que pode ser aplicada tanto na indústria (exploração de hidrocarbonetos, carvão e 
recursos minerais) como na área acadêmica (gênese e arquitetura das bacias sedimentares). 
 
 
Figura 1.6 - Estratigrafia de seqüências no contexto interdisciplinar, fontes de informação, controles e aplicações. 
 
Questões: 
 
Porque é possível ser construído um modelo de estratigrafia de seqüências na escala de bacias sedimentares inteiras? 
A variação do nível base é a força por trás de todos os processos em uma bacia sedimentar. Todos os ambientes 
deposicionais se ajustam a variação do nível base. Se o nível base cai, os sedimentos não podem agradar no ambiente 
fluvial e em última instância são acumulados em água profunda. 
 
Porque o rio Colorado está erodindo? 
Devido ao soerguimento tectônico do continente norte americano. Neste caso está ocorrendo uma variação de 
acomodação negativa. 
 
A sedimentologia é o estudo científico das rochas sedimentares (textura e estrutura) e os 
processos que as formaram. O conceito está relacionado a sistemas deposicionais individuais. O 
foco principal é a análise de fácies dos estratos. 
 
A estratigrafia ou a ciência dos estratos de rocha diz respeito à correlação de estratos e a 
todas as características e atributos dos estratos de rochas, incluindo sua interpretação em termos de 
modo de origem e geologia histórica. O conceito geralmente envolve uma associação de sistemas 
deposicionais. 
 
A estratigrafia de seqüências também é um método para analisar rochas sedimentares. 
Além de envolver processos e correlação, proporciona um modelo preditivo. Quando aplicada a 
um específico sistema deposicional, ajuda a entender os processos de formação de fácies, relação de 
fácies e ciclicidade de fácies em resposta a variação do nível de base. Em maiores escalas, a 
correlação lateral de sistemas deposicionais de mesma idade se torna mais importante, o que 
também se reflete em previsibilidade de fácies. A previsibilidade está baseada nos princípios de 
causa simples relacionados com os controles alôgenicos na sedimentação. O foco principal é a 
superfície que separa pacotes de estratos caracterizados por trends deposicionais. A propriedade 
analisada é o trend. 
 
 4 
 
Figura 1.7 - Estratigrafia de Seqüências e seu overlap com as disciplinas convencionais de Sedimentologia e 
Estratigrafia. 
 
Comentários: 
 
O nível base responde ao somatório de forçasque envolvem os seguintes mecanismos: variações de nível do mar 
(controle glacio-eustático + tectônico), subsidência e/ou soerguimento da bacia (controle tectônico) e fluxo de energia 
(ação de ondas e correntes). 
 
Controles alogênicos são processos induzidos por mecanismos externos em relação à bacia sedimentar (tectônica, 
clima e eustasia). 
 
Estratigrafia de Seqüências - Uma Revolução na Geologia Sedimentar 
 
A estratigrafia de seqüências é a terceira de uma série das maiores revoluções na geologia 
sedimentar (Miall, 1995). Cada revolução resulta em uma mudança de paradigma que muda o jeito 
dos geocientistas interpretarem os estratos sedimentares. 
 
Primeira Revolução - Regime de Fluxo 
- A primeira revolução ocorreu no final dos anos 1950 e início dos anos 1960 e foi marcada pelo 
desenvolvimento do conceito de regime de fluxo e o associado modelo de fácies (processo / 
resposta). Antes desta revolução era dada ênfase na descrição litológica. A partir dela foi possível 
explicar do ponto de vista hidrodinâmico a origem das estruturas sedimentares e prever uma 
associação de fácies dentro do contexto de sistemas deposicionais. 
 
Comentários: 
 
A textura sedimentar se refere às características do grão e representa a menor escala de observação na 
sedimentologia. São observados aspectos como tamanho de grão, morfologia do grão, atributos da superfície do grão e 
fábrica. O tamanho do grão além de servir como classificador da rocha sedimentar (ex: areia – arenito) é um 
indicador de maturidade (ex: tamanho de grão bem selecionado – alta maturidade – transporte longo). A morfologia 
do grão se refere a sua forma, esfericidade e arredondamento, podendo também representar maturidade (ex: grão bem 
arredondado – maturo) e tipo de transporte (ex: saltação, suspensão, carga de fundo). Atributos da superfície podem 
indicar o ambiente deposicional (ex: estrias – glacial). A fábrica é o tipo de arranjo como os grãos estão empacotados. 
Este parâmetro controla a porosidade e pode estar relacionado com a seleção (ex: paraconglomerado – matriz 
suportado), diagênese (contatos suturados) ou mesmo paleocorrentes (ex: grãos imbricados). 
 
O regime de fluxo explica os processos de erosão, transporte e deposição, bem como as estruturas sedimentares que 
são formadas durante a deposição dos sedimentos. O estudo é baseado em ensaios de laboratório utilizando flumes 
com fluxo unidirecional, onde são relacionadas às variáveis tamanho de grão, profundidade da água e energia 
(velocidade) do fluxo. Os resultados obtidos são válidos para ambientes deposicionais onde o sedimento é transportado 
pela água, como fluvial e marinho, com diferentes padrões hidrodinâmicos. 
 
 5 
 
Figura 1.8 – Controles do regime de fluxo considerando a profundidade constante e variando o tamanho médio dos 
grãos e a velocidade do fluxo. No regime de fluxo superior, em condições de baixa lâmina d’água e alta velocidade do 
fluxo se formam antidunas (grãos se movem na direção upstream, não são preservadas) e estratificações horizontais do 
plano superior. No regime de fluxo inferior se formam formas de leito do tipo ondulações e dunas, que quando migram 
geram estratificações cruzadas planar ou acanalada. Neste regime também se formam estratificações horizontais do 
plano inferior. 
 
 
Figura 1.9 – O termo estratificação é usado de forma genérica para laminação e acamamento. Estratos com espessura 
menor que 1 cm são denominados lâminas e maiores que 1 cm camadas. A migração de formas de leito onduladas 
(ripples, < 5 cm) gera lâminas e a migração de dunas (> 5 cm) gera camadas. Normalmente apenas 20 % da forma de 
leito é preservada durante a migração. Formas de leito de crista reta (2D) geram estratificação cruzada planar e formas 
de leito de crista sinuosa (3D) geram estratificação cruzada acanalada. 
 
Segunda Revolução - Interpretação do Ambiente Geotectônico dos Depósitos Sedimentares 
- A segunda revolução ocorreu no início dos anos 1960 e foi marcada pela incorporação da 
tectônica de placas e dos conceitos de geodinâmica na análise dos processos sedimentares em 
escala regional. 
 
Terceira Revolução - Estratigrafia de Seqüências 
- A terceira revolução começou no final dos anos 1970, com a publicação do Memoir 26 da AAPG, 
Seismic Stratigraphy and Global Changes of Sea Level (Vail, Mitchum e Thompson, 1977). 
 
 6 
Elementos de Análise de Bacias 
 
Definição de Análise de Bacias 
 
As duas primeiras revoluções, regimes de fluxo nos anos 1950-1960 e os ambientes 
tectônicos dos depósitos sedimentares nos anos 1960, levaram ao desenvolvimento da Análise de 
Bacias, no final dos anos 1970. Este ramo da ciência geológica estuda a origem e a história 
deposicional das bacias sedimentares. 
 
Segundo Miall (2000), a análise de bacias é um processo que requer a coleta e a 
interpretação de diferentes tipos de dados (estratigráficos, análise de fácies, geofísicos, 
sedimentação e tectônica, etc.) sejam estes procedentes de afloramentos, testemunhos, perfis de 
poços ou sísmica. 
 
 
Figura 1.10 – Análise de Bacias no contexto interdisciplinar. 
 
Definição de Bacias Sedimentares 
 
Bacias sedimentares são definidas como grandes áreas de acomodação positiva que 
possibilitam a acumulação de consideráveis espessuras de sedimentos que podem ser preservados 
por longo período de tempo geológico. Os principais mecanismos geradores de acomodação são a 
subsidência e as variações do nível do mar. 
 
Elementos para Classificação das Bacias Sedimentares 
 
Com base na tectônica de placas, existem três principais critérios para classificar as bacias 
sedimentares. 
 
Tipo de Crosta na qual a Bacia Repousa 
- Crosta Oceânica: de composição basáltica, mais fina e mais pesada. 
- Crosta Continental: de composição granítica, mais espessa e mais leve. 
- Transicional: crosta semelhante à continental, contudo estirada e com falhas extensionais. 
 
 7 
Posição da Bacia em Relação à Margem da Placa Tectônica 
- Interna à placa. 
- Margem da placa. 
 
Tipo de Margem de Placa (quando a bacia repousa próxima a margem da placa tectônica) 
- Convergente: compressão e subducção. Ex: costa do Chile (margem de continente e de placa). 
- Divergente: extensão. Ex: rifts das cadeias meso-oceânicas. 
- Transformante: transcorrência. Ex: falhas de transferência das cadeias meso-oceânicas. 
 
Comentário: 
 
Placas tectônicas podem incluir crosta continental e crosta oceânica (ex: placa da América do Sul). 
 
Classificação de Bacias Sedimentares (modificado de Einsele, 1992 e Mial, 2000) 
 
I- Bacias Intraplaca (pré-rift) 
1- Bacias Intracratônicas ou interior sag basins: 
- Assentam sobre a crosta continental, apresentam tectônica divergente, possuem grandes áreas e 
subsidência lenta. 
2- Bacias em Estruturas Graben ou interior fracture basins: 
- Assentam sobre a crosta continental, apresentam tectônica divergente, são relativamente estreitas, 
limitadas por falhas, mostram subsidência rápida e não produzem vulcanismos. 
 
II- Bacias de Margem (de placa) Divergente (sin-rift) 
3- Bacias Rift: 
- Assentam sobre uma crosta transicional/oceânica, apresentam tectônica divergente, são 
relativamente estreitas, limitadas por falhas, mostram subsidência inicial rápida e vulcanismo 
associado ao início do desenvolvimento da crosta oceânica. 
 
III- Bacias Intraplaca (pós-rift) 
4- Bacias de Margem Continental Divergente: 
- Assentam sobre uma crosta transicional, apresentam tectônica divergente, são assimétricas, com 
subsidência moderada a lenta. O termo ‘margem passiva’ também é utilizado para denominar este 
tipo de bacia, contudo não parece ser o mais apropriado uma vez que estasbacias podem sofrer 
esforços, muitas vezes compressionais. A mudança no padrão de esforços extensionais para 
compressionais, também conhecido como inversão tectônica, é o estágio seguinte na evolução deste 
tipo de bacia, sendo esperado que ocorra pelo menos na mesma freqüência do Ciclo de Wilson 
(~300 Ma). Um exemplo de inversão tectônica é a Bacia de Adaman, no oceano Índico, onde a 
mudança do regime extensional para compressional ocorreu a cerca de 25 Ma atrás. Os depósitos 
deste estágio, havendo grande suprimento de sedimentos, podem progradar sobre a crosta oceânica. 
 8 
Neste caso, o limite entre as bacias de margem continental divergente e oceanic sag não é definido 
pelo tipo de crosta, e sim marcado no tempo de acordo com a mudança no padrão de subsidência. 
5- Bacias Oceanic Sag: 
- Assentam sobre a crosta oceânica, apresentam tectônica divergente, possuem grandes áreas, são 
assimétricas e mostram subsidência lenta. Normalmente apresentam refletores horizontais em linhas 
sísmicas devido à presença de sedimentos pelágicos e hemipelágicos, depositados por suspensão. 
Podem conter rochas vulcânicas. 
 
 
Figura 1.11 – Existe uma ligação genética entre estes diferentes tipos de bacia. Com o progresso dos esforços 
extensivos um tipo pode evoluir para o outro conforme ilustrado na figura. 1- O esforço de estiramento inicial pode 
causar um afinamento crustal e a formação de uma bacia intracratônica. 2- A continuação deste esforço pode gerar 
falhamentos na crosta continental e a formação de bacias do tipo graben. 3- Em um estágio seguinte, pode ocorrer 
vulcanismo e começar a formação de crosta oceânica gerando bacias do tipo rift. Eventualmente os rifts são abortados 
formando aulacógenos. 4 e 5- Nestes estágios, ainda sob um campo de tensões distensivo, se formam as bacias de 
margem continental divergente e oceanic sag. 
 
Comentários: 
 
A formação, evolução e destruição das bacias sedimentares estão relacionadas com a criação e a fragmentação dos 
continentes. A recorrência de sucessivos espalhamentos e convergências das placas tectônicas é denominada de Ciclo 
de Wilson, em referência ao mentor da teoria, o geofísico canadense Tuzo Wilson. Atualmente o tempo deste ciclo é 
estimado em torno de 300 milhões de anos, correspondendo à idade máxima da crosta oceânica. Contudo, supõe-se 
que este período era menor no passado, uma vez que a terra está perdendo calor. O último supercontinente na história 
da terra ocorreu no período Jurássico, há aproximadamente 180 milhões de anos. 
 
A primeira margem de plataforma de uma bacia de margem continental divergente é estrutural, sendo marcada pela 
primeira falha lístrica junto ao continente. Todas as demais são deposicionais, sendo definidas pelos sistemas 
deposicionais costeiros, que marcam a transição entre os ambientes continentais e marinhos. 
 9 
 
Durante períodos de mar baixo os deltas ajudam a construir a margem da plataforma. Atualmente estamos em uma 
condição particular de mar alto onde os deltas e a linha de costa estão distantes da margem da plataforma. O aumento 
do nível dos mares iniciado há aproximadamente 12.000 atrás, induzido por fenômenos glácio-eustáticos, provocou a 
transgressão da linha de costa deixando a margem da plataforma sob uma lâmina d’água de aproximadamente 200 
metros. Este processo ainda está em curso, contudo agora induzido pelo aquecimento global. 
 
A transição entre a fase rift e a fase de margem continental divergente é uma discordância (discordância de ruptura ou 
breakup unconformity) que ocorre devido à erupção do magma. Este processo geralmente gera soerguimentos e 
basculamentos da crosta. Esta transição representa um limite de seqüência de 1ª ordem do preenchimento sedimentar 
de uma bacia. Os depósitos da fase rift apresentam um padrão de empilhamento aproximadamente plano-paralelo 
(layer cake) enquanto os depósitos da fase de margem continental divergente mostram clinoformas que representam a 
progradação da margem da plataforma. 
 
Como a bacia rift repousa sobre a crosta transicional/oceânica, é importante conhecer onde está o limite entre a crosta 
transicional e a crosta oceânica. Devido à baixa circulação, bacias do tipo rift são favoráveis a formação de rochas 
geradoras de hidrocarbonetos, enquanto bacias de margem continental divergente são mais suscetíveis ao 
desenvolvimento de rochas reservatório. 
 
Depósitos pelágicos e hemipelágicos são formados por sedimentos de granulometria fina, depositados por suspensão 
nos ambientes marinhos, tanto na região de água profunda como de plataforma. Também conhecidos como depósitos 
de background, os sedimentos resultantes deste processo podem formar seções condensadas relacionadas com 
desenvolvimento da superfície de inundação máxima. 
 
Depósitos pelágicos são formados por sedimentação marinha na qual a fração derivada do continente é muito diluída. 
O lodo pelágico é constituído dominantemente por organismos planctônicos (que são carregados pelas ondas e 
correntes) e nectônicos (que nadam). A taxa de sedimentação pelágica nos oceanos é da ordem de poucos 
milímetros/1000 anos (compactado). 
 
Depósitos hemipelágicos são formados pela mistura de sedimentos de origem pelágica e de origem terrígena. 
Considera-se que pelo menos 25% dos sedimentos maiores que 5 µm têm origem continental ou vulcanogênica. A fonte 
dos detritos continentais são as plumas de sedimentos de fluxos hipopicnais (fluxos menos densos que o corpo de água, 
contendo sedimentos finos descarregados pelos rios que flutuam na superfície do oceano e se depositam por 
suspensão). 
 
 
Figura 1.12 – Padrão de empilhamento dos sedimentos da fase rift, plano-paralelo, e da fase de margem continental 
divergente, clinoformas. 
 
IV- Bacias de Margem Convergente 
- São bacias formadas sob um regime predominantemente compressional. 
6- Bacias de Margem Continental: 
- O esforço compressivo resultante da colisão entre a placa oceânica e a placa continental gera 
falhas de empurrão e a formação de um cinturão dobrado (thrust-fold belt ou bacia piggyback) na 
crosta continental. O aumento da carga sobre a crosta continental devido à orogênese produz uma 
flexura na porção retroarco que é denominada bacia foreland (bacia de antepaís). Esta bacia repousa 
sobre a crosta continental e apresenta uma geometria assimétrica, com taxa de subsidência e 
 10 
profundidade variável. A sua porção proximal (foredeep) está localizada junto ao cinturão dobrado 
e apresenta as maiores profundidades e taxas de subsidência. Todos os turbiditos significantes se 
acumulam nesta parte uma vez que (i) a principal fonte de sedimentos é o cinturão dobrado, (ii) os 
gradientes do cinturão dobrado para a área de foredeep são mais íngremes e (iii) o espaço de 
acomodação é muito maior nesta região. Embora seja possível acumular alguns quilômetros de 
sedimentos, a lâmina d’água não ultrapassa poucas centenas de metros (300 – 500 m). Não se forma 
plataforma continental e sim uma rampa com gradiente em torno de 2º. A porção distal deste tipo de 
bacia pode estar localizada a centenas de quilômetros na direção do interior do continente (na Bacia 
de Alberta cerca de 850 km), onde a profundidade tende a zero. Um dos fatores que controlam sua 
extensão é a reologia da placa continental. Placas antigas e rígidas tendem a produzir bacias mais 
largas enquanto placas novas e dúcteis bacias menos largas. Os sedimentos derivados da região 
distal são em muito menor quantidade e acumulam-se tipicamente em sistemas fluviais e deltaicos. 
Quando este tipo de bacia está localizado atrás de um arco vulcânico é usado o nome retroarco 
foreland. Bacias foreland, assim como bacias intracratônicas, apresentam um mar interior quepode 
(em períodos de highstand) ou não estar conectado ao oceano. 
 
- Na zona de subducção, sobre a placa oceânica, é formada uma fossa, em geral assimétrica e com 
profundidade e taxa de subsidência variável. Esta fossa é preenchida por sedimentos que tem 
origem na plataforma, podendo ocorrer à formação de turbiditos. Parte dos sedimentos depositados 
na fossa é consumida na zona de subducção e parte é comprimida formando o complexo de acreção. 
Este complexo por vezes pode ser soerguido acima do nível do mar formando ilhas. Sobre o 
complexo de acreção se forma a bacia forearc e no meio do arco vulcânico se formam as bacias 
intra-arco. 
- Um dos melhores exemplos teste tipo de ambiente é a costa oeste da América do Sul. Neste caso a 
zona de subducção começou a se formar cerca de 55 Ma, no final da época Paleoceno. 
 
 
Figura 1.13 – Ambientes e bacias de margem continental convergente. 
 
7- Bacias Intra-oceânicas (relacionadas à zona de subducção): 
- A causa da formação e abandono de arcos vulcânicos está relacionada ao ângulo de mergulho da 
placa oceânica. Ângulos baixos (placas rasas) proporcionam o abandono e ângulos altos (placas 
inclinadas) produzem arcos ativos. A presença de arcos abandonados gera a formação de uma série 
de subambientes ou sub-bacias localizadas sobre uma crosta transicional/oceânica, com tectônica 
divergente e geometria aproximadamente simétrica, porém com profundidade e taxa de subsidência 
 11 
variável. A possibilidade de ocorrerem esforços extensivos é atribuída à formação de células de 
convecção secundárias sob esta crosta intermediária. 
- São formadas bacias backarc, localizadas atrás do arco vulcânico remanescente, inter-arco, 
localizada entre dois arcos vulcânicos (um abandonado e outro ativo), intra-arco, localizadas dentro 
de um arco vulcânico, e forearc, localizadas na frente do arco vulcânico, na direção do oceano. 
- A identificação do ambiente tectônico da bacia sedimentar é importante pois pode dar pistas sobre 
a qualidade dos reservatórios. Se a área de proveniência dos sedimentos for continental, são 
esperados reservatórios compostos por grãos de quartzo, de boa qualidade. Quando a área de 
proveniência for arcos vulcânicos, o alto teor de feldspatos e argila pode gerar reservatórios ruins. 
- Um exemplo deste ambiente é o Mar do Japão, entre o Japão e a China. Neste caso, como não 
existe um arco remanescente, o Mar do Japão é considerado uma bacia de backarc e o Japão o arco 
vulcânico. 
 
 
Figura 1.14 – Ambientes e bacias intra-oceânicas relacionadas à zona de subducção. 
 
V- Bacias de Colisão e pós-Colisão 
- Bacias de colisão e pós-colisão ocorrem quando a zona de subducção é destruída devido ao 
consumo da placa oceânica e a colisão entre duas placas continentais. Neste caso podem se formar 
diferentes tipos de bacias: 
8- Bacias Remanescentes da Fossa: 
- Estão assentadas sobre a parte da crosta oceânica ainda não consumida, apresentam tectônica 
convergente e subsidência baixa a média, induzida pela carga sedimentar. 
9- Bacias Intramontanhas: 
- Repousam sobre a crosta continental e são representadas por grabens (tectônica divergente) 
localizados na zona do cinturão dobrado. 
10- Sistemas Foreland (pro e retroarco): 
- São bacias com tectônica flexural assentadas sobre a crosta continental. A bacia foreland retroarco 
em um primeiro estágio é sub-preenchida. Existe espaço mas não muito sedimento disponível. 
Neste período se formam turbiditos (flish) e rochas geradoras. Em um estágio tardio, devido à 
formação de altas montanhas ao lado, existe muito sedimento disponível para a bacia foreland 
 12 
retroarco. Neste período dominam os depósitos fluviais (molassa), favorecendo a formação de 
rochas reservatório. 
- O melhor exemplo deste tipo de ambiente são as montanhas do Himalaia, formadas pela colisão da 
placa continental da Índia com a da Ásia. O início da colisão é estimado ter ocorrido há 50 Ma e a 
formação das montanhas do Himalaia há 27 Ma. 
 
VI- Bacias Strike-Slip 
- São bacias formadas por falhas transcorrentes e transformantes. 
11- Bacias Pull-Apart: 
- Estas bacias são geradas por tectônica transtensional, podendo se formar tanto em crostas 
continentais quanto oceânicas. Em geral são relativamente pequenas, alongadas e de rápida 
subsidência. Para sua formação é necessário que a falha apresente alguma mudança de trajetória. 
Caso esta seja perfeitamente linear, não é possível abrir a bacia. Como as falhas transcorrentes são 
muito verticalizadas, estas bacias são profundas e comumente estão associadas a vulcanismo. Este 
vulcanismo é tipicamente bimodal, sendo ultramáfico no estágio inicial (magma primitivo vindo da 
astenosfera) e riolítico ou félsico no estágio tardio, devido à contaminação com a crosta continental. 
É comum este tipo de bacia ser dividido em mais de uma bacia ou sub-bacias, sendo alguns blocos 
soerguidos e outros rebaixados, apresentando diferentes assinaturas estratigráficas. 
 
Desenvolvimento Histórico da Estratigrafia de Seqüências 
 
Primeiros Desenvolvimentos 
 
A estratigrafia de seqüências é considerada como tendo origem na sismoestratigrafia dos 
anos 1970, embora importantes estudos relacionando sedimentação, discordâncias (unconformities) 
e variações do nível base sejam anteriores a esta data. 
 
Hutton (século 18) 
- Reconheceu a repetição periódica no tempo dos processos de erosão, transporte e deposição 
estabelecendo os fundamentos do que é conhecido hoje como ciclo geológico. Suas observações são 
consideradas as primeiras referências de ciclicidade estratigráfica. 
 
Barrel (1917) 
- Enfatizou o link entre discordâncias e variações do nível base o que resulta em divisões das séries 
estratigráficas por quebras na sedimentação. 
 
Sloss et al (1949) 
- Introduziu o termo seqüência para designar a unidade estratigráfica limitada por discordâncias 
subaéreas (subaerial unconformities). Trabalhou com discordâncias em escala regional (subdivisão 
do Fanerozóico da América do Norte). Foi professor de Peter Vail. 
 
 13 
 
Figura 1.15 - O conceito de seqüência limitada por discordância de Sloss et al (1949) trouxe um problema uma vez que 
muitas discordâncias são potencialmente restritas as margens da bacia. Desta forma, o número de seqüências mapeadas 
no centro da bacia é menor do que em uma sessão de idade equivalente localizada na sua borda. 
 
Wheeler (1964) 
- Criou o conhecido Diagrama de Wheeler, onde uma seção geológica é montada com o eixo 
vertical na escala de tempo, ao invés de profundidade. O mesmo ajuda a entender onde e quando o 
sedimento é depositado. 
 
 
Figura 1.16 - Exemplo do Diagrama de Wheeler para um sistema deposicional deltaico. 
 
Era da Estratigrafia de Seqüências - Controles na Sedimentação Eustáticos x Tectônicos 
 
Vail et al (1977) 
- Autor do trabalho que deu origem a estratigrafia de seqüências moderna. Publicou conceitos de 
sismoestratigrafia juntamente com uma tabela de ciclos globais do nível do mar. Vail considerava 
que a eustasia era a principal força formadora das seqüências em todos os níveis de ciclicidade 
estratigráfica. 
 
 14 
Mitchum (1977) 
- Introduziu o conceito de conformidades correlativas (correlative conformities), que representa a 
extensão das discordâncias mapeadas nas bordas para dentro da bacia e marca o nascimento da 
sismoestratigrafia e da estratigrafia de seqüências moderna. Neste caso, a seqüência definida por 
Mitchum foi aplicada não somente para megasseqüências, como havia sido por Sloss et al (1949). 
- Segundo Mitchum, seqüência é uma sucessão relativamente conforme de estratos geneticamente 
relacionados limitados por discordânciasou conformidades correlativas. 
 
 
Figura 1.17 - As conformidades correlativas permitem traçar seqüências ao longo de toda a bacia sedimentar, 
resolvendo o problema herdado de Sloss et al (1949). 
 
Posamentier et al (1988) / Van Wagoner et al (1990) 
- Publicaram trabalhos incorporando dados de poços e afloramentos aos dados sísmicos o que levou 
a sismoestratigrafia evoluir para estratigrafia de seqüências. 
 
Hunt e Tucker (1992) / Posamentier e Allen (1999) 
- Mudaram o foco de eustasia para uma combinação de eustasia e tectônica como força formadora 
de seqüências. Criaram o termo variação relativa do nível do mar. Esta nova forma de 
entendimento gera uma série de críticas aos trabalhos que consideravam os processos estratigráficos 
controlados apenas pela eustasia. 
- Este conceito implica que interpretações específicas de variações eustáticas ou tectônicas não são 
necessárias (ou seja, os intérpretes não são mais obrigados a identificar seqüências, tratos de 
sistemas ou superfícies estratigráficas baseados em uma tabela global). Ao contrário, as superfícies 
chaves, e as unidades estratais definidas entre elas, são inferidas como sido formadas em relação a 
uma curva de variação relativa de nível do mar neutra, que pode acomodar qualquer balanço entre 
os controles alogênicos. 
 
Modelos de Seqüência 
 
A modificação do conceito original de seqüência com a introdução da conformidade 
correlativa como parte do limite trouxe um avanço, mas também criou uma polêmica. Qual a 
natureza, o momento e a mapeabilidade da conformidade correlativa? Onde posicioná-la em uma 
curva de variação do nível base? 
 15 
 
Outra polêmica que se seguiu foi em relação ao limite de seqüência. Qual a superfície mais 
adequada para representá-la? A discordância subaérea (subarerial unconformity)? A superfície de 
máxima inundação (maximum flooding surface)?... 
 
Do final dos anos 1970 ao final dos anos 1990 diferentes abordagens de seqüências foram 
feitas resultando na proposição de uma série de modelos. Em cada modelo foi proposto um conjunto 
de termos próprios, o que gerou uma proliferação de jargões e confusão, dificultando a 
comunicação de idéias e resultados. Algumas das razões para a variedade de abordagens são: 
suposições a respeito dos controles primários na ciclicidade estratigráfica, modelos gerados em 
bacias sedimentares de diferentes tipos e utilização de diferentes bases de dados. Nenhum dos 
modelos é universalmente aplicável para a total variedade de estudos de caso. 
 
 
Figura 1.18 - Árvore de modelos de estratigrafia de seqüências. 
 
 16 
 
Figura 1.19 - Posição dos tratos de sistemas e dos limites de seqüência na curva de nível base dos diferentes modelos de 
estratigrafia de seqüências. 
 
Comentários: 
 
Devido às divergências citadas acima, a estratigrafia de seqüências não está padronizada em nenhum código 
estratigráfico (International Stratigraphic Guide ou North American Code of Stratigraphic Nomenclature). Atualmente 
existe um entendimento entre os principais pesquisadores que atuam nesta área que a maioria das diferenças entre os 
modelos é trivial. O Professor Octavian Catuneanu, que vem liderando este grupo de cientistas, tem atuado fortemente 
na padronização da estratigrafia de seqüências. Algumas das premissas básicas são: 
 
- A padronização requer o uso de conceitos fundamentais independentes do modelo (unidades genéticas e 
superfícies limites) que sejam suficientemente amplos para abranger todos os modelos. 
- Estas unidades genéticas (Regressiva Forçada, Regressiva Normal de mar alto e mar baixo e Transgressiva), 
que resultam da interação entre Acomodação e Sedimentação, são limitadas pelas Superfícies de Seqüências 
Estratigráficas. 
- Cada unidade genética é definida por um específico padrão de empilhamento de estratos e de superfícies 
limites, e consistem de Tratos de Sistemas Deposicionais correlacionáveis. 
- A mapeabilidade dos tratos de sistemas e das superfícies depende da escala de trabalho e dos dados 
disponíveis. 
- No fluxo de trabalho padrão da estratigrafia de seqüências devem ser identificadas todas as unidades 
genéticas e as superfícies limites. 
- O intérprete é que vai decidir quais as superfícies podem ser definidas como limite de seqüências de acordo 
com o seu modelo. 
- Embora a nomenclatura das superfícies de seqüências estratigráficas e dos tratos de sistemas seja 
dependente do modelo, recomenda-se a utilização de nomes padrões para facilitar a comunicação. 
 
 17 
Abordagem Sobre Seqüências Estratigráficas 
 
Terminologia 
 
Sistemas Deposicionais 
- Representam o produto sedimentar de um ambiente deposicional associado. Os sistemas 
deposicionais gradam lateralmente em sistemas de mesma idade, formando uma associação de 
elementos paleogeomórficos (tratos de sistemas). 
- Associação tridimensional de fácies (relacionadas a processos) que registram os principais 
elementos paleogeomórficos (Galloway, 1989). 
 
Tratos de sistemas 
- É a união de sistemas deposicionais contemporâneos formando uma subdivisão da seqüência 
(Brown e Fisher, 1977). 
 
Seqüência 
- É uma sucessão relativamente conforme de estratos geneticamente relacionados limitados por 
discordâncias ou conformidades correlativas (Mitchum, 1977). 
 
Comentários: 
 
O termo relativamente conforme é utilizado porque é entendido que dentro de uma seqüência pode ocorrer à falta de 
registro sedimentar por não deposição ou erosão em uma escala de tempo menor (conceito de hierarquia). 
 
 
Figura 1.20 - Sistemas Deposicionais, Tratos de Sistemas e Seqüências, nesta ordem, representam uma escala crescente 
de observação e constituem os principais blocos que compõem o registro sedimentar. 
 
Estratigrafia de Seqüências 
- Analisa a resposta sedimentar a variações do nível base, podendo ser tratada na escala de sistemas 
deposicionais individuais até a escala de bacia. 
 
Conceito de Escala 
 
A aplicabilidade dos conceitos da estratigrafia de seqüências é independente de escala. A 
mesma terminologia pode ser aplicada para diferentes ordens de ciclicidade, desde uma experiência 
em flume até a escala de bacia (conceito de hierarquia). 
 
 18 
 
Figura 1.21 - Demonstração da aplicabilidade dos conceitos de estratigrafia de seqüências em qualquer escala. 
 
Estratigrafia de Seqüências versus Litoestratigrafia e Aloestratigrafia 
 
O estudo das bacias sedimentares requer a construção de seções. As linhas que são 
desenhadas nesta representação bidimensional podem ser de dois tipos: linhas que constroem um 
arcabouço em tempo, ou cronoestratigráfico, e linhas que ilustram a variação lateral de fácies ou 
litologia. 
 
Litoestratigrafia 
- Lida com a litologia dos estratos e sua organização em unidades baseado na correlação de 
características litológicas. 
- As superfícies entre as unidades litoestratigráficas são contatos de fácies, com freqüência 
altamente diácronas. 
- Não requer uma interpretação muito sofisticada. 
 
Estratigrafia de Seqüências 
- É construída em um arcabouço cronoestratigráfico (temporal), onde são correlacionadas litologias 
que possuem a mesma idade. 
- Primeiramente deve ser feita a interpretação das superfícies de seqüências estratigráficas e 
posteriormente a interpretação dos contatos de fácies. 
- A montagem do modelo de correlação, ou interpretação das superfícies de seqüências 
estratigráficas, é baseada em duas observações: no tipo de contato estratigráfico (conforme ou 
discordante) e na natureza das fácies (ambiente deposicional) que estão em contato através de uma 
superfície (observar as mudanças nos trends deposicionais e nãosomente nas litologias). 
- É admitido que as superfícies de seqüências estratigráficas apresentem uma baixa diacronicidade 
(quase-síncronas). 
- O reconhecimento do ambiente paleodeposicional é um pré-requisito crítico para o sucesso da 
interpretação de seqüências estratigráficas. 
- A abordagem da estratigrafia de seqüências produz uma interpretação genética do preenchimento 
da bacia. 
- Em larga escala (escala regional) a chance de uma superfície litoestratigráfica ser igual a uma 
superfície de seqüência estratigráfica é maior do que em uma pequena escala. 
 
 19 
 
Figura 1.22 - Contraste conceitual entre litoestratigrafia e estratigrafia de seqüências. Enquanto as superfícies 
litoestratigráficas marcam contatos litológicos, as superfícies de seqüências estratigráficas marcam mudanças nos trends 
deposicionais controlados por transgressões e regressões. As superfícies litoestratigráficas são altamente diácronas e as 
superfícies de seqüências estratigráficas cruzam os limites das formações. Neste exemplo cada trato de sistema é 
composto por três sistemas deposicionais (progradacionais e retrogradacionais) e a seqüência corresponde a um ciclo 
completo de variação nos trends deposicionais. 
 
Aloestratigrafia 
- Uma unidade aloestratigráfica é o corpo de rocha mapeável que é definido e identificado com base 
nos seus limites descontínuos. 
- Um limite descontínuo é representado por qualquer contato litológico mapeável, com ou sem um 
hiato estratigráfico associado. 
- Nesta abordagem, toda a superfície litoestratigráfica ou superfície de seqüências estratigráficas 
associado com contraste litológico pode ser usada em estudos aloestratigráficos. 
- O problema relacionado com o vago conceito de descontinuidade resulta na definição de unidades 
altamente equivocadas. 
 20 
Capítulo 2 - Métodos de Análises de Seqüências Estratigráficas 
 
Introdução 
 
Princípios chave da geologia sedimentar que são relevantes para a estratigrafia de 
seqüências. 
 
Princípios do Fluxo e da Movimentação dos Sedimentos 
- Todos os sistemas naturais tendem para um estado de equilíbrio que reflete um ótimo uso da 
energia. Este estado de equilíbrio é expresso na forma de um perfil de aplainação (graded profile) 
nos sistemas fluviais ou como nível base (base level) nos sistemas costeiros e marinhos. Ao longo 
destes perfis existe um balanço perfeito entre a remoção e a acumulação de sedimentos. 
- Fluido e Fluxos de Gravidade tendem a se mover de altas para baixas elevações, seguindo 
caminhos que requerem a mínima quantidade de energia para a movimentação do fluido e do 
sedimento. 
- A velocidade do fluxo é diretamente proporcional a magnitude do declive. 
- A descarga do fluxo (subaéreo ou subaquoso) é igual ao produto da velocidade do fluxo pela sua 
área transversal. 
- A carga de sedimento (volume) é diretamente proporcional a capacidade de transporte do fluxo, o 
qual reflete a combinação de descarga do fluxo e velocidade. 
- O tipo de transporte de sedimento (carga de fundo, saltação e suspensão) reflete o balanço entre 
tamanho/peso do grão e competência do fluxo. 
 
Comentários: 
 
Correntes de densidade, fluxos de densidade ou fluxos de gravidade são fluxos induzidos pela ação gravidade quando 
existe uma diferença de densidade entre o fluxo e a água do ambiente. Esta diferença de densidade pode ser causada 
pelo aumento da salinidade do fluxo, pela sua temperatura mais baixa ou pelo sedimento em suspensão dentro do fluxo. 
No caso de sedimentos em suspensão, enquadram-se os fluxos hiperpicnais (mais denso que o meio), hipopicnais 
(menos denso que o meio), fluxos turbidíticos, fluxos de detritos / lama (debris flow / mud flow) e outros processos 
secundários. 
 
Princípios da Sedimentação 
- Lei de Walther: dentro de uma sucessão relativamente conforme de estratos geneticamente 
relacionados, mudanças verticais de fácies correspondem a mudanças laterais de fácies. 
- A direção das variações laterais de fácies (progradação e retrogradação) reflete o balanço entre a 
taxa de sedimentação e a taxa de (acomodação) variação do espaço disponível para o sedimento 
acumular. 
- Os processos de agradação e erosão estão vinculados a mudança do balanço entre energia de fluxo 
e suprimento de sedimentos: excesso de energia de fluxo leva a erosão e excesso de carga 
sedimentar leva a agradação. 
- A massa de sedimentos clásticos é originada em áreas fontes elevada e é distribuída para as bacias 
sedimentares por sistemas fluviais. 
 21 
- Com a diminuição da energia do ambiente, sedimentos de granulometria mais grossa são 
depositados primeiro. 
 
Análise de Fácies: Afloramentos, Testemunhos e Análogos Modernos 
 
A análise de fácies é um método para caracterizar as rochas sedimentares no que diz 
respeito aos seus atributos litológicos, paleontológicos e estruturais, sejam elas provenientes de 
afloramentos, testemunhos ou ambientes modernos. Proporciona pistas para a reconstrução 
paleogeográfica e paleoambiental e por isto é um dos critérios chave para a interpretação das 
superfícies de seqüências estratigráficas. A análise de fácies tenta entender a natureza dos ambientes 
deposicionais e a natureza dos contatos estratigráficos. 
 
Conceitos de Sistemas Deposicionais, Fácies e Modelo de Fácies 
 
Comentários: 
 
Sedimentologia 
Fácies - Associação de Fácies - Modelo de Fácies 
(pequena escala) (grande escala) 
(afloramento / perfil) (sísmica) 
 (escala de elementos deposicionais) (escala de sistemas deposicionais) 
 
Estratigrafia de Seqüências 
Sistema Deposicional - Trato de Sistema - Seqüência 
(pequena escala) (grande escala) 
 
Fácies 
- É uma combinação particular de litologia, aspectos texturais e estruturais que definem feições 
diferentes de outros corpos de rocha (Walker, 1992). 
- É o aspecto de campo total de uma rocha, incluindo suas características litológicas, texturais / 
estruturais e paleontológicas, e que em última instância proporciona uma interpretação ambiental 
(Middleton, 1973). 
- É o bloco de menor escala que compõe o registro sedimentar. 
 
Associação de Fácies 
- É um grupo de fácies geneticamente relacionadas uma a outra e que tem algum significado 
ambiental (Collinson, 1969). 
- O entendimento da associação de fácies é um elemento crítico para a reconstrução dos 
paleoambientes deposicionais. 
- Associações de fácies em larga escala são denominadas Elementos Arquiteturais (ou Elementos 
Deposicionais), denotando os blocos que compõem os vários sistemas deposicionais (Allan, 1983). 
- A natureza dos contatos entre associação de fácies (elementos arquiteturais) pode ser gradacional, 
bem definido (abrupto) e erosional. 
 
 22 
Comentários: 
 
Muitas fácies e associação de fácies ocorrem universalmente, em sedimentos antigos e recentes, e em diferentes bacias 
ao redor do mundo, proporcionando interpretações inequívocas do ambiente deposicional. 
 
Exemplos: 
- Arenitos com estratificação cruzada hummocky - depósitos de plataforma (interna) dominados por tempestade. 
- Sets gigantes (> 20m) de arenitos com estratificação cruzada planar - ambiente eólico. 
- Arenitos com estratificações cruzadas com drapes de lama (tidal bundles) - deposição em ambiente de maré. 
- Associação de fácies para turbiditos (Mutti, 1972). 
- Associação de fácies para ambientes fluviais (Mial, 1977). 
- Seqüência de Bouma para turbiditos delgados (thin bedded turbidites) 
 
Fácies fora do contexto são fácies descritivamente e hidrodinamicamente idênticas, podendoser formadas em 
diferentes ambientes deposicionais. 
 
Exemplo: 
Arenitos com estratificação cruzada: ambientes eólico, fluvial, água profunda... 
 
Sucessão de Fácies 
- O termo sucessão de fácies ou seqüência de fácies implica que certas propriedades de fácies 
podem variar progressivamente e sistematicamente tanto vertical como horizontalmente. É um 
conceito importante porque coloca fácies em um contexto mais fácil de interpretar sua origem. 
Exemplos: 
- Gradação de tamanho de grão (fining x coarsening upward) 
- Gradação de espessura de camada (thickning x thinning upward) 
- Gradação de proporção de areia (sandier x mudier upward) 
 
Sistema Deposicional 
- É o produto da sedimentação em um particular ambiente deposicional. Inclui uma associação 
tridimensional de estratos cuja geometria e fácies leva a interpretação do ambiente deposicional. 
Seu estudo está intimamente relacionado com os conceitos de fácies, associação de fácies e modelo 
fácies. 
 
Modelo de Fácies 
- É o sumário geral de um sistema deposicional particular, envolvendo muitos exemplos desde 
sedimentos recentes a rochas antigas (Walker, 1992). 
- É a síntese de informação de ambientes recentes e antigos em um esforço para entender a natureza, 
as heterogeneidades, a escala e os processos físicos que controlam os elementos representados em 
cada ambiente (Walker, 2006). 
 
Comentários: 
 
Modelos de fácies são usados como uma base para interpretação, como um arcabouço para orientar observações 
adicionais, como modelos de comparação e, principalmente, para fazer previsões de novas situações. 
 
A construção de modelos de fácies requer as seguintes etapas: 
- Reconhecimento de fácies, associação de fácies e elementos arquiteturais. 
- Ajuste dos elementos em um arcabouço tridimensional. Definição das superfícies que separam elementos. 
- Ajuste do modelo (working model) para o sistema deposicional. 
 
 23 
Dependendo do nível de detalhe requerido, um modelo de fácies pode ser muito complexo. Desta forma, em muitos 
casos a ênfase muda para elementos deposicionais individuais dentro de um determinado ambiente deposicional e 
como estes elementos se ajustam lateral e verticalmente. 
 
Exemplo: 
Leque submarino (muito complexo): composto por diferentes elementos deposicionais como, depósitos de 
preenchimento de canais, levees, lobos frontais, lobos laterais (crevasse splay)... 
 
Natureza dos Sistemas Deposicionais - Classificação dos Ambientes Deposicionais 
 
Os ambientes deposicionais podem ser classificados em três grandes categorias: não-
marinhos (localizados além do alcance das enchentes marinhas), costeiros (intermitentemente 
inundados por água do mar) e marinhos (permanentemente cobertos por água do mar). 
 
Ambientes Não-Marinhos 
- Leques aluviais e coluviais 
- Fluvial 
- Lacustrino 
- Eólico 
 
Comentários: 
 
Leques aluviais e coluviais correspondem à porção proximal do ambiente fluvial, localizado nas margens das 
montanhas, e são caracterizados por superfícies de altos gradientes. 
 
Os rios presentes no ambiente fluvial são classificados em quatro tipos de acordo com o número de canais, grau de 
sinuosidade e grau de confinamento, são eles: 
 
- Fluvial braided: multi-canal, baixa sinuosidade, alta energia, alto gradiente, não-confinado, baixa acomodação. 
Constroem barras em canal com acreção downstream. 
- Fluvial anastomosado: multi-canal, alta/baixa sinuosidade, baixa energia, confinado. 
- Fluvial meandrante: canal simples, alta sinuosidade, baixa energia, baixo/médio gradiente, confinado e alta 
acomodação. Constroem barras em pontal com acreção lateral. 
- Fluvial retilíneo: canal simples, baixa sinuosidade, alta/baixa energia, alto/baixo gradiente. 
 
Os principais elementos arquiteturais dos sistemas fluviais são: 
- Depósitos de preenchimento de canal (barras em pontal e barras em canal) 
- Levees 
- Canais de crevasse e crevasse splays 
- Planície de inundação 
 
Ambientes Costeiros (Marinho Marginal) 
- Desembocadura de Rios 
 - Deltas (desembocadura regressiva) -: dominados por ondas, maré ou rio 
 - Estuários (desembocadura transgressiva) -: dominados por ondas ou maré 
- Linha de costa de mar aberto - Praia 
 - Antepraia (foreshore) - situada entre a maré baixa e a maré alta (intermaré). 
 - Berm (backshore) - situado entre a maré alta e o limite das enchentes marinhas 
(supramaré). 
 24 
 
Comentários: 
 
Os Deltas são subdivididos em três sub-ambientes: planície deltaica, frente deltaica e pró-delta. A planície deltaica 
está localizada na porção intermaré. A frente deltaica e o prodelta estão permanentemente cobertos pela água do mar. 
 
O termo límnico é usado para ambientes lacustrinos de água doce e o termo parálico para ambientes costeiros sujeitos 
a invasões marinhas. 
 
Ambientes Marinhos 
- Marinho Raso 
 - Face de Praia (shoreface) - situada entre a maré baixa e a base das ondas de tempo bom 
(fwb - fairweather wave base). A frente deltaica está situada dentro destes limites. 
 - Plataforma Interna (inner shelf) - situada entre a base das ondas de tempo bom e a base das 
ondas de tempestade (swb - storm wave base). O prodelta está situado dentro destes limites. 
 - Plataforma Externa (outer shelf) - situada entre a base das ondas de tempestade e a margem 
da plataforma. 
- Marinho Profundo 
 - Talude Continental - situado entre a margem da plataforma e a planície abissal. 
 - Planície Abissal ou Assoalho de Bacia - situado além da base do talude. 
 
Comentários: 
 
A distribuição de sedimentos no ambiente marinho raso, especialmente no shoreface, é muito mais homogênea do que 
no ambiente fluvial devido à ação das correntes costeiras (long shore currents). Os depósitos de shoreface são 
normalmente constituídos por areia e silte com estratificação cruzada swaley (scs - swaley cross stratification) 
causadas por ondas de tempestade. 
 
Os depósitos da plataforma interna são constituídos por lamas depositadas por suspensão durante os períodos de 
tempo bom e areias provenientes da praia depositadas durante os períodos de tempestade. Estratificação cruzada 
hummocky (hcs - hummocky cross stratification), causadas por ondas de tempestade, é comum nestes sedimentos. 
 
O termo marinho nerítico é utilizado para o ambiente oceânico situado entre a maré baixa e a margem da plataforma 
continental (0 - ~200m), o termo marinho batial para o ambiente situado entre a margem da plataforma e a base do 
talude (~200 - ~2000 m) e o termo marinho abissal para o ambiente situado além da base do talude continental (> 
~2000). 
 
Existe uma tendência geral de diminuição do nível de energia nos ambientes marinho marginal e marinho, da ante-
praia (foreshore) em direção a planície abissal, materializada na diminuição do tamanho de grão. 
 
Ante-praia - alta energia, ondas e correntes, areias bem selecionadas 
Shoreface - energia moderada, silte e areia 
Plataforma interna - energia moderada, com tempestades episódicas, sedimentos mal selecionados, lama, silte e areia 
Plataforma externa - baixa energia, ambiente livre de fluxos gravitacionais, lama 
Talude e Planície abissal - baixa energia, sedimentação por suspensão de lama pelágica e hemipelágica 
 
Este trend geral é pontuado por sedimentações episódicas de alta energia como tempestitos na plataforma interna e 
eventos de fluxo de gravidade (turbiditos e fluxos de lama) em águas profundas. 
 
 25 
 
Figura 2.1 - Desenho esquemático em planta e perfil da transição dos ambientes marinhos e não-marinhos. As setas 
largas nas desembocaduras dos rios indicam as direções de mudança da linha de costa, T- transgressão e R- regressão,associadas a estuários e deltas, respectivamente. Estes ambientes podem coexistir ao longo da direção strike devido a 
variações nas taxas de sedimentação e subsidência. 
 
 
Figura 2.2 - Perfil esquemático na direção dip ilustrando a transição dos ambientes costeiros e marinhos rasos. 
 
 26 
Natureza dos Contatos Estratigráficos 
 
Conforme comentado, a interpretação das superfícies de seqüências estratigráficas é baseada 
na observação da natureza das fácies (ambiente deposicional) e no tipo de contato estratigráfico 
(conforme ou discordante). Os contatos conformes normalmente são determinados com base na 
observação dos trends deposicionais. As discordâncias, embora em muitas situações de campo 
sejam evidentes, em alguns casos podem ser críticas devido à ausência de variações abruptas de 
fácies. Nestes casos, a contribuição de outras técnicas de análise pode ser fundamental, por 
exemplo: 
 
Petrografia Sedimentar 
- Variações abruptas na composição mineralógica da matriz podem refletir mudanças na área de 
proveniência dos sedimentos associadas a eventos tectônicos. 
- A presença de minerais secundários substituindo constituintes originais pode indicar processos de 
intemperismo em condições subaéreas. Cimento glauconítico pode ser usado para reconhecer 
limites de seqüência discordantes. Outras argilas diagenéticas como a caolinita e a esmectita 
também indicam variações de acomodação. 
 
Datações 
- Datações (bioestratigráficas, magnetoestratigráficas, radiométricas) representam a perfeita solução 
para o problema das discordâncias, contudo nem sempre estes dados estão disponíveis. 
 
Direções de Paleocorrentes 
- As maiores interrupções no registro sedimentar estão potencialmente associadas com estágios de 
reorganização tectônica das bacias sedimentares. Desta forma, o padrão ou variação das direções de 
paleocorrentes pode ajudar a inferir eventos na evolução da bacia que refletem discordâncias no 
registro geológico. É especialmente importante em bacias tectonicamente ativas (grabens, rifts, 
forelands...). 
 
Pedologia 
- A formação do solo se refere às transformações físicas, químicas e biológicas que afetam os 
sedimentos e rochas expostos a condições subaéreas (Kraus, 1999). 
- Os paleossolos ou solos fósseis são horizontes de solos enterrados ou exumados formados no 
passado geológico. 
- O estudo pedológico tem múltiplas aplicações na geologia como a interpretação do paleoclima e a 
elaboração de correlações estratigráficas. 
- A variação cíclica no solo está relacionada a variações do nível base e é particularmente 
importante na estratigrafia de seqüências. 
- A taxa de sedimentação versus a taxa de pedogênese e a taxa de erosão versus a taxa de 
pedogênese definem se haverá ou não formação de solo, e o tipo de solo formado. 
- Paleossolos calcários (calcretes) estão relacionados a quedas no nível base (lowstand) em clima 
semi-árido. 
 
 27 
Icnologia 
- Icnologia é o estudo dos traços ou vestígios feitos por organismos. Quando referido a traços 
antigos é utilizado o termo paleoicnologia, cujo objeto de estudo é o icnofóssil. 
- Icnofóssil é o resultado da atividade dos organismos e não os organismos propriamente ditos. 
- Os vestígios normalmente refletem padrões de comportamento como, locomoção, habitação, 
alimentação e descanso e são utilizados para reconstrução das condições paleoambientais. 
- Algumas características dos icnofósseis: 
 - tendem a ser ressaltados pela diagênese; 
 - são sensíveis ao ambiente (temperatura, luminosidade, oxigênio, energia...); 
 - geralmente refletem a atividade de organismos de corpo mole; 
 - um organismo pode apresentar diferentes estruturas 
(diferentes comportamentos em substratos similares / comportamento idêntico em diferentes 
substratos) 
 
Perfis de Poços 
 
Os perfis elétricos de poços representam registros das propriedades físicas das rochas ao 
longo dos poços. Podem ser usados para interpretações geológicas como: análise de fácies 
(eletrofácies), estimativa de porosidade e saturação de fluidos, interpretação litológica e correlações 
estratigráficas. Apresentam vantagens e desvantagens em relação aos dados de afloramentos. A 
maior vantagem é que proporcionam uma informação contínua de uma seção relativamente espessa 
e a desvantagem é que, por ser uma medida indireta de informação geológica, não fornecem o nível 
de detalhe real das rochas. 
 
Perfis de Poços - Incertezas Geológicas 
 
Vários tipos de ferramentas de perfilagem, com diferentes princípios de funcionamento e 
propriedades investigadas, estão disponíveis no mercado. Os perfis de raios gama (mede a 
radioatividade natural da rocha) e de potencial espontâneo (mede o potencial elétrico) são 
ferramentas convencionais que vem sendo empregadas há várias décadas. São utilizados como 
indicadores de litologias e também para correlação de estratos em sucessões siliciclásticas. De uma 
forma geral, mudanças na porosidade da rocha e/ou na química da água dos poros induzem 
diferentes respostas no potencial espontâneo. De forma similar, os raios gama são interpretados em 
termos de variação de granulometria da rocha (coarsening x fining upward) uma vez que a 
radioatividade em geral está associada com a argilosidade e a matéria orgânica. Contudo, deve-se 
ficar atento, pois nem sempre estas traduções são verdadeiras. Podem ocorrer armadilhas. 
 
Feições de Perfil 
As feições de perfil são geralmente indicativas da variação do regime de energia com o tempo. 
- A feição em caixote (blocky motif) indica uma constância no nível de energia, no suprimento de 
sedimentos e na taxa de sedimentação. 
- A feição serrilhada ou recortada (jagged motif) representa uma flutuação no nível de energia 
levando a deposição alternada de sedimentos grosseiros e finos. 
- A feição fining-upward representa um declínio com o tempo do nível de energia ou depocentros 
que estão progressivamente se afastando em relação ao local sob investigação. 
 28 
- O padrão coarsening-upward indica uma mudança gradual, em direção ao local sob investigação, 
de um ambiente progressivamente de mais alta energia. 
 
Feições de Perfil Equivocadas 
- A interpretação geológica da feição de perfil pode ser equivocada uma vez os perfis elétricos 
apresentam padrões que podem ser comuns para dois ou mais sistemas deposicionais. Por outro 
lado, um mesmo sistema deposicional pode apresentar diversas feições de perfil. Por estes motivos, 
a interpretação de paleoambientes deposicionais requer a utilização de dados de diferentes 
naturezas. A calibração do perfil com a rocha (testemunhos ou mesmo calha) é necessária. Dados 
bioestratigráficos são importantes não somente para datação como também para a interpretação 
paleoambiental. Dados geoquímicos, petrográficos e sedimentológicos também são importantes. 
 
 
Figura 2.3 - Perfis elétricos de cinco diferentes sistemas deposicionais siliciclásticos incluindo um pacote de arenito 
com feição de perfil em ‘caixote’ (blocky motif) (1- depósitos de preenchimento de canal fluvial, 2- preenchimento de 
canal de estuário, 3- depósitos de shoreface com base plana (sharp-based), 4- depósitos de preenchimento de canal de 
água profunda (turbidito) e 5- depósitos de praia. 
 
 
Figura 2.4 - Exemplos de feição de perfil ‘serrilhado’ (jagged motif) em diferentes sistemas deposicionais siliciclásticos 
(1- sistema fluvial, 2- planície deltaica, 3- plataforma interna e 4- águas profundas). 
 
 29 
 
Figura 2.5 - Exemplos de sucessões dominadas por sedimentos finos em 1- depósitos de água profunda e 2- em 
depósitos de plataforma externa (abaixo do nível de ondas de tempestade). 
 
Exemplos de Feições de Perfilem Diferentes Ambientes Deposicionais 
- Feições de perfis em ambientes fluviais. 
 
 
Figura 2.6 - Feições de perfis em ambientes fluviais 1- padrão fining-upward (depósito de preenchimento de canal 
alternado com lama de planície de inundação - fluvial meandrante), 2- padrão em caixote (depósitos de preenchimento 
de canal amalgamados - fluvial braided) e 3- padrão serrilhado (com muita lama - fluvial meandrante de mais baixa 
energia e alta acomodação). 
 
 30 
 
Figura 2.7 - Feições de perfis de um sistema fluvial de baixa energia, mostrando trends fining-upward, de depósitos de 
preenchimento de canal, e trends coarsenig-upward, de depósitos de crevasse splay. 
 
- Feições de perfis em ambientes de água profunda. 
 
 
Figura 2.8 - Perfis de ambiente de água profunda apresentando predominantemente padrões serrilhado ou em caixote. 
Trends fining-upward e coarsenig-upward também são observados. As unidades dominadas por areia estão encaixadas 
em espessas seções de granulometria fina de sedimentos pelágicos e hemipelágicos. 
 
 31 
- Feições de perfis em ambiente marinho raso a costeiro. 
 
 
Figura 2.9 - Feições de perfis em ambiente marinho raso a costeiro. As feições coarsenig-upward representam a 
progradação de lobos de shoreface e as feições em caixote areias de praia (foreshore). As setas indicam os mais 
importantes eventos transgressivos (superfícies de inundação). 
 
Dados Sísmicos 
 
Os dados sísmicos constituem uma ferramenta fundamental para avaliação do 
preenchimento sedimentar de uma bacia uma vez que possibilitam investigar aspectos estruturais e 
estratigráficos, e até mesmo propriedades de rocha e fluido. 
 
Atributos Físicos dos Dados Sísmicos 
 
As imagens sísmicas refletem a interação entre o substrato geológico e as ondas sísmicas 
que viajam através das rochas e são moduladas por suas propriedades. As ondas sísmicas emitidas 
por uma fonte na superfície são caracterizadas por específicos atributos físicos (forma, polaridade, 
freqüência e amplitude) que podem mudar conforme as estas viajam no substrato geológico. 
 
As propriedades físicas mais importantes para os dados sísmicos incluem a velocidade das 
ondas sísmicas e a impedância acústica (produto da velocidade pela densidade da rocha) das 
camadas rochosas, bem como o contraste destas propriedades. Variações na impedância com a 
profundidade são representadas por reflexões nas linhas sísmicas, podendo significar variações de 
litologia ou fluido. A amplitude da reflexão sísmica é proporcional ao contraste de impedância 
acústica através dos contatos geológicos. Uma reflexão com polaridade negativa representa a 
passagem de um meio de maior impedância para um de menor impedância. 
 
A resolução vertical dos dados sísmicos é a principal limitação deste método, sendo um 
obstáculo para sua utilização na investigação de feições de pequena escala como reservatórios 
individuais ou elementos deposicionais. Este parâmetro é função da freqüência do sinal sísmico 
emitido. Quanto maior a freqüência maior a resolução vertical. Entretanto, altas freqüências não 
conseguem viajar grandes distâncias, refletindo em uma diminuição da resolução vertical com a 
 32 
profundidade. Com a evolução da tecnologia, o limite da resolução vertical tem sido 
progressivamente alargado, passando da faixa de dezenas de metros para metros. 
 
Fluxo de Trabalho da Análise de Dados Sísmicos 
 
A análise dos dados sísmicos é facilitada pelos algoritmos computacionais que 
proporcionam a visualização dos dados em diferentes formas (mapa, seção, 3D) e perspectivas 
(ângulos, iluminação). A forma de análise depende do objetivo da investigação (exploratório versus 
reservatório). Uma rotina comum inclui uma avaliação inicial dos aspectos estruturais e 
estratigráficos de larga escala (objetivo exploratório), seguido de estudos de pequena escala em 
áreas potenciais (objetivo de reservatório). Os principais passos desta rotina são: 
 
- Fazer uma varredura no volume 3D com a finalidade de identificar padrões estruturais e 
deposicionais. 
- Fazer seções no volume 3D nas áreas que mostram o maior potencial. 
- Proceder diferentes time slices da área selecionada, utilizando técnicas de realce (opacidade, voxel 
picking). 
- Interpretar e mapear as reflexões sísmicas. 
- Fazer horizon slices para iluminar elementos deposicionais discretos. 
- Construir mapas de atributos (amplitude, forma da onda, coerência...) para ressaltar a visualização 
da geomorfologia e dos elementos deposicionais. 
 
Técnicas de Determinação de Idade 
 
A determinação da idade se refere à avaliação da idade geológica através de meios faunais 
ou estratigráficos, ou meios físicos que envolvem a abundância relativa de isótopos radioativos. O 
controle do tempo pode ser conseguido através de métodos bioestratigráficos, 
magnetoestratigráficos, isótopos geoquímicos ou mapeando marcadores de tempo litológicos. 
 
A resolução de cada técnica de datação varia tanto com o método como com a idade dos 
depósitos sob investigação. Exemplos: 
 
- Bioestratigrafia (Amonóides do Cretáceo): 0,5 Ma 
- Geocronologia (Fanerozóico): < 0,5 Ma 
 
Fluxo de Trabalho da Análise de Seqüências Estratigráficas 
 
A precisão da análise de seqüências estratigráficas, assim como de qualquer interpretação 
geológica, é proporcional a quantidade e qualidade dos dados disponíveis. O ideal é a integração 
dos diferentes tipos possíveis de dados como: afloramento, testemunho, perfis e sísmica. Também é 
importante ter em mente que modelos refletem dados e idéias e que melhoramentos podem ser 
sempre possíveis com a evolução da tecnologia e do pensamento geológico. 
 
 33 
O fluxo de trabalho proposto apresenta um gradual decréscimo na escala de observação e 
incremento no nível de detalhe. 
 
Passo 1 - Ambiente Tectônico - Tipo de Bacia Sedimentar 
- Parte-se do princípio que um entendimento geral de larga escala do ambiente tectônico e 
deposicional deve ser alcançado primeiro. O tipo de bacia onde a sucessão sedimentar está 
depositada é uma variável fundamental que precisa ser considerada nos primeiros estágios de 
investigação de seqüências estratigráficas. 
 
Comentário: 
 
Em bacias do tipo margem continental divergente (ex: bacias da margem continental brasileira, fase drift) a taxa de 
subsidência aumenta na direção distal, enquanto que em bacias do tipo foreland (ex: Bacia de Alberta a partir da base 
do Cretáceo) a taxa de subsidência aumenta na direção proximal. 
 
 
Figura 2.10 - Seção esquemática orientada na direção dip de uma bacia de margem continental divergente, ilustrando o 
padrão geral de subsidência e a arquitetura estratigráfica. A taxa de subsidência aumenta na direção distal e as linhas de 
tempo convergem na direção proximal. 
 
 34 
 
Figura 2.11 - Seção esquemática orientada na direção dip de uma bacia do tipo foreland, ilustrando o mecanismo 
principal de subsidência e a geometria geral de preenchimento da bacia. A taxa de subsidência aumenta na direção 
proximal e as linhas de tempo divergem nesta direção. 
 
Passo 2 - Paleoambientes Deposicionais 
- Uma vez entendido o estilo arquitetural da bacia, é necessário dar um zoom na natureza dos 
sistemas deposicionais que a preenchem. 
- A relação espacial e temporal dos sistemas deposicionais é fundamental para validar a 
interpretação das superfícies de seqüências estratigráficas e os tratos de sistema. 
 
Passo 3 - Modelo ou Arcabouço de Seqüências Estratigráficas 
- O arcabouço de seqüências estratigráficas proporciona o contexto genético no qual superfícies que 
representam eventos significantes, bem como os estratos que estas

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