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OS 3 PRINCIPAIS ERROS NO PPRA E NO PCMSO – e Como os Evitar www.saudeesegurancanotrabalho.org Os 3 Principais Erros no PPRA e no PCMSO - e Como os Evitar Após anos de auditoria de documentos-base do PPRA e do PCMSO de empresas dos mais diferentes setores, constatei que 3 erros primários e recorrentes colocam em risco a qualidade e a efetividade da gestão de riscos ambientais. Esses erros são, basicamente: 1. Não reconhecer adequadamente os riscos ambientais, conforme previsto no item 9.3.3 da NR-9; 2. Não elaborar um Programa de Proteção Respiratória; 3. Não articular o PCMSO com o PPRA. Se você evitar esses erros, estará sendo muito valioso para os trabalhadores que estão sob os seus cuidados e, também, para sua empresa, que tenderá a ter um passivo trabalhista menor. www.saudeesegurancanotrabalho.org Os 3 Principais Erros no PPRA e no PCMSO - e Como os Evitar Nunca esqueça que o principal objetivo de toda a legislação em Saúde e Segurança do Trabalho é preservar a saúde e a integridade física dos trabalhadores. Ao ler esse ebook e ao buscar educar-se continuamente, você estará colaborando para que muitos brasileiros tenham vidas mais longas e saudáveis. Além, claro, de estar construindo seu próprio futuro! Esperamos que a leitura seja proveitosa, e que nosso conteúdo seja útil para o seu dia-a-dia como profissional. www.saudeesegurancanotrabalho.org Os 3 Principais Erros no PPRA e no PCMSO - e Como os Evitar ERRO #1: NÃO RECONHECER ADEQUADAMENTE OS RISCOS AMBIENTAIS No contexto da NR-09, riscos ambientais são os agentes físicos, químicos e biológicos existentes no ambiente de trabalho. Citamos como exemplos: Agentes Físicos: ruído, vibrações, pressões anormais, temperaturas extremas, radiações ionizantes, radiações não ionizantes, infra-som e ultra-som (item 9.1.5.1 da NR-9). Agentes Químicos: poeiras, fumos, névoas, neblinas, gases ou vapores. Agentes Biológicos: bactérias, fungos, bacilos, parasitas, protozoários, vírus, entre outros. www.saudeesegurancanotrabalho.org Os 3 Principais Erros no PPRA e no PCMSO - e Como os Evitar A execução do reconhecimento dos riscos ambientais é descrita no item 9.3.3 da NR-9, e deve contemplar as seguintes etapas: - a sua identificação; - a determinação e localização das possíveis fontes geradoras; - a identificação das possíveis trajetórias e dos meios de propagação dos agentes no ambiente de trabalho; - a identificação das funções e determinação do número de trabalhadores expostos; - a caracterização das atividades e do tipo da exposição; - a obtenção de dados existentes na empresa, indicativos de possível comprometimento da saúde decorrente do trabalho; - os possíveis danos à saúde relacionados aos riscos identificados, disponíveis na literatura técnica; www.saudeesegurancanotrabalho.org Os 3 Principais Erros no PPRA e no PCMSO - e Como os Evitar - a descrição das medidas de controle já existentes. Infelizmente, é bem comum ainda encontrar documentos-base do PPRA contendo expressões genéricas como agentes químicos, solventes (esse é um recordista), gases, vapores... Ora, substâncias diferentes exercem efeitos diferentes sobre partes do corpo diferentes! Saber, então, a que exatamente se está exposto é fundamental para que o médico coordenador do PCMSO possa determinar os exames complementares corretos e fazer as investigações pertinentes em caso de eventuais problemas de saúde que o trabalhador venha a apresentar. Então, se for constatada uma identificação assim genérica no documento-base do PPRA, questione! Uma excelente fonte para determinar os riscos de forma mais precisa são as FISPQ (Fichas de Informação de Segurança de Produto Químico), que devem ser solicitadas aos fornecedores dos produtos. www.saudeesegurancanotrabalho.org Os 3 Principais Erros no PPRA e no PCMSO - e Como os Evitar Outras vezes, há a identificação de algum risco – especialmente químico, e por vezes é até realizada a avaliação quantitativa da exposição. No entanto, não se aponta qual a fonte daquele contaminante. Se, por exemplo, o documento-base do PPRA aponta que existe poeira respirável no ambiente, mas não diz de onde vem essa poeira, temos de imediato dois problemas. O primeiro é não saber o que ela contém. Ela pode conter, por exemplo, sílica livre, que é extremamente nociva à saúde. O segundo é que, se não sabemos de onde ela vem, não sabemos onde concentrar nossos esforços para evitar que ela seja formada ou se espalhe pelo ambiente. Então se você observar que o documento-base do PPRA não aponta as fontes geradoras dos riscos, questione! www.saudeesegurancanotrabalho.org Os 3 Principais Erros no PPRA e no PCMSO - e Como os Evitar Muitas vezes também se nota que não houve efetivamente diálogo entre o responsável por reconhecer os riscos e os trabalhadores expostos, já que as atividades não são bem caracterizadas. É fundamental que todas as etapas das atividades sejam analisadas, a fim de verificar eventuais picos de exposição ou outras ocorrências, que podem exigir medidas de controle complementares. Vamos considerar que um empregado trabalhe junto a um equipamento que utilize substância química classificada como perigosa, como o percloroetileno. O avaliador que eventualmente passar pelo posto de trabalho pode se contentar com essa informação... Se, no entanto, ele for conversar com o trabalhador, pode descobrir que ele realiza a alimentação do equipamento com o produto químico e, também, a troca de filtros! A situação muda completamente. Quais os cuidados necessários? A substância é volátil? É preciso de proteção respiratória? Se sim, um purificador de ar ou um sistema de adução de ar? www.saudeesegurancanotrabalho.org Os 3 Principais Erros no PPRA e no PCMSO - e Como os Evitar Tudo precisa ser analisado. Mas se a atividade não é bem caracterizada, essas necessidades não aparecem – apenas quando o trabalhador passar a apresentar sintomas de alguma doença ligada à exposição, o que pode ser tarde demais. Também se observa, em muitos casos, que não constam do reconhecimento de riscos no PPRA os possíveis danos à saúde relacionados aos riscos identificados. Se alguém recebe um documento em que afirma que ocorre exposição a vários agentes químicos que ele não conhece, e nada mais é dito sobre eles, a tendência é que esse documento não desperte curiosidade, e acabe indo para o fundo de uma gaveta, à espera da fiscalização. Se, no entanto, aquela lista de agentes químicos é acompanhada por alertas de danos como câncer, danos ao sistema reprodutor e efeitos sobre o sistema nervoso central, a coisa é diferente... www.saudeesegurancanotrabalho.org Os 3 Principais Erros no PPRA e no PCMSO - e Como os Evitar A tendência é que quem a lê se sinta provocado a questionar o que está sendo feito para evitar que as doenças venham a se desenvolver. Afinal, ela própria circula por esses ambientes, e é de seu interesse manter sua saúde e de seus colegas. O mesmo serve para a CIPA. Segundo o item 9.2.2.1 da NR-9, o documento-base do PPRA deve ser apresentado e discutido na CIPA. Em geral, seus integrantes também não têm formação específica na área de SST. Assim, caímos no mesmo problema: os trabalhadores não conseguem dimensionar o risco a que estão expostos em seu local de trabalho. Em resumo: não reconhecer adequadamente os riscos no PPRA é um erro grave! www.saudeesegurancanotrabalho.org Os 3 Principais Erros no PPRA e no PCMSO - e Como os Evitar ERRO#2: NÃO IMPLEMENTAR UM PROGRAMA DE PROTEÇÃO RESPIRATÓRIA Você pode se perguntar: o que o Programa de Proteção Respiratória tem a ver com PPRA? A resposta é: tudo! Os equipamentos de proteção individual (EPI) e, no nosso caso, os equipamentos de proteção respiratória (EPR), são medidas de controle de riscos ambientais previstas na NR-9. Embora ocupem o último lugar na hierarquia das medidas de controle (conforme itens 9.3.5.2 e 9.3.5.4 da NR-9), eles são importantes e, na prática, bastante utilizados. A seleção dos EPR é uma tarefa muito importante, e depende diretamente dos riscos reconhecidos no PPRA. Para realizá-la a contento, se deve obedecer ao previsto na publicação “Programa de Proteção Respiratória – Recomendações, seleção e uso de respiradores” (que pode ser baixada gratuitamente do site da Fundacentro). A publicação é de cumprimento obrigatório, conforme previsto pela IN 01/1994. www.saudeesegurancanotrabalho.org Os 3 Principais Erros no PPRA e no PCMSO - e Como os Evitar Seguindo o que o PPR-Fundacentro estabelece, podemos selecionar se o nosso respirador será um purificador de ar ou um sistema de adução de ar (popularmente chamado de “ar mandado”). Além disso, saberemos que tipos de filtros iremos utilizar (para particulados ou para gases e vapores, e dentro desses grupos, temos outras subcategorias). Também teremos critérios para escolher uma peça semifacial ou facial inteira, por exemplo. Saberemos também como realizar os ensaios de vedação, que são ignorados por grande parte dos profissionais de SST. Os ensaios são obrigatórios e fundamentais para garantir que o EPR fornecido esteja adequado à face do trabalhador. A seleção de equipamentos de proteção respiratória está bem além do escopo dessa publicação, mas o fato de não haver um Programa de Proteção Respiratória efetivamente implementado é uma grande falha na gestão dos riscos químicos. Se em seu local de trabalho se usam respiradores e não existe PPR efetivamente implementado, corrija! www.saudeesegurancanotrabalho.org Os 3 Principais Erros no PPRA e no PCMSO - e Como os Evitar ERRO #3: NÃO ARTICULAR O PCMSO E O PPRA A elaboração do Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO) é regida pela NR-7. Seu objetivo é a promoção e a preservação da saúde do conjunto de trabalhadores de uma empresa. Os dois Programas, PPRA e PCMSO, são inseparáveis – ou, ao menos deveriam ser! A integração entre os dois está prevista nas duas normas: nos itens 7.2.1 e 7.2.4 da NR-7 e no item 9.1.3 da NR-9. O sinal mais grave de falta de articulação entre os dois programas se percebe quando os riscos reconhecidos no PPRA não estão apontados no PCMSO. Se, no PPRA, se constatou a exposição ao xileno, esse risco tem que estar no PCMSO! O mesmo vale para ruído, vibração, sílica e quaisquer outros agentes. www.saudeesegurancanotrabalho.org Os 3 Principais Erros no PPRA e no PCMSO - e Como os Evitar Boa parte dos agentes mais comumente encontrados tem exames complementares associados, previstos nos Quadros I e II da NR-7. Os quadros são de fácil interpretação, muito diretos. Procura-se o agente que foi reconhecido no PPRA; se ele estiver ali, já está definido o exame a ser realizado. Simples! Vejamos um exemplo. Você observa, através do PPRA, que um funcionário está exposto ao cromo hexavalente, ou cromo VI. É preciso fazer algum exame complementar? Vamos consultar o Quadro I. Ali, podemos ver que o cromo hexavalente está relacionado entre os agentes que exigem a realização de exame complementar – no caso, dosagem de cromo na urina. Na coluna “Amostragem”, vemos que o prestador de serviço deve coletar a amostra de urina no final do último dia de jornada da semana. Simples, não? www.saudeesegurancanotrabalho.org Os 3 Principais Erros no PPRA e no PCMSO - e Como os Evitar www.saudeesegurancanotrabalho.org Os 3 Principais Erros no PPRA e no PCMSO - e Como os Evitar CONCLUSÃO Evidentemente, a lista aqui apresentada não esgota o assunto. Muitas outras falhas ocorrem, mas se esses itens que discutimos estiverem errados, todo o resto também o estará. Eles são os fundamentos da implementação adequada dos Programas! Espero que a leitura tenha sido útil, e que você agora leia a NR-9 e a NR-7 com um novo olhar. Vá além do cara-crachá, e busque entender o espírito das Normas. Assim, você as implementará de forma natural e efetiva! Façamos todos um bom trabalho!
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