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OAB1FASE DIR CIV SUCESSOES

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PROFESSOR ROBERTO FIGUEIREDO 
PROCURADOR DO ESTADO DA BAHIA. ADVOGADO. 
PRESIDENTE DA ASSOCIAÇÃO DE PROCURADORES DO ESTADO DA BAHIA. 
MESTRE EM DIREITO ECONÔMICO PELA UFBA 
INSTAGRAM: @ROBERTO_CIVIL 
TWITTER: @ROBERTO_CIVIL 
FACEBOOK: ROBERTO FIGUEIREDO (PROFESSOR) PERISCOPE: ROBERTO_CIVIL. 
 
Da Sucessão Legítima 
 
1. ORDEM DE VOCAÇÃO HEREDITÁRIA 
 
“Se a pessoa falecer sem testamento (ab intestato), a lei determinará a ordem pela qual serão chamados os her-
deiros: a ordem de vocação hereditária” (Sílvio de Salvo Venosa). 
 
Atenção! 
 
Também englobará a sucessão legítima ao lado da testamentária, quando esta alcance apenas uma parte da 
herança (máximo de 50%), haja vista a presença de herdeiros legítimos (arts. 1.789 e 1.856 do CC). 
 
Mas qual seria esta ordem de vocação hereditária? 
 
Os descendentes são herdeiros de primeira classe. 
 
Os ascendentes são os herdeiros da segunda classe. 
 
O cônjuge é o herdeiro da terceira classe 
 
Os colaterais são os herdeiros de quarta classe, também chamados de herdeiros legítimos facultativos. 
 
Atenção! 
 
Como o STF e o STJ já decidiram que o art. 1.790 do CC é inconstitucional a sucessão na união estável obedece-
rá a mesma ordem de vocação hereditária acima. 
 
A ordem de vocação hereditária é construída em cima de classes, graus e linhagens, sempre seguindo o princípio 
da proximidade, segundo o qual herdeiros mais próximos herdam em detrimento de herdeiros mais distantes. 
 
Atenção! 
 
Existem duas exceções ao princípio da proximidade: uma na classe dos colaterais para o sobrinho do morto (pa-
rente em 3º grau), que recebe a herança em detrimento do tio do morto (parente que também é de 3º grau), por 
força do art. 1.843 do CC e, a duas, as situações envolvendo o direito de representação (arts. 1.851-1.856, do 
CC). 
 
Para melhor compreender a ordem de vocação hereditária é imprescindível analisar a literalidade do art. 1.829 do 
CC, cuja redação é a seguinte: 
 
“A sucessão legítima defere-se na ordem seguinte: I – aos descendentes, em concorrência com o cônjuge sobre-
vivente, salvo se casado este com o falecido no regime da comunhão universal, ou no da separação obrigatória de 
bens; ou se, no regime da comunhão parcial, o autor da herança não houver deixado bens particulares; II – aos 
ascendentes, em concorrência com o cônjuge; III – ao cônjuge sobrevivente; IV – aos colaterais”. 
 
Outras exceções à ordem de vocação hereditária. 
 
1. Nas hipóteses do art. 5º, XXXI, da CF e do art. 10, §1º, da LINDB (lei mais favorável ao cônjuge ou aos filhos 
brasileiros). 
 
 
 
 
 
 
 
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2. Nas situações do art. 1.831 do CC (direito real de habitação quanto ao imóvel destinado à residência da 
família). 
3. Nos situações do art. 7º, parágrafo único, da Lei 9.278/96, o qual garante ao companheiro, independentemen-
te do regime de bens, o direito real de habitação quanto ao imóvel destinado à residência da família, desde que 
seja o único daquela natureza a inventariar. 
4. Quando estivermos diante da incidência da Lei Federal nº 6.858/80 a admitir o pagamento, mediante alvará 
judicial, em quotas iguais, aos dependentes habilitados perante o INSS ou, na falta destes, àqueles sucessores 
da lei civil, de créditos decorrentes da relação de emprego privado, ou público, saldos em conta do FGTS, resti-
tuições tributárias e saldos em conta bancária. 
 
Nos casos de aplicação da Lei Federal nº 9.610/98, cujo art. 41 disciplina a transmissão dos direitos autorais, em 
caso de óbito, para os herdeiros pelo prazo de 70 (setenta) anos, após os quais estes direitos passam ao domínio 
público. 
 
SUCESSÃO NA DESCENDÊNCIA 
 
A sucessão dos descendentes será guiada por dois princípios: a) Proximidade e b) Igualdade (CF, arts. 5º, II, e 
227, §6º). 
 
“Entre os descendentes, os em grau mais próximo excluem os mais remotos, salvo o direito de representação” 
(art. 1.833 do CC). 
 
“Na linha descendente, os filhos sucedem por cabeça, e os outros descendentes por cabeça ou por estirpe, con-
forme se achem ou não no mesmo grau” (art. 1.835, CC). 
 
3. DIREITO DE REPRESENTAÇÃO 
 
“Dá-se o direito de representação, quando a lei chama certos parentes do falecido a suceder em todos os direitos, 
em que ele sucederia, se vivo fosse” (art. 1.851 do CC). 
 
Atenção! 
 
O direito de representação se aplica aos descendentes e aos colaterais (CC, 1.853), não tendo incidência sobre 
os ascendentes. O direito de representação está previsto nos arts. 1.851/1.856 do CC. 
 
1. Dica! 
 
Atente-se para a regra do art. 1.811: ninguém pode suceder representando herdeiro renunciante. O herdeiro re-
nunciante é havido como estranho à herança e por isto não pode ser substituído pelo seu descendente. Curiosa é 
a leitura do art. 1.856 segundo a qual o renunciante à herança de uma pessoa poderá representá-la na sucessão 
de outra, até porque a renúncia se interpreta de forma restritiva. Um exemplo bem ilustra essa hipótese: se eu 
renuncio a herança de meu pai, não significa que não possa receber a de meu avô na medida em que, interpre-
tando-se restritivamente a renúncia jamais se teria, com isto, como atingir outra situação, de herança por estirpe 
de outra pessoa. 
 
2. E na hora da prova? 
 
O concurso para Juiz – TJDFT, ano de 2011, considerou correta a assertiva: “na linha transversal, somente se dá 
o direito de representação em favor dos filhos de irmãos do falecido, quando com irmãos deste concorrerem”. 
 
CASOS EM QUE O CÔNJUGE CONCORRE COM OS DESCENDENTES 
 
A sucessão legítima defere-se “aos descendentes, em concorrência com o cônjuge sobrevivente, salvo se casado 
este com o falecido no regime da comunhão universal, ou no da separação obrigatória de bens (art. 1.640, pará-
grafo único); ou se, no regime da comunhão parcial, o autor da herança não houver deixado bens particulares” 
(inciso I, do art. 1.829 do CC). 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Pela lei, o cônjuge supérstite concorrerá com os descendentes, salvo se três exceções: a) Regime de Comu-
nhão Universal, b) Regime de Separação Obrigatória e c) Regime de Comunhão Parcial, excepcionando os bens 
particulares 
 
Atenção! 
 
Na I Jornada em Direito Processual Civil foi aprovado o Enunciado 52 segundo o qual “Na organização do esboço 
de partilha tratada pelo art. 651 do CPC, deve-se incluir a meação do companheiro”, aspecto que evidencia uma 
visível distinção técnica entre meação e herança. 
 
Esta restrição se aplica à separação convencional? 
 
Seguindo a interpretação literal do Código Civil, não. De fato, aborda o art. 1.829, I do CC, dentre as exceções, 
apenas o regime de separação obrigatória (art. 1.641 do CC). Assim, na separação convencional haveria, sim, a 
concorrência. Esta é a interpretação literal da norma que deve ser considerada para questões objetivas legalistas. 
 
Em questões aprofundadas, porém, é interessante que notícia sobre a recente vacilação do Superior Tribunal de 
Justiça sobre o tema. 
 
Explica-se. Recentemente o Superior Tribunal de Justiça chegou a considerar, mediante uma interpretação sis-
temática do Código Civil, a impossibilidade de concorrência do cônjuge sobrevivente, casado no regime de sepa-
ração convencional de bens, com os descendentes. O argumento era sistemático. Em sendo a opção dos cônju-
ges pela separação convencional de bens, a consequência deveria ser redução de participação do cônjuge sobre-
vivente, seja na meação, seja na herança. O Superior Tribunal de Justiça, nessa toada, conferia uma espécie de 
pós-eficácia ao pacto antenupcial, o qual irradiaria os seus efeitos mesmo após o falecimento. O entendimento 
sistemático em comento, inclusive, ganhou o Enunciado doutrinário número 15 do Instituto Brasileiro de Direito 
dasFamílias (IBDFAM), segundo o qual “ainda que casado sob o regime da separação convencional de bens, o 
cônjuge sobrevivente é herdeiro necessário e concorre com os descendentes. 
 
O entendimento em questão é, porém, nitidamente contra legem, ferindo o art. 1.829, I do Código Civil. Logo não 
se sustentou, retornando a interpretação do Superior Tribunal de Justiça à interpretação literal do art. 1.829, I, 
determinando a concorrência sucessória do cônjuge sobrevivente, com descendentes, caso o regime de bens seja 
o de separação convencional de bens. Cita-se a uniformização do entendimento em 2015: 
 
A 2ª Seção do Superior Tribunal de Justiça uniformizou o entendimento entre as 3ª e 4ª Turmas sobre a situação 
do cônjuge supérstite casado em regime de separação convencional e a sucessão “causa mortis. Eis a síntese do 
aresto: “No regime de separação convencional de bens, o cônjuge sobrevivente concorre na sucessão “causa 
mortis” com os descendentes do autor da herança. Quem determina a ordem da vocação hereditária é o legisla-
dor, que pode construir um sistema para a separação em vida diverso do da separação por morte. E ele o fez, 
estabelecendo um sistema para a partilha dos bens por “causa mortis” e outro sistema para a separação em vida 
decorrente do divórcio. Se a mulher se separa, se divorcia, e o marido morre, ela não herda. Esse é o sistema de 
partilha em vida. Contudo, se ele vier a morrer durante a união, ela herda porque o Código a elevou à categoria de 
herdeira. São, como se vê, coisas diferentes”. REsp 1.382.170-SP, Rel. p/ ac. Min. João Otávio de Noronha, DJe 
26.5.15. 2ª S. (Info STJ 562) 
 
SUCESSÃO DOS ASCENDENTES 
 
“Na falta de descendentes, são chamados a suceder os ascendentes, em concorrência com o cônjuge sobreviven-
te” (art. 1829, II do CC). 
 
SUCESSÃO DO CÔNJUGE 
 
“Em falta de descendentes e ascendentes, será deferida a sucessão por inteiro ao cônjuge sobrevivente” (art. 
1.838 do CC). 
 
 
 
 
 
 
 
 
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O Art. 1.830 e a Separação Há Mais de Dois Anos 
 
“Somente é reconhecido o direito sucessório ao cônjuge sobrevivente se, ao tempo da morte do outro, não esta-
vam separados judicialmente, nem separados de fato há mais de dois anos, salvo prova, neste caso, de que essa 
convivência se tornara impossível sem culpa do sobrevivente” (art. 1.830 do CC). 
 
O Direito Real de Habitação 
 
“Ao cônjuge sobrevivente, qualquer que seja o regime de bens, será assegurado, sem prejuízo da participação 
que lhe caiba na herança, o direito real de habitação relativamente ao imóvel destinado à residência da família, 
desde que seja o único daquela natureza a inventariar” (art. 1.831 do CC). 
 
Espécies: 
 
(i) a voluntário, que exige escritura pública registrada em cartório (Lei de Registros Públicos, art. 167, inciso I, 7); 
(ii) a legal, que brota do fato jurídico por imposição normativa antes mesmo de qualquer registro, como no exem-
plo do art. 1.831, do CC. 
 
Atenção! 
 
Trata-se de um direito personalíssimo e intransferível. 
 
E na união estável? 
 
Eis o o art. 7º, parágrafo único, da Lei Federal nº 9.278/96: “Dissolvida a união estável por morte de um dos convi-
ventes, o sobrevivente terá direito real de habitação, enquanto viver ou não constituir nova união ou casamento, 
relativamente ao imóvel destinado à residência da família”. 
 
SUCESSÃO DOS COLATERAIS 
 
Na falta dos herdeiros legítimos necessários (descendentes, ascendentes e cônjuge), os herdeiros legítimos 
facultativos (colaterais até quarto grau) serão chamados a suceder. 
 
“Concorrendo à herança do falecido irmãos bilaterais com irmãos unilaterais, cada um destes herdara metade do 
que cada um daqueles herdar” (art. 1.841 do CC). 
 
A SUCESSÃO NA UNIÃO ESTÁVEL 
 
O Plenário do Supremo Tribunal Federal no Recurso Extraordinário 878.694 decidiu pela inconstitucionalidade 
do art. 1.790 do CC. 
 
Foi reconhecida neste recurso extraordinário a ilegitimidade do tratamento diferenciado dado a cônjuge e a com-
panheiro, pelo artigo 1.790 do Código Civil, para fins de sucessão. A declaração da inconstitucionalidade da nor-
ma se fundamentou na circunstância de que a Constituição Federal garante a equiparação entre os regimes da 
união estável e do casamento no tocante ao regime sucessório. 
 
Prevaleceu a tese da inconstitucionalidade da distinção de regimes sucessórios entre cônjuges e companheiros, 
devendo ser aplicado, em ambos os casos, o regime estabelecido no artigo 1.829 do Código Civil de 2002. 
 
Atenção! 
 
Em 27 de junho de 2017 o Superior Tribunal de Justiça também afirmou ser inconstitucional a distinção dos regi-
mes sucessórios entre cônjuges e companheiros afastando a aplicação do artigo 1.790 do CC, declarado inconsti-
tucional pela Suprema Corte (Informativo 609. REsp. 1.332.773/MS. DJe 01.08.2017). 
 
 
 
 
 
 
 
 
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À luz da teoria dos precedentes e diante do que prescreve o artigo 927 do CPC os tribunais locais devem seguir a 
autoridade do quanto decidido pelo STF e pelo STJ de modo a não mais aplicarem o art. 1.790 do CC, solucio-
nando o tema da sucessão na união estável pela mesma ordem de vocação hereditária do casamento, aplicando 
o artigo 1.829 do CC em tais casos. 
 
Da Sucessão Testamentária 
 
1. DO TESTAMENTO EM GERAL 
 
O testamento é negócio jurídico unilateral, gratuito, mortis causa, formal, revogável e personalíssimo. 
Capacidade Testamentária 
 
De acordo com a legislação cível, toda pessoa com 16 (dezesseis) anos completos pode dispor, por testamento, 
da totalidade dos seus bens, ou de parte deles, para depois de sua morte (CC, art. 1.857 e 1.860). Percebe-se 
que a capacidade para testar no Brasil é iniciada aos 16 (dezesseis) anos, diferentemente da civil genérica e ple-
na, a qual começa aos 18 (dezoito) anos. 
 
FORMAS ORDINÁRIAS, COMUNS OU VULGARES DE TESTAMENTO 
 
“Sob o manto da solenidade, o legislador protege a manifestação de vontade do testador, sua autonomia, dimi-
nuindo as possibilidades de pressões físicas ou psíquicas”, ressaltando a importância jurídica das formalidades 
neste sério momento da vida civil (Sílvio de Salvo Venosa). 
 
Atenção! 
 
Em 15 de agosto de 2017 o Superior Tribunal de Justiça decidiu que o descumprimento de exigência legal para 
confecção do testamento público, consistente na segunda leitura e expressa menção no corpo do documento da 
condição de cego, não gera a sua nulidade se mantida a higidez da manifestação de vontade do testador (Infor-
mativo 610. REsp. 1.677.931/MG. DJe 22.08.2017). 
 
Três são as formas ordinárias do testamento: público, cerrado e particular (art. 1.862 do CC). 
 
DOS CODICILOS 
 
“Toda pessoa capaz de testar poderá, mediante escrito particular seu, datado e assinado, fazer disposições espe-
ciais sobre o seu enterro, sobre esmolas de pouca monta a certas e determinadas pessoas, ou, indeterminada-
mente, aos pobres de certo lugar, assim como legar móveis, roupas ou joias, de pouco valor, de seu uso pessoal” 
(art. 1.881 do CC). 
 
“É ato da última vontade, destinado, porém, a disposição de pequeno valor ou recomendações para serem atendi-
das e cumpridas após a morte” (Carlos Roberto Gonçalves). 
 
Atenção! 
 
O art. 737, §3º do CPC/15 prescreve que o procedimento pelo qual se deverá publicar, confirmar e mandar cum-
prir o testamento particular também se aplicará ao codicilo. 
 
DOS TESTAMENTOS ESPECIAIS: FORMAS ESPECIAIS DE TESTAMENTO 
 
Três são os testamentos especiais: o marítimo, o aeronáutico e o militar (CC, 1.886). A enumeração é nume-
rus clausulus, como se vê do art. 1.887 do CC: “Não se admitem outros testamentos especiais além dos contem-
plados neste Código”. 
 
DOS LEGADOS 
 
“O legado é uma deixa testamentária determinada dentro do acervo transmitido pelo autor da herança: um anel ou 
as joias da herança; um terreno ou um númerodeterminado de lotes; as ações de companhias, ou as ações de 
determinada companhia”. (Sílvio de Salvo Venosa). 
 
 
 
 
 
 
 
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O legado é forma de disposição causa mortis a título singular, que recai sobre coisa determinada e pressupõe a 
existência de um testamento. 
 
DESERDAÇÃO 
 
A deserdação é instituto jurídico típico da sucessão testamentária, bem próximo ao da indignidade, estudado na 
teoria geral do direito sucessório. A indignidade é instituto geral, enquanto a deserdação existe apenas na suces-
são testamentária. Ademais, apenas se deserda herdeiro necessário. Já a indignidade atinge qualquer herdeiro, 
bem como o legatário. 
 
Curiosidade! 
 
A deserção é de pouca prática na atualidade. Origina-se da ex heredatio do direito romano (Novela 115 de Justi-
niano) e continua presente nos códigos da Alemanha, Portugal, Espanha, Argentina e Chile. 
 
DA REDUÇÃO DAS DISPOSIÇÕES TESTAMENTÁRIAS 
 
A redução é instituto previsto em muitas legislações, como a francesa (art. 921), o BGB (art. 2.325), o CC espa-
nhol (art. 817), o CC italiano (554), o português (2.169) e o suíço (art. 486). Todos visam à intangibilidade da legí-
tima. 
 
Portanto, as disposições que excederem a parte disponível reduzir-se-ão aos limites dela. Em se verificando 
excederem as disposições testamentárias a porção disponível, serão proporcionalmente reduzidas as quotas do 
herdeiro ou herdeiros instituídos, até onde bastem, e, não bastando, também os legados, na proporção do seu 
valor. 
 
DA REVOGAÇÃO DO TESTAMENTO 
 
Diz o art. 1969 do CC/02 que o testamento pode ser revogado pelo mesmo modo e forma como pode ser feito. 
Neste ponto, o Código Civil brasileiro acompanha o alemão, argentino e suíço, porém se afasta do francês, italia-
no e português, os quais admitem a revogação do testamento por escritura pública. 
 
DO ROMPIMENTO DO TESTAMENTO 
 
Entende-se por rompimento uma hipótese de ineficácia, não mais produzindo efeito a aludida disposição de 
última vontade. 
 
DO TESTAMENTEIRO 
 
“É o executor do testamento. É a pessoa encarregada de cumprir as disposições de última vontade”. (Carlos Ro-
berto Gonçalves). 
 
Atenção! 
 
Já a testamentaria é o conjunto de atribuições confiadas ao testamenteiro. A doutrina majoritária sustenta que a 
testamentaria possui natureza jurídica de mandato sui generis. O testamenteiro pode ser instituído pelo testador, 
ou ser dativo, quanto o magistrado o nomeia, na forma do art. 735, §1º do NCPC. Também poderá ser testamen-
teiro universal ou particular, a depender de o múnus envolver toda a herança, ou parte da mesma. 
 
DOS SONEGADOS 
 
O que é sonegação? 
 
“O termo sonegação tem sentido genérico de cunho delitivo. Vem do verbo sonegar, em composição mais severa 
do que simplesmente negar por significar um procedimento consciente de caráter omissivo, com o intuito de sub-
trair determinado bem ou valor da posse de seu legítimo dono. Em certos aspectos, essa ocultação dolosa de 
informações pode constituir crime, como se dá na “sonegação fiscal”, relativa a tributos, na “apropriação indébita” 
 
 
 
 
 
 
 
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pelo apossamento de bens de particulares e, ainda, no “peculato”, praticado por funcionário sobre bens de propri-
edade do ente público”1. 
 
Da Colação 
 
Os descendentes que concorrerem à sucessão do ascendente comum são obrigados, para igualar as legítimas, a 
conferir o valor das doações que dele em vida receberam, sob pena de colação. 
 
Traduz a colação uma operação matemática que tem por fim igualar, na proporção estabelecida neste Código, 
as legítimas dos descendentes e do cônjuge sobrevivente, obrigando também os donatários que, ao tempo do 
falecimento do doador, já não possuírem os bens doados. 
 
 
1 Oliveira, Euclides de. Código Civil Comentado. São Paulo: Atlas, 2004, p. 55-56.

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