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Amebas do intestino e boca Profra Dra Maria de Fátima Oliveira 2018.2 DEPARTAMENTO DE ANÁLISES CLÍNICAS E TOXICOLÓGICAS DA FACULDADE DE FARMÁCIA, ODONTOLOGIA E ENFERMAGEM DA UFC, DISCIPLINA DE PARASITOLOGIA BÁSICA CLASSIFICAÇÃO TAXONÔMICA REINO - Protozoa FILO – Sarcomastigophora CLASSE – Lobosea ORDEM - Amoebida FAMÍLIA – Entamoebidae , Dientamoebidae GÊNERO - Entamoeba,Iodamoeba, Endolimax e Dientamoeba As amebas são protozoários: Eucariontes e constituídos por apenas uma célula Gêneros Entamoeba Endolimax Iodamoeba Dientamoeba O gênero Entamoeba é divido em 4 grupos: 1) Grupo da coli - Cisto c/ até 8 núcleo – E.coli, E.muris, E. gallinarum 2)Grupo da histolytica - Cisto c/ até 4 núcleos – E. histolytica, E. hartmanni, E. dispar, E. ranarum 3) Grupo polecki - Cisto c/1 núcleo (porco, macaco e raro humanos), E. suis (porco) 4)Grupo dos sem cisto – E. gingivalis MORFOLOGIA DAS AMEBAS Entamoeba coli Trofozoíto ou vegetativa Pré-cisto Cisto ou resistência Metacisto Entamoeba gingivalis Trofozoíto Iodamoba butschlii Trofozoíto Cisto Endolimax nana Trofozoíto Cisto Dientamoeba fragilis Trofozoíto Entamoeba histolytica Trofozoíta – 10 a 20µm. Entamoeba histolytica: A, forma não-patogênica; B, forma patogênica. MORFOLOGIA DAS AMEBAS Cisto 8 a 15μm MORFOLOGIA DAS AMEBAS Núcleo Cariossoma central Corpos cromatóides Membrana nuclear escura devido ao revestimento de cromatina Reserva de glicogênio CISTOS MORFOLOGIA DAS AMEBAS Hematoxilina férrica Método de tricrômio CISTOS Corpos cromatóides na forma de bastonete MORFOLOGIA DAS AMEBAS Trofozoíto 20 a 60 μm Hemácia Núcleo com cariossomo pequeno e central Endoplasma Ectoplasma MORFOLOGIA DAS AMEBAS Vacúolos digestivos Trofozoíto MORFOLOGIA DAS AMEBAS Entamoeba coli (C e J); Entamoeba hartmanni (E e L ); Endolimax nana (F, G e K); Iodamoeba bütschlii (I e O). Dientamoeba fragilis (H) Entamoeba histolytica (D,M e N). MORFOLOGIA DAS AMEBAS As amebas caracterizadas pelo núcleo Os núcleos das amebas: A) E. histolytica; B) E. hartmanni; C) E. coli MORFOLOGIA DAS AMEBAS As amebas caracterizadas pelo núcleo Os núcleos das amebas: D); Endolimax nana; E)Iodamoeba butschlii ;G) Dientamoeba fragilis MORFOLOGIA DAS AMEBAS As amebas caracterizadas pelo núcleo MORFOLOGIA DAS AMEBAS As amebas caracterizadas pelo núcleo Entamoeba coli - TROFOZOÍTO 15 a 50μm MORFOLOGIA DAS AMEBAS As amebas caracterizadas pelo núcleo Entamoeba coli - CISTOS Cariossoma excêntrico MORFOLOGIA DAS AMEBAS Endolimax nana CISTO Cisto oval com aproximadamente 8 a 12μm por 5 a 7μm •Presença de 4 núcleos pequenos sem cromatina MORFOLOGIA DAS AMEBAS Iodamoeba butschlii •Possui somente um núcleo •Presença de grande vacúolo de glicogênio Núcleo com membrana espessa e sem cromatina periférica Cariossoma muito grande e central TROFOZOÍTO CISTO Complexo: Entamoeba histolytica/E.dispar BIOLOGIA Locomoção - por emissão de pseundópodes Reprodução – Assexuada por divisão binária Nutrição - Fagocitose de detritos presente na luz intestinal, grãos de amido e hemácias Habitat Os trofozoítos de E.dispar vivem como comensais na luz do intestino grosso Os trofozoítos E.histolytica vivem em ulcerações intestinais, abscesso hepático, cutâneos, pulmões e raramente o cérebro. Biologia Complexo: Entamoeba histolytica/E.dispar Transmissão: Ingestão de cisto maduro através da água ou alimentos Através do sexo anal-oral (homossexuais ) Através de insetos (formigas e moscas) que trazem cistos fixados em suas patas Pessoa a pessoa - pelas mãos sujas Fonte de infecção - portadores assintomáticos Ciclo Biológico da Entamoeba histolytica Ciclo Biológico da Entamoeba histolytica Patogenia Mecanismo de invasão Adesão Destruição tecidual Dispersão amebóide Mecanismo de invasão Adesão - via lectina Gal/GalNAc às células do epitélio intestinal 2. Processo de destruição tecidual - ação de enzimas (hialuronidase/proteases/mucoplissacaridases) - formação de úlcera típica 3. Dispersão – o trofozoíta cai na circulação e atinge o fígado via sistema porta (filopódios,fagocitose) 4. Formação de abscessos, necrose e até obstrução do sistema porta - pode levar o paciente a óbito PATOLOGIA Amebíase intestinal Assintomáticas (90%) Sintomáticas (10%) Caracteriza por ausência de sangue nas fezes, ausência de anticorpos séricos e lesões ulceradas visíveis no cólon. - Colite não disentérica - Colite disentérica Incubação de 7 dias a 4 meses. Amebíase intestinal - sintomática COLITE NÃO DISENTÉRICA COLITE DISENTÉRICA Se caracteriza por 2 a 4 evacuações diarreicas ou não por dia. Sintomas: flatulência, desconforto abdominal, tenesmo, dor abdominal em cólicas, náuseas, anorexia, vômitos. AGUDA CRÔNICA Amebíase intestinal COLITE DISENTÉRICA – AGUDA Caracteriza-se - por evacuações frequentes (8-10) vezes ao dia com diarreia mucossanguinolenta. Sintomas: Dor intensa na região abdominal, tenesmo, calafrio, febre moderada, flatulência, anorexia, náuseas, vômitos, leucocitose, hemorragia e desidratação COLITE DISENTÉRICA – CRÔNICA Caracteriza-se por evacuações com frequência (5-6 vezes ao dia) de tipo diarreico ou não, flatulência, anorexia, tenesmo, astenia, nervosismo, emagrecimento, dores abdominais durante alguns dias. Amebíase intestinal Sintomas: intensa dor abdominal, febre, leucocitose, diarreia mucossanguinolentas com grandes perdas hídricas, tenesmo, flatulência, dor epigástrica e pirose. As lesões ocorrem com maior frequência na região cecal, cólon ascendente , sigmóide e reto Colite amebiana aguda Colite amebiana aguda Amebíase extra-intestinal Amebiase hepática - Abscesso hepático geralmente apresenta uma única lesão em 80% dos casos, localizado no lobo direito Amebíase pleuro-pulmonar - febre, dor torácica, tosse com expectoração de cor de chocolate Amebíase cerebral - São raras e de evolução fatal Complicações da amebíase hepática Ruptura espontânea do abscesso nas cavidades: peritoneal, pleural e pericárdia • Sintomas do abscesso hepático Tríade: febre, dor intensa no hipocôndrio direito e hepatomegalia –Dor ou desconforto no hipocôndrio direito que se agrava com movimentação. –Confunde-se com cólica biliar. –Febre irregular com calafrios, suores, náuseas e vômitos. –Fígado aumentado de volume e doloroso à percussão na área do abcesso. –Ligeira icterícia. - Os pacientes podem se queixar de fraqueza,prostração, calafrios, suores, náuseas, vômitos, perda de peso e inapetência Patologia •Amebíase pulmonar : –Invasão torácica pode ocorrer por via hematogênica o ruptura do abcesso hepático na cavidade pleural e peritoneal • Sintomas –Tosse com expectoração de material gelatinoso, ora de coloração achocolatada ora avermelhada –Febre –Dor torácica –Em caso de infecções bacterianas secundárias: secreção de aspecto amarelado. Patologia Complicações da amebíase Intestinal Colite amebiana fulminante Os cólons apresentam úlceras, que chegam a perfurar a parede intestinal. Podem apresentar febre e dor em todo abdome. As evacuações são mucossanguinolentas, com fortes cólicas e tenesmo. Sem tratamento intensivo o desfecho é fatal. A perfuração do intestino levando a peritonite Apendicite Tiflite - inflamação do ceco Os amebomas- é uma massa granulomatoso firme e podem causar obstrução e serem confundidos com tumores. Diagnóstico Clínico intestinal – retossigmoidoscopia esclarece cerca de 85% dos casos Clínico extra–intestinal – Rx, cintilografia , ultra-sonografia, TC, RNM 95% mostra a localização, o nº e evolução do abscesso . Laboratorial Material - fezes, soro, exsudatos Exame de fezes: Coleta, armazenamento, conservação,aspectos e consistência Conservantes usadas em fezes diarreicas: Schaudinn, SAF, Álcool polivinílico Conservantes usados em fezes formadas ou pastosas: Formol a 10% , MIF, SAF(acetato de sódio , ácido acético e formaldeído) Substâncias que interferem no EPF – laxantes, antiácidos, antibióticos (tetraciclina),óleos minerais, hidróxido de magnésio, sulfato ferroso, antidiarreicos (caulim ou bismuto), contraste radiológico (sulfato de bário) , iodo. Atenção: recomenda –se realizar o exame 10 dias depois do uso das substância acima Exame de fezes Identificação de trofozoítos e cistos •Análise macroscópica do aspecto e consistência das fezes •Verificação da presença de muco ou sangue •Fezes líquidas coletadas com conservantes –Encontro de formas trofozoíticas –Encontro de hemácias no campo microscópico devido as ulcerações no caso de E.histolytica •Fezes formadas: pesquisa de cistos Diagnóstico • Fezes diarreicas/técnicas para pesquisa de trofozoítos: –Método direto a fresco –Hematoxilina férrica •Fezes formadas: –Utilização de métodos de concentração –Centrífugo-flutuação: Método de Faust –Sedimentação por centrifugação - Ritchie -Sedimentação espontânea - Hoffmann Diagnóstico imunológico ELISA para detecção de antígeno nas fezes ELISA para detecção Acs IgG soro - amebíase invasiva Os exames sorológicos detecta 95% de abscesso hepáticos ELISA Hemaglutinação indireta Imunoflorescencia indireta Diagnóstico Molecular PCR (distingue espécies) Retossigmoidoscopia - possibilita a identificação do parasito em 85% dos casos Epidemiologia Existe 650 milhões de pessoas infectadas por amebíase no mundo. E constitui a 2º causa de mortes por parasitos, leva a óbito cerca de 100.000 pessoas por ano. Apesar da alta letalidade , somente 10% apresentavam sintomas da doença. Prevalência de amebíase no Brasil No sul e sudeste –2,5 a 11% Região Amazônica - 19% Nas demais regiões – 10% Fortaleza -14,9% Atenção: concentração de cloro empregada nos processos de desinfecção da água não é suficiente para inativar o cisto de E. histolytica Colite não disentérica – predomina no nosso meio Formas de amebíase prevalente na região Amazônica Colite disentérica Abscesso hepático -11% das crianças Epidemiologia Amebíase Cosmopolita Região Infecção Doença Mortes África 85 milhões 10 milhões 10-30 mil Ásia 300 milhões 20-30 milhões 25-50 mil Europa 20 milhões 100 mil Mínima Américas 95 milhões 10 milhões 10-30 mil Totais 650 milhões 40-50 milhões 40-110 mil Profilaxia 1) Educação sanitária e ambiental, com participação ativa e efetiva da comunidade 2) Exames periódicos dos manipuladores de alimentos 3) Detecção dos portadores assintomáticos 4) Tratar os indivíduos parasitados 5) Combater as moscas e baratas 6) Fazer campanha de educação sanitária extensa e intensa 7) Lavar frutas, legumes e verduras (mergulhar no permanganato de potássio (0,3g) 15minutos) ou 3 gotas de iodo /litro Tratamento Intestinal Amebicida luminal – (luz intestinal ) Amebicida tissular – (tecidos) Extra- intestinal Luminal e tissular e antibióticos Tratamento Amebicida intestinal Luminal: Derivados de Dicloroacetamida Etofamida (kitnos) Teclosan (Falmonox), Antibióticos Tissular: Cloridrato de emetina Cloridratato de diidroemetina Cloroquina - atua só fígado Luminal e tissular – Derivados imidazólicos Metronidazol, Tinidazol, secnidazol, nimorazol, ornidazol Antibióticos: tetraciclina , eritromicina , espiramicina, paromomicina Extra- intestinal - Metronidazol Tratamento Tratamento Mecanismo de Ação do Metronidazol O metronidazol é metabolizado formando radicais superóxido que interferem no metabolismo de DNA dos parasitos causando extensas rupturas das cadeias DNA e interrupção da cadeia helicoidal. Portanto causando alteração na síntese de proteína do parasito. NITAZOXANIDA - Anita Mecanismo de ação Para protozoários do intestino - Inibe a enzima Piruvato - Ferrodoxina Oxidoredutase (PFOR) dos protozoários. Situação da Amebíase Questões para serem resolvidas em sala de aula 1) Como posso controlar o processo de invasão na amebíase, para impedir o desenvolvimento da doença? 2) A E. histolytica confere imunidade permanente no paciente com amebíase.? 3) Qual o local preferido para a E. histolytica invadir a mucosa no intestino grosso ? 4) Como se caracteriza a amebíase intestinal?
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