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Jornalismo Especializado: Plano de aula 06

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Plano	de	Aula:	Política:	Especificidades	do	Jornalismo	Político
JORNALISMO	ESPECIALIZADO	-	CCA0242
Título
Política:	Especificidades	do	Jornalismo	Político
Número	de	Aulas	por	Semana
Número	de	Semana	de	Aula
6
Tema
Política:	Especificidades	do	Jornalismo	Político
Objetivos
Ao	final	da	aula	o	aluno	será	capaz	de:
Gerais
ü		Conhecer	a	evolução	do	jornalismo	político	no	Brasil
ü		Compreender	os	aspectos	éticos	envolvidos	no
exercício	do	jornalismo	político
Específicos
ü		Identificar	os	diferentes	momentos	históricos	do
jornalismo	político	no	país
ü		Analisar	a	complexidade	da	relação	com	a	fonte	nos
espaços	de	poder
ü		Justificar	a	necessidade	de	conhecimentos	de	história
e	ciência	política
ü		Justificar	a	necessidade	de	conhecimento	teórico	e
prático	sobre	o	funcionamento	das	instituições	políticas
ü		Identificar	os	espaços	de	atuação	profissional	do	jornalista
político
Estrutura	do	Conteúdo
BREVE	HISTÓRICO
ü		Antes	do	jornalismo	profissional	moderno,	a	imprensa
em	geral	era	partidária	e	ideológica.	Em	primeiro	lugar,
porque	a	publicação	de	periódicos,	já	nos	primórdios	da
imprensa,	passou	a	ser	controlada	pelos	governantes,
através	de	sistemas	de	concessão,	o	que	significava	que
licenças	para	publicação	eram	concedidas	aos
partidários	dos	monarcas.	Esse	jornalismo	chapa
branca,	oficial,	vigeu	também	no	Brasil,	onde	até	1808
tipografias	eram	proibidas	de	existir	pela	metrópole
portuguesa.	Nesse	ano,	em	que	a	família	real	se	instala
na	colônia	em	função	do	avanço	de	Napoleão	Bonaparte
na	Europa,	foi	lançada	a	Gazeta	do	Rio	de	Janeiro,	jornal
oficial	da	Corte	de	D.	João	VI,	rodado	na	Imprensa
Régia,	detentora	do	monopólio	de	impressão	na	colônia.
Obviamente,	havia	publicações	clandestinas,	como	o
Correio	Braziliense,	publicação	oposicionista	editada
pelo	jornalista	Hipólito	José	da	Costa.
ü		Outra	razão	para	o	predomínio	dessa	imprensa
politizada,	partidária	?	e,	por	isso	mesmo,	opinativa	?	no
século	XIX	é	a	agitação	política	do	período,	com	diversos
movimentos	político-ideológicos,	como	guerras,	revoltas
e	revoluções,	que	mobilizam	especialmente	as	elites	que
constituíam	até	então	a	minoria	leitora	de	jornais,	numa
época	anterior	à	universalização	da	educação.	Nesse
cenário,	os	jornais	são	verdadeiras	tribunas	políticas,
em	que	artigos	de	opinião	sobrepõem-se	às	notícias.
ü		A	situação	começa	a	mudar	ainda	no	século	XIX,
principalmente	nos	Estados	Unidos,	com	a	urbanização
das	cidades	e	a	alfabetização,	que	criarão	um	novo
público	para	os	jornais,	e	o	avanço	tecnológico	da
imprensa,	com	equipamentos	como	a	rotativa	e	a
linotipia,	que	aumentarão	a	tiragem	dos	jornais	e
reduzirão	os	custos	de	sua	produção,	tornando	a
publicação	mais	acessível.	Tem-se	então	um	processo
inicial	de	profissionalização	do	jornalismo,	com	a	adoção
de	novas	técnicas	jornalísticas,	como	a	entrevista,	e	um
conteúdo	mais	noticioso.	Entretanto,	essa	primeira
geração	de	imprensa	popular	ainda	conviverá	com	a
imprensa	de	opinião	até	o	final	do	século	XIX,	quando
então	os	jornais	se	consolidam	como	empresas
jornalísticas,	e	a	informação	é	claramente	separada	da
opinião.
ü	
No	Brasil,	aquele	jornalismo	opinativo	e	partidário
perdura	ainda	até	pelo	menos	a	década	de	50,
especialmente	na	cobertura	política.	Segundo	Franklin
Martins:
Até	algumas	décadas	atrás,	os	jornais,	em	sua	maioria,
tinham	um	caráter	quase	partidário.	E	dirigiam-se	também
a	um	leitor	razoavelmente	partidarizado.	Para	um	e	para
outro,	a	opinião	era	tão	ou	mais	importante	que	a	notícia.
O	leitor	comprava	o	jornal	esperando	encontrar	uma
cobertura	afinada	com	seu	viés	político	?	ou,	pelo	menos,
não	muito	distante	dele.	Já	o	jornal	buscava	cativar	o	leitor
atendendo	a	essa	expectativa.	(MARTINS,	17)
ü		Isso	se	manifestava	explicitamente	nas	páginas	dos
jornais,	principalmente	em	momentos	de	confrontos
políticos,	como	eleições.	Nessas	ocasiões,	jornais
influentes	como	O	Globo,	O	Estado	de	S.	Paulo,	Jornal	do
Brasil,	e	os	hoje	extintos	Correio	da	Manhã	e	Diário
Carioca,	entre	outros,	passavam	ao	largo	de	um
tratamento	imparcial	na	cobertura	jornalística	da
campanha,	quando	não	eram	francamente	engajados.
Em	seu	livro	Jornalismo	Político,	Franklin	Martins
mostra	como	os	jornais	entraram	em	campanha	nas
eleições	presidenciais	de	1950,	polarizada	entre	Getúlio
Vargas	e	o	brigadeiro	Eduardo	Gomes.	A	maioria	torcia
abertamente	pelo	brigadeiro:	?Velada	ou
ostensivamente,	todos	tinham	candidato	e	queriam
derrotar	Getúlio,	o	que	ficava	claro	em	suas	páginas,
inclusive	na	cobertura	noticiosa?	(MARTINS,	15).
ü		Vivia-se	então	um	período	democrático	e
pluripartidário	?	pós-Revolução	de	30,	que	deu	início	à
chamada	Era	Vargas	(período	em	que	Getúlio	governou
ditatorialmente	o	país	por	15	anos,	entre	30	e	45)	e	pré-
Golpe	de	64,	que	instaurou	a	ditadura	militar	e	silenciou
a	imprensa	e	os	partidos.	Naquela	época,	havia	no
Brasil,	no	eixo	RJ-SP,	uma	multiplicidade	de	jornais
importantes,	todos	eles	mais	ou	menos	politicamente
engajados.	Falando	sobre	a	imprensa	carioca	entre	as
décadas	de	50	e	60,	Franklin	Martins	mapeia	as
posições	dos	jornais	no	espectro	político	nacional:
O	JB	e	o	Correio	[da	Manhã]	eram	tidos	como	liberais,
situados	no	centro	do	espectro	político.	O	Globo	era	mais
conservador.	O	Diário	Carioca	e	o	Diário	de	Notícias	eram
próximos	da	UDN	[partido	político	União	Democrática
Nacional],	mas	tomaram	distância	de	sua	ala	mais
reacionária,	o	lacerdismo.	A	Tribuna	de	Imprensa	pertencia
ao	próprio	Carlos	Lacerda	e	era	furiosamente	antigetulista
e,	depois,	antijuscelinista.	Já	a	Última	Hora	era	trabalhista,
quase	de	esquerda.	A	Imprensa	Popular	era	vinculada	ao
Partido	Comunista,	embora	o	PCB	estivesse	na	ilegalidade.
O	Dia,	A	Notícia	e	a	Luta	Democrática	eram	jornais
populares	?	os	dois	primeiros	ligados	a	Adhemar	de	Barros
e,	depois,	a	Chagas	Freitas,	do	PSP,	o	último	ao	udenista
Tenório	Cavalcanti.	(MARTINS,	17).
ü		Não	se	pode	comparar	esse	comportamento	da
imprensa	brasileira	na	primeira	metade	do	século	XX
com	o	tipo	de	explicitação	de	apoio	político	praticado
hoje	pela	imprensa	estrangeira,	principalmente
americana,	em	decisões	eleitorais.	De	um	lado	tem-se
uma	militância	quase	panfletária,	expressa	em
manchetes,	chamadas,	fotos	e	charges	e	no	tom	geral
da	cobertura.	De	outro,	uma	postura	empresarial	que
declara	apoio	a	determinado	candidato,	mas	cujo
engajamento	se	restringe	às	páginas	editoriais
(opinativas),	não	comprometendo	a	isenção	da
cobertura	jornalística	da	campanha.
ü		O	quadro	geral	da	imprensa	no	Brasil	começou	a
mudar	no	final	da	década	de	50,	quando	as	redações
dos	jornais	se	profissionalizam	e	se	modernizam,
assumindo	caráter	mais	empresarial.	Reformas	gráficas
e	adoção	de	novas	técnicas	de	apuração	e	redação,	com
a	introdução	do	lead	e	da	pirâmide	invertida,
importados	do	jornalismo	objetivo	formatado	nos
Estados	Unidos,	impõem	um	tratamento	imparcial	à
informação,	que	se	distingue	rigorosa	e	claramente	da
opinião.	O	texto	perde	o	tom	panfletário	e	doutrinário,
muitas	vezes	virulento	e	apaixonado,	que	marcava	a
imprensa	partidária,	ganhando	em	clareza,
imparcialidade	e	objetividade.
ü		À	modernização	da	imprensa	se	seguiu	mais	tarde,
porém,	um	período	de	perdas	para	o	jornalismo	político,
em	função	da	censura	imposta	à	imprensa	no	período
da	ditadura	militar	(1964-1985).	A	cobertura	política	foi
uma	das	mais	prejudicadas,	uma	vez	que	não	desfrutava
de	liberdade	para	publicar	temas	incômodos	ao	regime.
ü		Contudo,	o	jornalismo	brasileiro	mudou	radicalmente
e,	no	processo	de	modernização,	muitos	daqueles
jornais	partidários	desapareceram	por	não	conseguirem
se	sustentar	diante	da	elevação	dos	custos	de	operação
de	uma	redação	moderna.	Os	grandes	jornais	que
sobreviveram	atingiram	uma	tiragem	impensável	para
os	veículos	do	passado,	alcançando	um	público	amplo	e
plural,	não	partidarizado.	Segundo	Franklin	Martins:
Essa	mudança	de	estratégiateve	enorme	impacto	na	alma
e	na	cara	dos	jornais.	Na	alma:	eles	tiveram	de	deixar	claro
para	o	leitor	que	vendem	informação,	e	não	opinião
embrulhada	em	notícia.	Daí	a	necessidade	de	isenção	na
cobertura	jornalística,	ou	pelo	menos	da	busca	da	isenção.
Na	cara:	os	jornais	passaram	a	cobrir	áreas	que	antes
eram	desprezadas,	criando	editorias	ou	cadernos	voltados
para	segmentos	específicos,	como	entretenimento,
cultural,	mulheres,	jovens,	crianças,	carro,	trabalho,
turismo,	informática	etc.	(MARTINS,	19).
O	noticiário	político	já	não	pode	se	limitar	à	mera
reprodução	dos	fatos	e	às	declarações	dos	políticos	e
autoridades.	Mas	não	se	trata	de	reabilitar	a	opinião	do
passado.	Esta,	entretanto,	está	encontrando	um	espaço
propício	na	internet,	graças	às	suas	possibilidades	de
segmentação,	que	se	abre	para	uma	imprensa
especializada	e,	inclusive,	partidarizada.
NAS	ESTRUTURAS	DO	PODER
ü		O	jornalismo	político	é	um	dos	mais	desafiadores	para
o	repórter.	É	o	território	do	poder,	disputado
avidamente	por	grupos	conflitantes,	em	que	se	travam
batalhas	de	influência	e	jogos	de	interesses	cujos
prêmios	são	cargos,	indicações,	mandatos,	e	mais	poder
e	influência.	Nesse	meio	de	ambições	e	vaidades,	a
informação	é	moeda	de	troca	e	vale	ouro	para	todos	os
envolvidos	e	mais	ainda	para	o	jornalista.	Área	em	que
se	transita	constantemente	entre	declarações	oficiais	e
bastidores	dos	centros	de	decisão,	exige	conhecimento,
perspicácia,	sensibilidade	e	habilidade	do	jornalista
para	garimpar	informação	genuína,	e	não	especulação,
boato,	manipulação	ou	contra-informação.	Na	política,
todos	estão	interessados	em	alcançar	e	se	manter	no
poder.	Esse	é	o	espaço	das	articulações,	das
negociações,	das	artimanhas,	manobras	e	estratégias.
O	jornalista	político	deve	saber	transitar	nesse	meio
com	independência,	ética	e	responsabilidade,
consciente	de	que	seu	compromisso	é	com	a	sociedade.
ü		O	jornalista	político	deve	acompanhar	de	perto	a
atuação	dos	dirigentes	políticos	nas	instâncias
legislativa,	executiva	e	judiciária.	Isso	significa	cobrir	as
sessões	nas	Câmaras	Municipais,	nas	Assembléias
Legislativas	e	na	Câmara	e	no	Senado,	além	de
monitorar	as	ações	de	prefeitos	e	secretários,	de
governadores	e	suas	equipes,	do	presidente	e	de	seu
ministério.	É	preciso	ainda	acompanhar	as
movimentações	dos	partidos	e	os	trabalhos	dos
tribunais	eleitorais	e	de	justiça.
ü		Mas	a	política	se	faz	principalmente	nos	bastidores,	e
esses	não	estão	acessíveis	ao	jornalista	que,	entretanto,
pode	vir	a	saber	o	que	se	passou	em	reuniões	fechadas,
encontros	reservados	e	outras	instâncias	sigilosas
através	de	fontes	que	participaram	desses	eventos.
Mas	o	jornalista	não	pode	confiar	no	relato	de	uma
única	fonte.	É	preciso	ouvir	outras	pessoas,	comparar
suas	versões	e	checar	todas	as	informações,	para	não
correr	o	risco	de	endossar	uma	história	que,	na
verdade,	é	a	versão	que	interessa	a	um	político	ou
grupo	político.
ü			Circulando	nos	centros	de	poder,	o	jornalista	político
desfruta	de	acesso	privilegiado	a	lideranças	e
governantes,	parlamentares,	ministros	e	até	ao
presidente.	É	importante	manter	esse	canal	aberto	com
o	poder,	mas,	no	jornalismo	político	a	relação	com	a
fonte	é	ainda	mais	complexa	que	em	outras	editorias.
Não	se	pode	perder	de	vista	que	a	política	gira	em	torno
de	interesses	?	legítimos,	se	fazem	parte	do	jogo	da
democracia,	mas	do	qual	o	jornalista	deve	manter
distância,	preservando	a	necessária	independência	do
repórter,	uma	vez	que	sua	principal	missão	é	defender	o
interesse	público.
ü		Grande	parte	dos	movimentos	no	tabuleiro	de	xadrez
da	política	se	dá	nos	bastidores,	como	já	dito.	Isso	faz
com	que	o	relato	em	off	(de	off	the	records,	isto	é,	sem
registro)	assuma	um	papel	importante	no	jornalismo
político.	Ocorre	quando	uma	fonte	passa	uma
informação	ao	jornalista	sob	a	condição	de	não	ser
identificada	na	reportagem.	Este	é	um	expediente
legítimo	de	se	obter	informação,	mas	deve-se	tomar
alguns	cuidados	ao	se	recorrer	a	ele.	Franklin	Martins
recomenda	não	banalisá-lo,	reservando-o	para
informações	realmente	importantes.	E,	principalmente,
o	off	deve	ser	verificado.
Vemos,	portanto,	que	a	política	vai	muito	além	do	que
está	aparente.	Há	toda	uma	movimentação	nos
bastidores	que	é	preciso	trazer	à	tona.	E	há	também,	no
palco	mesmo	de	ações,	muito	jogo	de	cena,	balões	de
ensaio	e	toda	sorte	de	dissimulação	e	estratagema	que
é	necessário	decifrar.	Para	conseguir	captar	o	sentido
das	coisas,	entender	o	que	se	passa	e	identificar
tendências,	a	fim	de	traçar	um	quadro	claro	do	jogo
político	e	apresentá-lo	ao	público	com	conhecimento	e
domínio,	o	jornalista	deve	(baseado	em	Franklin
Martins):
1	?	Acumular	um	nível	de	informação	que	ultrapassa	o	fato-
notícia.	Ou	seja,	reunir	conteúdo	suficiente	para
compreender	o	contexto	em	que	o	fato	ocorreu	e
dimensionar	seu	alcance	e	desdobramentos.	Com	essa	?
informação	de	fundo?	(background	information),	o	jornalista
é	capaz	de	oferecer	uma	notícia	ampliada,	contextualizada
e	até	mesmo	interpretada.	Assim,	a	notícia	da	aprovação
de	determinada	lei	municipal	ou	federal	não	se	limitaria	ao
registro	do	placar	de	sua	votação	entre	os	vereadores	ou
congressistas,	mas	resgataria	o	histórico	de	sua
tramitação,	com	os	percalços	e	resistências	enfrentados	e
as	articulações	envolvidas,	além	de	prever	seu	impacto	na
sociedade	e	no	próprio	jogo	político.
2	?	Conhecer	as	regras	do	jogo.	O	jornalista	político	tem
que	saber	como	funcionam	os	mecanismos	do	poder	e	as
engrenagens	das	instituições:	as	casas	legislativas,	o
Executivo	e	o	Judiciário.	Isso	significa	compreender	os
processos	de	tramitação	de	leis	e	projetos,	os	quóruns
necessários	para	sua	aprovação	e	para	a	instalação	de
comissões	de	inquérito,	como	são	eleitos	os	presidentes
das	casas	legislativas,	as	prerrogativas	de	prefeitos,
governadores	e	presidente	e	inúmeras	outras	questões.
Além	disso,	é	preciso	ter	algum	conhecimento	sobre	a
Constituição	brasileira.
3									?	Conhecer	a	história	política	do	Brasil.	O
jornalista	que	cobre	a	área	precisa	ter	conhecimentos
mínimos	sobre	a	história	do	país	e	formar	um	repertório
básico	principalmente	sobre	sua	história	política
recente,	do	século	XX	em	diante.	Pode-se	buscar	esse
conhecimento	em	cursos	livres	ou	oficinas,	em	livros	e
filmes.	Há	bons	livros	sobre	figuras	históricas	e
episódios	fundamentais,	em	trabalhos	de	historiadores
e	jornalistas,	além	de	documentários	e	filmes	que
tratam	da	história	recente	do	país.	Para	uma	formação
mais	acadêmica	e	especializada,	há	cursos	de	pós-
graduação	em	jornalismo	político	que	proporcionam	a
aquisição	de	conhecimentos	de	teoria	política	clássica	e
contemporânea	e	de	história	política	brasileira,	além	de
discutir	a	ética	no	jornalismo	político	e	o	papel	político
do	jornalismo	e	suas	relações	com	o	poder.
Entendendo	os	poderes
	
1	-	Município,	estado	e	União:
-	 O	 poder	 público	 se	 manifesta	 em	 três	 esferas:	 o
município,	o	estado	e	a	União,	cada	qual	com	determinadas
competências,	previstas	na	Constituição	Federal.
-	No	Brasil,	os	estados	e	os	municípios	são	autônomos.	Por
isso,	 têm	 constituições	 e	 leis	 próprias,	 de	 acordo	 com	 a
cultura,	a	economia	e	as	necessidades	de	sua	população.
Com	base	nessas	leis,	se	organizam	e	administram	os	seus
serviços.
	
2	-	As	funções	de	cada	um:
-	A	União	faz	as	leis	de	interesse	geral	do	país;	os	estados,
as	 leis	 de	 interesse	 regional;	 e	 os	 municípios,	 as	 leis	 de
interesse	local.
									-	União:	faz	as	leis	e	executa	tarefas	que	interessam
ao	país	como	um	todo.
				-	Estados:	tratam	de	assuntos	de	interesse	regional.	Ex:
organização	 interna	 e	 	 estrutura	 administrativa;
programas	 de	 desenvolvimento	 regional;	 segurança
pública	 (atuação	 das	 Polícias	 Civil	 e	 Militar);
gerenciamento	 do	 transporte	 intermunicipal	 de
passageiros,	entre	outros.
	 	 	 	 	 	 	 	 	 -	Municípios:	 têm	 competência	 exclusiva	 sobreassuntos	de	 interesse	 local	como	a	 instituição	e	cobrança
de	tributos	municipais;	a	ordenação	do	trânsito	dentro	da
cidade;	 o	 estabelecimento	 de	 normas	 para	 o	 uso	 e	 a
ocupação	 do	 solo	 (envolvendo	 loteamentos,	 construções,
compra	 e	 venda	 de	 imóveis);	 a	 criação,	 organização	 e
extinção	de	distritos.
-	 As	 leis	 federais,	 estaduais	 e	municipais	 estão	 em	pé	de
igualdade	 e	 devem	 ser	 respeitadas	 por	 todos,	 se
produzidas	 como	 manda	 a	 Constituição	 Federal.	 Se	 a	 lei
municipal	diz,	por	exemplo,	que	é	proibido	estacionar	em
determinado	 lugar,	 isso	 vale	 para	 todo	 mundo:	 até	 para
carros	dos	governos	estadual	ou	federal.
	
3	-	Distribuição	da	arrecadação:
-	 Cada	 ente	 da	 Federação	 tem	 suas	 tarefas.	 E,
naturalmente,	dinheiro	próprio	para	fazer	aquilo	que	é	de
sua	competência.
-	 A	 Constituição	 Federal	 determina	 as	 fontes	 de
arrecadação	 de	 recursos	 da	 União,	 dos	 estados	 e	 dos
municípios.	 A	 fonte	 principal	 são	 os	 tributos,	 como	 os
impostos	e	as	taxas.
-	Alguns	impostos	da	União	e	dos	estados,	como	o	Imposto
de	 Renda	 e	 o	 ICMS,	 têm	 parte	 de	 sua	 arrecadação
repassada	para	outros	entes	-	estados	e	municípios.
-	 Além	 das	 fontes	 tributárias	 próprias	 e	 dos	 repasses,
União,	 estados	 e	 	 municípios	 possuem	 outras	 fontes	 de
receita,	 complementares,	 provenientes,	 por	 exemplo,	 de
empréstimos,	 convênios,	 da	 exploração	 de	 atividades
econômicas,	do	aluguel	de	imóveis	e	equipamentos,	etc.
	
	PODER	EXECUTIVO
	
-	As	atribuições:
-	Cabe	ao	Poder	Executivo	propor	e	administrar	as	políticas
públicas	-	em	harmonia	com	a	independência	dos	poderes
Legislativo	e	Judiciário.
-	Manter	o	regime	federativo,	a	segurança	pública	interna
e	externa,
-	 Atender	 as	 necessidades	 físicas,	 econômicas,	 sociais,
educacionais	 e	 intelectuais	 da	 população,	 preservando	 a
democracia,	as	liberdades	individuais,	a	independência	e	a
soberania	nacionais.
-	 O	 presidente	 da	 República	 é	 também	 o	 comandante
supremo	das	Forças	Armadas.
	
-	Linha	sucessória	presidencial:
-	Presidente
-	Vice-presidente
-	Presidente	da	Câmara	dos	Deputados
-	Presidente	do	Senado	Federal
-	Presidente	do	Supremo	Tribunal	Federal	
PODER	LEGISLATIVO
-	 Fazem	 parte	 do	 Poder	 Legislativo	 a	 Câmara	 de
Vereadores,	 Assembléia	 Legislativa,	 Câmara	 dos
Deputados	 e	 Senado	 Federal.	 Têm	 com	 função	 básica
fiscalizar	o	Executivo	e	apresentar	projetos	de	interesse	da
cidade,	estado	ou	país.
	
-	Funções	do	legislador:
-	 Legislar,	 fiscalizar	 e	 representar	 politicamente	 seus
eleitores.	
-	 Propor	 e	 discutir	 leis	 que	 deverão	 ser	 votadas	 e
aprovadas	em	plenário.	
-	Fiscalizar	os	atos	do	Poder	Executivo,	analisar	os	gastos
deste	poder	e,	ainda	convocar	os	secretários	de	Executivo
e	para	prestar	esclarecimentos	sobre	suas	atividades.
-	Fiscalizar	o	Poder	Judiciário.	
	
-	Como	surge	uma	lei?
-	 Quando	 um	 legislador	 apresenta	 um	 projeto,	 ele	 é
analisado	primeiro	pela	Comissão	de	Constituição	e	Justiça
(CCJ),	 onde	 é	 avaliado	 para	 saber	 se	 nenhuma	 de	 suas
proposições	contradiz	a	Constituição	Federal,	Estadual	ou
a	Lei	Orgânica	municipal.
-	 Se	 passar	 pela	 CCJ,	 o	 texto	 ainda	 é	 analisado	 em	 uma
comissão	 afim.	 Exemplo:	 se	 o	 projeto	 prevê	 modificações
nos	hospitais,	passa	pela	Comissão	de	Saúde.
-	Também	é	verificado	se	há	recursos	financeiros	para	a	lei
ser	 colocada	 em	prática	 e,	 principalmente,	 se	 não	 repete
ou	contradiz	uma	lei	já	existente.
-	Os	projetos	podem	ser	aprovados	por	maioria	simples	ou
maioria	qualificada,	quando	 somente	 com	dois	 terços	dos
votos	é	possível	a	aprovação.
		
-	Tipos	de	sessão:
-	Sessão	Ordinária:	tem	este	nome	porque	é	realizada	a
partir	de	uma	ordem	numérica,	de	segunda	a	quinta-feira.
-	Sessão	Extraordinária:	convocada	quando	há	assuntos
de	 grande	 relevância	 que	 precisam	 ser	 discutidos	 ou
projetos	 que	 precisam	 ser	 votados,	 que	 não	 puderam
entrar	 nos	 debates	 das	 sessões	 ordinárias.	 Os
parlamentares,	 quando	 são	 convocados,	 já	 sabem	 dos
assuntos	que	essa	sessão	deverá	tratar.
-	 Sessão	 Solene:	 Realizada	 para	 debater	 temas	 de
interesse	público,	comemorar	datas	importantes	e/ou	para
prestar	 homenagens	 a	 categorias	 profissionais	 e
movimentos	sociais	organizados.
	
Época	de	funcionamento	do	Legislativo:
-	Os	trabalhos	 legislativos	têm	início	em	15	de	fevereiro	e
vão	até	30	de	junho;	e	de	1º	de	agosto	a	15	de	dezembro.
-	Mediante	 convocação	 extraordinária,	 o	 Congresso	 pode
funcionar	 em	 outro	 período,	 mas	 deliberando	 apenas
sobre	matérias	para	as	quais	foi	convocado.
	
Tribunal	de	Contas	(TCE):
-	 Faz	 parte	 do	 Poder	 Legislativo	 e	 tem	 como	 função
apresentar	 um	 relatório	 anual	 sobre	 as	 contas	 dos
municípios	e	do	Estado.
-	O	tribunal	não	julga.	Apenas	aponta	as	falhas,	que	devem
ser	 investigadas	 pelos	 vereadores	 ou	 deputados
estaduais.
-	 Os	 responsáveis	 pela	 punição,	 no	 caso	 de	 um	 parecer
negativo	das	contas	públicas,	são	os	legisladores.
-	O	Tribunal	de	Contas	da	União	(TCU)	fiscaliza	o	governo
nacional.
	
-	Congresso	Nacional:
-	É	composto	pela	Câmara	dos	Deputados	(cujos	membros
representam	a	população	em	geral)	e	pelo	Senado	Federal
(que	representa	as	unidades	da	Federação).
-	Tem	atribuições	deliberativas	e	de	fiscalização.
-	 Dispõe	 sobre	 matérias	 relacionadas	 a	 tributos,
orçamentos,	planos	nacionais,	telecomunicações,	finanças,
câmbio,	 moeda,	 tratados,	 acordos,	 além	 de	 autorizar	 o
presidente	 da	 República	 a	 declarar	 guerra,	 a	 celebrar	 a
paz,	julgar	anualmente	as	contas	do	Presidente.
	
-	Câmara	dos	Deputados:
-	 É	 composta	 por	 513	 deputados	 eleitos	 pelo	 sistema
proporcional	 à	 população	 de	 cada	 estado	 e	 do	 Distrito
Federal,	com	mandato	de	quatro	anos.
-	 A	 Constituição	 de	 1988	 determinou	 que	 nenhuma
unidade	federativa	poderá	ter	menos	de	oito	ou	mais	de	70
representantes.	Os	estados	do	Acre	e	Mato	Grosso	do	Sul,
por	exemplo,	têm	oito	deputados.	São	Paulo	é	o	único	que
preenche	a	cota	máxima	de	70.
	
-	Senado	Federal:
-	 Tem	 81	 parlamentares.	 Os	 estados	 e	 o	 Distrito	 Federal
elegem	três	senadores	cada.
-	O	mandato	 é	de	oito	 anos,	 renovando-se,	 a	 cada	quatro
anos,	1/3	e	2/3	de	seu	corpo,	alternadamente.
-	 Na	 eleição	 de	 2002,	 foram	 eleitos	 dois	 senadores	 por
unidade.	Em	2006,	apenas	um.
O	texto
ü		O	jornalismo	político	também	enfrenta	a	questão	do
seu	jargão,	o	politiquês,	ou	seja,	a	linguagem	repleta	de
expressões	e	termos	que	só	fazem	sentido	para	os
iniciados	nela.	O	jornalista	deve	ficar	alerta	para	não
passar	batido	por	conceitos	que	seu	público	não
domina,	publicando-os	sem	uma	explicação,	sem	traduzi-
los	para	o	entendimento	geral.	Deve-se	lembrar	que	se
escreve	para	o	público	-	o	leitor,	espectador,	ouvinte,
internauta	-	que	não	está	familiarizado	com	um
vocabulário	originário	de	regimentos	das	casas
legislativas,	da	legislação	eleitoral,	dos	partidos,	das
engrenagens	políticas	em	geral.
Mercado
ü		O	jornalista	político	encontra	mercado	profissional
não	só	nas	redações	de	órgãos	de	imprensa	tradicionais
(jornais,	revistas,	televisão	e	rádio)	e	nas	novas	mídias
(sites	e	blogs),	como	também	em	assessorias	de
comunicação	de	governos,	casas	legislativas	e
parlamentares,	institutos	de	pesquisa,	agremiações
partidárias	e	organizações	não-governamentais.	
Aplicação	Prática	Teórica
Leitura	recomendada:
MARTINS,	Franklin.	Jornalismo	político.	São	Paulo:
Contexto.	2005	
SEABRA,	R.;	SOUSA,	Vivaldo	de.	Jornalismo	Político,
Teoria,	Histórias	e	Técnicas,	Editora	Record.	2006	
SETTI,	Ricardo	A.	O	jornalismo	político	exclui	o	grande	público.	Disponível
em
http://www.observatoriodaimprensa.com.br/artigos.asp?cod=320IMQ001.
Acesso	em	4	out.	2013.	(discute	o	problema	do	politiquês).
Leituras	complementares:
GASPARI,	Elio.	A	ditadura	envergonhada.São	Paulo:	Cia	das	Letras,	2002.
_____________.	A	ditadura	escancarada.	São	Paulo:	Cia	das	Letras,	2002.
_____________.	A	ditadura	derrotada.	São	Paulo:	Cia	das	Letras,	2003.
_____________.	A	ditadura	encurralada.	São	Paulo:	Cia	das	Letras,	2004.
KOTSCHO,	Ricardo.	Do	golpe	ao	Planalto	.	Uma	vida	de	repórter.	São	Paulo:
Cia	das	Letras,	2006.
NETO,	Geneton	Moraes.	Dossiê	Brasília	.	Os	segredos
dos	presidentes.	São	Paulo:	Globo,	2005.
VENTURA,	Zuenir.	1968.	O	ano	que	não	terminou.	São	Paulo:	Planeta,	2008
Filmes	recomendados:
Documentários	sobre	o	passado	político	recente	do	Brasil:	Anos	JK	e	Jango,	de
Silvio	Tendler;	Peões,	de	Eduardo	Coutinho	(focaliza	o	passado	metalúrgico	do
presidente	Lula)	e	Entreatos,	de	João	Moreira	Salles	(sobre	a	campanha
presidencial	de	2002,	em	que	Lula	foi	eleito	pela	primeira	vez).
Filmes	sobre	jornalismo	político:	Todos	os	homens	do	presidente	(clássico	sobre
o	caso	Watergate)
Doces	Poderes,	de	Lucia	Murat	(sobre	jornalista	em	Brasília)
Filmes	focalizando	momentos	históricos	do	Brasil:	Olga,	de	Jaime	Monjardim,
Memórias	do	Cárcere,	de	Nelson	Pereira	dos	Santos,	O	que	é	isso,	companheiro?,
de	Bruno	Barreto,	Pra	Frente	Brasil,	de	Roberto	Farias,	Zuzu	Angel,	de	Sérgio
Resende.

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