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UNIDADE II DA PESSOA

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UNIDADE III – DAS PESSOAS NATURAIS 
 
1. DA PESSOA 
 A palavra pessoa advém etimologicamente do vocábulo latim persona, o qual foi 
empregado inicialmente para designar as máscaras utilizadas pelos atores no teatro da Antiga 
Roma. Posteriormente a palavra pessoa passou expressar o próprio indivíduo que representava 
esses papéis (Gonçalves, 2013, p.98). 
 Atualmente a palavra pessoa refere-se à criatura humana. No entanto, tal concepção não 
está completa, por excluir os entes morais – pessoas jurídicas – a quem a lei atribui também 
direitos de praticar atos da vida civil (Farias e Rosenvald, 2016, p.169). Compreendendo, 
portanto, estas duas concepções, é que a ordem jurídica reconhece duas espécies de pessoas: a 
pessoa natural e a pessoa jurídica. 
 a) pessoa natural: é o ser humano com todos os predicados que integram a sua 
individualidade. No direito francês, no italiano, bem como na legislação brasileira 
concernente ao imposto de renda, é utilizada a denominação pessoa física. Tal denominação é 
criticada por desprezar as qualidades morais e espirituais do homem, que integram a sua 
personalidade, destacando apenas o seu aspecto material e físico (Gonçalves, 2016, p.100); 
 b) Pessoa jurídica: agrupamento de pessoas naturais, visando alcançar fins de interesse 
comum; é também denominada, em outros países de ente moral e pessoa coletiva. 
 É, portanto, referindo-se a essas duas espécies de pessoa – pessoa natural e pessoa 
jurídica – que o art.1º do CC prescreve: Art. 1o: Toda pessoa é capaz de direitos e deveres na 
ordem civil. Dessa hermenêutica pode-se concluir que pessoa, é todo sujeito de direitos que 
pode titularizar relações jurídicas – relações da vida social reguladas pelo Direito. Logo tanto 
a pessoa natural, como a pessoa jurídica, são potenciais sujeitos de direito, a quem se 
reconhece uma proteção fundamental. 
 Enfim, pessoa é o sujeito que titulariza relações jurídicas, atuando nestas, ora como 
sujeito ativo – ou seja, exercendo direitos – ora como sujeito passivo – submetendo-se a 
deveres. É por tal motivo que os animais não são considerados sujeitos de direitos, embora 
mereçam toda proteção, não podendo, por exemplo, ser beneficiados em testamento. 
 Vale ressaltar que, a visão constitucional do direito civil, ratifica a pessoa como sendo 
sujeito das relações jurídicas, porém, para tal exercício, deve-se promover a sua inexorável 
dignidade (Farias e Rosenvald, 2016, p.170). Ou seja, o Direito abomina qualquer relação 
jurídica em que a pessoa – seja ela sujeito ativo ou passivo – tenha sua dignidade afetada. 
 
2. PERSONALIDADE JURÍDICA – OU PERSONALIDADE CIVIL 
 
2.1. Conceito de personalidade jurídica 
 A palavra personalidade está intrinsecamente relacionada a pessoa, uma vez que se 
refere ao conjunto de caracteres da própria pessoa, individualizando-a e distinguindo-a das 
demais. Mas o que é personalidade jurídica? 
 Inicialmente se pode afirmar que, personalidade jurídica é tão somente, a aptidão 
genérica reconhecida a toda e qualquer pessoa – natural ou jurídica – para que possa 
titularizar relações jurídicas. Ou seja, é um valor jurídico que se reconhece nos indivíduos e, 
por extensão, em grupos legalmente constituídos, o direito de serem titulares de relações 
jurídicas e assim adquirir, exercitar, modificar, substituir, extinguir ou defender interesses 
(Farias e Rosenvald, 2016, p.172-174). 
 Todavia, há determinadas entidades ou grupos NÃO PERSONALIZADOS – tais como, 
o condomínio edilício, a massa falida e o espólio – que podem titularizar diversas relações 
jurídicas, mesmo desprovidos de personalidade. Ex: o espólio pode atuar como parte de um 
processo. 
 Assim, mesmo não dispondo de personalidade jurídica, os entes despersonalizados 
podem ser sujeitos de direitos, titularizando, no pólo ativo ou passivo, várias relações 
jurídicas – relações sociais reguladas pelo Direito. 
 Vale ressaltar que, no atual contexto da Constitucionalização do Direito Civil, a 
personalidade jurídica deve ser entendida como um atributo reconhecido a uma pessoa, para 
que possa atuar no plano jurídico e reclamar uma proteção jurídica mínima, básica, 
imprescindível ao exercício de uma vida digna (Farias e Rosenvald, 2016, p.172 e 173). 
 Assim sendo, a personalidade jurídica, enquanto parte integrante da pessoa lhe permite 
ser sujeito de direitos de uma relação jurídica e pleitear os direitos fundamentais necessários a 
uma vida digna. 
 
2.2. A personalidade jurídica no ordenamento jurídico brasileiro 
 Assim prescreve o art.2º do CC: A personalidade civil da pessoa começa do nascimento 
com vida; mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro. Observa-se que o 
conteúdo deste artigo subdivide-se em duas partes: 2.2.1: o início da personalidade jurídica; 
2.2.2: a proteção jurídica dos direitos do nascituro desde a concepção. 
 
2.2.1. O início da personalidade jurídica 
 Conforme expressa o CC, o nascimento com vida, é o marco inicial da personalidade 
jurídica da pessoa humana. Logo os requisitos essenciais para o início desta são : o nascimento 
e a vida. 
 O nascimento ocorre, quando o novo ser é separado do ventre materno, de modo a 
constituir mãe e filho dois corpos independentes, com vida orgânica própria, mesmo que 
ainda não tenha sido cortado o cordão umbilical. No entanto, para se afirmar que nasceu com 
vida, é necessário que este novo ser tenha respirado, mesmo que tenha sido por alguns 
segundos e venha perecer logo em seguida. Neste caso – do óbito seguido do nascimento – 
lavram-se dois assentos, o de nascimento e o de óbito (Gonçalves, 2016, p.101). 
 O exame clínico que constata a respiração do recém-nascido é denominado de 
DOCIMASIA HIDROSTÁTICA DE GALENO OU DOCIMASIA PULMUNAR. Baseia-se 
esse teste no princípio de que o feto, tendo respirado, inflou de ar os pulmões. Para tal, 
extraem-se os pulmões do corpo do que morreu durante o parto e os imerge em água. Se eles 
flutuarem, sobrenadarem, confirma-se que o feto nasceu com vida. Porém, se os pulmões 
afundarem, indicará que o mesmo já nasceu morto, pois neste caso tais órgãos encontravam-se 
vazios sem ar e com as paredes alveolares encostadas (Gonçalves, 2016, p.102). 
 Assim, tão logo o feto nasce com vida, adquire personalidade jurídica. Esta constatação 
é de suma importância para o mundo jurídico, especialmente para o direito sucessório. Por 
exemplo: se o genitor do feto tiver morrido e este venha a nascer com vida, será herdeiro 
legítimo daquele. Se neste caso o feto morrer segundo após, transmitirá todo patrimônio 
herdado do seu pai à sua genitora, uma vez que adquiriu personalidade jurídica. Se, no 
entanto, nascer morto, não adquirirá personalidade jurídica e, portanto, não chegará a receber 
e nem tampouco a transferir a herança deixada pelo pai, ficando esta com os avós paternos. 
Deve-se levar em consideração nos dois exemplos, que o genitor e a genitora não são casados 
e nem vivem em união estável (Gonçalves, 2016, p.102). 
2.2.2. A proteção jurídica dos direitos do nascituro desde a concepção 
 
 Etimologicamente, a palavra nascituro, deriva do latim nasciturus, que significa aquele 
que deverá nascer, que está por nascer. O nascituro é aquele concebido no ventre materno, 
mas que ainda não nasceu. Diferentemente do concepturo, ou seja, aquele que ainda vai ser 
concebido. 
 Conforme já expresso, a ordem jurídica resguarda os direitos do nascituro desde a 
concepção (segunda parte do art.2º), haja vista ter iniciado a formação de um novo ser que 
provavelmente nascerácom vida. Porém, tal proteção jurídica, fez eclodir uma 
indeterminação sobre a situação jurídica do mesmo. Foi, portanto, com o fito de solucionar 
essa indecisão que se constituíram três teorias: a natalista, a condicionalista e a concepcionista 
(Farias e Rosenvald, 2016, p.314-315). 
 a) teoria natalista: parte da interpretação literal da lei e dispõe que o nascituro não é 
pessoa, e por tal, não pode ser dotado de personalidade jurídica, uma vez que esta somente é 
adquirida pelo nascimento com vida. Por conseguinte o nascituro não pode ser sujeito de 
direito, tem apenas expectativa de direitos, embora mereça proteção legal, tanto no plano civil 
como no plano criminal. São adeptos: Silvio Rodrigues, Caio Mario da Silva Pereira, San 
Tiago Dantas e Silvio de Salvo Venosa. 
 b) teoria condicionalista: o nascituro é na verdade uma pessoa virtual, condicional, 
estando a sua personalidade condicionada ao eventual nascimento com vida. Logo, a 
personalidade jurídica do nascituro é condicional, haja vista existir uma condição pendente 
para a implementação de sua personalidade, qual seja, o seu nascimento com vida. São 
adeptos dessa teoria os doutrinadores Washington de Barros Monteiro e Fábio Ulhoa; 
 c) teoria concepcionsita: sob influência do direito francês, defende que o nascituro é 
pessoa humana desde o momento da concepção, o que implica dizer que a personalidade 
jurídica é adquirida a partir do momento da concepção, no entanto, essa personalidade jurídica 
somente o faz ser titular de direitos extrapatrimoniais, direitos da personalidade – direitos 
subjetivos atinentes a própria condição humana, tais como o direito ao nascimento com 
dignidade, a uma gestação saudável – ou seja, não pode ser titular de direitos patrimoniais, 
dos decorrentes de herança, de legado e de doação, pois para tal, precisa nascer com vida. Ou 
seja, se o nascituro já tem direitos da personalidade é porque já dispõe da própria 
personalidade jurídica, mesmo que os direitos patrimoniais estejam condicionados. São 
adeptos dessa teoria: Pontes de Miranda, Renan Lotufo, J.M. Leoni Lopes de Oliveira, 
Rubens Limongi França, Francisco Amaral, Flávio Tartuce, Teixeira de Freitas, Maria Helena 
Diniz e dentre outros. 
OBS: com base na teoria da concepção a doutrinadora Maria Helena Diniz, classifica a 
personalidade jurídica em formal e material. A personalidade jurídica formal é adquirida 
desde a concepção para o exercício dos direitos da personalidade. Já a personalidade jurídica 
material, é aquela destinada para o exercício dos direitos patrimoniais e que portanto, só é 
adquirida com o nascimento com vida. 
 Vide julgado: 
Ementa: APELAÇÃO CÍVEL. COBRANÇA. SEGURO DPVAT. 
SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA. ACIDENTE DE TRÂNSITO 
ENVOLVENDO GESTANTE. MORTE DO NASCITURO. ART. 2º 
DO CÓDIGO CIVIL/2002. PERSONALIDADE JURÍDICA QUE 
NASCE COM A CONCEPÇÃO. INDENIZAÇÃO DEVIDA EM 
RAZÃO DO ÓBITO DO FETO. ART. 3º DA LEI 6.194/74. 
PRECEDENTES. DECISUM REFORMADO. RECURSO 
PROVIDO. [. . .] A despeito da literalidade do art. 2º do Código Civil 
- que condiciona a aquisição de personalidade jurídica ao nascimento -
, o ordenamento jurídico pátrio aponta sinais de que não há essa 
indissolúvel vinculação entre o nascimento com vida e o conceito de 
pessoa, de personalidade jurídica e de titularização de direitos, como 
pode aparentar a leitura mais simplificada da lei. [...] 3. As teorias 
mais restritivas dos direitos do nascituro - natalista e da personalidade 
condicional - fincam raízes na ordem jurídica superada pela 
Constituição Federal de 1988 e pelo Código Civil de 2002. O 
paradigma no qual foram edificadas transitava, essencialmente, dentro 
da órbita dos direitos patrimoniais. Porém, atualmente isso não mais 
se sustenta. Reconhecem-se, corriqueiramente, amplos catálogos de 
direitos não patrimoniais ou de bens imateriais da pessoa - como a 
honra, o nome, imagem, integridade moral e psíquica, entre outros. 4. 
Ademais, hoje, mesmo que se adote qualquer das outras duas teorias 
restritivas, há de se reconhecer a titularidade de direitos da 
personalidade ao nascituro, dos quais o direito à vida é o mais 
importante. Garantir ao nascituro expectativas de direitos, ou mesmo 
direitos condicionados ao nascimento, só faz sentido se lhe for 
garantido também o direito de nascer, o direito à vida, que é direito 
pressuposto a todos os demais. [...] (TJSC.Resp. 1415727/SC, rel. 
Min. Luis Felipe Salomão, j. 4.9.2014). 
 É possível compreender da análise das teorias condicional e concepcionista, que ambas 
reconhecem direitos ao nascituro, apenas divergindo quanto ao reconhecimento da 
personalidade jurídica, que para os condicionalistas estaria submetida a uma condição – 
nascer com vida – enquanto que para os concepcionistas já a admitem desde o momento da 
concepção (Farias e Rosenvald, 2016, p.317). 
 Segundo a doutrina tradicional e positivista o CC de 2002 adotou a teoria natalista, 
porém, para a doutrina moderna, dentre a qual Farias e Rosenvald (2016, p.315), o Código 
Civil Brasileiro coaduna com a teoria da concepção, haja vista conter alguns artigos que 
traduzem o seu fundamento, tais como: art.1.609 e parágrafo único (permite o reconhecimento 
da filiação do nascituro), 1.779 (possibilidade de nomeação de curador para o nascituro), 542 
(autorização para adoção do nascituro) e 1.798 (reconhecimento da capacidade sucessória do 
nascituro). 
 Observa-se, portanto, que não há entendimento consolidado de qual teoria o Código 
Civil adotou. Essa incerteza resulta do próprio conteúdo do art.2º do CC. Deste pode-se 
perceber que a primeira coaduna com a teoria natalista, ao afirmar que a personalidade civil 
da pessoa começa do nascimento com vida. No entanto, a segunda parte do mesmo artigo se 
alinha a teoria da concepção, ao expressar que a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos 
do nascituro. 
 Além dos dispositivos civilistas que asseguram direitos ao nascituro e coadunam com a 
teoria da concepção, tem-se a Lei 11.804/08, que tem o objetivo de conceder alimentos 
gravídicos em favor do nascituro. Dessa forma, a referida legislação, visa conferir meios de 
subsistência alimentar e de assistência pré-natal à gestante, de modo a propiciar o nascimento 
do feto e conferir- lhe uma tutela adequada e eficaz ao direito à vida intra-uterina. A 
jurisprudência abaixo ratifica esse pensamento: 
AGRAVO DE INSTRUMENTO. ALIMENTOS GRAVÍDICOS 
PROVISÓRIOS. Em ações dessa espécie, o juiz, de regra, 
vê-se diante de um paradoxo: de um lado, a prova 
geralmente é franciscana e, de outro, há necessidade 
premente de fixação da verba, sob pena de tornar-se 
inócua a pretensão, pois, até que se processe a instrução 
do feito, o bebê já terá nascido. 
Assinale-se, também, que, de acordo com o que ensinam 
as regras da experiência, são percentualmente 
insignificantes os casos em que uma ação investigatória 
de paternidade resulta improcedente, o que confere 
credibilidade, em geral, à palavra da mulher, na indicação 
do pai de seu filho, mormente quando, como no caso, 
tratando-se o demandado de pessoa de parcos recursos, 
não se percebe nenhum interesse econômico que possa 
subjazer a esta pretensão. 
NEGARAM PROVIMENTO. UNÂNIME. 
 
 
 Ainda dentro desse contexto, ressaltar que o direito à vida digna é conferido ao nascituro 
pela CF/88 (caput do art.5º) e reiterado pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (art.7º), 
impondo a salvaguarda do nascimento do nascituro através do reconhecimento do direito à 
assistência pré-natal, disponibilizando-se condições saudáveis para o desenvolvimento da 
gestação. A CF/88, no seu art.10, II, b, do Ato das DisposiçõesConstitucionais Transitórias, 
confere à empregada gestante a estabilidade provisória, desde a confirmação da gravidez até 
cinco meses após o parto. A jurisprudência do TST entende que esse dispositivo 
constitucional, visa tutelar principalmente o nascituro, uma vez que, ao assegurar condições 
materiais à gestante estará propiciando um nascimento digno àquele (TST, Ac. Unân.4ª T., 
RR 2060/01, rel. Min. Convocado José Antônio Pancotti, DJU 12.08.05). 
 Com relação ao STF, este não tem uma posição definida a respeito das referidas teorias, 
ora seguindo a teoria natalista, ora seguindo a teoria concepcionista. Como exemplo desta 
última, tem-se o julgamento do caso Glória Trevis, quando reconheceu o direito do nascituro 
de ver realizado o exame de DNA, apesar da oposição da genitora (STF, Ac. Tribunal Pleno, 
Rcl 2040/DF, rel. Min. Néri da Silveira, j.21.2.02, DJU 27.6.03, p.31). 
 No tocante ao STJ, este vem decidindo pela teoria da concepção, como se pode observar 
no seguinte julgado: 
DIREITO CIVIL. DANOS MORAIS. MORTE. 
ATROPELAMENTO. COMPOSIÇÃO FÉRREA. AÇÃO 
AJUIZADA 23 ANOS APÓS O EVENTO. PRESCRIÇÃO 
INEXISTENTE. INFLUÊNCIA NA QUANTIFICAÇÃO DO 
QUANTUM. PRECEDENTES DA TURMA. NASCITURO. 
DIREITO AOS DANOS MORAIS. DOUTRINA. ATENUAÇÃO. 
FIXAÇÃO NESTA INSTÂNCIA. POSSIBILIDADE. RECURSO 
PARCIALMENTE PROVIDO. 
I - Nos termos da orientação da Turma, o direito à indenização por 
dano moral não desaparece com o decurso de tempo (desde que não 
transcorrido o lapso prescricional), mas é fato a ser considerado na 
fixação do quantum. 
II - O nascituro também tem direito aos danos morais pela morte do 
pai, mas a circunstância de não tê- lo conhecido em vida tem influência 
na fixação do quantum. 
III - Recomenda-se que o valor do dano moral seja fixado desde logo, 
inclusive nesta instância, buscando dar solução definitiva ao caso e 
evitando inconvenientes e retardamento da solução jurisdicional. (STJ, 
4ª T., REsp 399028/SP, Rel. Min. Sálvio de Figueiredo Teixeira, j. 
26/02/2002, p. DJ 15/04/2002). 
 A decisão supra do STJ ao deferir danos morais ao nascituro está diretamente lhe 
reconhecendo personalidade jurídica, uma vez que o dano moral é, exatamente, a lesão ao 
direito de personalidade. 
 No Direito Internacional, a teoria da concepção é a que predomina como se pode extrair 
do Pacto de São José da Costa Rica – do qual o Brasil é signatário – ao anunciar que qualquer 
pessoa tem direito ao respeito pela sua vida e em geral a partir da concepção. 
OBS (1): segundo o enunciado da I, Jornada de Direito Civil: “a proteção que o Código Civil 
defere ao nascituro alcança o natimorto no que concerne aos direitos da personalidade, tais 
como nome, imagem e sepultura. 
 
OBS (2): majoritariamente, vem se entendendo, no direito brasileiro, que os embriões 
laboratoriais ou embriões in vitro – os remanescentes de uma fertilização que ainda não foram 
implantados no útero da mulher – não dispõem da proteção dedicada ao nascituro. Assim, não 
são aplicáveis aos embriões in vitro os direitos da personalidade. 
 
OBS (3): Partindo da premissa de que os embriões in vitro não são titulares de direitos da 
personalidade, a Lei n.11.105/05 – Lei de Biossegurança – permite no seu art.5º, que os 
embriões congelados, não utilizados no prazo de 3 anos, sejam encaminhados para pesquisa 
com células-tronco.

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