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Fisiologia e bioquímica do estresse salino em plantas José T. Prisco1 & Enéas Gomes Filho1 1 Universidade Federal do Ceará Manejo da salinidade na agricultura: Estudos básicos e aplicados ISBN 978-85-7563-489-9 Fortaleza - CE 2010 Introdução Retrospectiva histórica da fisiologia e bioquímica do estresse salino Seca fisiológica e ajustamento osmótico Estresse hídrico em plantas osmoticamente ajustadas Solutos responsáveis pelo ajustamento osmótico Hormônios e o estresse salino Ca2+ como meio para minorar os efeitos da salinidade (NaCl) Uso de culturas in vitro de células e tecidos Estresse oxidativo decorrente do estresse salino Estresse salino e a biologia molecular Efeitos da salinidade no crescimento e desenvolvimento Respostas fisiológicas e bioquímicas ao estresse salino Percepção e transdução do sinal do estresse salino Transdução do sinal do estresse salino Aclimatação ao estresse Homeostase osmótica e homeostase iônica Homeostase bioquímica Desintoxicação Considerações finais Glossário de termos usados Agradecimentos Referências INTRODUÇÃO A maioria dos cientistas acredita que a solução de grande parte dos problemas da salinidade na produção agrícola depende da compreensão do que acontece com a Fisiologia e Bioquímica das Plantas cultivadas sob essas condições. Imagina-se que o esclarecimento dos mecanismos de tolerância e susceptibilidade à salinidade seja de fundamental importância para o desenvolvimento de cultivares que produzam economicamente sob condições de estresse. Além disso, esses conhecimentos poderão contribuir para o desenvolvimento de novas técnicas de manejo das culturas, que possibilitem aumentar a tolerância das plantas à salinidade. Apesar da importância desses estudos, as pesquisas nessa área só começaram a apresentar resultados promissores a partir da segunda metade do século passado. Pretende-se, neste capítulo, fazer uma retrospectiva histórica das descobertas mais relevantes dos efeitos da salinidade no crescimento e desenvolvimento das plantas e, com base em resultados experimentais, alguns deles obtidos em nosso laboratório, apresentar uma sequência de mudanças fisiológicas e bioquímicas que ocorrem quando uma planta é submetida ao estresse salino. RETROSPECTIVA HISTÓRICA DA FISIOLOGIA E BIOQUÍMICA DO ESTRESSE SALINO Existem registros na literatura que responsabilizam a salinidade pelos prejuízos causados à agricultura que remontam a mais de 3.000 anos (Läuchli & Grattan, 2007) e, apesar dos avanços científicos que ocorreram no mundo, esses danos ainda são evidentes na atualidade (Türkan & Demiral, 2008). Nos últimos 50 anos, a fisiologia e a bioquímica do estresse salino progrediram bastante, mas antes de analisar os resultados mais recentes, pretende-se apresentar e discutir as descobertas mais relevantes que ocorreram ao longo de mais de um século de estudos. Seca fisiológica e ajustamento osmótico No final do século XIX, o botânico alemão Schimper tentou explicar os efeitos do estresse salino como sendo resultantes da “seca fisiológica” (Schimper, 1898). De acordo com essa teoria, o excesso de sais acumulado na solução do solo seria responsável pela diminuição do potencial osmótico () e do potencial hídrico (w) da solução do solo e provocaria uma diminuição no gradiente de potencial hídrico (w) entre o solo e a planta, dificultando, portanto, a absorção de água pelas plantas. Como as plantas que crescem sob condições de estresse salino continuam transpirando, as diminuições na taxa de absorção de água seriam responsáveis pelo aparecimento de um déficit hídrico (Transpiração >> Absorção → Déficit hídrico). Segundo a teoria de Schimper, plantas cultivadas nessas condições, na realidade, sofreriam déficit hídrico, ou seja, “seca fisiológica”. Portanto, as reduções no crescimento deveriam ser proporcionais aos aumentos na concentração de sais da solução do solo (diminuição no e no w), ou seja, a diminuição do w da solução do solo, resultante do decréscimo do potencial mátrico () ou do , deveria acarretar reduções equivalentes no crescimento. Em outras palavras, a reação da planta à salinidade seria idêntica a da falta de água no solo e os efeitos do estresse salino nas plantas seriam os mesmos daqueles decorrentes do déficit hídrico. Fisiologia e bioquímica do estresse salino em plantas 150 José T. Prisco & Enéas G. Filho Essa teoria foi aceita durante muitos anos e recebeu suporte de vários pesquisadores do Laboratório de Salinidade do USDA (Ministério de Agricultura dos Estados Unidos). Eles demonstraram que as reduções na produção de grãos de Phaseolus vulgaris (Wadleigh & Ayers, 1945) e no crescimento de guayule (Wadleigh et al., 1946) eram proporcionais às reduções no w do solo. Isso ocorria quando as reduções no w do solo eram devidas ao aumento na concentração de sais da solução do solo (diminuição no ), à redução no conteúdo de água (diminuição no ) ou à combinação dos dois (diminuição de e de ). No início da década de 1960, Leon Bernstein, do Laboratório de Salinidade dos Estados Unidos, descobriu que plantas de Phaseolus vulgaris cultivadas sob condições de salinidade eram capazes de absorver íons e em decorrência disso, diminuir o de suas células. Fenômeno semelhante foi observado na Austrália, quando tomateiro foi cultivado sob condições de estresse salino (Slatyer, 1961). A consequência dessas observações seria a diminuição do w celular, de modo a garantir a manutenção do w do sistema solo-planta. A esse fenômeno deu-se o nome de “ajustamento osmótico”. Entretanto, devido à metodologia usada para determinação do (medições crioscópicas do suco celular), argumentava-se, à época, que os valores de do suco celular não correspondiam à realidade, pois a solução do vacúolo era contaminada com solutos do citosol (endosmose) ou era diluída com a água proveniente do apoplasto (efeito diluição). Para esclarecer isso, Bernstein realizou uma série de experimentos com algodão e pimentão, usando os métodos plasmolítico e crioscópico para determinação do das raízes. Teve o cuidado de levar em conta não só o efeito diluição como também a endosmose. Seus resultados mostraram, mais uma vez, que as plantas diminuíam o à medida que a salinidade do ambiente radicular aumentava e que isso se devia ao acúmulo de íons em seus tecidos. Se isso acontecesse, o w entre o ambiente radicular e a planta deveria ser mantido e, se a turgescência das células fosse também mantida, não se poderia pensar em “seca fisiológica” em plantas que se “ajustam osmoticamente” (Bernstein, 1961). A seca fisiológica foi também questionada por pesquisadores soviéticos, os quais demonstraram que quando plantas eram submetidas à mesma concentração salina, provocada por diferentes tipos de sais, por exemplo, concentrações isosmóticas de NaCl e de Na2SO4, as respostas eram diferentes, ou seja, a inibição do crescimento dependia do tipo de sal e não apenas do da rizosfera (Strogonov, 1964). Esses resultados, portanto, eram conflitantes com a teoria da “seca fisiológica”, que também passou a ser questionada por cientistas de outros países (Flowers et al., 1977; Greenway & Munns, 1980). Estresse hídrico em plantas osmoticamente ajustadas Examinando-se a literatura, verifica-se que mesmo plantas consideradas como osmoticamente ajustadas podem apresentar sintomas que se assemelham àqueles induzidos pelo estresse hídrico (Bernstein & Hayward, 1958; Oertli, 1966). Cabe então a indagação: será que uma planta cultivada em ambiente salino e ajustada osmoticamente pode sofrer déficit hídrico? Quando e w da solução do solo são baixos, como no caso dos solos salinizados, a planta tende a absorver íons e há diminuições nos valores de e de w das raízes e das folhas. Essas diminuições nos w da planta possibilitam a manutenção dow no sistema solo-planta, ou seja, manutenção da capacidade de absorção de água pela planta. Acontece que o aumento da concentração de solutos nas raízes, especialmente os iônicos, pode provocar uma redução da permeabilidade do sistema radicular à água, ou seja, redução na condutividade hidráulica das raízes (O’Leary, 1969). A consequência disso é que, apesar da manutenção do w, a planta passa a absorver menos água e, se isso acontece em um ambiente de alta demanda evaporativa do ar, a taxa de transpiração da planta passa a ser mais elevada do que a taxa de absorção de água. O resultado disso é que o vegetal passa a sofrer déficit hídrico, que, eventualmente, levará à redução na taxa de fotossíntese e na taxa de crescimento (O’Leary, 1971; Prisco, 1980). Solutos responsáveis pelo ajustamento osmótico Os descobridores do ajustamento osmótico preconizaram que a diminuição no da planta devia-se, basicamente, ao acúmulo de íons nas células (Bernstein, 1961). Entretanto, isso conflitava com o fato de que enzimas isoladas do citosol, tanto de glicófitas como de halófitas, eram igualmente inibidas na presença de Na+ e de Cl- (Greenway & Munns, 1980) e isso só poderia acontecer se todos os íons, inclusive os tóxicos (Na+ e Cl-), estivessem compartimentalizados no vacúolo. Mesmo partindo do princípio de que os íons estariam concentrados no vacúolo, os baixos valores de e de w no ambiente externo à célula e no vacúolo iriam expor o citosol e as organelas nele mergulhadas a um estresse hídrico, pois estariam entre dois ambientes com w inferiores ao seu, (w)vac < (w)cito > (w)ext, ou seja, estariam perdendo água para o ambiente externo e para o vacúolo. Para equilibrar os potenciais hídricos do sistema ambiente externo, citosol + organelas nele mergulhadas e vacúolo, o citosol teria que acumular íons, 151Fisiologia e bioquímica do estresse salino em plantas solutos orgânicos ou ambos. O acúmulo de íons não seria factível, pois provocaria inibição das enzimas envolvidas no metabolismo. Portanto, a diminuição do e do w do citosol teria que ser feita, principalmente, à custa de solutos orgânicos que não inibissem o metabolismo, mesmo quando acumulados em elevadas concentrações (solutos compatíveis). A partir da década de 1970, foram identificados vários desses solutos compatíveis (Hellebust, 1976; Wyn Jones & Gorham, 1983; Bray et al., 2000; Sairam & Tyagi, 2004), sendo os mais conhecidos: açúcares (glicose, frutose, sacarose, trealose, rafinose); álcoois poliídricos (sorbitol, manitol, glicerol, arabinitol, pinitol, inositóis metilados); proteínas (peptídios de pequena massa molecular); aminoácidos e seus derivados (glutamato, aspartato, glicina, prolina, prolina-betaina, glicina-betaina e -alanina-betaina); ácidos orgânicos (oxaloacetato, malato); aminas terciárias (1,4,5,6-tetrahidro-2-metil-4- carboxil piridamina); poliaminas (putrescina, cadaverina, espermidina, espermina); e compostos derivados de sulfonium (propionato de dimetil-sulfonio e colina-O- sulfato). Infelizmente, ainda persistem muitas dúvidas sobre o papel metabólico e a importância fisiológica desses solutos compatíveis (Bray et al., 2000). Entretanto, pode-se afirmar que o ajustamento osmótico se faz à custa da absorção e acúmulo de íons (principalmente os tóxicos) no vacúolo e de íons não tóxicos e solutos orgânicos no citosol, compatíveis com a manutenção da atividade metabólica das células. Convém salientar que esse fenômeno é uma resposta da planta ao baixo w existente no ambiente externo, seja ele causado pelo excesso de sais na solução do solo (baixo ), seja pela carência hídrica (baixo ) ou por ambos (O’Leary, 1971). Hormônios e o estresse salino Durante a década de 1960, verificou-se que plantas submetidas a estresses abióticos mostravam decréscimo na atividade das citocininas (CITOC) presentes na solução exsudada das raízes para a parte aérea (Adreenko et al., 1964; Itai & Vaadia, 1965; Kuraishi et al., 1966; Burrows & Carr, 1969) e que essa diminuição repercutia no metabolismo e crescimento desta última (Ben-Zioni, et al., 1967; Itai et al., 1968). Verificou-se, posteriormente, uma correlação entre decréscimo na atividade das CITOC exsudadas das raízes e a aceleração da senescência dos tecidos foliares de plantas não ajustadas (O’Leary & Prisco, 1970) ou ajustadas osmoticamente (Prisco & O’Leary, 1972), depois de submetidas ao estresse salino. Sabe-se que estresses abióticos também induzem alterações nos níveis de ácido abscísico, ABA (Mizrahi et al., 1970), de brassinoesteróides, BR (Clouse & Sasse, 1998), de etileno e de giberelinas, Gib (Taiz & Zeiger, 2006). Entretanto, o que se tem observado ultimamente é que as pesquisas têm se concentrado apenas nos efeitos do ABA, como se ele fosse o único “hormônio envolvido nos estresses abióticos” (Taiz & Zeiger, 2006; Maathuis, 2007). Ca2+ como meio para minorar os efeitos da salinidade (NaCl) Durante a década de 1960, observou-se que a adição de Ca2+ ao ambiente radicular minimizava os efeitos deletérios do Na+ no estresse salino (LaHaye & Epstein, 1969). Isso foi atribuído ao fato de que o Na+, além de desestabilizar as membranas, que, por sua vez, são estabilizadas por Ca2+, compete com o K+ por sítios nos canais existentes nas membranas, provocando aumento na concentração de Na+ e diminuição na de K+ dentro das células, ou seja, diminuição da relação K+/Na+. Essas mudanças provocariam distúrbios metabólicos, com sérias implicações no crescimento e desenvolvimento das plantas estressadas pela salinidade. Portanto, esperava- se que aplicações exógenas de Ca2+ ao ambiente radicular minorassem os efeitos da salinidade no crescimento e desenvolvimento das plantas (LaHaye & Epstein, 1971). Infelizmente, isso não tem acontecido (Caines & Shenan, 1999; Sohan et al., 1999; Silva et al., 2003) e quando acontece, a resposta depende das condições ambientais em que a planta foi cultivada (Lacerda, 1995). Posteriormente, usando-se técnicas de biologia molecular em mutantes com diferentes tolerâncias à salinidade, chegou-se à conclusão de que o Ca2+ parece estar envolvido, não apenas na manutenção da integridade das membranas (Cramer et al., 1985), mas também no processo de “transdução do sinal” do local de percepção do estresse para o de síntese das proteínas codificadas pelos “genes do estresse”, os quais regulam o controle da “homeostase” da célula, do tecido ou do indivíduo (Türkan & Demiral, 2009). Uso de culturas in vitro de células e tecidos Os soviéticos usaram culturas de células e tecidos como meio de entender porque as halófitas toleravam o estresse salino enquanto que as glicófitas eram sensíveis à salinidade (Strogonov, 1974). A conclusão mais importante que eles chegaram foi a de que a tolerância à salinidade era uma característica do indivíduo, que não se mantinha quando suas células ou tecidos eram cultivados in vitro. Essa publicação e uma anterior (Strogonov, 1964) repercutiram em muitos Laboratórios do ocidente, principalmente em Israel (Universidade Hebraica de Jerusalém e Instituto do Negev), Austrália (CSIRO) e Grã Bretanha (Universidade de Sussex), que 152 José T. Prisco & Enéas G. Filho passaram a estudar a fisiologia comparada de halófitas e glicófitas, na esperança de encontrar marcadores fisiológicos ou bioquímicos que conferissem tolerância à salinidade e que não afetassem qualitativa nem quantitativamente a produção (Flowers et al., 1977). Infelizmente, os resultados obtidos pelos soviéticos foram relegados por muitos pesquisadores, especialmente americanos e canadenses, que àquela época estavam deslumbrados com a possibilidade de se produzir uma planta a partir de uma célula (Nabors, 1983; Salisbury & Ross, 1985). Achavam eles que células tolerantes à salinidade poderiam ser selecionadas e a partir delas se obter plantas tolerantes. Durante a década de1970 e grande parte da de 1980, surgiram vários trabalhos que mostraram culturas de células com alta tolerância à salinidade (Nabors, 1983). Os autores, por razões óbvias, selecionaram espécies que possuíam protocolos mostrando como se obtinha uma planta, partindo-se de células ou de embrióides. Infelizmente, os resultados obtidos foram completamente diferentes do que eles esperavam. As plantas selecionadas dessa maneira não conservaram a tolerância das células que lhes deram origem e, mesmo aquelas que conseguiam aumentar a tolerância, perdiam suas características de valor econômico. Apesar disso, esses resultados negativos forneceram importantes informações metodológicas sobre culturas de células in vitro que possibilitaram progressos nos estudos de fisiologia do estresse salino. A partir da década de 1990, dois grupos de excelência nessa área, um na Universidade de Purdue e outro na Universidade do Arizona, ambos nos Estados Unidos, passaram a explorar essa metodologia nos estudos dos mecanismos de absorção e compartimentalização de íons sob condições de salinidade (Hasegawa et al., 2000). Essa metodologia também auxiliou no estudo do papel dos solutos compatíveis no ajustamento osmótico e na proteção das membranas e das enzimas presentes no citosol e nas organelas nele mergulhadas (Bray et al., 2000). Estresse oxidativo decorrente do estresse salino Durante a década de 1990, vários pesquisadores demonstraram que plantas produzem intermediários metabólicos, conhecidos como EROs (Espécies Reativas de Oxigênio) ou ROS (do inglês, Reactive Oxigen Species), tais como o peróxido de hidrogênio (H2O2) e os radicais livres superóxido (·O2-) e hidroxil (·OH), que são capazes de oxidar lipídios de membranas, desnaturar proteínas e reagir com DNA, provocando mutações. Sob condições normais de cultivo, as plantas neutralizam esses efeitos deletérios graças aos antioxidantes por elas produzidos. Quando a produção desses antioxidantes não é suficiente para neutralizar as EROs, estas se acumulam e a planta passa a sofrer de estresse oxidativo. Isso também acontece em plantas submetidas a outros estresses abióticos (Scandalios, 2002; Azevedo Neto et al., 2008). Essas descobertas abriram novas perspectivas para os estudos de fisiologia e bioquímica da tolerância ao estresse salino (Azevedo Neto et al., 2008). Estresse salino e a biologia molecular Nos últimos 20 anos, foram observados inúmeros progressos na fisiologia e bioquímica do estresse salino, graças ao uso de mutantes de Arabidopsis thaliana e das técnicas de biologia molecular. Em decorrência disso, caminha-se para o estabelecimento de como as plantas percebem os agentes estressores, como ocorre a transdução do sinal de estresse do local de percepção para o local onde irão ocorrer as reações metabólicas responsáveis pela mudança no funcionamento celular e, finalmente, como ocorre a homeostase das células, tecidos e indivíduos que são submetidos ao estresse salino (Zhu, 2001, 2002, 2003; Türkan & Demiral, 2009). EFEITOS DA SALINIDADE NO CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO De posse dessa análise retrospectiva do estudo da fisiologia e bioquímica do estresse salino e tentando escalonar as mudanças que ocorrem em uma escala temporal, pode-se afirmar que a salinidade altera, inicialmente, a absorção de água, de nutrientes e a permeabilidade das membranas (Figura 1). Essas alterações refletem no balanço hídrico e nutricional da planta e provocam mudanças no metabolismo, no balanço hormonal, nas trocas gasosas e na produção de EROs. Todas essas mudanças comprometem a expansão e divisão das células, o crescimento vegetativo e reprodutivo e a aceleração da senescência das folhas, que resultam na eventual morte da planta. Mudanças no metabolismo Balanço hormonal, trocas gasosas e produção de EROs Expansão e divisão celulares Crescimento vegetativo e reprodutivo Senescência foliar Mudanças no metabolismo SALINIDADE Absorção de água, nutrientes e permeabilidade de membranas Balanço hídrico e nutricional Figura 1. Mudanças na fisiologia das plantas em conseqüência da salinidade 153Fisiologia e bioquímica do estresse salino em plantas As mudanças no metabolismo e seus efeitos no crescimento e desenvolvimento da planta irão depender das interações que ocorrem entre as características do estresse e as características do vegetal que está sendo submetido ao estresse (Figura 2). Essa figura mostra que os efeitos da salinidade irão depender: da concentração e da composição iônica da solução que estará em contato com a rizosfera (Strogonov, 1964), da granulometria do solo (Boyko, 1966), do local da planta exposto ao estresse (raiz ou parte aérea), do modo como o estresse é aplicado (abrupto ou escalonado), da duração da exposição ao estresse e, finalmente, da interação do estresse salino com outros, de natureza biótica ou abiótica. Analisando-se as características do vegetal, pode-se afirmar que a tolerância à salinidade varia com a espécie, e dentro de uma mesma espécie, ela varia com o genótipo e o estádio de desenvolvimento em que a planta se encontra e se o estresse é imposto a uma célula, a um tecido ou a um órgão do indivíduo. As interações entre as características do estresse com as do vegetal podem resultar em tolerância ou susceptibilidade, ou seja, vida ou morte da planta. 4. culturas de células, tecidos ou órgãos (nos estudos em que são investigados os efeitos do estresse em nível celular e molecular). Portanto, torna-se difícil comparar resultados obtidos em condições experimentais diferentes, do mesmo modo que se deve ter muito cuidado em extrapolar resultados obtidos com culturas de células, tecidos ou órgãos para a condição de planta inteira. Também não se deve esquecer que, nas condições de campo, a planta pode ser exposta simultaneamente a mais de um estresse. RESPOSTAS FISIOLÓGICAS E BIOQUÍMICAS AO ESTRESSE SALINO Apesar das dificuldades experimentais, tentar-se-á apresentar esquemas que generalizem, resumidamente, o que acontece quando uma planta é submetida ao estresse salino. A salinidade possui dois componentes que são responsáveis pelo estresse: um osmótico e outro iônico. O componente osmótico altera o balanço hídrico da planta, enquanto que o componente iônico é responsável pelos efeitos sobre o desbalanceamento nutritivo e pelos efeitos tóxicos dos íons (Läuchli & Grattan, 2007; Munns & Tester, 2008). A predominância de um desses fatores irá depender das características e condições do estresse, que serão discutidos mais adiante. De maneira geral, quando uma planta é exposta ao estresse, observa-se que sua resposta irá depender de uma sequência de reações que ocorrem desde a exposição ao estresse até que se possa perceber o efeito daquele estresse na planta (Figura 3). CARACTERÍSTICAS DO ESTRESSE Espécie Genótipo Estádio de desenvolvimento Célula, tecido ou órgão Concentração de sais Composição iônica Granulometria do solo Local e modo de aplicação Duração da exposição Interação com outros estresses CARACTERÍSTICAS DO VEGETAL Tolerância Susceptibilidade VIDA MORTE RESPOSTA RESULTADO Figura 2. Interações entre características do estresse salino, características do vegetal e a resposta da planta ao estresse (adaptado de Bray et al., 2000) Essas interações complicam o estabelecimento de uma metodologia que possa ser considerada como ideal para os estudos da Fisiologia e Bioquímica do Estresse Salino. Portanto, o que se tem feito é tentar compatibilizar o que se pretende estudar com o que é possível fazer, em termos de condições de cultivo. Por essa razão, a maioria dos estudos tem sido realizada em: 1. sistemas hidropônicos cuja solução nutritiva contém NaCl, Na2SO4 ou uma mistura de sais; 2. solo ou vermiculita irrigados com soluções salinas de composição iônica e condutividadeelétrica conhecidas; 3. gel de ágar ao qual são adicionados os sais; e, finalmente, Resposta Estresse Percepção do sinal Transdução do sinal Processamento da Informação Mudanças Metabólicas Figura 3. Seqüência de reações que ocorrem quando uma planta é submetida a um estresse Em termos de tempo, essa sequência pode ocorrer em milissegundos, segundos, minutos, horas, semanas ou meses, dependendo das condições e características do estresse e da respostas que se está observando. Na maioria das situações, o órgão do vegetal que é exposto à salinidade em primeiro lugar é a raiz, exceto quando a planta é irrigada por aspersão com água salina ou quando está exposta à maresia. Nessas situações, a parte aérea passa a ser exposta em primeiro lugar. Percepção e transdução do sinal do estresse salino Baseando-se em resultados obtidos com leveduras, com culturas de células de plantas superiores e com 154 José T. Prisco & Enéas G. Filho mutantes de Arabidopsis thaliana, acredita-se que a nível celular a percepção seja feita pela membrana plasmática e nela estejam envolvidos receptores que detectam o componente osmótico e o componente iônico. Alguns detalhes do que acontece nessa etapa ainda são especulativos, mas sabe-se que existe mais de um sensor para esses sinais e que os caminhos de transdução desses sinais também variam. Para simplificar, serão mostrados os mais conhecidos. Percepção do componente osmótico: Descobriu-se, em Arabidopsis thaliana, uma proteína na membrana plasmática que parece ser o osmo-sensor (receptor) do sinal do componente osmótico do estresse salino. Esta proteína, AtHK1 (do inglês, Arabidopsis thaliana Histidine Kinase 1), é constituída de um domínio quinase do tipo histidina e de outro, que funciona como regulador de resposta. A hiper-osmolaridade do meio externo induz uma perda de turgescência das células, que provoca mudanças de conformação da membrana plasmática e ativa o processo de autofosforilação de um resíduo de histidina (His) no domínio quinase da AtHK1. Posteriormente, se dá a transferência desse radical fosforil para um resíduo de aspartato (Asp), que pertence ao domínio regulador de resposta e que irá exercer sua ação via transdução desse sinal (Figura 4). um registro da percepção do estresse, que dará inicio a transdução do sinal de estresse (Figura 5). [sais]ext P His Asp Transdução do sinal Perda da turgescência Mudança conformacional em AtHK1 domínio- quinase regulador da resposta regulador da resposta P Asp domínio- quinase His ~PO4 (autofosforilação.) Figura 4. Percepção do componente osmótico do estresse salino pela AtHK1, presente na membrana plasmática e início do processo de transdução do sinal (adaptado de Urao et al., 1999) Outra maneira da célula perceber o estresse osmótico decorre do “efeito mecânico” que o excesso de sais no ambiente extracelular exerce sobre os canais iônicos existentes na membrana plasmática. Quando a célula perde água, ela diminui de volume e a membrana plasmática sofre mudanças de conformação, que facilitam a entrada de íons na célula, via canais iônicos, que funcionam como osmo-sensores. A entrada desses íons na célula provoca a despolarização da membrana plasmática e aumento na concentração de cálcio no citoplasma. Esse aumento na [Ca2+]cito funciona como Perda da turgescência Volume celular Retração da membrana Abertura de canais (osmo-sensor) Despolarização da membrana e [Ca2+]cito Transdução do sinal Figura 5. Percepção do componente osmótico do estresse salino pelos canais iônicos presentes na membrana plasmática e início do processo de transdução do sinal (adaptado de Urao et al., 1999) Essas duas maneiras de percepção do componente osmótico do estresse salino podem refletir na expressão gênica de enzimas envolvidas, por exemplo, na biossíntese de osmólitos (solutos compatíveis), os quais podem contribuir para o ajustamento osmótico do citosol + organelas, e de proteínas componentes das membranas, como a aquaporina (canal de água), que aumenta a capacidade de absorção de água das células. Sabe-se que o ABA está relacionado com algumas respostas da planta às variações de osmolaridade ocasionadas, por exemplo, pelo componente osmótico do estresse salino, no entanto, ainda não foi possível identificar os receptores desse hormônio vegetal (Fan et al., 2004; Wasilewska et al., 2008). Contudo, estudos recentes têm revelado algumas proteínas candidatas a esse papel e que a percepção ao ABA pode ocorrer tanto no nível extracelular quanto no intracelular (Fan et al., 2004; Maggio et al., 2006). Percepção do componente iônico: A descoberta dos mutantes de Arabidopsis thaliana possuidores de hipersensibilidade ao íon Na+, mutantes SOS (do inglês, Salt-Overly-Sensitive), possibilitou uma melhor compreensão, não só da percepção do componente iônico, como da transdução desse sinal do estresse. Sob condições normais (ausência de salinidade), as células vegetais mantêm um potencial eletroquímico através da membrana plasmática (j) da ordem de -140 mV (lado interno negativo). Isso se deve às diferenças em concentrações de íons dentro e fora das células, resultante do funcionamento das bombas de prótons (H+- ATPases) da membrana. Do mesmo modo, a ação das bombas presentes no tonoplasto (H+-ATPases e H+- PPases) faz com que a membrana vacuolar também esteja polarizada (j + 60 mV). 155Fisiologia e bioquímica do estresse salino em plantas Sob condições de salinidade, há um aumento da [Na+]ext, que favorece a penetração de cátions na célula. Assim, o Na+ pode penetrar passivamente, através de diferentes tipos de canais ou transportadores, os quais podem funcionar como sensores de Na+. Dentre os canais, destacam-se o NSCC (do inglês, Nonselective- Cation-Channels), que transporta Na+ e K+ para dentro da célula, dependendo da concentração externa desses íons (se a [Na+] > [K+] → entra Na+ e quando a [Na+] < [K+] → entra K+) e o NORC (do inglês, Nonselective- Outward-Retifying-Channels), que não discrimina K+ de Na+. Neste caso, o NORC abre-se durante a despolarização da membrana, entretanto, sob condições de salinidade, quando a [Na+]ext > [K+]ext → entra Na+. Dentre os transportadores, destaca-se o simporte HKT1 (do inglês, High-affinity K+-Transporter 1,) que, dependendo da [Na+]ext, pode transportar: Na+/Na+, Na+/ K+, K+/K+, K+/Na+ e K+/H+, sendo considerado um dos sensores do estresse salino (Blumwald et al., 2000; Yamagushi & Blumwald, 2005; Türkan & Demiral, 2009). Nos últimos anos, uma proteína conectada a resíduos de arabino-galactanas, a SOS5, que está presente na parte externa da membrana plasmática também tem sido apontada como forte candidata para detectar [Na+]ext (Mahajan et al., 2008; Türkan & Demiral, 2009). A despolarização decorrente da passagem do Na+ para o citosol pode contribuir para a abertura de outros canais, tanto da membrana plasmática como do tonoplasto, permitindo a entrada de outros íons (Cl-, K+, etc), que contribuem para alterar a turgescência da célula (ajustamento osmótico). Outro aspecto importante é que os canais de Ca2+, que são dependentes do potencial eletroquímico da membrana, podem aumentar a [Ca2+]cito, fato de grande relevância, porque ele é importante como sinal secundário de transdução (Figura 6). Já existem dados que mostram que quando as raízes são expostas a excesso de Na+ ocorre um aumento na [Na+] e na [Ca2+] no citosol das células do córtex radicular (Munns & Tester, 2008). O aumento na [Na+]cito, seguido pelo incremento na [Ca2+]cito pode ser visualizado na Figura 6. Transdução do sinal do estresse salino Após a percepção do sinal, há um aumento na [Ca2+]cito que funciona como um mensageiro secundário e inicia uma série de reações (cascata de sinalização) que serão responsáveispelas mudanças no funcionamento das células. A essa “cascata de sinalização” deu-se o nome de transdução do sinal do estresse, que pode ser bastante complexa, envolvendo: proteínas, lipídios, hormônios vegetais, cálcio e espécies reativas de oxigênio. As transduções mais conhecidas são: a sinalização SOS, já definida anteriormente; a das quinases protéicas do tipo MAPK (do inglês Mitogenic-Activated- Protein-Kinases); a que envolve fosfolipídios; a dependente de cálcio/calmodulina; a sinalizada por ABA; e, finalmente, a sinalizada por H2O2 (Taiz & Zeiger, 2006). Transdução do sinal osmótico: A transdução do sinal desencadeada pela percepção do componente osmótico do estresse salino pode ser classificada em duas rotas de sinalização distintas: a dependente de ABA e a independente de ABA (Taiz & Zeiger, 2006). Ambas as rotas levam à ativação de proteínas reguladoras (fatores de transcrição) que interagem com regiões específicas dos genes, denominadas promotores, resultando na indução ou repressão da expressão de um determinado gene. Na rota de sinalização dependente de ABA, os promotores dos genes regulados por este hormônio possuem uma sequência de seis nucleotídeos, denominada elemento de resposta ao ABA ou ABRE (do inglês, ABA Response Element), à qual se ligam os fatores de transcrição envolvidos nesse processo. Já na rota independente de ABA, os fatores de transcrição se ligam a outro tipo de elemento de regulação nos promotores, o elemento de resposta à desidratação ou DRE (do inglês, Dehydration Response Element). A rota independente de ABA pode também envolver a atuação direta de uma cascata de sinalização de MAPK (Taiz & Zeiger, 2006) (Figura 7). Em alguns genes que possuem o ABRE, pode haver também o DRE, o que leva à intensificação das respostas ao estresse, já que ambas as rotas estão presentes na transdução do sinal, sendo os íons Ca2+ os responsáveis pela interação entre essas vias de sinalização (Mahajan & Tujeta, 2005). Dentre os genes cuja expressão é induzida pelo estresse osmótico, através das vias mencionadas anteriormente, estão aqueles que codificam vários tipos de transportadores, proteínas reguladoras (fatores de transcrição, quinases protéicas e fosfatases) e proteínas Despolarização da membrana Abertura de canais de Ca2+ [Ca2+]cito [Na+] Transdução do sinal Receptores da membrana Ativa vias de sinalização Figura 6. Percepção do componente iônico do estresse salino pelos canais e transportadores presentes na membrana plasmática e início do processo de transdução do sinal (baseado em Tyerman & Skerret, 1999) 156 José T. Prisco & Enéas G. Filho envolvidas na tolerância ao estresse, tais como as enzimas do sistema antioxidativo e as que atuam na síntese dos solutos compatíveis. Já dentre os que são reprimidos, estão genes cujos produtos atuam no crescimento da célula, incluindo a parede celular, e que codificam algumas proteínas dos cloroplastos e da membrana plasmática (Cutler et al., 2010). Transdução do sinal iônico: Existem várias rotas de transdução do sinal iônico, mas aqui será descrita a via de sinalização SOS, porque é a melhor caracterizada e, segundo Türkan & Demiral (2009), já foi observada tanto em glicófitas (arroz, trigo e Arabidopsis thaliana) como em halófitas (Tellungiella halophyla e Populus euphratica). Como ilustrado na Figura 8, a percepção de ambos os componentes do estresse salino provoca um aumento na [Ca2+] cito (mensageiro secundário). Esse aumento é percebido pela proteína SOS3, que é o produto da transcrição do gene SOS3 e que faz parte de uma família de genes responsáveis pela hipersensibilidade ao sódio, encontrada em mutantes de Arabidopsis thaliana (Zhu, 2002). A proteína SOS3 liga-se ao íon cálcio, formando um complexo que irá interagir com uma proteína quinase do tipo histidina, a proteína SOS2. O complexo SOS3- SOS2-PO4 (proteína SOS2 ativada) dirige-se para a membrana plasmática, a fim de ativar, via fosforilação, a proteína SOS1 que, depois de ativada (SOS1-PO4) passa a funcionar como antiporte Na+/H+, que transporta para o apoplasto o excesso de Na+ presente no citoplasma, ao mesmo tempo em que transporta H+ para dentro do citosol. Portanto, este antiporte é fundamental para a manutenção da relação K+/Na+ adequada para o metabolismo. Convém salientar que a proteína SOS2 ativada, também atua como ativador do antiporte Na+/H+ localizado no tonoplasto ou NHX1 (do inglês, Na+/H+ Exchanger Protein 1), que regula o nível de Na+ citoplasmático ao compartimentalizá-lo no vacúolo. Além disso, SOS2 ativada regula a expressão gênica da proteína SOS1 e restringe a entrada de Na+ para o citoplasma, através de seu efeito inibitório na atividade do transportador simporte HKT1, que se encontra na membrana plasmática. A proteína SOS2 ativada atua como regulador da [Ca2+]cito, através da modulação da atividade do transportador CAX1 (do inglês, Calcium Exchanger 1) existente no tonoplasto. Além desses papéis, a SOS2 ativada, também está envolvida na regulação da expressão do gene SOS4, cujo produto é uma quinase do piridoxal, responsável pela produção de piridoxal-5-fosfato, o qual contribui para a homeostase iônica da célula através da regulação de canais iônicos e transportadores (Turkan & Demiral, 2009). Receptor do estresse osmótico Expressão gênica alterada Fatores de transcrição Cascata de MAPK Dependente de ABA Independente de ABA Figura 7. Transdução do sinal do componente osmótico do estresse salino através das vias dependente e independente de ABA (adaptado de Taiz & Zeiger, 2006) H+ HKT1 AKT1 SOS1 Na+ H+ SOS5 SOS3 SOS2 Na+ K+ ? P [Ca2+] ?ABA Vacúolo NHX1 CAX1 Na+ H+ Ca2+ H+H+ ADP + Pi ATP Núcleo Regulação da expressão gênica (p. ex., SOS1 e SOS4) P Quinase do piridoxal-P Piridoxal-P Citosol Membrana plasmática Apoplasto Cadeias polissacarídicas Estresse salino Componente osmótico Componente iônico Membrana plasmática Citosol Apoplasto SOS5 V-ATPase e PPase Figura 8. Estresse salino e a via de sinalização SOS (adaptado de Türkan & Demiral, 2009) Outras mudanças no metabolismo Como consequência das mudanças no metabolismo, iniciadas com a percepção e transdução do sinal de estresse, ocorrem alterações no balanço hormonal e na produção de EROs. Desbalanceamento hormonal: Sabe-se que CITOC, Gib, etileno e ABA podem ser sintetizados nas raízes e transportados para a parte aérea, onde afetam o crescimento e desenvolvimento (Weiss & Vaadia, 1965; Skene, 1967; Taiz & Zeiger, 2006). Por outro lado, as auxinas e os BR são sintetizados e exercem sua ação tanto nas raízes como na parte aérea (Taiz & Zeiger, 2006). Um fato que merece mais investigação é o de que os BRs parecem estar envolvidos no estresse salino (Clouse & Sasse, 1998), pois são capazes de minorar os efeitos do estresse na produtividade vegetal (Ikekawa & 157Fisiologia e bioquímica do estresse salino em plantas Zhao, 1991; Taiz & Zeiger, 2006). Os estresses hídrico e salino diminuem a atividade das CITOC e das Gib na parte aérea do vegetal ao mesmo tempo em que aumenta a atividade do ABA (Itai et al., 1968; Taiz & Zeiger, 2006). Essas mudanças foram associadas com o fechamento dos estômatos, a diminuição do crescimento e a aceleração da senescência das folhas de plantas submetidas a estresse hídrico ou salino (Prisco & O’Leary, 1972; Taiz & Zeiger, 2006) e todos os hormônios, acima mencionados, atuam nos caminhos de transdução do sinal de estresse e na expressão gênica (Hedden & Thomas, 2006). Mesmo sabendo das dificuldades experimentais encontradas quando se estudam os efeitos de balanços hormonais sobre plantas submetidas a estresse salino, os dados existentes sugerem que as mudanças no balanço hormonal estão mais próximas da realidade doque se atribuir a apenas um “hormônio do estresse”, o ABA (Taiz & Zeiger, 2006). Partindo dessa premissa, quando se descreve a sequência de mudanças fisiológicas e bioquímicas que ocorrem quando uma planta é submetida a estresse salino, os efeitos atribuídos ao ABA (Hirt & Shinozaki, 2004; Taiz & Zeiger, 2006) foram substituídos pelos efeitos devidos ao “desbalanceamento hormonal”. Isto será discutido mais adiante. Produção de EROs: O estresse salino provoca acúmulo de espécies reativas de oxigênio (EROs), que são responsáveis pelo estresse oxidativo. Como a salinidade é o agente estressor primário, o estresse oxidativo é considerado como um estresse secundário. O termo EROs é aplicado às espécies químicas intermediárias, que aparecem durante a redução do O2 a H2O (O2 + 4e- + 4H+ → H2O) como mostra a Figura 9. Miller et al., 2010); além da produção de H2O2 nos peroxissomos durante a fotorrespiração, também pode haver a fotorredução direta do O2 a superóxido (·O2-) pelos elétrons provenientes dos componentes da cadeia transportadora de elétrons associados ao fotossistema I, nos cloroplastos (Figura 10). Já na mitocôndria, os sítios principais de produção de EROs são os complexos I e III da cadeia transportadora de elétrons, nos quais os elétrons são doados ao O2, gerando ·O2-, o qual pode sofrer redução e levar à produção das demais EROs (Apel & Hirt, 2004; Miller et al., 2010). O superóxido, o peróxido de hidrogênio e o hidroxil são altamente reativos e podem lesionar membranas, ácidos nucléicos e proteínas. Nas condições normais, as plantas não sofrem esses danos porque há um equilíbrio entre a produção de EROs e a de antioxidantes (enzimas e outros compostos orgânicos). Entretanto, sob condição de estresse, há o acúmulo de EROs, pois nessas condições a planta não produz antioxidantes suficientes para neutralizar os efeitos deletérios desses poderosos oxidantes. Recentemente, esse estresse secundário tem recebido muita atenção dos pesquisadores, tendo em vista que a tolerância à salinidade parece estar correlacionada com a atividade antioxidante dos diferentes órgãos do vegetal (Azevedo Neto et al., 2008). ACLIMATAÇÃO AO ESTRESSE Enquanto essas alterações no metabolismo acontecem, as plantas realizam ajustes metabólicos, estruturais e fisiológicos a fim de conseguir seu equilíbrio homeostático (osmótico, iônico e bioquímico), bem como a desintoxicação de suas células (eliminação das EROS e exclusão e compartimentalização de íons tóxicos). Esses ajustes são sincronizados e obedecem a uma sequência, que no final pode resultar em tolerância ou Oxigênio Superóxido Peróxido de hidrogênio Hidroxil Água e- e- e- e- 2 H+ H+ Figura 9. Espécies químicas intermediárias que aparecem durante a redução do O2 a H2O (O2 + 4e- + 4H+ → H2O). São consideradas espécies reativas de oxigênio (EROs): radical livre superóxido, peróxido de hidrogênio e o radical livre hidroxil (modificado de Scandalios, 2002) Reações produtoras de EROs ocorrem nos cloroplastos, mitocôndrias e peroxissomos durante a fotossíntese, respiração e fotorrespiração, respectivamente (Figura 10). Além do que é produzido nessas organelas, pode também haver formação de EROS na membrana plasmática (Slesak et al., 2007). A fotossíntese é o processo metabólico que mais produz EROs nas células vegetais (Apel & Hirt, 2004; Glicolato Fotossistema I H2O Fotossistema II O2 e- O2·- e- Ferredoxina e- NADP+ NADPH Ribulose- 1,5-bifosfato O2 2-Fosfoglicolato 3-Fosfoglicerato O2 H2O2 Glioxalato O2 e- H2O2HO· NADH Complexo I e- Desidrogenases do NAD(P)H e- e- Ubiquinona e- Complexo II Complexo III e- e- e- O2·- O2 e- H2O2 HO· Succinato Fumarato H2O O2 Complexo IV e- e- O2 e-e- Mitocôndria Peroxissomo Cloroplasto e- e- Figura 10. Principais sítios de produção de espécies reativas de oxigênio (EROs) nas células vegetais (adaptado de Apel & Hirt, 2004) ‘ 158 José T. Prisco & Enéas G. Filho susceptibilidade ao estresse, como será visto mais adiante. Homeostase osmótica e homeostase iônica A homeostase osmótica e a iônica podem ser tratadas simultaneamente, uma vez que são interdependentes. A primeira é o resultado do ajustamento osmótico, descrito anteriormente, e envolve a absorção de íons (Bernstein, 1961; Slatyer, 1961), sua compartimentalização em certos tecidos (Munns & Tester, 2008) e organelas das células, associadas ao acúmulo de solutos orgânicos no citoplasma. Nas condições consideradas fisiológicas, a concentração de K+ no citosol varia de 100-200 mM, enquanto que a de Na+ está na faixa de 0-10 mM. Para que se tenha uma idéia da importância fisiológica da manutenção de uma relação K+/Na+ alta no citosol, a síntese de proteínas depende de uma concentração de K+ entre 100-150 mM e é inibida quando a concentração de Na+ ultrapassa 100 mM (Blumwald et al., 2000). Além disso, o K+ é ativador de enzimas importantes do metabolismo, enquanto que o Na+ é inibidor da atividade de várias enzimas citoplasmáticas. Portanto, a homeostase iônica e a osmótica devem envolver exclusão de Na+ do citosol para o meio externo e sua compartimentalização no vacúolo, a fim de manter uma alta relação K+/Na+ e o balanço hídrico entre meio externo, citosol + organelas nele mergulhadas e vacúolo. Para se compreender os mecanismos de exclusão e compartimentalização de Na+, precisa-se ter em mente que, em condições normais, as membranas plasmáticas das células vegetais estão polarizadas, devido às diferenças em concentrações de íons dentro e fora das células, resultante do funcionamento das bombas de prótons (H+-ATPases) da membrana. No caso do vacúolo, existem no tonoplasto, além das bombas de próton, as pirofosfatases (H+-PPases), que bombeiam H+ do citosol para o interior do vacúolo, de modo que essa membrana também fica polarizada. As mudanças que ocorrem durante a homeostase iônica têm forte repercussão na homeostase osmótica. A concentração de íons (tóxicos ou não), ácidos orgânicos e, em menor proporção, de outros compostos orgânicos contribui para a redução do e do w dos vacúolos. Com relação ao que acontece no citoplasma, a fim de que seja mantido o equilíbrio osmótico entre apoplasto, citosol + organelas nele mergulhadas e vacúolo, pode-se afirmar que se concentram neste compartimento celular, além dos íons não tóxicos, como K+, os solutos compatíveis. Estes últimos possuem baixa massa molecular, alta solubilidade em água e não possuem carga líquida em pH neutro. Essas características permitem que eles provoquem redução do no citosol + organelas nele mergulhadas sem inibir as reações metabólicas. Além disso, eles são hidrofílicos e podem desempenhar papel protetor da estrutura das proteínas citoplasmáticas e daquelas associadas às membranas (Botela et al., 2005). Outra função desses osmólitos é a de proteção das macromoléculas da célula contra a ação deletéria das EROs (Hasegawa et al., 2000; Zhu, 2001). Homeostase bioquímica A homeostase bioquímica é bastante complexa, pois envolve todas as reações do metabolismo, ou seja, representa os ajustes metabólicos necessários para que o organismo possa manter-se funcional, a despeito do aumento na concentração de íons que ocorre no ambiente externo. Durante esse processo, a atividade de certas enzimas é aumentada, a de outras é diminuída e novas enzimas podem também ser sintetizadas. Tudo isso requer um controle coordenado da percepção e transdução do sinal do estresse e da síntese e degradação das proteínas. Isso pode ser visualizado quando se compara, quantitativa e qualitativamente, as proteínas solúveis presentes em determinado órgão de uma planta que foi submetida ao estresse com outra cultivada sob condições normais (Figuras 11 e 12). Controle Total de 358 proteínas91 sofreram alterações 49 aumentaram 36 diminuíram 04 desapareceram 02 sintetizadas de novo 4,0 7,0 pI 66 45 36 29 24 20 14,2 Mr (kDa) 4,0 7,0 pI NaCl a 150 mM ( 15 dS.m-1 ) Figura 11. Proteínas solúveis de folhas de plântulas de cajueiro anão-precoce irrigadas com solução nutritiva (controle) e com solução nutritiva contendo NaCl a 150 mM (Abreu et al., 2008) Nos últimos anos foram identificados vários RNAs pequenos, que se formam em consequência de estresses abióticos e foram estabelecidos os seus papéis no estresse oxidativo, no acúmulo de compostos orgânicos, que, além de contribuírem para o ajustamento osmótico funcionam como osmo-protetores e, finalmente, no silenciamento pós-transcricional de certos genes (Chinnusamy et al., 2007; Türkan & Demiral, 2009). 159Fisiologia e bioquímica do estresse salino em plantas Desintoxicação O processo de desintoxicação envolve a exclusão dos íons tóxicos do citoplasma, que foi vista anteriormente, e a remoção sincronizada de EROs nos diferentes compartimentos celulares, que é feita por antioxidantes de natureza enzimática ou não-enzimática a fim de que a planta não sofra estresse oxidativo. Os principais antioxidantes celulares, bem como sua localização subcelular e as EROs alvo estão listados na Tabela 1. CONSIDERAÇÕES FINAIS A Figura 13 resume o que foi discutido anteriormente, mostrando uma sequência de etapas que vão desde a percepção do sinal do estresse até a aclimatação das plantas à salinidade. Já está bem estabelecido que as raízes da planta percebem os dois componentes da salinidade: o osmótico e o iônico, sendo o local de percepção mais provável a membrana plasmática. Como resultado da percepção desses componentes, produz-se um ou mais mensageiros secundários que iniciarão o processo de transdução do sinal. Na parte final dessa sequência, observa-se a homeostase (osmótica, iônica e bioquímica) e a desintoxicação. O equilíbrio ou desequilíbrio das diferentes homeostases resultará em plantas tolerantes ou susceptíveis ao estresse salino. Controle Estresse 18 18 19 19 Aumento Diminuição Desaparecimento Síntese de novo Controle Estresse 22 22 23 23 21 21 Figura 12. Aumento, diminuição, desaparecimento e síntese de novo de proteínas solúveis de folhas de plântulas de cajueiro anão-precoce irrigadas com solução nutritiva (controle) e com solução nutritiva contendo NaCl a 150 mM (estresse), obtidas a partir das eletroforeses bidimensionais (Abreu et al., 2008) Mecanismo Antioxidante Enzima ou Composto Orgânico Local na Célula EROs Dismutase do Superóxido (SOD – EC 1.15.1.1) Cloroplasto Citosol Mitocôndria Peroxissomo Apoplasto O2 - Peroxidase do Ascorbato (APX – EC 1.11.1.11) Cloroplasto Citosol Mitocôndria Peroxissomo Apoplasto H2O2 Catalase (CAT – EC 1.11.1.6) Peroxisomo H2O2 Peroxidase da Glutationa (GPX – EC 1.11.1.9) Citosol H2O2 e ROOH Peroxidases (POD – EC 1.11.1.7) Parede Citosol Vacúolo H2O2 Enzimático Peroxidase da Tiorredoxina (TPX – EC 1.11.1) Parede Citosol Mitocôndria H2O2 e ROOH Ácido Ascórbico Cloroplasto Citosol Mitocôndria Peroxissomo Apoplasto O2 - e H2O2 Glutationa Cloroplasto Citosol Mitocôndria Peroxissomo Apoplasto H2O2 -Tocoferol Membranas O2- e ROOH Não Enzimático Carotenóides Cloroplasto O2- Tabela 1. Tipos, natureza e locais de atuação de antioxidantes dentro da célula (adaptado de Mittler (2002) Figura 13. Proposta para a seqüência de mudanças fisiológicas e bioquímicas que ocorrem quando plantas são submetidas a estresse salino (modificado de Azevedo-Neto et al., 2008) Desbalanceamento Nutricional Excesso de EROs e Íons Tóxicos Desbalanceamento das Relações Hídricas Salinidade Componente Osmótico Componente Iônico Percepção e Transdução do Sinal do Estresse Alterações Metabólicas Homeostase Osmótica Homeostase Iônica Homeostase Bioquímica Desintoxicação Fitormônios desbalanceados Produção de EROs Aclimatação Nutrição Equilibrada Níveis normais de EROs e de íons tóxicos Relações Hídricas Equilibradas Tolerância Sensibilidade 160 José T. Prisco & Enéas G. Filho Apesar do progresso científico no campo da fisiologia e bioquímica de plantas submetidas ao estresse salino, pouco se conseguiu em termos de produção de genótipos mais tolerantes à salinidade e que produzam economicamente. Os resultados obtidos em laboratório e casa de vegetação com a superexpressão de genes que codificam para antiportes responsáveis pela exclusão e compartimentalização de Na+ (Apse et al., 1999) e pela síntese de alguns solutos compatíveis (Hmida-Sayari et al., 2005) não se repetiram em condições de campo. A tolerância ao estresse salino, por ser dependente da expressão coordenada e sincronizada de vários genes, não pode ser conseguida com a simples transferência ou superexpressão de um ou dois genes. Além disso, os estudos sobre tolerância em condições de campo são bem mais complexos e requerem o trabalho coordenado de fisiologistas, geneticistas, especialistas em solo e em engenharia de irrigação. Nos últimos anos, se tem trabalhado tanto em laboratório como em condições de campo, utilizando-se técnicas do melhoramento tradicional e da engenharia genética, visando à obtenção de cultivares mais tolerantes ao estresse salino. Os resultados obtidos com arroz (Li & Xu, 2007), trigo (Munns & Richards, 2007), milho (Bänziger & Araus, 2007), cevada (Li et al., 2007), tomateiro (Fooland, 2007), mandioca (Setter & Fregene, 2007), batata (Byun et al., 2007), soja (Pathan et al., 2007), algodão (Lubbers et al., 2007), espécies arbóreas (Bem-Hayyim & Moore, 2007; Griplet et al., 2007) e forrageiras (Zhang & Wang, 2007) são promissores, mas até que se consiga o que se espera obter, o caminho a percorrer ainda é longo. No que se refere ao manejo do solo e da água, pode- se afirmar que em determinadas situações o uso de lavagem, de correção química do solo e de métodos de irrigação mais apropriados para uso de águas salobras algumas vezes têm se mostrado eficazes. Como foi visto anteriormente, o estresse salino induz ao acúmulo de H2O2 e segundo alguns autores o peróxido de hidrogênio pode desempenhar papeis diferentes, dependendo da concentração em que ele se encontra no tecido: em baixas concentrações ele pode funcionar como um sinal para aclimatação ao estresse e em concentração alta, ele funciona como indutor da morte programada das células (Dat, 2000; Van Breusegem et al., 2001). Resultados recentes demonstram a existência de várias isoenzimas antioxidantes que variam de acordo com o local de produção e remoção das EROs (Miller et al., 2010). Isso nos leva a sugerir que os estudos nessa área deveriam ser feitos no nível de organelas e não, de planta ou órgão, a fim de que se tenha um quadro mais claro do processo de desintoxicação. Apesar disso, o pré-tratamento de plantas com peróxido de hidrogênio, na concentração adequada, aumentou a tolerância à salinidade em arroz (Uchida et al., 2002) e em um genótipo de milho sensível ao estresse (Azevedo Neto et al., 2005). Também o pré- tratamento de sementes de trigo com H2O2 acelerou a germinação e aumentou a tolerância das plantas à salinidade (Wahid et al., 2007). A indução dessa tolerância precisa ser melhor investigada em condições de campo, pois poderá resultar em uma prática de manejo a ser usada, visando minorar os efeitos deletérios do estresse salino no crescimento e produção das culturas. Como conclusão final, pode-se afirmar que a complexidade dos problemas de salinidade necessita de mais estudos básicos sobre fisiologia e bioquímica do estresse, mas para que eles possam produzir os resultados práticos que se deseja, precisam ser acoplados aos programasde pesquisa em melhoramento genético, em solos e em engenharia de irrigação. Não se pode continuar trabalhando em compartimentos estanques - o solo, a água e a planta – deve-se enfatizar a abordagem que envolva o sistema solo-água-planta. Glossário de termos usados Os filósofos da Grécia antiga, quando se reuniam para discutirem as preocupações dos homens que tentavam desvendar o mundo que os cercava, iniciavam pela conceituação dos termos que iriam ser usados durante suas discussões. Com isso, evitavam mal entendidos, comuns nessas ocasiões. Infelizmente, essa prática foi esquecida e tem sido muitas vezes a causa de desencontros. Partindo-se desse princípio, estão relacionados abaixo, os conceitos dos principais termos usados neste capítulo. - Aclimatação – refere-se a mudanças fisiológicas, bioquímicas e morfológicas temporárias, que ocorrem em um organismo e aumentam sua tolerância às variações no ambiente externo; embora possa envolver mudanças na expressão gênica, ela é uma resposta homeostática que não se transmite para as gerações futuras (Salisbury, 1996; Taiz & Zeiger, 2006). - Adaptação - refere-se à capacidade desenvolvida por um organismo, através da seleção natural ou artificial, de tolerar ambientes estressantes, graças a mudanças fisiológicas, bioquímicas e morfológicas permanentes; como essas mudanças são reguladas por genes elas são transmitidas para as gerações futuras (Salisbury, 1996; Taiz & Zeiger, 2006). - Antioxidante - pode ser definido como qualquer substância que, mesmo presente em baixas concentrações em relação a um substrato oxidável, retarda significativamente ou evita sua oxidação. 161Fisiologia e bioquímica do estresse salino em plantas - Aquaporinas – também conhecidas como canais de água, são proteínas integrais da membrana, que formam poros nas mesmas e, através deles a água penetra ou sai das células. - Estresse ambiental – qualquer componente do meio ambiente que seja capaz de alterar o funcionamento normal do indivíduo que está crescendo nesse ambiente. - Estresse oxidativo – quando o fator de estresse é uma Espécie Reativa de Oxigênio (ERO), resultante das reações metabólicas que reduzem parcialmente o oxigênio molecular. - Estresse salino – quando o fator de estresse ou agente estressante é o excesso de sais solúveis; são considerados salinos os solos que possuem CEes ≥ 4,0 dS m-1, PST < 15% e pH < 8,5; são considerados sódicos, aqueles que possuem CEes < 4,0 dS.m-1, PST > 15% e pH > 8,5; e, finalmente, os salino-sódicos são os possuidores de CEes ≥ 4,0 dS m-1, PST > 15% e pH < 8,5 (Richards, 1954). - Homeostase – é o processo de manutenção do equilíbrio interno das células, tecidos e órgãos do indivíduo, a despeito das variações no ambiente externo. - Percepção do sinal de estresse – maneira como as células do indivíduo percebem a presença de um fator de estresse. - Transdução do sinal de estresse – uma sequência de processos em que um fator de estresse interage com um receptor, em geral, junto à superfície celular, causando uma alteração no nível de um mensageiro secundário e, por fim, uma mudança no funcionamento celular (Taiz & Zeiger, 2006). Agradecimentos Ao CNPq, a CAPES, e a FUNCAP, que direta ou indiretamente financiaram parte das pesquisas aqui relatadas. Aos nossos colegas dos Departamentos de Bioquímica e Biologia Molecular e de Engenharia Agrícola da UFC e aos nossos alunos, especialmente Elton Camelo Marques e Carlos Eduardo Braga de Abreu pela ajuda que deram na preparação desta revisão. REFERÊNCIAS Abreu C. E. B.; Prisco, J. T.; Nogueira, A. R. C.; Bezerra, M. A.; Lacerda, C. F.; Gomes Filho, E. Physiological and biochemical changes occurring in dwarf-cashew seedlings subjected to salt stress. Brazilian Journal of Plant Physiology, v.20, p.105-118, 2008. Adreenko, S. S.; Potapor, N. G.; Kosulina, L. G. The effect of sap from maize plants grown at various pH levels on growth of carrot callus. Botanical Science: Proceedings of the Academy of Sciences of the URSS (English translation), v.35, p.155-156, 1964. Apel, K.; Hirt, H. Reactive oxygen species: metabolism, oxidative stress, and signal transduction. 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