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Resumo de Economia Brasileira 1a prova

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Resumo de Economia Brasileira – 1ª Prova 
1. Brasil ao longo do século XX: alguns fatos estilizados 
Gremaud, Economia Brasileira Contemporânea cap. 12 
Etapas do crescimento brasileiro 
Pode-se comparar as fases do crescimento brasileiro por meio do PIB per capita e compará-lo com o 
mundial. Nota-se um crescimento sempre acima da média mundial, porém a diferença retrai-se nas 
últimas duas décadas. Depois de 1980, o PIB per capita brasileiro parou de crescer, e chegou a ter 
uma tendência negativa se comparado com o PIB per capita norte-americano. 
Oscilações e transformações no crescimento brasileiro 
É interessante notar que esse crescimento não foi contínuo ao longo do século. Existiram fases 
marcadas por elevadíssimas taxas de crescimento, como no período do Plano de Metas no final dos 
anos 50 e o período do milagre econômico entre as décadas de 60 e 70; e períodos de forte crise 
como a fase de meados dos anos 60 e início dos anos 80, na chamada crise da dívida externa, e 
também no início dos anos 90 marcado pelo Plano Collor. Mas de modo geral, todo o século é 
marcado por um crescimento muito significativo, embora muito oscilante. As décadas de 80 e 90 
são as que se diferenciam, pois a média de crescimento deste período é significativamente inferior à 
média secular. As décadas do pós guerra marcam o período do Milagre Econômico brasileira, com 
crescimento acelerado, taxa média de crescimento de 7% a.a e picos de 14%a.a. em 1973, auge 
desse período. 
 
Ao longo desse século, houve um intenso processo de urbanização da economia brasileira, 
contraparte do também intenso processo de industrialização. Entre 1930 e 1980, a indústria 
apresentou taxas de crescimento econômico acima da média do país. 
A industrialização é acompanhada por um processo inflacionário. A relativa aceleração dos índices 
inflacionários chegaram ao auge em meados da década de 60, e depois é em parte contida. É nos 
Período População Crescimento econômico Modelo de desenvolvimento
1900-1930
População aberta. Taxas 
relativamente elevadas de cresc. 
pop. em função do processo 
migratório
taxas elevadas mas instáveis economia agroexportadora
1930-1945
população fechada. taxas baixas 
de cresc. pop. (alta mortalidade e 
natalidade)
crescimento mais lento e mais 
instável (crise internacional) deslocamento do centro dinâmico
1945-1980
população fechada. cresc. pop. em 
forte elevação. Risco de explosão 
demográfica
forte crescimento econômico e 
diminuição da instabilidade (essa 
cresce no final do período)
processo de industrialização 
acelerado
1980-2000
População fechada forte. 
diminuição das taxas de 
crescimento populacional. 
Explosão demográfica afastada
desaceleração significativa do 
crescimento econômico com 
aumento da instabilidade
crise da dívida e problemas de 
estabilização.
�1
anos 80 que a inflação dispara, e só é contida em meados dos anos 90 pelo Plano Real. A disparada 
do processo de inflação ocorre conjuntamente com a perda de dinamismo da economia brasileira. 
Aspectos externos da economia brasileira 
No inicio do século, as exportações eram fundamentais na economia brasileira, pois possibilitavam 
as importações que eram a base da estrutura de consumo no Brasil, e o bom desempenho dessas 
exportações ditava o ritmo do crescimento da economia brasileira. 
Depois da década de 30, o Brasil passou por uma forte industrialização que vai até pelo menos a 
década de 70. Essa industrialização se faz, em parte, pelo modelo de substituição de importação. 
Esse modelo dependia ainda, em parte, das exportações, para poder suprir as necessidades da 
industrialização; por outro lado, protegia as indústrias nacionais dos concorrentes externos. 
Essa industrialização não se fez de imediato visando ao mercado internacional. Assim, durante 
quase todo o século, o Brasil tinha uma alta dependência de poucos produtos primários em sua 
pauta de exportação (café, borracha, cacau e algodão). 
Só a partir da década de 40 que a pauta de exportação se diversifica, diminuindo assim a 
vulnerabilidade externa do Brasil em termos de sua balança comercial. Entretanto, enquanto a 
vulnerabilidade das exportações diminui, a questão da divida externa possui uma perspectiva de 
logo prazo diferente. 
Aspectos sociais do crescimento econômico brasileiro 
O lado ruim do crescimento está na distribuição de renda entre as pessoas. O progresso em termos 
de crescimento e mesmo a melhoria dos indicadores sociais não foram acompanhados por um 
progresso na justiça econômica do país. 
Questões 
• Em termos de crescimento econômico, o século XX foi um século perdido? 
• Em termos de desenvolvimento econômico, o século XX foi um século perdido? 
• Reconstrua a tabela, levando em consideração o processo inflacionário do Brasil. 
• Explique a evolução da vulnerabilidade externa brasileira ao longo do século XX. 
�2
2. Economia Agroexportadora 
Gremaud, Economia Brasileira Contemporânea cap. 13 
Os ciclos e a economia agroexportadora 
Desde a época Colonial até a Republica Velha, a economia brasileira dependeu quase que 
exclusivamente do bom desempenho de suas exportações, as quais, restringiram-se a algumas 
poucas commodities agrícolas. Isso, caracterizava o Brasil como uma economia agroexportadora. O 
que variou ao longo do tempo foram os produtos aqui produzidos destinados ao mercado 
internacional: açúcar, café, algodão, borracha… 
A partir desses produtos definiram-se os ciclos da economia brasileira - ciclo do açúcar, ciclo do 
outro, ciclo do café - cada um referindo-se a um período de tempo marcado por um produto 
principal que dava dinâmica ao balanço de pagamentos e nome ao ciclo. 
O bom desempenho da economia brasileira dependia das condições do mercado internacional dos 
produtos exportados, sendo a variável chave, no império e na Republica Velha, o preço 
internacional do café. Assim, as crises internacionais causavam problemas nas exportações 
brasileiras de café, criando serias dificuldades para toda a economia brasileira, dado que 
praticamente todas as outras atividades dentro do país dependiam direta ou indiretamente do 
desempenho do setor exportador cafeeiro. Essa falta de controle das variáveis chave da economia 
explica, em parte, a elevada vulnerabilidade de uma economia agroexportadora. 
Os problemas históricos de distribuição de renda e propriedade ainda podem ser associados à 
estrutura fundiaria concentrada desde o inicio da colonização e às condições do mercado de trabalho 
(escravidão, e dificuldade de incorporação dessa mão de obra ao mercado depois da abolição em 
função de preconceitos e do excesso de oferta no mercado de trabalho). 
Modelo de desenvolvimento voltado para fora 
A estrutura econômica agroexportadora é um modelo de desenvolvimento voltado para fora. Esse 
modelo caracterizou boa parte da América Latina. Esse tipo de desenvolvimento caracterizava-se 
por possuir alto peso relativo do setor externo na estrutura econômica, mas o principal problema era 
o descompasso entre a base produtiva e a estrutura de consumo desses países. 
A pauta de exportação do Brasil era fortemente concentrada em um produto, café, enquanto que a 
pauta de importação era bastante diversificada, contendo muitos produtos manufaturados e 
correspondendo praticamente à estrutura de consumo da economia brasileira. Outro elemento que 
explica a vulnerabilidade desse tipo de economia, já que todo problema na balança de pagamentos 
pode implicar na queda das importações, afetando diretamente as condições de consumo. 
Oscilações de preço na economia 
Entre 1951 e 1908 houve importantes oscilações no preço do café, e houve três ciclos de preços 
completos nesse período. Essas oscilações devem-se, por um lado, às condições de demanda, ou 
seja, os ciclos da economia mundial. Por outro lado,existem as condições de oferta, com a 
�3
incidência de geadas e pragas, reduzindo a oferta, e o investimento em novos cafezais aumentando-
a. 
Em períodos de preços altos, aumento da demanda, são feitos investimentos novos, estes porém, são 
maturados apenas quatro anos depois. Depois desses quatro anos ocorre o aumento da oferta. Esse 
aumento da oferta, se for superior ao crescimento da demanda, pode induzir a uma queda nos 
preços, que continuará enquanto a oferta for maior. Quando os preços começam a cair, a diminuição 
nos investimentos. Mas, apesar dos investimentos diminuírem, a produção continua a se expandir, 
em função dos investimentos anteriores, e assim, os preços continuam a cair. Assim, os preços só 
tendem a aumentar 4 anos depois, quando a reversão dos investimentos se refletirem no mercado. 
Assim, há uma tendência de comportamento cíclico dos preços. 
Outro aspecto é o comportamento tendencial. Como os preços do café foram os preços das 
exportações de países agroexportadores, como o Brasil, e as manufaturas tendem a refletir as 
importações dessas economias, dizem que há uma tendência de deterioração do termos de troca das 1
economias agroexportadoras, já que os preços das suas exportações tenderiam a cair frente aos das 
importações. 
A deterioração dos termos de troca seria explicada em função de duas considerações básicas: uma 
elasticidade-renda da demanda de produtos primários inferior a um, frente a uma elasticidade-renda 
da demanda de produtos manufaturados superior à unidade; e um mercado com características 
oligopolísticas no caso dos produtos manufaturados, frente a um mercado com características 
concorrenciais para os produtos primários. 
Se houvesse efetivamente uma deterioração dos termos de troca, haveria uma tendência de 
crescimento relativamente inferior desse tipo de economia, agroexportadora, frete às outras 
economias mundiais, implicando assim uma perspectiva de menor desenvolvimento ou de 
subdesenvolvimento das nações agroexportadoras. 
 Essa tendência de deterioração dos termos de troca é objeto de controvérsia entre os analistas. Mas, 
historicamente, dada a essa possível tendência, isso fez com que surgisse a defesa do fortalecimento 
do setor industrial brasileiro. 
Políticas de defesa da economia agroexportadora e seus problemas: superprodução e socialização 
das perdas 
Um dos problemas da economia agroexportadora é a oscilação de preços do produto primário 
exportados. De modo geral, pode-se dizer que a lucratividade na atividade cresce e boa parte desse 
lucros é reinvestida no próprio setor, gerando um aumento do volume de emprego dessa economia. 
Esse reinvestimento significa um aumento no número de trabalhadores, mas não em suas 
remunerações, devido a grande oferta de mão-de-obra. 
 Termos de troca: relação entre os preços das exportações e das importações de uma economia1
�4
Por outro lado, quando os preços do café caiam, o inverso ocorria, havia uma queda nos lucros da 
agricultura e uma diminuição dos investimentos. Da mesma forma, não havia uma queda nos 
salários, mas um diminuição no volume de emprego ocupado. 
Nesses momentos, as possibilidades de ação do governo com intuito de proteger foram utilizados 
nos momentos de queda dos preços no mercado internacional: a desvalorização cambial e a política 
de valorização do café. Esse mecanismos eram eficientes no curto prazo para proteger a 
cafeicultura, mas tinha efeitos negativos no longo prazo e sobre outros setores que compunham a 
sociedade da época. 
Desvalorização cambial 
Esse mecanismo poderia ser usado para proteger, em moeda nacional, os lucros do setor cafeeiro 
quando da queda dos preços. Ao manter a renda dos cafeicultores, a desvalorização acabava 
também por sustentar o nível de emprego da economia, evitando que as quedas no mercado 
internacional gerasse desemprego na economia brasileira. 
Mas esse mecanismo gerava 2 problemas: ela escondia os sinais dados pelo mercado, ou seja, 
deixava de sinalizar o excesso de oferta, indicando a necessidade de reversão nos investimentos, 
isso acarretava a continuidade futura do excesso de oferta e a provável continuidade do processo de 
queda dos preços do café, o que resultou no acirramento a tendência de superprodução do café; por 
outro lado, encarecia-se todos os produtos importados, e esses constituíam a base de consumo, 
assim, a desvalorização cambial tinha um efeito inflacionário que atingia quase toda a sociedade da 
época, esse fenômeno foi chamada de socialização das perdas, já que as perdas se espalhavam por 
toda a sociedade ao invés de ficarem restritas ao setor cafeeiro. 
Política de valorização do café 
Essa política consistia na retenção de parte da oferta de café na forma de estoques, assim, os preços 
poderiam se recuperar, ou ao menos parar de cair. O problema era o que fazer com os estoques e 
como financiar a estocagem. O financiamento foi resolvido por meio de financiamento externo. 
A ideia da estocagem era que esses estoques fossem utilizados no período de entressafra, que era 
quando a oferta diminuía, e assim os preços aumentavam. Entretanto, não havia propriamente uma 
oscilação nos preços entre a safra e a entressafra de café. Efetivamente, ocorreram momentos de 
reversão na produção de café, e nos primeiros planos, houve períodos posteriores à estocagem em 
que o café estocado pôde ser vendido. Porém, essa reversão na oferta mostrava-se cada vez mais 
difícil à medida que os planos sucediam-se. 
Problemas: essa política também acentuava a tendência à superprodução, pois também escondia os 
sinais do mercado, pois os produtores acabavam por receber preços pelo café acima daqueles que 
seriam fixados normalmente pelo mercado. O problema no mercado ainda era agravado pelo fato de 
outros países também serem indiretamente incentivados a plantar café, dada a elevada remuneração 
recebida, pois os preços eram sustentados pela política do governo brasileiro. Assim, a política 
contribuía para forjar um aumento da concorrência internacional no mercado cafeeiro. 
�5
Superprodução e crise da economia cafeeira em 1930 
Dadas as elevadas condições de rentabilidade da economia cafeeira, especialmente em épocas em 
que não há crise internacional, os recursos existentes no país acabam convergindo para essa 
atividade. Essa convergência de recursos é a base para a chamada superprodução que se configurou 
como uma tendência nos últimos anos da Republica Velha. A superprodução ainda era reforçada 
pelas políticas de defesa da economia, e as condições no mercado internacional tendiam a tornar-se 
mais problemáticas à medida que as plantações do produto no Brasil se expandiam. 
Em 1930, dois problemas conjugaram-se, a produção nacional era enorme, e a economia mundial 
entrou numa das maiores crises de sua história. Os preços caíram drasticamente, o que obrigou o 
governo a intervir fortemente, comprando e estocando café e desvalorizando o cambio, com o 
objetivo de proteger o setor cafeeiro e sustentar o nível de emprego e renda dessa economia. Mas 
essa situação era insustentável. O governo foi obrigado a queimar boa parte de seus estoques 
durante as décadas de 30 e 40. 
A crise de 30 foi um momento de ruptura no desenvolvimento econômico brasileiro, e a fragilização 
do modelo agroexportador trouxe à tona a consciência sobre a necessidade da industrialização como 
forma de superar os constrangimentos internos e o subdesenvolvimento. A partir desse momento, a 
industrialização passou a ser a meta prioritária. 
Para isso, foi necessário um rompimento com o Estado oligárquico e descentralização da República 
Velha e que houvesse centralização do poder e dos instrumentos de política econômica do governo 
federal. Da revolução de 30, decorreu o fortalecimento do Estado Nacional e a ascensão renovas 
classes econômicas no poder, permitindo priorizar a meta da industrialização,como um projeto 
nacional de desenvolvimento. 
Irradiação do setor exportador e inicio da industrialização brasileira. 
A urbanização e a industrialização do país tiveram parte de sua origem na irradiação do setor 
cafeeiro. Antes de 1930, as industrias existentes eram parte da economia cafeeira. 
Teoria dos choques adversos: a industria surgiu no Brasil como respostas a dificuldade de importar 
produtos industriais em determinados períodos. Nesses momentos, em que se diminuía o valor das 
exportações, havia dificuldades no balanço de pagamentos, o que levava o governo a adotar 
medidas protecionistas, que favorecia a industria de seus concorrentes externos e aumentava sua 
rentabilidade. Assim, passava-se a produzir mais internamente, com vistas a suprir a falta de 
importações. Em contrapartida, quando não havia crise no setor cafeeiro, as condições de produção 
eram dificultadas pela facilidade de importação de produtos. 
Teoria da industrialização induzida por exportações: a industria crescia justamente nos momentos 
de expansão da economia cafeeira. Nesses momentos, ocorria a expansão da renda e do mercado 
consumidor, por meio do aumento da massa salarial. Esses elementos eram condição fundamental 
para a demanda por produtos industriais. Por outro lado, as divisas geradas pelo bom desempenho 
das exportação eram necessárias à importação de maquinas, fundamentais para os investimentos no 
setor industrial. 
�6
Com essas duas teorias, conclui-se que o investimento industrial ocorreu nas fases de expansão do 
setor agroexportador, quando havia divisas para comprar máquinas. Já a ocupação da capacidade 
instalada, o aumento da produção, dava-se nos momentos de crise do setor, quando havia 
dificuldade de importação de bens de consumo e se permitia que a produção nacional se tornasse 
competitiva. 
A origem do capital industrial foi o vazamento do capital cafeeiro, e ele as industrias surgiram, em 
parte, para atender às necessidades da economia cafeeira. 
Em termos setoriais, nessa fase inicial, destacavam-se a produção de bens de consumo leve (têxteis, 
alimentos e bebidas). Os demais ramos eram setores acessórios aos principais setores. 
–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 
Café e o Crescimento da Indústria durante a Primeira Republica (1889-1930) 
Gremaud, Formação econômica do Brasil – 2.2 a 2.5 
A economia brasileira na primeira república: a agricultura de exportação e a produção 
primaria para o mercado interno 
A economia cafeeira (1889-1930) 
A. DESENVOLVIMENTO E CRISE 
São Paulo foi beneficiada com o grande fluxo de imigrantes europeus, em grande parte destinados à 
lavoura cafeeira. Essa oferta de mão-de-obra relativamente ampla constituída, portanto, importante 
estimulo para a expansão das fazendas de café no interior paulista. Houve uma expansão de credito 
a partir da reforma bancaria aprovada no fim do Império, mas implantada no começo da republica 
que forneceu recursos relativamente fáceis para a formação de novos cafezais. O mesmo efeito teve 
a expansão ferroviária. 
De 1885 a 1890 o preço internacional do café cresceu rapidamente, aumentando também o valor 
total das exportações de café do Brasil. Essa elevação se refletiu integralmente nos preços internos, 
pois foi amortecida pela valorização da moeda nacional. A própria receita de divisas propiciadas 
pelo crescente valos das exportações somada aos recursos advindos de empréstimos externos havia 
criado uma situação extremamente favorável no mercado cambial. 
Essa situação se inverteu nos anos 90. Os preços internacionais manifestaram tendência a declinar, 
em especial depois de 1893 (crise nos EUA). No entanto, os preços internos continuaram a elevar-
se em função da acentuada desvalorização da moeda brasileira ao longo da década. 
Essa desvalorização decorreu de um conjunto de fatores: aumento do meio circulante em função da 
política monetária implementada na República, saldos comerciais reduzidos em vários anos e 
limitado volume de empréstimos externos, provocando acentuado declínio do valor da moeda 
nacional. 
Como resultado havia uma clara divergência nos números de preços externos e internos. Em 1894 
os preços internacionais haviam caído cerca de 10% (1889) e os preços internos haviam quase 
�7
triplicado sem que houvesse uma inflação (ou aumento dos custos) correspondente. Ou seja, os 
preços internos davam um estimulo ao setor cafeeiro que a situação do mercado internacional já não 
sustentava. 
Na segunda metade dos anos 90 começaram a chegar aos mercados os produtos das fazendas que se 
estipularam em 1890, que encontraram o mercado enfraquecido. Seus efeitos se agravaram a partir 
de 1898 quando o governo de Campos Sales alterou radicalmente a política monetária e fiscal do 
Brasil. 
Em 1906, diante da previsão de safra altamente elevada, se tornou claro o diagnóstico da 
superprodução de café. A entrada da safra brasileira em meados deste ano iria provocar o declínio 
abrupto do preço do café e o agravamento da crise já em curso. 
Diante dessa perspectiva, os Governadores dos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas gerias 
consideraram necessária uma intervenção no mercado cafeeiro a fim de evitar o aprofundamento da 
crise. Essa intervenção, estabelecida pelo chamado convênio de Taubaté, implicava as seguintes 
ações: 
1. Compra do excedente da safra de café pelo (s) governo (s) 
2. Obtenção de empréstimos externos para gerar os recursos para a compra do excedente 
3. Cobrança de um imposto, em ouro, sobre cada saca de café exportada a fim de captar 
recursos para o serviço da dívida externa incorrida para a compra do excedente 
4. Proibição de novas plantações de café naqueles Estados 
5. Para evitar a valorização da moera (devido a entrada de volumosos empréstimos externos), 
seria estabelecida a Caixa de Conversão, que seria um órgão emissor de moedas com base 
no lastro de divisas representado pelos capitais externos que entravam no país. (Sob a forma 
de empréstimos ou de investimento direto). Esta emissão (e a conversão do papel-moeda 
emitido em divisas) se faria a uma taxa fixa de cambio, impedindo assim a valorização da 
moeda nacional (e, consequentemente, a perda de receita do produtor de café). 
No ano seguinte o Governo Federal assumiu o programa de valorização de café. Desde esse 
momento e até 1929, embora sob diferentes formas, realizou-se algum tipo de defesa da produção 
cafeeira. Havia, porém, uma inconsistência fundamental na manutenção, por longo prazo, desses 
esquemas de valorização do café. 
A economia agroexportadora tem uma tendência a superprodução e também a reinvestir os lucros da 
atividade em sua própria expansão em face das limitadas alternativas de investimento nessa 
economia. Isso acontece mesmo quando os preços internacionais mostram traços de 
enfraquecimento, e como o aumento da procura de café cresce apenas vegetativamente (com o 
aumento da população e não de sua renda), o crescimento da produção tende a superar o da 
demanda, conduzindo a crise da superprodução. 
A manutenção de um programa de defesa do café por longo prazo agravava essa tendência. A 
proibição a novas implantações de café era de difícil implementação: desse modo, nos anos 20, 
�8
percebe-se a enorme ampliação da oferta brasileira, preparando assim a grande crise cafeeira de 
1929. Por outro lado, mesmo que essa proibição fosse eficaz no brasil, ela não podia ser estendida 
aos outros países produtores de café, o que reforçava a tendência a superprodução no mercado 
mundial. Como resultado, o problema da superprodução tendia a tornar-se estrutural, embora seu 
efeito ficasse oculto, pois a valorização do café impedia o declínio dos preços. 
A quebra da bolsa de NY iniciava longo período de crise econômica norte americana e mundial com 
dois efeitos perversos paraa economia cafeeira: de um lado, o impacto negativo sobre a demanda 
expresso pela abrupta redução dos preços internacionais do produto; de outro, a imediata retração 
dos mercados financeiros internacionais que dificultava a obtenção de empréstimos externos para a 
compra dos excedentes de café. A crise de 1929, portanto, precipitou a destruição do programa de 
defesa do café e o fechamento da caixa de estabilização e, em certo sentido, a própria revolução de 
1930 que encerrou o período conhecido como a Primeira República. 
B. DIVERSIFICAÇÃO DA ATIVIDADE NA ECONOMIA CAFEEIRA: A URBANIZAÇÃO 
A sociedade não era estritamente rural. A economia cafeeira gerou ampla diversificação da atividade 
economia (antes mesmo do desenvolvimento da indústria) de modo a estimular a expansão das 
cidades. 
A primeira atividade induzida pela expansão do café foi, evidentemente, a comercial. A atividade 
comercial logo se associou a financeira. Bancos estrangeiros também se acomodaram no brasil, 
principalmente na região do porto de santos. 
A diversificação da economia ampliou-se com a construção das estradas de ferro. Formaram-se 
então empresas nacionais que ocuparam progressivamente o interior paulista. A maior parte dessas 
empresas nacionais formou-se com capitais nacionais, originários da atividade rural ou do comercio 
e teve algum impacto sobre o processo de urbanização. Suas sedes e oficinas localizaram-se em 
núcleos urbanos criando novos empregos e estimulando a economia dessas cidades. São Paulo foi 
beneficiada pelo surto ferroviário, pois muitos fazendeiros foram viver na capital. Em consequência 
disso, houve certo adensamento econômico da capital que passou também a centralizar os principais 
negócios. Também no nos últimos anos do século XIX, instalaram-se algumas indústrias de grande 
porte. 
Então, a economia cafeeira não se restringiu à atividade rural e ao comercio do produto de 
exportação. Gerou o “complexo econômico” ou “complexo cafeeiro” – um conjunto de atividades 
relativamente integradas e que sustentam, em especial, o acelerado processo de urbanização da 
capital do Estado. Paralelamente, outros núcleos urbanos reproduziram, em menos dimensão, o 
processo da urbanização da capital. 
Por outro lado, exceto pela presença do capital estrangeiro, não há “especialização” dos capitais 
investidos em cada atividade. Em geral, foram grandes fazendeiros e/ou comerciantes de café que 
constituíram as empresas ferroviárias nacionais como seus acionistas e diretores. O mesmo se pode 
dizer dos bancos, do grande comercio de importação, das grandes casas comissárias e das empresas 
de serviços urbanos. Mesmo algumas industrias tiveram origem semelhante. Nesse sentido, parece 
�9
razoável caracterizar um “capital cafeeiro” que seria, a um tempo, agrário, comercial, industrial, 
bancário. Parece razoável afirmar que a “face urbana” do capital cafeeiro tende a fortalecer-se ao 
longo do tempo, diante da atividade puramente agrária. 
As exportações continuavam a ser o determinante do nível do produto, renda e emprego uma vez 
que os demais setores se veem, em grande medida, influenciados pelo que ocorre no setor 
exportador. Trata-se, no entanto, de importante desdobramento da economia cafeeira que tem papel 
relevante nas transformações posteriores rumo à industrialização. 
C. AS RELAÇÕES DE TRABALHO NA ECONOMIA CAFEEIRA 
A substituição do trabalho escravo pelo trabalho livre constitui um dos marcos fundamentais da 
história econômica do Brasil. A massa de salários dos trabalhadores das fazendas de café teria sido 
o núcleo do mercado interno – “consumidores”. 
O trabalho propriamente assalariado não se implantou na agricultura brasileira, como forma típica 
de trabalho, após o fim da escravidão. Além do colonato, a área cafeeira, predominaram formas de 
parceria ou de clara dependência entre proprietário e trabalhador. 
Os fluxos migratórios se modificaram nas primeiras décadas do século XX. Redução da imigração 
subvencionada e aumento da imigração espontânea que, com frequência, busca os centros urbanos e 
não o trabalho agrícola; intenso fluxo de saída de imigrantes em certos períodos; aumento das 
migrações internas para São Paulo a partir de 1920, fazendo com que nos anos 30 essa fonte de 
mão-de-obra já fosse maior do que a imigração. 
A heterogeneidade nacional dos novos trabalhadores rurais provavelmente dificultava qualquer tipo 
de ação coletiva dos trabalhadores. Evidentemente, essa heterogeneidade permitia que o 
proprietário rural impusesse uma situação de relativa dependência social ao trabalhador, mesmo 
quando se preservava algum tipo de remuneração monetária. 
Produção primária para exportação e para o mercado interno 
A economia brasileira da Primeira Republica não se restringe, mesmo no plano da exportação, ao 
café. Haviam demais atividades primárias que, com peso maior ou menor na economia nacional, 
sustentavam economias regionais. 
A atividade de exportação, grosso modo, permite caracterizar as principais economias regionais do 
país. Os dados mostram a preponderância do café como produto de exportação (exceto na IGM). 
Igualmente importante ao nível macroeconômico foi a exportação de borracha até o período da 
IGM. O açúcar adquiriu, ao longo da Primeira República um novo caráter. Houve momentos em 
que as exportações de açúcar reassumiram, ao menos em parte, sua antiga expressão. Isso se deu na 
primeira década da republica; e também durante a IGM e anos subsequentes pela demanda dos 
países em guerra e pela desorganização da produção europeia de açúcar e beterraba. O brasil se 
tornara um fornecedor marginal no mercado internacional de açúcar, seja pela expansão e pelos 
incentivos dados ao açúcar e beterraba na Europa, seja porque vários países europeus e os EUA 
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estabeleciam tratamento preferencial ao açúcar proveniente de suas áreas coloniais ou de áreas nas 
quais mantinham interesses especiais. 
Paralelamente, verificou-se significativa expansão da demanda interna por açúcar, resultante tanto 
da imigração acelerada nas décadas inicias da Republica e também da urbanização acelerada em 
algumas regiões do país. 
O cacau e o fumo na Bahia e o mate no paraná e Matogrosso mantiveram-se com participações 
reduzidas, mas constante na pauta de exportações brasileira. O algodão, produzido principalmente 
no interior de estados do Nordeste manteve participação modesta no montante das exportações, mas 
já encontrava crescente possibilidade de escoamento no mercado interno como matéria-prima para o 
setor têxtil. Esse fato pode ser percebido ao se comparar o valor das exportações de algodão com o 
calor de sua produção nos anos 20. Sua organização não fugiu aos padrões gerias da agricultura 
brasileira em que predominavam formas de trabalho não tipicamente assalariadas. 
O último item especifico das exportações são os couros e peles. A pecuária responde por essas 
exportações e especialmente no Nordeste apresenta relações de trabalho em que a remuneração 
monetária é quase inexistente. O principal responsável por essas exportações é o Rio Grande do Sul 
cuja economia apresentou solida articulação com o mercado interno. Entre os produtos derivados da 
pecuária, o charque era o mais importante. Entre os produtos agrícolas, o mais importante era o 
arroz. Além dessas atividades, no RS também se consolidou um importante setor de pequenas 
propriedades a partir da colonização oficial. Estas condições estão associadas a outras 
peculiaridades da economia gaúcha, como a forma de desenvolvimento industrial a dimensão do 
sistema bancário 
A mesma tendência a produção para o mercado interno se verificou na agricultura paulista. Ao lado 
da exportação do café, o produto paulista passava a dirigir para o mercado interno do próprio estado 
de São Paulo ou de outras regiões uma série de produtos alimentares. 
Esta caracterização da produçãoprimaria na Primeira República – que buscou ressaltar a 
diversidade da produção exportável e a expansão da produção para o mercado interno – não deve, 
no entanto, fazer-nos esquecer o papel preponderante do café na dinâmica da economia brasileira 
desse período. 
A Economia Brasileira na Primeira República: o Café e o Desenvolvimento da Indústria 
A expansão cafeeira e condições para a industrialização 
A partir dos anos 40 do século XIX, verificou-se o surgimento de estabelecimentos fabris em várias 
províncias brasileiras. O número crescente de fabricas de tecidos registradas no país a indicar que 
não se tratava de um fenômeno isolado; de outro, sua localização, de início concentrada na Bahia, 
passando depois para Rio de janeiro, Minas Gerais e São Paulo. 
Fabricas de outros ramos produtivos também se instalaram no Brasil nessa mesma época, em 
especial chapéus, cerveja e algumas fundições. A agroindústria do açúcar modernizou-se a partir 
dos anos 70 (usinas), ao passo que outros ramos mantinham uma estrutura tipicamente artesanal. 
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Esses exemplos de fabricas mostram o âmbito limitado no desenvolvimento da indústria dessa 
época, o que é atribuído ao caráter escravagista da economia brasileira durante a época imperial que 
determinava um mercado de consumo restrito, limites à implementação de novas técnicas e 
reduzida acumulação de capital. 
Há na expansão cafeeira as condições para o desenvolvimento industrial mais sistemático. A 
transição do trabalho escravo para o trabalho livre do imigrante europeu respondeu por algumas das 
mais importantes condições para a industrialização. O surgimento de uma massa de salários, 
impondo a rápida monetização da economia, contra as condições que estimulavam a produção de 
manufaturados para o mercado interno. O fim do escravismo propiciara o surgimento de uma massa 
salarial a ser despendida no mercado e a presença do imigrante trouxera padrões de consumo 
diferentes daqueles característicos da sociedade escravista. 
Os cafeicultores também investiram em estradas de ferro, bancos e empresas comerciais, fazendo 
com que os lucros da atividade agrícola fossem mantidos dentro da economia cadeira e se 
dirigissem crescentemente ao meio urbano. 
A introdução do trabalhador livre assalariado teria conduzido a novas condições econômicas de 
produção: racionalização da produção, fim da autarquia das fazendas, diversificação do 
investimento, “urbanização” dos fazendeiros etc. em suma, estavam definidas duas classes sociais 
fundamentais do capitalismo (empresários capitalistas e trabalhadores destituídos dos meios de 
produção), generalizava-se a economia mercantil, ampliava-se a divisão social do trabalho. 
O crescimento do comercio mundial e a exportação de capitais aparecem como condições externas 
para o desenvolvimento de países como o Brasil do século XIX, também estabeleceram condições 
gerais em que a substituição do trabalho escravo pelo trabalho livre pudesse ser efetivada. 
Expansão do capital comercial nacional, trabalho assalariado, estradas de ferro, mecanização do 
beneficiamento do café, bancos, urbanização são características que lançam as bases para a 
industrialização. A industrialização deve ser vista como fruto de um processo que envolve as 
relações sociais capitalistas e que pressupõe expansão do mercado, divisão do trabalho, acumulação 
de capital. 
Características da indústria na primeira república 
Não se observou, no Brasil, a sequência artesanato-manufatura-indústria. Por ser um processo 
atrasado de industrialização foi possível pular etapas, ingressando num estagio técnico semelhante 
ao dos países mais adiantados, fato expresso pelo predomínio das grandes empresas industriais, já 
mecanizadas, no conjunto da indústria brasileira. 
Ao lado da especulação de um momento já relativamente avançado da indústria, teria havido 
alguma capitalização de empresas industriais aproveitando a abundância de credito e as facilidades 
para a formação de sociedades por ações. Desse modo, empresas de pequeno porte teriam sido 
capazes de ampliar substancialmente sua escala de produção pelo aporte de capitais de terceiros. 
Mesmo que a pequena empresa tenha tido alguma importância na fase inicial, logo se passa para a 
grande indústria, reafirmando, assim, essa característica de industrialização retardatária. 
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Outro elemento típico da industrialização brasileira é a estrutura setorial que prevalece em suas 
fases iniciais. Assim como não se reproduziu a evolução do artesanato à manufatura e desta à 
grande indústria mecanizada, também não se verificou o desenvolvimento simultâneo da produção 
de bens de consumo e bens de produção. Desse mono, o predomínio dos ramos produtores de bens 
de consumo é uma característica da indústria brasileira na Primeira Republica. 
Além das tradicionais indústrias de bens de consumo, na década de 20 já havia um parque industrial 
razoavelmente diversificado e integrado, em particular com o surgimento ou a expansão de 
indústrias de bens intermediários e de bens de produção. 
Outra característica da indústria à época diz respeito a origem dos capitais nela investidos e dos 
empresários que a levam à frente. A matriz econômica da indústria foi o comercio de importação: 
como o mercado da economia cafeeira era suprido por manufaturados estrangeiros, o importador 
tinha grandes vantagens na hipótese de estabelecimento de indústrias. Ele conhecia o mercado 
consumidor de modo preciso, tinha o controle do custo dos importados e acesso fácil aos bens de 
capital e matérias-primas importadas necessárias ao inicio da produção industrial. Portanto, 
ninguém melhor que o importador para avaliar a oportunidade de investir em uma fabrica no brasil. 
Além disso, também podia obter credito para o investimento industrial. Quanto às origens sociais 
do empresário industrial há duas vertentes: o fazendeiro de café e o imigrante. 
A contrapartida do crescimento da indústria foi a formação de numeroso operariado urbano. A 
maior parte desses operários concentrava-se em empresas de grande porte, o que facilitava sua 
mobilização. O crescimento das migrações internas a partir de 1920 tendeu também a modificar a 
natureza do movimento social. O “populismo”, que caracteriza as relações entre Estado e 
operariado depois de 1930, esta associado a essa nova composição da força de trabalho urbana já 
insinuada nos anos 20 e que se firma até a década seguinte. 
Crescimento Industrial na economia exportadora 
Na fase inicial de expansão do café, os lucros crescem rapidamente e não há reinvestimento total 
dos lucros em novas plantações. Nessa fase, mesmo que a rentabilidade da indústria seja inferior à 
do café, o investimento industrial torna-se possível pelo “excedente” de capitais numa situação de 
abundancia de divisas que torna barato as importações de bens de capital. Com o estimulo dos 
preços elevados do café, inicia-se um segundo momento da fase de expansão em que a acumulação 
cafeeira demanda mais recursos do que os gerados pelos lucros cafeeiros. Estes deixam, portanto de 
alimentar o investimento industrial e podem levar mesmo ao declínio da produção industrial: se os 
recursos para o café forem obtidos no exterior, a concorrência externa se acirra, levando a indústria 
a um momento de crise. Portanto, na fase de expansão cafeeira define-se um primeiro momento de 
expansão industrial e um segundo de crise da indústria. 
A reação da indústria à crise acontece sob a forma de concentração e centralização do capital 
industrial: embora no conjunto a indústria não cresça, as empresas mais fortes podem ampliar sua 
capacidade produtiva e mesmo modernizar-se. Mas em seguida sobrevém a crise cafeeira em que a 
queda dos preços dos produtos é fruto da super-acumulação efetivada anteriormente. O declínio da 
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rentabilidade exportadora é imediato e afeta, a seguir, a do setor industrialpelo impacto que tem 
sobre a sua demanda. No entanto, a redução da capacidade de importar, decorrente da crise das 
exportações, acaba por defender a rentabilidade da indústria, que volta a crescer, ocupando 
progressivamente a capacidade ociosa. Desse modo, também na fase de declínio das exportações 
observa-se um momento de crise da indústria e outro de crescimento da sua produção. 
A política econômica durante a Primeira República 
Além da liderança da cafeicultura paulista e mineira, existem outros grupos de pressão com força 
política variada que também atuam defendendo seus próprios interesses, os quais, muitas vezes, se 
contrapõem aos da cafeicultura: 
a) Os “interesses nacionais” – principalmente banqueiros que operam com o governo 
brasileiro, investidores no mercado financeiro internacional, comerciantes e corporações 
diplomáticas. 
b) Os demais grupos oligárquicos regionais do país, como aqueles associados ao açúcar do 
Nordeste e RJ, pecuária no sul, borracha no norte, etc. 
c) Interesses não oligárquicos – classes urbanas, envolvendo funcionários públicos, 
profissionais liberais, comerciantes, industriais, operários, etc. 
A politica de defesa do café foi favorável aos interesses da cafeicultura, mas não apenas da lavoura 
cafeeira, porém, houve fortes resistências com relação à adoção dessa política, resistência que se 
encontra, em parte, no próprio governo federal. Quanto à politica monetária/cambial, havia muita 
alternância entre as taxas fixas e flexíveis. Mesmo durante os períodos de taxa flexível, a política 
monetária também sofria variação, podendo ser considerada heterodoxa no inicio da republica, 
passando por uma ferrenha ortodoxia no final do século XIX. Estas inflexões decorrem da 
combinação de fatores externos e internos. 
Alternância nas políticas monetária e cambial 
As oscilações seguem, grosso modo, uma sequencia, que podem ser observadas, primeiro, entre o 
inicio da República e a IGM, e a outra pós IGM até a crise de 1930. 
A sequencia se inicia com uma política monetária não ortodoxa (começo da republica e pós-IGM) 
em um regime de cambio flexível, com uma situação externa relativamente favorável; essa situação, 
não obstante algum crescimento econômico, reverte em uma situação de desequilíbrio interno e 
externo. Esta nova situação (final da década de 90 e meados dos anos 20) é enfrentada por meio de 
um acerto com os credores internacionais e com a reversão da politica monetária interna (que se 
torna bastante ortodoxa), ainda dentro de um regime de cambio flexível, que agora passa a se 
valorizar. 
Além das melhoras externas, surgem restrições internas. A superação destas restrições, dentro de um 
ambiente externo relativamente favorável, leva a substituição do regime cambial, adotando-se as 
regras do padrão ouro (politica de cambio fixo com uma politica monetária passiva), o que 
possibilita que a politica monetária se torne mais flexível em função da situação externa favorável e 
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configura-se na nova fase de crescimento econômico. Esta fase se mantem enquanto as condições 
externas são favoráveis; com a reversão dessas condições, a politica monetária se torna 
contracionista e quando a situação atinge grandes proporções (IGM e crise de 30), abandona-se o 
cambio fixo e volta-se a um regime de cambio flexível. 
A Lei Bancária de 1890 possibilitou forte expansão monetária, com base nas emissões 
inconversíveis feitas a partir de 3 órgaos emissores (bancos) e lastreadas em títulos públicos. Foi 
fortemente criticada, mas haviam fortes demandas para ela. A principal explicação é decorrente da 
ampliação do trabalho assalariado na economia brasileira. O crescimento do trabalho assalariado 
elevou a necessidade de moeda para transação nessa economia, ampliando as já existentes crises de 
liquidez. Ampliavam-se as pressões pela flexibilização da politica monetária e por reformas no 
sistema financeiro tido como inelástico. O próprio crescimento econômico também pressionava por 
novas instituições monetárias no país. 
Tal medida deu alivio de crédito para a cafeicultura, além da possibilidade de incorporação de 
novos cafezais e também tinha como objetivo a expansão de outros setores econômicos. Houve a 
facilitação da criação de empresas, especialmente de sociedades anônimas (SA’s). a facilidade 
creditícia e a de criar novas empresas explicam o “encilhamento” (movimento de especulação 
bursátil, ocorrido na Bolsa de Valores do RJ no inicio dos anos 90. Criavam-se empresas com 
facilidade lançando ações na bolsa; dada a possibilidade da obtenção de crédito fácil, estas eram 
adquiridas e se valorizavam, atraindo novos investidores e novas empresas, formando uma bolha 
especulativa, que envolvia boa parte da burguesia financeira carioca e mesmo pessoas que até então 
nada tinham a ver com ela. Muitas das empresas surgidas eram fictícias, sendo criadas apenas para 
obter lucros especulativos. Em determinado momento, o mercado notou que o castelo de cartas 
montado tinha bases frágeis, e quando isso ocorreu, ele acabou ruindo. Porem, nesse período, um 
numero substancial de empresas não fictícias foi criado, então, pode-se considerar o período de 
crescimento econômico. 
Externamente, o cambio se havia mantido estável até 1891, quando sofreu uma desvalorização que 
se estendeu pelos anos subsequentes. Alguns atribuem a desvalorização à expansão monetária e ao 
descontrole das contas publicas do período, sendo a desvalorização a contrapartida da inflação 
interna. Outros acreditam que a desvalorização ocorreu devido a fatores externos. a situação do 
balanço de pagamentos que era estável ate o inicio da republica, sofre reverso com a saída de capital 
do pais, que se fez em função da retração do mercado financeiro internacional por conta da crise 
que enfrentava a argentina, além da má apreciação da politica econômica brasileira nesse mercado. 
Também influi na crise do balanço de pagamentos a deterioração na balança comercial, dado o 
crescimento das importações e a relativa queda das exportações entre 1990 e 1991. 
A desvalorização de cambio agravou os problemas fiscais do governo já comprometidos em função 
dos gastos militares incorridos com a pacificação de revoltas e com os compromissos para a 
consolidação da Republica. O impacto da desvalorização do cambio sobre as contas do governo é o 
de aumentar os gastos, dado o crescimento da divida externa e de seus pagamentos em moeda 
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nacional, e diminuir as receitas com a queda das importações, já que a base da arrecadação do 
governo eram os impostos sobre a importação. 
Essa desvalorização tem efeito positivo sobre as cotações do café em moeda nacional, mas tem 
efeito perverso sobre os demandantes de mercadoria importada, configurando o quando de 
“socialização das perdas”. 
A situação externa se complicou a partir de 1895 com a contínua queda de preços do café no 
mercado externo que não era compensada pelo aumento da quantidade vendida, de modo que a 
receita decorrente da exportação de café se reduziu. Dada a pequena queda das importações, o 
pagamento da divida externa tornou-se cada vez mais complicado, forçando o governo brasileiro a 
procurar um acordo com os banqueiros, o Funding-loan. O brasil deixaria de pagar os juros da 
divida externa por três anos e adiaria as amortizações por 13 anos. Em contrapartida, os rumos da 
politica econômica interna seriam alterados, passando a ser fortemente contracionista. 
As taxas de cambio também passaram a sofrer um processo de valorização nos anos subsequentes, 
dado que o regime ainda era de taxas flexíveis de cambio. Por um lado, atribui-se a reversão ao 
enxugamento monetário, por outro, outros veem os fatores externos como determinantes a reversão 
da situação do balanço de pagamento. Esta se deve tanto à expansão das exportações, como ao 
alivio decorrente do adiamento no pagamento das obrigações externas.Também é enfatizada a 
reversão da visão do mercado financeiro internacional em relação à política econômica brasileira, o 
que facilitou a entrada autônoma de capitais no Brasil. 
Internamente, a politica deflacionista teve como primeiro efeito uma forte crise bancaria e, no 
médio prazo, as taxas de crescimento econômico retraíram-se, configurando um quadro recessivo os 
preços internacionais do café continuaram em queda. Internamente, a valorização magnifica tais 
efeitos, causando importantes prejuízos a cafeicultura. As dificuldades se aumentaram com a safra 
de 1905 que era bastante grande e previa-se uma queda ainda maior nos preços do café. Por outro 
lado, havia dificuldade em se convencer o governo federal a alterar sua politica econômica, 
revertendo a valorização cambial e ampliando a concessão de credito. 
A solução encontrada (1906) foi a politica de valorização do café com o intuito de evitar maiores 
quedas no preço internacional do café, juntamente com a “Caixa de Conversão”. Por meio desta 
ultima o cambio foi estabilizado, alterando o regime cambial que passou a ser de taxas de cambio 
fixas. O governo garante a conversão da divisa em mil-réis a uma taxa fixa de câmbio; desse modo, 
a politica monetária passou a depender da situação do balanço de pagamentos. Quando há mais 
entrada do que saída de divisas, expande-se o crédito interno, sem efeitos sobre a taxa de cambio. 
A expansão monetária, decorrente da situação positiva do balanço de pagamentos, juntamente com 
a manutenção de boas condições para a cafeicultura, garantiram uma fase de crescimento 
econômico. Nesse período também houve um expressivo ingresso de capital externo na economia 
brasileira. Esta situação se sustentou até a IGM, quando se reverteram as boas condições externas 
da economia brasileira. Com a manutenção da caixa de conversão, a politica monetária se tornou 
contracionista, gerando crise de liquidez e recessão na economia brasileira. O agravamento das 
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condições externas, porém, levou ao abandono da caixa de conversão, retornando a um regime de 
taxas cambiais flexíveis. 
Com o fim da caixa de conversão desvalorizou-se o cambio. A situação fiscal do governo se 
deteriorou, devido a isso e a queda das importações, obrigando um novo acordo com os credores 
internacionais e o recurso a emissões de moeda inconversível. Estas, juntamente com a 
desvalorização cambial, provocaram a aceleração da inflação que é sentida pelas classes urbanas, 
estando por trás da greve de 1917. A cafeicultura também sofreu impactos negativos, dada a 
retração da demanda eterna, sendo necessária a adoção de um segundo plano de defesa do café. Por 
outro lado, a guerra e o cambio protegiam os produtos nacionais destinados ao mercado doméstico. 
Após a guerra, repetiu-se, grosso modo, a mesma sequencia das primeiras décadas republicanas. 
Logo após a guerra, houve rápida recuperação econômica em função da elevação dos preços de 
exportação. O crescimento das exportações viabilizou o crescimento das importações atendendo às 
demandas reprimidas no período da guerra. A situação externa, porém, foi revertida rapidamente no 
início da década de 20, conduzindo a um novo colapso cambial e consequente desvalorização, que 
deteriorou ainda mais as contas publicas. Em 1924, ao mesmo tempo que novos acordos com os 
banqueiros externos foram negociados, a politica monetária, depois de um período de relativa 
flexibilidade, voltou a ser contracionista, acarretando novo choque recessivo. 
Em 1926, dadas as pressões internas para reverter a política monetárias e a recuperação na situação 
externa, voltou-se a adotar um regime de cambio fixo, por meio da caixa de estabilização. Houve 
uma nova fase do crescimento econômico até 1929, quando a situação externa se deteriorou em 
função da elevação das importações e do estancamento da entrada de capitais. Imediatamente 
reverte-se a politica iniciando um período recessivo. Com a crise de 29/30 o governo teve que 
romper com a caixa de estabilização. 
Intervenção no mercado de café 
A expansão das plantações de café se dever por um lado, ao maior dinamismo da imigração e à 
expansão das estradas de ferro. Por outro lado, a facilidade creditícia do início da Republica e os 
incentivos decorrentes da desvalorização cambial também tiveram forte influencia nessa expansão. 
No inicio do século XX já havia a percepção de que o mercado estava saturado e que novas 
plantações deveriam ser evitadas, além do que, nessa época, o cambio já não minimiza a queda de 
preços internacional, evidenciando-se os problemas da cafeicultura. 
A situação se agravou em 1905 com uma expectativa de safra excepcional, onde surgiram pressões 
para que o governo intervisse. A ideia era retirar o excesso de oferta de café do mercado, estocando-
o, a fim de sustentar os preços. Para a estocagem ter efeito sobre os preços, o mercado não poderia 
ser concorrencial. Assim, sendo o brasil um grande produtor, com posição de domínio sobre o 
mercado, a intervenção do governo brasileiro efetivamente teria efeito sobre os preços. Por outro 
lado, o s desequilíbrios deviam ser temporários, ou o excesso de oferta poderia ser revertido em 
algum momento não muito longe. Se isto não ocorresse, os estoques iriam se acumular 
indefinidamente. 
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Para o objetivo de ampliação das receitas de exportação, a demanda de café também deveria ser 
inelástica, o que parecia ser o caso. Contudo, para financiar as estocagens, a ideia era recorrer a 
empréstimos externos, que seriam pagos quando da venda dos estoques e com a arrecadação de 
receita decorrente da introdução de imposto sobre as exportações de café. Existia forte resistência 
em relação a esses empréstimos. Por um lado, o governo se mostrava reticente em apoiar o plano, 
que podia implicar perdas para o governo caso ele falhasse e comprometeria a politica econômica 
que vinha sendo posta em pratica desde 1898. Por outro lado, a Casa Rotschild, tradicional casa 
bancária com a qual o governo federal fazia a maior parte de suas operações, colocou-se contra o 
plano, alegando que ele comprometeria a capacidade de o governo federal fazer frente a seus 
compromissos internacionais. 
Inicialmente, o governo de SP assumiu sozinho o plano. Em 1907, o governo federal também entrou 
no esquema, consolidando e garantindo os empréstimos antes feitos por SP. Os preços do café 
acabaram por subir em 1909, também em função de safras inferiores. Nos anos seguintes, os 
estoques foram vendidos e antes da guerra os empréstimos já haviam sido pagos. 
O plano de valorização, em um regime de cambio flexível, teria por consequência a valorização 
cambial, pois haveria ingresso de divisas em função dos empréstimos necessários para a estocagem 
e do aumento de receita das exportações de café. Essa valorização poderia contra-restar, em moeda 
nacional, os aumentos nos preços internacionais do café. Assim, com a caixa de conversão, evitou-
se tal valorização e a contrapartida da entrada de recursos externos foi a ampliação do crédito 
domestico. 
Efeitos colaterais: como as estocagens foram realizadas pelos intermediários do mercado, estes 
obtiveram grande parte dos ganhos decorrentes da intervenção, gerando criticas ao setor produtivo 
nacional. Internamente, também outroS grupos defenderam a extensão de tal politica para outros 
produtor que também enfrentavam problemas no mercado. O incentivo a novas inversões em 
cafezais que a manutenção de preços acarreta, fazendo com que, em longo prazo, uma situação de 
superprodução pudesse ocorrer. O controle sobre novas plantações fazia parte do plano e houve 
certo controle sobre a ampliação da produção nacional. Porém, não se podia controlar a produção de 
outros países, que passou a crescer apesar da sua participação no mercado ainda ser relativamente 
pequena. Por fim, a intervenção do governo forçando a alta dos preços começou agerar problemas 
internacionais. 
Durante a guerra, foi necessária uma nova intervenção do governo no mercado cafeeiro (II plano de 
valorização do café) em função das dificuldades de exportação decorrentes da guerra e novas 
grandes safras. Neste plano a utilização de recursos externos era difícil. A estocagem se realizou 
com base em emissões monetárias internas, ampliando o descontrole monetário do período. A 
inflação decorrente das emissões foi o imposto para financiar a estocagem. Com uma forte geada 
em 1918, os preços dispararam de imediato no pós-guerra, possibilitando a venda dos estoques com 
lucros em 1920. Porem, dessa vez, perdeu-se o controle das plantações nacionais. 
Em 1921, outra operação foi realizada (III Plano de Valorização do Café). Foram usados recursos 
externos, porem em condições menos favoráveis que as do primeiro plano. Mas, o governo 
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procurou reter os estoques em território nacional, nos portos e armazéns localizados no interior, nas 
estradas de ferro. Isso gerou insatisfação dos importadores de café que perderam o controle dos 
estoques e viram suas oportunidades de lucro especulativos serem reduzidas. Ao mesmo tempo, 
cresceram as pressões contrarias do governo norte-americano. Depois dessas intervenções, também 
auxiliado por problemas nas safras seguintes, os preços reagiram e os estoques puderam ser 
vendidos. 
Até 1924, a defesa do café se fazia de modo “esporádico”, montava-se a operação quando os 
problemas surgiram. A partir desse ano, instituiu-se a “defesa permanente” que acabou sendo 
conduzida por SP. Por meio de um instituto de defesa, procurou-se limitar a entrada de café no porto 
de Santos e financiar a manutenção de depósitos de café nos armazéns reguladores situados no 
interior do Estado. O financiamento desta politica foi feito com endividamento externo, mas 
também comprometendo-se o crédito domestico. Ao longo da segunda metade do século XX, os 
preços do café mantiveram-se relativamente altos. No entanto, as plantações e produção de café 
ampliaram-se, dentro e fora do país. 
Como não se conseguiu estabelecer um controle sobre a ampliação da produção, acabou-se por criar 
uma situação de superprodução de café e um desequilíbrio no mercado cafeeiro de natureza 
estrutural. Tal desequilíbrio ganhou conotações trágicas na crise dos anos 30, quando, além do 
excesso de oferta, houve forte retração da demanda. 
Política industrializante na República Velha 
A economia brasileira durante a República velha não pode ser considerada industrializada, mas 
houve crescimento significativo nesse sentido. Não obstante houvesse participação do estado nesse 
processo, houve politicas deliberadamente industrializantes no país, como ocorreu nas décadas 
seguintes. Quando estas ocorriam, tinham um caráter secundário dentro do quadro geral da politica 
econômica, muitas vezes sendo parte de medidas cujos objetivos não eram propriamente o de 
auxiliar a indústria em geral. 
Existiam defensores de um incentivo maior a republica (Rui Barbosa). A facilidade creditícia as 
mudanças na legislação comercial são as principais medidas do período que acabaram por 
incentivar a indústria. 
Ao longo do tempo, aumentou o consenso acerca da importância do crescimento industrial no 
período, pelo menos para melhorar a situação do balanço de pagamentos e evitar problemas sociais, 
especialmente nas cidades, gerando empregos. Depois da IGM, questões de defesa nacional também 
passaram a ganhar força e a justificar a concessão de incentivos creditícios e subsídios fiscais a 
industrias especificas. 
Em relação a política comercial, ocorreram inflexões em termos cambiais: houveram alguns anos de 
desvalorização cambial seguidos por outros de valorização entremeados por períodos de 
estabilidade cambial. Essa alternância acabou sendo importante para o período de industrialização. 
Quando da valorização cambial, facilitava-se a importação, o que era favorável à ampliação da 
capacidade produtiva da indústria do país, dado que as máquinas e os equipamentos utilizados pela 
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indústria brasileira eram importados. Com a desvalorização cambial havia proteção à indústria 
nacional, dado o aumento do preço dos produtos importados; nessa situação, utilizava-se a 
capacidade instalada no período anterior para substituir as importações. Os ciclos cambiais 
possibilitaram, assim, o crescimento por etapas da indústria, com fases de ampliação da capacidade 
produtiva seguidas por momentos em que esta era efetivamente utilizada. 
As tarifas sobre importação tinham o objetivo principal de arrecadação do governo, mas 
contribuíram como mecanismo de proteção à indústria nacional, especialmente quando 
adequadamente combinadas com as oscilações cambiais. Tal politica não pode ser considerada 
industrializante, porem, a pequena seletividade da proteção identifica que o auxilio prestado não foi 
deliberado. 
A proteção tarifaria parece ter sido importante para o desenvolvimento inicial de algumas industrias, 
particularmente aquelas para as quais a diferença nos direitos aduaneiros sobre o produto final e 
sobre os insumos importados era suficientemente grande para garantir altos níveis de proteção 
tarifaria efetiva, aquelas caracterizadas pela natureza volumosa relativamente ao preço de seus 
produtos, para as quais os altos custos de transporte representavam uma proteção natural adicional, 
e aquelas que processavam matérias-primas não ordenas. Foi só na década de 1930 que as politicas 
comerciais desempenharam um papel realmente importante, com a depreciação cambial 
aumentando os preços relativos das importações e as restrições às importações contribuindo para 
desviar demanda interna. 
Estado Oligárquico da Primeira República 
Republica federativa, em que os estados tinham razoável autonomia e com um sistema de 
representação fundado no voto universal não obrigatório. O caráter democrático das instituições 
republicanas não se transportava para a esfera política: a prática de fraudes nas eleições era regra, e 
não a exceção; as pressões sobre os eleitores limitavam a possibilidade de expressão de sua vontade 
e as articulações no plano federal fechavam o circulo que praticamente impedia às oposições 
qualquer influencia sobre as decisões politicas. 
Muitos colocam o “coronelismo” como núcleo da articulação desse sistema de poder oligárquico 
(poucos tinham o poder politico). O coronel era um grande proprietário rural que exercia ampla 
influencia no plano local. Por seu poder, podia “determinar” o resultado das eleições em seu 
município. Afinal, o voto não era secreto e poucos eleitores tinham coragem de desafiar o coronel. 
Quando essa pressão era insuficiente, havia, por exemplo, a fraude, conhecida como “bico de pena” 
pela qual a ata da eleição era redigida sem qualquer respeito ao resultado das urnas; ou mesmo a 
consignação do voto de eleitores “fantasmas”. Com todos esses mecanismos, o coronel podia 
definir o resultado da eleição em seu município, não só nos pleitos de âmbito local, mas também 
nos da esfera estadual e da federal. 
O poder politico poderia ser comparado a uma pirâmide que teria na base uma infinidade de grandes 
proprietários rurais (coronéis) que se comporiam para definir os estratos superiores do poder 
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polítcos. Os deputados, senadores, presidentes dos estados e o da republica seriam, em essência, 
representantes desses grandes proprietários rurais. 
Há então uma cadeia que vincula o chefe local aos trabalhadores rurais, e também a situação 
estadual. É nesta situação estadual que se situa o segredo do Estado Oligárquico. 
O Estado tem a função de garantir a reprodução das relações de produção. Em cada sociedade, 
tendo como núcleo o processo de produção, estabelecem-se relações sociais entre os homens 
envolvidos com a produção. Essas relações dizem respeito à forma pela qual os meios de produção 
sãopossuídos e aos vínculos entre os homens decorrentes de sua posição no processo de produção. 
O estado deve, portanto, manter essas relações a fim de viabilizar a continuidade dessa particular 
forma de organização social. Para tanto, dispõe, no limite, do uso legal da força; mas também de 
instrumentos ideológicos que visam ocultar a dominação de classe, em especial no capitalismo. 
Em relação ao trabalhador rural, a dominação afirma-se, em geral, por uma situação de dependência 
social. O trabalhador não podia contrariar a vontade do coronel. Nesse caso, a dominação de classe 
está presente na pratica eleitoral e não pode ser ocultada por ela. 
Há, por outro lado, a subordinação do “coronel” à “situação estadual”. Desde cedo, forma-se um 
complexo de atividades urbanas que envolve, de inicio, o comercio e progressivamente outras 
atividades como as estradas de ferro, os bancos, serviços urbanos e a própria indústria. Em grau 
maior ou menos, as demais economias exportadoras também incluem atividades econômicas de 
expressão. Mais do que isso, admite-se que o elemento mercantil seja, nessas economias, o 
dominante por sua posição-chave no processo de circulação e no financiamento da produção 
exportável. Nas regiões em que o desenvolvimento urbano foi mais complexo, há uma massa de 
trabalhadores urbanos, tipicamente assalariados, que sustenta as atividades comerciais, financeiras, 
de serviços urbanos e industriais. 
O significado do coronelismo completa-se quando observamos sua atuação na preservação do poder 
de uma facção estadual. Essa facção não expressa a hegemonia política dos coronéis no plano 
estadual e sim sua submissão à “situação estadual” que é composta por grandes comerciantes, 
banqueiros, dirigentes de grandes empresas e talvez até industriais que podem ser também grandes 
fazendeiros, mas que tem, certamente, em suas empresas urbanas o foco de atividade econômica. 
A politica dos governadores praticada até 1930 (com razoável êxito) reiterava no plano federal a 
dominação das oligarquias estaduais, pois procurada reforças o poder de cada oligarquia em seu 
Estado e evitar, no plano federal, cisões entre as oligarquias que pudessem colocar em risco a 
estabilidade do estado. O acordo entre SP e MG pela alternância na presidência da republica 
caminhava nessa mesma direção. 
A critica ao sistema politico da Primeira Republica se manifestou, antes de mais nada, por meio de 
grupos tipicamente urbanos, já que estes se viam alijados do acesso ao sistema de representação. O 
tenentismo, por sua forma ostensiva e violenta de manifestação, ganhou relevo entre aqueles que 
criticavam a estrutura oligarquia da Primeira Republica. É inegável, que a politica do café-com-leite 
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era um foco permanente de insatisfação no seio das próprias oligarquias estaduais, pois a maior 
parte delas se via excluída de um efetivo acesso à instância de poder nacional. 
Entende-se também por que a conjunção de forças que promoveu a Revolução de 1930 era 
complexa e incluía elementos tipicamente oligárquicos ao lado de elementos tipicamente urbanos, 
em certo sentido representados pela presença dos tenentes no movimento revolucionário. A 
popularidade da Revolução de 1930 deveu-se, em grande medida, ao fato de se apregoar a 
existência de fraudes eleitorais e de falseamento do processo representativo. Evidentemente, a 
Revolução de 1930 não destruiu o Estado Capitalista no Brasil, mas obrigou-o a buscar novas 
formas concretas de cumprir sua função de garantir a dominação de classe, sem descartas de todo o 
uso dos resquícios do poder local, mas integrando-o sob nova forma. O estado oligárquico cedeu 
lugar ao Estado Populista, outra forma do estado capitalista no Brasil. 

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3. Processo de Substituição de Importações 
Gremaud, Economia Brasileira Contemporânea cap. 14 
A década de 30 e o deslocamento do centro dinâmico 
A crise de 1930 chegou ao Brasil por meio de uma rápida queda na demanda por café, acompanhada 
de forte queda nos preços do café. Outro impacto foi a reversão dos fluxos de capital: capital 
externo saiu do Brasil. O resultado foi uma grave crise no balanço de pagamentos brasileiros, pois 
as exportações caíram e a balança de capital passou a ser negativa. 
A forma como o Brasil fez frente à crise, provocou o que Furtado chamou de Deslocamento do 
Centro Dinâmico da economia brasileira: isso se refere ao momento em que o elemento essencial na 
determinação do nível de renda deixa de ser a demanda externa, e passa a ser atividade voltada ao 
mercado interno (consumo e investimento doméstico). Esse deslocamento ocorreu em função da 
crise e da resposta dada pelo governo de Getúlio Vargas. 
O efeito da crise do Brasil foi negativo, mas foi de menor intensidade e de menor duração se 
comparado com outros países. Isso pode ser explicado pela política do governo, que podem ser 
consideradas Heterodoxas. As medidas adotadas pelo governo foram de duas ordens: a política da 
manutenção da renda e o deslocamento da demanda. 
Manutenção da renda 
A manutenção do nível de renda foi feita essencialmente por meio do reforço da política de defesa 
do café. O Governo, dada a enorme dificuldade nas vendas das supersafras de café, decidiu estocá-
lo e acabou por queimá-lo. Esse tipo de política, principalmente se financiada com crédito e 
emissão de moeda domestica, constitui um tipo de política de sustentação de demanda agregada. 
Mesmo pagando um preço mínimo baixo para os cafeicultores, esse preço ainda viabilizava a 
realização da própria colheita, e portanto, o emprego e a renda de muitas pessoas, assim como 
permitia a manutenção de parte do efeito multiplicador exercido pelo café sobre o restante da 
economia. 
Deslocamento da demanda 
A demanda continuava, mesmo que mantida minimamente, porém, existia um problema no balanço 
de pagamentos, causado pela queda nas exportações de café e na entrada de recursos externos, e 
agravado pela própria manutenção da demanda nessa economia. A fim de solucionar esse problema, 
foi declarada moratória sobre parte da divida externa do país e permitida uma expressiva 
desvalorização cambial. 
Também se impôs um contingenciamento no uso dos recursos externos, isto é, as poucas divisas que 
entravam no pais tinham sua utilização regulada pelo governo, e foram utilizadas para o pagamento 
de alguns compromisso externos e para a aquisição de bens essenciais ao país. 
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A desvalorização de câmbio provocou forte elevação nos preços dos produtos importados, e tornou 
os produtos nacionais atraentes. Assim, os produtos nacionais passaram então a substituir os 
produtos importados no atendimento à demanda. Assim a demanda mantida pela política de estoque 
e queima de café foi deslocada dos produtos importados para os produtos nacionais, entre os quais 
muitos produtos industriais. 
A produção nacionais passou a gerar rentabilidade que atraia o capital de outros setores e o próprio 
reinvestimento dos lucros gerados na atividade industrial. Nesse momento, são justamente esses 
investimentos que passam a ditar o ritmo do crescimento da economia brasileira, caracterizando 
assim, o deslocamento do centro dinâmico da economia. 
Características da industrialização por substituição de importações 
A década de 30 compõe o período em que houve forte avanço do setor industrial brasileiro. esse 
avanço teve características que permitiam chama-lo de industrialização por substituição de 
importações. A principal característica desse processo é uma industrialização fechada, que responde 
a desequilíbrios externos e é realizada por partes. 
Primeira característica: industrialização fechada. Fechada em função de dois elementos: ser voltada 
para dentro e depender de medidas que protegem a industria nacional dos concorrentes externos. 
O PSI pode ser caracterizado pela sequencia: 
- inicia-se com um estrangulamento externo:queda do valor das exportações; o qual junto a 
manutenção de parte da demanda interna, mantendo a demanda por importações, gera escassez 
de divisas. 
- para contrapor-se à essa crise cambial (estrangulamento), o governo tomou medidas que 
acabaram pro proteger a industria nacional, aumentando a competitividade e a rentabilidade da 
produção doméstica; 
- gera-se uma onda de investimentos nos setores substituidores de importação, produzindo-se 
internamente parte do que antes era importado, aumentando a renda nacional e a demanda 
agregada. 
- Observa-se, no entanto, um novo estrangulamento externo, em função do próprio crescimento da 
demanda – aumento das importações e de parte dos investimentos que se transformam em 
matérias-primas e equipamentos importados; o ritmo do crescimento das importações é mais 
rápido do que o crescimento das exportações, o que gera uma nova crise. 
Percebe-se que o motor do PSI era o estrangulamento externo. Os estrangulamentos funcionavam 
como estímulos e limites ao investimento industrial. Tal investimento passou a ser a variável-chave 
para determinar o ritmo do crescimento econômico nacional, substituindo as exportações que eram 
o ponto-chave do ritmo de crescimento do país em suas fase agroexportadora. 
Entretanto, conforme o investimento e a produção avançaram em determinado setor, geravam-se 
pontos de estrangulamento em outros. A demanda pelos bens desse outros setores era atendida por 
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meio de importações. Assim, a industrialização era feita por etapas, a pauta de importações ditaria a 
sequencia dos setores objeto dos investimento industriais. 
O Brasil foi industrializado por etapas, começou pelo setor de bens de consumo não duráveis e 
terminando no setor de bens de capital, gerando desequilíbrios em função da demanda não atendida 
que um setor possui em relação aos outros. 
O PSI caracterizava-se pela ideia de construção nacional, ou seja, alcançar o desenvolvimento e a 
autonomia com base na industrialização, de forma a superar as restrições externas e a tendência à 
especialização na exportação de produtos primários. Nesse processo, a industria vai se 
diversificando. 
Mecanismos de proteção à industria nacional utilizados no PSI 
Do ponto de vista comercial, pode-se apontar quatro tipos de respostas a crises cambiais. 
1. Desvalorização real do cambio: com ela, acaba-se por aumentar o preço dos produtos 
importados frente aos nacionais, o que se constitui em uma proteção aos produtores nacionais. 
A desvantagem é que a desvalorização cambial implicava também o aumento dos preços de 
equipamentos e matérias primas importados, dificultando os investimentos. A vantagem é que 
se geram efeitos positivos sobre o setor exportador. Governo Vargas 
2. Controle de câmbio: se estabelece um sistema de licenças para importar, controlando o acesso 
dos demandantes de divisas à moeda estrangeira. Com isso, diminui-se as importações. Pode-se 
proteger a industria nacional com a vantagem de possibilitar um investimento com baixo custo, 
já que não há a necessidade de desvalorizar o câmbio. A introdução desse tipo de controle gera 
o surgimento do mercado paralelo de câmbio, assim como de esquemas de corrupção na 
obtenção de licenças. Outra desvantagem é que a não desvalorização cambial gera estímulos ao 
setor exportador. Governo Dutra 
3. Taxas múltiplas de câmbio: nesse sistema estabelecem-se vários mercados cambiais, 
destinando-se a cada um deles alguns tipos de demanda e oferta de divisas. Em cada mercado 
surge uma taxa especifica de câmbio. O governo acaba definindo as condições de cada um 
desses mercados. Dentro de tal sistema, colocando-se os produtos com similar nacional em 
mercados com taxas desvalorizadas, encarecendo assim seus preços, favorece-se a industria 
nacional; do mesmo modo, colocando as importações de matérias-primas e equipamentos em 
mercados com excesso de oferta, a taxa se valorizará barateando o custo dos investimentos. 
Uma possível vantagem desse sistema é que o governo pode arrecadar recursos, comparando e 
vendendo em mercados diferentes. 2º gov. Vargas 
4. Elevação das tarifas aduaneiras: em vez de se controlar o cambio, simplesmente se elevam as 
tarifas de importação, diminuindo-as. Se for estabelecida uma diferenciação significativa das 
tarifas, também é possível obter um efeito protecionista sobre alguns produtos ao mesmo tempo 
em que barateiam outros produtos, principalmente os que significam custos nos investimentos. 
Governo JK. 
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Dificuldades na implementação do PSI 
- Tendência ao desequilíbrio externo: apareceu por várias razões, como política cambial – 
transferência de renda da agricultura para a industria (confisco cambial), os agricultores recebiam 
menos pelas divisas que eram pagas pelos demandantes, desestimulando as exportações de 
produtos agrícolas –; indústria sem competitividade – protecionismo, a industria visava atender 
apenas ao mercado interno, sem grandes possibilidades no mercado internacional –; elevada 
demanda por importações – estabelecida graças ao investimento industrial e ao aumento da 
renda. Assim, o PSI só se tornava viável com recurso ao capital estrangeiro. 
- Aumento da participação do Estado: ao estado caberiam 4 funções principais: adequação do 
arcabouço institucional à industria – legislação trabalhista, mecanismos para direcionar capitais 
da atividade agrícola para a industrial, dada a ausência de um mercado de capitais organizado, 
criação de agências estatais e uma burocracia para gerir o processo –; geração de infraestrutura 
básica – transportes e energia foram as principais áreas de atuação –; fornecimento de insumos 
básicos – estado deveria atuar de forma complementar ao setor privado, nesse sentido foi criada, 
a companhia siderúrgica nacional, Petrobras, companhia Vale do Rio Doce e etc… –; captação e 
distribuição de poupança – financiamento da economia por meio do BB e BNDE). 
- Aumento do grau de concentração de renda função do êxodo rural – desincentivo à agricultura, 
legislação trabalhista restrita ao trabalhador urbano –, do caráter intensivo do capital para 
investimento industrial – não permitia grande geração de emprego no setor urbano. Esses pontos 
geravam excedente de mão de obra, e por isso, baixos salários. Por outro lado, o protecionismo e 
a concentração industrial permitiam preços elevados e altas margens de lucro para as industrias. 
Poucas empresas participavam do mercado interno, e isso fazia com que os ganhos obtidos, em 
função da possibilidade de conluio ou formação de cartéis, não eram repassadas para os preços, 
significando acúmulos de lucros. Além de concentração industrial, esse modelo de 
industrialização promovia a baixa eficiência, dada a não exposição à concorrência ou o excessivo 
protecionismo. A critica principal não é a proteção em si, justificada pelo argumento de industria 
nascente, mas seu mal uso ou seu uso por um período de tempo muito longo ou indefinido. 
- Escassez de fontes de financiamento: dificuldade de financiamento dos investimento, dado o 
grande volume de poupança necessário. Isso se deve à quase inexistência de um sistema 
financeiro (por causa da Lei da Usura – desestimulava a poupança); o sistema se restringia aos 
bancos comerciais, algumas financeiras e aos agentes financeiros oficiais (BB e BNDE). Havia 
também ausência de uma reforma tributária ampla – a arrecadação continuava centrada nos 
impostos de comércio exterior e era difícil ampliar a base tributária, já que a industria deveria ser 
estimulada, a agricultura não poderia ser mais penalizada, e os trabalhadores, além de sua baixa 
remuneração, eram parte da base de apoio dos governos do período. 
Papel da agricultura na industrialização de um país 
Em geral, consideram-se as seguintes funções da agricultura em um processo de industrialização: 
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- liberação de mão-de-obra: a força de trabalho,

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