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Resenha Crítica - O Primeiro Ano - Scott Turow

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FSG – Centro Universitário da Serra Gaúcha
Bacharelado em Direito
Disciplina de Direito Penal I – Parte Geral 
Professor: Marcos Peroto
Aluna: Jaqueline Rodrigues 
Resenha Crítica
O primeiro ano na faculdade de Direito em Harvard
Referência: TUROW, Scott. O Primeiro Ano – Como se Faz um Advogado. Rio de Janeiro: Record, 1994. 
É improvável encontrar alguma pessoa que jamais tenha ouvido falar de Harvard. Seja esse conhecimento adquirido por meio de filmes, séries, matérias de jornal, ou até mesmo pelos comentários alheios, a palavra Harvard tem um peso, uma imponência inquestionável. Se sabe que é a faculdade mais prestigiada e concorrida dos Estados Unidos, extremamente cara e aparentemente inacessível para muitos. Foi fundada em 1636, e como é evidenciado no livro de Turow, acumula façanhas que demonstram tamanho renome. 
É interessante entrar nela de forma tão detalhada, na visão de Scott Turow, que entrou na faculdade em 1975. Durante a leitura, acompanhamos as incertezas que todo aluno passa antes de cada primeira aula, a pressão que é colocada em cima deles pelos professores, as dificuldades pelas quais passam para aprender tantos termos novos, as frustrações que estudar na melhor faculdade da maior potência mundial acabam por trazer. Como aluna do curso de direito, caloura assim como o autor foi, é impossível não fazer comparações entre a forma como são tratados a lei, a faculdade de direito, e as sensações dos alunos do Brasil e Estados Unidos. 
Primeiramente, o autor faz uma breve introdução sobre os seus primeiros dias na faculdade de Direito de Harvard, e também fala sobre o processo que cada um passa para ser aceito no curso. É evidente que essa faculdade é voltada para as classes mais altas da sociedade, onde a maioria dos estudantes é de homens brancos, e grande parte membros de famílias abastadas capazes de pagar cursos preparatórios e colégios Ivy League. Entretanto, esse não aparenta ser o caso de Turow, que é um homem mais velho (27 anos), com uma carreira anterior, vindo de raízes não tão ricas. Ele ainda fala se sentir feliz pela oportunidade de estar no meio dessas pessoas intelectuais.
Em relação às aulas, há um choque de realidade a partir do momento em que o aluno pisa na faculdade. Eles são informados com antecedência que devem estar preparados antes de assistir as aulas. Nesse instante é possível observar uma grande diferença entre o estudo do Direito no Brasil e nos Estados Unidos. Lá, os estudos das aulas são feitos a partir das “causas”, que para nós são conhecidas como jurisprudência. Mesmo que haja leis nos Estados Unidos, o costume é a principal fonte do direito – o direito consuetudinário. Em relação às aulas da faculdade, enquanto aqui estudamos as matérias na forma I, II, e assim por diante, lá as matérias são bem delimitadas e completamente voltadas para a prática desde o primeiro dia. Talvez seja devido a esse enfoque tão grande na prática que lá o curso dura apenas 3 anos, enquanto aqui levamos no mínimo 5 para nos formarmos. 
O autor nos apresenta o método que é mais comumente utilizado no ensino jurídico: o socrático. Apesar de controverso, parece uma forma muito eficiente de fazer com que a aula seja a mais prática possível. Conforme o autor explica, o professor deve interrogar os alunos, questionando-os sobre os assuntos da aula. É controverso porque aparenta ser uma forma de humilhação, havendo uma pressão para que os alunos estejam sempre preparados para qualquer minúcia que o professor questionar. Ao mesmo tempo, essa rigidez explica a razão pela qual Harvard forma profissionais tão capazes, seja na inteligência, seja na habilidade em argumentar. 
Uma questão muito importante tratada no livro é a da saúde mental dos alunos. De acordo com o autor, a carga horária de um estudante de Direito de Harvard vai além do período das aulas, sendo que qualquer momento livre é voltado para os estudos. O pensamento do aluno se transforma de tal maneira que ele inclusive passa a ver suas atitudes se alterando em questões banais, como nas brigas com a sua esposa ou até ao pedir um hambúrguer. A preocupação com notas (algo que os estadunidenses têm desde os anos iniciais da escola) é muito grande, afinal, quem possui as notas mais altas, possui maiores chances de conseguir os melhores empregos. 
Durante o livro é possível ver Turow oscilando entre animado, estressado, tenso, calmo. Conforme o ano vai chegando ao fim, o estresse acumulado o faz refletir, fazendo quem lê também refletir: até que ponto vale a sanidade mental de um aluno? Para o autor, foi um dos piores anos da sua vida. Ao mesmo tempo, a experiência foi gratificante, ele passou a amar o Direito. Ao fim do primeiro ano, a pressão dele passou, e ele pôde começar a se preocupar com as tensões do segundo ano.

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