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Criminologia crítica e política criminal alternativa para a realidade latino americana e brasileira

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CRIMINOLOGIA CRÍTICA E POLÍTICA CRIMINAL ALTERNATIVA PARA 
A REALIDADE LATINO-AMERICANA E BRASILEIRA
Resumo 
Este artigo aponta a importância de se integrar a Criminologia Crítica e o estudo 
de Política Criminal com a dogmática penal. Busca-se combater, de forma crítica, este 
sistema penal classista que é apresentado no Brasil e na América Latina. Procura-se 
estudar a nossa própria realidade de país periférico que sofre as conseqüências da 
dominação externa e do Imperialismo, para assim, desenvolver Políticas Criminais 
Alternativas que sejam compatíveis com nossa realidade social, política e econômica, ao 
contrário do que se tem percebido no âmbito acadêmico brasileiro que reproduz as 
pesquisas acadêmicas construídas em outro contexto social, político e econômico. 
Abstract
This article points out the importance of integrating the Critical Criminology and 
Criminal Policy study with dogmatic criminal. Seeks to combat, critically, this criminal 
class system that is presented in Brazil and Latin America. Looking to study our own 
reality of peripheral country that suffers the consequences of foreign domination and 
imperialism, to thus develop policies Criminal Alternatives that are compatible with our 
social, political and economic, as opposed to what has been perceived within Brazilian 
academic scholarly research that replicates the built in other social, political and 
economic.
Palavras-Chave
Criminologia Crítica. Criminologia Radical. Política Criminal. Criminologia da 
Libertação. Teoria Crítica do Controle Cocial. 
Keywords
 Critical Criminology. Radical Criminology. Criminal Policy. Release Of Criminology. 
Critical Theory Of Social Control. 
I. INTRODUÇÃO 
Este artigo apresenta um panorama sobre as Escolas Criminológicas que são 
desenvolvidas em contexto norte-americano e europeu e transportadas para a realidade 
latino-americana e brasileira sem haver qualquer compatibilidade entre os contextos 
social, econômico e político em que estas teorias são criadas e, posteriormente, 
aplicadas aqui em nosso país. Demonstra-se como as Escolas Clássica e Positivista 
serviram como teorias para a manutenção do poder das classes dirigentes e do sistema 
de produção capitalista. Analisa-se também, neste artigo, a recepção do Positivismo 
Criminológico no Brasil, comprovando-se a função legitimadora e funcional do sistema 
penal para a manutenção da ordem existente. Da mesma forma, denuncia-se que as 
Escolas Sociológicas do Crime (Escola de Chicago, Teoria da Associação Diferencial, 
Teoria da Anomia, Teoria da Subcultura Delinqüente, Labelling Approach) apesar de 
certos avanços no âmbito criminológico, não procuraram defender a transformação 
radical da estrutura social de nossa sociedade, além da não compatibilidade de muitas 
dessas Teorias Sociológicas do Crime (criadas em contextos norte-americano e 
europeu) com a nossa realidade social, econômica e política, percebendo-se a força que 
o Imperialismo e a dominação dos países de capitalismo centrais ainda mantém sobre os 
países periféricos da América Latina. Como uma forma de “libertação” das estruturas 
repressoras e da independência acadêmica e dos estudos criminológicos, defende-se 
uma Criminologia Crítica ou uma Criminologia Radical para estudar a nossa realidade e 
a partir de nosso contexto social, econômico e político desenvolvermos (digo em 
relação à comunidade acadêmica brasileira que deve se “libertar” dos poderes e 
armadilhas de interesses dos países centrais em relação as produções científicas) uma 
Política Criminal Alternativa adequada para diminuir o caos existente hoje em nosso 
país diante da Criminalidade e da insegurança pública. 
II. ESCOLA CLÁSSICA DO DIREITO PENAL 
Lola Anyiar de Castro ressalta que a Escola Clássica já era uma Criminologia. 
Tanto a Escola Clássica como a Positivista foram medidas de manutenção e reprodução 
da ordem socioeconômica e política estabelecida. Tem-se a Criminologia como 
legitimação. 
Legitimação é toda forma de convalidar, autorizando, principalmente por 
meio da promoção do consenso social, um determinado sistema de 
dominação. A Criminologia é um braço importante do controle social, 
orientada a assegurar os valores essenciais de um sistema.1 
A função legitimadora da Criminologia começa com a Escola Clássica do Direito 
Penal. 
A Criminologia da Escola Clássica racionalizou o controle por meio das 
técnicas legislativas e da conceituação da chamada dogmática penal. O 
cumprimento das estruturas jurídicas reflete a forma de garantir os 
interesses burgueses.2
Anyiar de Castro parte da crise do pensamento helenístico-romano, ou seja, “da 
concepção da sociedade como fato natural e da ordenação social como produto da 
necessidade de se assegurar a justiça nas relações sociais através das normas e de sua 
supervisão pelas autoridades.” 3
Acerca do Estado Moderno, é relevante comentar brevemente sobre as 
formulações contratualistas. Iniciou-se com Hobbes, segundo o qual, “do estado de 
terror da natureza, chegar-se-ia à sociedade ou ordenação civil, outorgando-se ao 
soberano o monopólio da violência” 4. Continuando com Locke, que elabora as bases do 
pensamento liberal, a partir de um contrato que legitimaria o poder apenas à medida que 
este servisse para regular e supervisionar os direitos naturais, para cuja definição foi 
elaborado o pacto social. E por último, Rousseau o qual não defendia que o objeto do 
pacto social era a defesa dos interesses individuais, mas a submissão à vontade geral, a 
qual seria definida como a soma dos interesses individuais. Dessa forma, cria-se o 
modelo sociológico do consenso que legitima tanto o poder como todas as 
1 LOLA, Anyiar de Castro. Criminologia da Libertação. Rio de Janeiro: Revan: ICC, 2005
2 CASTRO, Lola Aniyar de. A Evolução da Teoria Criminológica e Avaliação de seu Estado Atual. Revista de 
Direito Penal e Criminologia. Nº 34, Julho – Dezembro, 1982, p. 44
3 Idem, p. 73
4 Idem, ibidem 
manifestações de controle desse poder. Assim, o Código Penal seria um “monumento” 
incontestado e incontestável. E a Criminologia seria acrítica e submissa. Este é o 
período que Weber denomina de dominação legal. 
A pena seria uma reação passional exercida por meio de um corpo constituído, 
uma maneira de se vingar o que é sagrado na consciência coletiva, consistindo-se no 
sentimento de uma dor. E a função da pena seria a de manter intacta a coesão social e 
assim a consciência comum. 
Stuart Mill recusa a Teoria do Direito Natural e do Contrato social e aceita o 
conceito de direitos individuais de Locke. O poder encontraria sua legitimidade na 
proteção dos direitos individuais. 
A Criminologia da Escola Clássica tem como marco de filosofia política as idéias 
liberais do Contratualismo, e como modelo sociológico, o consenso. Este é o mesmo 
marco da Teoria Criminológica Organizacional, desenvolvida nos EUA e no Canadá, e 
que tem o objetivo de “melhorar o sistema de controle social e formular a Política 
Criminal por meio de investigações paliativas e proposições de reforma. É a 
Criminologia do ‘Gatopardismo’: modificar as coisas para que nada seja modificado” 5
Alessandro Baratta acredita em uma aproximação do Labeling Approach e da 
Nova Criminologia com a Escola Clássica de Direito Penal, pois a “consideração do 
crime como um comportamento definido pelo Direito, e o repúdio do determinismo e da 
consideração do delinqüente como um indivíduo diferente, são pontos essenciaisda 
Nova Criminologia.”6 A Nova Criminologia apresenta uma reação à Criminologia 
Positivista e ao paradigma etiológico. Assim como a Criminologia Crítica, a Escola 
Liberal Clássica não considerava o delinqüente como um ser diferente dos outros, não 
se baseava em um rígido determinismo. 
A Escola Clássica apoiava-se na idéia de que o delito era um ente jurídico (uma 
violação ao Direito) e no pacto social o qual era, segundo a filosofia política do 
liberalismo clássico, a base do Estado e do Direito. A Escola Clássica acreditava no 
livre arbítrio, na livre vontade do indivíduo, e não em causas patológicas. Dessa forma, 
5 CASTRO, Lola Aniyar de. A Evolução da Teoria Criminológica e Avaliação de seu Estado Atual. Revista de 
Direito Penal e Criminologia. Nº 34, Julho – Dezembro, 1982, p. 74
6 BARATTA, Alessandro. Criminologia Crítica e Crítica do Direito Penal. Introdução à Sociologia do Direito Penal: 
tradução Juarez Cirino dos Santos, 3ª Ed., Editora Revan: Instituto Carioca de Criminologia, Rio de Janeiro, 2002, p. 
31
considerando a liberdade de escolha do indivíduo e a sua responsabilidade moral, o 
delinqüente não era visto como um ser diferente. O Direito Penal e a Pena, para a 
Escola Clássica, tinham como finalidade a defesa da sociedade contra o crime. A 
aplicação das sanções penais – exercício do poder punitivo do Estado – encontrava seu 
limite na necessidade ou utilidade da pena e no princípio da legalidade. Em suma, a 
pena não tinha finalidade de tratamento, de transformação do desviante, pois este não 
era considerado ‘doente’ nem ‘diferente’ em relação ao restante da sociedade. 
Quando se fala da Escola Liberal Clássica como um antecedente da 
moderna Criminologia, se faz referência a teorias sobre o crime, sobre o 
Direito Penal e sobre a pena, desenvolvidas em diversos países europeus 
no século XVIII e princípios do século XIX, no âmbito da filosofia 
política liberal clássica. Faz-se referência, particularmente, à obra de 
Jeremy Bentham na Inglaterra, de Anselm Von Feuerbach na Alemanha, 
de Cesare Beccaria e da Escola Clássica de Direito Penal na Itália.7
Da idéia da divisão de poderes e dos princípios humanitários iluministas, 
de que é expressão o livro de Beccaria, derivam, pois, a negação da 
justiça de gabinete, própria do processo inquisitório, da prática da tortura, 
assim como a afirmação da exigência de salvaguardar os direitos do 
imputado por meio da atuação de um juiz obediente, não ao executivo, 
mas à lei (...). O dano social e a defesa social constituem, assim, neste 
sistema, os elementos fundamentais, respectivamente, da teoria do delito 
e da teoria da pena.8
Romagnosi aponta a consciência da necessidade de fazer surgir o sistema de 
Direito Penal de uma verdadeira e própria filosofia do direito.9 De acordo com 
Romagnosi a base do Direito Natural é a conservação da espécie humana e a obtenção 
da máxima utilidade. Analisando as idéias de Romagnosi e de Beccaria, a finalidade da 
pena é a defesa social, sendo uma contramotivação ao delito. 
Contudo, segundo Romagnosi, a pena não é o único meio de defesa 
social; antes, o maior esforço da sociedade deve ser colocado na 
prevenção do delito, através do melhoramento e desenvolvimento das 
condições de vida social. E aqui se pode ver uma importante antecipação 
da teoria dos ‘substitutivos penais’, elaborada por Ferri no âmbito da 
Escola Positiva.10
Em contrapartida aos ideais clássicos do Direito Penal, temos a Criminologia 
Positivista que considerava a pena como função curativa e reeducativa. O objeto de 
7 BARATTA, Alessandro. Criminologia Crítica e Crítica do Direito Penal. Introdução à Sociologia do Direito Penal: 
tradução Juarez Cirino dos Santos, 3ª Ed., Editora Revan: Instituto Carioca de Criminologia, Rio de Janeiro, 2002, p. 
32
8 Idem, p. 34
9 Idem, ibidem. 
10 BARATTA, Alessandro. Criminologia Crítica e Crítica do Direito Penal. Introdução à Sociologia do Direito Penal: 
tradução Juarez Cirino dos Santos, 3ª Ed., Editora Revan: Instituto Carioca de Criminologia, Rio de Janeiro, 2002, p. 
35
estudo estava nas causas da criminalidade, independentemente do estudo das reações 
sociais e do Direito Penal. Baratta chama a atenção para o fato de que
Os mecanismos seletivos que funcionam no sistema penal, da criação das 
normas à sua aplicação, cumprem processos de seleção que se 
desenvolvem na sociedade, e para os quais o pertencimento aos diversos 
estratos sociais é decisivo.11
III. CRIMINOLOGIA POSITIVISTA
Adotou o Modelo do Consenso, mesmo insistindo para uma neutralidade sócio-
política, o que gerou muitos questionamentos. O Positivismo, de acordo com o 
pensamento de Lola Aniyar de Castro, contradizia os próprios postulados de sua 
pretensão científica, pois esta Escola fez tão pouca Ciência como criticava aos 
criminólogos que lhe precederam (Escola Clássica). Considerava anormais ou 
desviantes os indivíduos marcados por uma decisão política.12
Os ramos relevantes do Positivismo Criminológico foram a Criminologia Clínica 
e a Antropologia Criminal. A Criminologia Positivista orienta-se tanto para o estudo do 
homem (Criminologia Clínica) como para o estudo da sociedade (Sociologia Criminal: 
Ecologismo, Culturalismo e Funcionalismo). 
11 LOLA, Anyiar de Castro. Criminologia da Libertação. Rio de Janeiro: Revan: ICC, 2005
12 É necessário analisar algumas necessidades políticas nas quais o Positivismo se ergueu de acordo com épocas 
diversas: A. No Iluminismo, as construções metafísicas foram substituídas pelo estudo metódico das necessidades do 
homem visando à sua satisfação coletiva. B. Com o objetivo de colocar ordem no caos da Revolução Burguesa e de 
instaurar um poder unificado, cria-se uma nova ideologia: ao se acabar com a metafísica revolucionária, esse poder 
seria a busca de uma física Social. C. A sociedade, para o Positivismo, não seria apenas um instrumento que serviria 
para regular os conflitos e sim uma entidade autônoma e orgânica. A sociedade do futuro – orgânica e racional – 
estaria baseada na Ciência. D. Para os positivistas (Comte) a humanidade passaria por três estágios em direção ao 
progresso que seria a sociedade positiva; não podendo alterar as estruturas da vida coletiva, tendo-se a manutenção do 
status quo burguês. E. O Positivismo diz resistir às manifestações utópicas, sendo os seus projetos baseados nas 
propriedades naturais da vida social e assim resistentes às transformações. F. O que tem relevância para o Positivismo 
é o fato, a indução, as técnicas de investigação, do mensurável, do comprovado empiricamente. Não se questiona o 
porquê, este não é válido interpretativamente para o Positivismo, não é científico. G. O Positivismo substituiu a 
Teoria do Conhecimento por uma Teoria da Ciência e a crítica humanístico-revolucionária (Hegel e Marx) pela 
filosofia naturalístico-conservadora de Comte. Diante deste esquema apresentado percebe-se que pouco se pode falar 
de neutralidade política no Positivismo. 
A Criminologia Clínica se refere à medicina aplicada ao âmbito penal. Busca o 
diagnóstico e tem como objeto o caso individual. As leis gerais tendem a ser a soma dos 
casos individuais. 
No âmbito da Sociologia Criminal, pode-se citar os estudos de Shaw e Mac Ray 
sobre as áreas ecológicas de Chicago e a localização nestas áreas das zonas de 
desorganização social. Índice delitivo igual à desorganização social. 
As Teorias Culturalistas – as de Aprendizagem e as das Subculturas dos bandos 
juvenis – partem da idéia de uma comunidade maior de valores e dominante. 
O Positivismoconverte-se em funcionalismo por mediação da 
Antropologia Criminal de Malinowski. Esta Teoria, na Criminologia, foi 
representada, basicamente, por Merton, com sua Teoria da Anomia e com 
a explicação do delito como um modo de Adaptação13. 
Entretanto, a Teoria da Anomia não explica, segundo Lola Aniyar de Castro, o 
porquê delinqüem as classes sem problemas econômicos. 
O Funcionalismo é organicista porque aponta a existência de subsistemas 
sociais que se substituem entre si no caso de falha de algum deles, da 
mesma maneira como, no corpo humano, um órgão desenvolve-se para 
compensar as deficiências de outro. Esta teoria produz uma função de 
reintegração (...). A sociedade seria um todo orgânico no qual as partes, 
apesar das contradições aparentes, funcionam em relação ao todo. Este é, 
também, o modelo do consenso. O modelo da manutenção do status, ou 
seja, da negação da transformação e da negação da luta entre opostos. 14
A Criminologia Positivista contribuiu para reproduzir a ordem estabelecida, 
destacando o delinqüente estereotipado de classe baixa e produzindo uma quebra de 
solidariedade intraclasse. Esta Criminologia representa a criminalização de uma classe 
social: caracterizar tensões internas no sistema e produzir legitimação por meio da 
repressão. 
O estereótipo do delinqüente é transmitido pelos portadores dos sistemas 
normativos: Igreja, a família, a literatura, os legisladores, os partidos 
sindicatos, opinião pública, por meio de teorias de senso comum. 15
Os termos ressocialização, reeducação, reinserção, readaptação são instrumentos 
ideológicos violentos de dominação. Busca-se a aceitação profunda do sistema, a 
imposição de valores que não podem ser questionados. 
13 CASTRO, Lola Aniyar de. A Evolução da Teoria Criminológica e Avaliação de seu Estado Atual. Revista de 
Direito Penal e Criminologia. nº 34, Julho – Dezembro, 1982, p.78
14 Idem, p. 79.
15 CASTRO, Lola Anyiar de. Criminologia da Reação Social, Rio de Janeiro: Ed. Forense, 1983p. 48
O Positivismo criminológico parte da premissa de existência de um mundo físico. 
O maior interesse do positivista é o de obter uma metodologia, ou seja, um conjunto de 
técnicas de investigação. Um grande defeito da Criminologia Positivista está no fato de 
que ela separa o observador da realidade, isto é, o observador (quem estará estudando, 
analisando a realidade), não é inserido na realidade social, como se não pertencesse a 
esta. 
A ciência para o positivista é neutra, é objetiva, porque o observador está 
separado da realidade. Essa distancia não somente lhe permitirá conhecer 
o mundo como também (e esta é a grande fraqueza do positivismo) 
significa o abandono da análise do sujeito cognoscente no momento em 
que apreende a realidade.16
A atividade do observador não é reflexiva, porque a observação sobre o 
mundo retorna, não reflete sobre si mesmo enquanto observador. Ele está 
fora da realidade, não se analisa, não se observa, observa o que esta fora 
de si mesmo. Este é talvez o principal defeito epistemológico do 
positivismo.17
O Positivismo tenta explicar os fatos sociais da mesma forma que são analisados 
os fatos relativos às Ciências naturais. Os estudiosos do positivismo estudam variáveis 
oriundas de uma seleção subjetiva do próprio observado, todavia não é possível realizar 
um estudo fragmentário da sociedade, pois esta é interconectada e muito complexa. 
Dessa forma, o Positivismo encara a realidade oficial como se fosse a única realidade. 
A realidade oficial é a realidade que nos é imposta, nos é ensinada, é a 
forma como o mundo é para nós ordenado a fim de que o conheçamos; e 
o positivista não tem nenhum interesse em modificar a forma como esse 
mundo está ordenado, nem interesse em averiguar se pode haver uma 
realidade alternativa, simplesmente o aceita como o entregam e o estuda 
com base nessa aceitação de princípio.18 
Percebe-se que o Positivismo não tem uma posição crítica e questionadora da 
realidade que nos é imposta. A Criminologia Positivista estuda e quer transformar a 
pessoa do delinqüente e não a lei penal, e muito menos, a estrutura da sociedade. 
Acerca do fracasso da Criminologia Positivista, Anyiar de Castro ressalta que esta 
Ciência fracassou em relação às finalidades de prisão e tratamento. Porém faz o seguinte 
questionamento:
Há realmente fracassado el tratamiento? Han fracasado, tal vez, los fines 
explícitos de la prisión y el tratamiento. No hay fracaso cuando, tanto la 
16CASTRO, Lola Anyiar de. Criminologia da Reação Social, Rio de Janeiro: Ed. Forense, 1983, p. 3
17 Idem, ibidem
18 Idem, p. 5
cárcel – represión pura – como el tratamiento – represión ideologizada -, 
han logrado cumplir sus fines implícitos: 1) reproducir el sistema de 
clases, y dejar las manos libres a la clase hegemônica para que realice sus 
objetivos a través de la racionalidad del mercado; 2) ratificar las teorias 
del sentido común, las cuales, al separar las clases delincuentes de las 
clases no delincuentes, consolidan la estratificacíon. 19
Em suma, a Criminologia Positivista cumpriu sua função de reproduzir o sistema 
de classes e deixar a classe hegemônica de mãos livres para realizar seus objetivos por 
meio da racionalidade do mercado, ratificar as teorias de senso comum, as quais ao 
separar as classes delinqüentes das classes não delinqüentes, consolidaram a 
estratificação.20 A Criminologia tradicional colabora com a preservação da ordem e com 
o reforço do sistema educacional, ou seja, com a manutenção da ordem social com uma 
ideologia de falsa consciência, ocultadora da realidade. 
IV. Aplicação do Positivismo Criminológico no Brasil 
A adoção do Positivismo Criminológico no Brasil se verificou no período entre o 
fim do século XIX e início do século XX. Esta teoria foi recepcionada para justificar a 
permanência de práticas autoritárias de persecução penal, no contexto da abolição da 
escravidão e a adoção da forma republicana. Ainda hoje se pode perceber diversos 
pontos da adoção do Positivismo na legislação penal mesmo com todas as críticas feitas 
a essa Teoria.
A Teoria do Positivismo Criminológico é considerada um instrumento de 
justificação do exercício de determinadas formas de poder punitivo. Para estudar as 
influências do positivismo criminológico no nosso país, é relevante considerar o 
panorama social do Brasil.
O objetivo deste tópico é mostrar o cenário da sociedade brasileira do século XIX 
e XX para entender o papel legitimador que a Criminologia cumpriu na história 
brasileira. 
No século XIX e início do século XX tem-se a figura dos escravos e outras classes 
tidas como perigosas (escravos libertos e imigrantes que se deparavam com uma 
enorme dificuldade no mercado de trabalho nacional), que se assemelha com o século 
19 CASTRO, Lola Anyiar de. Conocimiento y orden social: Criminologia como legitimacion y Criminologia de la 
liberacion. Proposiciones para uma Criminologia Latino-Americana como Teoria Crítica del Control Social. Capítulo 
Criminológico. Organo del Instituto de Criminologia, 1981-1982, p. 48
20 LOLA, Anyiar de Castro. Criminologia da Libertação. Rio de Janeiro: Revan: ICC, 2005, p. 49
XXI.21 O desenvolvimento da sociedade brasileira baseou-se na hierarquia e na 
submissão das classes inferiores, assim como em mecanismos ideológicos, “como a 
manutenção de um ideário de conciliação, forma negação da violência, da exploração, e, 
logo, permissivo da prática social violenta”.22 No setor rural, têm-se os latifúndios, com 
grande concentração populacional e a figura do proprietário de terras. Os grupos 
formuladores de resistência(assim como ocorre hoje) eram marginalizados e punidos. 
Percebe-se de forma bem clara a presença de duas classes: a classe dominada e a classe 
dominante. 
A formulação ideológica e os valores tinham que ser assimilados pela classe 
explorada para a manutenção do sistema. A reprodução da ideologia dominante no 
sistema capitalista garante sua reprodução pelo consentimento, o que denomina 
ideologia do consenso. Esta ideologia traz violência consigo para proteger a hierarquia 
social e nega o exercício de expressão da classe oprimida. Havia pretensão de controle 
absoluto da sociedade: “Constata-se que, mesmo com o advento da república, o 
progresso só se admite com ordem.”23
A escravidão foi a forma de “manter um sistema de exploração que demandava 
grandes extensões de terras para a exportação de produtos que poderiam trazer rendas 
para a Coroa, de forma a estabilizar a balança de pagamentos, além de ressarcir os 
parceiros particulares, que investiram nas navegações. O escravo torna-se, deste modo, 
o mais importante meio de produção, superando mesmo o valor da terra.”24 
A violência contra os escravos não era praticada apenas pelos senhores ou seus 
empregados, mas também com a ajuda policial para a manutenção da ‘ordem pública’ 
que, em uma sociedade escravagista com a quantidade de escravos como a brasileira, 
significava a atuação seletiva sobre os negros, visando afastar qualquer tipo de atitude 
suspeita. A polícia, no Rio de Janeiro, no século XIX, revelava as características 
autoritárias da sociedade brasileira, bem como a origem e permanência das mazelas que 
atingem, ainda hoje, os órgãos de segurança pública. Com a análise da obra A 
integração do negro na sociedade de Classes de Florestan Fernandes, entende-se bem 
como os escravos libertos foram “jogados” em uma sociedade excludente sem ajuda do 
21 
22 SOUZA, João Paulo de Aguiar Sampaio. A recepção do positivismo criminológico no Brasil. Revista Brasileira de 
Ciências Criminais. Editora Revista dos Tribunais, n. 68, setembro-outubro de 2007, p. 267
23 Idem, p. 271
24 Idem, p. 272
Estado para conseguirem sobreviver e, aplicando isto em nossa realidade, percebemos a 
perseguição do sistema penal pelos negros das classes subalternas. 
A função da polícia na ordem escravocrata era:
A manutenção da ordem pública, que, no caso, consistia no controle de 
escravos, visando evitar, pelos meios que se julgasse necessário, qualquer 
tipo de atitude que não fosse a de mão de obra desumanizada. Não há, 
neste contexto, preocupação com a apuração dos delitos, através de um 
processo, para a aplicação de pena, mas sim o do controle da mobilidade 
negra: o delito nada mais é do que um vago fundamento para a 
justificação do aparato. Tal prática (...) indica a complementariedade 
entre a máquina estatal e o poder privado da elite econômica.25
Mesmo com o fim da escravidão, continua a mesma percepção das elites em 
relação ao negro, que continuava a ser marginalizado. Havia uma desqualificação do 
negro, o que deu espaço a discriminação. A ideologia dominante gera um consenso de 
que a ordem estava ameaçada por causa dos libertos, considerados como indivíduos 
despreparados para a vida em sociedade. Devido ao sistema de escravidão acreditava-se 
que os libertos não tinham a noção de justiça, de respeito à propriedade e de liberdade. 
Tinham vícios do estado anterior, não eram civilizados e por isso era necessário 
reprimir os seus vícios com a educação e com o hábito de trabalho de forma repressiva. 
No que tange ao crescimento populacional dos centros urbanos continuava 
acentuado, agravando as péssimas condições de infra-estrutura. Tal situação provoca 
uma demanda por reformas urbanas. Em nome da modernização e da higiene, o Estado 
acabou com as moradias populares da área central, obrigando a classe trabalhadora a se 
deslocar para os subúrbios ou ocupar áreas vazias próximas ao mercado de trabalho 
(favelas). Assim sendo, tem-se a “periferização dos pobres”.
Entendia-se que o Brasil não podia mais apresentar uma organização 
espacial degradada, como até então, onde havia uma promiscuidade das 
áreas, com vielas e becos escuros, cortiços e favelas no centro da cidade 
(...). Essa configuração era típica de uma época atrasada e retrógrada, que 
deveria ser sepultada com o fim da monarquia: a meta era espelhar a urbe 
francesa, e equiparar-se, em termos de civilização, à Argentina.26
Em pouco tempo, via-se no Rio de Janeiro um cenário de palácios monumentais, 
teatros, restaurantes, salas de cinema, cervejaria e linha férrea. Todavia, o caminho para 
25 SOUZA, João Paulo de Aguiar Sampaio. A recepção do positivismo criminológico no Brasil. Revista Brasileira de 
Ciências Criminais. Editora Revista dos Tribunais, n. 68, setembro-outubro de 2007, p. 275
26 SOUZA, João Paulo de Aguiar Sampaio. A recepção do positivismo criminológico no Brasil. Revista Brasileira de 
Ciências Criminais. Editora Revista dos Tribunais, n. 68, setembro-outubro de 2007. p. 284
a modernização não resolveu os problemas sociais que geravam aquela degradação 
espacial. “Foi uma reforma dos setores esclarecidos, apesar da população, e não a favor 
dela”.27 As medidas foram tomadas de forma autoritária, com desprezo em relação à 
população. O sistema penal republicano volta-se contra as denominadas classes 
perigosas, visando afastar as condutas que colocassem em risco o projeto de 
consolidação do capitalismo. 
Inicialmente, é registrada a intensa atividade policial contra os 
capoeiras, figura criada no regime imperial, mas que apenas foi 
criminalizada formalmente pelo Código Penal de 1890. Após tal 
estágio, verifica-se a mobilização da persecução penal diante das 
impurezas do meio social, mormente os vagabundos e os mendigos. 
(...) Em uma terra que, quem quer trabalhar, não morre de fome (...) 
qualquer conduta dos pobres que não seja voltada ao emprego 
significa más intenções, nítida propensão ao delito.28
A persecução penal era orientada pela ideologia do trabalho para função 
ressocializadora (verdadeira falácia). No que tange as penitenciárias, percebe-se que a 
formação social brasileira é marcada pelo exclusão e repressão, marginalizando as 
consideradas “classes perigosas”. 
Notadamente, o Positivismo Criminológico encontrou um terreno fértil para se 
desenvolver no Brasil, diante de uma sociedade hierarquizada, marcada pela escravidão, 
em que uma classe dominante controlava e reprimia as massas populares, por meio das 
ações do Estado (Penal) e dos mecanismos ideológicos do sistema capitalista de 
produção. A idéia de submissão das massas populares e de controle social permanece 
até hoje. O Positivismo Criminológico foi o instrumento necessário para realizar a 
legitimação do mecanismo punitivo, em meio à tentativa de europeização brasileira. O 
Positivismo Criminológico dominou este contexto e trouxe reflexos no procedimento da 
criminalização secundária e na legislação penal.
O Brasil, do mesmo modo que tentou adotar a modernização urbanística do 
padrão europeu, tentou adotar as Teorias Jurídicas e a formulação da legislação criada 
no âmbito da civilização européia. Isso não ocorreu somente no Brasil, mas sim em toda 
América Latina. O Positivismo permitiu o uso da violência (sem ferir os membros da 
elite) para todos aqueles que se posicionassem contra os valores burgueses, excluindo, 
segregando, marginalizando as massas populares. No âmbito das Universidades, o 
27 Idem, p. 286
28 Idem, p. 286
ensino tinha a finalidade de servir aos países de capitalismocentrais, “copiando” as 
teorias jurídicas sem a mínima adequação para a nossa realidade social. 
O Positivismo Criminológico no Brasil pode ser dividido em duas correntes: 
Positivistas Radicais (João Vieira de Araújo, Viveiros de Castro, Moniz Sodré, Adelino 
Filho, Aurelino Leal, Roberto Lyra, Octávio Tavares, Phaelante da Câmara) e os 
Positivistas Moderados (José Hygino Duarte Pereira, Pedro Lessa, Tito Rosas, Laurindo 
Leão, Clóvis Beviláqua).
Outros exemplos dos estudos criminológicos são: Cândito Motta, Classificação 
dos Criminosos (1897); Nina Rodrigues, As raças humanas e a responsabilidade penal 
no Brasil (Bahia, 1894); Torino, Arquivos de Psiquiatria: Nêgres criminels au Brèsil 
(1894); Alcântara Machado, Estudos sobre o artigo 269 do Código Penal, O Hipnotismo 
(1892); Aurelino Leal, Germes do Crime (Bahia, 1892); Viveiros de Castro, Ensaio 
sobre a Estatística Criminal (Rio de Janeiro,1894).
Os autores que são considerados os primeiros a divulgarem as novas teorias 
criminais foram: João Vieira de Araújo e Tobias Barretos. Há uma divergência referente 
ao pioneiro das idéias da Antropologia Criminal no Brasil, alguns autores consideram 
João Vieira de Araújo e outros acreditam ser Tobias Barreto. João Vieira de Araújo 
divulgou as idéias da Antropologia Criminal não apenas na Faculdade do Recife como 
também no Rio de Janeiro. Tobias Barreto considerava o trabalho de Lombroso 
revolucionário, porém não deixou de censurar os exageros naturalistas da abordagem da 
questão criminal feita por ele. 
V. CRIMINOLOGIA DA LIBERTAÇÃO COMO FORMA DE FAZER 
CRIMINOLOGIA LATINO-AMERICANA E TEORIA CRÍTICA DO 
CONTROLE SOCIAL NA AMÉRICA LATINA
Libertação de que?
Libertação das estruturas libertadoras. Libertação da 
ocultação das relações de poder e do funcionamento 
mascarado dos interesses. Libertação do discurso 
educativo, religioso, artístico, jurídico e criminológico 
vinculados às relações de poder. Libertação da razão 
tecnológica que traz um conceito artificial de 
desenvolvimento para nossos países.29
(Lola Anyiar de Castro)
29 LOLA, Anyiar de Castro. Criminologia da Libertação. Rio de Janeiro: Revan: ICC, 2005, p. 112
Com a análise da obra Criminologia da Libertação é evidente que a Criminologia 
na América Latina não está disposta a ficar sempre ao lado do poder. Este movimento 
envolveu os grandes centros acadêmicos latino-americanos de pesquisa, discutindo os 
problemas da Criminologia, do poder e do controle social. 
A Criminologia Crítica tem uma metodologia própria a qual exige construir-se em 
e para cada sociedade, em cada momento histórico e em cada conjuntura específica. 
“Apenas uma Criminologia desse tipo pode ser chamada, em nosso continente, de 
latino-americana, por ter sido feita da América Latina e para a América Latina”30 A 
Criminologia Latino-Americana é uma pesquisa sobre a realidade sociopolítica do 
continente. 
O processo para a criação de uma Criminologia da Libertação, ou melhor, uma 
verdadeira Criminologia latino-americana, corresponde aos trabalhos do Grupo Latino-
Americano de Criminologia Comparada. A nova perspectiva da Criminologia, voltada 
para questionar a história e a realidade sociopolítica latino-americana, colaborou para o 
desenvolvimento de uma pesquisa comparada entre os países da América Latina. 
Em 1981, surgiu no México, um manifesto que reúne os postulados dos militantes 
de uma Criminologia da Libertação. 
Esse manifesto implica um novo grupo, mas não a morte do anterior (o 
Grupo Latino-Americano de Criminologia Comparada continuará 
fazendo suas pesquisas as quais iam fornecendo fundamentação à teoria 
que se procurava construir com o Manifesto). O novo se dedicará à 
construção de uma Teoria Crítica do Controle Social na América Latina. 
31
O Manifesto de Criminólogos Críticos Latino-Americanos é a história da 
Criminologia na América Latina: 
1. Desde 1976 há um grupo que pesquisa a violência e a criminalidade de 
colarinho branco na América Latina. Esse grupo tem a coordenação do 
Instituto de Criminologia da Universidade de Zulia. Alguns deste grupo 
decidiram pela organização de um movimento autônomo de conteúdo 
crítico, independentemente da continuação, em paralelo, do trabalho 
investigativo do Grupo Latino-Americano de Criminologia Comparada. 
2. As realidades sociais da América Latina, embora diversas entre si, 
respondem a uma lógica uniforme que foi ditada pela política que divide 
o mundo entre países centrais e periféricos. As situações nacionais 
internas correspondem a essa lógica, na qual há privilégios para um grupo 
em detrimento das maiorias. Ressalta-se, também, o domínio dos países 
30 Idem, p. 21
31 Idem, p. 32
poderosos que impõem suas políticas mais apropriadas a seus propósitos 
de usufruto das riquezas naturais e de exploração dos recursos humanos. 
Questiona-se o controle social. As relações de produção baseadas na 
exploração do homem e geradoras de desocupação, analfabetismo, 
mortalidade infantil, grandes massas de marginalizados, etc.; são, entre 
outros, os meios úteis com que se mantém a submissão, se fortalece o 
poder de certas minorias e através do qual o capital transnacional obtém 
elevados lucros.32
O Direito Penal serviu de instrumento para aprofundar as diferenças 
sociais e a ciência jurídico-penal justificou a intervenção punitiva oficial 
em auxílio a privilégios minoritários. Proteção de interesses jurídicos 
particulares, enquanto mantêm sem proteção importantes necessidades 
coletivas33. 
A legitimação de um direito penal desigual para a América Latina foi 
corroborada pelo papel subalterno que a Criminologia tradicional 
desempenhou.34 
O objetivo e o objeto do Manifesto de Criminólogos Críticos Latino-
Americanos da são: 
O Manifesto de Criminólogos Críticos Latino-Americanos tem como 
objetivo a construção de uma Teoria Crítica do Controle Social na 
América Latina. Tem como objeto de estudo a denúncia das situações 
referidas, o assinalamento do papel legitimador cumprido pela 
Criminologia tradicional e a elaboração de estratégias alternativas para o 
controle social na América Latina.35
O movimento deverá observar as realidades específicas de cada país, a 
proteção dos direitos dos setores sociais mais numerosos e vulneráveis, 
elaborando propostas de política criminal alternativa, apoiando uma luta 
radical contra a criminalidade, numa transformação profunda e 
democrática dos atuais mecanismos do controle social do delito.36
A história do Grupo Latino-Americano de Criminologia Comparada e o Manifesto 
de Criminólogos Críticos Latino-Americanos também é a história da Criminologia da 
Libertação. 
1. Criminologia como Teoria Crítica do Controle Social na América Latina
Uma Criminologia como Teoria Crítica do Controle Social representa a superação 
da Criminologia como controle social, é sua crítica, sua negação. O Método utilizado 
pela Teoria Crítica do Controle Social é o método histórico dialético. Acrescentam-se 
elementos da Escola de Frankfurt. 
32 LOLA, Anyiar de Castro. Criminologia da Libertação. Rio de Janeiro: Revan: ICC, 2005, p. 33
33 Idem, ibidem
34 Idem, p. 34
35 Idem, p. 33
36 Idem, p. 34
Para alcançar um conhecimento científico coerente dos fatos sociais é necessário 
estudar, primeiro, a história constituinte e o histórico constituído. Para o método 
dialético o sistema capitalista é uma unidade de contrários em luta (a burguesia e o 
proletariado). 
Os fatos sociais não estão isolados, nem podem ser entendidos fora de 
seu contexto histórico. Cada um delesestá articulado à totalidade do 
sistema de produção e obedece à sua racionalidade37. 
História, contradição, totalidade e dialética do real são os principais 
elementos metodológicos para demonstrar a ideologia que apresenta aos 
olhos do pesquisador uma aparência ocultadora da essência38. 
Os elementos da Teoria Crítica do Controle Social são:
A Teoria Crítica do Controle Social deve ser antiformalizante e 
voluntariamente assistemática. Teoria como parte de um processo para a 
libertação humana. Deve ser auto-reflexiva e histórica. Deve ter caráter 
dialético. Há uma rejeição das sociedades em que impere uma 
racionalidade tecnocrática ou autoritária. É parte de um processo 
emancipatório. A crítica é a denúncia materialista da injustiça social39. 
Os objetivos da Teoria Crítica do Controle Social são: 
1. Análise e denúncia da estrutura do controle social atual na América 
Latina, desnudando seu caráter legitimador, apresentando assim às 
classes subalternas um discurso transparente que estimule a consciência 
de classe e uma compreensão das verdadeiras condutas dissonantes. 2. O 
estudo dessas condutas dissonantes só existirá para observar como o 
controle social opera diferencial. 3. A Teoria Crítica deverá sugerir uma 
estrutura alternativa do controle social sempre em revisão, que favoreça 
os direitos coletivos. 4. Esta teoria não se contenta com uma revisão dos 
processos de socialização primária, do papel da própria teoria e da ciência 
e de todos os sistemas normativos, identificando-os em sua relação 
concreta com o poder, mas deverá comprometer-se com uma atividade 
crítica permanente, sobre a base de um projeto emancipatório que impeça 
o congelamento de qualquer sistema de controle social ou de dominação. 
5. Quebrar a ordem ideológica, a falsa consciência do crime e do 
criminoso e combater as formas ocultas da dominação. 6 Analisar a 
problemática latino-americana, a identificação dos níveis de dominação 
que dependem dos diversos modelos de acumulação de capital, identificar 
as diferenças que existem nos vários estágios de desenvolvimento das 
forças produtivas. 7. Verificar as diferenças do controle social nos países 
com governos autoritários nos que tenham democracias formais. 40
 2. Criminologia, Direito e sistemas sociopolíticos na América Latina
37 LOLA, Anyiar de Castro. Criminologia da Libertação. Rio de Janeiro: Revan: ICC, 2005, p. 59
38 Idem, ibidem
39 Idem, p. 62
40 LOLA, Anyiar de Castro. Criminologia da Libertação. Rio de Janeiro: Revan: ICC, 2005, p. 64
O Positivismo na América Latina serviu para apoiar o racismo, o preconceito e a 
discriminação em relação às minorias éticas e justificar as relações de exploração norte-
sul. O sofrimento, a morte, as lutas ideológicas, os antagonismos sociais, os conflitos de 
valores foram rejeitados pelo positivismo.41 Positivismo apresenta como estereótipo do 
delinqüente às classes subalternas. 
Anyiar de Castro aponta as funções da Criminologia nos países socialistas, 
salientando que a legitimação do sistema socialista apresenta uma explícita proteção de 
interesses generalizáveis e a ampla consulta popular de que são objeto os textos 
normativos. Defende-se que a legalidade socialista é um dos meios para a construção do 
socialismo e o princípio de organização e atividade dos órgãos do Estado.42
O papel legitimador da dualidade simbólica/fática dos corpos normativos das 
democracias burguesas (direitos sociais X direitos individuais) não está presente no 
socialismo. 
A vontade expressa do sistema capitalista reclama ressocialização. O 
explorador é um ladrão. O ladrão é um explorador. A ressocialização é 
exercida por meio da conscientização política. A prevenção por meio do 
aperfeiçoamento da qualidade de vida e da correção das falhas do Estado 
no seu dever de proporcionar condições favoráveis ao desenvolvimento 
de uma personalidade socializada. A Criminologia é mais preventiva, 
organizacional e ressocializadora do que teórica.43 
No sistema socialista o controle social é exercido por meio das organizações de 
massa o que garante um baixo índice de reincidência. A reeducação consiste na criação 
de uma consciência social. 
3. Criminologia da Libertação 
O poder incorpora todas as forças ideológicas e motivações disponíveis para 
fundamentar-se no apoio das massas.44
O tema essencial de uma criminologia liberacionista é não apenas a 
maneira como se exerce o controle formal, mas a maneira pela qual as 
ideologias são constituídas e manipuladas (...). A busca da legitimação é 
hoje a preocupação central do poder, porque este procura ser hegemonia, 
mais do que apenas dominação.45 
41 Idem, p. 74
42 Idem, p. 78
43 LOLA, Anyiar de Castro. Criminologia da Libertação. Rio de Janeiro: Revan: ICC, 2005, p. 79
44 Idem, p. 93
45 Idem, p. 94
Para a concepção marxista original, a sociedade civil seria a base das 
relações materiais de cada tipo de Estado, que regularia essa sociedade, e 
não o contrário, como supõem as teses jusnaturalistas. O Estado seria 
historicamente determinado.46
No que tange à América Latina cabe destacar que as forças produtivas variam de 
acordo com cada país e, também, com as suas regiões interiores que apresentam 
diferentes graus de desenvolvimento político e social. Deve-se considerar como os 
modos de produção se refletem na manutenção ou transformação de estruturas culturais. 
Segundo Anyiar de Castro, o Estado protege formal ou substancialmente apenas 
os interesses da classe dominante. A imagem de um Estado que assegura também 
direitos sociais serve como instrumento de manutenção de consenso e paz, refletindo os 
antagonismos de classes. O programa jurídico e ideológico burguês que aparenta 
defender interesses generalizáveis é, na realidade, uma promessa irrealizável.47
Anyiar de Castro mostra que a Social-democracia na América Latina descumpre 
as promessas e seus textos normativos, e gera ilusões de participação dos estratos 
subalternos. “Na realidade, tudo se reduz a acordos sobre preços e salários, que 
reproduzem o sistema ao fortalecer a solidez do mercado e o caráter inquestionável das 
decisões de hierarquia política”48 
Ao controle informal são apresentados valores e atitudes aos quais são 
incorporados por meio de técnicas de obediência e disciplina. 
Cremos que a legitimação está hoje montada tanto na ilusão de uma 
real participação coletiva nas tomadas de decisão política das 
democracias burguesas como na mobilização coletiva para que se 
conformem processos de socialização, orientados de modo 
estrutural.49
Salienta a autora que isto é válido tanto para os países de Terceiro Mundo que 
praticam o capitalismo selvagem como para os industrializados e pós-industrializados. 
Anyiar de Castro comenta sobre o neocolonialismo (transculturação, dependência 
tecnológica) e a dominação dos países centrais sobre os periféricos. Ela defende uma 
luta pela libertação. 
46 LOLA, Anyiar de Castro. Criminologia da Libertação. Rio de Janeiro: Revan: ICC, 2005, p. 95
47 Idem, p. 96
48 Idem, p. 97
49 Idem, p. 98
Segundo a perspectiva liberacionista em Criminologia, é necessária a produção de 
uma contra-ideologia, e esta deve ser desenvolvida não apenas no âmbito da 
Criminologia, mas de forma interdisciplinar. 
Em suma, O Manifesto dos Criminólogos Críticos Latino-Americanos propunha 
uma epistemologia voltada para a prática, com um método histórico-concreto que 
reflete a realidade da América Latina. A Criminologia Latino-Americana – 
Criminologia da Libertação– desenvolveu uma Teoria Crítica do Controle Social (tanto 
formal como informal).
A Criminologia da Libertação como Teoria Crítica do Controle Social procura a 
pesquisa do controle social na América Latina de acordo com o histórico de dominação 
em nosso continente50. É de grande importância pesquisar a cultura popular latino-
americana, campo este quase inexplorado, para verificar a ideologia popular e a 
manipulação ideológica pela classe dominante. 
VI. CRIMINOLOGIA CRÍTICA
Com a base da Teoria Marxista da sociedade, a Criminologia Crítica pode ir além 
dos limites que as outras Escolas Sociológicas encontraram. Para a Criminologia Crítica 
a criminalidade se revela como um status atribuído a determinados indivíduos, mediante 
uma dupla seleção: 
Em primeiro lugar, a seleção dos bens protegidos penalmente, e dos 
comportamentos ofensivos destes bens descritos nos tipos penais; em 
segundo lugar, a seleção dos indivíduos estigmatizados entre todos os 
indivíduos que realizam infrações a normas penalmente sancionadas. A 
criminalidade é distribuída desigualmente conforme a hierarquia dos 
interesses fixada no sistema sócio-econômico e conforme a desigualdade 
social entre os indivíduos. 51
50 Na América Latina, a Criminologia da Libertação atuou nos seguintes temas: I. O poder legitimador da 
Criminologia convencional: justificação do poder (Escola Clássica e Positivista); criação de estereótipos classistas do 
delinqüente e da delinqüência; Submissão às definições codificadas; desinteresse pela delinqüência das classes 
hegemônicas; função como suporte ideológico e prático: repressão, reintegração e ressocialização. II. Pesquisas sobre 
definições de delito e delinqüente, notadamente no âmbito da violência e delito de colarinho branco na América 
Latina; III. Pesquisas críticas sobre o controle social formal: polícia, tribunais, leis, operativos; IV. Pesquisas críticas 
sobre o controle social informal: imprensa, religião, família, cultura e educação; V. Pesquisas críticas sobre a 
delinqüência dos poderosos, assim como corrupção administrativa; VI. Pesquisas críticas sobre violência interestatal 
e transnacional que incide sobre a vida, a saúde, os bens das pessoas e sobre a qualidade de vida; VII. Decodificação 
e reinterpretação política de temas convencionais da velha Criminologia; delinqüência feminina, drogas, papel dos 
meios de comunicação; VIII. Propostas para um controle social alternativo; IX. Redefinição do objeto de estudo da 
Criminologia. 
51 BARATTA, Alessandro. Criminologia Crítica e Crítica do Direito Penal. Introdução à Sociologia do Direito Penal: 
tradução Juarez Cirino dos Santos, 3ª Ed., Editora Revan: Instituto Carioca de Criminologia, Rio de Janeiro, 2002, p. 
O momento crítico atinge a maturação na Criminologia quando o enfoque 
macrossociológico se desloca do comportamento desviante para os mecanismos de 
controle social dele e para processo de criminalização. O Direito Penal não é 
considerado, nesta crítica, somente como sistema estático de normas, mas como sistema 
dinâmico de funções, distinguindo-se três mecanismos: o mecanismo da produção das 
normas, o mecanismo da aplicação das normas e o mecanismo da execução da pena ou 
da medida de segurança. 
Baratta mostra a negação do Direito Penal como direito igual, ou seja, do mito da 
ideologia da defesa social: 
O Direito Penal não defende todos e somente os bens essenciais. Quando 
pune as ofensas aos bens essenciais o faz com intensidade desigual e de 
modo fragmentário. A lei penal não é igual para todos, o status de 
criminosos é distribuído de modo desigual entre os indivíduos. O grau 
efetivo da tutela e a distribuição do status de criminoso é independente da 
danosidade social das ações e da gravidade das infrações à lei, no sentido 
de que estas não constituem a variável principal da reação criminalizante 
e da sua intensidade.52
A Criminologia Crítica voltou-se para o processo de criminalização que 
representa as relações sociais de desigualdade típicas da sociedade capitalista, e 
preocupou-se com a crítica do Direito Penal como um direito desigual. 
Se uma Ciência pretende ser capaz de penetrar na lógica das 
contradições que a realidade social apresenta, e de captar as 
necessidades dos indivíduos e da comunidade no seu conteúdo 
historicamente determinado, para orientar a ação em vista da 
superação destas contradições e da satisfação destas necessidades, 
não poderá se limitar à descrição das relações sociais de 
desigualdade que o sistema penal reflete. 53
A Criminologia Crítica apresenta estratégias para o desenvolvimento de uma 
política criminal alternativa, ou seja, das classes subalternas. 
Baratta distingue Política Penal e Política Criminal:
Entende-se a primeira como uma resposta à questão criminal circunscrita 
ao âmbito do exercício da função punitiva do Estado. Entende-se a 
segunda como política de transformação social e institucional. Uma 
Política Criminal alternativa é a que escolhe decididamente esta segunda 
161
52 Idem, p. 162
53 Idem, p. 199
estratégia (...). Entre todos os instrumentos de Política Criminal o Direito 
Penal é o mais inadequado.54 
O desenvolvimento de uma Política Criminal alternativa é essencial para a 
construção de uma consciência alternativa no âmbito do desvio e da criminalidade. 
Procura-se reverter as relações de hegemonia cultural. É necessário promover uma 
discussão de massa no interior da sociedade da classe operária. 
Baratta comenta a distância entre uma sociedade capitalista e uma sociedade 
socialista: “A sociedade capitalista é uma sociedade baseada sobre a desigualdade e 
sobre a subordinação; a sociedade socialista é uma sociedade livre e igualitária”.55 
Segundo Baratta, quanto mais uma sociedade é desigual, mais necessidade ela tem de 
um sistema de controle social do desvio repressivo. 
Não devemos perder de vista que uma Política Criminal alternativa e a 
luta ideológica e cultural que a acompanha devem desenvolver-se com 
vistas à transição para uma sociedade que não tenha necessidade do 
direito penal burguês. 56
Baratta transcreve uma passagem da Crítica do Programa de Gotha, em que Marx 
expressou a definitiva superação do direito desigual, em uma sociedade de iguais: “De 
cada um segundo as suas capacidades, a cada um segundo as suas necessidades”. Esta 
fórmula guiou a Criminologia Crítica e o desenvolvimento de uma Política Criminal 
alternativa. 
Propõe-se a utilização de outros elementos teóricos oriundos não apenas dos 
estudos criminológicos, mas também, de estudos sociológicos, jurídicos, políticos, 
econômicos e análise histórica que irá ajudar na compreensão dos sistemas punitivos na 
evolução da sociedade.57
Os objetivos para a construção de uma Política Criminal Alternativa, segundo 
Lola Anyiar de Castro, são: 
A inserção dessa revista no momento em prol da descriminalização e da 
reforma do sistema penal e de controle; a luta que fundamentaria essas 
pesquisas continuaria a ser a opção ideal e política de uma ampliação da 
liberdade e da igualdade substancial, para indicar formas alternativas 
54 BARATTA, Alessandro. Criminologia Crítica e Crítica do Direito Penal. Introdução à Sociologia do Direito Penal: 
tradução Juarez Cirino dos Santos, 3ª Ed., Editora Revan: Instituto Carioca de Criminologia, Rio de Janeiro, 2002, p. 
201
55 Idem, p. 206
56 Idem, p. 207
57 CASTRO, Lola Aniyar de. A Evolução da Teoria Criminológica e Avaliação de seu Estado Atual. Revista de 
Direito Penal e Criminologia.Nº 34, Julho – Dezembro, 1982, p. 85
numa estratégia de antagonismo cultural e político entre as camadas 
identificáveis da sociedade atual58.
Quanto à Criminologia Latino-Americana, a Criminologia da Libertação é a única 
– por sua metodologia especial – capaz de adequar-se de maneira original à 
problemática regional, produzindo conteúdos próprios, independentemente da origem 
geográfica dessa metodologia.59
VII. PROPOSTAS DA TEORIA CRÍTICA DO CONTROLE SOCIAL 
PARA A ELABORAÇÃO DE UMA POLÍTICA CRIMINAL 
ALTERNATIVA
O Controle social:
Cria o delito ao defini-lo. Cria o delinqüente ao assinalar uma pessoa em 
vez de outra que praticou conduta similar. Cria a delinqüência ao definir 
o delito e selecionar os casos. Cria a cifra negra da delinqüência, ao 
abandonar outros casos semelhantes. É ativado diferencialmente por 
razões de classe: há ilegalismos dos direitos para as classes hegemônicas 
e ilegalismos dos bens para as classes subalternas. A criminalização – 
estereótipos e estigmatização – são elementos da base ideológica do 
controle60.
Propostas da Teoria Crítica do Controle Social na América Latina:
I. Projeto de socialismo democrático: controle social na perspectiva dos 
direitos humanos; II. As terminologias tratamento, reeducação, 
reabilitação são manipuladoras. III. Toda política criminal de corte 
socialista precisa levar em conta a relatividade dos conceitos delito, 
delinqüente e delinqüência, e propor uma definição alternativa dos 
mesmos, em benefício das maiorias e de quem não tem poder, sem fazer 
concessões à tradicional função reprodutora do sistema, que caracteriza o 
controle social tradicional. Isso que dizer que toda política criminal deve 
ser permanentemente revista para ajustar-se aos fins considerados. IV. 
Modificação da consciência pública. V. Deve ser evitada a exaltação 
romântica do delinqüente convencional (De acordo com a definição de 
Marx, o delinqüente é o protagonista da luta isolada contra as condições 
do sistema). VI. Evitar a modificação de leis e instituições como forma de 
fugir a transformações sociais de base. VII. Nenhuma política criminal 
pode ser traçada à margem de, ou sem integrar-se a, uma política social 
mais abrangente. A prevenção do delito não pode ser objeto de uma 
divisão setorial da administração pública. 61
Segundo Anyiar de Castro o Direito é uma maneira de garantir interesses das 
classes hegemônicas. 
58 LOLA, Anyiar de Castro. Criminologia da Libertação. Rio de Janeiro: Revan: ICC, 2005, p. 92
59 Idem, ibidem
60 Idem, p. 238
61 Idem, p. 239
O socialismo deve resgatar o direito para os fins últimos da proteção dos 
chamados interesses difusos (liberdade, trabalho, vida, saúde, 
alimentação, casa, educação, cultura, lazer, meio ambiente).62
Enquanto se produz transformação social para igualar a distribuição de 
oportunidades para todos, as estruturas jurídicas e a atividade judicial 
devem reconhecer a base material das relações humanas e sociais, 
adequando-se a elas para obter, a partir de uma combinação produtiva 
entre igualdade e liberdade, o direito fundamental, da Justiça. Isto é, uma 
redefinição dos direitos humanos, entendendo esses direitos como um 
sistema e, portanto, que os direitos individuais não podem ser garantidos 
se não se desfruta plenamente dos direitos sociais.63
Há três alternativas ao sistema tradicional de administração da Justiça estudadas 
no contexto venezuelano: 1. Justiça Participativa; 2. Abolição do Sistema Penal; 3. Uso 
alternativo do Direito64. 
Em relação à Justiça Participativa: o papel que a ideologia desempenha 
nos membros da comunidade que integrariam a administração da justiça 
tende a uniformizar as consciências, as atitudes e os valores. A presença 
da coletividade no controle social formal proporciona resultados mais 
repressivos.65
Em relação à Privatização do conflito, ou abolição do sistema penal: 
haverá problema em acordos entre vítima e agressor pertencentes a 
classes sociais distintas, e com interesses opostos, atitudes e valores 
diferentes diante da defesa de direitos. A abolição do sistema penal 
requer um elevado grau de amadurecimento social e cultural, que deveria 
ser similar para ambas as partes, o que não parede estar no horizonte de 
uma sociedade como a nossa, tão estratificada e diferenciada nas 
possibilidades desse desenvolvimento.66
Em relação ao uso alternativo do direito, poderia ser uma medida 
transitória, útil para atenuar o peso de uma legislação preexistente de 
caráter classista. Todavia, para isso seria necessário contar com a 
colaboração consciente de magistrados com atitude social positiva67.
62 LOLA, Anyiar de Castro. Criminologia da Libertação. Rio de Janeiro: Revan: ICC, 2005, p. 240
63 Idem, p. 240
64 Propostas da Teoria Crítica do Controle Social: 
I. Projeto político transformador deve rejeitar as tradições e os procedimentos jurídicos recuperáveis para uma 
sociedade alternativa; II. Reforma do direito por meio das técnicas de descriminalização; III. Não se deve 
criminalizar condutas que são específicas de grupos sociais mais fracos ou que são discriminados; IV. Não se deve 
criminalizar condutas que apenas a polícia pode conhecer quando investiga por sua própria conta e não motivada por 
alguma denúncia; IV. Não se deve criminalizar condutas corriqueiras que o direito não tenha o poder de controlá-las; 
VI. Não se deve criminalizar os comportamentos resultantes de desajuste social ou psíquico. Nem os que pertençam à 
esfera privada, nem os que possam ter solução por meio de vias distintas da jurídico-penal. O direito deve ser a 
ultima ratio da intervenção na vida social e privada; VII. Deve-se procurar substituir a polícia penal por uma polícia 
social; VIII. Deve ser estabelecido um sistema especial para a problemática juvenil: os limites de imputabilidade 
penal não devem ser marcados por uma idade convencionalmente estabelecida, mas por critérios de amadurecimento 
individual; IX. As penas privativas de liberdade deverão ser substituídas por outras de conteúdo social que impliquem 
uma tomada de consciência da função que cada um desempenha no interior do grupo; X. Preservar as garantias 
processuais e a execução da pena, preservando a dignidade, identidade, saúde de que está submetido a julgamento; 
XI. Rever os princípios constitucionais – Direitos Socialistas Do Homem. 
65 LOLA, Anyiar de Castro. Criminologia da Libertação. Rio de Janeiro: Revan: ICC, 2005, p. 241
66 Idem, p. 241
67 Idem, ibidem
No que tange ao uso alternativo do Direito, Zaffaroni aponta suas críticas diante 
do plano prático, teórico e político, concluindo que:
O uso alternativo do direito, em nossa região marginal, além de pouco 
viável, teria o inconveniente das críticas ao direito que foram 
desenvolvidas a partir de uma proposta puramente política, uma vez que a 
falta de uma teoria jurídica não lhe permitiria penetrar no saber jurídico 
que, até aqui reafirmado, permaneceria tão intacto, quanto sempre esteve 
frente às críticas dirigidas ao nível exclusivamente político68. 
No âmbito do Controle social formal, 
Qualquer reforma deve ser integral e coerente com o contexto em 
que é aplicada. Criação da figura do juiz de execução penal, encarregado 
de vigiar as condições em que se cumpre a condenação nas prisões e em 
outras instituições de tratamento. Capacitação da atividade judicial: 
rapidez, segurança, probidade. Revisão da prática do sistema penal: 
garantias constitucionais. 69
As propostas da Teoria Crítica do Controle Social são: 
1. A função policial obedece normalmente aos critérios da Lei eOrdem. 
A não adesão a esses critérios por parte de um projeto social alternativo 
deve ser um primeiro ponto de referência. 2. Redefinir o papel policial 
em um sentido não autoritário. 3. Reformular o papel policial orientando-
o no sentido da prevenção, reforço da solidariedade nas comunidades 
marginais e construção de sua consciência de classe. 4. Reconstruir a 
imagem pública da polícia. 5. Autorizar a formação de sindicatos 
policiais livres, preservados de manipulação política. 6. Organizar a 
coletividade em grupos reduzidos. 7. Promover metas alternativas à do 
lucro pessoal favorecendo sempre a preservação dos interesses coletivos. 
8. Incentivar a solução de conflitos interpessoais dentro de um quadro de 
comunicação e não de violência. 70 
A violência e a agressão
As propostas da Teoria Crítica do Controle Social são:
I. Superação das necessidades; incentivo da consciência dos 
homens quanto ao seu pertencimento a um coletivo e às 
suas responsabilidades em relação a ele, como valor 
prioritário à apropriação. É uma proposta idealista e 
descolada da realidade de um sistema do qual o lucro é o 
motor, e de um projeto político que não propõe, de saída, 
fazer tabula rasa do que existe. Porém a ação combinada 
entre satisfação de necessidades e a consciência solidária é 
a única proposta geral possível. II. As marginalidades social 
e econômica foram consideradas e tratadas pelas 
instituições como um problema de ordem pública, mais do 
68 ZAFFARONI, Eugenio Raúl. Em busca das penas perdidas: a perda da legitimidade do sistema penal. Ed. 5º, Rio 
de Janeiro: Revan, 2001, p. 114
69 LOLA, Anyiar de Castro. Criminologia da Libertação. Rio de Janeiro: Revan: ICC, 2005, p. 245
70 Idem, p. 246
que expressão de debilidade do sistema socioeconômico. 
Reduzir o tamanho das cidades. III. Estimular a criação 
artística coletiva, música nas ruas, retorno aos jograis que 
transmitiam de forma mais direta e personalizada as 
notícias, recreação dirigida, diminuição dos ruídos, estímulo 
de esportes, férias coletivas de curta duração. IV. Incidência 
nos textos escolares e na literatura para os menores, assim 
como sobre o controle dos meios audiovisuais de massa, 
para que obedeça, a padrões de consciência solidária. 
Reorientar o papel do professor na formação de 
comportamentos e estereótipos. V. Eliminar a proibição das 
drogas suaves e controlar por meios publicitários e 
educativos o consumo das mesmas, do álcool e dos 
tranqüilizantes, atacando a droga em sua natureza de 
mercadoria e não como algo vinculado a desajustes 
individuais.71
A Delinquencia dos Poderosos
As propostas da Teoria Crítica do Controle Social são:
I. Necessidade de tornar efetivos os controles para as classes 
hegemônicas, o que só se pode com um poder político 
independente das pressões dos grupos econômicos e do 
capital transnacional. II. Reestruturar o processo 
institucional. III. Re-criação dos estereótipos do delinqüente 
em nível popular. IV. Mobilização da comunidade para que 
se defenda também diretamente dos delitos dos poderosos.72
Sentimento de insegurança cidadã
A finalidade deste sentimento é legitimar a função repressiva e aumentar os 
recursos outorgados à polícia. Percebe-se, em nossa sociedade, que a violência para 
alcançar os fins do controle social formal e informal é aceita pela coletividade. A 
manipulação do sentimento de insegurança foi característica dos partidos tradicionais 
com fins eleitorais, dessa forma um projeto humanista deverá discutir:
1. Orientação e o controle da informação sobre o problema 
delitivo. 2. Preparação das massas para perceber criticamente o 
problema da violência real. 3. Planejamento urbanístico voltado 
para proporcionar um habitat adequado às necessidades humanas, 
que favoreça o contato entre os membros da comunidade, que 
estimule as atividades autoprotetoras e uma atenção permanente 
não só sobre os próprios pertences como sobre a vizinhança em 
geral, deve ser prioritário. 4. Redução do tamanho das 
71 LOLA, Anyiar de Castro. Criminologia da Libertação. Rio de Janeiro: Revan: ICC, 2005, p. 249
72 Idem, p. 250
comunidades, geração de atividades comuns que facilitem o 
conhecimento e o interesse recíproco. 
O excesso de racionalidade no planejamento das cidades pode 
conduzir a um tipo de relação interpessoal forçado, que seria 
alienante. Parece que muitos bairros marginais, que nasceram e 
cresceram pela autoconstrução comunitária, têm mais elementos de 
autenticidade, de humanidade e de intercomunicação preventiva do 
que as cidades, casas e bairros planejados de fora.73
VIII. CONCLUSÕES ACERCA DA TEORIA CRÍTICA DO CONTROLE 
SOCIAL E DO DESENVOLVIMENTO DE UMA POLÍTICA CRIMINAL 
ALTERNATIVA PARA A AMÉRICA LATINA 
A Criminologia da Libertação é a Criminologia ideal para a América Latina, 
principalmente por seu método dialético o qual parte da idéia de que os fatos sociais não 
estão isolados, nem podem ser compreendidos fora de seu contexto histórico. Os fatos 
sociais estão articulados à totalidade do sistema de produção e obedece à sua 
racionalidade. Percebe-se que o Direito Penal segue as exigências do sistema de 
produção capitalista e não pode ser estudado de forma separada do sistema político do 
país. Apesar das grandes diferenças culturais, políticas, sociais e econômicas entre os 
países da América Latina, o fato de todos serem países periféricos dominados pelo 
capitalismo dos países centrais, colaborou com o desenvolvimento do Grupo Latino-
Americano de Criminologia Comparada e o posterior Manifesto de Criminólogos 
Críticos (México, 1981), cujo objetivo era a construção de uma Teoria Crítica do 
Controle Social na América Latina. São os países concebidos como periféricos unidos 
em busca da libertação. As propostas construídas por esta Teoria são ideais para a 
construção de uma Ciência Penal Alternativa. É necessário defendermos uma luta 
radical por uma transformação profunda e democrática dos atuais mecanismos do 
controle social do delito. Defender uma estrutura alternativa do controle social voltada 
aos direitos coletivos, e não aos interesses exclusivos da classe dominante.
No que tange à deslegitimação do sistema penal e as propostas político-criminais 
pelo abolicionismo, notadamente pela corrente de Mathiesen, percebe-se que o sistema 
penal é dependente do sistema político. Todavia, uma sociedade sem sistema penal deve 
73 LOLA, Anyiar de Castro. Criminologia da Libertação. Rio de Janeiro: Revan: ICC, 2005, p. 254
ter condições de democracia profunda, isto é, não só na formulação das instituições, 
mas em sua estrutura social, econômica e cultural. Assim sendo, o primeiro passo seria 
assumir o caráter violento e deslegitimado do atual sistema penal, em vez de 
desenvolver teorias que procuram legitimar e justificar cada vez mais a desigualdade e a 
injustiça social que são criadas pelo sistema penal. 
A Criminologia da Libertação e as propostas da Teoria Crítica do Controle Social 
são ideais para a nossa realidade, pois estão em transformação de acordo com a 
dinâmica da sociedade, sempre em busca da emancipação. A Criminologia da 
Libertação procura quebrar a ordem ideológica, a falsa consciência do crime e do 
criminoso e combater as formas ocultas da dominação. A legitimação do sistema 
socialista apresenta uma explícita proteção dos direitos sociais e a ampla 
conscientização das massassobre os textos normativos, assim como uma verdadeira 
Democracia das massas populares e não (como está inserida em nosso país atualmente), 
uma Democracia Burguesa restrita à classe dominante em que reina a repressão e 
exclusão das massas populares. Nossa Constituição Federal estabelece nosso Estado 
como um Estado Democrático de Direito, entretanto quando verificamos a realidade 
social na qual estamos inseridos percebemos uma nítida Democracia para minorias em 
que os Direitos Sociais não são efetivados e que nem há mecanismos para a efetivação. 
Verificamos uma nítida proteção à propriedade privada, aos interesses e valores 
burgueses em contrapartida a uma prática penal punitiva em relação aos movimentos 
sociais e as massas populares. 
De acordo com Pasukanis o direito é produto exclusivo da sociedade capitalista, 
criado para proteger os valores fundamentais deste sistema. O Direito protege as 
relações de desigualdade, o preconceito, a discriminação, os estereótipos das classes 
subalternas. Tudo para manter a classe dominante no poder, valorizar o consumo, a 
propriedade, sempre em luta pela acumulação de riquezas, pelo lucro e pelo status. 
Apesar de defender a abolição dos códigos penais, acredito que isto se dará apenas com 
a radical eliminação de todos os resquícios da sociedade capitalista. Acredito que as 
propostas político-criminais, como o Abolicionismo e o Direito Penal Mínimo, são 
associadas aos modelos de sociedade e a realização de políticas criminais dependerá de 
mudanças estruturais na sociedade. Pensamento este questionado por Zaffaroni. 
Em relação ao Brasil, se defendermos a Criminologia Crítica e seus estudos sobre 
o sistema penal é possível construir um novo discurso jurídico-penal que assuma sua 
deslegitimação no exercício do poder. Os estudos criminológicos críticos poderão 
ajudar a limitar o poder do sistema penal e também limitar a arbitrariedade das agências 
não judiciais. Todavia, para haver uma transformação em relação à violência do sistema 
penal, acredito não podemos esquecer-nos do poder exercido pelo controle social 
informal. Precisamos quebrar com os estereótipos colocados sobre as classes 
subalternas, precisamos reduzir as desigualdades sociais, acabar com os preconceitos, 
com a discriminação, com a indiferença. Precisamos elevar a solidariedade como maior 
valor dentro de uma sociedade, em detrimento do individualismo, precisamos da 
conscientização das massas, da não criminalização de movimentos sociais (como o 
Movimento Estudantil, movimento feminista, MST, Movimento Sindical, entre outros), 
precisamos do fortalecimento do movimento operário para lutar pela efetivação dos 
Direitos Sociais. Para todas estas realizações não há outra forma a não ser uma radical 
transformação na estrutura social de nosso país. Não há como construir um sistema 
penal que não seja desigual sendo que a estrutura capitalista é marcada pela 
desigualdade, pela subordinação e pela dominação. A construção de uma sociedade 
livre e igualitária é possível apenas rompendo com os valores capitalistas. Enquanto isso 
não ocorre, os estudos criminológicos podem ajudar a controlar o sistema penal. O 
Realismo Marginal, proposto por Zaffaroni, é um meio pelo qual podemos extrair regras 
para diminuir a violência diante de nosso contexto social latino-americano. O processo 
de democratização tende a oferecer a consciência social às agências judiciais e assim 
favorecer uma aceleração da contradição do sistema penal rumo à redução da violência. 
Não podemos permitir que o Direito Penal seja um meio de dominação e opressão. Para 
isso, é essencial o trabalho em conjunto de criminólogos críticos e penalistas em nosso 
país. 
As estratégias para a evolução de uma Política Criminal alternativa, relatadas por 
Baratta, são essenciais para a construção de uma consciência alternativa em relação ao 
desvio e à criminalidade. É necessário promover uma discussão de massa no interior da 
sociedade da classe operária. O movimento operário deve ser organizado para construir 
uma nova imagem da realidade, rompendo com os estereótipos burgueses do criminoso. 
O movimento operário deve definir e especificar a orientação de sua própria política 
criminal. 
As propostas político-criminais da Teoria Crítica do Controle social, expostas 
neste capítulo, são ideais para a construção de um controle social alternativo para a 
América Latina, livre da dominação e sempre em busca da libertação. 
XI. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS DA PESQUISA
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