Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 Saber Científico, Porto Velho, V., n., p. – , mês./mês. 2016. IRREGULARIDADES NO PREENCHIMENTO DE CHECKLIST CIRÚRGICO Ana Beatriz Rodrigues de SOUZA 1 ; Matheus Piva de ANDRADE 2 ; Juliana Vieira Frezza Bernardes COHEN 3 1. Graduando em Biomedicina, do Centro Universitário São Lucas – RO, email: anitarodrigues2301@gmail.com 2. Graduando em Biomedicina, do Centro Universitário São Lucas – RO, email: matheuspiva3@gmail.com 3. Docente do curso de Biomedicina do Centro Universitário São Lucas – RO, email: julianafrezza@yahoo.com.br RESUMO: Sabe-se que a cirurgia é praticada desde a pré-história, e cada ano há um aumento significativo no número de procedimentos e técnicas cirúrgicas. As cirurgias, antes utilizadas para a solução de problemas, como as amputações, hoje tem aplicações terapêuticas, e estas, estão sujeitas a agravo. Neste contexto, os blocos operatórios têm uma prevalência alta de falhas e acidentes. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a estimativa é que 7 milhões de pacientes cirúrgicos sofrem complicações significativas a cada ano, 1 milhão dos quais chegam ao óbito durante ou imediatamente após a cirurgia. A Lista de Verificação de Segurança Cirúrgica da OMS foi desenvolvida após ampla consulta com o objetivo de diminuir erros e eventos adversos, e estimular a interação entre a equipe multiprofissional. Porém, o desafio tem sido o de garantir a implementação bem- sucedida da Lista de Verificação Cirúrgica nos serviços de saúde pública. São mais de 220 milhões de cirurgias realizadas a cada ano. Neste montante, estudos iniciais revelam uma diminuição da mortalidade superior a 40% e superior a 37% nas grandes complicações, sinalizando uma importante modificação nos resultados dos procedimentos cirúrgicos desde a implantação do programa “Cirurgias Seguras Salvam Vidas”. Para que seja realizado de maneira adequada, é necessário a capacitação e orientação das equipes de enfermagem e médica, além de reforçar e explicar a importância de realizar esse processo de maneira correta, pois além de beneficiar o paciente, os profissionais terão maior segurança para realizar procedimentos, minimizando qualquer falha que venha a acarretar dano ao paciente. PALAVRAS-CHAVE: Segurança do paciente. Cirurgia segura. Checklist cirúrgico. Lista de checagem. INTRODUÇÃO A origem do processo de acreditação nos Estados Unidos teve como principal precursor, o Doutor e Professor Ernest Amony Codman, cirurgião do Hospital Geral de Massachusetts. Em 1910, ele desenvolveu um trabalho que denominou “End Results Systems” que em português traduz-se como Sistema de Resultados Finais no qual monitorava e avaliava os resultados dos tratamentos e procedimentos cirúrgicos que eram realizados no hospital com a finalidade de identificar as intercorrências negativas na assistência prestada ao paciente. Baseado nos achados desse trabalho, deu-se origem ao Gerenciamento dos Resultados (Outcomes Management). O qual tem por definição o conjunto de atividades para o planejamento, gestão e realização dos resultados desejados a partir de iniciativas. ³ Já no ano de 1913, Codman participou da fundação do CAC (Colégio Americano de Cirurgiões), que adotou como premissa o “Sistema de Resultados Finais” visando o progresso na qualidade do cuidado prestado nos hospitais americanos. Em 1917, estabeleceu-se um conjunto de padrões chamados de “Minimum Standards” (Padrões Mínimos) que estavam diretamente relacionados com processos de melhoria na qualidade e com um programa de padronização hospitalar. ³ Esses Padrões Mínimos se resumiam nos seguintes conceitos: 1) Médicos e cirurgiões com o privilégio de exercer a prática profissional no hospital devem estar organizados como um grupo ou um corpo clínico. 2) A admissão dentro do corpo clínico é restrita a médicos e cirurgiões que sejam graduados em Medicina com licença legal para a prática em seus respectivos Estados ou províncias, competentes e valorosos em caráter e em relação à ética. 3) O corpo clínico inicia suas atividades com a aprovação do conselho diretor do hospital, adota regras, regulamentos e diretrizes no trabalho no hospital: a- reuniões do corpo médico ao menos mensalmente (em grandes hospitais podem optar por se reunir separadamente); b- revisão e análise da experiência clínica deve 2 Saber Científico, Porto Velho, V., n., p. – , mês./mês. 2016. ser feita em intervalos regulares nos vários departamentos e o prontuário dos pacientes, deverá ser a base desta revisão e análise. 4) Os registros dos pacientes devem ser precisos e completos e devem estar escritos de forma acessível a todo hospital – inclui dados de identificação, queixa, história pessoal e familiar, história da moléstia atual, exame físico, exames especiais como consultas ou laboratório clínico ou raio x, entre outros, hipótese diagnóstica, tratamento médico ou cirúrgico, achados patológicos, evolução clínica, diagnóstico final, condição de alta, seguimento, e, no caso de morte, achados da autópsia. 5) Recursos diagnósticos e terapêuticos, devem estar disponíveis para o estudo diagnóstico e tratamento dos pacientes, incluindo ao menos um laboratório clínico com serviços de análises químicas, bacteriologia, sorologia e patologia e departamento de raio x com serviços de radiografia e fluoroscopia. (FELDMAN, 2005) Os padrões mínimos basearam-se no alicerce da estratégia de avaliação dos serviços de saúde conhecida como acreditação. Esta representa uma modalidade de avaliação e de evolução contínua da qualidade dos serviços de saúde que se tornou internacionalmente reconhecida e, na atualidade, é praticada por um grande número de países. ² Voluntariamente, mais de 3.200 hospitais já participavam do processo de avaliação proposto pelo programa de padronização hospitalar no ano de 1950 e foi devido a esse cenário positivo que o CAC, juntamente com a Associação Americana de Clínicos, a Associação Médica Americana, a Associação Americana de Hospitais e a Associação Médica Canadense criaram em 1951, a Joint Commission on Accreditation of Hospitals (JCAH). ³ Em 1952, o CAC oficialmente realizou a transferência do Programa de Padronização Hospitalar para a JCAH, a qual em 1953 publicou o primeiro Manual de Padrões para Acreditação Hospitalar. Já no ano de 1970, houve a substituição dos padrões mínimos por padrões ótimos alcançáveis, mudança essa que favorecia o fortalecimento da cultura de evolução contínua. ³ Em 1987, uma outra grande mudança aconteceu, na qual a JCAH modificou seu nome para Joint Commission on Accreditation of Health care Organizations (JCAHO). ³ Esta mudança significou a expansão dos programas até então implantados, para diversos segmentos de serviços presentes na saúde, incluindo ambulatórios, laboratórios, home care, entre outros. ³ No Brasil, a proposta de acreditação nos serviços de saúde é um fato considerado totalmente inovador, tornando-se considerado também uma alternativa moderna de avaliação do desempenho dos serviços de saúde e de aplicação dos modelos de qualidade. Bem como nos EUA, mais precisamente na década de XX, ficou sob responsabilidade do CAC lançar e tomar frente da ideia da acreditação hospitalar, e aqui no Brasil, não ocorreu de outra maneira senão liderada pelo Colégio Brasileiro de Cirurgiões(CBC) no ano de 1986 quando foi criada a Comissão Especial Permanente de Qualificação de Hospitais. ³ No ano de 1994, o CBC organizou em parceria com a Academia Nacional de Medicina e o Instituto de Medicina Social (IMS) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), o Seminário intitulado de: “Acreditação de Hospitais e Melhoria da Qualidade”. Fruto do Seminário, foi criado por parte das instituições organizadoras, o Programa de Avaliação e Certificação de Qualidade em Saúde (PACQS), com a finalidade de obter uma análise profunda e a implementação de procedimentos, técnicas e instrumentos voltados para a acreditação hospitalar e garantir a melhoria progressiva da qualidade. No ano de 1995, foi criado o Programa de Garantia e Aprimoramento da Qualidade em Saúde (PGAQS) e a partir do programa criou-se a Comissão Nacional de Qualidade e Produtividade. ³ Em 1999, o Hospital Israelita Albert Einstein localizado em São Paulo foi o 3 Saber Científico, Porto Velho, V., n., p. – , mês./mês. 2016. primeiro hospital acreditado pela Joint Commission Internacional (JCI) sem pertencer aos Estados Unidos. ³ Em maio de 2004, a 57ª Assembleia Mundial da Saúde aprovou a criação de uma aliança internacional para intensificar a segurança do paciente globalmente e a Aliança Mundial para a Segurança do Paciente foi lançada em outubro do mesmo ano (ZAMBON, Lucas Santos, et. al).²² As ações da Aliança Mundial são organizadas sob a forma de campanhas de segurança denominadas Desafios Globais para a Segurança do Paciente. Cuja área escolhida para o primeiro Desafio, em 2005– 2006, foi a infecção relacionada à assistência à saúde. Para o segundo Desafio, em 2007– 2008, a área escolhida foi a segurança da assistência cirúrgica. ² O Segundo Desafio Global para Segurança do Paciente teve por objetivo aumentar os padrões de qualidade na assistência cirúrgica em todo o mundo e a redução das mortes e complicações durante os procedimentos cirúrgicos. Tal desafio foi realizado de quatro maneiras: 1) Fornecendo informação sobre a função e os padrões da segurança cirúrgica na saúde pública para médicos, administradores de hospitais e funcionários da saúde pública; 2) Definindo um conjunto mínimo de indicadores cirúrgicos, para a vigilância nacional e internacional da assistência cirúrgica; 3) Identificando um conjunto simples de padrões de segurança cirúrgica que fosse aplicável em todos os países e cenários e estivesse compilado, ou seja, contido em uma lista de verificação à ser utilizado nas salas de operação; 4) Avaliando e difundindo a Lista de Verificação e as medidas de vigilância em locais piloto em todas as regiões da Organização Mundial da Saúde (OMS), inicialmente, e depois em hospitais ao redor do mundo. ² Os quatro itens culminaram na definição dos dez objetivos essenciais que devem ser alcançados por todas as equipes cirúrgicas durante a assistência na sala de operação, antes e após o procedimento. Fonte: Anvisa (2013) Segurança do paciente de acordo com a OMS, tem por definição “a redução do risco de danos desnecessários associados com cuidados de saúde a um mínimo aceitável”. Erros, violações e deliberadamente atos inseguros ocorrem em cuidados de saúde e são incidentes desnecessários, considerando que certas formas de danos, tais como uma incisão para uma laparotomia, são necessários. (HIBBERT, RUNCIMAN, THOMSON, et al.). ¹ 9 Diante da dimensão da ocorrência de eventos adversos e de toda uma gama de processos envolvidos para se alcançar um cuidado seguro no sistema de saúde, a OMS lançou a Aliança Mundial para a Segurança do Paciente e em uma parceria com a Joint Commission Internacional (JCI) vem incentivando a adoção das 6 principais Metas Internacionais de Segurança do Paciente (MISP), como uma estratégia para orientar as boas práticas com a finalidade de reduzir os riscos e eventos adversos nos serviços de saúde.³ 4 Saber Científico, Porto Velho, V., n., p. – , mês./mês. 2016. Fonte: Anvisa Primeiramente, destacamos a Meta número 1 que está diretamente relacionada com a identificação do paciente, sendo assim, o passo inicial para o atendimento no serviço de saúde. Tem-se a afirmação de que, a identificação é algo que está presente na vida de um cidadão desde o momento do seu nascimento e que ao adentrar em um hospital para internação, este, por vezes, se despersonaliza, passando a representar apenas um corpo portador de alguma enfermidade ou que ocupa um determinado leito hospitalar. ² Nos serviços de saúde, constata-se prática comum entre os profissionais, a referência aos pacientes pelo número do leito ou pela doença que os trouxeram ao serviço. Processos falhos de identificação do paciente estão dentre as causas mais comuns de eventos adversos na administração de medicamentos, de sangue e hemoderivados, nos exames diagnósticos, nos procedimentos cirúrgicos e na entrega de recém-nascidos. ² “A ausência de um processo padronizado de identificação entre os serviços de saúde contribui para a ocorrência de falhas, visto que pode provocar confusão para o paciente, que utiliza mais de um serviço e para o profissional, que trabalha em mais de uma instituição. As práticas recomendadas para reduzir estes incidentes envolvem a utilização de pulseiras de identificação, a adoção da rotina de conferência no primeiro encontro com o paciente e pelo menos uma vez ao turno, a cada troca de plantão, assim como a conferência no recebimento do paciente para realização de exame ou procedimento. ” (Smith AF, Casey K, Wilson J, Fischbacher-Smith D.) ² 0 Uma das metas citadas previamente tem como finalidade assegurar cirurgias com local de intervenção correto, procedimento correto e paciente correto (Meta 4). Cirurgias ou procedimentos invasivos em locais ou membros errados podem ser decorrentes de falhas na comunicação. ² , ³ Ainda de acordo com a OMS, o processo de implantação de cirurgias seguras se inicia com a educação do paciente, a correta marcação do local à ser operado e três momentos importantes para que o procedimento cirúrgico ocorra com sucesso. Os três momentos se dividem em: Sign in, que é a checagem de vários itens antes da entrada do paciente no centro cirúrgico, o Time out que é a verificação de diversas questões imediatamente antes do início do procedimento e o Sign out que é a checagem final de itens e do procedimento por completo ao final da cirurgia. ³ CONTEXTO TEÓRICO Com o intuito de minimizar os índices de eventos adversos correlacionados com procedimentos cirúrgicos, a WHO em parceria com a Universidade de Harvard lançou em 2007, o programa Save Surgery Saves Lives (Cirurgia Segura Salva Vidas) recomendando a utilização de checklist. Segundo o livro “Assistência Segura: Uma Reflexão Teórica Aplicada à Prática” da série “Segurança do Paciente e Qualidade em Serviços de Saúde” publicado pela Anvisa, durante a execução da lista, são feitas verificações em três tempos: antes da indução anestésica (SIGN IN), antes da incisão (TIME OUT), antes do paciente sair da sala de operação (SIGN OUT).² Antes da indução anestésica, o paciente confirma sua idade, o lado a ser operado, a operação a que vai ser submetido, o consentimento esclarecido. O sítio 5 Saber Científico, Porto Velho, V., n., p. – , mês./mês. 2016. cirúrgico será assinalado, se necessário. O anestesista confirma se o checklist foi realizado e também confirma o funcionamento da oximetria de pulso. Questiona-se o paciente sobre alergias. Verifica-se existência de dificuldade respiratória, risco de aspiração e risco de sangramento. Se houver risco de sangramento maior que 500 ml no adulto ou maior que 7mL/kg na criança, deve-se garantir acesso venoso adequado e realizar o planejamento da reposição de líquidos. ² Antes da incisão, todos os membros da equipe se apresentam, por nome e função. Posteriormente, o cirurgião, o anestesista e a equipe de enfermagem confirmam verbalmente o paciente, o local da cirurgia e o procedimento. ² Ao mesmo tempo, os eventos críticos são antecipados. O cirurgião planejará os tempos críticos e possíveis eventos inesperados, a duração da operação e a possibilidade de ocorrência de hemorragia. O anestesista planejará as preocupações especiais do caso. A equipe de enfermagem verificará se os indicadores de esterilização estão corretos e se os equipamentos necessários estão presentes. O antibiótico profilático deverá ser administrado ao paciente até 60 minutos antes da incisão cirúrgica. Se forem necessárias imagens essenciais do paciente, as mesmas deverão estar na sala operatória. ² Antes de o paciente deixar a sala de operação, deve-se confirmar o registro do procedimento e a contagem de instrumentos, compressas, gazes e agulhas. O paciente e as peças cirúrgicas deverão estar identificados. Verificar se há problemas com os equipamentos utilizados e proceder ao registro. O cirurgião, o anestesiologista e a equipe de enfermagem devem elaborar e registrar as recomendações para a recuperação e manejo do paciente. ² Fonte: Anvisa (2009) 6 Saber Científico, Porto Velho, V., n., p. – , mês./mês. 2016. A aplicação de uma simples lista demonstrou redução significativa da incidência de grandes complicações. Evidenciou-se ainda, a importância da mensuração antes e depois da aplicação do procedimento da cirurgia segura na metodologia correta da avaliação do procedimento. Um estudo realizado dentro de um hospital de ensino de referência do sul do Brasil avaliou o preenchimento de 257 checklists cirúrgicos arquivados e obteve como resultados 8,5% para itens que não foram respondidos e 91,5% para os que foram. Obteve também a porcentagem de quantos itens foram respondidos de forma compreensível (99,8%) e quantos foram respondidos de forma inválida ou incompreensível (0,2%). ¹ Outro fator que pode sim, contribuir para um preenchimento inadequado do checklist, é a falta de treinamento e monitoramento do profissional responsável pelo preenchimento durante as etapas nele contidas. Nota-se a veracidade dessa informação em um estudo realizado no Hospital Universitário Público de Londrina (PR) onde foram analisados 400 checklists cirúrgicos, divididos igualmente em duas fases, sendo a primeira realizada antes de uma capacitação da equipe de enfermagem da instituição e a segunda logo após, obtendo os resultados presentes na imagem a seguir contendo os dois gráficos, de acordo com a divisão das fases de pesquisa. 7 Fonte: ELIAS, Adriana Cristina Galbiatti Paminonde, et al. Após a realização da segunda e última fase da pesquisa de campo, os autores analisaram os dados obtidos e chegaram à conclusão de que após a capacitação houve sim uma grande diminuição no índice de checklists que permaneciam em branco após o término do procedimento cirúrgico, porém, à mesma medida, houve um pequeno aumento, não tão significativo, no número de checklists com preenchimento incompleto. 7 A questão da complexidade e extensão do checklist cirúrgico é constantemente apontada em estudos já realizados como uma das razões de alguns profissionais não conseguirem se adaptar a esse método de verificação cirúrgica devido a uma rotina de procedimentos extensa, o que, pelo ponto de vista desses profissionais, dificultaria um preenchimento correto e completo. De acordo com um estudo realizado em um Hospital Escola de rede pública do interior do estado de São Paulo, os profissionais eleitos para participarem do questionário de pesquisa afirmaram que o checklist é de fácil aplicação, contém etapas de checagem simples e de fácil compreensão. 17 Ainda tratando a respeito da facilidade ou dificuldade de aplicação do checklist, pode-se citar um levantamento de dados que fora realizado em um Centro 7 Saber Científico, Porto Velho, V., n., p. – , mês./mês. 2016. Cirúrgico de uma instituição privada do estado de São Paulo, onde 69,2% da amostragem eleita para esse levantamento considerou que o item time out do checklist cirúrgico é simples e de fácil compreensão, enquanto que 12,8% respondeu o contrário. Dados como esse colocam em dúvida o quesito simplicidade, um dos “pilares” para a criação do checklist cirúrgico, já que uma pequena parcela não concordou nesse último estudo com a opinião da maioria. ¹ 4 OBJETIVO GERAL Evidenciar a vitalidade do preenchimento correto de um checklist cirúrgico de acordo com o que se encontra disposto em literatura sobre tal procedimento e como fazê-lo. OBJETIVO ESPECÍFICO Descrever os principais fatores que podem afetar o preenchimento do checklist da cirurgia segura. MATERIAL E MÉTODO Deve ser apresentado com o máximo de detalhes que permitam a confirmação das observações encontradas. Este trabalho seguiu os padrões do estudo exploratório e se deu por meio de uma pesquisa bibliográfica, que, segundo Gil (2008, p.50), “deve ser desenvolvida a partir de material já elaborado, constituído de livros e artigos científicos”. E, seguindo essa linha de raciocínio de Gil, o trabalho se dividiu em 4 fases: 1ª Fase – Fontes e Bibliografia a) Foram utilizados 4 livros, divididos em Cirurgia Segura, Assistência Segura, Checklist e Sistema de Saúde Seguro. b) 6 Artigos científicos a respeito do tema, aleatoriamente escolhidos de acordo com a similaridade temática; c) 4 páginas de órgãos públicos relacionados a temática do trabalho, incluindo órgãos como a Anvisa, Ministério da Saúde, Joint Commission e WHO Organization; d) 5 monografias relacionadas aos temas Cirurgia Segura e Segurança do Paciente; e) 1 dissertação relacionada ao tema Checklist Cirúrgico; f) 1 arquivo em Power Point com a temática “Cirurgias Seguras salvam vidas”; 2ª Fase – Coleta de dados A coleta dos dados se deu por meio de: a) Leitura ampla de vários artigos, monografias, livros e publicações encontradas sobre o assunto (leitura rápida); b) Leitura mais aprofundada e seleção dos materiais utilizadosna elaboração da dissertação e dos resultados; c) Escolha de 3 artigos e 1 dissertação para a inserção de resultados e posteriores debates no tópico de Conclusão; d) Elaboração da dissertação a partir das informações principais e fundamentais extraídas; e) Registro das informações extraídas das fontes nas referências bibliográficas como: autores, ano, métodos e resultados, entre outros); 3ª Fase – Análise e interpretação dos dados obtidos Durante esta fase, uma leitura analítica mais aprofundada foi realizada com o objetivo de organizar e elencar as informações contidas nas bibliografias, de maneira que possibilitassem a apresentação de soluções à problemática exposta na pesquisa. 4ª Fase – Discussão dos resultados Os dados e resultados obtidos nos artigos escolhidos através da etapa anterior foram analisados e devidamente discutidos levando em consideração o referencial teórico correlacionado à temática central e específica no qual esta pesquisa é fundamentada. 8 Saber Científico, Porto Velho, V., n., p. – , mês./mês. 2016. DISCUSSÃO Neste estudo bibliográfico, discorreu-se a respeito da aplicação do checklist de cirurgia segura proposto pela OMS, além de elencar alguns fatores importantes que podem afetar o preenchimento, bem como incluir dados estatísticos de pesquisas de campo realizadas para corroborar com as problemáticas apresentadas. O principal objetivo desse checklist é assegurar que os elementos relacionados com a segurança sejam impostos dentro da rotina do centro cirúrgico, de acordo com as Metas Internacionais de Segurança do Paciente (MISP), que tem como finalidade reforçar práticas diárias para promover uma comunicação mais eficaz entre a equipe. Após o levantamento de dados realizado ao longo desse estudo bibliográfico, pode-se concluir que há múltiplos fatores que podem vir a contribuir para o preenchimento inadequado do checklist cirúrgico, podendo colocar em risco a segurança e a qualidade de vida dos pacientes. Apesar do baixo custo necessário para a adesão ao checklist, ainda é notável um certo nível de insegurança e dificuldade da equipe cirúrgica no momento da aplicação, que na maioria dos casos o preenchimento é incompleto. Como uma proposta de intervenção, em alguns artigos lidos durante a pesquisa bibliográfica desta revisão, pode-se citar a criação e elaboração de um checklist eletrônico, no qual todos os dados seriam preenchidos da mesma forma, porém, com a vantagem da rapidez no preenchimento e também de os dados ficarem retidos e gravados em um sistema de banco de dados do hospital. Estes dados, por sua vez, poderiam ser utilizados também para uma espécie de auto avaliação da instituição, onde seriam delimitados os pontos positivos e negativos, auxiliando a equipe a ter uma melhora em seu rendimento durante os procedimentos, visando uma melhoria no quesito segurança do paciente. E, levando em consideração esta proposta de implantação de um checklist eletrônico, torna-se não somente necessário mas também vital para o sucesso dessa implantação, todo um processo de capacitação e orientação da equipe do centro cirúrgico para que esse preenchimento seja realizado de forma adequada, completa e também para reforçar a importância da realização desse processo de aprendizagem/capacitação, já que, além do fato de trazer benefícios ao paciente, concederá uma maior segurança para a equipe ao realizar os procedimentos e pode aumentar a interação entre si. CONCLUSÃO Cirurgia Segura ainda é um tema recente no contexto brasileiro e é notável a necessidade da realização de muitos outros estudos qualitativos e quantitativos, revisões bibliográficas e pesquisas de campo, que possam vir a contribuir para a compreensão deste assunto e auxiliar na criação de novas estratégias de implantação e adaptações desta ferramenta vital para a segurança do paciente. Proposta de intervenção: Checklist cirúrgico eletrônico; Justificativa: Vantagem na rapidez no ato do preenchimento e os dados são armazenados em um banco de dados do sistema da instituição automaticamente; O que é necessário para colocar esta proposta em prática? - Investimento; - Orientação e capacitação da equipe cirúrgica; ___________________________________________________________________________ 9 Saber Científico, Porto Velho, V., n., p. – , mês./mês. 2016. IRREGULARITIES IN SURGICAL CHECKLIST ABSTRACT: Be known that surgery is practiced since the pre-history, and each year there is a significant increase in the number of surgical procedures and techniques. The surgeries before used for troubleshooting, such as amputations, today has therapeutic applications, and these are subject to interlocutory appeal. In this context, the operating has a high prevalence of failures and accidents. According to the World Health Organization (WHO), it is estimated that 7 million surgical patients suffer significant complications each year, 1 million of whom come to death during or immediately after surgery. The Surgical Safety Checklist of who was developed after extensive consultation with the aim of reducing errors and adverse events, and stimulate interaction between the multidisciplinary team. However, the challenge has been to ensure the successful implementation of the surgical checklist public health services. There are more than 220 million surgeries performed each year. In this amount, initial studies show a decrease in mortality of more than 40% and more than 37% in major complications, signaling an important modification in the results of surgical procedures since the implementation of the program "Safe Surgery Saves Lives". So, that it is performed properly, you need the training and orientation of the nursing and medical teams, as well as strengthen and explain the importance of carrying out this process correctly, as well as benefit the patient, professionals will have greater security to perform procedures, minimizing any failure that may cause harm to the patient. KEYWORDS: Patient safety 1. Safe surgery 2. Surgical checklist 3. Check list 4. ___________________________________________________________________________ REFERÊNCIAS 1. AMAYA, Marly Ryoko, MAZIERO, Eliane Cristina Sanches, GRITTEM, Luciana, CRUZ, Elaine Drehmer de Almeida. Análise do registro e conteúdo de checklists para cirurgia segura. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/ean/v19n2/1414- 8145-ean-19-02-0246.pdf> Acessado em: 10/10/16 às 12:36 2. ANVISA. Assistência Segura: Uma Reflexão Teórica Aplicada à Prática. 1ª ed. Brasília – Distrito Federal, 2013. 3. AUTOR DESCONHECIDO. A História da Acreditação. Disponível em: <http://docplayer.com.br/1328177-1-a-historia-da-acreditacao.html> Acessado em: 03/08/16 às 14:20 4. BRASIL, Ministério da Saúde, ANVISA, FIOCRUZ. Anexo 02: Protocolo de Identificação do Paciente. Disponível em: <http://www.hospitalsantalucinda.com.br/downloads/prot_identificacao_do_paciente. pdf> Acessado em: 03/08/16 às 16:45 5. COLÉGIO BRASILEIRO DE CIRURGIÕES. Manual de Cirurgia Segura. Disponível em: <https://cbc.org.br/wp-content/uploads/2015/12/Manual-Cirurgia-Segura.pdf> Acessado em: 20/06/16 às 18:10 6. CORREGGIO, Thâmy C. Avaliação da cultura de segurança em um Centro Cirúrgico de um Hospital Universitário do Sul do Brasil. Disponível em: <tcc.bu.ufsc.br/POSMED313470.pdf> Acessado em: 19/02/16 às 20:35 7. ELIAS, Adriana Cristina Galbiatti Paminonde, SCHMIDT, Denise Rodrigues Costa, YONEKURA, Christiane Sayuri Itu, DIAS, Alexsandro Oliveira, URSI, Elizabeth Silva, SILVA, Robertha Pickina Juvencio, FEIJO, Vivian Biazon El Reda. AVALIAÇÃO DA ADESÃO AO CHECKLIST DE CIRURGIA SEGURA EM HOSPITAL UNIVERSITÁRIO PÚBLICO. Disponível em: 10 Saber Científico, Porto Velho, V., n., p. – , mês./mês. 2016. <http://www.sobecc.org.br/arquivos/artigos/2015/pdfs/v20n3/128-133.pdf> Acessado em: 10/10/16 às 13:24 8. FALCÃO, Renata Alves. Atribuições da Enfermagem nas principais intercorrências durante a sessão de hemodiálise. Disponível em: <http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/28056/000768668.pdf?...1> Acessado em: 22/06/16 às 17:54 9. FELDMAN, Liliane Bauer, GATTO, Maria Alice Fortes, CUNHA, Isabel Cristina Kowal Olm. História da evolução da qualidade hospitalar: dos padrões a acreditação. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/ape/v18n2/a15v18n2.pdf> Acessado em: 03/08/16 às 14:18 10. FREITAS, Marise R., ANTUNES, Amanda Ginani, LOPES, Beatriz N. A., FERNANDES, Flávia da Costa, MONTE, Lorena de Carvalho, GAMA, Zenewton André da Silva. Avaliação da adesão ao checklist de cirurgia segura da OMS em cirurgias urológicas e ginecológicas, em dois hospitais de ensino de Natal, Rio Grande do Norte, Brasil. Disponível em: < http://www.scielo.br/pdf/csp/v30n1/0102-311X-csp-30-01-00137.pdf> Acessado em: 21/05/16 às 16:34 11. JOINT COMMISSION. The Joint Commission: Over a century of quality and safety. Disponível em: 12. <https://www.jointcommission.org/assets/1/6/TJC_history_timeline_through_2015.pd f> Acessado em: 20/06/16 às 19:40 13. JUNIOR, Nery José de Oliveira. SEGURANÇA DO PACIENTE: o checklist da cirurgia em um centro cirúrgico ambulatorial. Disponível em:<proqualis.net/sites/proqualis.net/files/Dissertação%20Nery%20José%20de%20Ol iveira%20Junior%202015.pdf> Acessado em: 19/02/16 às 20:32 14. MARTINS, Glaucia Stein, CARVALHO, Rachel de. Realização do timeout pela equipe cirúrgica: facilidades e dificuldades. Disponível em: < http://doi.editoracubo.com.br/10.4322/sobecc.2014.007> Acessado em: 10/10/16 às 14:57 15. MONTEIRO, Fátima Maria dos Santos. Lista de Verificação de Segurança Cirúrgica e infecção do sítio cirúrgico em crianças e adolescentes: Conhecimento dos profissionais que atuam em centro cirúrgico. Disponível em: <https://repositorio.ufba.br/ri/bitstream/ri/17938/1/MONTEIRO,%20F%C3%A1tima %20Maria%20dos%20Santos.pdf> Acessado em: 20/06/16 às 18:15 16. NEUHAUSER, D. Heroes and Martyrs of quality and safety. Disponível em: <http://qualitysafety.bmj.com/content/11/1/104.full.pdf+html> Acessado em: 03/08/16 às 14:25 17. PANCIERI, Ana Paula, SANTOS, Bruna Pegorer, AVILA, Marla Andréia Garcia de, BRAGA, Eliana Mara. Checklist de Cirurgia Segura: Análise da Segurança e 11 Saber Científico, Porto Velho, V., n., p. – , mês./mês. 2016. Comunicação das Equipes de um Hospital Escola. Disponível em: <www.scielo.br/pdf/rgenf/v34n1/09.pdf> Acessado em: 21/05/16 às 14:35 18. PANCIERI, Ana Paula, CARVALHO, Rachel de, BRAGA, Eliana Mara. Aplicação do checklist para cirurgia segura: Relato de experiência. Disponível em: <sobecc.org.br/arquivos/artigos/2015/pdfs/site_sobecc_v19n1/05_sovecc_v19n1.pdf> Acessado em: 21/05/16 Às 14:38 19. RUNCIMAN, William, HIBBERT, Peter, THOMSON, Richard, SCHAAF, Tjerk Van Der, SHERMAN, Heather e LEWALLE, Pierre. Para uma Classificação Internacional para a Segurança do Paciente:. Principais conceitos e termos. Int J Cuidados Qual Saúde 2009 21: 18-26 20. Smith AF, Casey K, Wilson J, Fischbacher-Smith D. Wristbands as aids to reducemisidentification: an ethnographically guided task analysis. International Journal for Quality in Health Care. 2011;23(i. 5):1-10. 21. WHO - World Health Organization. 10 facts on patient safety. Disponível em: <http://www.who.int/features/factfiles/patient_safety/patient_safety_facts/en/> Acessado em: 22/05/16 às 21:45 22. ZAMBON, Lucas Santos, DAUD-GALLOTTI, Renata, NOVAES, Hillegonda Maria Dutilh. Aula Cirurgias Seguras Salvam Vidas. Disponível em: <http://pt.slideshare.net/Proqualis/aula-campanha-cirurgiasegura> Acessado em: 22/05/16 às 22:10
Compartilhar