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TCC Flúvia CENTRO CIRURGICO

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3
Segurança do paciente em Centro Cirúrgico: Uma revisão da literatura
Patient Safety in Surgical Center: A review of the literature
Seguridad del Paciente en Centro Quirúrgico: Una revisão da literatura
Alves, Flúvia Vieira
; Amaral, Mônica Santos
 
Resumo – Objetivo: identificar os problemas mais recorrentes em centro cirúrgico. Materiais e Método: estudo do tipo exploratório, bibligráfico com análise integrativa, qualitativa da literatura disponível no BVS e Scielo. Resultados: identificou-se 11 artigos sobre o tema, que atenderam aos critérios de inclusão. Os fatores mais identificados foram incidentes e eventos adversos, como erros de medicação, falhas em procedimentos invasivos, infecção do sítio cirúrgico, entre outros. A falta de notificação ou subnotificação dos incidentes e eventos adversos contribui para uma baixa qualidade na assistência à medida em que os erros não são identificados, não havendo melhora dos mesmos. A falta de comunicação entre a equipe tambem foi um fator negativo para a segurança do paciente e que acontece com bastante frequência. Conclusão: Faz-se necessária a implantação de protocolos nos centros cirúrgicos, para que a assistência seja integral de fato, bem como a rotina de treinamentos das equipes e monitoramento eficaz do preenchimento de instrumentos como o checklist de cirurgia segura.
Descritores: Enfermagem, segurança do paciente, centro cirúrgico.
Abstract - Objective: to identify the most recurrent problems in a surgical center. Materials and Method: exploratory, bibigráfico study with integrative analysis, qualitative of the literature available in the VHL and Scielo. Results: 11 articles on the theme were identified, which met the inclusion criteria. The most identified factors were incidents and adverse events, such as medication errors, failures in invasive procedures, infection of the surgical site, among others. Failure to notify or underreport incidents and adverse events contributes to poor quality of care as errors are not identified and there is no improvement. The lack of communication between the team was also a negative factor for patient safety and it happens quite frequently. Conclusion: It is necessary the implantation of protocols in the surgical centers, so that the assistance is integral in fact, as well as the routine of training of the teams and effective monitoring of the filling of instruments like the checklist of safe surgery.
Descriptors: Nursing, patient safety, surgical center
Resumen - Objetivo: identificar los problemas más recurrentes en el centro quirúrgico. Materiales y Método: estudio del tipo exploratorio, bibligráfico con análisis integrativo, cualitativa de la literatura disponible en el BVS y Scielo. Resultados: se identificaron 11 artículos sobre el tema, que atendieron a los criterios de inclusión. Los factores más identificados fueron incidentes y eventos adversos, como errores de medicación, fallas en procedimientos invasivos, infección del sitio quirúrgico, entre otros. La falta de notificación o subnotificación de los incidentes y eventos adversos contribuye a una baja calidad en la asistencia a medida en que los errores no son identificados, no habiendo mejoría de los mismos. La falta de comunicación entre el equipo también fue un factor negativo para la seguridad del paciente y que ocurre con bastante frecuencia. Conclusión: Se hace necesaria la implantación de protocolos en los centros quirúrgicos, para que la asistencia sea integral de hecho, así como la rutina de entrenamientos de los equipos y monitoreo eficaz del llenado de instrumentos como el checklist de cirugía segura.
Descriptores: Enfermería, seguridad del paciente, centro quirúrgico.
1. INTRODUÇÃO
A Organização Mundial de Saúde (OMS), define segurança como reduzir a um mínimo aceitável, o risco de dano desnecessário associado ao cuidado de saúde (SAÚDE, 2014). 
Os enfermeiros tem se mobilizado através de entidades para melhorar a segurança do paciente. Uma destas entidades, a Rede Brasileira de Enfermagem e Segurança do paciente (REBRAENSP), foi criada em 2008 com o objetivo de compartilhar a cultura de segurança do paciente nas organizações de saúde, instuíções de ensino, organizações governamentais, usuários e seus familiares (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2014). 
Os serviços de saúde são construídos por humanos e como tal, estão susceptiveis ao erro. Sabendo que o errar é inerente do ser humano, é necessário criar mecanismos para que esses erros não atinjam o paciente. O Programa Nacional de Segurança do Paciente (PNSP) foi instituído em um contexto de iatrogenias gritantes, como a aplicação de uma dose exagerada de adrenalina. Em 1º de abril de 2013, por meio da Portaria MS/GM nº 529, o PNSP foi oficializado, propondo a qualificação do cuidado em saúde, em todos os estabelecimentos de saúde do território nacional, públicos ou privados. O PNSP é formado por 4 eixos: o estímulo a uma prática segura, o envolvimento do cidadão na sua segurança, a inclusão do tema segurança do paciente no ensino e o incremento da pesquisa em segurança do paciente (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2014).
A realização de cirurgias é um procedimento de risco e complexidade que não poderia ficar fora das especificações de segurança para esses pacientes. Conforme dados da OMS (2008), 30% da população mundial recebem 75% das cirurgias complexas, sendo a mortalidade por ano aferida em 1 milhão, e a incidência de complicações (sendo 50% evitáveis) estimada em 7 milhões (FERRAZ, 2009). 
A infecção cirúrgica, incluindo a do sítio cirúrgico, tem sido apontada como a que mais produz mortalidade, complicações e elevação do custo do tratamento. Um dos fatores que levou a OMS a estabelecer como meta até 2020, a redução de infecção dos sítios cirúrgicos, reduzindo significativamente a taxa de mortalidade e morbidade (complicações) (FERRAZ, 2009). 
Outra ação louvável da OMS foi o estabelecimento de um “checklist”, para ser empregado em todos os procedimentos cirúrgicos realizados em todos os hospitais do mundo, independente da complexidade da cirurgia (FERRAZ, 2009). O checklist é composto por três etapas: Identificação (antes da indução anestésica), Confirmação (antes da incisão cirúrgica) e Registro (antes do paciente sair da sala de cirurgia). A confirmação deve ser realizada com a presença de todos os componentes da equipe (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2009).
Sendo assim para realizar esta pesquisa partimos do seguinte problema: Quais os fatores que mais prejudicam a segurança do paciente em centro cirúrgico, evidenciados na publicações científicas recentes?
Essa pesquisa se justifica pela necessidade de identificar os problemas mais comuns em centro cirúrgico, para estabelecer ações eficazes para certificar a manutenção da segurança do paciente em centro cirúrgico, tendo em vista os inúmeros riscos a que o paciente está exposto ao realizar uma cirurgia (como a troca do lado ou região da operação, troca de pacientes, eventos adversos com medicações e sedação no momento da cirurgia, falta de troca de informações entre os profissionais da equipe, dados contraditórios ou incorretos no checklist, entre outros).
2. OBJETIVO
Levantar dados bibliográficos para identificar os problemas mais recorrentes em centro cirúrgico, a fim de diminuir as taxas de morbidade e mortalidade desses pacientes.
3. METODOLOGIA 
Trata-se de uma revisão integrativa da literatura, que segundo Köche (2006, p. 122) possui o objetivo de “[...] conhecer e analisar as principais contribuições teóricas existentes sobre um determinado tema ou problema, tornando-se instrumento indispensável a qualquer tipo de pesquisa”. 
Para levantamento dos artigos foi realizado busca online na Biblioteca Virtual de Saúde (BVS) e SCIELO usando os seguintes descritores de saúde (Decs): segurança do paciente AND centro cirúrgico AND enfermagem. 
Os critérios de inclusão foram artigos em português, disponível na íntegra, publicados entre os anos de 2012 a 2016. O critério de exclusão foram artigos que fizeram fuga ao tema. 
4. RESULTADOS E DISCUSSÃOForam encontrados 29 artigos no BVS e 09 artigos no SCIELO, depois de aplicados os critérios de inclusão, totalizando 38 artigos. Foi realizada a flutuante, em seguida a leitura exploratória dos mesmos, sendo que destes, 27 foram excluídos por caracterizarem fuga ao tema. Para a presente pesquisa serão usados 11 artigos, 09 artigos encontrados no BIREME e 02 artigos da base de dados SCIELO, conforme descritos no quadro abaixo:
Quadro 1. Características e principais resultados dos estudos examinados. Goiânia-GO, 2017.
	Autor (Ano)
	Título 
	Principais Resultados
	SILVA et al., 2015
	Análise de eventos adversos em um centro cirúrgico ambulatorial
	Foram identificadas 205 notificações de eventos adversos, com deficiência no processo de notificação e identificação de eventos adversos por parte dos profissionais.
	BEZERRA et al., 2015
	Ocorrência de incidentes em um centro cirúrgico: estudo documental
	Foram identificados 26 incidentes ocorridos entre os meses de setembro a outubro de 2013, com indicação de necessidade de melhoria do gerenciamento de recursos humanos e materiais. 
	ELIAS et al., 2015
	Avaliação da adesão ao checklist de cirurgia segura em hospital universitário público.
	Após a implantação do checklist houve diminuição no número de instrumentos não preenchidos e aumento do número de instrumentos incompletos.
	MANRIQUE et al., 2015
	Segurança do paciente no centro cirúrgico e qualidade documental relacionadas à infecção cirúrgica e à hospitalização.
	Ocorreu uma relação significativa entre o período de hospitalização e o número total de diagnósticos coletados.
	GEBRIM et al., 2014
	Análise da profilaxia antimicrobiana para a prevenção da infecção do sítio cirúrgico em um hospital do centro-oeste brasileiro.
	Verificou-se que 86,6% dos pacientes receberam a profilaxia, mas em apenas 75,1% a primeira dose obedeceu o tempo determinado, o antimicrobiano de escolha foi a cefazolina. A taxa de infecção cirúrgica foi de 10%, sendo o staphylococcus aureus resistente à Meticilina, o agente mais frequente. 
	CECÍLIO, PENICHE E POPOV, 2014
	Análise dos registros da pressão arterial na sala de recuperação pós-anestésica.
	No momento da admissão, 48 % dos registros não mostravam precisão ou equivalência com à pressão arterial dos pacientes no momento da admissão. 
	PANCIERI et al., 2013
	Checklist de cirurgia segura: análise da segurança e comunicação das equipes de um hospital escola
	Os sujeitos participantes da pesquisa não identificaram melhora na comunicação entre a equipe com o uso do checklist, entretanto expressaram que o uso do mesmo proporcionou maior segurança ao procedimento. 
	BOHOMOL E TARTALI, 2013
	Eventos adversos em pacientes cirúrgicos: conhecimento dos profissionais de enfermagem
	A comunicação ineficaz entre a equipe e a rotina na programação de procedimentos eletivos foram as causas mais frequentes dos eventos adversos ocorridos no centro cirúrgico. 
	VELHO E TREVISO, 2013
	Implantação do programa de qualidade e acreditação: contribuições para a segurança do paciente e do trabalhador
	Foram evidenciadas aumento na segurança do paciente e do trabalhador após a implantação do programa de acreditação.
	CARVALHO et al., 2015
	Cultura de segurança no centro cirúrgico de um hospital público, na percepção dos profissionais de saúde.
	Os profissionais relataram fragilidade nos valores, atitudes, competências e comportamentos que determinam a cultura de segurança em uma organização de saúde. 
	MAZIERO et al., 2015
	Adesão ao uso de um checklist cirúrgico para segurança do paciente
	Não houve adesão significativa à verificação da identificação do paciente, do procedimento e da lateralidade, da apresentação da equipe, da pausa cirúrgica e da contagem de materiais em sala operatória.
Fonte: elaborado pela autora.
Foi realizada leitura analítica dos artigos selecionados que possibilitou a organização dos assuntos por ordem de importância e a sintetização destas que visou à fixação das ideias essenciais para a solução do problema da pesquisa. Para operacionalizar a pesquisa os achados serão discutidos em categorias. 
1. Incidentes e eventos adversos
Cerca de 54,54% (n=6) dos estudos incluídos nessa pesquisa abordaram incidentes e eventos adversos. 
O documento de referência para o Programa nacional de Segurança do Paciente estabelece, em acordo com a OMS, os conceitos para eventos adversos e incidentes. Um incidente é um “evento ou circunstância que poderia ter resultado, ou resultou, em dano desnecessário ao paciente”. Existe também o incidente sem lesão, nos casos em que o paciente é atingido, mas não há dano (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2014, p.7). 
O Ministério da Saúde (2014) estabelece que para que um sistema de notificação de incidentes seja efetivo, é necessário que ele seja não punitivo, confidencial, independente, ofereça uma resposta oportuna para os usuários do sistema, seja orientado para soluções dos problemas notificados, sendo as organizações participantes responsivas às mudanças sugeridas.
O conceito de evento adverso está contido em incidente, pois evento adverso é um “incidente que resulta em dano ao paciente” (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2014, p. 7). Ou seja, um evento adverso também é um incidente, este, entretanto, está diretamente ligado ao paciente. 
A notificação dos eventos adversos deve ser realizada pelos Núcleos de Segurança do paciente, de maneira obrigatória, e também pelos cidadãos, voluntariamente. Não é necessário identificar o paciente em que o evento adverso ocorreu, nem medida punitiva dos envolvidos. O uso dos formulários é de cunho epidemiológico (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2014). 
A pesquisa retrospectiva de Bezerra et al. (2015) detectou incidentes diversos, como suspensão de cirurgias, perfuração de luva, falhas técnicas envolvendo o paciente, que seriam as reações adversas (dor durante a cirurgia, lesão uretral, perfuração do reto, bloqueio anestésico mal sucedido) e falhas no gerenciamento do serviço (falta de material, perda de amostra de material, exame suspenso com paciente em sala). 
Os eventos adversos identificados por meio de notificações em uma das publicações sobre o assunto revelou flebite, queda, úlcera por pressão, erro de medicação, reação adversa e queimaduras decorrente do uso do bisturi elétrico. Além disso, os “eventos adversos relacionados ao próprio paciente”, como especificado no estudo, revelou as maiores taxas de notificações. As notificações foram maiores nos períodos de capacitação referentes às notificações de eventos adversos (SILVA et al., 2012). 
Muitos profissionais hesitam em notificar incidentes devido à cultura de punição do erro, que deve ser corrigida. Vergonha, inutilidade, exposição, medo da crítica das pessoas e autopunição são alguns sentimentos que o profissional vivencia diante do erro ou até mesmo de um incidente que não tenha sido consequência de suas ações (SILVA et al., 2015). 
Para a melhoria na assistência à saúde, é necessário realizar atividades educativas e treinamentos com o objetivo de atingir a satisfação do paciente (VELHO E TREVISO, 2013).
Outro estudo considerou como eventos adversos a não conferência da identificação do paciente com o aviso cirúrgico e quadro cirúrgico (em 80,6% dos casos analisados), não conferência dos materiais e equipamentos utilizados no procedimento (80,7%), represálias da equipe médica ao alertar possíveis problemas (71%) e omissão da equipe por conta da falta de autonomia do líder (71%) (BOHOMOL E TARTALI, 2013). Observa-se que a taxa de omissão da equipe foi proporcionou à taxa de represálias da equipe médica, denotando a falta de relacionamento interpessoal, que é essencial para a qualidade da assistência e aumento da segurança para o paciente. 
A não recontagem de compressas e gazes também foi evidenciada em outro estudo, em 69,7% dos casos analisados (MANRIQUE et al., 2015). 
A infecção do sítio cirúrgico está associada ao aumento da morbidade e mortalidade desses pacientes, assim como a hospitalização prolongada. A contaminação microbiana durante o procedimentocirúrgico leva à infecção do sítio cirúrgico (OMS, 2009). 
Conforme o estudo transversal descritivo de Gebrim et al. (2014), a profixalia antimicrobiana foi realizada em 86,6% da amostra. Desses, em apenas 75,1% o tempo de administração obedeceu ao recomendado (até uma hora antes da incisão da pele). Uma taxa alta (18,2%), 112 pacientes, não obedeceu ao parâmetro e em cerca de 6,4% (39) não houve registros sobre isso. Em 10% das cirurgias desse estudo houve contaminação do campo cirúrgico e a profilaxia após as 24 horas foram desestimuladas devido aos efeitos adversos e resistência que as cepas podem adquirir. 
A falta de registros e risco aumentado pela descontinuidade da assistência prestada pode comprometer a qualidade da assistência prestada na sala de recuperação pós-anestésica. Dados colhidos na admissão, como a aferição de pressão arterial (PA) são imprescindíveis para a observação do paciente após a cirurgia, comparando os dados colhidos antes, com os do presente momento. Em 4% dos prontuários analisados, com o objetivo de colher informações referentes à PA, não havia informações referentes à admissão desses pacientes. Em outros 57%, os registros estavam incorretos (CECÍLIO, PENICHE E POPOV, 2014). 
A equipe de Enfermagem, que está mais envolvida com os processos de admissão e realização de sinais vitais, deve ser constantemente instruída para que esse processo não seja danificado, devido ao diversos problemas enfrentados pela categoria. 
Baixos salários, condições inadequadas de trabalho, falta de manutenção de equipamentos, ausência de protocolos de segurança, sobrecarga de profissionais e falta de treinamento profissional, para citar os maiores fatores, aumentam a probabilidade para a ocorrência de erros. É fundamental que os hospitais possuam “protocolos adequados com registro de conformidades, efeitos adversos e registros de erros para que possamos conhecer e sobretudo evitá-los que ocorram novamente, o que se constitui em uma tarefa inadiável” (FERRAZ, 2009, p. 282).
Entretanto, é necessário mais do que a imposição de protocolos. É preciso que os profissionais façam uso da ferramenta, realizando feedback e monitoramento contínuo (ELIAS et al., 2015).
A satisfação profissional está diretamente relacionada à cultura de segurança e a índices menores de eventos adversos. Baixas taxas de substituição de pessoal também contribuem para mudanças no processo de trabalho (CARVALHO et al., 2015).
2. Checklist de cirurgia segura
O checklist de cirurgia segura foi o segundo assunto mais abordado das publicações que atenderam aos critérios de inclusão, somando 27,27% (n=3) do total. A figura 1 mostra a lista de verificação de segurança cirúrgica idealizada pela OMS.
Após cinco anos de implantação do checklist em um hospital escola público, a adesão aumentou consideravelmente, evidenciada pela diminuição de instrumentos em branco e aumento de instrumentos preenchidos incompletamente (ELIAS et al., 2015). 
Em outro estudo, os profissionais que o utilizaram, indicaram mais segurança na prática, por terem certeza que estavam com o paciente certo, cirurgião certo e procedimento certo. Foi evidenciado melhora na comunicação entre a equipe, apesar dos participantes terem alegado que não houve mudança (PANCIERI et al., 2013). 
O checklist proporciona comunicação com toda a equipe, por meio da confirmação de itens, compartilhamento de ações e preocupações na sala cirúrgica. A comunicação interpessoal é fator preponderante para a melhoria da morbidade e mortalidade pós-operatória. A comunicação mais efetiva deve acontecer na segunda parte do checklist, na pausa cirúrgica (PANCIERI et al., 2013).
O objetivo 9 do Segundo Desafio Global para a Segurança do Paciente: Cirurgias Salvam Vidas, estabelece que a equipe se comunicará efetivamente e trocará informações críticas para a condução segura da operação. O documento afirma que “há uma evidência crescente de que as falhas na comunicação entre os membros da equipe são causas comuns de erros médico e eventos adversos” (OMS, 2009, p. 153) 
Figura 1 – Checklist de cirurgia segura proposto pela Organização Mundial de Saúde. Brasília-DF, 2009.
Fonte: OMS, 2009.
No terceiro estudo, foi evidenciado que alguns itens do checklist não foram observados, como a contagem de instrumentos, compressas, gazes e outros materiais, mas no checklist foram documentados como se houvesse sido feita a contagem. Outro problema identificado foi com relação à não realização da pausa cirúrgica, momento em que se deve confirmar os itens de identificação, com a presença de todos. Em nenhuma cirurgia nesse estudo, a pausa cirúrgica foi realizada (MAZIERO et al., 2015).
O objetivo do checklist é assegurar que elementos de segurança sejam inseridos na rotina do centro cirúrgico. Sua adoção não exige demanda de alto custo, entretanto, houve certa dificuldade na sua aplicação na instituição estudada. A OMS estabelece que algumas características podem ser adaptadas de acordo com a rotina do hospital, como a inserção de certo antibiótico de escolha, facilitando sua memorização e influenciando no entendimento do processo (PANCIERI et al., 2013).
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS 
As publicações analisadas indicaram vários problemas que acarretam em diminuição da segurança do paciente. De fatores administrativos a erros na assistência, por conta da sobrecarga de trabalho, da deficiência de conhecimento, da falta de comunicação entre a equipe (principalmente da equipe médica com os outros profissionais da equipe), falta de material, baixos salários, deficiência na fiscalização do serviço, entre outros. 
Ações ligadas à enfermagem foram as mais citadas como causadoras de eventos adversos, principalmente no que se refere aos registros da admissão do paciente no centro cirúrgico e dos sinais vitais. Erros na administração de medicamentos e realização de procedimentos invasivos também foram muito relatados. 
Sabe-se que a equipe de enfermagem concentra grande quantidade de responsabilidades, trabalhando muitas vezes em condições precárias, com pouco tempo de descanso e baixos salários. Os estudos evidenciaram, entretanto, que após a realização de atividades educativas e cursos de treinamento, principalmente sobre o checklist, o número de registros e as notificações de eventos adversos e incidentes aumentaram. 
Ficou denotado nos estudos sobre incidentes e eventos adversos que as publicações não seguiram estritamente os conceitos da OMS sobre os mesmos, principalmente por conta da atribuição de conceitos do hospital de estudo sobre os eventos adversos. Cada hospital define eventos adversos e incidentes, de acordo com sua realidade, o que dificulta a identificação e também pode estar relacionado às subnotificações. 
Faz-se necessária a implantação de protocolos nos centros cirúrgicos, para que a assistência seja integral de fato, bem como a rotina de treinamentos das equipes e monitoramento eficaz do preenchimento de instrumentos como o checklist de cirurgia segura. 
6. REFERÊNCIAS 
BEZERRA, W. R. et al. Ocorrência de incidentes em um centro cirúrgico: estudo documental. Rev. Eletrônica de Enf. [online], vol. 17, n. 4, out./dez. 2015. Disponível em: < http://dx.doi.org/10.5216/ree.v17i4.33339. > Acesso em: 13 out. 2017.
BOHOMOL, E; TARTALI, J. de A. Eventos adversos em pacientes cirúrgicos: conhecimento dos profissionais de enfermagem. Acta Paulista de Enfermagem, vol. 26, n. 4, p. 376-381, 2013.
BRASIL, MINISTÉRIO DA SAÚDE. Documento de referência para o Programa Nacional de Segurança do Paciente / Ministério da Saúde; Fundação Oswaldo Cruz; Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Brasília : Ministério da Saúde, 2014. 40 P.
CARVALHO, P. A. et al. Cultura de segurança no centro cirúrgico de um hospital público, na percepção dos profissionais de saúde. Revista Latino-Americana de Enfermagem, v. 23, n. 6, P. 1041-1048, nov./dez. 2015.
CECÍLIO, A. A. S; PENICHE, A. de C. G; POPOV, D. C. S. Análise dos registros da pressão arterial na sala de recuperação pós-anestésica. Acta Paulista de Enfermagem,v. 27, n. 3, 2014.
ELIAS, A. C. G. P. et al. Avaliação da adesão ao checklist de cirurgia segura em hospital universitário público. Rev. SOBECC, São Paulo, vol. 20, n. 3, p. 128-133, jul./set. 2015.
FERRAZ, Edmundo Machado. A cirurgia segura: Uma exigência do século XXI. Revista do Colégio Brasileiro de Cirurgiões, v. 36, n. 4, p. 281-282, 2009.
GEBRIM, Cyanéa Ferreira Lima et al. Análise da profilaxia antimicrobiana para a prevenção da infecção do sítio cirúrgico em um hospital do centro-oeste brasileiro. Ciencia y Enfermería, v. 20, n. 2, p. 103-115, 2014.
KÖCHE, J. C. Fundamentos de Metodologia Científica: teoria da ciência e iniciação à pesquisa. Petrópolis, RJ: Vozes, 2011. 
MAZIERO, Eliane Cristina Sanches et al. Adesão ao uso de um checklist cirúrgico para segurança do paciente. Revista Gaúcha de Enfermagem, v. 36, n. 4, p. 14-20, dez. 2015.
MANRIQUE, B. T. et al. Segurança do paciente no centro cirúrgico e qualidade documental relacionadas à infecção cirúrgica e à hospitalização. Acta Paulista de Enfermagem, v. 28, n. 4, p. 355-360, 2015.
PANCIERI, A. P. et al. Checklist de cirurgia segura: análise da segurança e comunicação das equipes de um hospital escola. Revista Gaúcha de Enfermagem, vol. 34, n. 1, p. 71-78, 2013.
SILVA, F. G. da. et al. Análise de eventos adversos em um centro cirúrgico ambulatorial. Revista SOBECC, São Paulo, vol. 20, n. 4, p. 202-209, out./dez. 2015.
VELHO, J. M; TREVISO, P. Implantação de programa de qualidade e acreditação: contribuições para a segurança do paciente e do trabalhador. Rev. adm. saúde, v. 15, n. 60, p. 90-94, 2013.
�	Artigo apresentado ao Curso de Pós-Graduação em Enfermagem em Centro Cirúrgico, Central de Material e Esterilização e Recuperação Pós- Anestésica, turma nº 3 do Centro Goiano de Ensino, Pesquisa e Pós-graduação. 
�	 Enfermeira Graduada pela PUC 2008. E-mail:alvesfluvia@hotmail.com
�	 Enfermeira, Especialista em UTI, Urgência e Emergência, Enfermagem do Trabalho, Mestranda pelo Programa de Pós-Graduação em Atenção á Saúde PUC-GO. Docente do CGESP. E-mail: coordenacao.ead@cgespensino.com

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