Baixe o app para aproveitar ainda mais
Esta é uma pré-visualização de arquivo. Entre para ver o arquivo original
* Noções de ecologia Prof. Gilson B Athayde Jr Departamento de Engenharia Civil e Ambiental Universidade Federal da Paraíba * ECOLOGIA No século XIX, o biólogo e naturalista alemão Ernest Haeckel , partindo da observação de que “o conhecimento biológico nunca é completo quando o organismo é estudado isoladamente”, deu um novo rumo à História Natural (hoje Biologia), criando uma nova ciência – a Ecologia. O termo eco deriva do grego oikos que significa lugar onde se vive, casa, ambiente, e logos é estudo, ciência, tratado. No sentido literal, Ecologia seria o estudo dos seres vivos em sua casa, no seu ambiente; ou ainda, a ciência que estuda as relações dos seres vivos com o meio ambiente. * Meio ambiente O meio ambiente é o conjunto de condições físicas (luz, temperatura, pressão, ...), químicas (salinidade, oxigênio dissolvido, ...) e biológicas (relações com outros seres vivos) que cercam o ser vivo, resultando num conjunto de limitações e de possibilidades para uma dada espécie: o meio ambiente é tudo que nos cerca. Características do Meio Ambiente: Mutante Heterogêneo Seletivo * Habitat e nicho ecológico O habitat de um organismo: • é o local onde ele vive; • é o ambiente que oferece um conjunto de condições favoráveis ao desenvolvimento de suas necessidades básicas (nutrição, proteção e reprodução). O nicho ecológico é: • o papel de uma espécie numa comunidade (como ela faz para satisfazer suas necessidades). Ex: As algas têm seu habitat nas águas superficiais (zona iluminada) e parte de seu nicho ecológico é a produção de matéria orgânica e oxigênio que servem de alimento e ao metabolismo de outras espécies * Estrutura e definições Célula Tecido Órgão Sistema Organismo População Comunidade Ecossistema Biosfera conjunto de indivíduos de uma mesma espécie que ocupa uma mesma área Espécie - conjunto de indivíduos semelhantes e capazes de se intercruzar (reproduzir), em condições naturais, produzindo descendentes férteis. conjunto de populações que interagem de forma organizada, vivendo numa mesma área conjunto resultante da interação entre a comunidade e o ambiente inerte * Noções de biosfera A biosfera é definida como sendo a região do planeta que contém todo o conjunto dos seres vivos e na qual a vida é permanentemente possível. Neste contexto, a biosfera não passa de uma delgada casquinha em torno do planeta, uma vez que as condições de vida vão diminuindo à medida que nos afastamos da superfície, até que cessam a, aproximadamente 7 km acima do nível do mar e abaixo deste não ultrapassa a 6 km. * Para satisfazer as necessidades dos seres vivos são necessários, por um lado, a presença de água, luz, calor e matéria para síntese dos tecidos vivos, e, por outro, ausência de condições prejudiciais à vida como substâncias tóxicas, radiações ionizantes e variações extremas de temperatura. A biosfera apresenta todas essas condições: uma fonte externa de luz e calor (o sol); água, que chega a cobrir ¾ da superfície do planeta e substâncias minerais em contínua reciclagem nos seus vários ambientes; apresenta ainda um escudo contra radiações ionizantes provenientes do sol (a camada de ozônio); e grandes massas de água, que se encarregam de manter a temperatura média em torno dos 15 ºC, sem grandes variações. * A biosfera pode ser dividida em três regiões físicas distintas: Litosfera: camada superficial sólida da Terra, constituída de rochas e solos, acima do nível das águas. Compreende ¼ da biosfera, apresenta variações de temperatura, umidade, luz, etc. e possui enorme variedade de flora e fauna; Hidrosfera: representa o ambiente líquido (rios, lagos e oceanos). Recobre ¾ da superfície total do planeta, apresenta condições climáticas bem mais constantes do que na litosfera, salinidade variável (nos oceanos chega a 35 g/L) e possui menor variedade de plantas (20:1) e de animais (9:1) que a litosfera; Atmosfera: camada gasosa que circunda toda a superfície da Terra, envolvendo portanto os dois ambientes acima citados. * Os recursos naturais na biosfera Recursos naturais são os recursos que a natureza coloca à disposição dos seres vivos para que estes possam satisfazer às suas necessidades. A existência da biosfera está condicionada à disponibilidade desses recursos, que podem ser divididos em: Renováveis: são aqueles recursos que naturalmente podem ser regenerados após o uso, como: a água, o ar, a energia solar, a energia eólica, a madeira, as plantas produtoras de fibra, os vegetais e animais usados na alimentação e os nutrientes; Não-renováveis: são aqueles que não podem ser naturalmente regenerados após o uso, ou são regenerados em tempos geológicos muito extensos. O calcário, a argila, a areia, o petróleo e o carvão mineral são exemplos de recursos minerais não-renováveis. * Necessidades básicas dos seres vivos A existência da biosfera ou de vida de forma permanente em um ambiente qualquer, só é possível se este oferecer condições para que os seres vivos satisfaçam suas necessidades básicas: nutrição, proteção e reprodução. * Necessidades básicas dos seres vivos A existência da biosfera ou de vida de forma permanente em um ambiente qualquer, só é possível se este oferecer condições para que os seres vivos satisfaçam suas necessidades básicas: nutrição, proteção e reprodução. * Necessidades básicas dos seres vivos A existência da biosfera ou de vida de forma permanente em um ambiente qualquer, só é possível se este oferecer condições para que os seres vivos satisfaçam suas necessidades básicas: nutrição, proteção e reprodução. * Estrutura e funcionamento dos ecossistemas Ecossistema Componentes bióticos (seres vivos e suas inter-relações Componentes abióticos (água, luz, ar, etc.) Componentes bióticos: Produtores Consumidores Decompositores * Estrutura e funcionamento dos ecossistemas Produtores: são todos os organismos autótrofos, principalmente plantas verdes que realizam fotossíntese, e outros em menor quantidade, que realizam quimiossíntese. * Estrutura e funcionamento dos ecossistemas Consumidores: dos ecossistemas são os heterótrofos, principalmente animais que se alimentam de outros seres vivos. Podem ser subdivididos em: Consumidor primário (herbívoro), que utiliza diretamente o vegetal (boi, gafanhoto, coelho, e muitos peixes) * Estrutura e funcionamento dos ecossistemas Consumidores: dos ecossistemas são os heterótrofos, principalmente animais que se alimentam de outros seres vivos. Podem ser subdivididos em: Consumidor secundário (carnívoro), que obtém seu alimento de consumidores primários (leão, cachorro, cobra, e espécies carnívora de peixes) * Estrutura e funcionamento dos ecossistemas Consumidores: dos ecossistemas são os heterótrofos, principalmente animais que se alimentam de outros seres vivos. Podem ser subdivididos em: Consumidor misto (onívoro), que não faz distinção pronunciada em sua preferência alimentar entre vegetais e animais (ex: ser humano, urso,etc) * Estrutura e funcionamento dos ecossistemas Decompositores: também são heterótrofos (bactérias e fungos saprovoros), porém se alimentam de materiais residuais (excreções, cadáveres, etc.) transformando-os em substâncias inorgânicas simples utilizáveis pelos produtores. * Cadeia alimentar É definida como sendo uma seqüência de seres vivos unidos pelo alimento. Exemplos de cadeias alimentares: capim gafanhotos pássaros raposas (cadeia de predadores) trigo pulgão protozoário (cadeia de parasitas) folhas fungos vermes (cadeia de decompositores) * Cadeia alimentar Uma forma de representá-la é ligando o nome dos organismos com setas, as quais indicam o caminho percorrido pela matéria nos ecossistemas. Esta representação classifica os organismos de acordo com o nível trófico que ocupam. Por definição, o primeiro nível trófico (NT) pertence ao produtor, com uma única exceção para as cadeias do solo, que se iniciam com restos de vegetais e animais mortos. O último nível trófico, por sua vez, é ocupado pelos decompositores. Estes compreendem miríades de organismos saprovoros, que estabelecem cadeias de decomposição sobre a matéria morta. * Teia alimentar Num ecossistema, as relações de transferência de matéria e energia não são tão simples como nas cadeias alimentares. Na realidade, estas se entrelaçam num delicado equilíbrio, constituindo verdadeira teias que unem entre si predadores e presas, parasitas e hospedeiros, formando estruturas mais complexas, denominadas teias ou redes alimentares. * Teia alimentar Numa teia alimentar, um organismo pode ocupar diferentes níveis tróficos. Isso se torna vantajoso para a comunidade, uma vez que um organismo passa a ter várias opções de alimento, fato que confere maior estabilidade à estrutura do ecossistema. * * Equilíbrio nos ecossistemas Fluxo de energia e matéria nos ecossistemas * Desequilíbrio nos ecossistemas a) Bloqueio na cadeia alimentar b) Biomagnificação (magnificação biológica) * a) Bloqueio na cadeia alimentar Uma forma comum de desequilíbrio dá-se pela destruição de um dos elos da cadeia alimentar. Conseqüências: 1) Desaparecimento total do elo seguinte, dependente do primeiro; 2) Superpopulação do ambiente pelo elo anterior. * a) Bloqueio na cadeia alimentar Exemplos: A eliminação de cobras que atacam lavradores no campo causa aumento da população de ratos e redução do número de animais comedores de cobras como a seriema. Na década de 70, a caça predatória ao sapo-boi na zona rural de Pernambuco, incentivada pelo valor da pele para exportação, resultou na invasão da zona rural por gafanhotos, forçando a migração das pessoas para as cidades. * a) Bloqueio na cadeia alimentar A introdução de organismo estranho à cadeia alimentar pode também resultar em desequilíbrios ecológicos, decorrentes da inexistência do elo superior ou predador natural que controle a sua proliferação. Exemplos: Na Austrália, na década de 30, a importação do coelho gerou sérios problemas, pois o mesmo não encontrou na fauna local, nenhum animal capaz de predá-lo e passou então a destruir as plantações. Atualmente, os australianos procuram reduzir a população de coelhos através de viroses específicas desses animais. Ainda na Austrália, em 1935, foi introduzido o sapo-boi para controle biológico de um besouro que atacava os canaviais. A baixa resistência ambiental ao anfíbio, devido ao clima favorável e ausência de predador, resultou numa praga, agravado pelo fato do sapo ser venenoso. Atualmente, pesquisa-se o controle biológico da espécie. * b) Biomagnificação É o acúmulo de substâncias tóxicas não-biodegradáveis ao longo das cadeias alimentares e conseqüentemente os últimos níveis tróficos tornam-se os mais prejudicados Um dos primeiros estudos sobre este fenômeno foi o do lago Clear, na Califórnia, quando o uso de TDE (inseticida tetraclorodifeniletano) levou ao desaparecimento de aves como o mergulhão na região. Neste caso, a taxa de amplificação do tóxico da água para a ave chegou a 180.000 vezes. * b) Biomagnificação * * * * * * Tundra * Floresta de coníferas (Taiga) Vegetação pouco diversificada predominância de pinheiros e outras espécies de coníferas em forma de agulha solos ácidos e pobres pequeno número de espécies arbustivas * Floresta Tropical * Estepes Savanas * Desertos * * Rios * Lagos * Estuários * Oceanos * Ciclos biogeoquímicos Todos os 30 - 40 elementos necessários ao desenvolvimento dos seres vivos circulam na biosfera. Elementos químicos mais presentes nos seres vivos (% em peso) * Ciclos biogeoquímicos São os movimentos cíclicos de elementos químicos entre o meio biológico (seres vivos) e o ambiente geológico. São características de um ciclo biogeoquímico: Um depósito (atmosfera ou litosfera) Participação dos seres vivos Transformações químicas Caminho percorrido pelo elemento químico * Ciclos biogeoquímicos Ciclos gasosos (são ciclos rápidos): do carbono, do oxigênio, do nitrogênio. Ciclos sedimentares (são ciclos lentos): do fósforo, do enxofre. * Ciclos biogeoquímicos Ciclo do carbono O carbono é o principal constituinte de qualquer matéria orgânica, sendo portanto essencial à vida na Terra. Encontra-se disponível no ar atmosférico ou dissolvido nas águas, na forma de gás carbônico. O CO2 entra na composição do ar atmosférico com apenas 0,03%. Entretanto, esta quantidade é suficiente para manter toda a vida na Terra, uma vez que se mantém em contínua reciclagem, através do seu ciclo. Ciclo: a) Inicialmente, o CO2 é fixado por vegetais, algas e bactéria na fotossíntese, formando carboidratos e liberando O2. b) Os carboidratos são degradados pela respiração e o carbono é devolvido ao meio na forma de CO2. c) Uma fração do CO2 do ar combina-se com a chuva, formando ácido carbônico (H2CO3). d) No solo, este passa a bicarbonato (HCO3-) e, posteriormente, a carbonato (CO3=). d) Este reage com os ácidos existentes no solo, liberando CO2 para a atmosfera. * Ciclos biogeoquímicos Ciclo do oxigênio O maior reservatório de oxigênio é o ar atmosférico, do qual constitui cerca de 20%. Está presente tanto no mundo orgânico como no inorgânico. No mundo inorgânico entra na constituição dos minerais e das rochas. No mundo orgânico é essencial à vida, uma vez que entra na composição dos tecidos vivos e é imprescindível para a respiração. Ciclo: a) É através da respiração de vegetais, animais e microorganismos que o oxigênio é retirado da atmosfera e devolvido na forma de gás carbônico (CO2) e água. Mesmo os organismos anaeróbios participam do ciclo, uma vez que retiram o oxigênio da matéria orgânica, devolvendo-o ao meio na forma de CO2. b) Água e gás carbônico, pela ação dos autótrofos, são retirados do ambiente e devolvidos na forma de carboidratos (alimento) e oxigênio, através da fotossíntese. c) No ar, tanto a H2O como o CO2 entram nos seus respectivos ciclos e ambos contém oxigênio, que faz parte do ciclo total. * Ciclos biogeoquímicos Ciclo do nitrogênio O nitrogênio é importante pela sua participação fundamental na composição das proteínas. O N2 encontra-se disponível no ar atmosférico numa proporção de 79%, mas apesar dessa abundancia, são poucos os organismos que conseguem fixa-lo. Ciclo: a) Nos solos, é fixado pelas bactérias do gênero Rhizobium e Nitrobacter que vivem em mutualismo com plantas leguminosas, e nas águas pelas algas azuis do gênero Nostoc. Além da fixação biológica, pode ocorrer fixação atmosférica e industrial, quando o nitrogênio é transformado em nitrato ou ácido nítrico, que fica no ambiente à disposição dos vegetais. b) Estes absorvem o nitrogênio fixado, transformando-o em proteínas; a passagem para os animais inicia-se com os herbívoros. c) Plantas e animais mortos, juntamente com as excreções, são transformados pelos organismos da putrefação (bactérias e fungos) em amônia (NH3) num processo denominado amonificação. d) A amônia é utilizada pelas bactérias Nitrosomonas que a oxidam, produzindo nitrito (NO2-) e este é transformado em nitrato (NO3-) pelas bactérias Nitrobacter. d) Após a nitrificação, dissolve-se nas águas ou permanece no solo, de onde é absorvido pelas plantas ou sofre desnitrificação por ação de bactérias, voltando ao ar atmosférico. * Ciclos biogeoquímicos * Ciclo hidrológico
Compartilhar