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dicotomia entre Direito Público e Direito Privado

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1. Explique a dicotomia havida entre Direito Público e Direito Privado e suas origens. (VALOR DA QUESTÃO 5,0 PONTOS).
Segundo Areadny Luiza https://areadny.jusbrasil.com.br/artigos/599864886/resumo-sobre-direito-publico-e-direito-privado?ref=topic_feed (acesso em 26 ago. 18) A origem da dicotomia Direito Público e Direito Privado está no Direito Romano, onde sua base é um trecho de Ulpiano (Digesto) que afirma: “O direito público diz respeito ao estado da coisa romana, à polis ou civitas, o privado à utilidade dos particulares”.
Baseado nas ideias de Hannah Arendt, Tércio Sampaio Ferraz Jr. vincula a explicação da origem da dicotomia Direito Público e Privado à estrutura socioeconômica da civilização romana, que conhecia dois campos de poder, sendo eles a esfera pública e privada. Tércio Sampaio afirma que a esfera pública abrangia o âmbito das necessidades, envolvendo o exercício do homem voltado para sua sobrevivência, sendo este, o labor, exercido no próprio lar. Pareado a essa atividade, o homem dado como livre, isto é, o cidadão, exercia a chamada ação, que consistia na reunião de homens para a discussão de temas relevantes, troca de vivências e adoção de pensamentos comuns. Tal atividade era praticada na cidade (polis), da qual se origina a expressão animal político. 
Partindo dessa ideia, a passagem do Digesto, ao fazer um paralelo de ambas às esferas de interesse, tenha denominado como privadas as relações que eram estabelecidas no âmbito doméstico, isto é, família, sucessões e propriedades, sendo essas situações compreendidas no terreno da pessoa natural. Portanto, o Direito Privado regulamenta o papel da pessoa nas suas relações travadas em seu âmbito de poder.
A distinção nítida vista no sistema romano entre a esfera pública e privada e o domínio particular não se verifica na Idade Média. As invasões bárbaras propiciaram uma nova condição política, cuja consequência mais relevante se dará na estrutura de produção. Isso se torna mais evidente na propriedade imobiliária, que dá lugar a um sistema com embasamento na ideia das concessões. A adoção de tal sistema, isto é, da superposição de propriedades, não permitia a diferenciação segura entre o público e o particular. Esse fato é agravado pela incapacidade do rei de defender o reino de invasores, obrigando as várias classes sociais a defender-se por meios próprios.
A dicotomia Direito Público e Direito Privado ressurge durante a Revolução Francesa. A classe burguesa, oponível ao absolutismo, retoma o modelo romano ao estremar a esfera pública e a privada. Nesse período, há o predomínio da liberdade de iniciativa, o princípio da igualdade formal de todos os homens e a ideia da não interferência estatal em negócios particulares. O fato de retroceder a condição anterior causava receio, o que gerou um sistema em que o poder público não intervinha, a não ser em hipóteses restritas. Esse fato marca o ápice da ideologia liberalista.
No Código de Napoleão (1804) havia disciplinados contratos, família e propriedade, que constituem o objeto de incidência do Direito Privado, sustentado no binômio igualdade/liberdade, que afirma que todos os homens nascem livres e iguais e que, portanto, cada um pode buscar o que achar que é melhor para si. Os sistemas romano-germânicos retiraram ensinamentos do modelo napoleônico, como é o caso dos Estados da Europa continental e das nações latino-americanas. Tais sistemas buscavam garantir amplo âmbito de ação ao particular e, ao mesmo tempo, limitar a ingerência do Estado. No Estado brasileiro, o Direito Privado, dos séculos XIX e XX, compreendeu a família, a propriedade, os contratos e a empresa, disciplinas com características individualistas e sem qualquer comprometimento social.
Atualmente, na Era Moderna, houve uma releitura. Enquanto na esfera pública há a participação do Estado, uma relação de supremacia, isto é, domínio estatal, na esfera privada, o Estado é ausente, sendo a relação apenas entre iguais. Por um lado, o Direito resguarda os valores que interessam à comunidade, por outro, ampara os interesses dos particulares. Miguel Reale afirma que há dois fatores que distinguem o Direito Público do Direito Privado. O primeiro leva em consideração o conteúdo da norma, enquanto o segundo dá enfoque ao aspecto formal da relação jurídica. Quanto ao aspecto formal, no Direito Privado a relação é de coordenação, já no Direito Público a relação é de subordinação.

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