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Mapeamento Serra do Cipo

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UUNNIIVVEERRSSIIDDAADDEE FFEEDDEERRAALL DDEE MMIINNAASS GGEERRAAIISS 
IINNSSTTIITTUUTTOO DDEE GGEEOOCCIIÊÊNNCCIIAASS 
DDEEPPAARRTTAAMMEENNTTOO DDEE GGEEOOLLOOGGIIAA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
GGEEOOLLOOGGIIAA DDAA RREEGGIIÃÃOO CCEENNTTRROO--OOEESSTTEE DDOO 
PPAARRQQUUEE NNAACCIIOONNAALL DDAA SSEERRRRAA DDOO CCIIPPÓÓ,, MMGG 
 
 
 
 
MMUUNNIICCÍÍPPIIOOSS DDEE JJAABBOOTTIICCAATTUUBBAASS EE SSAANNTTAANNAA DDOO RRIIAACCHHOO 
 
 
 
 
 
 
 
OOrriieennttaaddoorr:: 
Prof. Joachim Karfunkel 
 
 
 
 
 
AAuuttoorreess:: 
Gilberto Luiz Silva 
Marcelo Aguiar Freitas 
Vítor Diniz Silveira 
 
 
 
Belo Horizonte, Junho 2007 
 
GGEEOOLLOOGGIIAA DDAA RREEGGIIÃÃOO CCEENNTTRROO--OOEESSTTEE DDOO 
 PPAARRQQUUEE NNAACCIIOONNAALL DDAA SSEERRRRAA DDOO CCIIPPÓÓ,, MMGG 
 
MMUUNNIICCÍÍPPIIOOSS DDEE JJAABBOOTTIICCAATTUUBBAASS EE SSAANNTTAANNAA DDOO RRIIAACCHHOO 
 
 
PPoorr:: 
Gilberto Luiz Silva 
Marcelo Aguiar Freitas 
Vítor Diniz Silveira 
 
 
 
 
BBaannccaa EExxaammiinnaaddoorraa:: 
Joachim Karfunkel 
Alexandre Uhlein 
Jean Joel Quemenèuer 
 
 
Trabalho Geológico de Graduação apresentado ao curso de Geologia do Instituto 
de Geociências da Universidade de Minas Gerais. 
 
 
 
Belo Horizonte, Junho 2007 
 ii
Agradecimentos 
 
Agradecemos a todas as pessoas que auxiliaram e facilitaram a elaboração deste 
trabalho. A elas, nossos sinceros agradecimentos; 
 
¾ ao professor Joachim Karfunkel pela orientação e apoio. 
¾ aos professores Joachim Karfunkel, Alexandre Uhlein, Jean Joel Quemenèuer e 
Antônio Wilson Romano pelas discussões e sugestões incorporadas neste 
trabalho. 
¾ ao IBAMA pelo fornecimento do alojamento e da infraestrutura necessária para 
a realização deste. 
¾ ao diretor Henri Dubois, aos analistas ambientais João Madeira, Kátia Torres e 
Celso do Parque Nacional da Serra do Cipó pelas informações, interesse e apoio 
às pequisas. 
¾ a Jaqueline pela ajuda na parte de geoprocessamento do trabalho. 
¾ todos os funcionários do parque pela amizade e hospitalidade fundamental nas 
etapas de campo. 
¾ ao grupo Camelo pelos dias de campo, discussões e consultoria em ArcGis. 
¾ a Renata Menicucci pela grande ajuda na formatação final do relatório. 
 
 
 
 iii
Resumo 
O trabalho apresenta o resultado do mapeamento geológico na escala 1:30.000, 
em uma área de aproximadamente 120 Km2 estando inserida na porção centro oeste do 
Parque Nacional da Serra do Cipó, na divisa dos municípios de Santana do Riacho e 
Jaboticatubas - MG, borda W da Serra do Espinhaço Meridional. As litologias 
aflorantes na área são pertencentes ao Supergrupo Espinhaço, Formação Galho do 
Miguel (Mesoproterozóico) e grupos Macaúbas e Bambuí pertencentes ao Supergrupo 
São Francisco, ambos do Neoproterozóico. 
A Formação Galho do Miguel aflora no extremo leste da área e é interpretada 
como depósitos de ambiente desértico. 
O Grupo Macaúbas aflorante na maior parte da área foi dividido em duas 
unidades litoestratigráficas, unidade A basal e B topo. A unidade A é interpretada como 
sedimentação em ambiente marinho e a unidade B interpretada como sedimentação em 
ambiente glacio-marinho, onde espessas lentes de diamictitos de origem glacial foram 
fundamentais na individualização das unidades. 
O Grupo Bambuí que aflora a oeste e norte da área é representado pelas 
formações Sete Lagoas e Serra de Santa Helena, interpretadas como depósitos em bacia 
marinha plataformal e plataformal distal, respectivamente. 
As rochas apresentam uma inversão estratigráfica marcada por falhas de 
empurrão que colocam as rochas do Supergrupo Espinhaço sobre as rochas do Grupo 
Macaúbas, e estas sobre as rochas do Grupo Bambui. Uma geometria tipo leque 
imbricado com duplicação de camadas é observado na unidade B. 
 
 
 
 
 
 
 iv
Abstract 
This report presents the geologic mapping in scale 1:30.000, in an area of 
approximately 120 Km2 inserted in the portion center west of the Serra do Cipó 
National Park, in the borders of the cities of Santana do Riacho and Jaboticatubas - MG, 
W of the Espinhaço Meridional. The outcrops in the area are of Espinhaço Supergroup, 
Galho do Miguel Formation (Mesoproterozóico) and to the São Francisco Supergroup, 
Macaúbas and Bambuí Groups, both of the Neoproterozóico. 
The Galho do Miguel Formation, outcroping in the extreme east of the area and 
represents a desert deposition. 
 The Macaúbas Group are in the most part of the area, was divided in two 
lithostratigraphic units, A basal and B top. The unit A, marine sediments and unit B 
glacio-marine sediments, where thick lenses of diamictites of glacial origin, were 
importants to separate the units. 
The Bambuí Group outcroping in the west and north of the area, is represented 
by the Sete Lagoas and Serra de Santa Helena Formations, deposited in plataformal 
marine basin and plataformal distal, respectively. 
The rocks present a stratigraphic inversion determinated by thrust fault. A 
geometry type imbricate fan with duplication of layers, these observed in unit B. 
 
 
 
 
Sumário 
 
AGRADECIMENTOS ii 
RESUMO iii 
ABSTRACT iv 
 
1 - INTRODUÇÃO ------------------------------------------------------------------------------- 4 
1.1 - Localização e vias de acesso -------------------------------------------------------------------------------- 4 
1.2 - Objetivos ------------------------------------------------------------------------------------------------------- 5 
1.3 - Metodologia --------------------------------------------------------------------------------------------------- 6 
2 - CARACTERIZAÇÃO FISIOGRÁFICA ------------------------------------------------ 7 
3 - GEOLOGIA REGIONAL ---------------------------------------------------------------- 10 
3.1 - Aspectos Gerais --------------------------------------------------------------------------------------------- 10 
3.2 – Trabalhos Anteriores ------------------------------------------------------------------------------------- 10 
3.3 - Estratigrafia ------------------------------------------------------------------------------------------------- 12 
3.3.1 - Terrenos gnáissicos-granítico-migmatíticos (Seqüência Infracrustal) ------------------------- 12 
3.3.2 - Supergrupo Rio Paraúna ---------------------------------------------------------------------------- 12 
3.3.3 - Supergrupo Espinhaço ------------------------------------------------------------------------------- 13 
3.3.4 - Rochas metabásicas Pós-Espinhaço --------------------------------------------------------------- 15 
3.3.5 - Supergrupo São Francisco -------------------------------------------------------------------------- 15 
3.3.5.1 - Grupo Macaúbas ------------------------------------------------------------------------------ 15 
3.3.5.2 - Grupo Bambuí -------------------------------------------------------------------------------- 16 
3.4 - Geologia Estrutural e Metamorfismo ------------------------------------------------------------------ 18 
3.5 - Geologia Econômica --------------------------------------------------------------------------------------- 19 
3.6 - Evolução Geológica ---------------------------------------------------------------------------------------- 20 
4 -GEOLOGIA LOCAL --------------------------------------------------------------------- 21 
4.1 - Estratigrafia ------------------------------------------------------------------------------------------------- 21 
4.1.1- Supergrupo Espinhaço ------------------------------------------------------------------------------- 22 
4.1.1.1 - Formação Galho do Miguel ----------------------------------------------------------------- 22 
4.1.2 - Supergrupo São Francisco -------------------------------------------------------------------------- 23 
4.1.2.1 - Grupo Macaúbas ------------------------------------------------------------------------------ 23 
Unidade A ------------------------------------------------------------------------------------------------ 23 
Unidade B ------------------------------------------------------------------------------------------------ 24 
4.1.2.2 - Grupo Bambuí -------------------------------------------------------------------------------- 26 
 2
Formação Sete Lagoas --------------------------------------------------------------------------------- 27 
Formação Serra de Santa Helena --------------------------------------------------------------------- 28 
4.1.3 - Rocha Básica Intrusiva ------------------------------------------------------------------------------ 30 
4.1.4 - Correlação Estratigráfica ---------------------------------------------------------------------------- 32 
4.2 - Geologia Estrutural ---------------------------------------------------------------------------------------- 33 
4.3 - Metamorfismo ---------------------------------------------------------------------------------------------- 38 
4.4 - Geologia Econômica --------------------------------------------------------------------------------------- 39 
4.5 - Evolução Geológica ---------------------------------------------------------------------------------------- 42 
4.6 - Considerações Finais -------------------------------------------------------------------------------------- 43 
5 - BIBLIOGRAFIA --------------------------------------------------------------------------- 44 
 
Anexo I – Mapa Geológico 
Anexo II – Mapa de Pontos 
Anexo III – Mapa de Fotolineamentos 
Anexo IV – Anexo Digital (Descrição de pontos, Fotografias e Descrição Microscópica) 
 
 3
Relação de Figuras 
 
Figura 1: Mapa de localização e vias de acesso à área investigada ---------------------------------------------- 5 
Figura 2: Land sat em contexto regional ---------------------------------------------------------------------------- 9 
Figura 3: Imagem google earth localização ------------------------------------------------------------------------- 9 
Figura 4: Coluna estratigráfica regional --------------------------------------------------------------------------- 18 
Figura 5: Projeção estereográfica para medidas de paleocorrentes da Unidade A e B ---------------------- 26 
Figura 6: Variação granulométrica vertical no quartzito Unidade A marcando acamamento -------------- 29 
Figura 7: Matacão de quartzito no quartzito da Unidade B ----------------------------------------------------- 29 
Figura 8: Diamictito onde se observa clastos arredondados próximos a clastos angulosos ----------------- 29 
Figura 9: Marca de corrente assimétrica no quartzito da Unidade B ------------------------------------------- 29 
Figura 10: Detalhe do mármore cinza e bege que ocorrem associados ---------------------------------------- 29 
Figura 11: Laminação no mármore marca acamamento sub-horizontalizado --------------------------------- 29 
Figura 12: Coluna estratigráfica para a região da Serra do Cipó ----------------------------------------------- 31 
Figura 13: Correlação estratigráfica das regiões da Serra do Cipó --------------------------------------------- 32 
Figura 14: Perfil esquemático a sul da área de mapeamento ---------------------------------------------------- 33 
Figura 15: Projeção estereográfica para medidas de acamamento nos quartzitos ---------------------------- 34 
Figura 16: Projeção estereográfica para medidas de foliação nos quartzitos---------------------------------- 34 
Figura 17: Projeção estereográfica para medidas de acamamento do mármore ------------------------------ 35 
Figura 18: Clastos do diamictito estirados em zona de cisalhamento ------------------------------------------ 37 
Figura 19: Brecha de falha. Clastos angulosos de carbonato (Bambuí) e quartzito (Macaúbas) ----------- 37 
Figura 20: Sombra de pressão preenchida de calcita em nódulo de quartzo ---------------------------------- 37 
Figura 21: Dobra de arraste com descontinuidade rompendo o flanco curto preenchida por quartzo ----- 37 
Figura 22: Foliação desenvolvida nos planos de impureza do mármore -------------------------------------- 37 
Figura 23: Dobras em chevron no meta-siltito da Formação Santa Helena ----------------------------------- 37 
Figura 24: Perfil esquemático a norte da área de mapeamento ------------------------------------------------- 38 
Figura 25: Antiga pedreira de mármore da MINEPAR ---------------------------------------------------------- 41 
Figura 26: Estruturas deixadas pela mineração ------------------------------------------------------------------- 41 
Figura 27: Depósito aluvial rico em manganês no Córrego das Pedras ---------------------------------------- 41 
Figura 28: Detalhe do minério no alúvio -------------------------------------------------------------------------- 41 
Figura 29: Enxame de veios de quartzo e óxido de manganês -------------------------------------------------- 41 
Figura 30: Detalhe dos veios de óxido de manganês ------------------------------------------------------------- 41 
 
 
 4
1 - Introdução 
 Os trabalhos de mapeamento de campo foram realizados entre os dias 03 de 
janeiro a 28 de fevereiro de 2007 sobre a orientação do Professor Joachim Karfunkel 
com apoio do Parque Nacional da Serra Do Cipó, IBAMA. Tem como finalidade 
apresentar os resultados do mapeamento geológico na escala 1: 30.000, da porção 
meridional da Serra do Espinhaço, mais especificamente a sudeste da folha Baldim, 
Serra do Cipó distrito de Santana do Riacho. 
 Este foi realizado em cumprimento parcial aos requisitos da disciplina Trabalho 
Geológico de Graduação (GEL 027), referente à etapa final do curso de graduação em 
Geologia do Instituto de Geociências da Universidade Federal de Minas Gerais. 
1.1 - Localização e vias de acesso 
 A área de estudo situa-se no distrito da Serra do Cipó, antigamente conhecido 
como Cardeal Mota (Fig. 1), localizada entre os municípios de Jaboticatubas e Santana 
do Riacho, inserido na porção centro oeste da área de preservação do Parque Nacional 
da Serra do Cipó, IBAMA. 
 O acesso a partir de Belo Horizonte é feito através da Linha Verde sentido 
Aeroporto Internacional de Confins até o trevo de Lagoa Santa, onde se opta pela 
rodovia MG-10 até o distrito da Serra do Cipó. A região mapeada se encontra a cerca de 
110 km de Belo Horizonte e a cerca de 62 km da cidade de Lagoa Santa. 
 5
 
Figura 1: Mapa de localização e vias de acesso à área investigada. 
 
1.2 - Objetivos 
 Os principais objetivos do trabalho são: 
¾ reconhecimento regional das principais litologias aflorantes na área assim como 
suas estruturas primárias; 
¾ estabelecimento do posicionamento estratigráfico e caracterização dos sistemas 
deposicionais e ambientes de sedimentação das unidades; 
¾ caracterização estrutural local da área, bem como reconhecimento de estruturas 
tectônicas dúcteis e rúpteis e suas relações cronológicas; 
¾ elaboração do mapa geológico da área mapeada de aproximadamente 120 Km2, 
na escala 1:30.000 e confecção do relatório final. 
 
 
 6
1.3 - Metodologia 
 A metodologia utilizada para a execuçãodo trabalho foi dividida nas seguintes 
etapas: 
¾ pesquisa bibliográfica necessária para reconhecimento geológico da região e 
compilação de trabalhos anteriores; 
¾ interpretação de fotografias aéreas na escala de 1:30.000, usadas como base para 
o mapeamento. As fotos foram cedidas pelo DER – Departamento de Estradas e 
Rodagem de Minas Gerais; 
¾ utilização de mapa topográfico na escala 1:100.000 (Folha Baldim); 
¾ realização de 30 dias de trabalho de campo procurando descrever um número 
suficiente de pontos de forma a cobrir toda a área; 
¾ confecção de perfis estratigráficos e estruturais perpendiculares à direção de 
unidades em campo a fim de estabelecer contatos entre principais litologias e 
estruturas; 
¾ organização e interpretação dos dados estratigráficos e estruturais; 
¾ confecção do mapa geológico na escala 1:30.000, assim como mapa de pontos 
de descrição/caminhamento, mapa de lineamento estrutural; 
¾ produção do relatório final. 
 7
2 - Caracterização Fisiográfica 
 A área de mapeamento compreende três serras de direção N-S com altitudes 
variando de 1000 a 1300 m sendo as quais constituídas de quartzitos competentes que 
sofrem menos desgaste com intemperismo. Os dois vales, formados entre estas, possui 
menor competência sendo formados principalmente por quartzitos imaturos mal 
selecionados que são facilmente carreados pelos processos erosivos (Fig. 2). 
 De leste para oeste as Serras são conhecidas como: Serra das Bandeirinhas, Serra 
dos Confins e Serra da Caetana (Fig. 3). A depressão entre as duas primeiras forma o 
maior vale da área, possuindo aproximadamente 3 km de largura por 15 km de 
comprimento onde drenagens que escorrem destas formam o Ribeirão Mascastes. 
 O vale do Capão é separado pela Serra dos Confins e Serra da Caetana 
possuindo largura média de 800 m e comprimento aproximado de 9 km onde a 
drenagem central é o Córrego das Pedras que acaba desaguando no Ribeirão Mascastes. 
 As drenagens na área têm íntima relação com as estruturas que formam a Serra 
do Cipó estando instaladas em grandes lineamentos de falhas de direção N - S, (Rib. 
Mascastes e Cor. Pedras), e E – W representado pelo Rib. Bocaina. 
 A principal drenagem da região, que divide os municípios de Jaboticatubas e 
Santana do Riacho, o Rio Cipó, é formado pelo encontro do Ribeirão Mascastes e 
Ribeirão Bocaina e corre em direção oeste aproveitando parte do lineamento E-W e 
deságua fora da área de mapeamento no Rio Paraúna, ambos inseridos na Bacia 
Hidrográfica do Rio das Velhas. 
 Estas drenagens (Cipó, Bocaina e Mascastes) são responsáveis pela formação da 
grande planície aluvial presente na região central da área de mapeamento, tendo 
espessura máxima de sedimentos próxima de 10 m. Esta grandeza esta relacionada ao 
aporte de águas e sedimentos que tais drenagens conseguem transportar nas épocas de 
chuva. 
 Na Serra do Espinhaço o clima é mesotérmico brando com precipitação anual 
média entre 1.300 e 1.550 mm e temperatura média anual em torno de 18-19º C (in: 
Almeida Abreu, 1993). A pluviosidade da região atinge o seu máximo anual nos meses 
 8
entre novembro, dezembro e janeiro, sendo registrado índices de baixa pluviosidade nos 
meses de maio a setembro. 
 As coberturas vegetais são controladas pelo clima, morfologia e altitude dos 
domínios geográficos maiores, e secundariamente, pela morfologia e litologias locais. 
Predominam campos rupestres e campos de altitudes cuja vegetação, apesar de 
relativamente rala e de pequeno porte, mostra uma grande variação das espécies 
vegetais. 
 Matas ciliares e ilhas de vegetação exuberante são freqüentes ao longo de 
drenagens e em áreas topograficamente mais planas, geralmente com forte controle 
litológico determinado pela presença de rochas metabásicas e graníticas. 
 
 9 
 
Figura 2: Land sat em contexto regional. Polígono de mapeamento, 
 Parque Nacional da Serra do Cipó e Divisa entre municípios. 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 3: Imagem Google Earth localizando; 1_Serra da Caetana, 2_ Córrego das 
Pedras e Vale do Capão, 3_ Serra dos Confins, 4_ Córrego Mascastes, 5_ Serra 
das Bandeirinhas, 6_ Ribeirão Bocaina, 7_ Rio Cipó e SP_Sede do 
Parque. 
 
1 2 
3 
4 
5 
6 7 
SP
9 
Jaboticatubas 
Santana do Riacho 
Morro do Pilar 
Nova União 
N
N
10 Km 
 
 10
3 - Geologia Regional 
3.1 - Aspectos Gerais 
 A Serra do Espinhaço Meridional pertence à zona externa da Faixa Araçuaí, a 
qual bordeja a margem sudeste do Cráton Neoproterozóico do São Francisco. 
 Três conjuntos estratigráficos são tidos como principais na região: seqüência 
infracrustal composta por granitos-gnaisses-migmatitos, seqüência metavulcano-
sedimentar pré-Espinhaço (Supergrupo Rio Paraúna), seqüência metassedimentar 
correspondente ao Supergrupo Espinhaço e Supergrupo São Francisco representado 
pelos grupos Macaúbas e Bambuí. Diques e sills metabásicos são reconhecidos no 
Supergrupo Espinhaço e Grupo Macaúbas. 
3.2 – Trabalhos Anteriores 
 Em 1832, von Eschwege (in: Renger 1979). fez a primeira divisão geológica-
estratigráfica da Serra do Espinhaço Meridional, distinguindo quatro unidades: 
Primária, constituída por granito, gnaisse, micaxisto, sienito e basalto; Secundária, 
litologias do itacolomito e itabirito; De transição, ardósias, grauvaca e calcário; 
Rothodtliegendes, termo estratigráfico alemão, correspondente aos Grupos Areado e 
Bambuí . 
Derby, 1880 (in: Dossin 1983) faz primeiras referências ao termo Série São 
Francisco associadas às rochas pelito-carbonatadas que afloram no vale do rio São 
Francisco. 
Derby, 1881 (in: Dardenne & Walde 1979) descreveu uma grauvaca 
conglomerática na borda N e E da Serra do Cabral como sendo uma seqüência 
independente e a designou como conglomerado Jequitaí. 
Rimann, 1917 (in: Dardenne & Walde 1979) substituiu a denominação anterior 
pela expressão Série Bambuí que ficou consagrada na literatura. 
 11
Moraes, 1929, 1932 e 1937 (in: Dardenne & Walde 1979) introduziu o termo 
Macahúbas, hoje Macaúbas, derivado do Rio Macaúbas próximo a Terra Branca. 
 Von Freyberg, 1932 (in: Renger 1979) fez as primeiras descrições das variações 
de fácies entre as Séries Minas e Itacolomi, sugerindo o termo Formações do Espinhaço. 
 Barbosa, 1954 (in: Renger 1979) introduziu pela primeira vez a conceituação 
geotectônica da Serra do Espinhaço, em seu trabalho “Evolução do Geossinclinal 
Espinhaço”. 
 Pflug (1968) propõe a divisão da Série Minas em oito formações sendo elas do 
topo para a base: Rio Pardo Grande, Córrego Pereira, Córrego da Bandeira, Córrego dos 
Borges, Santa Rita, Galho do Miguel, Sopa-Brumadinho e São João da Chapada. 
 Hettich, 1977 (in: Dardenne & Walde 1979) dividiu o Macaúbas na região de 
Carbonita em seis unidades litoestratigraficas, informalmente denominadas: A, B, C, D, 
E e F da base para o topo. 
 Karfunkel & Karfunkel, 1977 (in: Dardenne & Walde 1979) estudaram os 
sedimentos do Grupo Macaúbas na região de Terra Branca, Grão Mogol, MG e 
dividiram em três formações, da base para o topo: Califórnia, Terra Branca e Carbonita. 
 Dardenne (1978) propõe a subdivisão da Série Bambuí em seis formações, sendo 
elas da base para o topo: Jequitaí, Sete Lagoas, Serra de Santa Helena, Lagoa do Jacaré, 
Serra da Saudade e Três Marias. 
Dardenne & Walde (1979) destacam os aspectos da estratigrafia dos grupos 
Macaúbas e Bambuí. 
 A evolução geológica estrutural é relatada em diversos trabalhos, a exemplo de 
Almeida-Abreu et al. (1986), Uhlein et al. (1986), Knauer (1990), Rolim (1992), 
Rosière et al. (1994). 
 Modelos acerca da evolução geodinâmica da Serra do Espinhaço Meridional são 
discutidosem Dossin et al. (1984), Knauer (1990), Uhlein (1991), Trompette & Uhlein 
(1992), Almeida Abreu & Pflug (1994 in: Renger & Knauer 1995), Dossin & Dossin 
(1995), Almeida Abreu (1995), Martins Neto (1998) dentre outros. 
 12
3.3 - Estratigrafia 
3.3.1 - Terrenos gnáissicos-granítico-migmatíticos (Seqüência Infracrustal) 
 Correspondente ao Supergrupo Pré -Rio das Velhas de Schöll & Fogaça (1979), 
esta unidade foi dividida por Hoffmann, 1981, 1983 (in: Renger & Knauer 1995) em 
dois grupos sendo eles Grupo Congonhas, composto por gnaisses migmatíticos, e Grupo 
Gouveia formado por granitos. Estas rochas constituem o embasamento das seqüências 
mais jovens, e foi datado em 2.8 Ga, datação U/Pb. 
 Na Serra do Espinhaço elas ocorrem em áreas reduzidas e tectonicamente 
afloram, ou em mega-anticlinais com eixos orientados N-S, ou por intermédio de 
falhamentos inversos tipo escama (Schöll & Fogaça 1979). 
 A petrografia das rochas é homogênea, predominando monzogranitos, 
granodioritos e tonalitos sendo que suas características petrográficas e geoquímicas 
apontam para uma afiliação genética do tipo S. (Hoffmann 1981, 1983 in: Fogaça & 
Schöll 1984). 
3.3.2 - Supergrupo Rio Paraúna 
O Supergrupo Rio Paraúna inicialmente descrito como Supergrupo Rio das 
Velhas por Schöll & Fogaça (1979), é composto por uma seqüência metavulcano-
sedimentar basal ao Supergrupo Espinhaço (Fogaça & Schöll. 1984). Subdividem o 
supergrupo em duas unidades principais: Grupo Pedro Pereira (vulcano-sedimentar com 
rochas ácidas, básicas e ultrabásicas) e Grupo Costa Sena (seqüências geralmente 
epiclásticas finas a grossas), sendo este último dividido ainda em Formação Barão de 
Guaicuí e Formação Bandeirinha de extensão e área mais reduzida. Uma provável 
evolução pertencente a um greenstone belt é considerada por (Fogaça & Schöll. 1984). 
Machado et al. (1989) determinaram idades em torno de 2971 ± 16 M.a., segundo 
medições em U-Pb, para esta unidade. 
 13
3.3.3 - Supergrupo Espinhaço 
 Sugerido inicialmente como Formações do Espinhaço por von Freyberg (1932 
in: Renger 1979) e subdividido em termos estratigráficos por Pflug (1968) em oito 
formações, sendo elas do topo para a base: Rio Pardo Grande, Córrego Pereira, Córrego 
da Bandeira, Córrego dos Borges, Santa Rita, Galho do Miguel, Sopa-Brumadinho e 
São João da Chapada. 
Dossin et al. (1984) agrupam as oito unidades sugeridas por Pflug (op. cit.) em 
dois grupos: Grupo Diamantina (formações São João da Chapada, Sopa-Brumadinho e 
Galho do Miguel) e Grupo Conselheiro Mata (formações Santa Rita, Córrego dos 
Borges, Córrego da Bandeira, Córrego Pereira e Rio Pardo Grande). Knauer (1990) 
sugere a divisão em Grupo Guinda, Formação Galho do Miguel e Grupo Conselheiro 
Mata. 
A Formação São João da Chapada apresenta na base lentes de metabrechas 
monomíticas de quartzito ou metaconglomerados polimíticos e localmente de quartzo -
mica xisto, é freqüente a passagem tanto lateral como vertical para quartzitos ou 
quartzitos com seixos. O nível intermediário é composto predominantemente por filitos 
hematíticos com sericita, sendo estes pseudomorfos de feldspato. O nível de topo é 
composto por quartzitos de granulação média a grosseira com camadas delgadas de 
filitos intercaladas principalmente em sua porção média. Estes são os níveis A, B e C de 
Schöll & Fogaça (1979). 
Formação Sopa-Brumadinho é constituída na base por filitos, filitos quartzosos e 
quartzitos micáceis. O Nível intermediário pode ser diferenciado em duas fácies. A 
primeira apresenta quartzitos de granulação grosseira, localmente com seixos e com 
elevados teores em óxido de ferro. O segundo tipo de fácies é composta por 
metaconglomerados que podem ser diamantíferos, havendo intercalações com quartzitos 
de granulação grosseira. O topo é constituído por filitos e metassiltitos, lentes de 
metabrechas quartzíticas e quartzitos micáceos e de granulação fina, localmente as 
metabrechas podem conter diamantes. Estes são os níveis D, E e F de Schöll & Fogaça 
(1979). 
 14
A Formação Galho do Miguel é constituída exclusivamente por quartzitos puros 
de granulação fina, com elevada maturidade, só raramente contendo um pouco de 
muscovita. Sua grande característica é a presença de mega-estratificações cruzadas, 
principalmente em sua porção basal. Raramente podem aparecer finas lâminas de filitos 
nos planos de acamamento, já ocorrência de seixos pode ser mais freqüente (Schöll & 
Fogaça 1979). 
A Formação Santa Rita, descrita inicialmente por Pflug (op cit.) assenta-se 
concordantemente sobre a formação anterior sendo composta por quartzitos sericíticos, 
metassiltitos e filitos. Os quartzitos sericíticos às vezes graduam para filitos quartzosos 
apresentando duas granulometrias médias distintas podendo ser classificados como 
bimodais (Schöll & Fogaça 1979). 
A Formação Córrego dos Borges, sobrejacente, é composta por quartzitos 
finamente laminados, branco-acinzentados. Subordinadamente podem aparecer 
quartzitos puros similares aos da Formação Galho do Miguel. Na base da seqüência é 
comum laminação argilosa. Estes quartzitos se diferem dos demais encontrados no 
Supergrupo Espinhaço por apresentarem laminações plano-paralela em seus estratos 
marcadas por óxidos. Esta formação apresenta-se concordante com os estratos da 
seqüência Santa Rita. 
A Formação Córrego Bandeira é distinguida pela alternância não uniforme de 
filitos e quartzitos de granulação fina. Tanto na porção basal da seqüência como na 
superior, aparecem ritimitos cinza escuros, sendo a porção intermediária composta de 
quartzitos. No topo da seqüência há predomínio de filitos quartzosos com intercalação 
centimétrica de quartzito fino, evidenciando uma passagem gradual para a unidade 
sobrejacente. 
A Formação Córrego Pereira, composta exclusivamente por quartzitos que 
podem conter porcentagens de feldspato (Schöll & Fogaça 1979). Na porção mediana 
do pacote há predomínio de quartzitos puros enquanto na base e no topo são freqüentes 
os quartzitos micáceos, já os quartzitos feldspáticos são restritos ao topo da seqüência. 
A Formação Rio Pardo Grande apresenta-se no topo do Supergrupo Espinhaço 
aflorando camadas de quartzitos finos, metargilitos, metassiltitos e lentes dolomíticas 
(Uhlein 1991). 
 15
3.3.4 - Rochas metabásicas Pós-Espinhaço 
 Sob esta designação estão agrupadas as rochas de composição básica, que se 
acham intrudidas nas seqüências do Supergrupo Espinhaço e Grupo Macaúbas. São 
rochas com metamorfismo de baixo grau, constituindo Sills e diques, Machado et al. 
(1989). Estes autores determinaram, pelo método U-Pb, uma idade de ± 900 milhões de 
anos, sendo o dado obtido através do tratamento de duas frações de badeleíta e uma de 
zircão num sill de metadiabásio porfiróide da região de Pedro Lessa. 
3.3.5 - Supergrupo São Francisco 
 As primeiras referências feitas ao termo Série São Francisco, foram feitas por 
Derby, 1880 (in: Dossin, 1983) às rochas pelito-carbonatadas que afloram no vale do 
Rio São Francisco, denominaram Supergrupo São Francisco e a seqüência 
metassedimentar, que ocorre na região da Serra do Espinhaço Meridional, sobreposta ao 
Supergrupo Espinhaço. São litologias relativas à Orogênese Brasiliana, depositadas na 
área de influência do cráton, em condições dominantemente marinhas plataformais. 
Compreende as seqüências argilo-arenosas e conglomeráticas do Grupo Macaúbas e 
pelítico-carbonáticas do Grupo Bambuí. 
3.3.5.1 - Grupo Macaúbas 
O Grupo Macaúbas é uma seqüência sedimentar pré-cambriana que foi 
depositada acima do Supergrupo Espinhaço, tem uma extensão superior a 500 Km em 
direção N-S no estado de Minas Gerais. Via de regra, as formaçõesdo Grupo Macaúbas 
estão sobrepostas em discordâncias sobre o Supergrupo Espinhaço, Morais (1937); 
Pflug (1965); Frank (1971) e Walde (1976, 1978) (in: Dardenne & Walde 1979). 
Enquanto que as unidades basais do Macaúbas são constituídas em geral por 
quartzitos e sedimentos conglomeráticos, nas unidades superiores ocorrem além de 
quartzitos também grauvacas (diamictitos), filitos, metasiltitos e xistos verdes. Estudos 
sobre a seqüência estratigráfica foram realizados por Hettich (1977), Karfunkel & 
Karfunkel (1977), Walde (1976, 1978) e Correa Neves et al. (1977). 
 16
Hettich, 1977 (in: Dardenne & Walde (1979) dividiu o Macaúbas na região de 
Carbonita (MG) em seis unidades litoestratigráfica: 
A Unidade A é composta por quartzitos grosseiros a micro-conglomeráticos com 
intercalações de conglomerados. A unidade B é descrita como grauvaca com seixos e 
matacões de matriz silto-argilosa (diamictito). A unidade C é composta por filitos, 
siltitos e quartzitos em alternância. A unidade D é representada por quartzitos com 
granulação média com intercalações argilosas. A unidade E é composta por xistos 
verdes e a unidade F por quartzitos de granulação fina a média. 
Karfunkel & Karfunkel, 1977 (in: Dardenne & Walde, 1979) estudaram os 
sedimentos do Grupo Macaúbas da região de Terra Branca – Grão Mogol (MG) e 
introduziram a seguinte divisão litoestratigráfica: 
Formação Califorme, composta por quartzitos com estratificação cruzada, 
ocasionalmente com intercalações de conglomerados. Formação Terra Branca, 
composta por tilitos, quartzitos e metassiltitos contendo seixos e fragmentos de rochas 
com dimensões e formas variáveis e a Formação Carbonita, com quartzitos, 
metassiltitos e filitos com intercalações de xistos verdes. 
3.3.5.2 - Grupo Bambuí 
 Uma imensa área no Brasil central é coberta por metassedimentos do 
Proterozóico Superior que podem ser atribuídos ao Grupo Bambuí. A primeira 
seqüência litoestratigráfica deste grupo, proposta por Branco & Costa (1961), foi 
progressivamente detalhada por Oliveira (1967), Schöll (1972, 1973) (in: Dardenne & 
Walde, 1979). 
A Formação Sete Lagoas é representada por mármores e calcários, contendo 
intercalações pelíticas. São rochas de tonalidade bege, laminadas, contendo níveis 
esverdeados, milimétricos a centimétricos, de composição sericítica/clorítica, 
intercalados aos níveis carbonáticos (calcíticos). As intercalações conferem à rocha 
aspecto bandado. (Projeto Espinhaço em CD-ROM, 1997). 
 17
A Formação Serra de Santa Helena é composta principalmente por folhelhos e 
siltitos cinzas a cinza esverdeados. Intercalações de arenitos finos e calcários cinza 
escuros são freqüentes nesta formação. 
A Formação lagoa do Jacaré caracteriza-se por intercalações de calcários 
oolíticos e pisolíticos, cinza escuros, fétidos, cristalinos com siltitos e mármores, e 
podem freqüentemente passar a ser predominantes. 
A Formação Serra da Saudade é constituída por folhelhos, argilitos e siltitos 
verdes, onde lentes de calcário cinza são localmente observadas. Esta formação foi 
originalmente colocada em posição estratigráfica superior aos arcósios da Formação 
Três Marias. 
A Formação Três Marias é caracterizada por arcósios e siltitos verdes. Na região 
da Serra de São Domingos (Dardenne et al, 1978; Alvarenga & Dardenne, 1978 in: 
Dardenne & Walde, 1979) a passagem da Formação Serra da Saudade para a formação 
Três Marias é transicional. 
 
 18
 
Figura 4: Coluna Estratigráfica, modificada por Dossin (1983). Os níveis D, E, F, passaram a ser 
designados de Membros, por Almeida Abreu 1993. 
 
3.4 - Geologia Estrutural e Metamorfismo 
A estrutura geral da Serra do Espinhaço responde, segundo alguns autores (e.g. 
Rosière et al. 1994), a um único evento de deformação (Brasiliano). Outros trabalhos 
atestam a hipótese de terem ocorrido dois grandes eventos grosseiramente coaxiais, 
datando da transição do Meso-Neoproterozóico e do Brasiliano (e.g. Knauer 1990). 
Cavalgamentos são a tônica geral do(s) processo(s) deformacionais, 
respondendo a uma compressão com movimentação de leste para oeste. Uhlein et al. 
 19
(1986), com base no estilo deformacional e comportamento das litologias, caracterizam 
dois domínios principais de deformação segundo o modelo de único evento: a leste da 
Serra do Espinhaço desenvolve-se a tectônica de cavalgamentos vergentes para oeste. 
Neste ocorre a maior intensidade de deformação, havendo inclusive desenvolvimento de 
foliação milonítica e lineações de estiramento. 
O domínio ocidental, por sua vez, apresenta menor grau de deformação, sendo 
disseminadas dobras amplas e assimétricas com vergência para oeste, com foliação 
plano-axial de morfologia anastomosada, por vezes seccionadas por falhas de empurrão 
de direção aproximadamente N-S. (Rosière et al. 1994). Ao sul, na região da Serra do 
Cipó, a seqüência mostra inversão estratigráfica, estando as formações do Espinhaço 
sobrepostas, tectonicamente, às unidades Macaúbas, e estas, às litologias do Grupo 
Bambuí, resultado de falhamentos de empurrão e dobramentos suaves com eixos 
próximos a N-S (Dossin, 1983). 
 O metamorfismo do cinturão supracrustal Rio Paraúna é de fácies xisto verde 
médio e superior, com caráter de pressão intermediária (com cianita). Nas imediações 
dos contatos tectônicos com as encaixantes graníticas foram observados efeitos de 
hidrotermalismo e ou metamorfismo de contato. (Fogaça et al. 1984). 
 A Serra do Espinhaço Meridional está inserida na unidade externa da Faixa de 
Dobramentos Araçuaí. O grau metamórfico e deformação aumentam progressivamente 
de oeste para leste, da área cratônica para a faixa Araçuaí. Na borda oeste da cordilheira, 
o metamorfismo regional desenvolveu uma paragênese típica de condições de baixo 
grau metamórfico. Na borda leste da cordilheira, as condições de metamorfismo foram 
máximas, as assembléias de minerais tipificam condições de fácies anfibolito, (Uhlein 
1991). 
3.5 - Geologia Econômica 
 Após 270 anos de exploração ininterrupta, a maior riqueza da Serra do 
Espinhaço continua sendo o diamante. A importância das jazidas dos 
metaconglomerados da Formação Sopa-Brumadinho e dos Ribeirões da serra declinou, 
e a grande produção atual provém dos aluviões do rio Jequitinhonha (Renger & Knauer 
1995). A mais conhecida ocorrência de diamante na Folha Baldim encontra-se 
 20
posicionada no extremo norte da mesma, no Poço Soberbo, formado pela junção do Rio 
das Pedras com o Ribeirão Soberbo. Segundo informações de moradores locais, existiu 
ali um garimpo mecanizado, na década de setenta. O Poço Soberbo situa-se exatamente 
no contato das rochas do Grupo Macaúbas com os calcários da Formação Sete Lagoas 
(Projeto Espinhaço em CD-ROM, 1997). 
 Quartzo é lavrado em muitos locais da serra para produção principalmente de 
gemas, e secundariamente, para uso metalúrgico. 
 É descrito na literatura ocorrência de ouro disseminado em veios de quartzo com 
especularita que corta o Supergrupo Rio Paraúna. Nas unidades metapelíticas do 
Supergrupo Espinhaço ocorrem veios de quartzo auríferos que cortam os filitos 
grafitosos da Formação Sopa-Brumadinho. (Uhlein et al. 1986). 
As ocorrências mais representativas de mármore situam-se na faixa de 
afloramentos da Formação Sete Lagoas, que bordeja a Serra do Cipó. O material é 
utilizado como pedra ornamental. 
Os depósitos de manganês estão localizados na área de elevada incidência de 
fraturamentos em rochas rígidas, quando ocorre nas mesmas reprecipitação do metal, a 
partir de soluções frias. Segundo Schöll & Souza (1970 in: Projeto Espinhaço em CD-
ROM, 1997), as jazidas são de pequeno porte e o minério apresenta-se na formade 
depósitos irregulares, sob forma de bolsões de material de preenchimento de fendas. 
Ocorrem, por vezes, no saprólito ou no solo. 
Na serra e em suas adjacências ocorrem BIF`s de diversas idades e em diversas 
formações, como, por exemplo, nos Grupos Pedro Pereira, Costa Sena e Guinda 
(Renger & Knauer 1995). Mesmo as ocorrências mais volumosas ainda não podem 
concorrer com os depósitos do Quadrilátero Ferrífero, porém, pesquisas de prospecção 
já estão em andamento para exploração em Alvorada de Minas, MG. 
3.6 - Evolução Geológica 
 Durante o Mesoproterozóico, um sistema de forças extensivo conduziu um 
adelgaçamento da litosfera continental levando a ruptura e fraturamento da crosta frágil. 
Desenvolveu-se então um processo de rifting que resultou na instalação de uma ampla 
 21
bacia de extensão submeridiana onde se depositou o Supergrupo Espinhaço, Dossin & 
Dossin (1995). Durante a fase rift principal, foram depositadas as seqüências basais do 
Supergrupo Espinhaço, Formações São João da Chapada, Sopa Brumadinho e Galho do 
Miguel. Em uma fase pós rift depositou-se as seqüências superiores, Grupo Conselheiro 
Mata com tendências transgressivas-regressivas, num contexto de subsidência da bacia. 
Essa seqüência representa uma fase de estabilidade da bacia, Dossin & Dossin (1995). 
Um tectonismo extensional gera um rift de grandes proporções na margem 
sudeste do futuro Cráton do São Francisco (Uhlein & Trompette, 1995). Uma glaciação 
ocorreu no âmbito do futuro Cráton, em parte associada ao relevo positivo da margem 
do rift. O preenchimento sedimentar deste rift está relacionado aos Grupos Macaúbas e 
Bambuí, Karfunkel & Hoppe, 1988 (in: Uhlein & Trompette, 1995). O Grupo Macaúbas 
compreende o material sedimentar que preencheu o rift brasiliano, provavelmente entre 
900 a 700 M.a. e o Grupo Bambuí representa a continuidade da sedimentação, 
posteriormente a glaciação, com elevação generalizada do nível dos mares, (Uhlein 
1991) 
Todas essas seqüências acima citadas passaram por processos tectônicos durante 
o Brasiliano e um possível evento anterior não é descartado, Renger & Knauer (1995). 
 
4 - Geologia Local 
4.1 - Estratigrafia 
 Tendo como base a coluna estratigráfica mostrada no capítulo anterior (Fig. 4), 
estão presentes na área investigada as seguintes unidades estratigráficas da base para o 
topo: Formação Galho do Miguel, pertencente ao Supergrupo Espinhaço e os grupos 
Macaúbas e Bambuí, pertencentes ao Supergrupo São Francisco, além da ocorrência 
localizada de rocha básica intrusiva. 
 22
4.1.1- Supergrupo Espinhaço 
4.1.1.1 - Formação Galho do Miguel 
 Esta unidade aflora no extremo leste da área em uma extensão de 
aproximadamente 11 Km de norte a sul. É a unidade mais antiga composta 
dominantemente por quartzitos puros, homogêneos, recristalizados, às vezes 
microcristalinos, que podem variar lateralmente para quartzitos micáceos, sericíticos de 
granulometria mal selecionada com lentes centimétricas de filito. 
 As estruturas primárias como marcas de corrente e estratificações cruzadas são 
raras e quando presentes, mostram-se totalmente obliteradas devido à deformação na 
qual, estas rochas foram submetidas. Os planos de acamamento podem ser inferidos nos 
planos estriados de deslizamento interestratal e juntas de alívio paralelo a este, e 
mostram caimento entre 30º e 50º para leste. 
 A unidade é responsável pela sustentação da Serra das Bandeirinhas que possui 
desnível de aproximadamente 250 m e representa o contato tectônico desta com a 
unidade basal do Grupo Macaúbas. Devido à tectônica de empurrão houve uma inversão 
estratigráfica que colocou o Supergrupo Espinhaço sobre o Grupo Macaúbas. 
 A espessura não foi obtida por aflorar apenas a base do pacote, sendo que o topo 
não visível na área de mapeamento. 
 Apesar de ser um pouco diferente da Formação Galho do Miguel descrita na 
região de Diamantina por Pflug (1968), acredita-se que esta unidade mostra uma 
variação de sub-ambientes dentro do ambiente desértico, semelhante à descrição feita à 
norte da área por Dossin (1983). Uma correlação com as unidades de topo do 
Supergrupo Espinhaço foi descartada. 
 A análise petrográfica das rochas desta unidade mostra uma rocha homogênea 
com textura granoblástica composta essencialmente de quartzo com extinção ondulante, 
bordas recristalizadas e contato entre os grãos suturados, às vezes poligonais, e 
subordinadamente sericita de origem metamórfica (anexo IV). 
 23
4.1.2 - Supergrupo São Francisco 
4.1.2.1 - Grupo Macaúbas 
 Esta é a unidade que aflora na maior pare da área, com extensão de norte a sul na 
porção central, sendo mais expressiva na parte centro-sul. O grupo é representado por 
quartzitos micáceos, imaturos, quartzitos conglomeráticos, quartzitos puros, filitos e 
diamictitos e está sendo dividido, da base para o topo, em duas unidades 
litoestratigráficas, A e B. Estas foram individualizadas devido a suas características 
sedimentares e estratigráficas sendo correlacionáveis às unidades basais descritas por e 
Hettich (1977), Karfunkel & Karfunkel (1977) e Karfunkel et al. (1991). 
Unidade A 
 Esta unidade possui direção N-S e ocupa a região centro leste se estendendo por 
toda área. Ao sul, no vale do Ribeirão Mascates, aflora em contato tectônico com a 
Formação Galho do Miguel e no topo com a unidade B. A norte está em contato direto 
com as rochas carbonáticas do Grupo Bambuí evidenciando a inversão estratigráfica 
local. 
É composta por quartzitos micáceos, mal selecionados, que variam lateralmente 
e verticalmente para quartzitos microconglomeráticos e quartzitos puros. Lentes 
centimétricas a métricas de filitos esverdeados são freqüentes. 
 Os quartzitos micáceos possuem granulometria que varia de areia fina a grossa, 
às vezes argilosa e siltosa. A composição é essencialmente de quartzo, muscovita e 
sericita. As estruturas primárias são estratificações cruzadas centimétricas (30 cm) a 
métricas (2 m) de baixo ângulo e marcas onduladas assimétricas, indicando acamamento 
suave para leste. Estas estruturas mostram paleocorrente em geral NW-SE (Fig. 5). 
 Os quartzitos microconglomeráticos possuem granulometria variando de média a 
grossa, com grânulos de quartzo subangulosos e minerais micáceos orientados na 
matriz. O acamamento é marcado por variações granulométricas (Fig. 6). 
 As variações laterais e verticais são bem evidentes, observando-se contatos 
gradacionais entre quartzitos, quartzitos conglomeráricos e filitos. Quartzitos puros, 
 24
compactos e bem recristalizados aparecem como camadas descontínuas. Xistos 
esverdeados afloram geralmente associados a veios de quartzo. 
 Foi identificada nesta unidade apenas uma ocorrência de diamictito, restrito no 
extremo norte da área. Este possui clastos que variam de grânulos a calhaus, de 
quartzito e quartzo de veio, angulosos e facetados com matriz areno-silto-argilosa. Os 
clastos são provavelmente provenientes das formações sotopostas pertencentes ao 
Supergrupo Espinhaço. 
 A espessura média estimada na região central do mapa é de aproximadamente 
400 m. 
 Análises petrográficas destas rochas apresentam quartzitos sericíticos às vezes 
feldspáticos, com textura granoblástica e granonematoblástica mal selecionada. Os 
minerais essenciais são quartzo, feldspato-K, sericita e clorita e os acessórios são opacos 
e zircão. O quartzo apresenta extinção ondulante e contato irregular entre os grãos. O 
feldspato-K apresenta geminação polissintética em duas direções e localmente está 
alterado para sericita (anexo IV). 
Unidade B 
 Representa o maior pacote aflorante na área, sendo mais espesso rumo a sul. 
Possui extensão em torno 10 Km de nortea sul e 7 Km de leste para oeste na sua porção 
mais larga. Encontra-se em contato tectônico com a Unidade A e com o Grupo Bambuí 
sobreposto, ambos invertidos. Esta unidade constitui a Serra dos Confins e a Serra da 
Caetana. 
 A Unidade é caracterizada principalmente por sua grande variação vertical e 
lateral de quartzitos micáceos e imaturos, quartzitos puros, filitos, quartzitos com 
clastos, quartzitos conglomeráticos e diamictitos, sendo o último guia na 
individualização da mesma. 
 Os quartzitos micáceos são mal selecionados, com granulometria que varia de 
areia fina a grossa, raramente siltosa, que gradam para quartzitos puros compactos e 
recristalizados. Ambos podem conter clastos que geralmente são de quartzitos e quartzo 
de veio (Fig. 7), subarredondados, variando de seixos a matacões. Observa-se a 
 25
mudança gradual do quartzito micáceo para o quartzito com clastos passando para 
quartzito conglomerático numa extensão de poucos metros. 
 Lentes espessas e descontínuas de diamictitos são marcantes nesta unidade. As 
rochas são na maior parte matriz suportada, com porções onde os clastos predominam 
no arcabouço da rocha. A disposição dos clastos é quase sempre caótica, podendo 
adquirir orientação devido aos esforços tectônicos. 
 Os clastos variam de grânulos a matacões com predominância de grânulos e 
seixos na porção matriz suportado, calhaus e matacões nas porções clasto suportado. É 
comum a presença de clastos arredondados próximos a clastos angulosos e facetados 
(Fig. 8). É predominantemente composto por clastos de quartzitos micáceos, puros, 
quartzo de veio e subordinadamente clastos de filito, xisto esverdeado e granitóide. A 
matriz pode variar de areno-silto-argilosa para totalmente arenosa. 
 Essa variação esta associada com a localização da ocorrência. Nos diamictitos 
aflorantes no oeste da área, próximo ao contato com o Grupo Bambuí, predominam os 
diamictitos matriz suportado onde é marcante a presença de clastos de xisto esverdeado 
e granitóide com matriz areno-silto-argilosa, às vezes laminada. Já os diamictitos 
aflorantes nas porções central e leste da unidade são essencialmente compostos por 
clastos de quartzito e quartzo de veio com matriz arenosa. 
 Os clastos são provenientes das rochas do embasamento cristalino, do 
Supergrupo Espinhaço e provavelmente do próprio Grupo Macaúbas, Unidade A. 
 Lentes centimétricas a métricas de filitos são freqüentes em meio às rochas 
quartzíticas. 
 As estruturas primárias são raras, observando-se marcas de corrente assimétricas 
com intervalo de 2 a 3 cm entre as cristas e amplitudes que não ultrapassam 1,5 cm (Fig. 
9), com paleocorrente variando para S e NW (Fig. 5) e estratificações cruzadas 
centimétricas (30 cm) e baixo ângulo. Estas estruturas mostram acamamento 
mergulhando para leste e em locais restritos para oeste. 
 26
 
Paleocorrente n = 8 
Figura 5: Projeção estereográfica para medidas de paleocorrente da Unidade A e B. 
 
A espessura média estimada para este pacote é de 600 m na região central do 
mapa podendo estar superestimadas devido às repetições tectônicas e as dobras abertas 
encontradas neste. 
 Análises petrográficas mostram rochas com textura granoblástica, 
nematogranoblástica e inequigranular. Os minerais essenciais são quartzo, feldspato-K, 
sericita e clorita, os secundários são os opacos e raramente zircão detrítico (anexo IV). 
Sugere-se origem glacial para as rochas do Grupo Macaúbas, uma vez que a 
capacidade de carga dos mais variados tipos de sedimentos pelas ações das geleiras 
pode ser confirmada com a variedade litológica lateral e vertical do Grupo, além dos 
diamictitos conterem clastos exóticos (granitóide) e terem grande extensão regional N-S 
de Minas Gerais a Bahia, caracterizando-os como tilitos. 
A Unidade A é interpretada como sedimentos depositados em ambiente marinho 
caracterizado pelas alternâncias de filito, quartzito e quartzito microconglomerático. A 
Unidade B representa a fase onde as geleiras depositaram till e sedimentos arenosos 
provenientes do recuo e avanço destas geleiras (outwash) em ambiente glacio-marinho 
costeiro, já que não foram reconhecidas estruturas típicas de ambiente glacio-
continental. 
4.1.2.2 - Grupo Bambuí 
 O Grupo Bambuí é representado na área de mapeamento pelas rochas 
carbonáticas da Formação Sete Lagoas e pelos metassiltitos da Formação Serra de Santa 
Helena. 
 27
Formação Sete Lagoas 
 Esta formação aflora na porção centro oeste da área numa extensão de 7 Km N-S 
de maneira não contínua e se encontra em contato tectônico com as Unidades A e B do 
Grupo Macaúbas e em contato concordante com a Formação Serra de Santa Helena 
sobrejacente. 
 É composta por mármores impuros, cinzas e beges, que podem ocorrer 
associados ou isolados (Fig. 10). Planos de impureza são marcados por níveis 
centimétricos de composição pelítica (máximo 5 cm) ricos em minerais micáceos 
esverdeados, petrograficamente descritos como clorita. Estes estão associados à 
variação composicional que marcam acamamento sedimentar (Fig. 11). 
 Os mármores cinza são essencialmente compostos por carbonato de cálcio, 
possui textura micrítica com cristais de calcita neoformadas associadas a veios de 
quartzo. Sulfetos de Ferro (Pirita) associados ao carbonato de cálcio são observados 
localmente. 
 Os mármores beges apresentam textura espática na maioria das vezes, podendo 
aparecer também com textura micrítica. Tem composição essencial de carbonato de 
cálcio com porções ricas em sílica além das laminas de clorita. 
 O acamamento se mostra geralmente sub-horizontalizado nas porções mais 
distais da frente de empurrão e com caimento para oeste, e nas porções proximais se 
mostra extremamente dobrado e obliterado. São ricos em estruturas secundárias, 
originadas na deformação, e ausentes de estruturas primárias. 
 A espessura deste pacote foi estimada em 200 a 300 m nos perfis geológicos 
(anexo I), uma vez que o acamamento sub-horizontalizado dificulta a determinação em 
campo. 
 As rochas carbonáticas desta formação são interpretadas como depósitos em 
ambiente marinho plataformal distal, devido a sua interdigitação com pelitos. 
 Análises petrográficas mostram rochas com textura granoblástica, 
lepdogranoblástica e inequigranular composta essencialmente de calcita e 
 28
subordinadamente quartzo, dolomita, sericita e clorita. Cristais euédricos de calcita são 
freqüentes (anexo IV). 
Formação Serra de Santa Helena 
 Assenta-se concordantemente sobre a Formação Sete Lagoas e se encontra em 
contato tectônico com a Unidade B do Grupo Macaúbas. Cobre uma porção que se 
estende de norte a sul no extremo oeste da área e uma porção no extremo norte. Os 
afloramentos de rocha fresca são raros, sendo a unidade mapeada na maior parte através 
de solos saprolíticos e saprólitos com estruturas da rocha de origem, além de 
fotointerpretação. 
 A unidade é composta essencialmente por metassiltitos e localmente meta-
argilitos, apresentando cor amarelo ocre devido ao intemperismo. São laminados 
mostrando variação composicional e granulométrica, localmente laminas de material 
arenoso podem aparecer, além de lâminas manganesíferas. 
 A espessura deste pacote foi estimada em 200 a 300 m nos perfis geológicos 
(anexo I), uma vez que o acamamento sub-horizontalizado dificulta a determinação em 
campo. 
 Essas rochas são remetidas a ambientes marinhos plataformais distais com alta 
carga de sedimentos pelíticos. 
 29
 
Figura 6: Variação granulométrica vertical no quartzito 
da Unidade A marcando acamamento. Ponto 023. 
 
 
Figura 7: Matacão isolado de quartzito no quartzito da 
Unidade B. Ponto 075. 
 
 
Figura8: Diamictito onde se observa clastos 
arredondados próximos a clastos angulosos. Ponto 106. 
 
Figura 9: Marca de corrente assimétrica no quartzito da 
Unidade B. Ponto 187. 
 
 
Figura 10: Detalhe do mármore cinza e bege que 
ocorrem associados no mesmo afloramento. Ponto 178. 
 
 
Figura 11: Laminação no mármore, marca acamamento 
sub-horizontalizado. Ponto 038. 
 
 
Microconglomerado 
Quartzito 
Níveis Pelíticos 
 30
4.1.3 - Rocha Básica Intrusiva 
 Uma única ocorrência de rocha básica é observada no extremo leste da área na 
Serra das Bandeirinhas. É um corpo intrusivo com orientação N-S e espessura 
aproximada de 50 m encaixada nos quartzitos da Formação Galho do Miguel. 
 Tem textura fanerítica e coloração cinza esverdeada. Apresenta-se levemente 
foliada. Análise petrográfica mostra textura nematoblástica e composição essencial de 
anfibólios. Provavelmente estes têm origem por alteração do piroxênio por uralitização. 
 
 31
 
 
 
Legenda 
 Contato Tectônico 
 
 
 
 
Figura 12: Coluna Estratigráfica para a região da Serra do Cipó. 
Formação Galho do Miguel 
Quartzitos finos, puros, homogêneos, localmente microcristalinos. 
Grada para quartzitos sericíticos mal selecionados de granulometria 
fina a grossa. Ambiente desértico, cortado por rocha básica intrusiva. 
 
Unidade A 
Quartzitos micáceos mal selecionados e imaturos, quartzitos 
microconglomeráticos, quartzitos puros bem selecionados com 
estratificação cruzada e marcas de corrente e lentes de filitos esverdeados. 
Ambiente marinho. 
Unidade B 
Quartzitos micáceos mal selecionados de granulometria fina a grossa 
com marcas de corrente, quartzitos puros e homogêneos com 
estratificação cruzada, quartzitos com clastos, quartzitos 
conglomeráticos e diamictitos. Ambiente glacio-marinho. 
Formação Sete Lagoas 
Mármores cinza e bege impuros, laminados com laminas de material 
pelítico, rico em clorita e localmente sulfetos de ferro. Ambiente 
marinho plataformal distal. 
Formação Serra de Santa Helena 
Meta-siltitos laminados com variações granulométricas e 
composicionais, localmente apresentam laminas mangânesíferas. 
Ambiente marinho plataformal distal. 
S.
G
. E
sp
in
ha
ço
 
M
es
oo
pr
ot
er
oz
ói
co
 
S.
G
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 N
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G
ru
po
 M
ac
aú
ba
s 
G
ru
po
 B
am
bu
í 
Estratificação cruzada
Marca de corrente assimétrica
Clasto isolado 
40
0 
m
 
60
0 
m
 
30
0 
m
 
20
0-
30
0 
m
 
 32
4.1.4 - Correlação Estratigráfica 
 Uma correlação estratigráfica com os trabalhos de Karfunkel et al. (1991) no 
Grande Abrigo de Santana do Riacho e v. Sperber (1975) na Serra da Contagem, 
Altamira (Fig. 13), mostra que as unidades A e B podem ser correlatas às formações 
Inferior e Média descritas por Karfunkel et al. (1991) em Santana do Riacho. A 
Formação Inferior apresenta mesma litologia da Unidade A, porém tem pacote menos 
espesso. O diamictito, camada guia, que predomina na Formação Média, diminui de 
espessura rumo a sul, passando a lentes, na região da Serra do Cipó e segundo v. Speber 
(1975), aflora em uma estreita faixa na Serra da Contagem. Já os quartzitos que se 
apresentam como lentes na Formação Média se espessam para sul e passam a 
predominar na Unidade B. 
 As unidades do Supergrupo Espinhaço são diferentes nos três trabalhos, sendo 
que a sul as unidades definidas por v. Sperber são correlatas com as formações basais do 
Espinhaço, assim como na Serra do Cipó, que afloram as rochas da Formação Galho do 
Miguel e a norte as rochas aflorantes são remetidas a Formação Córrego dos Borges, 
seqüência de topo do Espinhaço. 
Figura 13: Correlação estratigráfica das regiões da Serra do Cipó, Santana do Riacho Karfunkel et al. 
(1991) e Serra da Contagem v. Sperber (1975). 
 
 33
4.2 - Geologia Estrutural 
Os processos tectônicos na região do mapeamento causaram diversas respostas, 
gerando diferentes estruturas em cada unidade litoestratigrafica devido suas 
características reológicas. 
São reconhecidos dois grandes domínios; o primeiro engloba as unidades 
predominantemente quartzíticas, correspondentes ao Supergrupo Espinhaço e Grupo 
Macaúbas, e o segundo representa as unidades carbonáticas e metapelíticas do Grupo 
Bambuí. 
 As unidades quartzíticas, por se comportarem de maneira rúptil durante a 
deformação, formam grandes cavalgamentos de direção N-S na região. Estes são 
gerados inicialmente por dobras abertas assimétricas com vergência para W, que em 
decorrer do processo rompem as estruturas causando uma inversão estratigráfica local e 
formando sistemas de cavalgamentos do tipo leque imbricado. 
 O perfil esquemático abaixo, realizado no extremo sul da área, mostra a 
representação dos empurrões que constituem as Serras dos Confins e da Caetana, na 
unidade B do Grupo Macaúbas. 
Figura 14: Perfil esquemático a sul da área de mapeamento. Escala vertical exagerada. 
 
 Nota-se a duplicação de camadas onde na primeira frente de empurrão (Serra da 
Caetana) o dobramento é suave com acamamento na zona de charneira horizontalizado. 
Já na segunda frente de empurrão (Serra dos Confins) o dobramento é mais fechado 
apresentando flanco longo mergulhando para E, e flanco curto com acamamento para 
 34
W. Observa-se que os cavalos nas frentes de empurrão seguintes estão erodidos 
formando o Vale do Ribeirão Mascastes. 
Não foi encontrado registro de seqüências basais se repetindo no topo dos 
cavalos descritos, caracterizando sistemas do tipo duplex. Fica definido assim, sistema 
do tipo leque imbricado para os cavalgamentos da região. 
 
Acamamento n = 129
Figura 15: Projeção estereográfica para medidas de acamamento nos quartzitos. 
 Os estereogramas mostram a tendência dos planos do acamamento a 
mergulharem para E, representando o flanco longo das dobras. O flanco curto é 
indicado pelas medidas mergulhantes para W que forma apenas 5% das medidas (Fig. 
15). 
 A foliação nestas unidades tem mergulho para E, determinada pela tectônica de 
vergência para W. Em geral possui caimento aproximadamente de 30°, sendo mais 
inclinado (45° a 60°) próximo às zonas de falhamento. Observa-se a presença de 
materiais mal selecionados como os quartzitos basais e diamictitos do Grupo Macaúbas 
(camadas sabão) nos quais, a foliação se desenvolve melhor (Fig. 16). 
 
Foliação n = 182 
Figura 16: Projeção estereográfica para medidas de foliação nos quartzitos. 
 Uma zona de cisalhamento é observada na área de falhamento da segunda frente 
de empurrão (Vale do Capão). O diamictito foi milonitizado gerando indicadores 
cinemáticos como caudas de recristalização, sombras de pressão, veios e clastos 
 35
sigmoidais e estiramento de seixos, todos indicando movimento de massa para W. Esta 
gerou condições para percolação de fluidos que serão descritos na geologia econômica 
local (Fig. 18). 
 Erosões triangulares em escarpas de falhas planares “Triangular Facets” 
determinam a localização do plano da falha entre as unidades A e B do Grupo 
Macaúbas a sul. Steps e estrias de deslizamento down-dip são observadas em veios de 
quartzo, nos seixos de diamictitos e nos quartzitos. 
 O segundo domínio, constituído pelos mármores e metassiltitos, operou como 
“entrave” ao movimento dos quartzitos do Grupo Macaúbas e pode ser descrito como a 
rampa frontal do cavalgamento. Foi encontrada uma brecha de falha no contato entre os 
domínios contendo clastos de quartzito e carbonato com matriz areno-carbonática (Fig. 
19). 
 Os mármores apresentam-se intensamente deformados próximosà frente de 
empurrão mostrando dobras apertadas com padrão “caótico” onde o acamamento foi 
totalmente obliterado. São comuns dobras recumbentes, dobras isoclinais e dobras de 
arraste como mega estruturas, vergentes para W. Com o distanciamento da frente de 
empurrão as dobras tendem a se suavizar até atingir a horizontalidade. 
Acamamento n = 20 
Figura 17: Projeção estereográfica para medidas de acamamento nos mármores. 
Os estereogramas mostram a tendência dos planos de acamamento do mármore a 
mergulharem para E-W, mas percebe-se que existem planos mergulhando para N-S 
(Fig. 17). 
Como medidas de eixo nesta unidade são variáveis e escassas, acredita-se que 
algumas são dobras de eixo a, paralelo à direção de movimento, como dobras em 
bainha, apesar de não serem identificadas em campo. 
 36
Indicadores cinemáticos macroscópicos como tension gashes, sombras de 
pressão, caudas de recristalização, dobras de arraste e indicadores de dissolução por 
pressão como estilólitos são freqüentes (Figs. 20 e 21). 
A foliação nos mármores é incipiente sendo marcada essencialmente nos planos 
de impureza deste, onde os filossilicatos, em geral, tendem a se orientar obliquamente 
ao acamamento adquirindo mergulho para leste. Raramente as micas orientadas 
conseguem ultrapassar o plano de impureza e penetrar nas camadas mais carbonáticas 
predominantes que não se orientam durante a deformação (Fig. 22). 
Ao afastar da zona de maior deformação a foliação tende a desaparecer. Ela 
deixa de ser tectônica, mergulhando para leste, e passa a ser paralela ao acamamento. 
Acredita-se que os mecanismos responsáveis pelo desenvolvimento desta, devam ser o 
metamorfismo de carga e os deslizamentos interestratal (e.g Rosière et al. 1994). 
Os metapelitos e os mármores encontram-se bastante deformados próximos à 
zona de empurrão, apresenta acamamento sub-paralelo a foliação mergulhando para 
leste. Rumo a oeste o acamamento tende a horizontalidade e a foliação tende a 
desaparecer. 
 37
 
Figura 18: Clastos do diamictito estirados segundo 
foliação em zona de cisalhamento. Ponto 190. 
 
 
Figura 19: Brecha de falha. Clastos angulosos de 
carbonato (Bambuí) e quartzito (Macaúbas). Ponto 
041. 
 
Figura 20: Sombra de pressão preenchida de calcita 
em nódulo de quartzo. Movimento dextral. Ponto 080. 
 
Figura 21: Dobra de arraste com descontinuidade 
rompendo o flanco curto preenchida por quartzo. Ponto 
040. 
 
Figura 22: Foliação desenvolvida nos planos de 
impureza do mármore. Ponto 038. 
 
 
Figura 23: Dobras em chevron no metassiltito da 
Formação Santa Helena. Ponto 194. 
 
 
 
W
W
W
Mármore 
Quartzito 
Quartzo 
 38
São observadas dobras fechadas e em chevron mais a leste, e dobras abertas 
suaves rumo a oeste, todas com eixo N-S vergentes para oeste. (Fig. 23) 
Um grande lineamento E-W “corta” a parte norte da área de mapeamento, 
correspondente ao Vale do Ribeirão Bocaina e atravessa praticamente toda a Serra do 
Espinhaço, aparentando ser uma grande falha transcorrente. (Figs. 2 e 3, pág. 10). 
Figura 24: Perfil esquemático a norte da área de mapeamento. Escala vertical exagerada. 
 O perfil esquemático a norte deste lineamento mostra que existe uma “lasca” de 
empurrão da unidade B do Grupo Macaúbas, dentro do Grupo Bambuí, que continua 
aflorando a sul de maneira contínua sem movimento aparente onde o lineamento corta a 
estrutura. Como não foi encontrado rejeito interpreta-se uma falha normal com o bloco 
sul abatido. 
4.3 - Metamorfismo 
O metamorfismo que afetou o Supergrupo Espinhaço e os grupos Macaúbas e 
Bambuí têm caráter de fase inicial, do tipo Barroviano, e as associações encontradas em 
todas as unidades são: quartzo + sericita e quartzo + sericita + clorita (Vide anexo 
digital). No caso específico da área mapeada, essas associações são metamórficas, por 
definirem estruturas como xistosidade. 
Mesmo guardando vestígios dos grãos originais, as rochas estudadas mostram-se 
recristalizadas e as associações minerais indicam posicionamento na zona da clorita. 
 39
Deve ser comentado que o metabasito que injeta a Formação Galho do Miguel, no 
extremo leste da área tem paragênese com tremolita/actinolita e clorita, típica de baixo 
grau metamórfico. A biotita raramente aparece na paragênese mineral, ocorrendo em 
apenas uma lâmina nos quartzitos do Grupo Macaúbas. A principal mica branca é a 
sericita; localmente foi identificada muscovita. 
Outra evidência do baixo grau metamórfico atingido é a preservação da 
microclina clástica, observada em lâminas dos quartzitos Macaúbas, que mostra 
localmente alteração para sericita (anexo IV). 
4.4 - Geologia Econômica 
Mármore e Manganês foram os principais recursos explorados que, com a 
criação da área de preservação da Serra do Cipó pelo IBAMA, foram interrompidas e 
atualmente não há mais atividades desta natureza. 
As ocorrências de mármore situam-se na faixa de afloramentos da Formação 
Sete Lagoas, que bordeja a Serra. O material foi principalmente utilizado como rocha 
ornamental, possuindo cor bege e cinza e contendo níveis esverdeados (clorítícos) além 
do uso para fabricação de brita para construção civil local. 
Segundo Projeto Espinhaço em CD-ROM (1997) o mármore dessas pedreiras 
possui três desvantagens que diminuem seu valor: (i) níveis irregulares de clorita tornam 
o material mais quebradiço (ii) veios de calcita e quartzo formam nódulos que 
dificultam o beneficiamento (iii) sua tonalidade é, às vezes, de difícil aceitação no 
mercado. 
Foram encontradas na região do mapeamento duas pedreiras desativadas onde 
não há registro de exploração há quase duas décadas. Uma situa-se na área da Fazenda 
Cipó explorada pela Mármores e Granitos do Brasil S/A, Grupo Lunardi (Projeto 
Espinhaço em CD-ROM, 1997) e a outra no centro norte da área explorada pela 
MINEPAR (Figs. 25 e 26). 
O manganês foi explorado na década de 80 em aluvião no Vale do Capão onde 
garimpeiros desmontavam as margens do Córrego das Pedras para retirar camadas ricas 
de minério e vendê-lo na cidade de Conselheiro Lafaiete, comunicação verbal de 
 40
moradores da região, 2007. A mineralogia deste depósito não pode ser observada no 
campo por se tratar de minerais opacos de granulometria muito fina derivados do 
transporte fluvial (Figs. 27 e 28). 
A montante deste córrego, em uma caverna, foi encontrada uma zona de 
cisalhamento contendo um enxame de veios de quartzo associados aos óxidos de 
manganês. A lixiviação destes, gerou o depósito no alúvio onde o minério era 
explorado.O enxame aflora em pequena área, aproximadamente 6 m de largura por 150 
m de comprimento, não possuindo volume suficiente para formar uma jazida (Figs. 29 e 
30). 
Acredita-se que com a percolação dos veios de quartzo, que são mobilizados 
regionais, o manganês, originalmente sedimentar, conseguiu se concentrar e percolar 
junto com o quartzo formando o enxame de veios. 
O óxido de manganês está presente também nos metassiltitos da Formação Santa 
Helena. Aparece como laminações de aproximadamente um centímetro de espessura, 
descontinuas em porções restritas no centro leste da área. Ocorre em lateritas no 
Córrego Soberbo e preenchendo fraturas nas unidades do Grupo Macaúbas. 
Os veios de quartzo, todos de direção N-S presentes nos lineamentos, apesar de 
estarem em grandes quantidades e volumes não tiveram exploração significativa na 
região por não conter cristais bem formados para finalidade gemológica e por não serem 
puros o suficiente para serem utilizados na indústria do Quartzo. 
 
 
 
 
 
 
 41
 
Figura 25: Antiga pedreira de Mármore explorada pela 
MINEPAR. Ponto 040Figura 26: Estruturas deixadas pela mineradora. Ponto 
040. 
 
 
 
Figura 27: Depósito aluvial rico em manganês no 
Córrego das Pedras. Ponto 050. 
 
 
Figura 28: Detalhe do minério de manganês fino no 
alúvio. Ponto 050. 
 
 
Figura 29: Enxame de veios de quartzo e óxido de 
manganês. Ponto 190. 
 
 
 
Figura 30: Detalhe dos veios de óxido de manganês. 
Ponto 190. 
 
 42
4.5 - Evolução Geológica 
Os dados aqui representados baseiam-se nos levantamentos da área mapeada, 
comparados e apoiados, pelos seguintes trabalhos: Almeida (1977), Karfunkel & Hoppe 
(1988) e Ulhein (2004). 
A Formação Galho do Miguel, aflorante na Serra das Bandeirinhas é constituída 
por quartzitos de ambiente desértico e corresponde à fase final do rift Espinhaço, 
Paleoproterozóico de 1.750 G.a. Na área de pesquisa não se encontram as formações de 
topo do Supergrupo Espinhaço, representantes de uma fase de estabilidade da bacia, fato 
que pode ser interpretado como um hiato deposicional. 
No Neoproterozóico, ocorre uma fase de tectônica extencional responsável pela 
reabertura da bacia, com instalação de um rift de 1.0 – 0,9 G.a, que retrabalhou os 
sedimentos da bacia precursora onde se depositaram os sedimentos clásticos do Grupo 
Macaúbas, representados pelas Serras do Confins, Serra da Caetana e pelos vales do 
Capão e do Rio Mascates. 
O Grupo Macaúbas é a maior unidade aflorante na área e representa uma fase de 
deposição marinha (Unidade A) e uma fase glacio-marinha (Unidade B) desenvolvendo 
depósitos glaciogênicos típicos. 
As rochas do Grupo Macaúbas são mais velhas que as rochas do Grupo Bambuí. 
O último foi sedimentado em ambiente marinho plataformal com sedimentação 
carbonática gradando a sedimentos pelíticos distais. 
Uma tectônica de inversão da Bacia Araçuaí afetou profundamente o sistema 
Espinhaço, moldando os limites do Cráton São Francisco, determinando uma inversão 
estratigráfica local, sendo todos os contatos entre as formações aflorantes na área 
estabelecidos tectonicamente. 
 
 43
4.6 - Considerações Finais 
Foi possível identificar os afloramentos dos depósitos glaciais do Grupo 
Macaúbas e os depósitos marinhos do Grupo Bambuí, apesar de não ser possível uma 
segura reconstituição da paleogeográfica, assim como a tectônica de empurrão, 
evidenciada pela inversão estratigráfica local. 
O Grupo Macaúbas foi dividido em duas novas unidades litoestratigráficas 
denominadas de A e B, antes considerado como indiviso na Folha Baldim (1:100.000), 
(Projeto Espinhaço em CD-ROM, 1997), possibilitando assim melhor detalhe para os 
mapas regionais. 
O mapeamento mostrou como o Grupo Macaúbas tem uma espessura 
considerável, sendo sugerido, para trabalhos futuros, mapeamento da continuidade do 
Grupo para sul da Serra do Espinhaço, rumo Altamira / Nova União, além de mapear e 
definir quais unidades do Supergrupo Espinhaço afloram rumo a leste para maior 
entendimento da geologia local. 
Espera-se que o presente trabalho acrescente informações científicas ao Parque 
Nacional da Serra do Cipó e para a comunidade local, uma vez que na área de geologia, 
mapeamentos de detalhe em maiores escalas são poucos, e que fique o incentivo para 
que professores, alunos e o IBAMA continuem os trabalhos. 
 
 44
5 - Bibliografia 
 
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