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Relatório de MG1 Mapeamento Geológico - Grupo 223

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(
UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
FACULDADE DE GEOLOGIA 
DEPARTAMENTO DE GEOLOGIA REGIONAL E GEOTECTÔNICA
MAPEAMENTO GEOLÓGICO I
)
RELATÓRIO DE MAPEAMENTO GEOLÓGICO I
ÁREA: MORRO DO PILAR – MG
GRUPO: 223
Gabriel Braga de Oliveira
Rafaela Neves de Oliveira 
Vitória de Azevedo Silva
ORIENTADORES:
Prof. Ivo Dussin
Prof. Julio Almeida
Prof. Luiz Guilherme Eirado
Prof. Samuel Bersan
RIO DE JANEIRO
2023
ÍNDICE
1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................5
1.1. Objetivos ............................................................................................................5
1.2. Localização da área e acesso .............................................................................5
1.3. Metodologia ........................................................................................................7
1.4. Aspectos fisiográficos e de ocupação humana da área.......................................8
1.4.1. Vegetação .........................................................................................................8 
1.4.2. Clima ................................................................................................................9
1.4.3. Geomorfologia e hidrografia............................................................................10
1.4.4. Aspectos Socioeconômicos .............................................................................11
2. GEOLOGIA REGIONAL ....................................................................................11
2.1. Contexto geotectônico ........................................................................................11
2.2. Unidades litoestratigráficas ................................................................................16
2.2.1. Supergrupo Minas...........................................................................................18
2.2.2. Supergrupo Espinhaço.....................................................................................20
2.2.3. Supergrupo São Francisco...............................................................................22
2.3. Geologia estrutural e metamorfismo ..................................................................23
2.4. Principais problemas ainda em aberto ...............................................................24
3. INTERPRETAÇÃO DA IMAGEM SATÉLITE...................................................25
3.1. Imagem interpretada/mapeada ............................................................................25
3.2. Descrição das Zonas Homólogas e Lineamentos Estruturais .............................25
4. GEOLOGIA LOCAL ...........................................................................................27 
4.1. Introdução ...........................................................................................................27
4.2. Unidades litológicas ............................................................................................28
4.1.1. Itabirito/formação ferrífera...............................................................................28
4.1.2.Metapelito..........................................................................................................31
4.1.3. Quartzo-filito....................................................................................................32
4.1.4. Metarenito floquinho........................................................................................34
4.1.5. Metarenito com acamamento plano-paralelo...................................................36
4.1.6. Metarenito com acamamento ondulado...........................................................37
4.3. Geologia estrutural .............................................................................................39 
4.3.1. Introdução .......................................................................................................39
4.3.2. Descrição das fases de deformação ................................................................45
4.4. Metamorfismo ...................................................................................................46 
4.5. Potencialidade econômica da área .....................................................................46
4.6. Aspectos geoambientais ....................................................................................46
5. EVOLUÇÃO GEOLÓGICA E CONCLUSÕES .................................................46 
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................47 
7. ANEXOS .............................................................................................................52
I. Mapa geológico ......................................................................................................52
II. Mapa estrutural......................................................................................................52
III. Seções geológico-estruturais ...............................................................................53
IV. Mapa de pontos ...................................................................................................54
Lista de Figuras
Figura 1 – Mapa de Localização ....................................................................................6
Figura 2 – Mapa geológico da folha Conceição do Mato Dentro.....................................7
Figura 3 – Cráton do São Francisco................................................................................12
Figura 4 – Mapa geológico da Bacia do São Francisco..................................................15
Figura 5 – Orógeno Araçuaí na região central do Paleocontinente Gondwana...............16
Figura 6 – Mapa geológico esquemático do extremo sul do Cráton do São Francisco...17
Figura 7 – Carta Cronoestratigráfica das Bacias Minas-Itacolomi..................................19
Figura 8 – Coluna litoestratigráficas do Supergrupo Espinhaço.....................................22
Figura 9 – Fotointerpretação da área mapeada...............................................................25
Figura 10 – Fotointerpretação das zonas homólogas.......................................................26
Figura 11 – Fotointerpretação dos lineamentos e xistosidade.........................................27
Figura 12 – Afloramento na gruta da formação ferrífera..........................................29
Figura 13 – Amostras de mão da formação ferrífera com grãos de hematita...........29
Figura 14 – Em detalhe flanco inferior e superior da dobra fechada da formação ferrífera.............30
Figura 15 – Em detalhe flanco inferior e superior da dobra fechada da formação ferrífera.............30
Figura 16 – Em detalhe afloramento do metapelito..................................................31
Figura 17 – Pedaço do metapelito prateado original.................................................31
Figura 18 – Detalhe do veio de quartzo encaixado no metapelito............................32
Figura 19 – Afloramento do quartzito filito na cachoeira.........................................33
Figura 20 – Amostra de mão do quartzo filito..........................................................33
Figura 21 – Afloramento do metarenito floquinho na cachoeira..............................34
Figura 22 – Amostra de mão do metarenito floquinho em evidencia grãos escuros....35
Figura 23 – Amostra de mão do metarenito floquinho em evidencia grãos escuros....35
Figura 24 – Dobra isoclinal fechada no metarenito floquinho..................................35
Figura 25 – Sigmóide com planos Ss e Sc no metarenito floquinho.........................36
Figura 26 – Metarenito plano-paralelo com nível pelítico........................................36
Figura 27 – Metarenito plano-paralelo com nível pelítico e sigmoide......................37
Figura 28 – Afloramento do metarenito com acamamento ondulado.......................38
Figura 29 – Amostra demão do metarenito ondulado..............................................38
Figura 30 – Fratura no metarenito com acamamento ondulado................................39
Figura 31 – Sigmóide com planos Ss e Sc................................................................39
Figura 32 – Estereograma representando o acamamento sedimentar (S0)...............41
Figura 33 – Estereograma representando a foliação (Sn)..........................................42
Figura 34 – Estereograma representando a lineação mineral (Ln)............................42
Figura 35 – Estereograma representando a lineação de estiramento (Le).................43
Figura 36 – Diagrama de Roseta para fraturas..........................................................43
Figura 37 – Estereograma para a dobra no Ponto 1 da formação ferrífera.................44
Figura 38 – Estereograma para a dobra no Ponto 3 do metarenito..............................44
Figura 39 – Estereograma para as dobras nos Ponto 1 e 3........................................45
Figura 40 – Mapa Geológico.....................................................................................52
Figura 41 – Mapa Geológico.....................................................................................53
Figura 42 – Mapa estrutural......................................................................................42
Figura 43 – Perfil.......................................................................................................55
Figura 44 – Mapa de pontos......................................................................................56
Figura 45 – Vitória Azevedo, Gabriel Braga, Rafaela Neves e Samuel...................57
Figura 46 – Vitória Azevedo, Gabriel Braga, Rafaela Neves e Julio........................57
Figura 47 – Vitória Azevedo, Rafaela Neves e Ivo...................................................57
1.INTRODUÇÃO 
Este relatório aborda inicialmente uma compilação bibliográfica prévia, assim como a elaboração de um banco de dados geológicos pré - campo e, por fim, os resultados consolidados após o mapeamento da área previamente escolhida para o grupo 223, no Município de Morro do Pilar, no Estado de Minas Gerais, realizada no período de 11 de abril a 24 de abril de 2023. 
O trabalho técnico apresentado tem requisito parcial à disciplina Mapeamento Geológico I, da Faculdade de Geologia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Ministrada pelos professores Ivo Dussin, Julio Almeida, Luiz Guilherme Eirado e Samuel Bersan e tem como autores, os alunos Gabriel Braga, Rafaela Neves e Vitória de Azevedo. 
1.1. Objetivos
O objetivo principal é aplicar os conhecimentos desenvolvidos ao decorrer das aulas ministradas na disciplina de Mapeamento Geológico I, de forma que seja possível alinhar com os conhecimentos e dados geológicos obtidos no campo e durante todo o curso, para poder elaborar um relatório técnico com os resultados de toda a pesquisa realizada antes, durante e após o mapeamento da área analisada e por fim, pretende-se realizar a confecção de mapas com características litológicas e estruturais, além de interpretar o papel da área estudada no contexto geotectônico do orógeno Araçuaí.
1.2. Localização da área e acesso
A área que será analisada pelo grupo faz parte da cidade de Morro do Pilar (figura 1), no interior do Estado de Minas Gerais, no Brasil. Está inserida na folha do IBGE de Conceição do Mato Dentro (figura 2), na escala 1:100.000 de 1977. A área está aproximadamente ao redor de cidades como Santo Antônio do Rio Abaixo, Conceição do Mato Dentro, São Sebastião do Rio Preto, Itambé do Mato Dentro, Carmésia, Dom Joaquim, Santa Maria de Itabira, Itabira e Bom Jesus do Amparo. Nos seus arredores tem o Parque Nacional da Serra do Cipó. 
Para chegar em Morro do Pilar, partindo do Maracanã, Rio de Janeiro deve pegar a Elevado Professor Engenheiro Rufino de Almeida Pizarro em São Cristóvão via Av. Pres. Castelo Branco e Av. Pres. Vargas, siga a BR-040 até Av. Cristiano Machado em Maria Virgínia, Belo Horizonte. Pegue a saída para Aerop. Internacional via Saída Roda Br Duzentos e Sessenta e Dois Anel Rodoviário, continue em Av. Cristiano Machado.Pegue a Rod. Papa João Paulo II, MG-010 e MG-232 até R. Intendente Câmara em Morro do Pilar e assim chegará na área pretendida onde ocorrerá o campo da disciplina de MapeamentoGeológico I.
 (
Figura 1: Mapa de localização geográfica do grupo 223. Fonte: Rafaela Neves. 
)
 (
Figura 2: Mapa geológico da folha Conceição do Mato Dentro, Minas Gerais, Brasil. Fonte: M. L. Vidigal Guimarães, Maria Antonieta A. Mourão e J. H. Grossi Sad, 2012. 
)
1.3. Metodologia 
Baseando-se nos objetivos propostos, as análises e os estudos a serem produzidos no projeto apresentam a metodologia dividida em três partes da seguinte forma:
Primeira etapa (Pré-campo): Na etapa pré-campo os professores definem previamente as áreas a serem mapeadas pelos grupos (composto de 3 alunos). Foram ministradas aulas com os respectivos professores, para falar a respeito da geologia da área de estudo, contextualizando o ambiente geológico da região. Houve o levantamento de dados bibliográficos, entre artigos e trabalhos da área que será efetuado o mapeamento. Esta etapa prioriza a execução dos trabalhos com a compilação bibliográfica em torno da área onde ocorrerá as pesquisas de campo, assim como a confecção de mapas foto-interpretados sobre imagens de satélite através da ferramenta Google Earth e QGIS. 
Neste mapa fotogeológico, pode-se observar os padrões de drenagens, texturas, tonalidades, lineamentos, vias de acesso no Morro do Pilar (estradas e trilhas), zonas homólogas com base na litologia dos afloramentos analisados e o polígono de demarcação da área estudada. Ao longo desse estudo foi possível identificar estruturas, falhas, fraturas, vegetação, trilhas e etc. Por fim, pretende-se analisar cada um dos itens citados acima e os materiais de coleta, que serão identificados no campo para que possam auxiliar na interpretação de padrões numa escala maior, que será detalhado no campo pelos alunos responsáveis por essa área. 
Segunda etapa: consistirá no levantamento de dados de campo em áreas previamente escolhidas e serão identificadas as unidades de mapeamento, das estruturas tectônicas, georreferenciamento através da ferramenta GPS em UTM. No campo ocorrerá a descrição e identificação das litologias, medição das estruturas com a bússola, localização dos pontos nos mapas designados para cada grupo. No final, será realizada a elaboração de mapas com as unidades identificadas e com os pontos de coleta estudados ao decorrer do trabalho de campo. 
Terceira etapa: será dedicada na execução do relatório técnico, apresentando as interpretações geológicas realizada pelos alunos do grupo, além de produzir tabelas e estereogramas com medidas em hemisfério inferior dip direction retirada nos trabalhos de campos, assim como mapas de drenagem, lineamento e mapa de caminhos (vias), e para que seja possível concluir o mapeamento geológico elaborado pelo grupo. 
1.4. Aspectos fisiográficos e de ocupação humana
A área da região é de 477,548 km². Com altitude de 760 m. O aniversário de Morro do Pilar é em 12 de dezembro e o adjetivo pátrio é morrense (Catalão, V. M. L.,2014). A população estimada pelo censo feito pelo IBGE, em 2021 estipulou que na região há 3.126 de habitantes. 
1.4.1. Vegetação
Na região analisada é caracterizada por um bioma de Cerrado com fragmentos da Mata Atlântica, há uma mistura de biomas, no qual a mata consiste em árvores de porte médio e grande porte, além de presença de plantas como bromélias, orquídeas e copaíbas. Há um predomínio da vegetação gramínea na região e uma fauna bastante diversificada. 
No município ocorre vegetação de florestas nativas (nunca exploradas), formações campestres e outras vegetações que são de atividades antrópicas que predominam as plantações de eucalipto e algumas espécies nativas de sub-bosque, com árvores de pequeno porte. Em alguns locais têm a espécie canelade velho.
É comum, as florestas estacionais semideciduais, compostas por plantas que perdem suas folhas na estação seca. As chamadas florestas com influência aluvial predominam próximas a cursos d'água. São as matas ciliares, que acompanham rios de maior porte, e as matas de galerias, perto de corpos d'água menores em volume e extensão.
As candeias são árvores que se desenvolvem em solos rasos e pedregosos, ocorre de forma extensa. São usadas em programas de restauração florestal.
Os campos rupestres são encontrados em topos de serra e chapadas, com altitudes superiores a 900 metros e com presença de rochas onde predominam ervas e arbustos. Abrigam sempre-vivas, margaridas, canelas-de-ema ( até dois metros e meio de altura), orquídeas, bromélias, cactos e quaresmeiras.
Na região são identificados os campos rupestres ferruginosos e campos rupestres quartzíticos, que é um tipo de vegetação que predomina em solos ácidos, pobres em nutrientes ou em frestas de rochas. 
No tipo de formação campestre, na região de Morro do Pilar, são encontradas candeias, lobeira e gramíneas forrageiras, como o capim braquiária.
Há a presença de campos hidromórficos, como os ambientes brejosos, que são nichos para diversas espécies da fauna. São comuns a taboa e o lírio do brejo. Em alguns locais ocorrem plantas exóticas, como o capim meloso e a braquiária.
1.4.2.Clima 
Apresenta uma temperatura variada, entre com média anual de 20,8°C, onde a média máxima anual é de 28,1°C e a média mínima anual é de 14,9°C, podendo fazer calor na parte da manhã, e de tarde e à noite pode haver uma queda de temperatura, devido ser uma região serrana. Trata-se de uma região de clima tropical sazonal, onde apresenta uma temperatura média elevada ao longo do ano, com uma taxa baixa de amplitude térmica anual e também está relacionada aos momentos de frio serem, além da chuva serem sazonais (Catalão, V. M. L.,2014).
O clima tropical apresenta períodos de estação seca que começa em de Abril até Outubro e períodos úmidos que vão de Novembro até Março, em Agosto ocorre menor concentração de chuva, diferente de Janeiro que é considerado o mês mais chuvoso do ano da região. 
1.4.3.Geomorfologia e hidrografia 
A área faz parte do domínio da Serra do Espinhaço, conhecida por Serra Geral, que representa um cinturão orogênico que limita o cráton de São Francisco. Apresenta terrenos de altitude máximas variando de entre 800 e 1100 metros, com um elevado grau de intemperismo. A respeito da topografia pode-se afirmar que é de aspecto rugoso e ondulado, podendo ser montanhoso e plano, com forte presença de voçorocas (Catalão, V. M. L.,2014). A geomorfologia é controlada por aspectos estruturais e litológicos que atuam fortemente no relevo.
A região faz parte da Bacia Hidrográfica do Rio Doce, com cerca de 83.400 km², onde 86% pertencem ao Estado de Minas Gerais e o restante ao Estado do Espírito Santo. Abrange de forma total ou parcial, as áreas de 228 municípios, onde 202 são em Minas Gerais e 26 no Espírito Santo (Catalão, V. M. L.,2014).
 No estado de Minas Gerais, a bacia é dividida em seis Unidades de Planejamento e Gestão dos Recursos Hídricos (UPGRHs), às quais estão interligadas as seguintes sub-bacias: Rio Piranga, Rio Piracicaba, Rio Santo Antônio, Rio Suaçuí, Rio Caratinga e Rio Manhuaçu (DO6) (CBH. Doce, 2023).
O município de Morro do Pilar é cortado pelo Rio Santo Antônio e seus afluentes, que são Ribeirão das Lajes, Rio Picão, Rio Preto e Rio Peixe (Catalão, V. M. L.,2014).
O Rio Picão abrange uma área de drenagem de 83,6 km2. É um afluente da margem direita do Rio Santo Antônio. Esse rio nasce e deságua nos limites do município do Morro do Pilar, percorrendo aproximadamente 32 km. Seus principais afluentes são os córregos do Pilar e Brumado, ambos contribuintes da margem esquerda. Na margem direita não é notado nenhum afluente significativo.
 A região possui diversas cachoeiras, como a Naná, das Pedras, do Tombo, das Andorinhas e Lajeado, o que faz do município um atrativo turístico. Também está inserido na Serra do Cipó, na região sul da Cadeia do Espinhaço. 
1.4.4. Aspectos Socioeconômicos
De acordo com IBGE, é uma cidade com baixa densidade populacional (3.000 habitantes) e com alta concentração de renda, apresentando um PIB per capita de aproximadamente de R$10.000,00 por ano. Quando se refere aos aspectos econômicos está ligada às atividades de pecuária e extração vegetal como a do Eucalipto com finalidade de produção de carvão vegetal e lenha. Inclui também as atividades rurais, com características familiares (Catalão, V. M. L.,2014). 
2. GEOLOGIA REGIONAL
2.1. Contexto geotectônico
O trabalho de campo da disciplina de Mapeamento Geológico I, ocorrerá nas imediações do município do Morro do Pilar, que está geograficamente localizado na região Central de Minas Gerais, estando situado na borda sudeste da Serra do Espinhaço Meridional (figura 3). A área proposta para estudo está dentro da Faixa Araçuaí, na borda do cráton São Francisco (CSF), e a relação dois é que o orógeno delimita/encaixa na borda do CSF, delimitado na borda leste.
 (
Figura 3: Cráton do São Francisco e suas faixas dobradas marginais. Fonte: Adaptado de Alkmim (2004).  
)
O Cráton do São Francisco faz parte da Plataforma Sul-Americana, é delimitado a sul e a oeste pela faixa Brasília, pelo Rio Preto a nordeste, Riacho do Pontal e Sergipana, a norte e pela faixa Araçuaí a sudeste. A parte leste do cráton é convergente à margem continental que contém as bacias do Jequitinhonha, Almada, Camamu e Jacuípe. 
O embasamento do cráton é formado por um núcleo arqueano consolidado de idade ~2,6 G.a, que foi estabilizado quando terminou o Evento Transamazônico, tendo suas margens perturbadas por este evento (Alkmim, 2004).
O Cráton do São Francisco possui coberturas que são divididas em duas grandes feições morfotectônicas, que inclui a Bacia do São Francisco e o Aulacógeno do Paramirim, que junto com as estruturas deformacionais, registram a história tectônica que pode ser resumida como (Alkmim, 2004):
– Estágio I: Aglutinação e consolidação de uma grande massa continental do Arqueano que no Evento Rio das Velhas/Jequié, entre 2,9 e 2,7 G.a, núcleos continentais diferenciados, desde 3,4 G.a, foram agregados devido às colisões diacrônicas, em que arcos juvenis participaram. O episódio magmático pós-tectônico de 2,6 G.a assinala a consolidação final de um bloco continental.
– Estágio II: Houve a individualização do continente Paramirim que aproximadamente em 2,5 G.a, a massa continental que estava aglutinada foi fragmentada, formando a margem passiva Minas. Essa margem deveria ter sido expandida até a parte atual norte do cráton e teria como potencial representante a base do Grupo Jacobina. Com isso seria individualizado o continente do Paramirim ou Cráton do Paramirim (Almeida, 1981). 
– Estágio III: Edificação do orógeno Paleoproterozoico durante o Evento Transamazônico, no fim do período Riaciano e início do Orosiriano do Paleoproterozóico. O continente do Paramirim (Bloco do Gavião) colide com o continente do Gabão, tendo uma participação de arcos magmáticos (Itabuna-Salvador-Curaçá) e provavelmente micro continentes como Jequié e Serrinha. O auge da convergência é em 2,1 G.a. Em 2,06 G.a, o Cinturão Mineiro começa a diminuir sua atividade.
– Estágio IV: A Tafrogênese Estateriana, ocorreu num período em que as colisões cessaram no período Orosiriano podendo ter levado a formar um supercontinente, que foi desenvolvido no período Estateriano ~1,75 G.a (Brito Neves et al, 1996). Houve deposição de sedimentos continentais intercalados com lavas ácidas e capeados por depósitos marinhos do Supergrupo Espinhaço.
– Estágio V: A Tafrogênese Toniana, ocorreu no período Toniano ~950 M.a, tendo a individualização da placa São Francisco-Congo (Campos Neto, 2000) e há um esboço do futuro Cráton do São Francisco. A nova etapa tafrogenética Macaúbas é a responsável por esse processo, que foi seguida de uma glaciação. Houve a reativação de riftes estaterianose alguns evoluíram para margens passivas.
– Estágio VI: A Orogênese Brasiliana, no continente São Francisco-Congo se deu através de uma sucessão de colisões que terminaram com a formação do Gondwana, no final do Neoproterozoico. As margens passivas e ativas são transformadas nos cinturões orogênicos, definindo assim o contorno atual do cráton. 
– Estágio VII: O Evento Sul-Atlantiano e os riftes Abaeté e Recôncavo-Tucano, em que o cráton sofre processos de glaciação durante o Permo-Carbonífero. A separação do Gondwana durante o Eocretáceo, forma o Rifte Recôncavo-Tucano-Jatobá, ocorre a ruptura da conexão São Francisco-Congo e desenvolve-se as bacias marginais de Camamu e Jacuípe. 
É durante a tafrogênese que se individualizam os crátons. No Cráton do São Francisco a sua individualização, sucede os eventos distensionais Espinhaço (Estateriano) e Macaúbas (Toniano). Nas margens sul e leste do cráton, os cinturões Brasília Sul e Araçuaí estão seguindo o caminho da margem passiva Macaúbas (Uhlein et al., 1998; Pedrosa-Soares et al., 2001; Martins-Neto & Alkmim, 2001.
Grande parte interna do cráton está coberto por unidades do Pré-Cambriano e do Fanerozoico. No extremo sul e a leste, o embasamento está exposto em duas áreas nesta região. 
A parte do embasamento exposto no sul do cráton passou por deformação e ação termal durante o Evento Transamazônico, sendo denominada de Cinturão Mineiro que engloba o Quadrilátero Ferrífero, adjacente ao limite cratônico. As áreas do nordeste e sudoeste, que não fazem parte do cráton sofreram um forte retrabalhamento no decorrer do Evento Brasiliano, formando assim, o substrato das faixas Araçuaí e Brasília Sul.
A Bacia do São Francisco ocupa praticamente todo o segmento de orientação meridiana do cráton, cobrindo uma área de aproximadamente 500.000 km² da bacia hidrográfica homônima, nos estados de Minas Gerais, Bahia e Goiás (Alkmim & Martins Neto, 2001). Os limites do cráton correspondem ao limite oeste, noroeste e leste da bacia. O limite sul é mais erosivo e em um trecho do limite nordeste é marcado pelo contato de embasamento-cobertura e no resto da bacia sobrepõe o Aulacógeno do Paramirim (Figura 4).
 (
Figura 4: 
a) Mapa geológico da Bacia do São Francisco, com distribuição das grandes unidades de preenchimento e feições estruturais. b) Mapa esquemático das feições estruturais do embasamento da bacia. Fonte: Modificado de Alkmim & Martins-Neto, 2001)
.
)
O embasamento do Orógeno Araçuaí (figura 5) teve sua evolução a partir da aglutinação de blocos crustais arqueanos, durante o processo orogênico Paleoproterozoico que foi de 2,2-2,0 G.a. No evento, houve a consolidação do bloco continental São Francisco-Congo e possivelmente, fazia partede um extenso continente Paleoproterozóico (e.g. Atlântica Paleocontinente, Rogers & Santos 2004). Já os núcleos antigos, do Arqueano, dos blocos São Francisco e Congo foram amalgamados ao longo de um cinturão orogênico, que é o Itabuna-Salvador-Curaçá no Brasil (Barbosa & Sabaté 2004), e Eburneano na África (Ledru et al. 1994).
Complexos diversos que são constituídos por ortognaisses formam o embasamento do Orógeno Araçuaí, sendo os complexos Guanhães, Gouveia, Porteirinha, Mantiqueira e Juiz de Fora. O Complexo Juiz de Fora encontra-se justaposto tectonicamente ao Complexo Mantiqueira (ambos do Paleoproterozoico) devido a extensa zona de cisalhamento Neoproterozoica, a Falha de Abre Campo. O Complexo Mantiqueira, é um segmento retrabalhado, no domínio Araçuaí, do Cinturão Mineiro. Os complexos Gouveia e Porteirinha são exposições, em janelas estruturais/erosivas, de associações rochosas do Arqueano.
O Complexo Guanhães é parte do núcleo arqueano do embasamento do Cráton do São Francisco Meridional. Esse núcleo era bordejado por um orógeno marginal do Paleoproterozoico (Cinturão Mineiro de Teixeira, 1985). O Orógeno Araçuaí intercepta o limite Arqueano-Paleoproterozoico original, de forma que o Complexo Guanhães (Arqueano) e o Complexo Mantiqueira (Paleoproterozóico) são vistos como unidades de caráter autóctone a para-autóctone que representam o embasamento cratônico retrabalhado no domínio orogênico. 
Os complexos Guanhães, Gouveia e Porteirinha são semelhantes ao arcabouço arqueano do Quadrilátero Ferrífero, incluindo gnaisses e migmatitos TTG (tonalito-trondhjemito-granodiorito, plútons graníticos e sequências do tipo greenstone belt. Porém às idades conhecidas de eventos e unidades geológicas, não são exatamente correlatas às do Quadrilátero Ferrífero. O Complexo Mantiqueira é composto por ortognaisses bandados, em que a cristalização magmática ocorreu no intervalo 2180-2041 M.a.
 (
Figura 5: Orógeno Araçuaí na região central do
 
Paleocontinente Gondwana. FA = traços estruturais da Faixa de Dobramento Araçuaí; ZI = Zona de Interferência do Orógeno Araçuaí com o Aulacógeno do Paramirim; Crátons: A = Amazônico; K = Kalahari; PP = Paraná-Parapanema-Rio de la Plata; SFC = CrátonSão Francisco-Congo; SL-OA = São Luís-Oeste Africano. (Modificado de Alkmin et al., 2006).
)
2.2. Unidades litoestratigráficas
As unidades litoestratigráficas principais que caracterizam a área do estudo engloba oembasamento (Arqueano-Paleoproterozoico), sobreposto pelos metassedimentos do Supergrupo Espinhaço (paleo-mesoproterozóico), o Supergrupo São Francisco (Neoproterozóico), rochas graníticas do estágio colisional do Ciclo Brasiliano e as unidades fanerozóicas.
O embasamento é formado por terrenos granito-gnáissicos, do Arqueano, gerados por processos de sialização crustal, sendo responsável por gerar gnaisses para- e orto-derivados, migmatitos e granitos (DUSSIN et al., 1990). 
Há também duas unidades metassedimentares do Proterozoico: Supergrupo Minas, que é uma sequência clasto-química composta por filitos, quartzitos e formações ferríferas (correlatos ao Quadrilátero Ferrífero) e o Supergrupo Espinhaço é formado por quartzitos que foram depositados na Bacia do Espinhaço Meridional, suportando a orografia da Serra do Espinhaço, possui algumas ocorrências de rochas vulcânicas na base com composição ácido-intermediárias subalcalinas, como riolitos, riodacitos e traquitos e, no topo, rochas carbonáticas (DUSSIN et al., 1990).
O Cinturão Mineiro detém um complexo metamórfico basal, contém as supracrustais do Supergrupo Rio das Velhas, o Supergrupo Minas, o Grupo Itacolomi e contém uma notável quantidade de granitóides arqueanos e Paleoproterozoicos (figura 6).
 (
Figura 6: 
Mapa geológico esquemático do extremo sul do Cráton do São Francisco, enfatizando a zona de influência do Evento Transamazônico a plataforma.
 É uma concepção do Cinturão Mineiro. Fonte: 
Teixeira et al. 1996
.
)
O complexo metamórfico do cinturão abrange boa parte da exposição do embasamento na parte sul do cráton e nas áreas próximas ao Quadrilátero Ferrífero, que é formado por TTGs (gnaisse e migmatito), corpos de anfibolitos e ultramáficas, granitóides calcioalcalinos e granitóides anorogênicos que aparecem na forma de intrusão nos gnaisses e migmatitos mais antigos. 
O Supergrupo Rio das Velhas é formado por Greenstones belts, que reúnem rochas metavulcânicas (komatiitos, basaltos, vulcanoclásticas) e metassedimentos, formações ferríferas (BIF), carbonatos (no topo), terrígenos e rochas vulcânicas félsicas (riolito, riodacito, traquito).
2.2.1. Supergrupo Minas
O Supergrupo Minas (figura 7), depositado no Paleoproterozoico, entre 2,6 e 2,0 B.a, inclui uma sucessão de rochas metamórficas de origem sedimentar continental e marinha, no qual se destaca as unidades basais de quartzitos, filitos e camada-guia contém formações ferríferas (Dorr, 1969) e rochas carbonáticas.
Segundo Almeida (2004), a estratigrafia do Supergrupo Minas é composto da base para o topo, por 5 grupos: Grupo Tamanduá, Grupo Caraça, Grupo Itabira, Grupo Piracicaba e Grupo Sabará. 
O Grupo Tamanduá marca a base desse supergrupo (Dorr, 1969), possui sedimentos clásticos e há duas formações: Formação Cambotas, composto por quartzitos comlâminas de conglomerados com seixos da formação ferrífera e a Formação Morro Grande contendo xistos, filitos e formações ferríferas. 
O Grupo Caraça (Dorr 1969) é constituído por rochas clásticas, sendo dividido em duas formações: Formação Moeda possui metaconglomerados, filitos, quartzitos finos a grossos junto a sericita. A Formação Batatal é formada por filitos sericíticos, filitos grafitosos e formação ferrífera.
O Grupo Itabira (Dorr 1969) possui sedimentos químicos e é dividido da base para o topo em duas formações: Formação Cauê que contém itabiritos, itabiritos dolomíticos e lentes de filito e marga. A Formação Gandarela inclui itabiritos dolomíticos, dolomitos e mármores.
O Grupo Piracicaba (Dorr 1969), é formado por sedimentos clásticos e químicos, da base para o topo, pelas formações Cercadinho, Fecho do Funil, Taboões e Barreiro. A Formação Cercadinho contém quartzitos e filitos (às vezes ferruginosos) e dolomitos. A Formação Fecho do Funil possui filito dolomítico, filito e dolomito. A Formação Taboões apresenta ortoquartzitos finos. A Formação Barreiro compreende xistos e filitos grafitosos. 
No topo há o Grupo Sabará que é a parte mais jovem do supergrupo, com sedimentos tipo flysch (pelitos, diamictitos e grauvacas) e terrígenos. Ocorrem xistos, filitos, metarenitos, rochas metavulcanoclásticas, metaconglomerados e metadiamictitos (Renger et al. 1994).
Entre o Grupo Sabará e o Supergrupo Espinhaço existe o Grupo Itacolomi, que é composto por meta-arenitos sericíticos, intercalados em camadas e lentes de conglomerados e lentículas de filitos. A máxima espessura nesta localidade é de 2.000 m (Dorr 1969). As rochas do grupo, assentam em discordância sobre o Grupo Sabará e localmente sobre a Formação Cercadinho, do Grupo Piracicaba (Barbosa 1969, Dorr 1969, Glöckner 1981, Baltazar et al. 2005).
 (
Figura 7: Carta Cronoestratigráfica das Bacias Minas-Itacolomi. Idades das unidades cronoestratigráficas estão segundo Alkmin e Martins Neto, 2012. Triângulos na cor preta representam subida (apontando pra cima) e queda do nível do mar (apontando para baixo).
)O Grupo Itacolomi possui um ambiente aluvial e fluvial (entrelaçado), do tipo molasse (arenitos e conglomerados) em uma bacia foreland, com planície de maré subordinada. (Dorr II, 1969; Alkmim & Marshak, 1998; Almeida et al, 2005; Alkmim & Martins-Neto, 2012).
2.2.2. Supergrupo Espinhaço
O Supergrupo Espinhaço (figura 8) está totalmente exposto, tendo uma diferenciação faciológica nas áreas leste e oeste do aulacógeno Paramirim, correspondendo à Serra do Espinhaço Setentrional e à Chapada Diamantina. Essa área é de grande interesse geológico, devido ser de grande importância econômica, que é instigado devido conter mineralizações diamantíferas que estão relacionados aos metassedimentos grossos da Formação Sopa-Brumadinho.
Esse Supergrupo é subdividido em dois, na base é representada pelo Grupo Diamantina, que é composto por três formações em que da base para o topo ocorre a: Formação São João da Chapada, Sopa-Brumadinho e Galho do Miguel, que estão expostas nas redondezas da Cidade de Diamantina (Dossin et al. 1984) e no topo tem o Grupo Conselheiro Mata.
A Formação São João da Chapada é composta por quartzitos finos a grossos, intercalados com filito, contém lentes de metaconglomerados e/ou metabrecha, seixos de quartzito e veio de quartzo com matriz quartzosa ou micácea. O filito hematítico está restrito a esta formação. As estruturas primárias nos quartzitos são estratificações plano-paralelas, cruzadas tabulares e acanaladas, de baixo ângulo e marcas onduladas de cristas retas. Em questões deposicionais o ambiente é fluvial entrelaçado, distal (Garcia & Uhlein, 1987) com retrabalhamento marinho. 
A Formação Sopa-Brumadinho (Dussin et al., 1990) é composta por quartzitos finos e micáceos, com estratificações plano-paralelas e cruzadas de baixo ângulo, com intercalações de filitos, de espessura centimétrica a métrica, evidenciando um evento transgressivo, com ambiente marinho raso. No topo, os quartzitos variam de granulometria fina a grossa, também pode haver estratificação acanalada de baixo ângulo. Em questões deposicionais possui um ambiente fluvial entrelaçado, com o avanço do sistema há instalação de leques aluviais.
A Formação Galho do Miguel é representada por quartzitos puros, esbranquiçados, de granulometria fina. Duas fácies podem ser individualizadas na sequência. No primeiro, ocorrem estratificações cruzadas tabulares e acanaladas de grande porte e de baixo ângulo, indicando um depósito eólico costeiro Dossin (1983) e Dossin & Dardenne (1984). Ocorre marcas de ondas assimétricas, de cristas sinuosas e bifurcadas. Já na segunda, ocorre as intercalações do anterior, sendo marcado por quartzitos de granulação fina, às vezes micáceos, de raras intercalações fílíticas. Os estratos são tabulares, com estratificações cruzadas truncadas por ondas. A sedimentação é típica de ambiente marinho raso, com ação de ondas de tempestade. A associação de fácies representa a sedimentação em ambiente litorâneo, com partes sempre expostas e retrabalhadas pelo vento (Dossin et al. 1985, 1987; Garcia & Uhlein 1987).
O topo do Supergrupo Espinhaço é composto pelo Grupo Conselheiro Mata, que é formado por alternâncias cíclicas de sedimentos arenosos e sílticos-argilosos, como filitos e quartzitos. Marca episódios transgressivos e regressivos, em ambiente marinho. Esta sequência sobrepõe o Grupo Diamantina ou cavalga detritos grossos e sedimentos carbonáticos do Supergrupo São Francisco. O contato do Grupo Conselheiro Mata com as sequências superiores é concordante, gradacional ou pode ser por discordância erosiva. esse grupo possui cinco formações da base para o topo: Santa Rita, Córrego dos Borges, Córrego da Bandeira, Córrego Pereira e Rio Pardo Grande (DUSSIN et al., 1990).
A Formação Santa Rita é composta por quartzitos finos com ripples, laminação plano-paralela e hummockys (ação de tempestades na bacia). No topo tem predomínio de metassiltitos e filitos, intercalados com lentes de quartzitos finos. A litologia e as estruturas sedimentares indicam deposição em ambiente marinho raso, de forma restrita. (Dossin et al., 1984). 
A Formação Córrego dos Borges contém quartzitos de granulometria de fina a média, micáceos com laminações plano-paralelas, marcadas por níveis de óxidos de ferro, estratificações cruzadas acanaladas. A associação na unidade mostra que houve uma distinção de dois ambientes deposicionais. O primeiro é marinho raso a litorâneo, com ondas de tempestades e canais de tipo washover. O segundo está representado pelo avanço de uma frente deltaica sobre os sedimentos marinhos rasos subjacentes, marcando um novo episódio regressivo na bacia (Dossin, 1983).
A Formação Córrego da Bandeira tem um novo aprofundamento da lâmina d' água para gerar essa formação. Composto por quartzito fino, com estratificação cruzada centimétrica e marcas de ondas, metassiltitos acinzentados com laminações plano-paralelas, lentes de filitos. O ambiente deposicional é o marinho raso, com ação de ondas e tempestades (Dossin, 1983).
A Formação Córrego Pereira possui quartzitos feldspáticos finos com cruzadas acanaladas, cruzadas sigmoidais, marcas de onda e hummockys. Para o topo há intercalações de metapelitos com estratificação cruzada espinha de peixe, que evidenciam o aprofundamento da lâmina de água, quartzito, estruturas de slumps associados. O ambiente deposicional é marinho raso, dominado por tempestades, relacionado a planícies arenosas de intermarés (Dossin, 1983).
A Formação Rio Pardo Grande compõe o topo do Supergrupo Espinhaço, com uma litologia de metassiltitos, filitos e quartzitos muitos finos com intercalações rítmicas, laminações lenticulares e wavy, há estruturas diagenéticas de fluidização. Nos quartzitos, às estruturas são cruzadas acanaladas e sigmoidais. Há lentes de mármores dolomíticos e sedimentação carbonática. O ambiente deposicional é um marinho raso, com plataforma carbonática. (Garcia & Uhlein,1987). 
 (
Figura 8: 
Coluna litoestratigráficas do Supergrupo Espinhaço (Chemale et al., 2012).
) (
Figura 8: 
Coluna litoestratigráficas do Supergrupo Espinhaço (Chemale et al., 2012).
) (
Figura 8: 
Coluna litoestratigráficas do Supergrupo Espinhaço (Chemale et al., 2012).
) (
Figura 8: 
Coluna litoestratigráficas do Supergrupo Espinhaço (Chemale et al., 2012).
)
2.2.3. Supergrupo São Francisco 
O Supergrupo São Francisco sobrepõe o Supergrupo Espinhaço e mostra amplas diferenças físicas entre as áreas da parte oeste e leste, estando preservado apenas nos baixos estruturais. No Espinhaço Setentrional, o Supergrupo São Francisco está sendo retratado pelo Grupo Sto Onofre, que possui um espesso pacote de turbiditos e segundo Schobbenhaus (1996) e Danderfer (2000), é correlacionável ao Grupo Macaúbas.
2.3. Geologia estrutural e metamorfismo
No final do Neoproterozóico, ocorreu o fechamento das bacias do Meso e Neoproterozoico devido à compressão Brasiliana. Tal acontecimento foi o responsável pelo desenvolvimento da estruturação da Faixa Araçuaí e as suas consequências são representadas por uma deformação regional inserida em um domínio dúctil. Com base na análise das estruturas de deformação presentes na região, foram descritas três fases deformacionais, das quais as duas primeiras possuem caráter compressivo (Dussin, 1994).
A primeira fase é caracterizada por grandes empurrões de direção N-S com geometria em rampas e patamares e o desenvolvimento de um sistema duplex (Herrgesell & Pflug, 1985; Uhlein et al., 1986; Marshak & Alkmim, 1989; Chemale Jr. et al., 1992) que afetou as sequências supracrustais e o embasamento. 
As zonas de cisalhamento dúcteis são representadas por dobras intrafoliais. Além de uma foliação milonítica S1 de direção N20°E e de mergulho SE e uma lineação (L1) de caimento N100°E/30° marcada pela recristalização mineral, alongamento de seixos em conglomerados e eixos de dobras. Nas porções entre as zonas de cavalgamento, a deformação ocorreu de maneira menos intensa e é marcada por dobras abertas e clivagem com plano axial N20°E mergulhando para SE. A assimetria de dobras e boudins, superfícies S/C, sombras de pressão e a formação de veios e fraturas de extensão revelam que o transporte tectônico ocorre para oeste. Nessa fase, o grau de metamorfismo é mais fraco nas regiões próximas ao cráton e de fácies xisto verde nas porções mais orientais do cinturão (Dussin, I.A. & Dussin, T.M. 1995).
A segunda fase, que assim como a primeira possui caráter compressivo, é caracterizada por um metamorfismo de grau fraco e o desenvolvimento de dobras abertas marcadas com clivagem e lineações minerais N-S. A terceira e última fase de deformação é marcada por ondulações de EW que estão super impostas às estruturas mais antigas (Dussin, I.A. & Dussin, T.M. 1995). Vale ressaltar que o metamorfismo de fácies xisto verde e anfibolito é a principal fase de deformação encontrada na região.
A faixa de dobramento Araçuaí, que compreende um sistema de dobramentos de idade brasiliana, pode ser subdividida em dois domínios estruturais (Uhlein & Trompette 1993). O domínio externo é marcado por um metamorfismo de fácies xisto verde a anfibolito e uma sucessão de zonas com dobras assimétricas com a vergência bem definida para oeste, separadas por zonas de cisalhamento dúctil-rúptil. Esse domínio externo da Faixa Araçuaí é composto pelo Supergrupo Espinhaço (setor meridional), pelo Grupo Macaúbas e pelo embasamento retrabalhado pela orogênese Brasiliana (Pedrosa Soares et al. 1992).
O domínio interno, por sua vez, é constituído pelo Complexo Jequitinhonha (Almeida & Litwinski, 1984), apresentado gnaisses kinzigíticos, quartzitos, xistos, calcissilicáticas e várias intrusões de granitóides leucocráticos que mostram contatos com os gnaisses, em partes transicionais. Ao contrário do domínio externo, essa unidade não possui uma vergência muito bem definida e mostra, em uma perspectiva mais geral, que o metamorfismo regional aumenta de norte para sul.
2.4. Principais problemas em aberto
Apesar da extensa literatura sobre o Supergrupo Espinhaço, ainda existem algumas questões que não foram muito bem definidas. A principal problemática com relação ao Espinhaço está ligada a complexidade de sua estruturação tectônica, isso acaba dificultando não apenas a identificação das formações e seus ambientes deposicionais, mas também a separação de unidades adjacentes, principalmente quando existem semelhanças litológicas ou quando os contatos entre as sequências são de origem tectônica (DOSSIN et al., 1990).
O presente trabalho pode auxiliar futuras pesquisas que serão realizadas na região, especialmente na parte de mapeamento geológico, e também pode servir como um banco de dados. Além disso, a partir dos estudos das unidades e estruturas em campo, pode contribuir para um melhor entendimento da evolução geológica do local.
3. INTERPRETAÇÃO DA IMAGEM SATÉLITE
3.1. Imagem interpretada/mapeada
 (
Figura 
9
: 
Fotointerpretação da área mapeada
, do grupo 223. Fonte: Google Earth, fotointerpretação por Gabriel Braga e Vitória Azevedo.
)
3.2. Descrição das Zonas Homólogas e Lineamentos Estruturais
A descrição das zonas homólogas foi feita da seguinte maneira, como pode ser observado nas figuras 8 e 9.
Zona 1: Nesta zona, observa-se uma densidade de drenagem baixa, tendendo a um padrão dendrítico de baixa sinuosidade.
Zona 2: Representada por uma baixa densidade de drenagens e baixa sinuosidade.
Zona 3: Zona localizada em uma porção mais plana. Com padrão de drenagem tendendo ao paralelo e sinuosidade curva. Possui uma densidade de drenagens maior quando comparada com outras zonas.
Zona 4: Zonas mais elevadas caracterizadas por uma textura mais rugosa e xistosidade.
 (
Figura 
10
: 
Fotointerpretação das zonas homólogas
, do grupo 223
. Fonte: Google Earth, fotointerpretação por Gabriel Braga e Vitória Azevedo.
)
A descrição da lineação foi realizada no área de mapeamento do grupo 223 através do Google Earth, onde apresenta lineamentos positivos e negativos (figuras 9 e 10) com direção preferencial para o noroeste. Também é possível observar a presença de xistosidade no local.
 (
Figura 1
1
: 
Fotointerpretação dos lineamentos e xistosidade 
do grupo 223. Fonte: Google Earth, fotointerpretação por Gabriel Braga e Vitória Azevedo.
)
4. GEOLOGIA LOCAL
4.1. Introdução
Na área de mapeamento do grupo 223 foram observados 6 litotipos: Metarenito floquinho com manchas escuras de fosfato (unidade azul no mapa geológico), metarenito com acamamento plano paralelo (unidade amarela no mapa geológico), metarenito com acamamento ondulado (unidade verde no mapa geológico), filito (unidade laranja no mapa geológico) quartzo filito (unidade ocre no mapa geológico) e a formação ferrífera (unidade vermelha no mapa geológico).
Entre os litotipos presentes, o metarenito floquinho é o que aparece com mais frequência, principalmente na região sul da área. Já o metarenito com acamamento plano-paralelo possui a segunda maior presença da área e ocorre principalmente em cristas de serra, havia também a presença de níveis micáceos. O metarenito com acamamento ondulado ocorre na forma de crista de serra e corte de estrada e assim como o metarenito plano-paralelo, também havia a presença de níveis micáceos. O filito ocorre principalmente na área nordeste da área, ocorrendo em solos e em lajedos bem alterados.
O quartzo filito ocorre principalmente na porção central da área, se encontra na forma de lajedo em cachoeira. Por fim, a formação ferrífera que ocorreu em apenas um ponto da área, na porção leste, com a presença de dobras fechadas.
Nos metarenitos era possível observar o acamamento sedimentar bem preservado. Com relação a estruturas tectônicas, de caráter rúptil e rúptil-dúctil, foi observado fraturas, indicadores cinemáticos, dobras, lineação de estiramento e foliação sigmoidal formando Ss e Sc. A presença de estruturas primárias bem preservadas no metarenitos indicam que a região sofreu metamorfismo de baixo grau.
4.2. Unidades litológicasDivido em 6 litotipos, as principais ocorrências foram:
4.1.1. Itabirito/formação ferrífera (figuras 12, 13, 14 e 15) é uma unidade que ocorre de forma isolada na área 233, em um corte de estrada, localizado na gruta da Santinha, tendo um formato de escama. É uma rocha de coloração cinza escura, granulometria fina e apresenta bandas de sílica e óxido de ferro, alguns níveis têm grãos de hematita e possui acamamento.É ondulado e apresenta uma dobra fechada (figura 13 e 14) com flanco superior medindo 335/40 e o flanco inferior medindo 313/35. As dimensões do afloramento são 3 metros de altura e 10 metros de largura e seu grau de alteração é tipo II (pouco alterado).
 (
Figura 1
2
: 
Afloramento na gruta da formação ferrífera
. Fonte: Vitória Azevedo
.
)
 (
Figura 1
3
: 
Amostras de mão da formação ferrífera com grãos de hematita
. Fonte: Vitória Azevedo.
)
 (
Figuras 1
4
 e 1
5
: 
Em detalhe flanco inferior (esquerda) e superior (direita) da dobra fechada da formação ferrífera
. Fonte: Vitória Azevedo.
)
4.1.2. Metapelito (filito) é uma rocha (figuras 16, 17 e 18) que se encontrava com um grau de alteração do tipo III (muito alterado), possuindo pedaços do pelito original prateado, intercalado com níveis de quartzitos e veio de 25 cm de quartzo, localizado em paredão na floresta com uma dimensão de aproximadamente 4 metros de altura e 10 metros de largura.
 (
Figura 1
7
: 
Pedaço do metapelito prateado original
. Fonte: Vitória Azevedo.
) (
Figura 1
6
: 
Em detalhe afloramento do metapelito. 
Fonte: Vitória Azevedo.
)
	
 (
Figura 1
8
: 
Detalhe do veio de quartzo encaixado no metapelito
. Fonte: Vitória Azevedo.
)
4.1.3. Quartzo-filito (figuras 19 e 20) de coloração ocre, granulometria fina, bastante micáceo, muito delgado, localizado na cachoeira. O afloramento possui dimensão de 15 metros de altura e 10 metros de largura, seu grau de alteração é tipo II (pouco alterado). 
	
 (
Figura 1
9
: 
Afloramento do quartzito filito na cachoeira
. Fonte: Rafaela Neves.
)
 (
Figura 
20
: 
Amostra de mão do quartzo filito
.
 
Fonte: Vitória Azevedo.
)
4.1.4. Metarenito floquinho (figuras 21, 22 e 23) de coloração branca, granulometria fina a média e composto por quartzo e mica. É possível observar o acamamento sedimentar bem preservado que varia de centimétricos a métricos. Essa unidade é marcada pela presença de grãos escuros (possivelmente fosfato) ao longo da rocha, o que dá um aspecto de flocos. Esse litotipo ocorre com bastante frequência na área de estudo e são encontrados principalmente na forma de crista de serra e lajedos, no ponto da figura 20 ocorre em cachoeira. As dimensões podiam chegar até os 15 m de altura e 70 m de largura e o seu grau de alteração é do tipo II (pouco alterado).
 (
Figura 21: 
Afloramento do metarenito floquinho na cachoeira
. Fonte: Gabriel Braga.
)
 (
Figura 18: Afloramento do quartzito filito na cachoeira. Fonte: Rafaela Neves.
)
 (
Figura
s
 2
2
 e 2
3
: 
Amostra de mão do metarenito floquinho
 em 
evidencia 
grãos escuros
. 
Fonte: Gabriel Braga.
)
 (
Figura 2
4
: 
Dobra isoclinal fechada no metarenito floquinho
. Fonte: Gabriel Braga.
)Nessa unidade também foi possível observar algumas estruturas tectônicas como dobra isoclinal fechada (figura 24), lineação de estiramento marcada pelo quartzo, fraturas e veios de quartzo. Com relação a indicadores cinemáticos, foi observado sigmóide indicando movimento sinistral (figura 25).
 (
Figura
 2
5
: 
S
igmóide 
com planos Ss e Sc no metarenito floquinho.
 
Fonte: Gabriel Braga.
)
4.1.5. Metarenito com acamamento plano-paralelo, (figura 26) de coloração branca, granulometria fina a média, composto por quartzo e mica, grau de alteração tipo II (pouco alterado). Essa unidade ocorre em cristas de serra, corte de estrada e lajedos. O acamamento sedimentar é plano-paralelo, o que dá o nome da unidade, de médio porte, variando de centimétricos a métricos e as dimensões dessa unidade chegavam de 20 m de altura e 40 m de largura.
Com relação às estruturas, foi possível observar foliações, lineação de estiramento marcada pelo quartzo e sigmóides (figura 27), indicando movimento dextral.
 (
Figura 2
6
: 
Metarenito plano-paralelo com nível pelítico
.
 Fonte: Rafaela Neves.
)
 (
Figura 25: Metarenito plano-paralelo com nível pelítico
.
 Fonte: Rafaela Neves.
)
 (
Figura 2
7
: Metarenito plano-paralelo com nível pelítico e sigmoide com planos Ss e Sc com movimento dextral
. Fonte: Rafaela Neves.
)
4.1.6. Metarenito com acamamento ondulado (figura 28 e 29) possui coloração branca, granulometria de média a fina, composto por quartzo e mica e pouco alterado. Essa unidade ocorre principalmente em crista de serra e lajedos. O acamamento sedimentar é de médio a grande porte, centimétrico e ondulado, sendo essa a característica que diferencia essa unidade da anterior. As dimensões dessa unidade chegavam aos 20 m de altura e 50 m de largura.
Além disso, foi possível observar estruturas tectônicas como fraturas (figura 30), lineação de estiramento marcada, principalmente, pelo quartzo e veios de quartzo. Com relação a indicadores cinemáticos, foram encontrados sigmóides (figura 31) indicando um movimento sinistral (com o topo para oeste, sendo reverso).
 (
Figura 2
8
: 
Afloramento do metarenito com acamamento ondulado
. Fonte: Rafaela Neves.
)
 (
Figura 2
9
: 
Amostra de mão do metarenito ondulado
. Fonte: Rafaela Neves.
)
 (
Figura 
30
: 
Fratura no metarenito com acamamento ondulado
. Fonte: Rafaela Neves.
)
 (
Figura 3
1
: 
Sigmóide com planos Ss e Sc 
com movimento sinistral reverso e topo para oeste. Fonte: Vitória de Azevedo.
)
4.3. Geologia estrutural
4.3.1.Introdução
A área do grupo 223 está inserida em um terreno metamórfico de baixo grau, evidenciado durante o mapeamento pelas estruturas sedimentares primárias que foram preservadas nas rochas metassedimentares. Estas estruturas deposicionais são representadas pelo acamamento sedimentar (S0), estratificações plano-paralelas e onduladas. Dentre as estruturas geradas por eventos de deformação, foram observadas estruturas rúpteis, dúcteis e dúcteis-rúpteis. Entre as estruturas dúcteis são representadas por dobramentos e foliações presentes nas rochas. Já as estruturas rúpteis, foram observadas fraturas tectônicas preenchidas ou não por veios de quartzo. 
A partir das coletas de dados, tanto de atitude das foliações, quanto de lineações, eixos e planos axiais de dobramentos, foi possível identificar uma fase de deformação (D1), de caráter predominantemente compressional e direção aproximada E-W.
Ao decorrer do trabalho de campo, foi observado estruturas sedimentares primárias nos metarenitos micáceos da área analisada. Dentre as estruturas primárias predominantes incluem o acamamento sedimentar (S0), estratificações plano-paralelas e onduladas.
O acamamento sedimentar dos afloramentos é a foliação primária formada durante a deposição dos sedimentos, antes da deformação, se apresentando de forma bastante marcante e variando de tamanhos centimétricos a métricos. Foram obtidas medidas nos planos de acamamento (figura 32) que indicam uma predominância de camadas mergulhando para SE e E.
 (
Figura 3
2
: 
Estereograma representando 
o
s polos do 
acamamento sedimentar (S0)
. 
Fonte: 
Stereonet, feito por 
Gabriel Braga.
)
Ao decorrer do trabalho de campo, foi observado estruturas sedimentares primárias nos metarenitos micáceos da área analisada. Dentre as estruturas primárias predominantes incluem o acamamento sedimentar (S0), estratificações plano-paralelas e onduladas.
As estratificações plano-paralelas são as estruturas primárias melhores observadas nos metarenitos micáceos, como visualizado nos mapa do trabalho de campo, ondea cor amarela, apresenta uma espessura variada de centimétricas a milimétricas (laminações). 
As estratificações onduladas estão presentes na área do Grupo 223, que foi representada no mapa pela cor verde, nos metarenitos micáceos de granulometria fina. Nesta unidade, as estratificações onduladas se apresentavam de forma pequena e estavam interligados a veios de quartzo. 
As foliações (figuras 33) e lineações (figura 34) assim como as lineações de estiramento (figura 35) são causadas pelo estiramento de minerais que já existiam na rocha antes de formação. São estruturas comuns na área estudada pelo Grupo 223, são resultados da reorientação dos componentes internos das rochas. Essas estruturas ocorreram após a deformação e são mais visíveis nos metarenitos ondulados e plano-paralelo. Foram feitas medidas nos planos das foliações e lineações que indicam uma predominância de camadas mergulhando para SE e E.
 (
Figura 3
3
: 
Estereograma representando 
os polos d
a foliação (Sn)
. 
Fonte: 
Stereonet, feito por Gabriel Braga
.
)
 (
Figura 3
4
: 
Estereograma representando 
a 
lineação mineral (Ln
)
. Fonte: 
Stereonet, feito por Gabriel Braga
.
)
 (
Figura 3
5
: 
Estereograma representando 
a lineação de estiramento (Le)
. 
Fonte: 
Stereonet, feito por Gabriel Braga
.
)
Diagrama de Roseta para fraturas, também foram observados nos afloramentos fraturas tectônicas que foram reproduzidas no diagrama de roseta (figura 36) com medidas que indicam mergulho predominantemente para NW, SE e SW. 
 (
Figura 3
6
: 
Diagrama de Roseta para fraturas
. Fonte: 
Stereonet, feito por Gabriel Braga
.
)
Nos afloramentos foram observadas dobras fechadas, com ângulo variando entre 30º e 70º que evidencia a presença de deformação dúctil. A primeira dobra foi vista no ponto 1 em campo e é característica da formação ferrífera e a segunda dobra, foi vista no ponto 3 em campo e foi observada no metarenito composto por minerais fosfáticos. A dobra do ponto 1 (figura 37) indica um mergulho para NW, já a dobra do ponto 3 (figura 38), indica um mergulho para E. Foi feito um estereograma para ambas as dobras (figura 39). 
 (
Figura 3
7
: 
Estereograma para a dobra no Ponto 1 da formação ferrífera
. Fonte: 
Stereonet, feito por Gabriel Braga
.
)
 (
Figura 3
8
: 
Estereograma para a dobra no Ponto 3 do metarenito com níveis fosfáticos
. Fonte: 
Stereonet, feito por Gabriel Braga
.
)
 (
Figura 3
9
: 
Estereograma para as dobras nos Ponto 1 e 3
. 
Fonte: 
Stereonet, feito por Gabriel Braga
.
)
4.3.2. Descrição das fases de deformação
Na área analisada ocorreram duas fases de deformação (D1 e D2). A fase de deformação D1, dúctil, ocorreu através de um evento de caráter compressional, de direção aproximada E-W, com predominância maior de medidas em campo para E, que ocasionou o empurrão e o dobramento mais ondulado (que pode ser indício de mais uma deformação) e aberto, sendo marcado por lineações de estiramento. Tais lineações de estiramento estão associadas ao empurrão de direção E-W.
A partir dos estereogramas citados acima, é possível observar que há uma possibilidade de haver uma outra fase de deformação (D2), rúptil, contrastante com a deformação dominantemente dúctil, da fase principal D1. Essa fase D2 pode ser deduzida devido ao espalhamento das lineações para NW observado nos estereogramas (figura 33 e 34). 
No perfil feito no trabalho de campo pelo grupo 223 de direção E-W foi possível observar um empurrão presente na área, com transporte tectônico de topo para oeste. Os metarenitos ondulados e plano-paralelo, foram consequências dosempurrões e o sigmóide de topo para oeste/reverso comprova esse transporte tectônico, no metarenito ondulado. 
4.4. Metamorfismo
A área do grupo 223 possui metarenitos, metapelitos, formação ferrífera e quartzo-filito, apresentando como característica essencial as estruturas primárias preservadas. A mineralogia principal observada durante o trabalho de campo é quartzo, muscovita e plagioclásio. Foram observados nas estruturas, a xistosidade que é dada pela orientação de minerais placóides (muscovita). Em resumo, é possível associar essas rochas ao metamorfismo regional (Barroviano) e concluir que é um metamorfismo de baixo grau, em fácies xisto verde, que preserva as estruturas primárias e há ausência de minerais como sillimanita, cordierita e etc, que são minerais indicativos de um metamorfismo de grau forte.
4.5. Potencialidade econômica da área
O solo avermelhado da formação ferrífera é explorado para a construção de estradas de terra, uma vez que são facilmente compactados, tornando a estrada firme para a passagem de veículos.Também pode ser usado para exploração de ferro assim como no QuadriláteroFerrífero.Além disso, os metarenitos podem ser explorados na forma de rochas ornamentais, tendo sido avistadosem algumas residências para a construção de pisos, também pode ser usado em construção civil, embasamento, agregado para concreto e revestimento em fachadas litorâneas. Quando triturado é utilizado na construção de estradas e no lastro ferroviário.
4.6. Aspectos geoambientais
A área do grupo 223 está localizada nos arredores da cidade de Morro do Pilar, sendo uma área urbana e rural na área em que foi realizada o mapeamento de campo. A pecuária, agricultura e extração são atividades da região para sustento próprio dasfamílias, tendo diversas regiões (principalmente próximo às estradas de terra) desmatadascom o objetivo de gerar pastos e local para plantações, principalmente de eucalipto. Nos pastos ocorre o pisoteio dos gados, gerando a compactação do solo, o quediminui a infiltração, aumenta a erosão e reduz o crescimento de nova vegetação.
	
5. EVOLUÇÃO GEOLÓGICA E CONCLUSÕES
O grupo analisou a evolução geológica e dividiu-se em duas etapas: a mais antiga e a recente. As rochas mais antigas seriam o Itabirito e o Metarenito com minerais fosfáticos e as rochas mais recentes seriam os metapelitos e os metarenitos ondulados e plano-paralelo. Ou seja, o Itabirito e o Metarenito com minerais fosfáticos (floquinhos) vieram primeiro e logo em seguida, através do empurrão houve a chegada dos metarenitos ondulados e plano-paralelo, assim como os metapelitos. Também chega-se a uma breve conclusão que pode estar ocorrendo uma intercalação de todas as camadas, com exceção do Itabirito. 
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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7. ANEXOS
 (
Figura 
40
: 
Mapa Geológico
. 
Fonte: 
Vitória Azevedo, Gabriel Braga e Rafaela Neves
.
)I. Mapa geológico 
 (
Figura 
4
1
: 
Mapa Geológico
. 
Fonte: 
Vitória Azevedo, Gabriel Braga e Rafaela Neves
.
)
 (
Figura 
4
2
: 
Mapa Estrutural. 
Fonte: 
Vitória Azevedo, Gabriel Braga e Rafaela Neves
.
)II. Mapa estrutural
III. Seções geológico-estruturais 
 (
Figura 
4
3
: Perfil. 
Fonte: 
Vitória Azevedo, Gabriel Braga e Rafaela Neves
.
)
 (
Figura 
4
4
: 
Mapa de Pontos. 
Fonte: 
Vitória Azevedo, Gabriel Braga e Rafaela Neves
.
)IV. Mapa de pontos 
 (
Figura 
47
:
 
Vitória Azevedo, Rafaela Neves e Ivo
.
) (
Figura 
45
:
Vitória Azevedo, Gabriel Braga, Rafaela Neves e Samuel
.
) (
Figura 
46
:
 
Vitória Azevedo, Gabriel Braga, Rafaela Neves e Julio
.
)

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