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Fichamento A dimensão técnico operativa do exercício profissional Yolanda Guerra

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Texto: GUERRA, Yolanda. A dimensão técnico-operativa do exercício profissional (p. 49-76) in SANTOS, Claudia Mônica dos; BACKX, Sheila; GUERRA, Yolanda. A dimensão técnico-operativa no Serviço Social: desafios contemporâneos. SP: Cortez, 2017. 
As dimensões só existem em relação umas com as outras, contudo, “a dimensão técnico-operativa é a forma de aparecer da profissão” (p. 50). 
“É a dimensão que dá visibilidade social à profissão, já que dela depende a resolutividade da situação, que, às vezes, é mera reprodução do instituído, e em outras constitui a dimensão do novo” (p. 50).
>>> “O que se pretende enfatizar é que a intervenção de natureza técnico-operativa não é neutra: ela está travejada pela dimensão ético política e esta, por sua vez, encontra-se aportada em fundamentos teóricos, donde a capacidade de vir a compreender os limites e possibilidades não como algo interno ou inerente ao próprio exercício profissional, mas como parte do movimento contraditório constitutivo da realidade social” (p. 50). 
- Contudo, se considerada de maneira autônoma, a dimensão técnico-operativa “é insuficiente para dar respostas qualificadas à realidade social” (p. 50).
1. O Serviço Social na divisão sociotécnica do trabalho: resultado de múltiplas determinações
Para dar respostas às questões que lhe são colocadas, o Serviço Social necessita de:
fundamentos teórico-metodológicos;
conhecimentos e saberes interventivos;
habilidades técnico-profissionais;
procedimentos teórico-metodológicos;
perspectiva ética com clara orientação estratégica (p. 51).
A dimensão técnico-operativa é mobilizada no atendimento dos objetivos imediatos. 
“Sua instrumentalidade está na “resolutividade”, ainda que apenas momentaneamente e em nível imediato, das demandas apresentadas” (p. 51).
É na realização da dimensão técnico-operativa que o assistente social legitima e constrói uma cultura profissional, a qual, conforme Netto, incorpora objetos, objetivos, valores, racionalidades, técnicas, instrumentos, conhecimentos, teorias. (p. 52). 
>>> “As respostas instrumentais, dadas pelos assistentes sociais, as quais atuam sobre determinado nível da realidade – o da alteração de algumas variáveis do contexto da vida dos sujeitos (Netto, 1996a) – apoiam-se em um projeto de sociedade, em um conjunto de proposições teóricas, em valores e princípios éticos, e dão uma determinada direção estratégica à intervenção profissional” (p. 52).
ASSIM, “a definição sobre o que e como fazer tem que ser articulada ao por que fazer (significado social do profissional e sua funcionalidade ou não ao padrão dominante), ao para que fazer (indicando as finalidades/teleologia do sujeito profissional) e ao com o que fazer (com que meios, recursos e através de que mediações ou sistema(s) de mediações” (p. 53).
2. Características do cotidiano e as dimensões da profissão
- O cotidiano é o lugar da reprodução dos indivíduos, sendo ineliminável e insuprimível. 
> “há uma relação intrínseca entre a dinâmica do cotidiano e uma modalidade de intervenção socioprofissional que requisita ações instrumentais” (p. 53).
COTIDIANO = mediação elementar entre o particular e o universal; limita as possibilidades de que as pessoas se concentrem inteiramente nas atividades que realizam. 
CARACTERÍTICAS DO COTIDIANO: heterogeneidade; espontaneidade; imediaticidade; e superficialidade extensiva. 
No trabalho do assistente social as características do cotidiano adquirem particularidades. 
HETEROGENEIDADE – “se expressa através das diversas e antagônicas demandas com as quais trabalhamos” (p. 54).
ESPONTANEIDADE – as demandas colocadas ao profissional são apreendidas de maneira imediata e quase irrefletida, o exercício profissional passa a se restringir ao cumprimento de rotinas institucionais, metas de produtividade, critérios de elegibilidade, e o profissional passa a responder mecanicamente no âmbito das determinações da instituição (p. 53-54).
IMEDIATISMO – reforça um tipo de resposta que tem em si mesma certa resolutividade e expresse uma utilidade no âmbito da reprodução social (p. 54). 
SUPERFICIALIDADE EXTENSIVA – as demandas acabam sendo encaminhadas de maneira superficial, os fenômenos são respondidos na sua extensão e amplitude e não na sua intensividade. 
>>> “A dinâmica, as requisições e as condições objetivas sobre as quais a intervenção se realiza não são as mais adequadas à reflexão, a partir do que muitos profissionais se limitam a apenas realizar suas tarefas. Mas o cotidiano profissional também não facilita a percepção das demais dimensões da profissão. Tudo se passa como se o exercício profissional fosse isento de teoria, de uma racionalidade, da necessidade de indagar sobre a realidade, de valores éticos e de uma direção política e social” (p. 55).
Quando a prioridade é responder aos fenômenos, não importando como, as respostas profissionais tornam-se rápidas, ligeiras, irrefletidas, instrumentais, baseadas em analogias, experiências e no senso comum, formais, em obediência a leis e superiores, sem a qualificação necessária para distingui-las das respostas de um leigo. 
>>> “Dadas essas características, nem sempre nos perguntamos sobre implicações éticas e políticas de tais de respostas, nem sobre o espaço de autonomia que nos reserva este mesmo cotidiano, menos ainda sobre as novas perspectivas que nos são dadas ao acionarmos a dimensão investigativa, pois o que nos chega como demanda é a solução (ainda que restrita, parcial, temporária, pontual, fragmentária) da problemática apresentada, tratada como objeto de intervenção, e não o conteúdo, a qualidade, as implicações éticas e políticas e/ou a possibilidade das respostas profissionais” (p. 56).
>>> A dimensão técnico-operativa pode se restringir ao cumprimento de normas, regulamentos, objetivos institucionais, papéis preconcebidos, etc. OU se constituir num espaço de análise de situações concretas, posto que na vida cotidiana há sempre uma “margem de movimento e possibilidade”. – OU SEJA, não podemos também cair no determinismo de que diante das questões que se colocam não há outra possibilidade para a atuação profissional. 
“A dimensão teórico-metodológica nos capacita para operar a passagem das características singulares de uma situação que se manifesta no cotidiano profissional do assistente social para uma interpretação à luz da universalidade da teoria e o retorno a elas” (p. 63).
A dimensão teórico-metodológica deve ser articulada à dimensão investigativa! – “Esta é uma mediação fundamental, posto que permite uma revisão dos fundamentos técnicos, teóricos e ético-políticos que orientam a profissão, conduzindo seu avanço no sentido que aponta tendências e permite uma antecipação, a reconstituição de objetos de intervenção, a apreensão de demandas emergentes, a reconfiguração das demandas: ela é a dimensão do novo” (p. 64).
- “A dimensão investigativa permite também a produção de conhecimentos voltados para os interesses dos setores populares que são usuários das instituições às quais nos vinculamos” (p. 64). 
“Toda intervenção profissional é uma ação teleológica que implica uma escolha consciente das alternativas objetivamente dadas e a elaboração de um projeto no qual o profissional lança luzes sobre os fins visados e busca os meios que, a seu juízo, são os mais adequados para alcançá-los” (p. 65).
“Toda intervenção encontra-se imbuída de um conjunto de valores e princípios que permitem ao assistente social escolhas teóricas, técnicas, éticas e políticas. É no cotidiano profissional, tenha consciência ou não, que o assistente social se depara com demandas e interesses contraditórios e com um leque de possibilidades, o que lhe permite exercitar a sua autonomia, que será sempre relativa” (p. 65). 
“Ao fazer suas escolhas, no que se refere às finalidades estabelecidas e aos meios (condições, instrumentos e técnicas) para alcançá-las, que resposta dar e em que direção, o assistente social exerce sua dimensão ético política, a qual se preocupa com os valores (de que valem asrespostas dadas) e com a direção social delas (que conjunto de forças está sendo contemplado nas respostas)” (p. 65).
ASSIM, “as dimensões ético-política, teórico-metodológica e investigativa se interpõem e se articulam estreitamente à dimensão técnico instrumental, já que a realização desta exige o conhecimento mais correto possível das finalidades, dos resultados, das condições objetivas sobre as quais a ação incide, dos meios e das possibilidades de realização e dos valores a eles subjacentes” (p. 66).
>>> “Com essas reflexões, pretendeu-se demonstrar que o exercício profissional configura-se na articulação de dimensões e se realiza sob condições objetivas e subjetivas historicamente determinadas, as quais estabelecem a necessidade de a profissão responder às demandas da sociedade através de requisições socioprofissionais e políticas, delimitadas pela correlação de forças sociais que expressam os diversos projetos de sociedade e se refratam nos projetos profissionais” (p. 68). 
3. De volta ao ponto de partida
É no cotidiano profissional as dimensões da profissão se atravessam, se entrecruzam e se confrontam, formando uma unidade de elementos diversos (p. 73). 
Em alguns momentos uma dimensão se sobrepõe à outra (p. 73). 
“A profissão não se explica por si mesma, e, por isso, necessita da análise lógica do estágio do desenvolvimento do capitalismo, das relações sociais, do modelo de Estado, da condição da política social” (p. 73).
Quando o exercício profissional é condicionado à aplicação de normas e restrito a rotinas, critérios de seleção, etc., este é convertido e reduzido a um conjunto de ações instrumentais que visam fins imediatos. Quando isso ocorre, o assistente social assume o papel do técnico adestrado, limitado à racionalidade do capitalismo e à aplicação de técnicas e instrumentos sem a clareza dos fins de sua intervenção (p. 73-74).
Quanto à formação, há dois riscos: 
Uma formação que se limita ao ensino das técnicas, instrumentos e habilidades, do como fazer, que culmina na formação de um profissional que aparentemente sabe fazer, mas não conhece o significado social daquilo que ele faz (suas implicações éticas, políticas, etc.), tornando-se mero técnico. 
 Uma formação que negligencia a dimensão técnico-operativa, levando a formação de um profissional que não realiza as suas competências, não responde às demandas que a sociedade lhe coloca por simples desconhecimento dos meios e mediações a serem mobilizadas para tal. 
Falta, tanto no exercício quanto na formação profissional, “assegurar a unidade das dimensões da profissão, garantindo a autonomia delas sem, contudo, autonomizá-las, na perspectiva de manter, por meio de múltiplas mediações, a unidade do diverso” (p. 74). 
“É necessário que o profissional acione uma racionalidade que permita desenvolver uma instrumentalidade inspirada na razão dialética, que seja capaz de construir novas competências e legitimidades, que permita ao profissional das novas respostas qualificadas em oposição às tradicionais respostas instrumentais, de maneira comprometida com os ideais de uma sociedade emancipada” (p. 75).

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