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Contabilidade Gerencial / Aula 1: Contextualização da Contabilidade Gerencial Introdução Nesta aula, você irá reconhecer como surgiu e se desenvolveu, ao longo do tempo, o ramo da Contabilidade voltado para a gestão. Irá compreender também a diferença da Contabilidade Financeira/Comercial/Societária em comparação à Contabilidade Gerencial. E por fim, irá reconhecer a importância da Contabilidade Gerencial para o processo de gestão empresarial, analisando o papel da informação gerencial contábil para ajudar nas atividades decisórias e de resolução de problemas. Bons estudos! Panorama da Contabilidade Gerencial A Contabilidade é uma das ciências mais antigas do mundo e a que tem o registro científico mais antigo também, pois nas pinturas rupestres, desenhos primitivos dos homens das cavernas, está claro que a intenção daqueles registros era o controle do patrimônio, objeto de estudo da Ciência Contábil. Contudo, ao longo do tempo, a Contabilidade foi se desenvolvendo e passando por diversas transformações em processo de evolução. Assista a um rápido vídeo contando a história da Contabilidade ao longo dos séculos até os dias atuais. Percebeu como o homem sempre se preocupou em controlar seu patrimônio? Desta forma foi desenvolvendo ferramentas que possibilitasse o efetivo domínio das operações que alterasse o seu patrimônio com o objetivo de gerenciar seus recursos. Nascimento da Contabilidade Gerencial A Contabilidade Gerencial veio da Contabilidade de Custos, a primeira contabilidade efetivamente voltada ao controle gerencial e à tomada de decisão interna envolvendo todas as áreas de gerenciamento da empresa. Até a Revolução Industrial, o que se tinham eram as casas de ofício e os artesãos, bem característico da produção de bens e serviços da Idade Média. Após o surgimento da indústria, com a produção em larga escala, veio a necessidade de se identificar o custo de produção e o custo unitário de um produto para definir o preço de venda, a lucratividade, a viabilidade ou não de produção dentre outros indicadores que iremos estudar ao longo desta disciplina. Veja como era a contabilidade antes e depois da Revolução Industrial: Antes da Revolução Industrial Praticamente não existia contabilidade, já que as operações resumiam basicamente em comercialização de mercadorias, os estoques eram registrados e avaliados pelo seu custo real de aquisição. Após Revolução Industrial Necessidade de mais quantidade e mais precisão das informações, que permitissem uma tomada de decisão correta. Diante do que já vimos, como podemos definir a contabilidade gerencial? Conceito de Contabilidade Gerencial Destacamos os conceitos apresentados por alguns autores: Crepaldi (2012): Contabilidade Gerencial é o ramo da Contabilidade cujo objetivo é fornecer instrumentos aos administradores que os auxiliem em suas funções gerenciais. É voltada para um melhor uso dos recursos de uma organização, por meio de um adequado controle dos insumos, efetuado por um sistema de informação gerencial. Anthony (2011): Contabilidade Gerencial é o processo de identificar, mensurar, relatar e analisar as informações sobre os eventos econômicos da organização. Neste sentido, podemos perceber que a Contabilidade Gerencial deve proporcionar informações úteis que possibilitem os gestores a tomarem decisões tempestivamente e com um determinado nível de segurança. Funções da Contabilidade Gerencial São duas as funções mais relevantes: PRIMEIRA Auxílio no Controle. SEGUNDA Ajuda à Tomada de decisões. Por que estudar Contabilidade Gerencial? Para atender às necessidades gerenciais de três tipos: Informações sobre a rentabilidade e o desempenho de diversas atividades da entidade. Auxílio no planejamento, controle e desenvolvimento das operações. Auxílio no planejamento, controle e desenvolvimento das operações. Dados para a tomada de decisões. Atenção O conhecimento dos custos é de vital importância para a empresa saber a viabilidade de determinado produto em função do seu preço de mercado e sua estrutura de custos para produzi-lo. Contabilidade Gerencial / Aula 2: Gestão estratégica de custos Introdução Nesta aula, você irá reconhecer os conceitos básicos da terminologia de custos e suas aplicações, imprescindível para gestão correta e controle dos gastos da empresa. Irá analisar, de forma prática e objetiva, a terminologia da Contabilidade de Custos com foco na gestão correta e estratégica dos custos de uma empresa. Estudaremos esses aspectos conceituais da terminologia de custos como elemento estratégico no processo de gestão. Bons Estudos! Terminologia de custos O estudo conceitual de custos e suas terminologias é de suma importância para o processo de gestão empresarial tendo em vista que muitos usuários das informações contábeis realmente não conseguem compreender perfeitamente o significado de muitos termos utilizados pela contabilidade. Assista ao vídeo “Custos, despesas e perdas: Qual a diferença?” para entender melhor o que significa Custos. Para o funcionamento das suas operações, as empresas precisam fazer uma série de sacrifícios financeiros. Custos, gastos, desembolsos, despesas para a contabilidade, não são sinônimos, cada um desses elementos tem seu conceito distinto. Vejamos a seguir: GASTOS Termo abrangente e definido como todo e qualquer sacrifício que a empresa precisa arcar, visando à obtenção de bens ou serviços, mediante a entrega ou promessa de entrega de parte de seu ativo, sendo esses ativos representados normalmente em dinheiro. O gasto pode ser um custo, despesa, investimento, perda ou desperdício. Exemplos: • Material de expediente consumido no processo administrativo; • Matéria-prima consumida no processo produtivo; • Energia elétrica consumida na área industrial; • Serviço de frete consumido no processo de venda. DESEMBOLSOS Saídas de dinheiro do caixa ou das contas bancárias das empresas, ou seja, são pagamentos. Em relação ao momento da contabilização dos gastos, os desembolsos podem ocorrer antes (pagamento antecipado), no momento (pagamento a vista) ou depois da ocorrência (pagamento a prazo). Exemplos: • Desembolso antecipado ao gasto: compra de matéria-prima a vista, em janeiro, para gasto/consumo pela fábrica em março. • Desembolso no momento do gasto: aquisição de peças à vista, para manutenção de uma máquina, as quais serão usadas imediatamente pelo técnico. • Desembolso depois da ocorrência do gasto: salário do pessoal de janeiro, cujo pagamento ocorrerá no 5º dia útil do mês seguinte: em fevereiro. CUSTOS São gastos relativos a bens ou serviços utilizados na produção de outros bens ou serviços. Os custos são gastos ligados à produção. Exemplos: • Custo da produção de bens ou custo industrial: matéria-prima consumida; mão de obra produtiva (dos departamentos ligados à produção); materiais de embalagem; serviços de apoio à produção. • Custo da prestação de serviços ou custos dos serviços prestados: mão de obra; materiais; outros custos da prestação de serviços. DESPESAS São gastos consumidos, direta ou indiretamente, na obtenção de receitas. • As empresas comerciais têm despesas para gerar receitas; • As empresas industriais têm despesas para gerar receitas e custos para a produção de bens/produtos acabados; • As empresas prestadoras de serviços têm despesas para gerar receitas e custos para prestação dos serviços. PERDA É o consumo involuntário ou anormal de um bem ou serviço. As perdas se transformam em despesas, quando decorrentes de fatores externos, e em custos quando decorrentes da atividade produtiva da empresa. Exemplos: • Greves; • Incêndio; • Perda de matéria-prima. DESPERDÍCIO Gastos evitáveis, ocorrendo no processo produtivo ou de geração de receitas, que possam ser eliminados sem prejuízo da qualidade ou quantidade de bens, serviços ou receitas geradas. Exemplos: • Estocagem e movimentação desnecessária demateriais e produtos; • Retrabalho decorrente de defeitos de fabricação; • Relatórios financeiros, administrativos e contábeis sem qualquer utilidade. INVESTIMENTOS São aquisições feitas pela empresa, registrados no Ativo em função de sua vida útil ou de benefícios atribuíveis a futuro(s) período(s). São lançados como custos, quando consumidos na produção de bens ou serviços e como despesas se consumidos fora da produção, na administração por exemplo. Exemplos: • Aquisição de bens do ativo imobilizado: máquinas, equipamentos, veículos. • Compra de matéria-prima ou materiais de consumo. Contabilidade Gerencial / Aula 3: Sistema de custeio absorção Introdução Nesta aula, você irá reconhecer o Custeio Absorção, também conhecido como Custeio Integral ou Pleno. Irá compreender sua sistemática e importância para definição e formação do preço de venda. Irá calcular o custo unitário de um produto, a partir da identificação e apuração dos custos totais (custos diretos + custos indiretos). Você irá ainda montar o relatório de evidenciação dos resultados (lucros ou prejuízos) a partir desta sistemática de apuração custos. Bons estudos! Método de custeio Antes de apresentar o conceito de método de custeio, vamos entender o significado de custeio: Custeio: significa apropriação de custos. Com base no significado de custeio, podemos definir método de custeio como: As maneiras pelas quais as empresas podem apropriar os custos dos seus produtos, atribuindo a estes “preço” e, consequentemente, apurar os resultados (lucros e prejuízos) com base nos custos calculados. Atenção Um sistema de custeio consiste num critério por meio do qual os custos são apropriados à produção. Os métodos utilizados para Custeio da Produção de Bens e Serviços são: Custeio por Absorção ou Integral ou Pleno Custeio Variável ou Direto Sistema de custeio absorção De acordo com Martins (2010): Custeio por absorção é o método da aplicação dos Princípios de Contabilidade, que consiste na apropriação de todos os custos (sejam eles diretos e indiretos, fixos ou variáveis) decorrente do uso de recursos da produção, e só os de produção. O Custeio por Absorção consiste na apropriação de todos os custos (sejam eles fixos ou variáveis, diretos ou indiretos) à produção do período. As despesas, gastos que não são efetuados para a produção, são excluídos como gastos da empresa e vão diretamente para o resultado do exercício, não afetando o custo do produto. O Sistema de Custeio por Absorção foi derivado do sistema desenvolvido na Alemanha no início do século XX conhecido por RKW (Reichskuratorium für Wirtschaftlichtkeit). As principais características do Custeio por Absorção são: Todos os custos de fabricação são considerados custos dos produtos: fixos, variáveis, diretos e/ou indiretos; O resultado (lucro ou prejuízo) varia em função da produção; Necessidade de utilizar de critério de rateios, no caso de apropriação dos custos indiretos (gastos gerais de produção) quando houver dois ou mais produtos ou serviços; É possível estabelecer o Custo Total e Custo Unitário dos produtos; É o critério legal exigido no Brasil, entretanto nem sempre é útil como ferramenta de gestão e análise de custos, por possibilitar distorções ao distribuir custos indiretos entre diversos produtos e serviços de maneira subjetiva, possibilitando mascarar desperdícios e outras ineficiências produtivas. A principal distinção do sistema de Custeio por Absorção é entre custose despesas. Veja a seguir: CUSTOS São alocados aos produtos, podendo ser ativados, no caso dos produtos ainda não vendidos e levados ao resultado apenas a parcela referente aos produtos que foram vendidos. DESPESAS São contabilizadas imediatamente no resultado do período. Contabilidade Gerencial / Aula 4: Sistema de custeio variável Introdução Nesta aula, você irá reconhecer o Sistema de Custeio Variável, a metodologia de apuração de custos sob o enfoque gerencial, que dará suporte ao cálculo de todos os indicadores que iremos estudar nesta disciplina. Você irá identificar como evidenciar o resultado (lucro e prejuízo) em um novo formato de DRE — Demonstração do Resultado do Exercício, conhecida como DRE Gerencial ou DRE Variável. Irá também distinguir o Custeio Absorção e o Custeio Variável. Bons estudos! Método de custeio variável De acordo com Crepaldi (2012, p. 118): Custeio Variável (também conhecido como Custeio Direto) é um tipo de custeamento que considera como custo de produção do período apenas os custos variáveis incorridos. Os custos fixos não são considerados como custo de produção, pois eles existem mesmo que não haja produção. Portanto, os custos fixos serão considerados como despesas, sendo encerrados diretamente no resultado do período. Diferente do que aprendemos, na aula passada, quando estudamos o Custeio Absorção, nesta sistemática de custeio iremos considerar como custo do produto todos os gastos que variam de acordo com o volume de produção e volume vendido, dessa forma, iremos alocar aos produtos todos os custos e as despesas ligados diretamente à produção e às vendas e que se alteram em função da quantidade produzida (custos variáveis) e quantidade vendida (despesas variáveis). Desta forma, iremos considerar e apropriar aos produtos, somente os componentes de custos variáveis, ou seja, matérias-primas, mão de obra direta, embalagens, frete de distribuição dos produtos, impostos e comissões de vendas, proporcionalmente à quantidade produzida e/ou vendida. Neste sistema de custeio, não iremos precisar fazer o rateio dos gastos fixos de fabricação e/ou administração no custo do produto. Iremos considerá-los como despesa, o que o torna mais fácil de elaboração, comparado com o Custeio Absorção. Assim, para fazermos a apuração do resultado da empresa (lucro ou prejuízo) vamos seguir a seguinte separação dos gastos: CUSTOS E DESPESAS VARIÁVEIS (GASTOS DO PRODUTO) Diretamente ligados ao volume de produção, no caso dos custos e ao volume de venda, no caso das despesas. Exemplos: • Matéria-prima; • Embalagens; • Comissão dos vendedores; • Impostos. CUSTOS E DESPESAS FIXAS (GASTOS DA EMPRESA) Também chamados de gastos de estrutura, ocorrem independentemente da produção, ou seja, não sofrem alteração de valor em caso de aumento ou diminuição do volume produzido. Exemplos: • Aluguel do prédio; • Salários dos funcionários; • Seguros dos veículos. Como calcular o custo do produto no custeio variável? 1º Passo Separamos os gastos entre fixos e variáveis; 2º Passo Alocamos os gastos variáveis como custo do produto e os gastos fixos como despesas da empresa; 3º Passo Montamos a demonstração de resultado, na estrutura gerencial, também chamada de variável ou direta. Para realizar a Demonstração de Resultado do Exercício do Custeio Variável ou Direto, deve-se seguir a estrutura: Receita (-) Custos e Despesas Variáveis = Margem de Contribuição (-) Custos e Despesas Fixas = Lucro Líquido Vejamos um exemplo prático! Vamos analisar agora o cálculo do lucro da empresa Alfa, considerando o Custeio Absorção e Custeio Variável. Ao final, faremos um comparativo entre os dois. Quantidade Produzida: 1.000 unidades Quantidade Vendida: 800 unidades Custos Fixos: R$ 12.000,00 Custos Variáveis: R$ 20,00 por unidade produzida Despesas Fixas: R$ 6.000,00 Despesas Variáveis: R$ 5,00 por unidade vendida Preço de Venda: R$ 60,00 por unidade CALCULO CUSTEIO ABSORÇÃO Receita = Quant. Vendida * Preço de Venda Receita = 800 * 60,00 = 48.000,00 Custo Total = Custo Fixo + Custo Variável CT = 12.000,00 + (1.000*20,00) = 12.000,00 + 20.000,00 = 32.000,00 Custo Unitário = Custo Total / Quantidade Produzida Cunit = 32.000,00/1.000 = 32,00 Custo dos Produtos Vendidos = Quant. Vendida * Custo Unitário CPV = 800 * 32,00 = 25.600,00 Despesas = Despesas Fixas + Despesas Variáveis Despesas = 6.000,00 +(800 * 5,0) = 6.000,00 + 4.000,00 = 10.000,00 Demonstração do Resultado – Custeio Absorção Receita 48.000,00 (-) CPV (25.600,00) = Lucro Bruto 22.400,00 (-) Despesas (10.000,00) = Lucro Líquido 12.400,00 CALCULO CUSTEIO VARIÁVEL Receita = Quant. Vendida * Preço de Venda Receita = 800 * 60,00 = 48.000,00 Gasto Variável = Custo Variável + DespesaVariável GV = (20,00 + 5,00) * 800 = 25,00 * 800 = 20.000,00 Gasto Fixo = Custo Fixo + Despesa Fixa Gasto Fixo = 12.000,00 + 6.000,00 = 18.000,00 Demonstração do Resultado – Custeio Variável Receita 48.000,00 (-) Gastos Variáveis (20.000,00) = Margem de Contribuição 28.000,00 (-) Gastos Fixos (18.000,00) = Lucro Líquido 10.000,00 Contabilidade Gerencial / Aula 5: Margem de contribuição unitária Introdução Estudaremos, nesta aula, o primeiro indicador da Contabilidade Gerencial, a Margem de Contribuição Unitária, que identifica a margem de lucro financeira de um produto. Analisaremos sua importância como ferramenta gerencial para tomada de decisão na escolha de produzir e vender os produtos mais viáveis, vantajosos e lucrativos. O conteúdo estudado, nesta aula, é muito importante para a disciplina de Contabilidade Gerencial, pois a Margem de Contribuição dará suporte ao cálculo dos demais indicadores que iremos estudar nas próximas aulas ao longo da disciplina. Bons estudos! Margem de Contribuição É quantia em dinheiro que sobra do preço de venda de um produto, serviço ou mercadoria após retirar o valor do gasto variável (custos e despesas variáveis). Essa quantia que sobra irá garantir os pagamentos dos gastos da empresa (custos e despesas fixas) e proporcionar o lucro. A Margem de Contribuição é um dos indicadores econômico-financeiros mais importantes que a empresa pode ter e precisa ser analisado regularmente. A grande vantagem da Margem de Contribuição, é que além de muito útil gerencialmente é um indicador muito objetivo e bem simples de ser calculado. Conforme Crepaldi (2012, p. 375) a Margem de Contribuição é: O melhor meio para analisar o desempenho de um segmento de distribuição, é a análise tanto de sua margem de contribuição direta como de sua margem de contribuição indireta. Ela representa uma margem de cada produto vendido que contribuirá para a empresa cobrir todos seus custos e suas despesas fixas, chamados de custo de estrutura/suporte. Representada da seguinte forma: MC = PV - (CV + DV) Vamos esquematizar a fórmula da Margem de Contribuição: + Valor Total das Vendas - Custos Variáveis Totais - Despesas Variáveis Totais = Margem de Contribuição Total OU + Preço de Vendas Unitário - Custos Variáveis Unitários - Despesas Variáveis Unitários = Margem de Contribuição Unitária Vejamos o que são cada um dos elementos que foram citados nos cálculos da Margem de Contribuição: VALOR TOTAL DAS VENDAS OU VENDAS BRUTAS TOTAIS É o Faturamento Total, consideradas as vendas à vista e as vendas a prazo, e refere-se ao volume financeiro dos negócios realizados pela empresa, ou seja, é a quantidade vendida de produtos multiplicada pelos seus respectivos Preços de Venda. CUSTOS VARIÁVEIS Nas pequenas empresas, podemos afirmar que os custos variáveis referem-se aos valores pagos especificamente para adquirir o que a empresa se propõe a vender aos seus clientes. Desta forma, para cada segmento de empresa temos: • Comércio: o valor de aquisição das mercadorias, observando, quando necessário, o acréscimo do valor de frete e do IPI e outros valores pagos na aquisição das mercadorias. Também quando for o caso, descontado o valor de Crédito do ICMS; • Indústria: o valor gasto na elaboração dos produtos, como matéria-prima, insumos, embalagens e etiquetas. Note que para facilitar, não são considerados os valores de salários fixos, nem mesmo do pessoal da produção, porque são valores pagos mensalmente. Desta maneira, estes salários não devem integrar o valor total dos custos variáveis para o cálculo da Margem de Contribuição; • Serviços: os valores gastos especificamente para realizar os serviços referem-se aos materiais/peças aplicados na execução do serviço. Por exemplo: em uma assistência técnica em eletrodomésticos, na realização de um serviço, as peças de reposição são consideradas como Custo Variável, pois só serão utilizadas se a venda de serviços acontecer, caso contrário, não. Já os salários dos funcionários são pagos integralmente independente de terem sido vendidos serviços ou não, e devem ser considerados como despesas fixas, não integrando os valores de custos variáveis, para o cálculo da Margem de Contribuição. DESPESAS VARIÁVEIS São aos valores pagos especificamente pelas vendas realizadas e são praticamente as mesmas para os segmentos de Indústria, Comércio e Serviços. Normalmente, referem-se a: • Impostos sobre as Vendas: valor ou percentual dos impostos respectivos das notas fiscais emitidas, portanto, só acontecem quando forem realizadas vendas. Considerar os impostos federais, estaduais e municipais conforme a natureza da empresa; • Comissão de Vendas: valores pagos aos funcionários ou representantes pelas vendas realizadas. Normalmente, é estabelecido um percentual a ser pago pelas vendas que cada um realiza. Portanto, se não ocorrerem vendas, não ocorrem as comissões. Por isso, a comissão é considerada como despesa variável e não fixa. Em qualquer que seja o segmento: Comércio, Indústria ou Serviços, é perfeitamente possível e fácil se apurar o valor e o percentual respectivo da Margem de Contribuição. A partir da Margem de Contribuição, podemos calcular um indicador adicional, Índice de Margem de Contribuição (IMC) que representa a relação entre a Margem de Contribuição e o preço de venda do produto: IMC = ( MC / PV)*100 Agora que já sabemos do que se trata a margem e de como podemos achá-la, vamos entender por que ela recebeu este nome: “Margem de Contribuição”. Vejamos: Margem É a diferença entre o Valor da Venda (preço de venda) e os Valores dos Custos e das Despesas específicas destas vendas, ou seja, valores também conhecidos por Custos Variáveis e Despesas Variáveis da venda. Contribuição Representa em quanto o valor das vendas contribui para o pagamento das Despesas Fixas e também para gerar Lucro. A Margem de Contribuição é também conhecida como Ganho Bruto, e representa o quanto o lucro da venda de cada produto contribuirá para a empresa cobrir todos os seus custos e suas despesas fixas, chamados de custo de estrutura, e ainda gerar lucro. Com base nisto, você pode calcular a quantidade mínima de produtos que precisará vender. Conhecer a Margem de Contribuição que as vendas proporcionam é de fundamental importância para o planejamento de qualquer empresa e é essencial para poder tomar decisões. Saiba Mais O termo Margem de Contribuição tem um significado igual ao termo Ganho Bruto sobre as Vendas. Isso indica o quanto sobra das vendas para que a empresa possa pagar suas despesas fixas e gerar lucro. Principalmente, se considerarmos que a Margem de Contribuição pode ser fixada como meta no momento da definição do preço de venda dos produtos e serviços. Se ela não é conhecida, a empresa pode estar vendendo bastante e mesmo assim tendo prejuízo. É a Margem de Contribuição que irá garantir a cobertura do custo fixo e da geração de lucro, após a empresa ter atingido o Ponto de Equilíbrio (ponto crítico das vendas), conteúdo que estudaremos nas próximas aulas. Vamos analisar a aplicabilidade da Margem de Contribuição em casos práticos: Caso 1 Determinada indústria adota como Método de Custeamento o Custeio Variável. No mês de fevereiro, produziu e vendeu 5.000 unidades de um produto, de acordo as seguintes informações: Preço devenda unitário: R$20,00 Alíquota de tributos incidentes sobre as vendas: 10% Custo variável unitário: R$11,00 Percentual de comissão sobre vendas: 5% Considerando-se apenas as informações apresentadas, vamos calcular a Margem de Contribuição Unitária e o Índice da Margem de Contribuição desse produto. SOLUÇÃO Cálculo da Margem de Contribuição: MCunit = PV – (CV + DV) MCunit = 20,00 – (11,00 + 2,00+ 1,00) MCunit = 20,00 – (14,00) MCunit = 6,00 Cálculo do Índice da Margem de Contribuição: IMC = (MCUnit / PV) * 100 IMC = (6,00 / 20,00) * 100 IMC = 30% Vamos esquematizar: + Valor Total das Vendas 100.000,00 - Custos Variáveis Totais (55.000,00) - Despesas Variáveis Totais (15.000,00) = Margem de Contribuição Total 30.000,00 Índice da Margem de Contribuição 30% OU + Preço de Vendas Unitário 20,00 - Custos Variáveis Unitários (11,00) - Despesas Variáveis Unitários (3,00) = Margem de Contribuição Unitária 6,00 Índice da Margem de Contribuição 30% Caso 2 Vejamos agora um caso onde a empresa precisa fazer uma escolha entre duas opções de venda. Vamos utilizar a Margem de Contribuição e o índice da Margem de Contribuição para decidir o que for mais vantajoso para a empresa. Suponha que uma empresa tenha capacidade de produção de 1.000 camisas por mês. Ela recebeu dois pedidos: o primeiro de 900 camisas básicas e o segundo de 1.000 camisas gola polo. Para atender a tais pedidos a empresa incorre com os seguintes gastos: Custos e Despesas Fixas = R$ 2.000,00 / mês Camisa Básica Camisa Polo Preço de Venda R$ 10,00 R$ 15,00 Custos e Despesas Variáveis R$ 7,00 R$ 12,50 Vejamos, mesmo que a empresa não venda nada e, independente de qual pedido que a empresa venha atender, os custos e as despesas fixas, seus gastos de estrutura irão ocorrer. Desta forma, vamos calcular a margem de contribuição unitária de cada camisa e verificar qual camisa tem mais capacidade de geração de lucro. Fórmulas: Em valor R$: MC = Preço de venda - (Cv + Dv) Em percentual (%): MC % = [MC (R$) / Preço Venda (R$)] * 100 SOLUÇÃO Camisa Básica: MCunit = 10,00 – 7,00 MCunit = 3,00 IMC = (3,00 / 10,00) * 100 IMC = 30% Camisa Polo: MCunit = 15,00 – 12,50 MCunit = 2,50 IMC = 2,50 / 15,00) * 100 IMC = 16,67% Podemos verificar pela MCUnit que apesar da camisa polo ser vendida por um preço mais caro, a camisa básica gera, financeiramente, um lucro maior de 0,50 centavos, R$3,00, enquanto a camisa polo foi R$2,50. Pelo IMC podemos ver o potencial de geração de lucro do produto. Na camisa básica, 30% do preço transformam-se em lucro. Já na camisa polo o percentual de lucratividade do produto é de apenas 16,67%. Vejamos como fica o lucro da empresa analisando as duas opções na Demonstração de Resultado. DRE Camisa Básica Camisa Polo Receita 9.000,00 15.000,00 (-) Custos e Despesas Variáveis (6.300,00) (12.500,00) (=) Margem de Contribuição 2.700,00 2.500,00 (-) Custos e Despesas Fixas (2.000,00) (2.000,00) (=) Lucro 700,00 500,00 Percebemos que o lucro proporcionado pela venda de camisa básica foi R$200,00 a mais do que a venda de camisa polo. Apesar do pedido de camisa polo ser de 1.000 unidades, 100 unidades a mais do que a camisa básica, que foi de 900 unidades, e mesmo a camisa polo sendo vendida por um preço maior, a estrutura de custos do produto fez com que ela, mesmo tendo vantagens de preço e quantidade, não fosse a mais viável.
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