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PAGAMENTO COM SUB-ROGAÇÃO CONCEITO Segundo Carlos Roberto Gonçalves, na linguagem jurídica fala-se de sub-rogação, em geral, para designar determinadas situações em que uma coisa se substitui a outra coisa ou uma pessoa a outra pessoa. Há um objeto ou um sujeito jurídico que toma o lugar de outro diverso. Sub-rogação é, portanto, a substituição de uma pessoa, ou de uma coisa, por outra pessoa, ou outra coisa, em uma relação jurídica. Sub-Rogação Pessoal : Substituição de sujeito Sub-Rogação Real : Substituição de objeto Na sub-rogação pessoal, segundo CLÓVIS BEVILÁQUA, ocorre a transferência dos direitos do credor para aquele que solveu a obrigação, ou emprestou o necessário para solvê-la. Esta forma de sub-rogação e a tratada pelo código civil. A Sub-Rogação transfere ao novo credor todos os direitos, ações, privilégios e garantias do credor primitivo, em relação a dívida, contra o devedor principal e os fiadores. Não se cria uma nova obrigação, apenas as os sujeitos são substituídos. A origem do instituto remonta ao direito romano, onde surgiu inspirado na idéia de conferir proteção a terceiro que salda débito alheio e, com isso, evitar enriquecimento ilícito do devedor. PRESSUPOSTOS DA SUB-ROGAÇÃO São pressupostos da sub-rogação: Existência de vínculo obrigacional “Res debita” representada por obrigação de dar ou fazer fungível OBS : Res debita = Coisa devida :Coisa em relação à qual existe algum tipo de débito, parcial ou total. Pagamento por iniciativa de terceiro Substituição do credor primitivo pelo terceiro A lei não exige forma especial. No entanto, tratando-se de sub-rogação convencional, a transferência dos poderes do credor primitivo ao novo credor deve ser expressa. Espécies de Sub-Rogação 3.1 Sub-Rogação Legal : A sub-rogação legal é a que decorre da lei, independentemente de declaração do credor ou do devedor. Em regra o motivo determinante da sub-rogação, quando nem credor nem devedor se manifestam favoravelmente a ela, é o fato de o terceiro ter interesse direto na satisfação do crédito. EX : codevedor solidário, como o fiador ou avalista, que pode ter o seu patrimônio penhorado se o devedor principal não realizar a prestação. É tratada no Código Civil pelo Artigo 346, que se trata de um roll taxativo. Art. 346. A sub-rogação opera-se, de pleno direito, em favor: I - do credor que paga a dívida do devedor comum; Ex: credores com diferentes graus de garantia. Caso Concreto : Credor “A” e o Credor “B” ambos tem uma divida a receber com um Devedor “D”. 1 – “D” no momento em que adquiri a obrigação com o “A” estipula uma garantia 2 – “D” no momento em que adquiri a obrigação com “B” não estipula uma garantia. Resolução: “B” conversa com “A”, onde fica acordado que “B” cumpre o pagamento da dívida de “D” e subroga-se no direito de “A”, ou seja, “B” agora ganha todos os direitos e garantias que o “A” tinha com o “D”. II - do adquirente do imóvel hipotecado, que paga a credor hipotecário, bem como do terceiro que efetiva o pagamento para não ser privado de direito sobre imóvel; Este inciso da segurança a quem adquiri imóvel hipotecado. Vale ressaltar que esse inciso tem duas interpretações. Do adquirente do imóvel hipotecado, que paga a credor hipotecário. Ex :O adquirente com medo de perder o imóvel que foi hipotecado, realiza o pagamento da divida para o credor hipotecário, sub-rogando o ultimo nos seus direitos. Exemplo: 1 - João quer comprar uma casa que pertence a José 2 – Esta casa e garantia ( hipoteca ) em uma obrigação que José deve para com Mario. Resolução : João paga para Mario a divida que José tinha com Mário, e assume o local de Mario na obrigação que Jose tinha com Mario, se tornando novo credor, o qual e transmitida a garantia da casa, ou seja, João fica tem segurança para adquirir o imóvel sem correr risco de perde-lo para outro por motivos de negociações anteriores. bem como do terceiro que efetiva o pagamento para não ser privado de direito sobre imóvel. Ex : Uma pessoa que tem um direito possessório de um imóvel, no caso um inquilino, que paga a divida do outro inquilino que tem o contrato de locação do imóvel em seu nome, com o credor do imóvel, para não ser despejado do imóvel. III - do terceiro interessado, que paga a dívida pela qual era ou podia ser obrigado, no todo ou em parte. Ex: Fiador, avalista, companhia de seguros. OBS : Súmula 188 STF - O segurador tem ação regressiva contra o causador do dano, pelo que efetivamente pagou, até ao limite previsto no contrato de seguro. 3.2 Sub-Rogação Convencional : A sub-rogação convencional decorre, como foi dito, da vontade das partes, podendo se dar por iniciativa ou declaração do credor e ainda por interesse ou declaração do devedor, nas hipóteses em que não se acham presentes os pressupostos da sub-rogação legal. Diz respeito quando terceiro não interessado sub-roga o credor primitivo. É tratada pelo artigo 347 do Código Civil. Art. 347. A sub-rogação é convencional: I - quando o credor recebe o pagamento de terceiro e expressamente lhe transfere todos os seus direitos; II - quando terceira pessoa empresta ao devedor a quantia precisa para solver a dívida, sob a condição expressa de ficar o mutuante sub-rogado nos direitos do credor satisfeito. Ex: Sistema de Financiamento Habitacional ( Caixa Econômica Federal ) Sub-Rogação Parcial No caso de pagamento parcial por terceiro, o crédito fica dividido em duas partes: a parte não paga, que continua a pertencer ao credor primitivo, e a parte paga, que se transfere ao sub-rogado. Efeitos da Sub-Rogação A sub-rogação constitui efeito do pagamento seu principal efeito consiste na substituição do credor primitivo pelo terceiro que efetuou o pagamento. Se o pagamento for parcial, a sub-rogação também será parcial. Neste caso, o credor originário deverá ter preferência sobre o sub-rogado (art. 351, CC). A sub-rogação pessoal também tem como efeito a continuidade da relação obrigacional. Altera-se apenas o credor originário. A sub-rogação pessoal tem efeito liberatório porque exonera o devedor em face do credor originário; e translativo quando permite a transmissão de atos com seus acessórios (art. 349, CC). Na sub-rogação legal o sub-rogado não poderá exercer os direitos e as ações do credor, senão até a soma que tiver desembolsado (art. 350, CC). Sendo a sub-rogação convencional, deverão lhe ser aplicadas as regras da cessão de crédito. O devedor poderá opor ao sub-rogado as defesas que possuía em face do credor originário. A sub-rogação legitima o sub-rogado a promover a execução ou a continuá-la. Caso Concreto Jose e fiador de Maria em um contrato de locação de imóvel. Ocorre que Maria não efetuou o pagamento dos alugueis dos últimos 06 meses, estando a mesma respondendo o processo de despejo. Maria não possui patrimônio pra responder pela execução da divida, razão pela qual o locador notificara Jose para que pague a divida, sob pena de responder ele próprio pela divida em ação de cobrança. Jose, que e empresário e não pode ter bens penhorados, nem o nome “sujo” efetua o pagamento da divida total de Maria para com o locador. Qual a condição jurídica de José no fato do pagamento que realizou ao locador ? Nessa condição especifica que da a Jose o direito de ser solvens, após ter efetuado o pagamento da divida de sua afiançada, assistir-lhe algum direito assegurando em lei ? Qual ? Fundamente. No contrato de locação havia clausulas que estipulavam cláusula penal, multa e taxa de juros pelo não pagamento do aluguel no prazo. Como Jose efetuou o pagamento na condição de fiador de Maria, como ficara pra ele o direito em face de Maria ? Explique. Caso o fiador tenha formulado um acordo com o locador, tendo este aceito dar a quitação total da divida de Maria, mediante o recebimento de apenas 75% do credito que possuía, o fiador-solvens exigirá de Maria em ação de regresso total da divida ? Explique e fundamente.
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