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Universidade Federal do Rio de Janeiro TECNOLOGIA BUBBLEDECK: UMA ABORDAGEM DE SUA EXECUÇÃO E APLICABILIDADE QUANDO COMPARADA A LAJE STEEL DECK Matheus Pereira de Sousa Lima 2017 i TECNOLOGIA BUBBLEDECK: UMA ABORDAGEM DE SUA EXECUÇÃO E APLICABILIDADE QUANDO COMPARADA A LAJE STEEL DECK Matheus Pereira de Sousa Lima Projeto de Graduação apresentado ao curso de Engenharia Civil da Escola Politécnica, Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Engenheiro. Orientador: Luís Otávio Cocito de Araújo ii Rio de Janeiro Fevereiro de 2017 TECNOLOGIA BUBBLEDECK: UMA ABORDAGEM DE SUA EXECUÇÃO E APLICABILIDADE QUANDO COMPARADA A LAJE STEEL DECK Matheus Pereira de Sousa Lima PROJETO DE GRADUAÇÃO SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO CURSO DE ENGENHARIA CIVIL DA ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE ENGENHEIRO CIVIL. Examinado por: _________________________________ Prof. Luis Otávio Cocito de Araújo, D.Sc., Orientador _________________________________ Prof. Elaine Garrido Vazquez, D.Sc. _________________________________ Prof. Assed Naked Haddad, D.Sc., iii RIO DE JANEIRO, RJ – BRASIL Lima, Matheus Pereira de Sousa Tecnologia Bubbledeck: Uma abordagem de sua execução e aplicabilidade quando comparada a laje Steel Deck/Matheus Pereira de Sousa Lima – Rio de Janeiro: UFRJ/Escola Politécnica,2017. xiii, 132 p.: 29,7 cm. Orientador: Luis Otávio Cocito de Araújo Projeto de Graduação – UFRJ / Escola Politécnica / Curso de Engenharia Civil, 2017. Referências Bibliográficas: p. 95 1. Introdução 2. Industrialização na Construção Civil 3. Lajes Steel Deck 4. Lajes Bubbledeck 5. Estudo Prático 6. Análise Comparativa Steel Deck x Bubbledeck 7. Considerações finais 8.Anexos I. Cocito de Araújo, Luis Otavio; II. Universidade Federal do Rio de Janeiro, Escola Politécnica, Curso de Engenharia Civil. III. Título iv Dedico este trabalho à minha família – Antero Lima, Verônica Lima, Renan Lima e Giovanna Lima. v AGRADECIMENTOS Em primeiro lugar agradeço aos meus pais, Antero de Sousa Lima Neto e Verônica Pereira de Sousa Lima pelos papéis fundamentais na minha formação, sem eles, nada disso seria possível. Ao meu pai, por todo o apoio necessário para minha formação como homem e sua sabedoria e dedicação em sua profissão, que me servem como espelho para almejar grandes desafios. A minha mãe pela sua paciência, apoio, carinho e suas palavras, que sempre me serviram de base nos momentos mais oportunos e trilham o meu melhor caminho. Sou grato a meus irmãos, Renan Lima e Giovanna Lima, por todo o carinho e disponibilidade de ajudar sempre. Agradeço também aos amigos que fiz durante a trajetória da Graduação, por me ajudarem sempre nesses anos, me dando forças e me ajudando no que for preciso. Tenho certeza que essas amizades serão eternas. Aos meus amigos pessoais, que em sua maioria, me acompanham desde a infância e adolescência. Absorvo diariamente o melhor de cada um de vocês e isto me faz crescer como pessoa e como profissional. Obrigado por tudo, pelos momentos de diversão até os momentos de críticas. Aos meus treinadores e companheiros de Polo Aquático, que foram essenciais para o meu desenvolvimento no esporte e na vida. vi Agradeço ao Consórcio Construtor Galeão, por todo o conhecimento transmitido. Meu obrigado se direcionada principalmente aos meus líderes diretos, que contribuíram para minha formação como engenheiro, suas experiências e conhecimentos foram essenciais para a minha formação. Agradeço, por último, ao meu orientador, o professor Luís Otávio Cocito de Araújo, pela confiança e orientações depositadas neste trabalho, fundamentais para a composição da monografia. vii Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica - UFRJ como parte dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro Civil. TECNOLOGIA BUBBLEDECK: UMA ABORDAGEM DE SUA EXECUÇÃO E APLICABILIDADE QUANDO COMPARADA A LAJE STEEL DECK Matheus Pereira de Sousa Lima Fevereiro de 2017 Orientador: Luis Otávio Cocito de Araújo Curso: Engenharia Civil Com um olhar crítico na Construção Civil pode-se definir uma série de particularidades do setor não comuns aos demais tipos de indústrias produtivas. Tradicionalmente, no Brasil, este setor é caracterizado por apresentar pouca inovação, ineficiências produtivas e mão de obra pouco qualificada. Em virtude da aceleração do crescimento do setor nos últimos anos e a necessidade de atender prazos cada vez mais curtos, se verificou a necessidade de criar métodos alternativos de produção construtiva mais industrializados, de maneira a fugir dos atrasos de obras e melhorar os indicativos produtivos. Com esta visão, esta monografia se propôs a estudar os métodos construtivos industrializados mais comuns, e assim, do ponto de vista inovador, apresentar uma alternativa nova que surge no mercado brasileiro, a tecnologia de lajes Bubbledeck. Como resultado, foi possível notar como foi a inserção desta tecnologia em uma obra de médio a grande porte e realizar uma comparação entre esta alternativa inovadora e uma técnica já mais difundida e em ainda crescente no mercado, a laje Steel Deck. Palavras-chave: Industrialização, Inovação, Construção, Steel Deck, BUBBLEDECK viii Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/UFRJ as a partial fulfillment of the requirements for the degree of Engineer BUBBLEDECK TECHNOLOGY: ONE APPROACH TO ITS IMPLEMENTATION AND APPLICABILITY WHEN COMPARED TO STEEL DECK SLAB Matheus Pereira de Sousa Lima Fevereiro de 2017 Critically looking upon Civil Construction one can define a series of particularities of the sector uncommon to others kinds of productive industries. Traditionally, in Brazil, this sector is characterized by low innovation, inefficient production and unskilled labor. Due to the acceleration of the sector’s growth in recent years and the need to meet ever shorter deadlines, there has been a need to create alternative production methods of construction more industrialized so as to avoid delays in construction and improve production indicatives. Therefore, this project was proposed to study the most common industrialized construction methods, and thus, from an innovation point of view, present a new alternative that emerges in the Brazilian market, Bubbledeck slub technology. As result, it was possible to observe how the insertion of this technology was in a medium to large construction, and compare this innovative alternative and to a technique more widespread and still increasing in the market, the Steel Deck slab. Keywords: Industrialization, Innovation, Construction, Steel Deck, BUBBLEDECK ix Sumário 1 Introdução ........................................................................................................................................1 1.1. Contexto .............................................................................................................................. 1 1.2. Justificativa .......................................................................................................................... 4 1.3. Objetivo ............................................................................................................................... 6 1.4. Metodologia ........................................................................................................................ 7 2 Industrialização na Construção Civil ............................................................................................ 8 2.1. Considerações Iniciais ......................................................................................................... 8 2.2. Benefícios da Industrialização ........................................................................................... 11 2.3. Métodos Construtivos com sistemas industrializados em obra de Edificações de médio à grande porte .................................................................................................................................. 14 2.3.1. Sistemas estruturais Pré Fabricados/Pré-Moldados ..................................................... 14 2.3.2. Estrutura Metálica ......................................................................................................... 19 3 Laje Steel Deck ........................................................................................................................... 21 3.1. Histórico ............................................................................................................................ 21 3.2. Conceito ............................................................................................................................ 23 3.3. Dimensionamento ............................................................................................................. 27 3.4. Metodologia Construtiva .................................................................................................. 29 3.4.1. Fabricação das Chapas .................................................................................................. 29 3.4.2. Transporte e Armazenamento ...................................................................................... 31 3.5. Montagem das fôrmas e fixação ....................................................................................... 32 3.6. Armadura Complementar e Concretagem ........................................................................ 33 4 Laje Bubbledeck ......................................................................................................................... 36 4.1. Histórico ............................................................................................................................ 36 4.2. Conceito ............................................................................................................................ 38 4.3. Dimensionamento ............................................................................................................. 43 4.4. Metodologia Construtiva .................................................................................................. 45 4.4.1. Fabricação de módulos Bubbledeck .............................................................................. 45 4.4.2. Fabricação de painéis .................................................................................................... 49 4.4.3. Montagem e Armadura complementar ........................................................................ 53 4.4.4. Plano de Concretagem .................................................................................................. 58 5 Estudo Prático ........................................................................................................................... 60 x 5.1. Descrição do Empreendimento ......................................................................................... 60 5.2. O projeto ........................................................................................................................... 62 5.3. Metodologia Executiva ...................................................................................................... 67 5.3.1. Produção dos módulos e painéis Bubbledeck ............................................................... 67 5.3.2. Transporte e Estocagem dos Painéis ............................................................................. 69 5.3.3. Escoramento ................................................................................................................. 71 5.3.4. Montagem do Painel ..................................................................................................... 73 5.3.5. Armadura Complementar ............................................................................................. 75 5.3.6. Fechamento da Fôrma .................................................................................................. 75 5.3.7. Concretagem e Cura ...................................................................................................... 77 5.4. Planejamento e Produção ................................................................................................. 78 5.5. Problemas Observados...................................................................................................... 83 5.5.1. Fase de Estudo .............................................................................................................. 83 5.5.2. Fase de Implantação ..................................................................................................... 84 6 Análise Comparativa: Steel Deck X Bubbledeck ..................................................................... 85 6.1.1. Qualidade e Meio Ambiente ......................................................................................... 87 6.1.2. Produção ....................................................................................................................... 89 6.1.3. Custo .............................................................................................................................. 91 7 Considerações Finais ................................................................................................................. 94 7.1. Sugestões para trabalhos futuros ..................................................................................... 95 Referências Bibliográficas ................................................................................................................. 97 8 Anexos ..................................................................................................................................... 102 xi Índice de Figuras Figura 1 – Participação do VABpb da Construção Civil, Fonte: IBGE 2016 ............................... 2 Figura 2 – Porcentagem da população empregada na Construção Civil, Fonte: CBIC 2016 ...... 2 Figura 3 - Exemplo de Laje nervurada com fôrmas de plástico, Fonte: Imagem google ........... 16 Figura 4 – Detalhe Seção laje alveolar, Fonte: Pereira (2001) ...................................................... 17 Figura 5 – Desenho esquemático aplicação da Laje Bubbledeck, Fonte: Pini Web (2014) ........ 18 Figura 6 – Ponte Coalbrookdale- Inglaterra, construída em 1799, fonte: Google Imagem ....... 21 Figura 7 – Detalhe exemplo dos elementos da Laje Steel Deck, fonte: Google Imagem ............. 25 Figura 8 – Exemplo de Armadura negativas na região dos pilares, fonte: Imagem Google ...... 27 Figura 9 – Detalhe de ArmaduraPositiva Complementar, fonte: CICHINELLI 2009 .............. 28 Figura 10 – Detalhe de aplicação dos Stud Bolt com a ferramenta pneumática, fonte: imagem google ................................................................................................................................................ 33 Figura 11 – Representação do painel Bubbledeck, fonte: Bubbledeck Brasil .............................. 38 Figura 12 – Exemplo de Módulo BB, fonte: Bubbledeck Brasil .................................................... 39 Figura 13 - Exemplo de Painel BB, fonte: Bubbledeck Brasil ....................................................... 40 Figura 14 - Exemplo de peça inteira BB, fonte: Bubbledeck Brasil .............................................. 41 Figura 15 – Baia e Produção dos módulos BB, fonte: Arquivo Empresa ..................................... 47 Figura 16- a esquerda – Soldagem das Treliças; a direita - distribuição das esferas sobre a armadura inferior, fonte: Arquivo Empresa ................................................................................... 47 Figura 17 - a esquerda – módulo finalizado com a malha superior; a direita – identificação do módulo BB, fonte: site Engemolde ................................................................................................... 48 Figura 18 – Posicionamento dos Painéis BB para estocagem, fonte: Arquivo Empresa ............. 50 Figura 19 – Limpeza das Fôrmas BB, fonte: Arquivo Empresa .................................................... 51 Figura 20 – Posicionamento das vigas de contra-peso, fonte: Arquivo Empresa ......................... 52 Figura 21 - Sistema de escoramento, fonte: Arquivo Empresa ...................................................... 54 Figura 22 – Içamento do Painel BB, fonte: Arquivo Empresa ....................................................... 55 Figura 23 – Sequenciamento da montagem do painel BB, fonte: Arquivo Empresa ................... 56 Figura 24 – Plano de Lançamento do concreto, fonte: Arquivo Empresa .................................... 58 Figura 25 – Espaçamento dos vãos entre pilares, fonte: Arquivo Empresa ................................. 62 Figura 26 – Característica do Projeto, fonte: Arquivo Empresa adaptado .................................. 63 Figura 27 – Pavimentos do EDG em Corte adaptado, fonte: Arquivo Empresa adaptado ......... 64 Figura 28 – Projeto seção transversal Laje BB, fonte: Arquivo Empresa .................................... 65 Figura 29 – Mapa de localização dos Painéis BB – Junta 05 e 06 , fonte: Arquivo Empresa ..... 66 Figura 30 – Fluxo de Atividades, a) Armadura dos módulos, b) Preparação e limpeza das fôrmas, c) Concretagem das fôrmas, d) Dplicação do módulo na fôrma, e) Desforma do painel, fonte: Arquivo Empresa adaptado ........................................................................................ 68 Figura 31 – Carragemento dos Painéis BB, fonte: Arquivo Empresa ........................................... 69 Figura 32 – Layout de Distribuição dos Painéis BB, fonte: Arquivo Empresa ........................... 70 Figura 33 – a) Mesas prontas e niveladas , b) Painéis BB sobre as mesas, fonte: Arquivo Empresa adaptado ............................................................................................................................. 71 xii Figura 34 – Processo de Escoramento Especial - a) Consoles sobre os Pilares, b) Aplicação das vigas sobre os Consoles , c) Colocação das treliças sobre as vigas, d) Escoramento Especial Pronto, fonte: Arquivo Empresa adaptado ....................................................................................... 72 Figura 35 - Projeto Plano de rigging, fonte: Arquivo Empresa .................................................... 74 Figura 36 – Processo Montagem dos Painéis. a)Posicionamento da Carreta, b)Carregamento pela grua, c)Aplicação conforme mapeamento, d)Junta completa, fonte: Arquivo Empresa - adaptado ............................................................................................................................................ 74 Figura 37 – Armadura dos capiteis, fonte: Arquivo Empresa ....................................................... 75 Figura 38 – Fechamento da fôrma lateral da Laje, fonte: Arquivo Empresa .............................. 76 Figura 39 – Passos para concretagem e cura da Laje, fonte: Arquivo Empresa adaptado .......... 78 Figura 40 – Fluxo de Atividades, fonte: Arquivo Empresa ............................................................ 79 Figura 41 – Duração das Atividades, fonte: Arquivo Empresa ..................................................... 80 Figura 42 – Produção de concretagem das Lajes Bubbledeck ao mês, fonte: Arquivo Empresa 82 Índice de Tabelas Tabela 1 - Normas aplicáveis em estruturas mistas, fonte: ABNT .............................................. 26 Tabela 2 - Normas aplicáveis para Bubbledeck, fonte: ABNT .................................................... 42 Tabela 3 - Tipos de diâmetro das esferas (Bubbles), fonte: Bubbledeck Brasil .......................... 44 Tabela 4 – Diâmetros e seus características estruturais, fonte: Bubbledeck Brasil .................... 44 Tabela 5 – Materiais, Equipamentos e equipe necessária para fabricação do módulo BB, fonte: Autor ................................................................................................................................................. 46 Tabela 6 - Materiais, Equipamentos e equipe necessária para fabricação do módulo BB, fonte: Autor ................................................................................................................................................. 49 Tabela 7 - Materiais, Equipamentos e equipe necessária para fabricação do módulo BB, fonte: Autor ................................................................................................................................................. 53 Tabela 8- Materiais, Equipamentos e equipe necessária para fabricação do módulo BB, fonte: Autor................................................................................................................................................. 58 Tabela 9 - Equipe Dimensionada para execução Laje Bubbledeck, fonte: Arquivo Empresa ... 81 Tabela 10 - Problemas previstos na fase de estudo, fonte: Arquivo Empresa adaptado ............. 83 Tabela 11 - Problemas durante a Fase de Implantação da tecnologia, fonte: Arquivo Empresa 84 Tabela 12 - Análise Comparativa Steekdeck e Bubbledeck, fonte: Autor ................................... 86 Tabela 13 – Custo para implantação da Estrutura Steel Deck no Estudo Prático, fonte: Autor ....................................................................................................................................... 92 Tabela 14 - Custo para implantação da Estrutura BB no Estudo Prático, fonte: Autor .......... 93 Sigla BB – Bubbledeck 1 1 Introdução 1.1. Contexto A indústria da Construção Civil de 2007 a 2014 recebeu um grande incentivo monetário dado por um forte apelo governamental as obras de infraestrutura e do ramo imobiliário como programas de aceleração de crescimento (PAC), Minha Casa Minha Vida e da realização dos eventos esportivos, a Copa do Mundo de Futebol e as Olimpíadas. Neste período, a construção civil chega a uma participação de 6,48% do VAB (Valor Acrescentado Bruto)1 no total do VAB Brasil no ano de 2012 e a uma taxa de crescimento ao ano de 13.1% no ano de 2010, como representado na figura 1. Aumenta-se, por conseguinte, a taxa da população ocupada no setor em relação a população total empregada no País, se chegando a incrível marca de 8,67% da população do País no setor. Na figura 2, pode-se perceber este crescimento. Dessa forma, há uma mudançade paradigmas frentes aos baixos investimentos realizados no setor nas décadas de 80 e 90. Entretanto, desde 2014 o cenário econômico do País não inspira otimismo. Devido ao fim dos investimentos realizados pelos eventos esportivos, principalmente, e de um cenário de crise política e financeira. Se observou no ano de 2013 para 2014 uma redução na taxa de crescimento do setor de 2,1% a.a., seguindo de sucessivas retrações em 2015 de 6,5% e uma projeção negativa de 5,0% em 2016. (CBIC, 2016) 1 Valor Acrescentado Bruto é o resultado final da atividade produtiva de um determinado período. Resulta da diferença entre o valor de produção e o valor de consumo intermédio, originando excedentes. 2 Logo, frente a este cenário desfavorável e de desconfianças, as consequências são drásticas, verifica-se o fechamento de 450 mil postos de trabalho de outubro de 2014 para outubro de 2015. Encerrando diversas empresas no setor da construção e uma queda substancial dos salários. Figura 1 – Participação do VABpb da Construção Civil, Fonte: IBGE 2016 Figura 2 – Porcentagem da população empregada na Construção Civil, Fonte: CBIC 2016 De certo, para reverter a crise atual e retomar o crescimento do País há a necessidade de retomar o crescimento da indústria da construção devido sua forte influência no cenário econômico e na participação do PIB. 3 Para voltar ao crescimento, segundo a agenda da Construção Civil (2016/2018), é importante adotar novas fontes de investimentos, melhorar as relações de trabalho, reduzir a informalidade dos trabalhadores na área, usar mais eficientemente os recursos e apostar nas parcerias públicos privadas. Por ora, aumentar a produtividade de nossos trabalhadores, apostar na inovação tecnológica seria uma mudança de importante e um recomeço do setor em seu novo ciclo. Segundo a Conference Board (2016), a taxa de produtividade do trabalhador Brasileiro em 2014 era de -0,1% quando comparada as produtividades dos países emergentes (baseado no mercado Chinês) e em 2015 apresentou queda de -4,1% e ainda possui uma projeção de queda de -4,2%, também em 2016. Comparada a produtividade americana, o brasileiro apresenta uma taxa de produtividade de 25% da americana, ou seja, produzindo quatro vezes menos. Evidentemente, antes de tudo, para melhorar estes indicadores e taxas de produtividades na construção civil é preciso que as empresas do ramo invistam em metodologias e pesquisas de mensuração de seus processos produtivos e de seus funcionários. Com indicadores de produtividades mensurados, pode-se então com maior certeza, fazer gestão de seus prazos e recursos para aumentar o controle sobre as atividades realizadas nas obras. Com prazos curtos e a necessidade de aumentar a produção, empresas do setor da Construção optam por diversas vezes a industrializar alguns processos, práticas estas já realizadas em vários países desenvolvidos. Industrializar, possuí uma série de vantagens do ponto de vista da construtibilidade, porém se mal dimensionadas ou executadas, podem gerar grandes prejuízos econômicos. 4 Assim, adotando esta metodologia construtiva, é possível amenizar algumas particularidades da indústria da construção civil. São elas: a alteração da produtividade em dias chuvosos, por ser uma fábrica ao ar livre, e o amadurecimento dos projetos, que minimizam retrabalhos e problemas nas frentes de serviço. Além do mais, há uma maior atratividade da mão de obra. O ambiente fabril traz menor risco aos trabalhadores e melhora o ambiente hostil ao que estão inseridos, requerendo menores desgaste físicos em seu dia a dia produtivo. Portanto, o grande desafio para mudar o panorama atual é entender os processos produtivos convencionais que se está inserido e transformá-los em mais inovadores e produtivos. Atraindo assim, profissionais mais qualificados, melhorando o ambiente e proporcionando mais produtividade. De outra forma, haverá a necessidade de esperar maiores demandas, como a que ocorreu entre 2007 e 2013, para se ter resultados positivos do PIB da construção civil e dessa forma, perpetuar com o cenário de pouca inovação e produtividade frente aos Países emergentes e desenvolvidos. 1.2. Justificativa A necessidade da busca por métodos construtivos inovadores que tornem a indústria da construção civil mais produtiva é um assunto abordado em esfera Mundial. Frente ao cenário econômico de intensa concorrência no mercado, redução de custos e prazos curtos, a adoção de métodos inovadores e eficientes capazes de atender a demanda sem comprometer a qualidade e o produto final é o grande diferencial para as empresas serem bem-sucedidas. Segundo Aro e Amorim (2004), devido as mudanças socioeconômicas significativas que ocorreram no Brasil a partir do final da década de 80, iniciou-se um questionamento da 5 indústria da construção civil quanto ao seu atraso tecnológico e seu modo de agir e pensar no processo de produção. Assim, se chegou à conclusão que a medida que a população começa a buscar e ter acesso a uma melhor educação, ela acaba por migrar para empregos em outros setores. Este ganho em qualificação, permite que essas pessoas galguem outros postos no mercado de trabalho. Isso desguarnece a construção civil e leva à necessidade de procurar processos que demandem menos mão de obra. Até hoje, diversos trabalhos já abordaram de alguma forma comparativos entre os ganhos de produtividade de lajes pré-moldadas ou pré-fabricas com o modelo convencional de construção de concreto armado in loco, principalmente lajes Steel Deck, protendidas e nervuradas. Reproduzindo uma tendência do mercado da construção civil, em que se procura cada vez mais um ambiente de mais montagem e menos moldagem. Porém, muito pouco se possui ciência ainda do método construtivo de laje Bubbledeck. Criada na Dinamarca em 1980, a tecnologia apresenta algumas vantagens particulares das lajes pré-fabricadas de concreto, com a novidade da adição de Bubble’s (esferas plásticas) em seu interior, que resultam em algumas vantagens que serão abordadas com mais detalhes nos capítulos posteriores. Na contramão da tendência de construção por estruturas metálicas, a tecnologia se torna uma alternativa eficiente na redução de prazos e custos de empreendimentos comerciais, residenciais e obras de infraestrutura, principalmente aquelas que possuem grandes vãos e cargas elevadas. No entanto, o pouco conhecimento dela e a baixa familiaridade trazem inseguranças quanto sua aplicação. 6 Frente as características arquitetônicas curvas atuais, assim como o Steel Deck, o Bubbledeck permite layouts flexíveis que se adaptam a essas características. Por outro lado, ao apresentar alta capacidade de reciclagem de plástico para a confecção das esferas que irão em seu interior, a não necessidade de fôrmas e a redução do volume de concreto na laje, a tecnologia se torna ecológica, sendo então premiada com o “Selo Verde” de sustentabilidade. 1.3. Objetivo O presente trabalho tem como objetivo a apresentação da tecnologia Bubbledeck, de maneira a buscar e instigar o conhecimento sobre ela. Assim como uma comparação da aplicabilidade deste método quando a estrutura mista Steel Deck, em amplo crescimento no mercado. Serão abordados assuntos relativos aos conceitos técnicos, de dimensionamento e metodologia construtiva das duas tecnologias, assim como vantagens e desvantagens e normas aplicáveis. 7 1.4. Metodologia A metodologia aplicada para a elaboração deste trabalho foi realizada buscando-seo conhecimento sequencialmente e crescente em etapas, dividas assim: I. Introdução do panorama atual da Construção Civil. II. Apresentação do crescimento da industrialização do Brasil e no Mundo, assim como seus benefícios e particularidades. III. Caracterização dos mecanismos pré-fabricados/pré-moldados e as estruturas metálicas em obras de médio e grande porte. IV. Entendimento do conceito da Laje Steel Deck, apresentando suas características e metodologia construtiva. V. Entendimento do conceito da Laje Bubbledeck, apresentando suas características e metodologia construtiva. VI. Apresentação de um Estudo de Caso que demonstra com maior rigor e aprofunda o entendimento da tecnologia de Laje Bubbledeck. VII. Comparação entre a Laje Steel Deck e a Bubbledeck, quanto aos aspectos relativos à sua aplicabilidade em diferentes projetos, assim como suas características de qualidade, produção e custo de implantação. 8 2 Industrialização na Construção Civil 2.1. Considerações Iniciais Segundo Blachere (1977), a industrialização da construção é um processo de natureza repetitiva, em que a variabilidade casual de cada fase que caracteriza as ações artesanais é substituída por graus pré-determinados de uniformidade e continuidade de execução, típica de operações parcial ou totalmente mecanizadas. O ato de industrializar é um processo antigo da humanidade. Ainda durante a Idade média, século V ao XV, novas inovações para melhoria de produção foram marcantes na época, como a criação dos moinhos de vento dedicados a moagem de cereais. Porém, somente no fim do século XVIII na Inglaterra, houve de fato a industrialização efetiva, quando foram incorporadas ao processo produtivo dois elementos que prefiguraram a noção de indústria moderna: as máquinas, capazes de produzir em série, e o aproveitamento de diferentes fôrmas de energia mais produtiva, como a térmica e a elétrica. É nesta fase onde há a mudança impactante das relações sociais e se configura a visão do empregador e empregado. (Negromonte, 2010) Enquanto no método artesanal o artesão realiza as operações principais e seus ajudantes e aprendizes as secundárias, no método industrial cada oficial realiza apenas algumas operações e em alguns casos uma única operação, para a qual adquire com o tempo e repetição uma grande facilidade e automatismo. (Negromonte, 2010) 9 As máquinas da primeira revolução industrial são máquinas simples e repetitivas, operadas pelo homem. Dois aspectos logo revelam-se extremamente importantes: primeiro, o da continuidade da produção; segundo, o da produtividade. Num determinado ciclo de produção as operações devem ser cronologicamente pré- determinadas e a produção convenientemente dimensionada para assegurar que as máquinas não tenham tempos ociosos. Por outro lado, a demanda deve ser organizada e dirigida. Organizada para ser contínua e dirigida para aceitar os modelos que a produção oferece, nascendo assim o conceito de produção em série. (Pigozzo, 2003) Logo, a Revolução muda a economia anteriormente mercantilista e passa a existir a economia de mercado, consolidando posteriormente o capitalismo como sistema. Rapidamente há a expansão dela, alastrando-se para outros países europeus, EUA e Japão. Anos depois, na segunda metade do século XIV houve uma série de inovações técnicas, entre elas a descoberta da eletricidade e a invenção do telefone. Contudo, uma das mais importantes descobertas da época, foram as transformações de ferro em aço - um metal mais resistente e de menor custo, a substituição das máquinas de vapor pela eletricidade e o motor a combustão interna. Tais invenções constituíram a chamada Segunda Revolução Industrial. Com o avanço e o sucesso das indústrias, ficou notório que mesmo os processos sendo industrializados, havia relativos problemas que interferiam no valor ou qualidade do produto final, limitando o potencial produtivo das indústrias. Visando melhoras nestes processos, eis que surge as concepções de empresários norte-americanos Henry Ford, Frederick Winslow Taylor e posteriormente do japonês Taiichi Ohno, que buscando aumentar a produtividade e eficiência e ainda diminuir os desperdícios durante o processo de produção da indústria 10 automobilística, criam processos e treinamentos que facilitam o trabalho em todas as cadeias de produção industrial. Esses processos são conhecidos como Fordismo, Taylorismo e Toyotismo, respectivamente. No Brasil, as mudanças socioeconômicas foram mais significativas a partir de 1942, quando Getúlio Vargas negociou sua entrada no bloco de países aliados na 2ª Guerra Mundial e adquiriu infraestrutura norte americana para a construção da CSN (Companhia Siderúrgica Nacional), dando início à indústria de base brasileira composta por aço, cimento, petróleo e energia. (Pigozzo, 2003) Porém, somente em 1956 que houve de fato mais investimentos em indústria, com a posse de Juscelino Kubistchek. Tendo em vista que nesta época ainda 60% da população Nacional ainda residia no campo (Bruna, 1976). Total que, no final dos anos 60, o governo anuncia um período de mudanças na arquitetura, engenharia e construção: com investimentos em aeroportos, rodovias e posteriormente metros, além de investimentos na indústria automobilística. Dessa forma o País passa a ser uma referência na utilização das estruturas de concreto Armado. Posteriormente, no fim da década de 80, vivendo uma grande crise econômica, a indústria da construção começa a debater seu atraso tecnológico e seu modo de agir e pensar ao seu processo produtivo. Assim, se presenciou a abertura do mercado da construção civil com a importação de novos produtos e tecnologias pelas construtoras, contribuindo para a evolução no setor. Em seguida, frente a instabilidade da moeda na década e uma ascensão do custo da mão de obra, as construtoras começam a julgar a tecnologia como ferramenta primordial de 11 competitividade. Dessa forma, muitas empresas começam a buscar a modernização gradativa em seus canteiros. (Pigozzo, 2003) Eis que se começa com mais vigor a utilização de métodos construtivos diferentes do convencional (concreto armado), como as lajes nervuradas, lajes Steel Deck, estruturas de concreto protendido, alvenaria estrutural, lajes pré-moldadas, estrutura mista e somente em 2013 o método construtivo Bubbledeck passa a ser utilizado no Brasil, no novo Centro Administrativo do Distrito Federal (CADF). 2.2. Benefícios da Industrialização Responsável por quase 6% em média do Valor Acrescentado Bruto Nacional como apresentado anteriormente, o setor da Construção Civil tem um relevante papel no processo de crescimento do País. Hoje, o grande desafio para os agentes públicos e privados da construção civil é a mudança de cenário na construção industrializada. É fundamental que o setor inove para deter o domínio de produção, empregando os princípios do processo de industrialização de forma estruturada, com gestão planejada de produção e com planejamento do fluxo de produção. Sabemos também que a industrialização na construção é um processo evolutivo, com incorporação de inovação tecnológica e de gestão, com as ações organizacionais que buscam o aumento de produção e o aprimoramento do desempenho da atividade construtiva. (Manual da Construção Industrializada – ABDI, 2010). Por ora, é evidente que os processos convencionais ainda são largamente utilizados no País, por diversas vezes esses processos são caracterizadas pelos seus altos custos e retrabalhos, baixa necessidade de mão de obra qualificada e baixo nível de planejamento e 12 amadurecimentode projetos. Por consequência disto, se observa nos últimos anos, diversas obras serem entregues depois dos prazos, com baixa qualidade, grandes manifestações patológicas e baixo desempenho ambiental. Como apontado em Estudo da Fundação Getúlio Vargas (FGV - 2012), o setor precisa elevar a sua produtividade, face à escassez de mão de obra e demanda crescente para construções habitacionais e de infraestrutura. Consequentemente, a indústria da construção no Brasil tem grande potencial para a industrialização, que permite melhores soluções de custos versus benefícios, reduzindo o ciclo da construção e seus custos, melhorando a qualidade e potencializando o controle de desempenho ambiental. Dessa forma, faz-se necessário fortalecer o uso de sistemas construtivos industrializados, que têm como características inerentes maior planejamento e estudos de viabilidade técnico-econômica e de logística, além de melhorar o desempenho ambiental e as condições de trabalho. Segundo o Grupo de Trabalho de Construção Industrializada, do Departamento da Indústria da Construção da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (GT Construção Industrializada do DECONCIC/ FIESP, 2010), a adoção de soluções industrializadas possibilita a obtenção de economias de escala na produção, contribuindo para a redução de custos produtivos e o aumento da produtividade. Há evidências indicando uma relação consistente entre industrialização, aumento da produtividade e crescimento econômico. Logo, é possível listar alguns benefícios facilmente característicos da industrialização de componentes da Construção civil que se assemelham a um ambiente de indústria fabril. (MOURA E SÁ, 2014). 13 Maior controle e segurança; Aumento do nível de qualidade final do produto; Eliminação de desperdícios; Redução da quantidade de operários; Modulação, uniformidade e padronização; Rapidez de execução; Menor geração de resíduos; Ganhos de produtividade; Além disso, pode-se citar que a mudança do ambiente melhora as condições de trabalho do operário, por conseguinte, há uma maior atração de mão de obra qualificada, alavancando a produção. Da mesma forma, a industrialização pode influenciar positivamente a construção sustentável, uma vez que muitos materiais e componentes podem ser reutilizados e reciclados. Por outro lado, adoções de soluções sustentáveis podem ser vistas como diferenciais do empreendimento devido à economia futura que elas podem proporcionar aos usuários. 14 2.3. Métodos Construtivos com sistemas industrializados em obra de Edificações de médio à grande porte 2.3.1.Sistemas estruturais Pré Fabricados/Pré-Moldados Segundo a norma NBR 9062 (2006) – Projeto e Execução de estruturas de concreto pré- moldado, há definições distintas quanto aos dois tipos de estruturas – Pré Fabricados e Pré Moldados. No item 3.5 e 12.3 da Norma, estruturas pré-moldadas são elementos que são executados fora do local de utilização definitiva da estrutura, com controle de qualidade, porém em condições menos rigorosas. Estas, devem ser inspecionadas individualmente ou por lotes, através de inspetores do próprio construtor, da fiscalização do proprietário ou das organizações especializadas, dispensando-se a existência de laboratório e demais instalações congêneres próprias. De outra forma, no item 3.6 e 12.2 da Norma se caracteriza o elemento pré-fabricado, executado industrialmente em usinas ou mesmo em instalações temporárias em canteiros de obra sob rigorosos controles de qualidade. De maneira que, disponham da organização de laboratório e demais instalações permanentes para o controle da qualidade, devidamente inspecionada pela fiscalização do proprietário e ou empresas especializadas. 15 Assim, para implantação eficiente da metodologia, deve-se em primeiro momento se atentar as particularidades que o método construtivo impõe. Segundo Ferreira (2003), todas as vantagens do concreto pré-moldado serão potencializadas se a estrutura for concebida de acordo com uma filosofia especifica do projeto. Os projetistas devem considerar possibilidades, as restrições e as vantagens do concreto pré-moldado, produção, transporte e montagem, antes de finalizar um projeto estrutural. No mercado se pode encontrar elementos de pré-moldados ou pré-fabricados em todas as etapas estruturais, desde a fundações até pilares, vigas e lajes. Entre as lajes, para edificações de médio a grande porte, se destacam as Lajes Nervuradas e as Alveolares e mais recentemente, surgem a Lajes Bubbledeck como mais uma opção. As Lajes Nervuradas são lajes moldadas no local ou com nervuras pré-moldadas, cuja zona de tração é constituída por nervuras entre as quais pode ser colocado um material inerte, comuns a obras de pequeno e médio porte. Estas nervuras são realizadas com a colocação de fôrmas pré-fabricadas/pré-moldadas, geralmente de plástico, umas entre as outras, criando espécies de vigotas que são capazes de suportar seu peso próprio e as sobrecargas, necessitando apenas de cimbramento intermediário entre elas, dispensando a necessidade da realização do assoalho de madeira convencional. Este tipo de laje não é recomendado para estruturas que possuem grande sobrecarga, por isso não são utilizadas em obras de grande porte, somente de médio a pequenos, pois as nervuras ao serem submetidas à compressão, apresentam baixa resistência para os momentos negativos no apoio. 16 Figura 3 - Exemplo de Laje nervurada com fôrmas de plástico, Fonte: Imagem google Sob a perspectiva de obras de maiores portes, há solução pré-fabricada com lajes alveolares se torna a pioneira. Geralmente protentendida e de seção transversal com altura constante, elas se caracterizam pela presença de vazios longitudinais em seu interior (alvéolos), responsáveis pela redução do peso da peça, separados por nervuras verticais. Este tipo de metodologia construtiva é indicado para grandes vãos, maiores que 7m, que possuam pé direito alto e elevadas sobrecargas, além do cronograma curto de obra, uma vez que possui grande produção. Produzida com um tipo de aço especial, denominado aço de protensão. Este tipo de laje é fabricada em pistas com grandes extensões em um único painel e depois há o corte de cada peça de pré-laje, com dimensões definidas em projeto. Posteriormente são enviadas para as obras em transportes rodoviários e então, se em bons estados tendo em vista a qualidade, são liberadas para a montagem. Seu índice usual de montagem gira em torno de 300m²/dia atingindo vãos de até 20m de comprimento. 17 A utilização desta metodologia não é vantajosa, em obras confinadas e de pouca área de movimentação de equipamentos de içamento e de veículos de transporte. Do ponto de vista que, usualmente ela é planejada em grandes dimensões, são necessários guindastes ou gruas para seu içamento, requerendo um raio mínimo de movimentação e além disso, por seu transporte ser realizado com veículos rodoviários longos, é necessário a facilidade de locomoção destes dentro do canteiro de obra. Figura 4 – Detalhe Seção laje alveolar, Fonte: Pereira (2001) Do ponto de vista inovador, porém ainda não consolidado no mercado, surgem as Lajes Bubbledeck, como citado anteriormente. Recomendadas para situações em que há a necessidade de aumentar o pé-direito da estrutura e proporcionar grandes vãos, além do prazo de execução da obra reduzido, a tecnologia surge como uma metodologia alternativa e eficiente. Seu conceito, que será apresentado com mais vigor nos capítulos sequentes, é relativamente simples,combina-se o conceito de laje nervurada com a inserção de esferas 18 plásticas em seu interior, preenchendo a zona não estrutural que o concreto ocuparia, com o conceito de laje pré-fabricada/pré-moldada. Sua metodologia executiva consiste em 4 etapas, sendo duas delas realizadas fora da obra e as demais in loco. A escolha desta metodologia, assim como a laje alveolar, é vantajosa em situações de grandes sobrecargas onde é benéfico reduzir o peso próprio da estrutura e vãos com 15 metros em média. Porém, são necessários grandes controles de estoque, produção e montagem dos painéis a fim de não prejudicar o cronograma da obra. Figura 5 – Desenho esquemático aplicação da Laje Bubbledeck, Fonte: Pini Web (2014) 19 2.3.2. Estrutura Metálica As estruturas metálicas são aquelas formadas por associação de peças metálicas ligadas entre si por meio de conectores ou solda. Estas peças têm suas seções transversais limitadas em função da capacidade dos laminadores e seus comprimentos limitados em função dos transportes disponíveis. Consideram-se estruturas de aço a liga de ferro-carbono em que o teor de carbono varia desde 0,008% até 2,11%. O carbono aumenta a resistência do aço, porém, o torna mais frágil. Os aços estruturais possuem em geral propriedades de boa ductilidade, homogoneidade e soldabilidade, além de elevada relação entre a tensão resistente e de escoamento. (PFEIL, 2008) As normas que regulamentam as estruturas metálicas são: NBR 7007 e NBR 8800, elas determinam quais os conceitos requeridos no aço estrutural e no dimensionamento dele, respectivamente. Assim como as estruturas pré-fabricadas/pré-moldadas, as estruturas metálicas podem ser realizadas desde a fundação, com as estacas, como também com os pilares, vigas e fazerem parte da laje. Atualmente, com uma ampla variedade de perfis laminados e bitolas, a adoção deste tipo de metodologia construtiva tornou-se interessante tecnicamente e economicamente. As estacas, as vigas e os pilares podem ser realizadas em perfis I ou H, com os mais variados tamanho. Os pilares podem ser envolvidos ou não em concreto, os denominados pilares mistos. Essa combinação de pilar de aço com concreto tira proveito de cada um desses 20 materiais, com o primeiro resistindo aos esforços de tração e o segundo aos esforços de compressão. Efeito similar ocorre com as lajes metálicas, com uma combinação entre uma chapa de aço e o concreto surge o Steel Deck – laje mista. Tipo de estrutura já amplamente divulgada e padronizada nos países desenvolvidos. No Brasil, apesar de conhecida, ainda é não é utilizada em grande escala, porém, projeta-se que devido a necessidade de melhorias no ambiente da construção civil, sua utilização tenderá a crescer nos próximos anos. No capítulo 3, será abordado com maior amplitude suas particularidades técnicas e sua aplicabilidade, entretanto é sabido, que seus principais benefícios giram em torno da não necessidade de fôrmas de madeira e de escoramento, para determinados tamanhos de vãos. Além disso, sua facilidade de montagem e rapidez, se tornam atrativos. Por outro, seu custo de implantação inicial e necessidade de mão de obra mais especializada para montagem da estrutura, se não bem avaliadas, podem comprometer o orçamento do projeto. Logo, tal metodologia se torna aplicável nos mais variados tipos de obra, principalmente aquelas em que possuem prazos curtos e grandes extensões horizontais ou verticais, porém, atentando-se para a necessidade de movimentação de carga através de grua ou guindastes sendo necessário uma certa área mínima para movimentação. Em contraposto a estrutura alveolar, ela é benéfica no sentido de apresentar menores tamanhos de estrutura, necessitando de menores áreas e sendo mais facilmente montada. Sendo dessa forma, um modelo de alternativa construtiva competitiva com elementos pré-fabricados/pré-moldados, como a Laje Bubbledeck. 21 3 Laje Steel Deck 3.1. Histórico O primeiro material siderúrgico empregado na construção foi o ferro fundido. Entre 1780 e 1820 foram construídas inúmeras pontes em arcos ou treliçadas com elementos de ferro fundido trabalhando sobre compressão. Entre elas, a primeira, a ponte Coalbrookdale, na Inglaterra, sobre o rio Servern datada de 1799. (PFEIL, 2008) Figura 6 – Ponte Coalbrookdale- Inglaterra, construída em 1799, fonte: Google Imagem No Brasil, a primeira ponte constituída de ferro fundido, foi a sobre o rio Paraíba do Sul, Estado do Rio de Janeiro, inaugurada em 1857, no qual os vãos de aproximadamente 30m são vencidos por peças montadas por encaixe e o tirante de ferro forjado. (PFEIL, 2008) O aço já é conhecido desde a Antiguidade, porém não era acessível as obras devido aos seus altos custos em virtude da falta de processos industrializados eficientes. Apenas em 22 1880, após o advento do forno e dos laminadores, ele foi de fato consolidado como elemento disponível no mercado, e desde então, utilizado em maior demanda, frente aos outros materiais metálicos. Somente com o fim da Segunda Guerra Mundial, com a implantação da CSN – Companhia Siderúrgica Nacional, em Volta Redonda-RJ, houve de fato uma mudança da metodologia construtiva do País e se passou a adotar as estruturas metálicas. A exemplo deste o Edifício Avenida Central no Rio de Janeiro, primeiro edifício em estrutura metálica do Brasil em 1961. (PFEIL, 2008) Dessa forma, mesmo com o surgimento de estruturas metálicas, estacas, pilares e vigas, a execução de pisos sempre foi de difícil produção. Por isso, quase 100 anos depois após a sua descoberta, o concreto armado solucionou de forma simples os problemas quanto a execução de lajes. Nesse processo evolutivo, a necessidade de grande quantidade de mão de obra para atender prazos, a grande quantidade de madeira e a grande resíduo de construção, sempre foram fatores desvantajosos para as construções de concreto armado. Em busca de sistemas industrializados e racionalizados, engenheiros e projetistas norte- americanos observaram em torno dos anos 1930, muitos benefícios com a combinação das propriedades estruturais e construtivas de uma chapa de aço com o concreto moldado in loco. A chapa, ao funcionar como fôrma para o concreto fresco, não necessitava da utilização de escoras como as fôrmas de madeira convencionais, pois suportava o peso do pavimento e das sobrecargas, como o peso dos operários e dos equipamentos utilizados durante a construção, 23 enquanto o concreto não endurecia e adquiria resistência. Assim, criou-se a metodologia estrutural de lajes Steel Deck. (GOMES, 2001) 3.2. Conceito O Steel Deck se trata de uma laje mista com fôrma de aço incorporada e concreto moldado in loco. Nesse sistema, formado por chapas de aço, conectores de cisalhamento, armaduras de reforço e concreto, a chapa metálica deve suportar as ações permanentes e as sobrecargas durante a construção, enquanto o concreto ainda não atingiu sua resistência a compressão requerida. Após o procedimento de cura, ela funciona, totalmente ou parcialmente, como a armadura positiva da laje. Segundo a NBR 8800:2008, [...]laje mista de concreto, também chamada de laje com fôrmas de aço incorporadas, é aquela em que, na fase final, o concreto atua estruturalmente em conjunto com a fôrma de aço, funcionando como parte ou como toda armadura de tração da laje. Na fase final, ou seja, antes de o concreto atingir 75% da resistência a compressão especificada, a fôrma de aço suporta isoladamente as ações permanentes e as sobrecargas de construções. Essas fôrmas de aço mencionadassão as chapas de aço constituídas principalmente por uma liga de ferro-carbono e outros elementos adicionais. Suas espessuras variam são muito 24 finas e variam de 0,80 mm a 1,25mm. Essas, possuem saliências e reentrâncias, mais conhecidas como mossas, com a finalidade de obter maior aderência entre o aço e o concreto. Sua resistência ao cisalhamento é influenciada pelas características, tais como geometria e profundidade, das mossas, e cada fabricante de fôrma desenvolve um padrão conveniente, que deve ter sua eficiência comprovada. (Campos, 2001) Um aspecto que importante para a sua implantação é a proteção contra a corrosão da chapa, que deve ser realizado para não comprometer sua vida útil. Há diversos tipos de revestimentos que podem ser adotados, os mais utilizados, que devem ser aplicados em todas as superfícies expostas do aço, são zincagem, a galvanização e a pintura eletrostática. A escolha do tipo de proteção e sua correta aplicação são fatores determinantes para garantir a durabilidade das estruturas de aço e mistas. (Deliberato, 2006) De outra forma, para que os elementos do sistema, chapa e concreto, trabalhem em conjunto, formando um elemento estrutural único, é preponderante o alcance da aderência mecânica entre a chapa e o concreto. Para isso, conectores de cisalhamento são aplicados nas vigas suporte. Se bem dimensionados, garantem a absorção do cisalhamento nas duas direções da estrutura e impedem o afastamento vertical entre a laje e a viga de aço, pois promovem a ligação entre os elementos. Os conectores mais utilizados são os flexíveis do tipo pino com cabeça (Stud Bolt), pois são de simples fabricação e apresentam a mesma resistência em todas as direções (Lemos, 2013). Mesmo a chapa metálica funcionando como armadura positiva da laje e, normalmente, não ser necessária a utilização de armaduras nas zonas de momento negativo, é imprescindível a verificação por conta dos projetistas desses esforços solicitantes de momentos positivos e negativos, para afirmar a necessidade de armadura nessas regiões. 25 Entretanto, por conta das fissuras provocadas pelo gradiente térmico de temperatura e a retração do concreto, há a necessidade de se colocar telas de aço soldadas em sua parte superior, visando combater tais eventos. Figura 7 – Detalhe exemplo dos elementos da Laje Steel Deck, fonte: Google Imagem As vantagens deste tipo de metodologia construtiva de laje são diversas, segundo Brendonlan (2007), dentre as diversas vantagens do sistema quando comparado com o concreto armado, as principais delas são: A chapa de aço funciona como fôrma para o concreto fresco, e como permanece em definitivo, elimina a etapa de desforma e funciona como armadura inferior Na maioria dos casos, dispensa o uso de escoramentos Simplicidade de instalação e maior rapidez construtiva, que reduz o prazo de execução da obra, Diminuição do peso próprio e do volume da estrutura, como consequente redução de custos das fundações 26 Do ponto de vista da Normatização, seguindo a ABNT, as principais normas aplicadas a esta metodologia, estão verificadas na tabela 1. Tabela 1 - Normas aplicáveis em estruturas mistas, fonte: ABNT NBR 16.421:2015 Telha-Fôrma de aço colaborante para laje mista de aço e concreto – requisitos e ensaios NBR 8681:2003 Ações e segurança nas estruturas - procedimento NBR 8800:2008 Projeto e execução de estruturas de aço em edifícios NBR 14323:1999 Dimensionamento de estruturas de aço de edifícios em situação de incêndio - Procedimento NBR 14432:2000 Exigências de resistência ao fogo de elementos construtivos – Procedimento NBR 14762:2010 Dimensionamento de estruturas de aço constituídas por perfis laminados a frio NBR 5738:2015 Moldagem e cura de corpos de prova cilíndricos e prismáticos de concreto Em vigor desde outubro de 2015, a NBR 16.421 é a principal norma de consulta para a implantação do sistema Steel Deck, uma vez que ela estabelece os requisitos e ensaios aplicados às telhas fôrma colaborantes para laje mista de aço e concreto. Outras normas internacionais como a ASTM (American Society for Testing and Materials) e os Eurocódigo 4 (EM 1994) – Projecto de esturutas de aço-betão, também podem servir de referências aos profissionais. 27 3.3. Dimensionamento Como mencionado anteriormente, as fôrmas colaborantes, Steel Deck, atuam como armadura positiva para a laje, e a armadura negativa deve ser posicionada na região dos apoios para resistir as solicitações de momentos negativo na região dos pilares, como demonstrado na figura a seguir. Figura 8 – Exemplo de Armadura negativas na região dos pilares, fonte: Imagem Google Segundo CICHINELLI (2009), há também armaduras de reforço no interior da nervura, como demostrado na figura 9 que têm o objetivo de aumentar a resistência estrutural contrafogo. As lajes Steel Deck, não apresentam em geral um bom comportamento em situação de incêndio, há de fato uma estanqueidade garantida pelas fôrmas metálicas e isolamento térmico garantido pela espessura de concreto adequada sobre as nervuras, 28 possuindo resistência estrutural ao fogo por apenas 30 minutos. Esta armadura positiva adicional pode aumentar a resistência do sistema estrutural para até 120 minutos. Figura 9 – Detalhe de Armadura Positiva Complementar, fonte: CICHINELLI 2009 O comportamento estrutural de um sistema de lajes mistas é feito de forma empírica, através da realização de ensaios em laboratórios. Uma vez descobertos os estados limites envolvidos no sistema, os pesquisadores desenvolvem modelos analíticos aproximados para representa-los, com certa precisão, a sua ocorrência. Os estados limites últimos a serem verificados em um sistema de lajes mistas são: Colapso por flexão Colapso por cisalhamento longitudinal Colapso por cisalhamento transversal Colapso por Punção Enquanto os estados limites de utilização, são: Deslizamento relativo a extremidade, 29 Flecha Fissuras do concreto Para os conectores, dispositivos mecânicos destinados a garantir o trabalho conjunto da seção de aço com a laje de concreto, como apresentado anteriormente. Seu comportamento e sua resistência são determinados por ensaios padronizados, cujos resultados são dados em curvas de esforço cortante x deslizamento (entre a superfície de concreto e o aço). De acordo com sua capacidade de deformação na ruptura, os conectores podem ser classificados em dúcteis e não-dúcteis. A norma NBR 8800 apresenta critérios de projetos para a escolha dos tipos de conectores. (PFEIL, 2008) 3.4. Metodologia Construtiva 3.4.1. Fabricação das Chapas As chapas do Steel Deck, como qualquer oura estrutura metálica, são elementos pré- fabricados que passam por um processo de fabricação altamente industrializado que garante a ele menos desperdícios de material, minimiza possibilidades de erro e aumentam o padrão de qualidade das obras que utilizam o sistema. Após a liberação de cada projeto estrutural, ele chega a fábrica e é elaborado um projeto de fabricação, que contém todos os elementos e os detalhes dos componentes da estrutura. Com isso, as estruturas que foram usadas mais tarde na construção, são produzidas em torno de 45 dias antes de irem para o local da obra. (GRUPO MEDABIL, 2011) A produção das chapas de aço tem início na mineração, com a extração dos minérios da natureza. Esse material é encaminhado a usina siderúrgica onde ocorre a transformação do 30 minério em ferro gusa no alto forno, uma liga de ferro-carbono com alto teor de carbono e diversas impurezas.Este, uma pequena parte é refundida para se obter o ferro fundido comercial, porém, a maior parte é transformada em aço. (PFEIL, 2008) Posteriormente, há uma injeção de ar oxigênio dentro da massa líquida de ferro fundido, onde ocorre a queima de carbono em um processo que dura de 15 a 20 minutos e assim, elementos como manganês, silício e fósforo são oxidados e combinados com cal e óxido de ferro, formando a escória que sobrenada o aço liquefeito. (PFEIL – 2008) Quando as reações são finalizadas, o aço liquefeito é lançado sobre uma “panela” e a escória descarregada em outro recipiente. Nesta etapa, ocorre a desgaseificação do aço, uma vez que o aço líquido superaquecido absorve gases da atmosfera e oxigênio da escora, formando grandes vazios nele, que devem ser retirados. Para isso, adiciona-se elementos como alumínio e silício na panela. (PFEIL, 2008) Por conseguinte, ele é despejado sobre uma panela de aciaria, na qual o aço é moldado em forma de placas com seção retangular ou tarugos, cortadas em segmentos de comprimento adequado, por meio de maçaricos. (PFEIL, 2008) Com a placa de aço produzida é realizada a etapa de laminação, as quais as placas são inicialmente aquecidas ao rubro e introduzidas em laminadores desbastadores, nos quais dois rolos giratórios comprimem a placa, reduzindo sua seção e aumentando seu comprimento, dando origem as chapas de aço. (PFEIL, 2008) Estas chapas são conformadas a frio em larguras úteis de 820 a 840mm e espessuras 0,80mm, 0,95mm, e 1,25mm, em geral, com comprimentos de até 12m, dando origem as chapas de aço Steel Deck. 31 3.4.2.Transporte e Armazenamento Após fabricadas as chapas de aço, elas devem ser transportadas até o canteiro de obra conveniente. Este transporte, deverá ser realizado de forma criteriosa e cuidadosa, de forma a não danificar os perfis de aço e comprometer sua qualidade. Segundo Deliberato (2006), há alguns procedimentos padronizados que os fabricantes devem tomar para o transporte das peças, são eles: Seguro de transporte; Os fardos devem ser acondicionados e fixados ao veículo de transporte de tal formaa inibir os movimentos repentinos e inesperados nas paradas e arrancadas, bem como garantir a estabilidade lateral nas curvas; A cada entrega, os fardos Steel Deck devem ter seu carregamento e transporte planejado em virtude do peso e suas dimensões pois haverá necessidade do balanceamento da carga; Os fardos devem ser separados tanto na horizontal como verticalmente com calços de bitola mínima de 1 ½ polegadas; Verificação nas cintas de fixação das peças integrantes de um fardo, e dos fardos no veículo de transporte, pois qualquer choque ou vibração tenta a comprimir os fardos, o que pode resultar no afrouxamento dos cabos e provocar situações de perigo; Entregues na obra, as chapas devem ser acondicionadas em locais secos, ventilados e com empilhamento máximo de três volumes, de maneira a evitar possíveis danos físicos a chapa e sua corrosão. 32 3.5. Montagem das fôrmas e fixação O transporte vertical na hora de montagem das chapas, é realizado com o apoio de gruas, guindastes ou munck’s por meio de amarrados. Antes do início da montagem, deve-se verificar o perfeito nivelamento da mesa das vigas metálicas e a ocorrência de ferrugens, respingos de solda, óleos e tinta, além da umidade elevada na região das soldas, e caso ocorra, devem ser completamente removidas. (Chichinelli, 2014) A montagem das chapas deve ser realizada conforme a paginação especificada em projeto e iniciadas a partir de um canto da superfície da laje, de maneira que sirva como plataforma de trabalho para os montadores. Conforme Deliberato (2006), é importante ter cuidado com a movimentação dos operários sobre as chapas, por isso, elas devem ser devidamente posicionadas e alinhadas, posteriormente ajustadas e fixadas para que não saiam de sua posição definitiva com a concretagem posterior. O sistema Steel Deck requer interligação das laterais das chapas. As conexões mais utilizadas são feitas por parafusos auto perfurantes, soldas ou rebites. O instalador deve assegurar que a chapa inferior seja firmemente ajustada contra a chapa superior. Devem ser utilizadas pistolas especiais, a fim de evitar apertos excessivos. Normalmente estas pistolas são pneumáticas e operam a uma pressão pré-determinada consistentes com os requisitos de fixação. O ar é fornecido por um compressor equipado com regulador para controlar e limitar a profundidade de fixação, também pode ser utilizado pistolas de fixação por pólvora. (Pacheco, 2016) 33 Em seguida, são fixados por eletrofusão no flange superior da viga através do Steel Deck, os Stud bolts, conectores de cisalhamento, que como mencionados anteriormente, dão a estrutura a característica de unir a seção de aço com a laje de concreto. Além disso, deve-se analisar nesta etapa a necessidade de recortes nas chapas para a passagem de dutos ou shafts através da laje. O planejamento dessa atividade é importante, pois as aberturas na laje devem ser marcadas antes da concretagem e os locais marcados não receberão concreto. (Deliberato, 2006) Figura 10 – Detalhe de aplicação dos Stud Bolt com a ferramenta pneumática, fonte: imagem google 3.6. Armadura Complementar e Concretagem Com a laje Steel Deck fixada, posiciona-se as armaduras complementares de reforço entre as nervuras da chapa e sobre espaçadores, para respeitar o cobrimento recomendado. Em seguida, aos redores dos pilares, são adicionadas armaduras de reforços, devido ao momento 34 negativo da região. Posteriormente, coloca-se uma malha metálica, similar a uma tela, para a distribuição de esforços e antifissuração, 20 mm em geral abaixo da superfície de concreto. Realizada a distribuição completa da malha e posicionadas a armadura, podemos iniciar o processo de concretagem. A concretagem de uma laje mista é realizada de forma tradicional, geralmente realizada por bombas lança ou estacionária. O sentido de lançamento deve ser realizado paralelo as nervuras dos perfis que compõem as fôrmas, de uma extremidade para a outra. A saída do concreto é feita em movimento frequente, com o cuidado de se observar sua acomodação nas fôrmas de modo uniforme. Para a contenção lateral do concreto nas extremidades e em eventuais shafts, se utiliza gabaritos de madeira, fixados nas chapas de aço. Em alguns casos, conforme o espaçamento entre as vigas suporte da laje, pode ser necessário o escoramento provisório durante a concretagem e o endurecimento do concreto. Não podem ser usados aditivos a base de cloretos, como aceleradores de resistência e aceleradores de pega, pois eles podem comprometer a galvanização dos perfis de aço (Deliberato, 2006). Segundo Silva (2010), a etapa de concretagem deve ser amplamente estudada previamente, de maneira a se elaborar um projeto de produção destinado a orientação desse serviço, que deve contemplar: Definição das frentes de concretagem, em função da posição do elevador de cargas e da geometria do edifício; Definição do caminhamento de concretagem, em função da dimensão da régua de sarrafeamento e outros equipamentos que cumpram essa função; Posicionamento de taliscas; 35 Posicionamento de componentes das instalações, que eventualmente sejam embutidos na espessura da laje; Posicionamento dos caminhos empregados para a circulação de operários equipamentos, durante a concretagem; A estes devem ser adicionados os requisitos de atendimento a norma NBR 5738, referentes a moldagem de corpos de provas de concreto.36 4 Laje Bubbledeck 4.1. Histórico A ideia de se otimizar o uso do concreto, utilizando-o onde efetivamente ele possui função estrutural, não é um conceito novo. Há muito tempo vem sido utilizado o conceito de lajes ocas, empregando o concreto somente em regiões comprimidas, já que o mesmo trabalha somente com baixas tensões à tração e, portanto, usá-lo nessas regiões só resultaria em perdas de material e aumento do peso próprio da estrutura. (Mariano, 2011) Criado pelo engenheiro dinamarquês Jørgen Breuning, este sistema começou a ser desenvolvida na década de 1980 quando o governo dinamarquês lançou um concurso para incentivar engenheiros locais a criarem técnicas inovadoras, com soluções econômicas e sustentáveis e que pudessem ser aplicadas em larga escala. Dessa forma, Breuning criou uma laje com esferas plásticas inseridas uniformemente entre duas armaduras, que preenchem a zona que anteriormente seria ocupada por concreto não estrutural, podendo assim ser retirado, sem prejudicar o desempenho estrutural. Reduzindo assim, entre 25% e 35% o peso próprio da laje, quando comparado com o sistema convencional, melhorando com isso a aplicação de cagas permanentes elevadas em grandes vãos. (Bubbledeck Brasil) O primeiro projeto a aplicar esta tecnologia foi o Millenium Tower na Holanda construído em 4 anos de 1997 a 2000, na cidade de Rotterdam. O projeto original era designado para ser construído com o sistema de laje alveolar. Porém, ainda no estudo de viabilidade e na concepção do projeto decidiu-se optar por usar o sistema Bubbledeck, reduzindo o ciclo de andares inicialmente previsto de 10 dias para 4 dias além de diminuir em 50% o número de 37 pilares. Ademais, pela redução do peso da estrutura, houve a possibilidade de adicionar mais 2 andares em sua construção. O edifício quando concluído era o secundo maior da Holanda, com 149 metros de altura, 34 andares e 2 subsolos e uma área equivalente de 38.000m². (Bubbledeck Brasil) Atualmente a tecnologia está difundida em todo o Mundo, com mais de 600 projetos completados e presença em 32 Países, principalmente na Europa e Canada. O último projeto expressivo realizado no exterior com a tecnologia foi a construção do arranha céu da SedeUnica, um complexo administrativo e institucional localizado na região de Piemonte na Italia que teve início da estrutura em 2011 e termino em 2014. O edifício possui 209m de altura, 41 andares e cerca de 37.000 m² de área equivalente. (Bubbledeck Brasil) No Brasil, a primeira obra a utilizar esta tecnologia foi a ampliação da sede da Construtora Norberto Odebrecht em Salvador, na Bahia, para uma obra experimental que consistiu na execução de parte da laje do auditório da sede. Porém o primeiro projeto mais emblemático foi finalizado em 2013 com a construção do Centro Administrativo do Distrito Federal (CADF), complexo composto por 16 edifícios e 180.041 m² de área construída. (Bubbledeck Brasil) Recentemente, o sistema fez parte da ampliação do edifício garagem terminal 02 do Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro, o qual ganhou 4 pisos novos construídos obre 2 lajes já executadas com o sistema estrutural Steel Deck, totalizando cerca de 48.000 m² de área construída com este tipo de laje. 38 4.2. Conceito O Bubbledeck é um sistema construtivo, constituído de lajes pré-moldadas com esferas plásticas (Bubble’s) inseridas uniformemente entre duas telas metálicas, como apresentado na figura a seguir. Figura 11 – Representação do painel Bubbledeck, fonte: Bubbledeck Brasil Suas esferas são compostas de plástico polipropileno a partir em uma proporção características de material virgem com uma porcentagem de material reciclado do meio ambiente. Estas esferas são introduzidas na interseção das telas ocupando a zona de concreto que não desempenha nenhuma função estrutural. Reduzindo dessa forma em até 35% do peso próprio da laje quando comparada com estruturas convencionais de concreto armado, 39 permitindo a construção de maiores vãos e diminuindo a restrição de sobrecargas ou carga aplicada sobre as fundações. Dessa forma, há a possibilidade de se projetar grandes vãos com menores utilização de materiais, como fôrmas e concreto, sem impedimentos técnicos. Há três tipos de possibilidades de implantação da tecnologia no mercado: o Módulo BB, o painel BB (pré-lajes) ou peça inteira BB. No primeiro tipo, Módulo BB, a laje é constituída somente de tela inferior, esferas plásticas e tela superior, neste método há a necessidade da inserção de escoramentos e fôrmas convencionais para a realização da laje e a etapa de concretagem deverá ser realizada em duas etapas: primeiro deve se concretar 6 cm sobre da malha inferior, posteriormente deve- se adicionar as armaduras complementares que servirão para aumentar as resistências da laje e fornecer à ligação entre elas e somente após armada, se deverá concretar sua segunda etapa, até a espessura final da laje, especificada em projeto. Segundo a Bubbledeck Brasil, esse tipo de laje é ideal para pisos térreos, obras de reformas ou em caso de acesso complicado pois os módulos podem ser transportados e posicionados manualmente. Figura 12 – Exemplo de Módulo BB, fonte: Bubbledeck Brasil 40 Já o painel BB ou pré-lajes, o mais largamente utilizado, é composto por uma camada de 6 cm é concretada anteriormente a montagem e dessa fôrma, exclui a necessidade de fôrmas em sua montagem, uma vez que a própria peça já servirá como fôrma e será apoiada sobre o escoramento provisórios. Dessa forma, os painéis são posicionados sobre o escoramento, as armaduras adicionais são posicionadas e a segunda etapa da concretagem pode ser executada. Neste modelo de aplicação, será necessária a utilização de equipamentos como guindaste móvel ou gruas para o posicionamento dos pré-moldados devido ao seu peso. Figura 13 - Exemplo de Painel BB, fonte: Bubbledeck Brasil Por fim, temos a peça inteira que são entregadas ao canteiro de obra por inteiro, modelo menos utilizado. Neste elemento a armadura é armada em somente uma direção, logo exige a introdução de vigas ou paredes de suporte dentro da estrutura. 41 Figura 14 - Exemplo de peça inteira BB, fonte: Bubbledeck Brasil Segundo a Bubbledeck Brasil, inúmeros podem ser os benefícios de aplicar este método construtivo, dentre eles, estão principalmente: Liberdade nos projetos – layouts flexíveis que facilmente se adaptam a layouts curvos e irregulares; Redução do peso próprio – 35% menor, permitindo redução nas fundações; Eliminação de vigas – maior rapidez e economia pela eliminação das vigas e, consequentemente, pela ausência do serviço de alvenaria e instalação; Eliminação de paredes de apoio – facilidade de metodologia construtiva; Redução do volume de concreto – 1 kg substitui em média 60 kg de concreto; Ambientalmente adequado – redução de energia e emissão de CO2. Logo, a tecnologia se apresenta como um sistema além de econômico e produtivo, tendo em vista a industrialização, como também em um sistema sustentável, enquadrando-se nos padrões construtivos de Selo Verde e nas referências apresentadas pelo Tratado de Kyoto e pelo CO15. 42 Em relação a resistência ao fogo, suas esferas carbonizam sem emitir gases tóxicos. Dependendo da cobertura a resistência a fogo pode variar de 60 a 180 minutos, estando em conformidade com a ISO 834. De outra forma, do ponto de vista do ruído, a laje se encontra também dentro da conformidade segundo, quando comparada a norma de Desempenho 15.575/ABNT. O estudo da tecnologia ainda é recente no Brasil, por isso
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