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ARTIGO DESMOTIVAÇÃO

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OS REFLEXOS DE UM EDUCADOR DESMOTIVADO NA SUA PROFISSÃO
Cristiana Arruda PERREIRA 1
Juliana Natália dos SANTOS 2
 José Araújo de SOUZA 3
1 Graduanda do Curso de Pedagogia da UninCor, campus Pará de Minas. E-mail: krisarmax@hotmail.com 
2 Graduanda do Curso de Pedagogia da UninCor, campus Pará de Minas. E-mail: juliananat23@live.com
3 Professor dos cursos de Pedagogia, Ciências Contábeis, Odontologia, Administração e Medicina da UninCor.
RESUMO:
A desmotivação dos educadores é atualmente um dos grandes desafios e um dos principais problemas enfrentados pela Educação no Brasil. Este texto tem por objetivo apresentar uma reflexão acerca da desmotivação do educador na realização do seu trabalho e da realidade na qual ele está inserido, bem como suas causas e consequências. A Educação vem sofrendo constantes mudanças em suas políticas públicas relacionadas à escola e, essa profissão vem sendo desvalorizada pela sociedade e pelo governo. Entre as causas apontadas encontramos: salas de aula superlotadas, indisciplin, baixos salários, a violência, entre outros, como fatores desmotivantes, afastando o docente das salas de aula. Entre as consequências encontramos principalmente a baixa qualidade do ensino e alunos desmotivados. As circunstâncias atuais pelas quais tem passado o professor brasileiro em sala de aula, em especial na rede pública, inspiram reflexões sobre as causas e as consequências dessa da (des)motivação em sua profissão.
 ABSTRACT:
The motivation of educators is currently a major challenge and one of the main problems facing education in Brazil. This text aims to present a reflection on the motivation of the teacher in carrying out their work and the reality in which it is inserted, as well as its causes and consequences. Education has suffered constant changes in public policies related to the school and the profession has been devalued by society and the government. Among the causes given we find: overcrowded classrooms, indiscipline, violence, low wages, violence, among others, as discouraging factors, away from the teaching of the classrooms. Among the consequences mainly we found the low quality of education and unmotivated students. The circumstances in which has passed the Brazilian teacher in the classroom, especially in public, inspire reflection on the causes and consequences of the (de) motivation in their profession.
Palavras-chave: Prática docente. Desmotivação. Educador. 
CONTEXTUALIZANDO A ATUAÇÃO DO PROFESSOR
Na área educacional, assim como em outras áreas profissionais, a motivação é essencial para a qualidade nos resultados do trabalho. Porém, o que se tem notado é uma carência geral, cada vez maior, de motivação com relação aos professores. Quais serão as verdadeiras causas para esta desmotivação? 
Segundo revelaram as pesquisas realizadas pelo Instituto Ibope e pelo Movimento Todos Pela Educação, o principal problema da Educação no Brasil é a existência de professores desmotivados e mal pagos.[1: Fonte: Globo.com, 17/03/2009, disponível em: http://g1.globo.com/Noticias/Vestibular/0,,MUL1046877-5604,00-PROFESSORES+DESMOTIVADOS+SAO+PRINCIPAL+PROBLEMA+DA+EDUCACAO+DIZ+PESQUISA.html ]
A educação pública no Brasil sofreu e vem sofrendo mudanças drásticas com o decorrer dos anos. Por isso, nos tempos atuais, especialistas em educação estão preocupados com o aspecto motivacional nas práticas pedagógicas, uma vez que, cada vez mais, aumenta o número de educadores desmotivados no exercício de sua profissão (HAMZE, 2012).
Zagury (2006) afirma que o professor é muitas vezes “aprisionado” por mitos da sociedade e do meio educacional que acabam por prejudicar seu trabalho, fazendo até mesmo com que eles se tornem reféns da própria consciência por não atingirem os objetivos esperados. Além disso, o esforço e a dedicação profissional não são méritos levados em consideração.
Os profissionais da educação estão cada vez mais desanimados com a educação pública porque não estão sendo valorizados, não têm recursos ou condições adequadas para trabalhar, sofrem violências e desrespeito nas salas de aula e muitas vezes na própria sociedade. Muitos deixam de lecionar para procurar outra profissão na qual sejam valorizados e respeitados. (SILVA, 2012)
 Segundo Oliveira (2009), “o professor deve buscar os motivos do aluno em situação de aprendizagem e, assim, buscar também sua aproximação com o saber, com a construção de sua aprendizagem.”
O professor não pode se desvencilhar de seu compromisso, dada a importância do seu papel de agente transformador da sociedade. É ele que está diretamente ligado e comprometido com a educação do país e com a construção da cidadania do aluno (DI IÓRIO, 2003).
 Libâneo (2001) explica que há dois fatores que determinam a atuação do professor: a profissionalização, que se refere às condições adequadas de trabalho necessárias à profissão como salário adequado, recursos, formação inicial e continuada (habilidades); e o profissionalismo que se refere ao compromisso do professor como dedicação, assiduidade, compromisso, competência. Ambos os fatores se complementam mutuamente e, a falta de um deles influi negativamente na atuação do professor. 
Moreira (1997, p. 5) reconhece a complexidade da tarefa exercida pelo professor e defende o seguinte: 
É imprescindível, portanto, dar uma maior atenção aos professores como seres humanos, atores sociais com seus problemas e perspectivas, tentando uma carreira, lutando para atingir seus ideais ou apenas lutando para sobreviver no mundo do trabalho. Em muitos aspectos os professores têm se tornados oprimidos e na defensiva em um sistema educacional que não privilegia as necessidades individuais e muito menos a autonomia coletiva. 
Para o autor supracitado, é preciso admitir que a carreira docente está em crise, assim como a educação no país. Os pais transferiram suas responsabilidades para a escola e para o professor. Nesse contexto, o professor se sente pressionado com o acúmulo de tarefas e funções que vão além do processo de ensino e aprendizagem, tendo que agir muitas vezes até como assistente social. 
Tornou-se crucial que o professor aprenda a lidar com o fracasso e com as frustrações, não permitindo que fatores negativos destruam o objetivo principal da sua profissão: educar (OLIVEIRA, 2009). 
 PRINCIPAIS CAUSAS DA DESMOTIVAÇÃO DOS EDUCADORES 
Entre os principais fatores que tem causado a desmotivação dos docentes nas escolas públicas no Brasil estão: falta de recursos e materiais didáticos adequados, indisciplina e descomprometimento por parte dos alunos, falhas no sistema educacional, desinteresse e ausência da família, conteúdo programático extenso, violência nas escolas, salas de aulas lotadas, baixos salários. (SILVA 2012). Paralelamente a esses fatores citados, podemos ainda destacar a deficiência na capacitação de muitos educadores, projeto político-pedagógico desatualizado e ineficiente.
Cunha (1999, p. 1) aponta três pontos principais para a desmotivação do docente: 
Desvalorização do magistério, relacionada com a questão salarial; a estrutura do ensino, determinada pelo modelo de escola da legislação contemporânea e as condições de trabalho, como espaços físicos e materiais didáticos, que impossibilitam um ensino de melhor qualidade.
A exposição a todos esses fatores têm provocado não só a desmotivação como também um desgaste mental, que tem se apresentado como um grave problema relacionado aos docentes, principalmente da rede pública. 
Para Antunes (2006, p. 178) as dificuldades enfrentadas pelo sistema educacional no Brasil se devem ao fato de que a educação ainda não é prioridade nacional, não devendo por isso, se culpar exclusivamente aos professores. 
Salas de aulas lotadas
O grande número de alunos dentro da sala de aula constitui um dos fatores que tem causado a desmotivação, não só dos professores, mas também dos alunos. Com as salas lotadas, o professor se vê impossibilitado de dar atenção a todos. (SILVA, 2012)
Para Knüppe (2006),em salas cheias, os alunos apresentam maior dificuldade em relacionar-se com a professora e colegas. Já os professores reclamam que isso facilita as conversas paralelas que consequentemente atrapalham o rendimento dos conteúdos. 
Indisciplina e desmotivação dos alunos
Segundo Silva (2012), a indisciplina na escola é a maior causadora da violência no âmbito escolar e da desmotivação dos docentes. A indisciplina é decorrente de diversos motivos que interferem no comportamento dos alunos: problemas familiares enfrentados pelos alunos, agressividade, carência, exclusão social, excesso de proteção dos pais, influências negativas, entre outros. 
Muitas vezes o professor se vê impotente diante de comportamentos que demonstram a desmotivação dos alunos e o desinteresse explicito pelo conteúdo que o professor está ensinando. 
A indisciplina escolar compreende variadas situações como: falta de respeito com os colegas e professores, descumprimento das regras pré-estabelecidas, mau comportamento, ser malcriado, perturbar os colegas, fazer barulhos, provocar desordens, conversar o tempo todo, atrapalhar o andamento das aulas, não ser pontual, não fazer as atividades, etc... (SILVA, 2012).
Conforme afirma Silva (2012) é importante que professor não apresente comportamentos que induzam os alunos a qualquer tipo de violência para com os colegas ou outras pessoas. Ao contrário, o professor deve tratar o aluno de forma que ele se sinta responsável e disposto a cooperar. É importante ressaltar ainda que o docente nunca deve perder o controle da situação ou de si mesmo.
Violência
A violência no ambiente escolar interfere diretamente no processo de ensino e aprendizagem e já se tornou um fenômeno real incluso nos problemas sócio-políticos do país. Esta é uma questão complexa e multicausal que vem sendo profundamente estudada e debatida. 
Constantemente vemos na mídia casos de violência e agressividade no ambiente escolar: alunos que não respeitam os professores, desafiando sua autoridade a todo o momento, depredação do patrimônio da escola, uso de drogas, entre outros problemas. Essa falta de segurança nas escolas, principalmente nas públicas, tem sido a causa do afastamento de diversos profissionais das escolas. (SILVA, 2012). 
Para uma melhor compreensão dessa problemática, CHARLOT apud ABROMOVAY (2002, p. 69) define violência da seguinte forma: 
Violência: golpes, ferimentos, violência sexual, roubos, crimes, vandalismo. - incivilidades: humilhações, palavras grosseiras, falta de respeito; - violência simbólica ou institucional: compreendida como a falta de sentido de permanecer na escola por tantos anos; o ensino como um desprazer, que obriga o jovem a aprender matérias e conteúdos alheios aos seus interesses; as imposições de uma sociedade que não sabe acolher os seus jovens no mercado de trabalho; a violência das relações de poder entre professores e alunos. Também o é a negação da identidade e satisfação profissional aos professores, a sua obrigação de suportar o absenteísmo e a indiferença dos alunos.
De acordo com o autor é evidente que existem diferentes formas de violência presentes no cotidiano escolar, porém ressalta-se as mais comuns como agressões e ameaças a professores de forma verbal, física ou psicológica. O problema é presenciado não só em escolas públicas, mas também atinge a rede particular e pode estar relacionada tanto ao comportamento do aluno como também do professor.
Conforme dicionário Aulete violência de uma forma geral é definida :
Violência: Qualidade de violento; ato violento; ato de violentar; constrangimento físico ou moral; uso da força; coação.
Desvalorização salarial 
De acordo com Oliveira (2012), “o professor de ensino fundamental e médio, de modo geral, não goza de remuneração compatível com as exigências de sua profissão e nem de prestígio social.” 
Com o baixo salário o docente não se sente estimulado a se requalificar ou buscar novas técnicas pedagógicas. Ao contrário disso, eleva-se o grau de absenteísmo e de afastamento por licenças médicas. (SILVA 2012). 
Conforme explica Silva (2012), “não é só aumentando os salários, que a qualidade de ensino vai melhorar como diz a diretora executiva do Movimento Todos pela Educação: “É preciso melhorar os salários para que os alunos aprendam mais, mas o profissional tem que ser mais cobrado por resultados”.
Di Iório (2003, p. 39), afirma que o “mestre passou a aceitar uma posição de inferioridade, de profissional mal remunerado e malformado”. 
OS REFLEXOS DA DESMOTIVAÇÃO DO EDUCADOR NA EDUCAÇÃO
A desmotivação do docente produz um baixo rendimento e na qualidade do seu trabalho e, consequentemente fragiliza a aprendizagem do aluno. (SILVA, 2012)
O professor desmotivado reflete suas frustrações profissionais na sua atuação, na sua relação com os alunos e com os colegas de profissão. Assim, a relação de mediador entre o conhecimento e o aluno se rompe. (OLIVEIRA, 2012). O resultado desse rompimento será a má qualidade do ensino.
Jesus (2004) “aponta que é relevante se pensar em novos paradigmas educacionais onde se reestude o modelo escolar atual e se leve em conta as limitações e o bem-estar tanto do professor quanto do aluno”.
Para Lück (2002, p. 28): 
O professor é a figura central na formação dos educandos. É ele quem forma no aluno o gosto ou o desgosto pela escola, a motivação ou não pelos estudos; o entendimento da significância ou insignificância das áreas e objetos de estudo; a percepção de sua capacidade de aprender, de seu valor como pessoa. 
Um professor desmotivado e com baixa autoestima sente-se desprestigiado onde quer que esteja. Suas atitudes serão o reflexo dos seus sentimentos e irão interferir negativamente no processo de ensino e aprendizagem dos seus alunos. A satisfação profissional está associada a vários fatores entre eles bem estar mental, empenho, sucesso e realização profissional. 
Nesse contexto, o professor é a peça fundamental para o fracasso ou o sucesso do ensino. Os efeitos de sua desmotivação, certamente serão sentidos não só nos resultados da aprendizagem e na qualidade do ensino, mas também na sua saúde física e mental. Para haver aprendizagem deve haver motivação das partes envolvidas, tanto aluno quanto professor. 
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A cada dia que passa, mais professores, em especial das escolas públicas, vêm se desmotivando com o exercício de sua profissão e, muitos abandonam as salas de aulas. 
As causas dessa desmotivação são os vários problemas que ocorrem dentro do ambiente escolar, entre os quais, os principais são a violência, o desrespeito, o desinteresse dos alunos, a desvalorização da profissão, falta de reconhecimento e os baixos salários. 
Diante de tudo o que foi exposto, percebemos que é necessário que os professores estejam motivados com a sua profissão para alcançarem êxito nos seus objetivos. Existe a necessidade urgente que os órgãos competentes e todos os envolvidos na questão educacional, façam uma reflexão sobre a importância do trabalho do docente na construção sociocultural da nação e comecem a mudar a perspectiva da educação no país. 
Acima das adversidades existe a necessidade de que o educador esteja preparado para enfrentar a realidade e não permita que os fatores negativos destruam o objetivo principal de sua profissão que é educar. 
REFEFÊNCIAS
ABRAMOVAY, Miriam, RUA, Maria das Graças. Violências nas escolas. Brasília: UNESCO, 2002.
ANTUNES, Irandé. Avaliação da produção textual no ensino médio. In: BUNZEN, Clésio; MENDONÇA, Márcia (Orgs.). Português no ensino médio e formação do professor. São Paulo: Parábola Editorial, 2006.
CHARLOT, B. Da relação com o saber: elementos para uma teoria. Porto Alegre: Artmed, 2000.
CUNHA, M. I. O bom professor e sua prática. Campinas: Papirus, 1999.
SILVA, Daniella Neves da. A desmotivação do professor em sala de aula, nas escolas públicas no município de São José dos Campos - SP. Monografia de conclusão do Curso de Especializaçãoem Gestão Pública Municipal, da Universidade Tecnológica Federal do Paraná - Campus Curitiba, Curitiba-PR, 2012.
DI IÓRIO, Patrícia Silvestre. A construção da identidade do professor de língua materna. Revista Unicsul, n. 10, dez. 2003.
HAMZE, Amélia. A Profissão de ser Professor. 14/08/2012. Portal R7, Canal do educador. Disponível em http://educador.brasilescola.com/trabalho-docente/professor.htm > Acesso em 07 Abril 2015
JESUS, Saul Nunes de. Desmotivação e crise de identidade na profissão docente. KATÁLYSIS, v. 7, n. 2, 2004. Disponível em http://didnet.unirioja.es/servlet/fichero_articulo?codigo=2926117&orden=0
 Acesso em 07 Abril 2015.
KNÜPPE, Luciane. Motivação e desmotivação: desafio para as professoras do Ensino Fundamental Educ. rev.  no.27 Curitiba Jan./June 2006 http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0104-40602006000100017&script=sci_arttext> Acesso em 07 Abril 2015
LIBÂNEO, José Carlos. Organização e gestão da escola: teoria e prá- tica. Goiânia: Alternativa, 2001. p. 45-52.
LÜCK, Heloísa. O Stress do Professor. São Paulo: Papirus Editora, 2002.
MOREIRA, H. A investigação da motivação do professor: a dimensão esquecida. Educação & Tecnologia, Curitiba, v.1, p.88-96, 1997.
OLIVEIRA, Tuanny Kamila. Desmotivação: um fator negativo na prática do professor. Revista Senso Comum, nº 1, 2009, p. 76-85 – Dossiê Livre.
ZAGURY, Tânia. O professor precisa ser ouvido. Ed. Record, São Paulo.2006. Disponível em http://revistaescola.abril.com.br/formacao/formacao-continuada/tania-zagury-professor-precisa-ser-ouvido-609958.shtml> Acesso em 06 Abril 2015
FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Dicionário Aurélio Básico da Língua Portuguesa. Curitiba: Editora Positivo,ed.03 2004, p. 2065.

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