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PRF Legislação Penal Aula 08 - Policia Rodoviária Federal

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Legislação Penal Especial – Teoria e exercícios comentados 
Policial Rodoviário Federal 
Aula 08 - Estatuto da Criança e do Adolescente 
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Aula 08 
Legislação Especial – Policial Rodoviário Federal 
Lei nº 8.069/90 – Estatuto da Criança e do Adolescente. 
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Tópicos da Aula 
 
Introdução ....................................................................................................................................................... 3 
Lei n.º 8.069/90 – Estatuto da Criança e do Adolescente. .......................................................... 4 
Dos crimes e das infrações administrativas ..................................................................................... 31 
Resumo dos pontos mais importantes ............................................................................................... 56 
Questões de concursos anteriores ....................................................................................................... 58 
Anexo I – Infrações Administrativas ................................................................................................... 65 
 
 
 
 
Aula 08 – Estatuto da Criança e do Adolescente 
 Legislação Penal Especial – Teoria e exercícios comentados 
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Introdução 
 
Olá! 
 
 Na aula de hoje, abordaremos a Lei n.º 8.069/90, o Estatuto da Criança 
e do Adolescente, conhecido como “ECA”. 
 
O edital do concurso da PRF/2013 exigiu o conhecimento das seguintes 
partes desse diploma: 
 
 Título II Dos Direitos Fundamentais. 
Capítulos I Do Direito à Vida e à Saúde. 
Capítulos II Do Direito à Liberdade, ao Respeito e à Dignidade. 
 Título III Da Prevenção. 
Capítulo II Da Prevenção Especial. 
Seção III Da Autorização para Viajar. 
 Título V Do Conselho Tutelar. 
 Título VII Dos Crimes e Das Infrações Administrativas. 
 
Em que pese a delimitação dos artigos passíveis de cobrança, 
precisaremos estudar também alguns outros, uma vez que contemplam 
princípios essenciais à interpretação da Lei e à compreensão de seus institutos. 
 
Mas, não se preocupe. Faremos a abordagem, como sempre, de forma 
objetiva e sem divagações teóricas que, apesar de importantes sob o ponto de 
vista acadêmico, são desnecessárias à preparação para o nosso concurso. 
 
O ponto de maior interesse, é claro, será o Título VII, em especial, a parte 
que trata dos crimes em espécie. 
 
Mãos à obra! 
 
 
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Lei n.º 8.069/90 – Estatuto da Criança e do Adolescente. 
 
 O Estatuto da Criança e do Adolescente, o conhecido “ECA”, representou 
um marco histórico na luta pela garantia dos direitos da infância e da juventude 
em nosso país. 
 Antes do Estatuto, a legislação tratava a questão dos menores de idade, 
basicamente, sob o aspecto criminal, com pouca (ou nenhuma) preocupação em 
garantir a sua proteção e seus direitos fundamentais. 
 Iniciaremos nosso estudo pelo fundamento constitucional do ECA, que 
reside no art.227 de nossa Lei Maior: 
 
 
 
 
 
 
 
Aqui já temos as primeiras observações importantes para nossa prova. 
O primeiro ponto é que o amparo à criança e ao adolescente não se 
esgota no âmbito da família. Ao contrário, trata-se de um dever imposto 
também à sociedade e, em especial, ao Poder Público em todos os níveis 
(Federal, Estadual, Distrital e Municipal). 
Além disso, a garantia dos direitos assegurados (vida, saúde, educação, 
etc.) deve se dar com absoluta prioridade, o que implica, naturalmente, o 
direcionamento prioritário de recursos orçamentários para as políticas públicas 
voltadas para essa população. 
Trata-se de uma das vertentes do princípio da prioridade absoluta à 
criança e ao adolescente, que deve ser observado, principalmente, pelos 
Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado 
assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com 
absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, 
à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à 
dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e 
comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de 
negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e 
opressão. 
 (Redação dada Pela Emenda Constitucional nº 65, de 2010) 
 
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gestores públicos. Esse princípio servirá de referência para interpretação de 
várias disposições do ECA. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Passemos ao estudo da Lei. 
 
 
 
 
 
As disposições preliminares contidas nos art.1º a 6º estabelecem 
definições e regras importantes para a interpretação do Estatuto. 
No art.1º, temos o princípio da proteção integral à criança e ao 
adolescente, que se materializa, conforme disposto no art.3º, na garantia do 
desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social, em condições de 
liberdade e de dignidade. 
 
Título I 
Das Disposições Preliminares 
 
Art. 1º Esta Lei dispõe sobre a proteção 
integral à criança e ao adolescente. 
 
FCC/2012 – TRT/20ª REGIÃO - Juiz do Trabalho (adaptada) 
Em relação ao direito da criança e do adolescente, julgue o item a seguir: 
O comando constitucional do caput do art. 227 da Constituição Federal, com a 
redação da Emenda Constitucional no 65/2010, que estabelece que é dever do 
Estado, da família e da sociedade, com absoluta prioridade, assegurar à criança, ao 
adolescente e ao jovem, entre outros, o direito à vida, à saúde, à dignidade e à 
profissionalização tem no Estatuto da Criança e do Adolescente sua regulamentação 
principal. 
Gabarito: Certo. 
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O inciso II do art.100 do Estatuto assim dispõe: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Mas quem deve ser considerado criança e adolescente? 
 
 
 
 
 
 
 
A Lei estabeleceu critérios objetivos: criança é a pessoa com idade até 
12 anos incompletos. Adolescente é aquele entre 12 e 18 anos de idade. 
Essa diferenciação se faz necessária porque a Lei, em várias oportunidades, 
trata de modo diverso esses sujeitos. Um exemplo dessa distinção de 
tratamento reside na autorização para viagens (art.83 a 85), que será visto 
adiante. 
Art. 2º Considera-se criança, para os efeitos 
desta Lei, a pessoa até doze anos de idade 
incompletos, e adolescente aquela entre doze e 
dezoito anos de idade. 
 Parágrafo único.Nos casos expressos em lei, 
aplica-se excepcionalmente este Estatuto às 
pessoas entre dezoito e vinte e um anos de idade. 
 
Capítulo II 
Das Medidas Específicas de Proteção 
 Art. 100. Na aplicação das medidas levar-se-ão em conta as necessidades 
pedagógicas, preferindo-se aquelas que visem ao fortalecimento dos 
vínculos familiares e comunitários. 
 Parágrafo único. São também princípios que regem a aplicação das 
medidas: (...) 
 II - proteção integral e prioritária: a interpretação e aplicação de 
toda e qualquer norma contida nesta Lei deve ser voltada à proteção 
integral e prioritária dos direitos de que crianças e adolescentes são 
titulares; 
 
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Importante saber também que, excepcionalmente, o ECA pode ser 
aplicado a pessoas entre 18 e 21 anos de idade1. 
 
Criança: 0 a 12 anos incompletos 
Adolescente: 12 a 18 anos 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1
 São duas as disposições às quais se aplica o ECA à pessoa entre 18 e 21 anos de idade: art.40 
e § 5º do art.121. Vejamos: 
Art. 40. O adotando deve contar com, no máximo, dezoito anos à data do pedido, salvo se já 
estiver sob a guarda ou tutela dos adotantes. 
Art. 121. A internação constitui medida privativa da liberdade, sujeita aos princípios de 
brevidade, excepcionalidade e respeito à condição peculiar de pessoa em desenvolvimento. (...) 
§5º A liberação será compulsória aos vinte e um anos de idade. 
 
 
A emancipação civil gera reflexos (efeitos jurídicos) em 
relação aos direitos positivados pelo ECA? 
 Essa foi uma questão cobrada no concurso para Juiz de Direito/DF/2013 realizado 
pelo CESPE. Eis o padrão de resposta da banca examinadora: 
“(...) o Direito da Criança e do Adolescente encampou a doutrina da proteção 
integral, diante da singularidade dos sujeitos em situação de desenvolvimento. 
Assim, o regime de capacidade civil não gera reflexos nos direitos dispostos 
no ECA (art.2º), pois as normas nele elencadas têm natureza pública. A 
emancipação é instituto jurídico que gera efeitos patrimoniais, não maculando 
qualquer direito fundamental especialmente assegurado. Em suma, nenhum 
adolescente deixa de ser titular de direitos assegurados no ECA por ter sido 
emancipado, sob pena ofensa à doutrina da proteção integral.” 
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O art.3º reforça o entendimento que crianças e adolescente são também 
sujeitos de direito, tal como previsto no texto constitucional: 
Art. 3º A criança e o adolescente gozam de todos os 
direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sem 
prejuízo da proteção integral de que trata esta Lei, 
assegurando-se-lhes, por lei ou por outros meios, todas as 
oportunidades e facilidades, a fim de lhes facultar o 
desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e 
social, em condições de liberdade e de dignidade. 
 Parágrafo único. Os direitos enunciados nesta Lei 
aplicam-se a todas as crianças e adolescentes, sem 
discriminação de nascimento, situação familiar, idade, sexo, 
raça, etnia ou cor, religião ou crença, deficiência, condição 
pessoal de desenvolvimento e aprendizagem, condição 
econômica, ambiente social, região e local de moradia ou 
outra condição que diferencie as pessoas, as famílias ou a 
comunidade em que vivem. 
 (incluído pela Lei nº 13.257, de 2016) 
 
CESPE/2014 - Câmara dos Deputados - Analista Legislativo 
Julgue o próximo item, referente ao disposto no Estatuto da Criança e do 
Adolescente (ECA) e às atribuições do conselho tutelar. 
As disposições do ECA aplicam-se apenas a crianças, indivíduos até doze 
anos de idade incompletos, e a adolescentes, indivíduos entre doze e dezoito 
anos de idade. 
Gabarito: Errado. 
Comentário: Conforme parágrafo único do art. 2º, nos casos expressos em 
lei, aplica-se excepcionalmente este Estatuto às pessoas entre dezoito e 
vinte e um anos de idade. 
 
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Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de 
qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos 
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à 
vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos 
termos seguintes: 
I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos 
termos desta Constituição; 
 
Conforme dissemos, o princípio da proteção integral determina que 
sejam assegurados à criança e ao adolescente todas as oportunidades e 
facilidades para o seu desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e 
social, em condições de liberdade e de dignidade. 
 
O parágrafo único é fruto de recentíssima alteração legislativa, promovida 
pela Lei n.º 13.257/2016, que trata das políticas públicas voltadas para a 
primeira infância. Esse dispositivo reforça a vedação à discriminação, 
principalmente no que se refere à formulação de políticas públicas, em razão 
dos parâmetros lá dispostos: nascimento, situação familiar, raça, cor, 
comunidades em que vivem, etc. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Art. 4º É dever da família, da comunidade, da sociedade 
em geral e do poder público assegurar, com absoluta 
prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à 
saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à 
profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à 
liberdade e à convivência familiar e comunitária. 
 Parágrafo único. A garantia de prioridade compreende: 
 a) primazia de receber proteção e socorro em quaisquer 
circunstâncias; 
 b) precedência de atendimento nos serviços públicos 
ou de relevância pública; 
 c) preferência na formulação e na execução das políticas 
sociais públicas; 
 d) destinação privilegiada de recursos públicos nas 
áreas relacionadas com a proteção à infância e à juventude. 
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O art.4º repete a orientação constitucional (art.227) de que a proteção 
dos direitos assegurados à criança e ao adolescente não é obrigação apenas da 
família, mas também da comunidade, da sociedade e do Poder Público, em 
todos os níveis de governo. 
 
A afronta ou inobservância dos direitos elencados neste artigo podem 
configurar infrações administrativas ou até mesmo crimes, conforme 
veremos adiante (art.225 e seguintes). 
O art.4º estabelece também a absoluta prioridade na efetivação dos 
direitos estabelecidos neste Estatuto. Esse princípio (que também tem 
fundamento do art.227 da CRFB/88) determina à destinação prioritária de 
recursos para as políticas públicas ao atendimento das necessidades da 
população infanto-juvenil. Trata-se, portanto, de um comandodirigido, 
principalmente, aos gestores públicos. 
O parágrafo único do art.4º define como será concretizada essa 
prioridade. O rol de ações lá disposto é meramente exemplificativo e não 
dispensa o Administrador de tomar, no caso concreto, outras providências a fim 
de dar cumprimento à priorização determinada pelo Estatuto. 
 
Esse rol deve ser, na medida do possível, memorizado, já que costuma 
ser objeto de prova: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Primazia de receber proteção e socorro em quaisquer circunstâncias; 
 Precedência de atendimento nos serviços públicos ou de relevância 
pública; 
 Preferência na formulação e na execução das políticas sociais públicas 
 Destinação privilegiada de recursos públicos nas áreas relacionadas com a 
proteção à infância e à juventude 
 
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Os art.228 a 244-B tipificam as condutas atentatórias aos direitos 
fundamentais das crianças e adolescentes (crimes). Já os art. 245 a 258-C 
descrevem condutas consideradas infrações administrativas. Todos esses 
dispositivos penais estão contemplados em nosso edital e serão vistos adiante. 
 
Art. 5º Nenhuma criança ou adolescente será 
objeto de qualquer forma de negligência, discriminação, 
exploração, violência, crueldade e opressão, punido na 
forma da lei qualquer atentado, por ação ou omissão, 
aos seus direitos fundamentais. 
 
TRT 2ª Região/2012 – TRT/ 2ª Região - Juiz do Trabalho 
A garantia de prioridade absoluta assegurada à criança e ao adolescente 
concernente a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à 
alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização e à cultura, 
dentre outros, compreende: 
a) Procedência de atendimento apenas nos serviços públicos. 
b) Primazia de receber proteção e socorro em circunstâncias pré-estabelecidas 
pelo Poder Público. 
c) Preferência exclusiva na formulação das políticas sociais públicas. 
d) Destinação privilegiada de recursos públicos nas áreas relacionadas com a 
proteção à infância e à juventude. 
e) Apenas os deveres da família e do poder público na adoção destas medidas 
prioritárias. 
Gabarito: D 
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Além disso, o descumprimento das determinações do ECA pode ensejar 
também a responsabilização civil dos agentes2. 
 
Perceba que a Lei contempla a possibilidade do cometimento de violações 
às suas disposições por meio de ação ou omissão dos agentes, como nos 
casos em que pais ou responsáveis deixem de dar educação, tratamento 
médico, etc. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O art.6º determina que a interpretação das disposições do ECA deve 
sempre ser feita visando à proteção da criança e do adolescente, que é um dos 
fins visados pelo Estatuto. Na eventual aplicação de sanções, deve ser 
ponderada a sua condição peculiar de pessoa em desenvolvimento. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2
 Art.97, art.201, inciso X e art.216, todos do ECA. 
Título II 
Dos Direitos Fundamentais 
Capítulo I 
Do Direito à Vida e à Saúde 
 
 Art. 7º A criança e o adolescente têm direito a 
proteção à vida e à saúde, mediante a efetivação de 
políticas sociais públicas que permitam o nascimento e 
o desenvolvimento sadio e harmonioso, em condições 
dignas de existência. 
O descumprimento das disposições do ECA pode implicar a 
responsabilização administrativa, civil e penal do agentes envolvidos. 
 
 Art. 6º Na interpretação desta Lei levar-se-ão em 
conta os fins sociais a que ela se dirige, as exigências do 
bem comum, os direitos e deveres individuais e coletivos, e 
a condição peculiar da criança e do adolescente como 
pessoas em desenvolvimento. 
 
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Mais uma vez, o Estatuto reforça que as políticas públicas devem ser 
implementadas pelo Poder Público visando proteger os direitos fundamentais à 
vida e à saúde. 
 
 
 
Esses artigos constaram do edital do concurso PRF/2013. Existe, portanto, a 
possibilidade teórica de a banca examinadora vir a cobrar alguma questão 
sobre os mesmos, caso sejam mantidos no próximo edital. 
Não acredito, contudo, que valha a pena investir muito tempo na leitura 
desses artigos. Isso porque a probabilidade de cobrança em prova, apesar de 
existente, é baixa, em razão de sua pouca afinidade com a natureza do cargo 
de Policial Rodoviário Federal. 
Sugiro que você aguarde o edital para confirmar a manutenção dos mesmos 
no programa. Caso afirmativo, a leitura do texto “seco” da Lei já será 
suficiente para realizar a prova, sobretudo por se tratar, em grande parte, de 
alteração legislativa recente, não havendo doutrina ou jurisprudência 
consolidados sobre o tema. Nesse sentido, as eventuais questões, ressalvada 
a hipótese de um comportamento atípico do CESPE, exigirão o conhecimento 
“literal” da Lei. 
Prosseguindo em nosso estudo! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
As observações a seguir são válidas para os art.8º a 12 e 14 do ECA. 
 
Capítulo II 
Do Direito à Liberdade, ao Respeito e à Dignidade 
Art. 15. A criança e o adolescente têm direito à 
liberdade, ao respeito e à dignidade como 
pessoas humanas em processo de desenvolvimento 
e como sujeitos de direitos civis, humanos e 
sociais garantidos na Constituição e nas leis. 
 
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Conforme dissemos, o ECA referendou o entendimento que o princípio da 
dignidade da pessoa humana independe da idade do seu destinatário. Ou seja, 
alcança a criança e o adolescente, que também são sujeitos de direitos, cujo 
cumprimento pode ser exigido, se for o caso, pela via judicial. 
O direito à liberdade, ao respeito e à dignidade compreende os 
seguintes aspectos: 
Liberdade 
(art.16) 
Respeito 
(art.17) 
Dignidade 
(art.18) 
 
I - ir, vir e estar nos logradouros 
públicos e espaços comunitários, 
ressalvadas as restrições legais; 
II - opinião e expressão; 
III - crença e culto religioso; 
IV - brincar, praticar esportes e 
divertir-se; 
V - participar da vida familiar e 
comunitária, sem discriminação; 
VI - participar da vida política, na 
forma da lei; 
VII - buscar refúgio, auxílio e 
orientação. 
 
Inviolabilidade da 
integridade física, psíquica 
e moral da criança e do 
adolescente, abrangendo 
a preservação da: 
 
 Imagem. 
 Identidade. 
 Autonomia dos 
valores, ideias e 
crenças. 
 Espaços e objetos 
pessoais. 
 
Permanecerem a 
salvo de qualquer 
tratamento: 
 Desumano. 
 Violento. 
 Aterrorizante. Vexatório. 
 Constrangedor. 
 
 
 
 
 
 
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TJ-PR/2011 – TJ/PR – Juiz de Direito 
De acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente, o direito à liberdade 
compreende os seguintes aspectos: 
I. Ir, vir e estar nos logradouros públicos e espaços comunitários, sem restrições 
de qualquer natureza. 
II. Opinião e expressão. 
III. Crença e culto religioso. 
IV. Brincar, praticar esportes e divertir-se, quando fundado em atividade 
pedagógica efetiva. 
V. Participar da vida familiar e comunitária, sem discriminação. 
VI. Participar da vida política e de atividade partidária, na forma da lei. 
VII. Buscar refúgio, auxílio e orientação. 
 
Está(ão) CORRETA(S): 
a) Somente as assertivas I, III, V e VI. 
b) Somente as assertivas III, IV, VI e VII. 
c) Somente as assertivas II, IV, VI e VII. 
d) Somente as assertivas II, III, V e VII. 
 
Gabarito: D 
Comentário: Aplicação direta do art.16 do ECA. 
Art. 18-A. A criança e o adolescente têm o direito de ser 
educados e cuidados sem o uso de castigo físico ou de 
tratamento cruel ou degradante, como formas de correção, 
disciplina, educação ou qualquer outro pretexto, pelos pais, 
pelos integrantes da família ampliada, pelos responsáveis, pelos 
agentes públicos executores de medidas socioeducativas 
ou por qualquer pessoa encarregada de cuidar deles, tratá-
los, educá-los ou protegê-los. 
 
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A Lei n.º 13.010/2014, conhecida como a "Lei da Palmada", incluiu esse 
dispositivo no ECA visando à proibição, a qualquer pretexto, de castigos 
físicos ou tratamentos cruéis ou degradantes no cuidado e educação de crianças 
e adolescentes. 
Essa vedação se aplica aos: 
 Pais 
 Família ampliada, 
 Responsáveis, 
 Agentes públicos executores de medidas socioeducativas; ou 
 Qualquer pessoa encarregada de cuidar, tratar, educar ou proteger 
crianças e adolescentes. 
 
 
 
 
 
 
Parágrafo único. Para os fins desta Lei, considera-se: 
I - castigo físico: ação de natureza disciplinar ou 
punitiva aplicada com o uso da força física sobre a criança ou o 
adolescente que resulte em: 
a) sofrimento físico; ou 
b) lesão; 
II - tratamento cruel ou degradante: conduta ou 
forma cruel de tratamento em relação à criança ou ao 
adolescente que: 
a) humilhe; ou 
b) ameace gravemente; ou 
c) ridicularize. 
 
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O conceito de família natural e ampliada encontra-se no art.25 do ECA: 
Família 
NATURAL 
Família 
AMPLIADA 
Comunidade formada 
pelos pais ou qualquer 
deles e seus 
descendentes. 
 
Aquela que se estende para além da unidade 
pais e filhos ou da unidade do casal, 
formada por parentes próximos com os 
quais a criança ou adolescente convive e 
mantém vínculos de afinidade e afetividade. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Perceba que basta memorizar que a vedação se dirige 
a qualquer pessoa encarregada do cuidado, 
educação e proteção. 
 
 
IDECAN/2016 - Prefeitura de Natal - Advogado 
Estabelece o Estatuto da Criança e do Adolescente que a criança e o adolescente 
têm o direito de ser educados e cuidados sem o uso de castigo físico ou de 
tratamento cruel ou degradante, como formas de correção, disciplina, educação ou 
qualquer outro pretexto, pelos pais, pelos integrantes da família ampliada, pelos 
responsáveis, pelos agentes públicos executores de medidas socioeducativas ou 
por qualquer pessoa encarregada de cuidar deles, tratá-los, educá-los ou protegê-
los. Para os fins do referido estatuto, considera-se tratamento cruel ou degradante 
a conduta ou forma cruel de tratamento em relação à criança ou ao adolescente 
que: 
a) Ridicularize ou resulte em lesão. 
b) Resulte em sofrimento físico ou lesão. 
c) Humilhe ou resulte em sofrimento físico. 
d) Humilhe, ameaça gravemente ou ridicularize. 
 
Gabarito: D 
 
Comentário: A definição de tratamento cruel ou degradante encontra-se no inciso 
II do parágrafo único do art.18-A do ECA. 
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Perceba que a mera suspeita dessas violações já é motivo suficiente para 
comunicação obrigatória ao Conselho Tutelar. 
O Conselho Tutelar é órgão permanente, autônomo, não jurisdicional, 
encarregado pela sociedade de zelar pelo cumprimento dos direitos da criança e 
do adolescente, definidos nesta Lei (art.131 do Estatuto). 
A omissão da comunicação obrigatória pode configurar infração 
administrativa (e não crime!) prevista no art.245 do ECA: 
Art. 245. Deixar o médico, professor ou 
responsável por estabelecimento de atenção à saúde 
e de ensino fundamental, pré-escola ou creche, de 
comunicar à autoridade competente os casos de que 
tenha conhecimento, envolvendo suspeita ou 
confirmação de maus-tratos contra criança ou 
adolescente: 
Pena - multa de três a vinte salários de referência, 
aplicando-se o dobro em caso de reincidência. 
 
 
 
 
 
 
Art. 13. Os casos de suspeita ou confirmação 
de castigo físico, de tratamento cruel ou degradante e 
de maus-tratos contra criança ou adolescente serão 
obrigatoriamente comunicados ao Conselho 
Tutelar da respectiva localidade, sem prejuízo de 
outras providências legais. 
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Este artigo lista as medidas cabíveis em caso de utilização de castigo 
físico ou tratamento cruel ou degradante, a qualquer pretexto, contra criança e 
adolescente. Perceba que as medidas previstas nesse artigo não afastam a 
responsabilização penal ou civil do agressor, se for o caso. 
Importante memorizar, se possível, o rol das medidas cabíveis, em 
razão de sua reiterada cobrança em concursos. 
Além disso, é importante saber que compete ao Conselho Tutelar a 
aplicação de tais medidas, e não ao Poder Judiciário. 
 
 
 
 
Art. 18-B. Os pais, os integrantes da família ampliada, os 
responsáveis, os agentes públicos executores de medidas 
socioeducativas ou qualquer pessoa encarregada de cuidar de 
crianças e de adolescentes, tratá-los, educá-los ou protegê-los que 
utilizarem castigo físico ou tratamento cruel ou degradante como 
formas de correção, disciplina, educação ou qualqueroutro pretexto 
estarão sujeitos, sem prejuízo de outras sanções cabíveis, às 
seguintes medidas, que serão aplicadas de acordo com a gravidade do 
caso: 
I - encaminhamento a programa oficial ou comunitário de 
proteção à família; 
II - encaminhamento a tratamento psicológico ou psiquiátrico; 
III - encaminhamento a cursos ou programas de orientação; 
IV - obrigação de encaminhar a criança a tratamento especializado 
V - advertência. 
Parágrafo único. As medidas previstas neste artigo serão aplicadas 
pelo Conselho Tutelar, sem prejuízo de outras providências legais. 
Compete ao Conselho Tutelar (e não ao Poder 
Judiciário) a aplicação das medidas decorrentes do 
emprego de castigo físico ou tratamento cruel ou 
degradante contra criança ou adolescente (art.18-B). 
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CESPE/2015 – DEPEN - Serviço Social 
Com relação a políticas, diretrizes, ações e desafios referentes à 
família, à criança e ao adolescente, julgue o item subsecutivo. 
Caso a pessoa encarregada de cuidar de crianças utilize tratamento 
cruel como forma de correção, ela estará sujeita a encaminhamento a 
programa oficial ou comunitário de proteção à família, a tratamento 
psicológico ou psiquiátrico e a cursos ou programas de orientação. 
Gabarito: Certo 
 
Comentário: As medidas relacionadas no enunciado encontram-se 
previstas no art.18-B. 
Seção III 
Da Autorização para Viajar 
 Art. 83. Nenhuma CRIANÇA poderá viajar para fora da 
comarca onde reside, desacompanhada dos pais ou responsável, sem 
expressa autorização judicial. 
 § 1º A autorização não será exigida quando: 
 a) tratar-se de comarca contígua à da residência da criança, se 
na mesma unidade da Federação, ou incluída na mesma região 
metropolitana; 
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As restrições para viagens de crianças e adolescentes representam 
importante mecanismo de combate ao tráfico de pessoas em nosso país. Trata-
se, assim, de mais um instrumento a serviço da proteção integral da 
população infanto-juvenil (art.1º do ECA). 
A regra é que a criança só poderá viajar para fora da comarca onde 
resida se estiver acompanhada dos pais/responsável, ou então com expressa 
autorização judicial. 
 
O primeiro ponto a destacar é que a exigência de autorização para 
viagem, dentro do território nacional, se aplica apenas a crianças e não a 
adolescentes. Não há, em relação a esses, restrição para viagem dentro do 
território nacional. As viagens para o exterior são tratadas no art.84, a seguir. 
 
 Importante memorizar as situações onde não será exigida a autorização, 
em razão da frequente cobrança em concursos. 
 
Note que na hipótese de autorização fornecida por pai, mãe ou 
responsável para viagem acompanhada por pessoa maior, não há previsão 
legal para reconhecimento de firma (ao contrário do previsto no art.84, II, 
que será visto adiante). 
 
A falta de autorização prevista neste artigo configura, em tese, a infração 
administrativa prevista no art.251 do ECA. 
 
 
 b) a criança estiver acompanhada: 
 1) de ascendente ou colateral maior, até o terceiro grau, 
comprovado documentalmente o parentesco; 
 2) de pessoa maior, expressamente autorizada pelo pai, mãe 
ou responsável. 
 § 2º A autoridade judiciária poderá, a pedido dos pais ou 
responsável, conceder autorização válida por dois anos. 
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Art. 251. Transportar criança ou adolescente, por 
qualquer meio, com inobservância do disposto nos 
arts. 83, 84 e 85 desta Lei: 
 
Pena - multa de três a vinte salários de referência, 
aplicando-se o dobro em caso de reincidência. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CESPE/2004 - Polícia Federal - Agente de Polícia Federal 
Em cada um dos itens a seguir, é apresentada uma situação hipotética, 
seguida de uma assertiva a ser julgada. 
Sabendo que Patrícia está prestes a viajar de carro de São Paulo para 
Brasília, um amigo pediu-lhe que levasse consigo Antônio, que é filho dele e 
tem 17 anos de idade. Patrícia aceitou o pedido, mas solicitou a seu amigo 
que lhe conferisse uma autorização por escrito, com firma reconhecida em 
cartório, para evitar problemas na condução de Antônio. Nessa situação, a 
autorização solicitada por Patrícia é desnecessária para que Antônio possa 
viajar com ela de maneira regular. 
Gabarito: Certo 
 
Comentário: Observe que Antônio é adolescente (17 anos), não 
necessitando de autorização para viajar no território nacional, nos termos 
do art.83 do ECA. 
Art. 84. Quando se tratar de viagem ao exterior, a 
autorização é dispensável, se a criança ou adolescente: 
I - estiver acompanhado de ambos os pais ou 
responsável; 
II - viajar na companhia de um dos pais, autorizado 
expressamente pelo outro através de documento com 
firma reconhecida. 
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O art.84 trata da saída de criança e adolescente do país (lembre-se que 
o art.83 trata apenas de crianças, e não de adolescentes). 
 
Para viagem ao exterior, a regra também é a autorização judicial, que 
poderá ser dispensada quando a criança ou adolescente estiver acompanhado 
de ambos os pais ou, por apenas um deles, desde que expressamente 
autorizado pelo outro. 
 
Perceba que a autorização dada pelo pai/mãe que não acompanhará a 
criança ou adolescente deve ser através de documento com firma 
reconhecida (diferentemente do que ocorre em viagem nacional, art.83). 
 
A falta de autorização prevista neste artigo também configura infração 
administrativa prevista no art.251 do ECA. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A autorização referida neste artigo tem aplicação no bojo de processos de 
adoção por estrangeiros, e terá lugar, normalmente, após o transito em julgado 
da sentença (§7º do art.47 do Estatuto). 
 
As regras atinentes ao processo de adoção 
não constaram do edital da PRF/2013. 
 
A falta da autorização prevista neste artigo também pode configurar a 
infração administrativa prevista no art.251. 
 
 
 
 
Art. 85. Sem prévia e expressa autorização judicial, 
nenhuma criança ou adolescente nascido em 
território nacional poderá sair do País em 
companhia de estrangeiro residente ou domiciliado no 
exterior. 
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O Conselho Tutelar é um órgão criado por lei municipal (não se trata, 
portanto, de órgão jurisdicional, mas sim administrativo), com a missão de 
zelar pelo cumprimento dos direitos da criança e do adolescente naquela base 
territorial. Atua, portanto, no fomento à proteção integral prevista no art.1º 
do ECA. 
 
 
 
 
Para tanto, a lei garante a sua autonomia, traduzida na independência 
funcional. A partir daí, conclui-se que suas decisões não precisam ser 
submetidas à ratificação do Poder Executivo Municipal (ou do Poder Judiciário) 
para que produzam efeitos. Não há, portanto, subordinação funcional. 
Naturalmente, tais decisões, como qualquer ato administrativo, podem 
ser revistas pelo Poder Judiciário em caso de ilegalidade, mediante 
provocação de quem seja legitimado, nos termos do art.137 do ECA: 
Título V 
Do Conselho Tutelar 
Capítulo I 
Disposições Gerais 
 
 Art. 131. O Conselho Tutelar é órgão permanente e 
autônomo, não jurisdicional, encarregado pela sociedade de 
zelar pelo cumprimento dos direitos da criança e do 
adolescente, definidos nesta Lei. 
 Art. 132. Em cada Município e em cada Região 
Administrativa do Distrito Federal haverá, no mínimo, 1 (um) 
Conselho Tutelar como órgão integrante da administração 
pública local, composto de 5 (cinco) membros, escolhidos pela 
população local para mandato de 4 (quatro) anos, permitida 
1 (uma) recondução, mediante novo processo de escolha. 
Observe que o ECA determina a criação de, no 
mínimo, 1 (um) Conselho Tutelar, em cada 
Município e em cada Região Administrativa do Distrito 
Federal. 
 
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Possui legítimo interesse aquele que, de algum modo, for afetado por 
decisão desfavorável do Conselho Tutelar, como, por exemplo, nos casos de 
aplicação das medidas previstas no art.18-B, já estudado. 
Importante que você saiba que as decisões do Conselho Tutelar tem 
caráter coercitivo. Ou seja, devem ser obrigatoriamente cumpridas por seus 
destinatários, entre os quais pode figurar até mesmo o Poder Público. 
Além disso, o Conselho também pode promover a execução de suas 
próprias decisões (art.136, III). O descumprimento de determinação do 
Conselho Tutelar configura, em tese, o crime (não infração administrativa!) 
previsto no art.249 do ECA: 
Art. 249. Descumprir, dolosa ou culposamente, os deveres 
inerentes ao poder familiar ou decorrente de tutela ou 
guarda, bem assim determinação da autoridade judiciária ou 
Conselho Tutelar. 
 Por fim, o Ministério Público, em razão de sua função fiscalizatória, 
também possui legitimidade para questionar atos do Conselho Tutelar. 
 
 
 
Repito aqui observação similar àquela relativa aos art.8º a 12 e 14, 
já tratados acima. 
Os art.133, 134, 135, 138, 139 e 140 tratam de particularidades do 
funcionamento dos Conselhos Titulares que não guardam maior 
afinidade, nem com a natureza do cargo de Policial Rodoviário 
Federal, nem com o estilo de prova típico dos concursos da área 
policial. 
As observações a seguir são válidas para os art.133, 134, 135, 
138, 139 e 140 do ECA. 
 
Art. 137. As decisões do Conselho Tutelar somente 
poderão ser revistas pela autoridade judiciária a 
pedido de quem tenha legítimo interesse. 
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No entanto, tendo em vista a possibilidade, ainda que teórica, de a 
banca examinadora vir a cobrar alguma questão envolvendo esses 
temas, recomendo a sua leitura. 
Sigamos em frente! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Capítulo II 
Das Atribuições do Conselho 
 
 Art. 136. São atribuições do Conselho Tutelar: 
 I - atender as crianças e adolescentes nas hipóteses previstas nos 
arts. 98 e 105, aplicando as medidas previstas no art. 101, I a VII; 
 II - atender e aconselhar os pais ou responsável, aplicando as 
medidas previstas no art. 129, I a VII; 
 III - promover a execução de suas decisões, podendo para 
tanto: 
 a) requisitar serviços públicos nas áreas de saúde, educação, 
serviço social, previdência, trabalho e segurança; 
 b) representar junto à autoridade judiciária nos casos de 
descumprimento injustificado de suas deliberações. 
 IV - encaminhar ao Ministério Público notícia de fato que 
constitua infração administrativa ou penal contra os direitos da 
criança ou adolescente; 
 V - encaminhar à autoridade judiciária os casos de sua 
competência; 
VI - providenciar a medida estabelecida pela autoridade judiciária, 
dentre as previstas no art. 101, de I a VI, para o adolescente autor de 
ato infracional; 
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O art.136 trata das atribuições do Conselho Tutelar. Esse é mais um rol 
com o qual você deve estar familiarizado, já que costuma ser cobrado – de 
forma literal – em concursos. 
Detalhes importantes: 
I - atender as crianças e adolescentes nas hipóteses previstas nos 
arts. 98 e 105, aplicando as medidas previstas no art. 101, I a VII. 
Os art.98 e 105 dispõem sobre as hipóteses onde caberá a aplicação das 
medidas de proteção à criança e ao adolescente: 
 
 VII - expedir notificações; 
 VIII - requisitar certidões de nascimento e de óbito de criança ou 
adolescente quando necessário; 
 IX - assessorar o Poder Executivo local na elaboração da 
proposta orçamentária para planos e programas de atendimento dos 
direitos da criança e do adolescente; 
 X - representar, em nome da pessoa e da família, contra a 
violação dos direitos previstos no art. 220, § 3º, inciso II, da 
Constituição Federal; 
 XI - representar ao Ministério Público para efeito das ações de 
perda ou suspensão do poder familiar, após esgotadas as 
possibilidades de manutenção da criança ou do adolescente junto à 
família natural. 
 XII - promover e incentivar, na comunidade e nos grupos 
profissionais, ações de divulgação e treinamento para o 
reconhecimento de sintomas de maus-tratos em crianças e 
adolescentes. 
 Parágrafo único. Se, no exercício de suas atribuições, o Conselho 
Tutelar entender necessário o afastamento do convívio familiar, 
comunicará incontinenti o fato ao Ministério Público, prestando-lhe 
informações sobre os motivos de tal entendimento e as providências 
tomadas para a orientação, o apoio e a promoção social da família. 
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Ocorrendo alguma das situações descritas nos incisos do art.98 (criança 
ou adolescente em situação irregular) ou no art.105 (práticade ato 
infracional 3 por criança (não adolescente!)), o Conselho Titular será a 
autoridade competente para aplicação das medidas de proteção elencadas nos 
incisos I a VII do art.101. São elas: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 Ato infracional é a conduta descrita como crime ou contravenção penal, quando 
praticada por criança ou adolescente (art.103 do ECA). 
 
Das Medidas de Proteção 
Capítulo I 
Disposições Gerais 
Art. 98. As medidas de proteção à criança e ao 
adolescente são aplicáveis sempre que os direitos 
reconhecidos nesta Lei forem ameaçados ou violados: 
I - por ação ou omissão da sociedade ou do Estado; 
II - por falta, omissão ou abuso dos pais ou responsável; 
III - em razão de sua conduta. 
 
Art. 105. Ao ato infracional praticado por criança 
corresponderão as medidas previstas no art. 101. 
Art. 101. Verificada qualquer das hipóteses previstas no art. 98, a 
autoridade competente poderá determinar, dentre outras, as 
seguintes medidas: 
 
I - encaminhamento aos pais ou responsável, mediante termo de 
responsabilidade; 
 
 II - orientação, apoio e acompanhamento temporários; 
 
 III - matrícula e freqüência obrigatórias em estabelecimento oficial 
de ensino fundamental; 
 
 IV - inclusão em serviços e programas oficiais ou comunitários de 
proteção, apoio e promoção da família, da criança e do adolescente; 
 
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Então, essas medidas de proteção são destinadas à criança que 
comete ato infracional (art.101). 
Em relação aos adolescentes que cometem atos infracionais são 
aplicáveis as medidas sócio-educativas previstas no art.112. No entanto, sua 
aplicação é da competência do Poder Judiciário, e não do Conselho Tutelar. 
 
 II - atender e aconselhar os pais ou responsável, aplicando as 
medidas previstas no art. 129, I a VII; 
 
O Conselho Tutelar também será a autoridade competente para aplicação 
de medidas aos pais ou responsáveis. São elas: 
 
 V - requisição de tratamento médico, psicológico ou psiquiátrico, 
em regime hospitalar ou ambulatorial; 
 
 VI - inclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio, 
orientação e tratamento a alcoólatras e toxicômanos; 
 
 VII - acolhimento institucional; 
 
* Os incisos VIII e IX não são da competência do Conselho Tutelar* 
 
VIII - inclusão em programa de acolhimento familiar; 
 
IX - colocação em família substituta. 
 
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 IV - encaminhar ao Ministério Público notícia de fato que 
constitua infração administrativa ou penal contra os direitos da criança 
ou adolescente 
Em relação aos crimes, a obrigação do Conselho Tutelar não se restringe 
àqueles previstos no ECA. Lembre-se que existem crimes passíveis de serem 
cometidos contra crianças e adolescentes também fora do ECA (Exemplo: 
homicídio, art.121 do CP). 
Título IV 
Das Medidas Pertinentes aos Pais ou Responsável 
 
 
Art. 129. São medidas aplicáveis aos pais ou responsável: 
 
 I - encaminhamento a serviços e programas oficiais ou 
comunitários de proteção, apoio e promoção da família; 
(Redação dada dada pela Lei nº 13.257, de 2016) 
 
 II - inclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio, 
orientação e tratamento a alcoólatras e toxicômanos; 
 
 III - encaminhamento a tratamento psicológico ou psiquiátrico; 
 
 IV - encaminhamento a cursos ou programas de orientação; 
 
 V - obrigação de matricular o filho ou pupilo e acompanhar sua 
freqüência e aproveitamento escolar; 
 
 VI - obrigação de encaminhar a criança ou adolescente a 
tratamento especializado; 
 
 VII - advertência; 
 
* Os incisos VIII a X não são da competência do Conselho Tutelar* 
 
 VIII - perda da guarda; 
 
 IX - destituição da tutela; 
 
 X - suspensão ou destituição do poder familiar. 
 
 Parágrafo único. Na aplicação das medidas previstas nos incisos IX 
e X deste artigo, observar-se-á o disposto nos arts. 23 e 24. 
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Caberá ao Conselho, de ofício, a comunicação ao Ministério Público de 
qualquer fato que constitua infração administrativa ou penal contra os direitos 
da criança ou adolescente, estejam ou não previstos no ECA. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dos crimes e das infrações administrativas 
 
 No sistema de proteção instituído pelo ECA, algumas condutas - que 
violam de forma grave os direitos assegurados às crianças e adolescentes - 
foram tipificadas como crimes (art.228 a 244-B). Em relação a esses, o 
processo e julgamento se dá, naturalmente, pelas regras do Código de Processo 
Penal. 
Decidiu também o legislador descrever outro rol de condutas que também 
deveriam ser penalizadas, embora com menor gravidade, tendo sido 
classificadas como infrações administrativas (art.245 a 258-C). Em relação a 
essas, o processo se dá na forma dos art.194 e seguintes do ECA, sendo a 
 
CESPE/2014 - Câmara dos Deputados - Analista Legislativo 
Julgue o próximo item, referente ao disposto no Estatuto da 
Criança e do Adolescente (ECA) e às atribuições do conselho 
tutelar. 
Caso o conselho tutelar entenda que o afastamento do convívio 
familiar é necessário, poderá decidir sobre a destituição do poder 
familiar, desde que informado ao Ministério Público. 
Gabarito: Errado 
Comentário: A destituição do poder familiar, apesar de prevista no 
inciso X do art.129 do ECA, não se encontra na esfera de 
competências do Conselho Tutelar (inciso II do art.136). 
 
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Justiça da Infância e da Juventude 4 competente para aplicação das 
penalidades. 
Por fim, como você já sabe, o art.104 do ECA, em consonância com o 
art.228 da CRFB/885, estabelece que são penalmente inimputáveis os menores 
de dezoito anos, que ficam sujeitos às medidas previstas nesta Lei. 
Iniciemos o estudo dos crimes. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Trataremos agora dos crimes praticados contra a criança e o adolescente 
previstos no ECA. 
 
 Pontos importantes para a prova: 
 
 Os crimes previstos no ECA podem ser comissivos (cometidos por 
meio de ação) ou omissivos (omissão). 
 
4 Art. 148. A Justiça da Infância e da Juventude é competente para: (...) 
 VI - aplicar penalidades administrativas nos casos de infrações contra norma de 
proteção à criança ou adolescente; 
5 Art. 228. São penalmente inimputáveis os menores de dezoito anos, sujeitos às 
normas da legislação especial. 
Título VII 
Dos Crimese Das Infrações Administrativas 
Capítulo I 
Dos Crimes 
Seção I 
Disposições Gerais 
 
 Art. 225. Este Capítulo dispõe sobre crimes praticados 
contra a criança e o adolescente, por ação ou omissão, sem 
prejuízo do disposto na legislação penal. 
 Art. 226. Aplicam-se aos crimes definidos nesta Lei as 
normas da Parte Geral do Código Penal e, quanto ao 
processo, as pertinentes ao Código de Processo Penal. 
 Art. 227. Os crimes definidos nesta Lei são de ação 
pública incondicionada. 
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33 
 
 Nem todo crime cometido contra criança e adolescente estará, 
necessariamente, previsto no ECA. (Exemplo: Homicídio, art.121 do CP). 
 
 Todos os crimes previstos no ECA são de ação penal pública 
incondicionada (art.227). 
 
 Crianças e adolescentes não cometem crimes ou contravenções penais, 
mas sim atos infracionais6. Trata-se de uma opção do legislador, de 
modo a não considerar a pessoa ainda em desenvolvimento como 
“criminoso”, mas sim “infrator”. 
 
 Em caso de cometimento de “atos infracionais”, a criança estará sujeita 
às medidas de proteção previstas no art.101 do ECA, conforme já 
vimos. 
 
 Já aos adolescentes poderão ser aplicadas as medidas sócio-
educativas previstas no art.112 do ECA. Em que pese esse artigo não ter 
constado expressamente do Edital da PRF/2013, creio que seja 
importante que você esteja familiarizado(a) com ele: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
6
 Art. 103. Considera-se ato infracional a conduta descrita como crime ou contravenção 
penal. 
Das Medidas Sócio-Educativas 
Seção I 
Disposições Gerais 
Art. 112. Verificada a prática de ato infracional, a autoridade 
competente poderá aplicar ao adolescente as seguintes medidas: 
 I - advertência; 
 II - obrigação de reparar o dano; 
 III - prestação de serviços à comunidade; 
 IV - liberdade assistida; 
 V - inserção em regime de semi-liberdade; 
 VI - internação em estabelecimento educacional; 
 VII - qualquer uma das previstas no art. 101, I a VI. 
 
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34 
 Passemos aos crimes em espécie. 
 
 Omissão de registro ou fornecimento de declaração de nascimento 
 
 
 
 
 
 
 
O art.10 do ECA estabelece: 
 Art. 10. Os hospitais e demais estabelecimentos de 
atenção à saúde de gestantes, públicos e particulares, 
são obrigados a: (...) 
 I - manter registro das atividades desenvolvidas, 
através de prontuários individuais, pelo prazo de 
dezoito anos; (...) 
 IV - fornecer declaração de nascimento onde 
constem necessariamente as intercorrências do parto e 
do desenvolvimento do neonato; 
O sujeito ativo deste crime é o encarregado de serviço ou o dirigente de 
estabelecimento de atenção à saúde. Trata-se, portanto, de crime próprio, 
existindo previsão para punição na modalidade culposa. 
O sujeito passivo é a gestante ou parturiente. 
 
A consumação se dá com a omissão, independente de qualquer 
resultado posterior (crime omissivo próprio). 
Art. 228. Deixar o encarregado de serviço ou o 
dirigente de estabelecimento de atenção à saúde de 
gestante de manter registro das atividades 
desenvolvidas, na forma e prazo referidos no art. 10 
desta Lei, bem como de fornecer à parturiente ou a seu 
responsável, por ocasião da alta médica, declaração de 
nascimento, onde constem as intercorrências do parto e 
do desenvolvimento do neonato: 
 Pena - detenção de seis meses a dois anos. 
 Parágrafo único. Se o crime é culposo: 
 Pena - detenção de dois a seis meses, ou multa. 
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35 
 
 Não identificação de neonato ou não realização de exames 
obrigatórios 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O art.10 do ECA estabelece: 
Art. 10. Os hospitais e demais estabelecimentos de atenção à saúde 
de gestantes, públicos e particulares, são obrigados a: (...) 
 II - identificar o recém-nascido mediante o registro de sua 
impressão plantar e digital e da impressão digital da mãe, sem 
prejuízo de outras formas normatizadas pela autoridade 
administrativa competente; (...) 
 III - proceder a exames visando ao diagnóstico e terapêutica de 
anormalidades no metabolismo do recém-nascido, bem como prestar 
orientação aos pais; (...). 
Esse tipo penal visa evitar os tristes casos de troca de recém-nascidos 
que, infelizmente, ainda ocorrem nos dias de hoje. 
O sujeito ativo deste crime é o médico, enfermeiro ou dirigente de 
estabelecimento de atenção à saúde de gestante. Trata-se, portanto, de crime 
próprio, existindo previsão para punição na modalidade culposa. 
O sujeito passivo é a parturiente e o recém-nascido. 
 
A consumação se dá com a omissão, independente de qualquer 
resultado posterior (crime omissivo próprio). Perceba que, em relação à 
Art. 229. Deixar o médico, enfermeiro ou dirigente de 
estabelecimento de atenção à saúde de gestante de 
identificar corretamente o neonato e a parturiente, 
por ocasião do parto, bem como deixar de proceder aos 
exames referidos no art. 10 desta Lei: 
 
 Pena - detenção de seis meses a dois anos. 
 
 Parágrafo único. Se o crime é culposo: 
 
 Pena - detenção de dois a seis meses, ou multa. 
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36 
conduta “deixar de identificar corretamente o neonato e a parturiente” não é 
necessário que ocorra a troca de recém-nascidos para que se consume o crime. 
 
 Privação ilegal de liberdade de criança ou adolescente 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dispõe o art.106 do ECA: 
Art. 106. Nenhum adolescente será privado de sua 
liberdade senão em flagrante de ato infracional ou por 
ordem escrita e fundamentada da autoridade judiciária 
competente 
O sujeito ativo deste crime pode ser qualquer pessoa. Não há 
necessidade que seja apenas o agente policial. Trata-se, portanto, de crime 
comum. 
O sujeito passivo é a criança ou o adolescente cuja liberdade foi 
cerceada. 
 
A consumação se dá com a efetiva privação ilegal da liberdade. 
 
 
 
 
Art. 230. Privar a criança ou o adolescente de sua 
liberdade, procedendo à sua apreensão sem estar em 
flagrante de ato infracional ou inexistindo ordem 
escrita da autoridade judiciária competente: 
 Pena - detenção de seis meses a dois anos. 
 Parágrafo único. Incide na mesma pena aquele que 
procede à apreensão sem observância das 
formalidades legais. 
 
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ECA 
x 
Lei de Abuso de Autoridade 
 
O art.4º da Lei n.º 4.898/65 dispõe: 
Art. 4º Constitui também abuso de autoridade: 
a) ordenar ou executar medida privativa da 
liberdade individual, sem as formalidades 
legais ou com abuso de poder. 
 
No caso do sujeito passivo ser criança ou 
adolescente, o crime será o do art.230 do ECA, e 
não o previsto na Lei de Abuso de Autoridade. 
 
 
 
 Deixar de comunicar a apreensão de criança ou adolescente 
 
 
 
 
 
 
 
Dispõe o art.107 do ECA: 
 Art. 107. A apreensão de qualquer adolescente e o 
local onde se encontra recolhido serão incontinenti 
comunicados à autoridade judiciária competente e à 
família do apreendido ou à pessoa por ele indicada. 
O sujeito ativo deste crime é a autoridade policial responsável pela 
apreensão de criança ou adolescente. Trata-se, portanto, de crime próprio. 
O sujeito passivo é a criança ou adolescente apreendidos. 
 
A consumação se dá com a omissão, independente de qualquer 
resultado posterior (crime omissivo próprio). 
 
 
Art. 231. Deixar a autoridade policial responsável pela 
apreensão de criança ou adolescente de fazer imediata 
comunicação à autoridade judiciária competente e à 
família do apreendido ou à pessoa por ele indicada: 
 Pena - detenção de seis meses a dois anos. 
 
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38 
 
 Submissão de criança ou adolescente a vexame ou 
constrangimento 
 
 
 
 
 
 
O sujeito ativo deste crime pode ser qualquer pessoa: pais, 
responsáveis, agentes educadores, etc. Trata-se, portanto, de crime comum. 
O sujeito passivo é a criança ou o adolescente submetidos ao vexame 
ou constrangimento. 
 
A consumação se dá com a efetiva submissão da criança ou adolescente 
a vexame ou constrangimento 
Note que o uso de algemas, fora dos parâmetros excepcionais 
estabelecidos pela Sumula Vinculante n.º 11/STF pode, em tese, configurar o 
crime aqui em estudo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Art. 232. Submeter criança ou adolescente sob sua 
autoridade, guarda ou vigilância a vexame ou a 
constrangimento: 
 Pena - detenção de seis meses a dois anos. 
 
Súmula Vinculante 11/STF: 
Só é lícito o uso de algemas em casos de resistência e 
de fundado receio de fuga ou de perigo à integridade 
física própria ou alheia, por parte do preso ou de 
terceiros, justificada a excepcionalidade por escrito, sob 
pena de responsabilidade disciplinar, civil e penal do 
agente ou da autoridade e de nulidade da prisão ou do 
ato processual a que se refere, sem prejuízo da 
responsabilidade civil do Estado. 
 
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 Deixar de liberar criança ou adolescente ilegalmente apreendido 
 
 
 
 
 
O sujeito ativo deste crime é a autoridade policial ou o juiz. Trata-se, 
portanto, de crime próprio. 
O sujeito passivo é a criança ou adolescente apreendidos. 
 
A consumação se dá com a omissão, sem que exista justa causa (crime 
omissivo próprio). 
 
 Descumprimento injustificado de prazo 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O sujeito ativo deste crime é a autoridade responsável pelo 
cumprimento do prazo (autoridade policial, juiz ou membro do MP). Trata-se, 
portanto, de crime próprio. 
Note que o prazo objeto deste crime é aquele que opera em benefício do 
adolescente privado de liberdade. 
O sujeito passivo é o adolescente (lembrar que crianças não estão 
sujeitas à internação, art.101). 
Art. 234. Deixar a autoridade competente, sem 
justa causa, de ordenar a imediata liberação de 
criança ou adolescente, tão logo tenha conhecimento da 
ilegalidade da apreensão: 
 Pena - detenção de seis meses a dois anos. 
 
Art. 235. Descumprir, injustificadamente, prazo 
fixado nesta Lei em benefício de adolescente privado 
de liberdade: 
 Pena - detenção de seis meses a dois anos 
 
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40 
 
A consumação se dá com o efetivo descumprimento do prazo. 
 
 Impedir ou embaraçar a ação de autoridade 
 
 
 
 
 
 
O sujeito ativo deste crime pode ser qualquer pessoa. Trata-se, 
portanto, de crime comum. 
O sujeito passivo são as autoridades cujas atribuições foram dificultadas 
(embaraço) ou impedidas, além do próprio Estado. 
 
As atribuições do Conselho Titular foram estudadas no art.136 do ECA. 
 
A consumação se dá com o efetiva impedimento ou embaraço a ação da 
autoridade. 
 Subtração de criança ou adolescente sob guarda em virtude de lei 
ou ordem judicial 
 
 
 
 
 
 
O sujeito ativo deste crime pode ser qualquer pessoa. Trata-se, 
portanto, de crime comum. O agente deve atuar com a finalidade de colocar a 
 Art. 236. Impedir ou embaraçar a ação de 
autoridade judiciária, membro do Conselho Tutelar 
ou representante do Ministério Público no exercício de 
função prevista nesta Lei: 
 Pena - detenção de seis meses a dois anos. 
 
 Art. 237. Subtrair criança ou adolescente ao poder 
de quem o tem sob sua guarda em virtude de lei ou 
ordem judicial, com o fim de colocação em lar 
substituto: 
 Pena - reclusão de dois a seis anos, e multa. 
 
 
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41 
criança ou adolescente em lar substituto. Sem esse dolo específico, o crime não 
estará configurado. 
O sujeito passivo é quem tem a criança ou adolescente sob sua guarda 
em virtude de lei ou ordem judicial. Perceba que a criança ou adolescente deve 
estar em poder do sujeito passivo em virtude de lei ou ordem judicial, e não 
apenas “de fato”. 
 
A consumação se dá com a efetiva subtração com a finalidade 
específica de colocação em lar substituto, sendo irrelevante que isso venha ou 
não a ocorrer. 
 
 Promessa ou entrega de filho ou pupilo a terceiro mediante paga 
 
 
 
 
 
 
 
O sujeito ativo da conduta prevista no caput deste crime são os pais 
(filho), tutores e detentores da guarda. Trata-se, portanto, de crime próprio. 
Já em relação à conduta equiparada prevista no parágrafo único, o sujeito ativo 
pode ser qualquer pessoa que ofereça ou pague a recompensa pelo filho ou 
pupilo a ser entregue. 
 
O sujeito passivo é o filho ou pupilo. 
 
A consumação se dá com a mera promessa ou com a efetiva entrega do 
filho ou pupilo pelos pais (filho), tutores e detentores da guarda (caput), 
independente do efetivo recebimento da paga ou recompensa. 
Já em relação ao parágrafo único, a consumação se dá com o mero 
“oferecimento” ou com a efetiva paga ou recompensa. 
 
 Art. 238. Prometer ou efetivar a entrega de filho ou 
pupilo a terceiro, mediante paga ou recompensa: 
 Pena - reclusão de um a quatro anos, e multa. 
 Parágrafo único. Incide nas mesmas penas quem 
oferece ou efetiva a paga ou recompensa.Legislação Penal Especial – Teoria e exercícios comentados 
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42 
 Envio ilícito de criança ou adolescente para o exterior 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O sujeito ativo deste crime pode ser qualquer pessoa. Trata-se, 
portanto, de crime comum. 
O sujeito passivo é a criança ou adolescente. 
 
Perceba que não necessariamente a conduta será realizada com o fito de 
lucro: a inobservância das formalidades legais também configura o crime. 
 
A consumação se dá com a promoção (autoria) ou auxílio à prática do 
ato (participação), sendo irrelevante que o envio tenha ou não ocorrido 
efetivamente. 
O parágrafo único descreve uma conduta qualificada: quando a promoção 
ou auxílio do ato se dá com emprego de violência, grave ameaça ou fraude, a 
reprovação será, naturalmente, maior. 
 
 
 
 
 
Art. 239. Promover ou auxiliar a efetivação de ato 
destinado ao envio de criança ou adolescente para o 
exterior com inobservância das formalidades legais ou 
com o fito de obter lucro: 
 Pena - reclusão de quatro a seis anos, e multa. 
 Parágrafo único. Se há emprego de violência, grave 
ameaça ou fraude: 
 Pena - reclusão, de 6 (seis) a 8 (oito) anos, além da 
pena correspondente à violência. 
 
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43 
 Cena de sexo explícito ou pornográfica envolvendo criança ou 
adolescente 
 
. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Este tipo penal visa evitar a produção e o registro de cena de sexo 
envolvendo criança ou adolescente. 
O art.241-E traz o esclarece o conceito de “cena de sexo explícito ou 
pornográfica”: 
Art. 241-E. Para efeito dos crimes previstos nesta Lei, a expressão 
“cena de sexo explícito ou pornográfica” compreende qualquer situação 
que envolva criança ou adolescente em atividades sexuais explícitas, 
reais ou simuladas, ou exibição dos órgãos genitais de uma criança ou 
adolescente para fins primordialmente sexuais. 
 Art. 240. Produzir, reproduzir, dirigir, fotografar, filmar ou 
registrar, por qualquer meio, cena de sexo explícito ou 
pornográfica, envolvendo criança ou adolescente: 
Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa. 
§ 1o Incorre nas mesmas penas quem agencia, facilita, recruta, 
coage, ou de qualquer modo intermedeia a participação de criança 
ou adolescente nas cenas referidas no caput deste artigo, ou ainda 
quem com esses contracena. 
§ 2o Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se o agente comete 
o crime: 
I – no exercício de cargo ou função pública ou a pretexto de 
exercê-la; 
II – prevalecendo-se de relações domésticas, de coabitação 
ou de hospitalidade; ou 
III – prevalecendo-se de relações de parentesco consangüíneo 
ou afim até o terceiro grau, ou por adoção, de tutor, curador, 
preceptor, empregador da vítima ou de quem, a qualquer outro 
título, tenha autoridade sobre ela, ou com seu consentimento. 
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44 
O sujeito ativo deste crime pode ser qualquer pessoa. Trata-se, 
portanto, de crime comum. Note que aquele que contracena com a criança ou 
adolescente também comete o crime. 
O sujeito passivo é a criança ou adolescente. 
 
A consumação se dá com qualquer das condutas descritas no caput e no 
§ 1o . 
Esteja atento às causas de aumento de pena do § 2o. O agente que se 
aproveita de sua função pública ou da relação doméstica, de parentesco ou 
de autoridade sobre a vítima para prática do crime, receberá uma punição 
maior. 
 
 Venda de registro de cena de sexo explícito ou pornográfica 
envolvendo criança ou adolescente 
 
 
 
 
 
 
O sujeito ativo deste crime pode ser qualquer pessoa. Trata-se, 
portanto, de crime comum. 
O sujeito passivo é a criança ou adolescente. 
 
A consumação se dá com a venda ou com a exposição à venda de 
fotografia, vídeo ou outro registro que contenha cena de sexo explícito ou 
pornográfica envolvendo criança ou adolescente. Perceba que não é necessário 
que a venda ocorra efetivamente. A mera exposição à venda já é conduta 
punível. 
 
 
 
Art. 241. Vender ou expor à venda fotografia, vídeo ou 
outro registro que contenha cena de sexo explícito ou 
pornográfica envolvendo criança ou adolescente: 
Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa. 
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45 
 Divulgação de registro de cena de sexo explícito ou pornográfica 
envolvendo criança ou adolescente 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O sujeito ativo deste crime pode ser qualquer pessoa. Trata-se, 
portanto, de crime comum. 
O sujeito passivo é a criança ou adolescente. 
 
A consumação se dá com a prática de qualquer das condutas descritas, 
independente de qualquer resultado (Por exemplo: não descaracteriza o crime o 
fato de o agente ter disponibilizado o registro, mas que seu conteúdo não tenha 
sido acessado por ninguém). 
 Art. 241-A. Oferecer, trocar, disponibilizar, transmitir, distribuir, 
publicar ou divulgar por qualquer meio, inclusive por meio de 
sistema de informática ou telemático, fotografia, vídeo ou outro 
registro que contenha cena de sexo explícito ou pornográfica 
envolvendo criança ou adolescente: 
Pena – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa. 
§ 1o Nas mesmas penas incorre quem: 
I – assegura os meios ou serviços para o armazenamento das 
fotografias, cenas ou imagens de que trata o caput deste artigo. 
II – assegura, por qualquer meio, o acesso por rede de 
computadores às fotografias, cenas ou imagens de que trata 
o caput deste artigo 
 § 2o As condutas tipificadas nos incisos I e II do § 1o deste 
artigo são puníveis quando o responsável legal pela prestação 
do serviço, oficialmente notificado, deixa de desabilitar o 
acesso ao conteúdo ilícito de que trata o caput deste artigo. 
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O §1o traz condutas equiparadas que, no entanto, somente serão 
puníveis se o responsável legal pela prestação do serviço, após ter sido 
notificado, não desabilitar o acesso ao conteúdo ilícito. 
 
 Aquisição, posse ou armazenamento de registro de cena de sexo 
explícito ou pornográfica envolvendo criança ou adolescente 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O sujeito ativo deste crime pode ser qualquer pessoa. Trata-se, 
portanto, de crime comum. 
O sujeito passivo é a criança ou adolescente. 
 
A consumação se dá com a prática de qualquer das condutas descritas, 
independente de qualquer resultado. 
Art. 241-B.

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