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POLÍCIA RODOVIÁRIA FEDERAL PRF/2016 POLICIAL RODOVIÁRIO FEDERAL AULA 02 PRINCÍPIOS ADMINISTRATIVOS DIREITO ADMINISTRATIVO Professor Edson Marques PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS PRF – PRF/2016 AULA 02 – Princípios Administrativos Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Edson Marques 1 Olá! Nesta aula vamos tratar dos princípios que orientam toda a atividade administrativa e a própria Administração Pública. Seguramente é fonte inesgotável de questões e sempre vale a pena uma leitura cuidadosa. Então, veremos o seguinte: Aula 02: 1 Estado, governo e administração pública: conceitos, elementos, poderes, natureza, fins e princípios. 2 Direito administrativo: conceito, fontes e princípios. 6 Princípios básicos da administração. É isso aí, vamos ao que interessa. Bons estudos e grande abraço, Prof. Edson Marques PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS PRF – PRF/2016 AULA 02 – Princípios Administrativos Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Edson Marques 2 S U M Á R I O 1. Direito Administrativo ............................................................................................ 3 2. Fontes do Direito Administrativo ........................................................................... 7 3. Regime Jurídico Administrativo ........................................................................... 10 3.1 Princípio da legalidade ....................................................................................... 11 3.2 Princípio da impessoalidade ............................................................................... 14 3.3 Princípio da moralidade ..................................................................................... 15 3.4 Princípio da publicidade ..................................................................................... 17 3.5 Princípio da eficiência ........................................................................................ 18 3.6 Princípio da supremacia do interesse público .................................................... 19 3.7 Princípio da indisponibilidade ............................................................................ 19 3.8 Princípio da autotutela ....................................................................................... 20 3.9 Princípio da razoabilidade e proporcionalidade ................................................. 20 3.10 Princípio da continuidade ................................................................................ 21 3.11 Princípio da segurança jurídica ........................................................................ 22 4. QUESTÕES COMENTADAS..................................................................................... 24 5. QUESTÕES SELECIONADAS .................................................................................. 85 6. GABARITO .......................................................................................................... 100 PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS PRF – PRF/2016 AULA 02 – Princípios Administrativos Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Edson Marques 3 1. Direito Administrativo O Direito é concebido como ramo da ciência criado pelo homem na medida em que regras e normas não estão dispostas na natureza no sentido de serem observadas e, assim, empreender uma padronização. Por isso, se diz que o Direito é essencialmente criação humana. Sendo, no entanto, uno. Contudo, para efeito de estudo, pensamento que de certo modo já está ultrapassado, pois modernamente tem-se a concepção de que emana de uma só fonte, da Constituição, divide-se em dois ramos: o direito público e o direito privado. Com efeito, nessa linha de pensamento, o direito privado seria encarregado de regular as relações em que os sujeitos atuem preponderantemente em igualdade de condições, ainda que, em certas ocasiões, haja certa proteção para um dos lados. Cuida-se, portanto, de relações de interesses privados, sendo exemplo o Direito Civil, Empresarial etc. O Direito Público, por outro lado, estaria encarregado de reger as relações envolvendo especialmente o Estado, quando agindo com supremacia, superioridade, a fim de preservar e realizar o interesse público, tendo como exemplo o Direito Administrativo, Tributário, Econômico etc. Assim, podemos dizer que o Direito Administrativo seria um dos ramos do direito público que tem por objeto a função administrativa e os entes ou entidades que exercem tal função. Mas nem tudo é tão simples assim. Desse modo, até para compreendermos melhor essa definição, é preciso entender os critérios que nortearam e norteiam a definição do direito administrativo enquanto ciência do direito. PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS PRF – PRF/2016 AULA 02 – Princípios Administrativos Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Edson Marques 4 Nesse sentido, vejamos alguns critérios: Escola legalista Critério do Poder Executivo Escola do Serviço Público Critério das relações Jurídicas Critério Teleológico Critério negativo ou residual Critério distintivo entre atividade jurídica e social do Estado Critério da Administração Pública A Escola ou Critério Legalista (surgiu após Revolução de 1789), também conhecida como Exegética, Francesa, Clássica, Empírica ou Caótica entendia que o direito administrativo se resumia às leis e normas administrativas, negando-lhe o caráter científico, ou seja, traduzindo-se em mera compilação de leis que cuidassem da organização ou atuação do Estado no campo administrativo. A Escola ou Critério do Poder Executivo entendia que o Direito Administrativo tratava do Poder Executivo. Significa dizer que o direito administrativo seria restrito a atuação do Poder Executivo. Para a Escola do serviço público (Escola de Bordeaux) formada na França (início do século XX), tendo como expoentes Léon Duguit e Gaston Jéze, o Direito Administrativo seria definido como a realização dos serviços públicos (atendimento das necessidades coletivas pelo Estado), ou seja, seria o exercício de todo e qualquer atividade desempenhada pelo Estado. Segundo o critério das relações jurídicas o Direito Administrativo seria o conjunto de normas que regem as relações PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS PRF – PRF/2016 AULA 02 – Princípios Administrativos Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Edson Marques 5 entre a Administração e os administrados. Otto Mayer, expoente dessa corrente, entendia que o direito administrativo compreendia o conjunto de regras que disciplinam as relações jurídicas entre a Administração Pública e os particulares. Para o Critério teleológico o Direito Administrativo seria o sistema dos princípios jurídicos que regulam a atividade concreta do Estado para o cumprimento de seus fins, ou seja, seria a realização de atividade do Estado no sentido de empreender ações de utilidade pública. Ao se adotar o Critério negativo ou residual, o Direito Administrativo teria por objeto as atividades desenvolvidas para a consecução dos fins estatais, excluídas as funções legislativa e jurisdicional, ou pelo menos essa última atividade, ou seja, tratar-se- ia de definir o DireitoAdministrativo excluindo-se algumas das atividades realizadas pelo Estado (legislativa, jurisdicional, e ainda as atividades de direito privado e patrimoniais). Por outro lado, sob o Critério da distinção entre atividade jurídica e social do Estado, o Direito Administrativo seria o ramo do direito público interno que regularia a atividade jurídica não contenciosa do Estado (sentido objetivo) e a constituição dos órgãos e meios de sua ação em geral (sentido subjetivo). E, finalmente, sob o Critério da Administração Pública, o Direito Administrativo seria o conjunto de princípios que regeria a Administração Pública. Na doutrina brasileira, há também uma diversidade de conceituação, não se podendo exatamente conceber uma ou outra escola, isoladamente. Para Hely Lopes Meirelles o “Direito Administrativo é o conjunto harmônico de princípios jurídicos que regem os órgãos, os agentes e as atividades públicas tendentes a PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS PRF – PRF/2016 AULA 02 – Princípios Administrativos Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Edson Marques 6 realizar concreta, direta e imediatamente os fins desejados pelo Estado”. Para Di Pietro, o “Direito Administrativo é o ramo do direito público que tem por objeto os órgãos, agentes e pessoas jurídicas administrativas que integram a Administração Pública, a atividade jurídica não contenciosa que exerce e os bens de que se utiliza para a consecução de seus fins, de natureza pública”. Na abalizada lição de Celso Antônio Bandeira de Mello, o “Direito Administrativo é o ramo do Direito Público que disciplina o exercício da função administrativa, e os órgãos que a desempenham”. É possível, então, afirmar que a definição do Direito Administrativo poderá ser reduzida a três sentidos, qual seja: subjetivo, objetivo e formal. Com base no aspecto subjetivo, a Administração Pública é o conjunto de órgãos, entes e entidades, ou seja, conjunto de pessoas (entes, entidades e agentes) e órgãos que integram a Administração. Sob o objetivo, é o conjunto de atividades do Estado destinadas a atender o interesse público. E, no tocante ao aspecto formal, compreenderia o regime jurídico, ou seja, a atuação do Estado ou de quem lhe faça às vezes, submetido a regime especial, ainda que parcialmente. Para concluir, então, podemos conceituar o Direito Administrativo como ramo do direito público destinado a reger a organização administrativa do Estado e a realização de suas atividades no exercício da função administrativa, ainda que por meio de delegação, submetido a regime de direito público, mesmo que parcialmente. PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS PRF – PRF/2016 AULA 02 – Princípios Administrativos Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Edson Marques 7 2. Fontes do Direito Administrativo Sabendo, então, ser o Direito Administrativo uma ciência jurídica, é necessário destacar quais são as fontes (formais) de onde promana suas bases fundamentais, quer dizer de onde emana, de onde surge seus fundamentos. Desse modo, podemos indicar como fontes: a Lei, a Jurisprudência, a doutrina e os costumes. Constituição Direta (imediata) Lei Leis (LO, LC, LD, MP) Fontes (Próprias)* Decretos, Regulamentos etc Jurisprudência Indireta (mediata) Doutrina (Impróprias) Costumes A Lei deve ser entendida sob acepção ampla (bloco de legalidade), ou seja, a lei constitui todo o arcabouço normativo, englobando desde a Constituição, seus princípios expressos e implícitos, suas regras e valores, às Leis em sentido estrito (Lei Ordinária, Lei Complementar, Lei Delegada), Medidas Provisórias e demais espécies legislativas, assim como os regulamentos administrativos (Decretos, Regulamentos etc). É importante destacar que no Brasil, por aderir à corrente positivista, a principal fonte do direito é o ordenamento jurídico, ou seja, a Lei. PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS PRF – PRF/2016 AULA 02 – Princípios Administrativos Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Edson Marques 8 Alguns autores ainda colocam os princípios gerais do direito como fonte principal a preencher eventuais lacunas, havendo, no entanto, os que entendem que se tratam de regras de integração. A jurisprudência é proveniente de reiteração de julgamentos no mesmo sentido, sobre fatos ou matérias assemelhadas. Significa dizer que são os julgados dos Tribunais, em especial, do Supremo Tribunal Federal e demais Tribunais Superiores que adotam, de maneira repetida, reiterada, uma mesma decisão. É possível, ainda, que a jurisprudência seja firmada pela Administração, denominada de jurisprudência administrativa, tal como as súmulas administrativas da AGU, das procuradorias estaduais, bem ainda pelos Tribunais de Contas, no exercício da função fiscalizatória das Contas Públicas. É importante ressaltar que excepciona essa regra as súmulas vinculantes e as decisões vinculantes do STF, isso porque, como o próprio nome indica, vinculam a Administração Pública, e, portanto, são de observância obrigatória, de modo que devem ser consideradas fontes diretas. Lei 11.417/2006 (Lei da Súmula Vinculante) Art. 2º O Supremo Tribunal Federal poderá, de ofício ou por provocação, após reiteradas decisões sobre matéria constitucional, editar enunciado de súmula que, a partir de sua publicação na imprensa oficial, terá efeito vinculante em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal, bem como proceder à sua revisão ou cancelamento, na forma prevista nesta Lei. Lei 9.868/99 (Lei da ADIn) Art. 28. PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS PRF – PRF/2016 AULA 02 – Princípios Administrativos Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Edson Marques 9 Parágrafo único. A declaração de constitucionalidade ou de inconstitucionalidade, inclusive a interpretação conforme a Constituição e a declaração parcial de inconstitucionalidade sem redução de texto, têm eficácia contra todos e efeito vinculante em relação aos órgãos do Poder Judiciário e à Administração Pública federal, estadual e municipal. A doutrina é o trabalho realizado pelos estudiosos do Direito Administrativo que se empenham em pesquisar os contornos dessa ciência jurídica e expor suas ideais e pesquisas. Deve-se entender, no entanto, que a doutrina não é vinculante, tratando-se de fonte auxiliar na solução dos casos administrativos. O costume deve ser entendido como regra aceita como obrigatória pela consciência geral e diuturnamente observada, sem que o Poder Público a tenha estabelecido (opinio necessitatis). É preciso, no entanto, esclarecer que o costume não derroga a regra positivada e deve ser utilizado de forma supletiva, ou seja, diante da omissão legislativa, e com restrições, eis que não se pode criar deveres, tampouco obrigações para o administrado por meio do costume simplesmente. Quer dizer, o costume deve estar em conformidade com a Lei (secundum legem), não podendo ser contrário (contra legem) ou além da lei (praeter legem). Ou seja, o costume é conjunto de regras sociais, não- escritas, observadas de forma generalizada e prolongada no âmbito de uma sociedade, que as considerasobrigatórias, diferente da praxe administrativa que é a reiteração de uma forma de atuar da Administração, ou seja, a prática procedimental administrativa desempenhada cotidianamente em determinadas situações. PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS PRF – PRF/2016 AULA 02 – Princípios Administrativos Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Edson Marques 10 Fala-se ainda na analogia, cuja utilização ocorre com a finalidade de integração da lei, ou seja, a aplicação de dispositivos legais relativos a casos análogos, ante a ausência de normas que regulem o caso concretamente apresentado. Mas, como se pode observar, a analogia não é forma é uma técnica de integração. 3. Regime Jurídico Administrativo Ao iniciarmos o estudo do Direito Administrativo nos deparamos com a organização da Administração Pública. Assim, tais entes e entidades, órgãos e agentes, estão submetidos ao conjunto de normas que vai orientar toda a sua atuação. Como bem destaca a doutrina, as normas podem ser divididas em regras e princípios, que compõem o regime jurídico administrativo, ou seja, o conjunto de normas que regem a atividade administrativa e a administração pública. Nesse aspecto, vale estudar os princípios administrativos que se diferenciam das regras. Os princípios são comandos mais abstratos, gerais, quando em conflito (só aparente) se resolve pela ponderação de valores, já as regras ou se aplicam ou não se aplicam (os conflitos são resolvidos por critérios de intertemporalidade, tal como lei posterior revoga a anterior, lei especial afasta a geral etc), são menos abstratas e, em geral, tratam de situação específica. Com efeito, é importante sabermos que é a Constituição Federal que estabelece de forma expressa ou implícita os princípios fundamentais que orientam a Administração Pública. PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS PRF – PRF/2016 AULA 02 – Princípios Administrativos Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Edson Marques 11 Os princípios administrativos, segundo o Prof. Carvalho “são os postulados fundamentais que inspiram todo o modo de agir da Administração Pública”. Para Diógenes Gasparini, os princípios constituem “um conjunto de proposições que alicerçam ou embasam um sistema e lhe garantem validade”. Como bem apontam Vicente Paulo e Marcelo Alexandrino, “os princípios são as idéias centrais de um sistema, estabelecendo suas diretrizes e conferindo a ele um sentido lógico, harmonioso e racional, o que possibilita uma adequada compreensão de sua estrutura”. Com efeito, como disse, a Constituição prevê os princípios que orientam toda a Administração Pública, seja ela direta ou indireta, dos três poderes, da União, dos Estados, Distrito Federal e dos Municípios, ao prevê os denominados princípios (expressos) básicos da Administração Pública, sendo: Legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência, conforme preconiza o art. 37, caput, assim expresso: Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) 3.1 Princípio da legalidade O princípio da Legalidade, também chamado de legalidade administrativa, restrita ou estrita, expressa que a administração somente pode fazer o que a lei autoriza ou permite. PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS PRF – PRF/2016 AULA 02 – Princípios Administrativos Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Edson Marques 12 É, consoante magistral lição de José Afonso da Silva, “princípio basilar do Estado Democrático de Direito”, “porquanto é da essência do seu conceito subordinar-se à Constituição e fundar-se na legalidade democrática. Sujeitar-se ao império das Leis”. Cuidado, pois, há a legalidade geral (ou princípio da autonomia da vontade) que permite aos particulares que se faça tudo que a lei não proíba, conforme prevê o art. 5º, inc. II, da CF/88, segundo o qual “ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei”. Todavia, ao administrador público somente cabe realizar o que a lei permita (atuação vinculada) ou autorize (atuação discricionária). É necessário distinguir o princípio da legalidade do princípio da reserva legal, sendo importante verificarmos qual o alcance da expressão lei no âmbito do princípio da legalidade administrativa (alcance da legalidade). Quanto ao seu alcance, o princípio da legalidade deve ser visto como respeito, submissão, à lei. No entanto, devemos entender aqui lei em sentido amplo, ou seja, qualquer ato normativo, desde a Constituição, passando pelos atos infraconstitucionais (espécies normativas do art. 59, CF/88), os tratados internacionais, até os atos infralegais (decretos, regulamentos, instruções normativas, regimentos e estatutos administrativos). Nesse aspecto, devemos considerar inclusive os princípios expressos e implícitos contidos na Constituição Federal, ou seja, não se exige apenas a observância da lei em sentido estrito. Deve-se observar o que se denomina bloco de legalidade, ou seja, não só a lei em sentido estrito, mas todo o ordenamento jurídico. PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS PRF – PRF/2016 AULA 02 – Princípios Administrativos Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Edson Marques 13 Por isso, na atualidade, o princípio da legalidade tem sido chamado de princípio da jurisdicidade, na feliz expressão da Profa. Raquel Melo Urbano, na medida em que a Administração deve observar a lei e o Direito, conforme art. 2º, parágrafo único, da Lei nº 9.784/99. Quanto à diferença entre legalidade e o princípio da reserva legal, devemos observar que este denota a ideia de necessidade de lei, no sentido formal, para dispor, regulamentar, certas matérias, conforme exigência constitucional. Por exemplo, ao servidor público é assegurado o direito à greve, nos termos e limites da lei. Assim, exige-se lei, em sentido estrito, a regular tal atividade. Quer dizer, que não poderá a matéria ser regulada por outro ato do poder público, senão por lei. Quer dizer que determinados temas devem necessariamente ser regulamentos por meio de lei em sentido estrito. Ademais, vale lembrar que o princípio da legalidade tem representação para além do âmbito geral ou administrativo, há ainda o princípio da legalidade penal, da legalidade tributária etc. A propósito, em sintonia com o princípio da legalidade é possível destacar o princípio da finalidade, segundo o qual o administrador público deve observar em todos os seus atos o fim estabelecido pela lei, que é o atendimento ao interesse público. Com efeito, acaso o administrador pratique o ato não cuidando da finalidade pública incidirá em vício, denominado de desvio de finalidade, modalidade de abuso de poder, o que causa a nulidade do ato. Para alguns autores, o princípio da finalidade tem estreita sintonia com o princípio da impessoalidade. PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS PRF – PRF/2016 AULA 02 – Princípios Administrativos Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Edson Marques 14 3.2 Princípio da impessoalidadeO princípio da impessoalidade é visto sob duas vertentes. A primeira, no sentido de atuar visando o interesse público (finalidade), impedindo assim que a Administração atue de forma discriminatória ou beneficie alguém por critérios subjetivos, ou seja, que favoreça ou prejudique alguém por critérios pessoais. Nesse sentido, conforme bem destaca o Prof. Bandeira de Mello, o princípio da impessoalidade assumiria a faceta de princípio da isonomia, na medida em que a Administração deve proporcionar igualdade de condições e tratamento a todos os administrados. Noutra acepção, estabelece a vedação da promoção pessoal de agentes públicos ou autoridades administrativas, conforme preconiza o §1º do art. 37, CF/88, assim expresso: § 1º - A publicidade dos atos, programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos públicos deverá ter caráter educativo, informativo ou de orientação social, dela não podendo constar nomes, símbolos ou imagens que caracterizem promoção pessoal de autoridades ou servidores públicos. Nesse aspecto, é bom esclarecer que os atos realizados pelos agentes públicos não são imputados a si mesmos, mas às pessoas jurídicas a que pertencem, ou seja, à Administração Pública (princípio da imputação volitiva), conforme observamos na aplicação da teoria do órgão. Assim, quando o agente usa a máquina administrativa visando promoção pessoal deverá sofrer as sanções legais na medida em que não deve atuar em seu nome, mas em nome da coletividade, PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS PRF – PRF/2016 AULA 02 – Princípios Administrativos Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Edson Marques 15 isto é, em nome da Administração Pública, que representa o interesse coletivo. Para Hely Lopes Meirelles, o princípio da impessoalidade está relacionado ao princípio da finalidade, pois a finalidade se traduz na busca da satisfação do interesse público. A propósito, vale lembrar que o interesse público se subdivide em primário (interesse coletivo) e secundário (entendido como interesse da Administração enquanto pessoa jurídica). Como destacado, noutro sentido é a lição de Celso Antonio Bandeira de Mello, que liga a impessoalidade ao princípio da isonomia, que determina tratamento igual a todos perante a lei. E afirma que o princípio da finalidade é inerente ao princípio da legalidade, ou seja, está contido nele, na medida em que estabelece o dever de a lei cumprir seu objetivo. 3.3 Princípio da moralidade O princípio da moralidade está assentado na ética, moral, lealdade, ou seja, no sentido de promover a probidade administrativa, a honestidade. É princípio que permite a verificação de validade dos atos administrativos, sob o prisma da legitimidade. É certo que se trata de um conceito jurídico indeterminado, carecendo de norma para concretizá-lo, ante sua natureza abrangente, mas, como bem destaca Alexandrino, “o princípio da moralidade complementa, ou torna mais efetivo, materialmente, o princípio da legalidade”. Todavia, não se pode dizer, jamais, que se trata de primado inútil, visto servir de parâmetro para coibir condutas ilegítimas, devendo ser tonalizado sob o aspecto jurídico, de modo a PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS PRF – PRF/2016 AULA 02 – Princípios Administrativos Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Edson Marques 16 caracterizar o conjunto de preceitos advindos da disciplina administrativa no tocante à condução da coisa pública. Como bem ensina Hely Lopes Meirelles à moralidade administrativa é a atuação dentro dos padrões da ética, moral, honestidade, probidade. Nesse sentido, a Constituição, no seu art. 37, §4º, estabelece que os atos de improbidade administrativa importarão em suspensão dos direitos políticos, perda da função pública, indisponibilidade dos bens e ressarcimento ao erário, sem prejuízo da ação penal cabível. Percebe-se, portanto, que a Constituição deu especial atenção à probidade, já que, nos dizeres de José Afonso da Silva, a improbidade administrativa é uma imoralidade qualificada. Com efeito, a Constituição permitiu ao particular (cidadão) exercer o controle dos atos da Administração a fim de verificar não só o cumprimento dos aspectos da legalidade, mas também da moralidade, conforme prevê o art. 5º, inc. LXXIII, ao dispor sobre a ação popular. Art. 5º LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência; PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS PRF – PRF/2016 AULA 02 – Princípios Administrativos Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Edson Marques 17 3.4 Princípio da publicidade O princípio da publicidade consiste na obrigação que tem a Administração Pública, como atividade e ente público, de dar transparências aos seus atos, como meio de assegurar a todos o conhecimento de suas realizações, a fim de fiscalizá-la e exercer o controle sobre esses atos, bem como para fins de o ato produzir seus efeitos. É certo que a conduta da Administração deve ser pública, deve ser transparente. Todavia, a Constituição ressalva alguns atos que são protegidos pelo sigilo, eis que necessários aos imperativos de segurança nacional ou que digam respeito à intimidade ou vida privada. A publicidade poder ser feita pelos mais diversos meios, tal como a utilização de jornal oficial ou em local onde se possa dar ampla divulgação dos atos administrativos. Por vezes será necessário que a publicidade seja realizada diretamente ao interessado (notificação) ou somente em boletim interno. Assim, o princípio da publicidade pode, como meio de transparência, ser um requisito de validade do ato, ou, poderá, como instrumento para deflagrar os efeitos do ato (publicação do ato), ser requisito de eficácia. Uma das decorrências do princípio da publicidade é o princípio da motivação dos atos administrativos, ou seja, ao praticar um ato deve a Administração apresentar, tornar explícitos, os motivos de sua realização, explicitando os fatos e fundamentos de direito que o justificam. PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS PRF – PRF/2016 AULA 02 – Princípios Administrativos Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Edson Marques 18 3.5 Princípio da eficiência O princípio da eficiência, erigido a princípio expresso a partir da EC 19/98, traduz a ideia de resultado, busca pela excelência no exercício das atividades administrativas. Para tanto, criou-se diversos mecanismos tal como as escolas de governos, avaliações periódicas e políticas de desenvolvimento da administração, tal como o contrato de gestão (art. 37, §8º, CF/88). Como bem destaca José Afonso da Silva, o princípio da eficiência “orienta a atividade administrativa no sentido de conseguir os melhores resultados com os meios escassos de que dispõe e a menor custo”. Destaca, ademais, que “consiste na organização racional dos meios e recursos humanos, materiais e institucionais para a prestação de serviços públicos de qualidade com razoável rapidez”. (art. 5º, LXXVIII) Trata-se da tentativade mudar o foco da Administração, ou seja, passar-se a uma Administração gerencial, que busca o resultado, em detrimento da Administração burocrática, que prima pelo controle, bem como da Administração Patrimonialista, que confundia o interesse do dirigente com o interesse da Administração. A par desses princípios expressos existem outros princípios implícitos na CF/88, também chamados de reconhecidos, sendo importante destacar os princípios da supremacia do interesse público sobre o privado, o da indisponibilidade do interesse público, da autotutela, da proporcionalidade e razoabilidade, da continuidade dos serviços públicos, dentre outros. PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS PRF – PRF/2016 AULA 02 – Princípios Administrativos Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Edson Marques 19 3.6 Princípio da supremacia do interesse público O princípio da supremacia do interesse público traduz-se na ideia de que o interesse público deve prevalecer sobre o interesse particular, de modo que, em regra, quando houver um confronto entre o interesse público e o particular, deve-se dar primazia ao interesse público. Diz-se, em regra, tendo em vista que a Constituição estabeleceu uma série de direitos e garantias individuais que, mesmo em confronto com o interesse público, devem ser respeitados, resguardados. Com efeito, é em razão do princípio da supremacia do interesse público que se fundam as prerrogativas ou poderes especiais conferidos à Administração Pública. É por força da supremacia que a Administração Pública atua com superioridade em relação ao particular, por exemplo, impondo-lhe obrigações de forma unilateral, com a inserção de cláusulas exorbitantes em contratos administrativos, conferindo presunção de legitimidade aos atos da Administração etc. 3.7 Princípio da indisponibilidade De outro lado, o princípio da indisponibilidade do interesse público orienta à Administração Pública impondo-lhe restrições, limitações, ou seja, não lhe é dado dispor desse interesse, eis que ela não é sua proprietária, detentora do interesse público, apenas o tutela, o protege, ou seja, apenas representa a coletividade, de modo que não pode dispor do que não lhe pertence. Significa dizer que, de um modo geral, não há possibilidade de a Administração Pública abdicar, dispor, abrir mão, daquilo que se refere ao interesse público. Por isso, a sujeição da PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS PRF – PRF/2016 AULA 02 – Princípios Administrativos Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Edson Marques 20 administração pública a restrições especiais ou diferenciadas, tal como dever de prestar contas, concurso público, licitações etc. Esses dois princípios, é importante dizer, são considerados por parte da doutrina como super-princípios, ou pedras angulares do Direito Administrativo, na feliz expressão de Celso Antônio Bandeira de Mello, na medida em que dão origem aos demais princípios administrativos e ao próprio regime jurídico administrativo. Portanto, pode-se afirmar que o sistema administrativo está fundado nesses postulados centrais, isto é nestes dois princípios primordiais (na supremacia e na indisponibilidade do interesse público). 3.8 Princípio da autotutela Decorrência lógica desses dois princípios, e aplicação do princípio da legalidade, surge o princípio da autotutela, segundo o qual a administração pública pode controlar seus próprios atos, ou seja, pode anular os atos que contenham vício de legalidade e revogar os inconvenientes e inoportunos, respeitados os direitos de terceiros de boa-fé. Podemos ainda citar os princípios da proporcionalidade e da razoabilidade, da continuidade, da motivação, dentre outros que orientarão a atividade administrativa. 3.9 Princípio da razoabilidade e proporcionalidade Os princípios da razoabilidade e proporcionalidade, como já observamos, são princípios implícitos na Constituição Federal e decorrem diretamente do princípio da legalidade, bem como do postulado do devido processo legal substantivo. PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS PRF – PRF/2016 AULA 02 – Princípios Administrativos Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Edson Marques 21 Vale lembrar, ademais, que a Lei nº 9.784/99 positivou esses princípios, ao prescrever a observância da adequação entre meios e fins (razoabilidade), vedada a imposição de obrigações, restrições e sanções em medida superior àquelas estritamente necessárias ao atendimento do interesse público (proporcionalidade). De todo modo, necessário ainda dizer que a Lei nº 9.784/99, lei que regula o processo administrativo no âmbito federal, positivou diversos princípios que estavam implícitos no bojo da Constituição, estabelecendo o seguinte: Art. 2º A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos princípios da legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório, segurança jurídica, interesse público e eficiência. 3.10 Princípio da continuidade O princípio da continuidade, princípio específico da prestação dos serviços públicos, estabelece que em razão do atendimento das necessidades e anseios da coletividade, os serviços públicos não podem ser interrompidos, não podem sofrer lapso (intervalo) de continuidade. É claro que, como se sabe, nenhum princípio é absoluto, de modo que há casos em que será possível a paralisação. Todavia, trata-se de exceção à regra, ou seja, os serviços poderão ser interrompidos nos seguintes casos: Desde que ocorra o prévio aviso: o Para fins de manutenção o Por razões de inadimplência (falta de pagamento). Neste caso, o débito deve ser atual, considerado este o até três meses do aviso de corte. (se for débito antigo, segundo entendimento do STJ não poderá PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS PRF – PRF/2016 AULA 02 – Princípios Administrativos Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Edson Marques 22 ocorrer a suspensão no fornecimento). Sem aviso prévio o Situações emergenciais (catástrofes ou decorrentes de eventos da natureza ou caso fortuito/força maior) 3.11 Princípio da segurança jurídica O princípio da segurança jurídica, denominado por alguns de princípio da proteção da confiança (boa-fé), estabelece a necessidade de estabilidade das relações jurídicas em virtude do transcurso de tempo e da boa-fé do administrado. É decorrência desse princípio a decadência, a prescrição, bem como os postulados constitucionais do direito adquirido, do ato jurídico perfeito e da coisa julgada. Esse princípio é visto sob duas vertentes, a perspectiva de certeza, ou seja, no sentido de que as normas e regras são de conhecimento comum, e a perspectiva de estabilidade, isto é, de que as relações constituídas se consolidam com o tempo (segurança jurídica) e de que o administrado, por atuar de boa-fé, não pode sofrer com atos da Administração que venham no futuro a ser invalidados, já que gozam de presunção de legalidade. O prof. Carvalho Filho ainda indica o princípio da precaução, retirado do âmbito do Direito Ambiental, mas que também já vem sendo adotado no âmbito do Direito Administrativo, no sentido de que se determinadas condutas traz riscos para a coletividade a Administração deve tomar medidas (prevenção) paraevitar que tais ações/eventos lhe geram danos. Por exemplo, se um empresário que desenvolver um novo projeto empresarial (exploração de determinado componente) ao solicitar o alvará para funcionamento dessa atividade, a Administração deverá lhe cobrar os estudos necessários para saber PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS PRF – PRF/2016 AULA 02 – Princípios Administrativos Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Edson Marques 23 qual o impacto que essa exploração possa vir a causar na coletividade (precaução). Assim, vamos às questões. PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS PRF – PRF/2016 AULA 02 – Princípios Administrativos Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Edson Marques 24 4. QUESTÕES COMENTADAS 1. (CONTADOR – MTE – CESPE/2014) A supremacia do interesse público sobre o privado e a indisponibilidade, pela administração, dos interesses públicos, integram o conteúdo do regime jurídico-administrativo. Comentário: Realmente, o conteúdo do regime jurídico- administrativo está assentado sob dois pilares fundamentais, a supremacia do interesse público sobre o privado e a indisponibilidade desse interesse. Gabarito: Certo. 2. (TÉCNICO JUDICIÁRIO – TJ/CE – CESPE/2014) O regime jurídico-administrativo compreende o conjunto de regras e princípios que norteia a atuação do poder público e o coloca numa posição privilegiada. Comentário: É verdade. O regime jurídico administrativo é um conjunto de regras e princípios que norteia a atuação do poder público e o coloca numa posição de privilégio, na medida em que lhe estabelece prerrogativas, poderes, especiais. Gabarito: Certo. 3. (ADMINISTRADOR – TJ/RR – CESPE/2012) Do princípio da supremacia do interesse público decorre a posição jurídica de preponderância do interesse da administração pública. PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS PRF – PRF/2016 AULA 02 – Princípios Administrativos Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Edson Marques 25 Comentário: O princípio da supremacia do interesse público estabelece que o interesse público preponderar sobre o privado. Contudo, devemos lembrar que o interesse da administração pública, enquanto pessoa jurídica, denominado de interesse público secundário, gozando de supremacia quando condizente com o interesse público primário (interesse da coletividade). Gabarito: Certo. 4. (ANALISTA PROCESSUAL – TJ/RR – CESPE/2012) O princípio da supremacia do interesse público vincula a administração pública no exercício da função administrativa, assim como norteia o trabalho do legislador quando este edita normas de direito público. Comentário: O princípio da supremacia tanto vincula a Administração na condução de seus atos, bem como o Legislador no momento de elaboração da norma. Observe que as prerrogativas que são conferidas à administração pública deve ser fixadas em lei ou na própria Constituição. Gabarito: Certo. 5. (ANALISTA MINISTERIAL – MPE/PI – CESPE/2012) A supremacia do interesse público é o que legitima a atividade do administrador público. Assim, um ato de interesse público, mesmo que não seja condizente com a lei, pode ser considerado válido pelo princípio maior da supremacia do interesse público. Comentário: PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS PRF – PRF/2016 AULA 02 – Princípios Administrativos Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Edson Marques 26 É importante dizer que não há hierarquia entre princípios constitucionais e que também não existe princípio absoluto. Então, o princípio da supremacia, muito embora a seja considerado um super-princípio, anda lado ao lado com o princípio da indisponibilidade, do qual decorre, por exemplo, o princípio de legalidade. Assim, um ato de interesse público não será considerado válido se não estiver condizente com a legalidade, ainda que se considere a supremacia desse interesse, até mesmo porque o legislador ao editar a norma já leva em consideração tal princípio. Gabarito: Errado. 6. (ANALISTA JUDICIÁRIO – ADMINISTRATIVA – STM – CESPE/2011) Em situações em que a administração participa da economia, na qualidade de Estado-empresário, explorando atividade econômica em um mercado concorrencial, manifesta-se a preponderância do princípio da supremacia do interesse público. Comentário: O princípio da supremacia do interesse público se traduz em prerrogativas, poderes especiais, conferidos à administração pública para realizar seus fins. Todavia, em regra, quando a Administração cria entidade para participar do mercado, estará atuando em pé de igualdade com os demais particulares, ou seja, estará submetida ao mesmo regime jurídico das demais pessoas privadas (regime jurídico de direito privado), conforme estabelece o art. 173, §1º, inc. II, CF/88, que assim expressa: PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS PRF – PRF/2016 AULA 02 – Princípios Administrativos Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Edson Marques 27 Art. 173. Ressalvados os casos previstos nesta Constituição, a exploração direta de atividade econômica pelo Estado só será permitida quando necessária aos imperativos da segurança nacional ou a relevante interesse coletivo, conforme definidos em lei. § 1º A lei estabelecerá o estatuto jurídico da empresa pública, da sociedade de economia mista e de suas subsidiárias que explorem atividade econômica de produção ou comercialização de bens ou de prestação de serviços, dispondo sobre: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) II - a sujeição ao regime jurídico próprio das empresas privadas, inclusive quanto aos direitos e obrigações civis, comerciais, trabalhistas e tributários; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) Por isso, em tais situações não se manifesta a preponderância do princípio da supremacia do interesse público, em regra. Gabarito: Errado. 7. (ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA – TJ/AL – CESPE/2012) Ao deliberar pela prática ou não de ato vinculado, o servidor deve observar o princípio da supremacia do interesse público, sob pena de se caracterizar o desvio de finalidade, se o ato favorecer particular específico. Comentário: É preciso cuidado. Se o ato é vinculado não cabe deliberação (decisão) por parte da Administração em praticá-lo ou não, ainda que sob o argumento de que o interesse público deve preponderar e que o ato tenha por finalidade favorecer pessoa específica. PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS PRF – PRF/2016 AULA 02 – Princípios Administrativos Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Edson Marques 28 É que, justamente aí, poderá estar diante de um ato que visa resguardar, preservar, o direito individual. Ademais, se o ato é vinculado, estará totalmente descrito na lei. Portanto, cabe ao agente cumprir a lei. Gabarito: Errado. 8. (ANALISTA DE PLANEJAMENTO – INPI – CESPE/2013) A supremacia do interesse público constitui um dos princípios que regem a atividade da administração pública, expressamente previsto na Constituição Federal. Comentário: O princípio da supremacia é um princípio implícito, que decorre do regime democrático de direito.Gabarito: Errado. 9. (ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA – TRT 10ª REGIÃO – CESPE/2013) O princípio da supremacia do interesse público é, ao mesmo tempo, base e objetivo maior do direito administrativo, não comportando, por isso, limites ou relativizações. Comentário: Não há princípio absoluto. Todos podem ser relativizados ou limitados. O princípio da supremacia encontra limite, por exemplo, nos direitos e garantias individuais, ou mesmo diante de outro princípio. Gabarito: Errado. PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS PRF – PRF/2016 AULA 02 – Princípios Administrativos Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Edson Marques 29 10. (JUIZ – TJ/PB – CESPE/2011) De acordo com precedente histórico do STF, é possível, sem ofensa ao princípio da indisponibilidade do interesse público, a União firmar compromisso arbitral, mesmo em situação excepcional, desde que relativamente a direitos patrimoniais do Estado. Comentário: O princípio da indisponibilidade diz que a administração é mera gestora do interesse público e deste não pode dispor livremente. É interessante, entretanto, observar que no julgamento do Recurso Extraordinário n. 253.855-0, da relatoria da Ministra Ellen Gracie, resgatou-se um entendimento histórico do STF no sentido de que o Estado pode firmar compromisso arbitral, a fim de se utilizar de soluções alternativas de conflitos, desde que relativamente a direitos patrimoniais. Observe o trecho do julgado: Gabarito: Certo. PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS PRF – PRF/2016 AULA 02 – Princípios Administrativos Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Edson Marques 30 11. (ANALISTA JUDICIÁRIO – ADMINISTRATIVA – TJ/CE – CESPE/2014) As restrições ou sujeições especiais no desempenho da atividade de natureza pública são consideradas consequências do princípio da supremacia do interesse público sobre o privado, que integra o conteúdo do regime jurídico-administrativo. Comentário: Da conjugação dos princípios da supremacia do interesse público e da indisponibilidade desse interesse é que decorrem as prerrogativas, poderes, bem como as restrições ou sujeições especiais no desempenho da atividade pública. Normalmente, temos que as prerrogativas ou poderes especiais decorrem da supremacia do interesse público e as limitações ou restrições especiais da indisponibilidade. No entanto, conforme ressalta a doutrina majoritária, é da conjugação desses dois princípios é que surgem os poderes e restrições impostas à Administração. Gabarito: Certo. 12. (ANALISTA DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA – TC/DF – CESPE/2014) O princípio da supremacia do interesse público sobre o interesse privado é um dos pilares do regime jurídico administrativo e autoriza a administração pública a impor, mesmo sem previsão no ordenamento jurídico, restrições aos direitos dos particulares em caso de conflito com os interesses de toda a coletividade. Comentário: Mesmo com base no princípio da supremacia do interesse público sobre o privado não pode a administração pública PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS PRF – PRF/2016 AULA 02 – Princípios Administrativos Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Edson Marques 31 impor restrições aos direitos dos particulares em caso de conflito com os interesses de toda a coletividade sem lei que estabeleça. Gabarito: Errado. 13. (AUDITOR DE CONTROLE EXTERNO – TCE/ES – CESPE/2012) Segundo o princípio da indisponibilidade, o agente público não dispõe livremente dos bens e do interesse público, devendo geri-los da forma que melhor atenda à coletividade. Comentário: Lembre-se que o agente público é mero gestor da coisa público, portanto, com base no princípio da indisponibilidade, não dispõe livremente dos bens e do interesse público, devendo geri-los da forma que melhor atenda à coletividade, aos fins públicos. Gabarito: Certo. 14. (AGENTE ADMINISTRATIVO – PRF – CESPE/2012) Em decorrência do princípio da indisponibilidade do interesse público, não é permitido à administração alienar qualquer bem público enquanto este bem estiver sendo utilizado para uma destinação pública específica. Comentário: Quando um bem público tem destinação específica, de modo a atender ao interesse público, diz-se que está afetado. Neste caso, não é permitido, ante o princípio da indisponibilidade do interesse público, aliená-lo. Gabarito: Certo. PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS PRF – PRF/2016 AULA 02 – Princípios Administrativos Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Edson Marques 32 15. (ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA – TRE/MS – CESPE/2013) Decorrem do princípio da indisponibilidade do interesse público a necessidade de realizar concurso público para admissão de pessoal permanente e as restrições impostas à alienação de bens públicos. Comentário: A admissão de pessoal deve ser pautada por sistema em que não crie privilégios ou distinção pessoal. Assim, como se trata de mecanismo a permitir o ingresso de modo igualitário, não pode o Estado dispor desse mecanismo para contratar que bem entender. Por isso, o concurso público, embora também decorra de outros princípios, e as restrições impostas à alienação de bens públicos são decorrências do princípio da indisponibilidade. Gabarito: Certo. 16. (ANALISTA TÉCNICO ADMINISTRATIVO - MJ - CESPE/2013) As restrições impostas à atividade administrativa que decorrem do fato de ser a administração pública mera gestora de bens e de interesses públicos derivam do princípio da indisponibilidade do interesse público, que é um dos pilares do regime jurídico-administrativo. Comentário: Os princípios da supremacia e da indisponibilidade são pilares do regime jurídico-administrativo. Assim, de um lado temos os poderes, prerrogativas, ou seja, características especiais (supremacia do interesse público). E, de outro, as restrições, as vedações especiais (indisponibilidade do interesse público). PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS PRF – PRF/2016 AULA 02 – Princípios Administrativos Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Edson Marques 33 Gabarito: Certo. 17. (AUDITOR DE CONTROLE EXTERNO - TCE/RO - CESPE/2013) De acordo com a doutrina, o regime jurídico- administrativo abrange tanto as regras quanto os princípios, os quais são considerados recomendações para a atividade da administração pública. Comentário: O regime jurídico-administrativo abrange, de fato, tanto as regras quanto os princípios, sendo todos orientadores, de obrigatória observância, da atividade administrativa, e não apenas recomendações. Gabarito: Errado. 18. (ANALISTA JUDICIÁRIO - ADMINISTRATIVA – TRT 10ª REGIÃO – CESPE/2013) Os princípios constitucionais da administração pública se limitam à esfera do Poder Executivo, já que o Poder Judiciário e o Poder Legislativo não exercem função administrativa. Comentário: Observe que o mandamento constitucional prescrito no art. 37, caput, determina a aplicação dos princípios administrativos a todas as esferas de governo, ou seja, a Administração Pública direta e indireta, de quaisquer dos poderes da União, dos Estados, DistritoFederal e Municípios, conforme o seguinte: Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS PRF – PRF/2016 AULA 02 – Princípios Administrativos Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Edson Marques 34 eficiência e, também, ao seguinte: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) Gabarito: Errado. 19. (TÉCNICO JUDICIÁRIO – TRE/ES – CESPE/2011) Os princípios elencados na Constituição Federal, tais como legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência, aplicam-se à administração pública direta, autárquica e fundacional, mas não às empresas públicas e sociedades de economia mista que explorem atividade econômica. Comentário: De acordo com o art. 37, CF/88, a Administração Pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência. Assim, tanto os entes políticos (União, Estados- membros, DF e Municípios), quanto às entidades administrativas (autarquias, fundações públicas, sociedades de economia mista e empresas públicas) se submetem aos princípios administrativos. Gabarito: Errado. 20. (ESCRIVÃO DE POLÍCIA – PC/ES – CESPE/2011) Os princípios que informam o processo administrativo são os mesmos que informam o processo judicial, aplicando-se, com a mesma intensidade, em um e outro processo. Comentário: PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS PRF – PRF/2016 AULA 02 – Princípios Administrativos Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Edson Marques 35 Os princípios que informam o processo administrativo não são os mesmos e nem têm a mesma intensidade dos que informam o processo judicial. Veja, por exemplo, o princípio da inércia que se aplica no âmbito judicial e o da oficialidade, ou seja, que a própria Administração pode deflagrar o processo administrativo, mas o judiciário deve ser provocado. Gabarito: Errado. 21. (SECRETÁRIO EXECUTIVO – FUB – CESPE/2011) Tanto na administração pública quanto na particular, o administrador, para que órgão público ou a empresa alcance os objetivos pretendidos, goza de liberdade para fazer o que for necessário, desde que a lei não proíba. Comentário: Sabemos que a atuação administrativa sempre depende de lei, seja autorizando (conduta discricionária), seja determinado (conduta vinculada). Significa dizer que se não houver autorização legal, a Administração Pública não pode fazer. Por outro lado, no âmbito privado, há a liberdade de atuar, sendo restringida apenas quando houver proibição legal. Gabarito: Errado. 22. (ANALISTA JUDICIÁRIO – ADMINISTRATIVA – TJ/ES – CESPE/2011) O princípio da legalidade está relacionado ao fato de o gestor público agir somente de acordo com a lei. Comentário: O princípio da legalidade impõe a obrigação de agir somente de acordo com a lei (atuação conforme a lei e o direito), ou PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS PRF – PRF/2016 AULA 02 – Princípios Administrativos Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Edson Marques 36 seja, somente pode fazer o que a lei (bloco de legalidade) permita ou autorize. Gabarito: Certo. 23. (ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA – TJ/AL – CESPE/2012) O princípio da presunção de legalidade gera para o prejudicado o ônus de provar a ilegalidade do ato administrativo, tendo em vista a natureza jure et de jure da presunção formada. Comentário: O princípio da presunção de legalidade gera, de fato, o ônus de o administrado demonstrar a ilegalidade do ato. Contudo, essa presunção não é jure et de jure (absoluta) e sim juris tantum (relativa). Gabarito: Errado. 24. (AUXILIAR JUDICIÁRIO – TJ/AL – CESPE/2012) A observância do princípio da legalidade — limitação imposta ao Estado, que só pode fazer o que a lei permite — não impede que a administração, por simples ato administrativo, conceda direitos, crie obrigações ou imponha vedações aos administrados em benefício da coletividade. Comentário: O princípio da legalidade somente permite que a Administração faça o que lei determina ou autorize. Assim, por simples ato administrativo não pode a Administração conceder direito ou criar obrigações ou mesmo impor vedações, sem o devido lastro legal. PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS PRF – PRF/2016 AULA 02 – Princípios Administrativos Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Edson Marques 37 Gabarito: Errado. 25. (ESPECIALISTA - DEPEN - CESPE/2013) Segundo o princípio da legalidade, a administração pública vincula-se, em toda sua atividade, aos mandamentos da lei, tanto em relação aos atos e às funções de natureza administrativa quanto em relação às funções legislativa e jurisdicional. Comentário: Esta é uma questão muito interessante. Vale o cuidado. Somos sempre levados a crer que somente a Administração Pública deve obediência ao princípio da legalidade. Na verdade é o Estado limitado pela Legalidade. Então, todas as suas funções (administrativa, legislativa e jurisdicional) vincula-se aos mandamentos da lei, ou seja, ao princípio da legalidade, já que não há nenhuma atividade que se sobreponha à Constituição. Gabarito: Certo. 26. (TODOS OS CARGOS - MPOG - CESPE/2013) Em consequência do princípio da legalidade, pode-se concluir que, havendo discordância entre determinada conduta e a lei, deverá a conduta ser corrigida para eliminar-se a ilicitude. Comentário: Então, se há discordância entre certa conduta e a lei, temos uma conduta ilegal e, portanto, deverá ser corrigida para se conformar com a lei, eliminando-se a ilicitude. Gabarito: Certo. PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS PRF – PRF/2016 AULA 02 – Princípios Administrativos Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Edson Marques 38 27. (PROMOTOR DE JUSTIÇA – MPE/RR – CESPE/2012) Segundo jurisprudência do STJ, a administração, por estar submetida ao princípio da legalidade, não pode levar a termo interpretação extensiva ou restritiva de direitos, quando a lei assim não o dispuser de forma expressa. Comentário: É entendimento do STJ que a Administração, ante a submissão ao princípio da legalidade, não pode levar a termo interpretação extensiva ou restritiva de direitos, quando a lei assim não o dispuser de forma expressa. ADMINISTRATIVO. PROCESSUAL CIVIL. APROVAÇÃO EM CONCURSO PÚBLICO. PRETERIÇÃO NA ORDEM CLASSIFICATÓRIA, INEXISTÊNCIA. CRIAÇÃO DE CARGO PÚBLICO. SOMENTE POR MEIO DE LEI ESPECÍFICA. PRECEDENTES DO PRETÓRIO EXCELSO E DESTA CORTE. ESTRITA OBEDIÊNCIA À ORDEM DE CLASSIFICAÇÃO DO CERTAME. CONTRATAÇÕES A TÍTULO PRECÁRIO. ALEGAÇÕES NÃO COMPROVADAS PELO ACERVO PROBATÓRIO COLIGIDO AOS AUTOS. DIREITO LÍQUIDO E CERTO. INEXISTENTE. PROVA PRÉ-CONSTITUÍDA. NECESSIDADE. INTERPRETAÇÃO EXTENSIVA. PRINCÍPIO DA LEGALIDADE. PRECEDENTES. RECURSO DESPROVIDO. 1. Há direito subjetivo à nomeação, dentro do prazo de validade do certame, caso tenha havido preteriçãona ordem classificatória ou contratação a título precário para o preenchimento de vagas existentes, em detrimento da nomeação de candidatos aprovados em certame ainda válido. 2. Na hipótese, o art. 19 da Lei Estadual n.º 7.033/97 criou apenas 04 (quatro) vagas para o cargo de Oficial de Justiça dos Juizados Especiais Cíveis e Criminais da Comarca de Riachão de Jacuípe/BA. 3. Embora o edital do concurso tenha veiculado a existência de 04 (quatro) vagas, é patente ter decorrido essa informação de manifesto erro da Administração ao publicar a PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS PRF – PRF/2016 AULA 02 – Princípios Administrativos Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Edson Marques 39 regra editalícia, porquanto 02 (duas) dessas vagas já estavam preenchidas por candidatos aprovados no concurso anterior. 4. Diante da discrepância entre o número de vagas oferecidas no edital do certame e as realmente existentes por força de lei, deve prevalecer o prescrito nesta última, pois as disposições contidas em mero ato administrativo - edital - não podem sobrepor-se a determinação expressa em comando legal. 5. A concessão da ordem pleiteada seria equivalente a hipótese de criação de cargo público, desiderato esse que, nos termos do art. 37, inciso I, da Constituição Federal, somente pode ser alcançado por meio de lei específica. 6. A obediência à ordem de classificação dos certames públicos é medida inarredável tanto para a Administração Pública quanto para o Poder Judiciário. 7. Na via mandamental, a matéria submetida ao crivo de Poder Judiciário reclama a apresentação de prova robusta e pré-constituída do direito perseguido, sendo certo que meras alegações não são capazes de contornar essa exigência, sendo também impossível, nesse eito, levar a termo dilação probatória. 8. O writ of mandamus não foi instruído com acervo probatório apto a demonstrar a formalização de contratações a título precário que alcançassem as respectivas classificações dos Recorrentes. 9. A Administração, por ser submissa ao princípio da legalidade, não pode levar a termo interpretação extensiva ou restritiva de direitos, quando a lei assim não o dispuser de forma expressa. 10. Recurso ordinário em mandado de segurança conhecido e desprovido. (RMS 28.675/BA, Rel. Ministra LAURITA VAZ, QUINTA TURMA, julgado em 14/08/2012, DJe 22/08/2012) Gabarito: Certo. PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS PRF – PRF/2016 AULA 02 – Princípios Administrativos Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Edson Marques 40 28. (PROMOTOR DE JUSTIÇA – MPE/RR – CESPE/2012) Embora a administração pública esteja submetida ao princípio da legalidade estrita, o STJ admite que a administração pública institua sanção restritiva de direito ao administrado por meio de ato administrativo de hierarquia inferior à lei. Comentário: Não se pode criar direitos ou obrigações por meio de ato administrativo que não decorram diretamente da lei. Por isso, a Administração não pode instituir sanção restritiva de direito por meio de ato administrativo, conforme entendimento do STJ: ADMINISTRATIVO. RECURSO ESPECIAL. INTERDIÇÃO DE DIREITO APLICADA PELA AGÊNCIA NACIONAL DE SAÚDE - ANS. AUSÊNCIA DE PREVISÃO LEGAL DA PENALIDADE. NÃO INSTAURAÇÃO DE PROCESSO ADMINISTRATIVO REGULAR CONTRA A PESSOA SANCIONADA E DE PRAZO DE DURAÇÃO DA SANÇÃO. OFENSA AO ART. 2o. DA LEI 9.784/99. RECURSO PROVIDO, SEM PREJUÍZO DE ULTERIOR PROCESSO ADMINISTRATIVO, OBSERVADA A GARANTIA DO DUE PROCESS OF LAW, DE HIERARQUIA CONSTITUCIONAL. 1. O excepcional poder sancionador da Administração Pública, por representar uma exceção ao monopólio jurisdicional do Judiciário, somente pode ser exercido em situações peculiares e dentro dos estritos limites da legalidade formal, não havendo, nessa seara específica do Direito Administrativo (Direito Sancionador), a possibilidade de atuação administrativa discricionária, na qual vigora a avaliação de oportunidade, conveniência e motivação, pelo próprio agente público, quanto à emissão e ao conteúdo do ato. 2. Somente a Lei, em razão do princípio da estrita adstrição da Administração à legaldiade, pode instituir sanção restritiva de direitos subjetivos; neste caso, a reprimenda imposta ao recorrente pela Agência Nacional de Saúde-ANS não se acha prevista em Lei, PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS PRF – PRF/2016 AULA 02 – Princípios Administrativos Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Edson Marques 41 mas apenas em ato administrativo de hierarquia inferior (Resolução Normativa 11/2002-ANS), desprovido daquela potestade que o sistema atribui somente à norma legal. 3. É condição de validade jurídica da sanção administrativa que a pessoa sancionada tenha sido convocada para integrar o processo do qual resultou o seu apenamento, em atenção à garantia do due process of Law, porquanto os atos administrativos que independem da sua observância são somente os que se referem ao exercício do poder-dever executório da Administração, não os que veiculam sanção de qualquer espécie ou natureza. 4. Recurso provido, mas sem prejuízo da instauração ulterior de processo administrativo regular, com o estrito atendimento das exigências próprias da atividade sancionadora do Poder Público. (AgRg no REsp 1287739/PE, Rel. Ministro FRANCISCO FALCÃO, Rel. p/ Acórdão Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, PRIMEIRA TURMA, julgado em 08/05/2012, DJe 31/05/2012) Gabarito: Errado. 29. (JUIZ – TJ/PB – CESPE/2011) Conforme decisão do STF, é prescindível a edição de lei que fixe a idade limite para o ingresso nas forças armadas, de modo que não ofende o princípio da legalidade norma, nesse sentido, estipulada somente em edital de concurso da administração pública. Comentário: O STF entendeu que a fixação de limite de idade para cargos públicos deve observar o princípio da reserva legal, modo que deve ter previsão expressa em lei. Portanto, é imprescindível a edição de lei. Vejamos: INFORMATIVO Nº 608 PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS PRF – PRF/2016 AULA 02 – Princípios Administrativos Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Edson Marques 42 TÍTULO: Forças Armadas: limite de idade para concurso de ingresso e art. 142, § 3º, X, da CF – 4 PROCESSO: RE – 600.885 ARTIGO O Plenário retomou julgamento de recurso extraordinário em que se discute a constitucionalidade, ou não, do estabelecimento de limite de idade por edital de concurso para ingresso nas Forças Armadas. Trata-se, na espécie, de recurso interposto pela União contra acórdão do Tribunal Regional Federal da 4ª Região que entendera que, em relação ao ingresso na carreira militar, a Constituição Federal exigiria que lei dispusesse a respeito do limite de idade (CF, art. 142, § 3º, X), não se admitindo, portanto, que um ato administrativo estabelecesse a restrição, sob pena de afronta ao princípio constitucional da ampla acessibilidade aos cargos públicos — v. Informativo 580. Em voto-vista, o Min. Ricardo Lewandowski, não obstante concordar com as premissas estabelecidas pela Min. Cármen Lúcia, relatora, sobre a necessidade de lei formal para regulamentar o ingresso nas Forças Armadas (postulado da reserva de lei), dela divergiu quanto à solução a ser dada para o caso. Acompanhou, no ponto, a proposta formulada pelo Min. Gilmar Mendesno sentido de prover o recurso e reputar ainda constitucional, pelo lapso temporal de 1 ano, a norma do art. 10 da Lei 6.880/80 (“O ingresso nas Forças Armadas é facultado, mediante incorporação, matrícula ou nomeação, a todos os brasileiros que preencham os requisitos estabelecidos em lei e nos regulamentos da Marinha, do Exército e da Aeronáutica.”). RE 600885/RS, rel. Min. Cármen Lúcia, 10.11.2010. (RE-600885) Gabarito: Errado. 30. (PROMOTOR DE JUSTIÇA – MPE/RR – CESPE/2012) Em se tratando de processo administrativo disciplinar, não configura ofensa ao princípio da legalidade, consoante posicionamento do STJ, a instauração de comissão PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS PRF – PRF/2016 AULA 02 – Princípios Administrativos Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Edson Marques 43 processante provisória em hipótese para a qual esteja legalmente prevista apuração por comissão permanente. Comentário: Se a lei estabelece comissão permanente, ofenderá o princípio da legalidade a instituição de comissão provisória para o caso, tratando-se de verdadeiro juízo de exceção (ofensa também ao princípio do juízo natural), conforme entendimento firmado no âmbito do STJ. Precedente: MANDADO DE SEGURANÇA. DELEGADO DA POLÍCIA FEDERAL. PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR. COMISSÃO PROCESSANTE AD HOC. IMPOSSIBILIDADE. INOBSERVÂNCIA DO ART. 53, § 1º, DA LEI N. 4.878/1965. NULIDADE. 1. A instauração de comissão provisória, nas hipóteses em que a legislação de regência prevê expressamente que as transgressões disciplinares serão apuradas por comissão permanente, inquina de nulidade o respectivo processo administrativo por inobservância dos princípios da legalidade e do juiz natural (MS n. 10.585/DF, Ministro Paulo Gallotti, Terceira Seção, DJ 26/2/2007). 2. Segurança concedida. (MS 13.148/DF, Rel. Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 23/05/2012, DJe 01/06/2012) Gabarito: Errado. 31. (PROCURADOR – TCDF – CESPE/2013) Por força do princípio da legalidade, a administração pública não está autorizada a reconhecer direitos contra si demandados quando estiverem ausentes seus pressupostos. Comentário: PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS PRF – PRF/2016 AULA 02 – Princípios Administrativos Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Edson Marques 44 A legalidade indica que a administração somente pode fazer o que a lei determina ou autoriza. Se, portanto, não foram preenchidos os pressupostos legais não pode a administração simples reconhecer tais direitos. É o que eu sempre digo. Deixe que o Juiz decida, e com isso, determine a administração que o faça. Gabarito: Certo. 32. (ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA – TRT 10ª REGIÃO – CESPE/2013) Em decorrência do princípio da legalidade, a lei é a mais importante de todas as fontes do direito administrativo. Comentário: Cuidado. Aqui temos uma brincadeirinha do CESPE. Veja, não há princípio mais importante. No entanto, é de se observar que dentre as fontes do direito, a lei é a fonte principal, portanto, a mais importante. Gabarito: Certo. 33. (ESPECIALISTA - DEPEN - CESPE/2013) Em razão do princípio da legalidade, previsto em artigo do texto constitucional, apenas a lei é fonte do direito administrativo. Comentário: Olha novamente o pega! Então, embora a lei, em sentido amplo, seja a principal fonte (decorrência do princípio da legalidade), ela não é a única. Lembre-se da jurisprudência, da doutrina e do costume. PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS PRF – PRF/2016 AULA 02 – Princípios Administrativos Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Edson Marques 45 Gabarito: Errado. 34. (ANALISTA DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA – TC/DF – CESPE/2014) Em razão do princípio da legalidade, a administração pública está impedida de tomar decisões fundamentadas nos costumes. Comentário: Devemos observar que também é fonte do Direito Administrativo o costume. Assim, não viola o princípio da legalidade tomar decisões com base no costume. Contudo, ressalte-se que o costume não poderá ser contrário à lei (contra legem), nem afastá-la (praeter legem). Gabarito: Errado. 35. (DEFENSOR PÚBLICO – DPE/RR – CESPE/2013) O princípio da legalidade administrativa impõe que a administração pública fundamente a sua atuação no direito, razão por que, para se realizar exame psicotécnico em concurso público, é necessária prévia autorização em ato normativo do chefe do Poder Executivo. Comentário: De acordo com o entendimento do STF, para realização de exame psicotécnico em concurso público deve haver a previsão legal e o teste ter um mínimo de objetividade. Vejamos: MANDADO DE SEGURANÇA. CONSELHO NACIONAL DO MINISTÉRIO PÚBLICO. CONTROLE DE LEGALIDADE DE ATO PRATICADO PELO MINISTÉRIO PÚBLICO DE RONDÔNIA. CONCURSO PÚBLICO. EXAME PSICOTÉCNICO. PREVISÃO EM LEI. CRITÉRIOS OBJETIVOS. ORDEM DENEGADA. I – O art. PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS PRF – PRF/2016 AULA 02 – Princípios Administrativos Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Edson Marques 46 5º, I, da Lei 12.016/2009 não configura uma condição de procedibilidade, mas tão somente uma causa impeditiva de que se utilize simultaneamente o recurso administrativo com efeito suspensivo e o mandamus. II – A questão da legalidade do exame psicotécnico nos concursos públicos reveste-se de relevância jurídica e ultrapassa os interesses subjetivos da causa. III – A exigência de exame psicotécnico, como requisito ou condição necessária ao acesso a determinados cargos públicos, somente é possível, nos termos da Constituição Federal, se houver lei em sentido material que expressamente o autorize, além de previsão no edital do certame. IV – É necessário um grau mínimo de objetividade e de publicidade dos critérios que nortearão a avaliação psicotécnica. A ausência desses requisitos torna o ato ilegítimo, por não possibilitar o acesso à tutela jurisdicional para a verificação de lesão de direito individual pelo uso desses critérios V - Segurança denegada. (MS 30822, Relator(a): Min. RICARDO LEWANDOWSKI, Segunda Turma, julgado em 05/06/2012, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-124 DIVULG 25-06-2012 PUBLIC 26-06- 2012) Gabarito: Errado. 36. (TÉCNICO ADMINISTRATIVO – IBAMA – CESPE/2012) De acordo com a CF, a medida provisória, o estado de defesa e o estado de sítio constituem exceção ao princípio da legalidade na administração pública. Comentário: Realmente, o entendimento é no sentido de que o princípio da legalidade é excepcionado pelas medidas provisórias (Não é lei. Tem força de lei) e pelo estado de defesa e de sítio. Nestes dois últimos casos, a autoridade presidencial poderá decretar medidas restritivas de direitos, por meio de decreto presidencial (arts. 136 e 137 da CF/88). PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS PRF – PRF/2016 AULA 02 – Princípios Administrativos Prof. Edson Marques www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Edson Marques 47 Sobretudo nos casos de defesa e sítio, trata-se de situação de exceção, cuja previsão decorre da CF/88, que, conforme entendimento do STF é “O estado de exceção é uma zona de indiferença entre o caos e o estado da normalidade. Não é a exceção que se subtrai
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