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Farmacodependência Abuso de drogas Prof. Dr. Luiz Carlos da Cunha lccunha@ufg.br lucacunha@gmail.com Faculdade de Farmácia da UFG Farmacodependência Abuso de drogas O que são drogas? Abuso de drogas ou drogas de abuso? O que é abuso? O que é dependência? Qualquer usuário de substância psicoativa é dependente? Qual a diferença entre SPA e substância psicotrópica? A dependência só existe para SPA? Por que existe abuso de SPA? Drogas (OMS, 1981) "qualquer entidade química ou mistura de entidades (mas outras que não aquelas necessárias para a manutenção da saúde como, por exemplo, água e oxigênio) que alteram a função biológica e possivelmente a sua estrutura". Drogas Psicoativas "são aquelas que alteram comportamento, humor e cognição". agem preferencialmente nos neurônios, afetando o SNC. Drogas Psicotrópicas "agem no SNC produzindo alterações de comportamento, humor e cognição, possuindo grande propriedade reforçadora sendo, portanto, passíveis de autoadministração“ Drogas de Abuso "qualquer substância (tomada através de qualquer forma de administração) que altera o humor, o nível de percepção ou o funcionamento do SNC (desde medicamentos até álcool e solventes)". Farmacodependência Alguns conceitos básicos Tolerância (sensitização e taquifilaxia) Dependência (síndrome de dependência) Overdose (sobredosagem) Potencial de dependência da substância Síndrome de abstinência Fissura (craving) Dependência cruzada Flashback 1. Efeito antabuse 2. Toxicomania 3. Reinstalação 4. Binge 5. Rush / buzz (associação nitrato amila) 6. Crash (letargia/depressão após longo uso de droga – anfetaminas). 7. Doping 8. Escalada Drogas de Abuso Tolerância Sensibilização Dependência física Dependência psíquica DSM V Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders (APA) CID 10 Classificação Internacional de Doenças (OMS) Tolerância Resposta farmacológica diminuída. Necessidade de quantidades muito maiores da substância para que haja intoxicação ou o efeito desejado. Ou ainda: redução de efeito com a manutenção da dose. Tolerância inata variações individuais na sensibilidade à droga que estão presentes desde sua primeira administração polimorfismo genético Tolerância Adquirida Farmacocinética Indução enzimática. Farmacodinâmica Alterações na interação droga–receptor Aprendida (comportamental) Obs.: Sensibilização ou tolerância reversa. Dependência características da dependênciatolerância abstinência Abandono da vida social Condição em que o indivíduo experimenta um profundo desejo (obsessão/compulsão)de continuar a tomar a droga cujos efeitos ele sente serem necessários para manter o bem-estar ou impedir um desconforto físico. Desejo emocional ou mental de tomar a droga para sentir o bem-estar Dependência psíquica Dependência física distúrbios físicos interrupção abrupta da administração ou administração um antagonista da droga (síndrome de abstinência) Dependência Física: mecanismos necessidade da droga para manter o funcionamento “normal”. fenômeno associado à tolerância e que costuma resultar de mecanismos semelhantes aos que provocam tolerância farmacodinâmica. ausência da droga adaptações que levam a tolerância número ou sensibilidade dos receptores Exemplo: ingestão aguda de álcool potencializa ação GABAérgica interrupção súbita do uso de álcool diminuição da inibição GABAérgica estado de hiperatividade do SNC (síndrome de abstinência) Dependência psicológica Olds & Milner (1951) Regiões neuroanatômicas da recompensa e reforço positivo... Onde estão?!?! Eletrodos em várias regiões encefálicas Tarefa: pressionar alavanca pulso breve de estimulação encefálica não-destrutiva Olds J, Milner P. "Positive reinforcement produced by electrical stimulation of septal area and other regions of rat brain." Journal of Comparative and Physiological Psychology. 1954 Dec; 47(6):419-27. Milner P. "Brain Stimulation Reward: A Review." Canadian Journal of Psychology Outstanding contributions Series. 1991; 45(1):1-36. Dependência psicológica subgrupo de neurônios dopaminérgicos fundamentais para a via de recompensa encefálica As drogas que podem causar dependência psicológica induzem a maior dependência quando administradas diretamente à VTA (área tegumental ventral, rica em DA, GABA e glutamato), ao nucleus accumbens Dependência psicológica probabilidade de recaída estresse contexto em que a droga foi usada antes Interação entre o circuito de recompensa e de memória encefálico, que, em circunstâncias normais, atribui valor emocional a determinadas memórias. “Fissura”, mesmo muito tempo após a retirada da droga... Dependência psicológica Alostase Adaptação encefálica (neuroadaptação), prolongada, à presença crônica de uma droga, que cria uma homeostase alterada dependente da presença contínua da droga níveis alterados dos neurotransmissores Abstinência disforia distúrbios do sono aumento do estresse (semanas a meses após a desintoxicação) aumenta chance de recaída Farmacodependência Classificação: Origem Naturais – utilizadas in natura ou através de algumas transformações de vegetais, fungos ou animais, como secagem, trituração, confecção de cigarro, extração do princípio ativo (e.g.: maconha, tabaco, cocaína, cafeína, ópio, morfina, codeína, álcool, datura, beladona, mescal, noz-moscada, peiote, cogumelos, ahyuasca – Santo Daime, LSD-25, anabolizantes). Semi-sintéticas – uma vez extraídas e purificadas, sofrem alterações químicas propositais (e.g. heroína –diacetilmorfina; Sintéticas (design drugs) – fabricadas em laboratório: ecstasy (metilenodioximetanfetamina, MDMA), anfetamina e derivados, barbitúricos, benzodiazepínicos, anorexígenos, opióides, anticolinérgicos, meperidina, metadona, clorofórmio, éter, protóxido de azoto, nitrito de amilo, anabolizantes. Novas substâncias psicoativas. Farmacodependência Classificação: Estado físico Sólido (e.g.: pós de cocaína, crack, heroína; comprimidos e cápsulas de anfetamina, ecstasy, medicamentos psicotrópicos; cigarros de tabaco e maconha). Líquido (e.g.: bebidas alcoólicas – vinho, cerveja, cachaça, uísque, conhaque). Pastoso (e.g.: merla). Volátil (e.g.: solventes orgânicos - clorofórmio, éter, protóxido de azoto, nitrito de amilo, tolueno, “cheirinho da loló”, gasolina, querosene). Gasoso/vapor (e.g.: fumaça de tabaco, maconha, gases anestésicos). Farmacodependência Classificação Enquadramento legal Lícitas: permitidas por meio de regulamentação e restrições previstas em Lei (e.g.: Legislação Farmacêutica, Código Brasileiro de Trânsito, Estatutos e Regimentos do Comitê Olímpico Internacional), tais como o tabaco, o café, as bebidas alcoólicas, os medicamentos, os solventes orgânicos, os anabolizantes. Ilícitas: proibidas por meio de legislação específica (e.g., Lei Antidrogas no Brasil), tais como a cocaína e derivados, a maconha e outros alucinógenos (LSD, mescalina, peiote), a heroína e outros opióides relacionados, a anfetamina e derivados, dentre outras. Portaria 344/1998, anexos (lista E e F) e atualizações. LEI Nº 11.343, DE 23 DE AGOSTO DE 2006. Institui o Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas - Sisnad; prescreve medidas para prevenção do uso indevido, atenção e reinserção social de usuários e dependentes de drogas; estabelece normas para repressão à produção não autorizada e ao tráfico ilícito de drogas; define crimes e dá outras providências. Classe Exemplos I (elevado potencial de abusoelevado, sem utilidade terapêutica) Heroína, alucinógenos (LSD, peyote), maconha, metaqualona (Quaalude), MDMA (3,4- metilenodioximethamphetamina). II (elevado potencial de abuso elevado, elevado risco de dependência) Narcóticos: ópio ou morfina, codeína, opióides sintéticos (meperidina – Demerol; dextrometorfano, dextropropoxifeno, oxicodona, fentanil, metadona). Hipnóticos e sedativos (secobarbital, amobarbital, glutetimida pentobarbital). Estimulantes: anfetaminas, metanfetamina, metilfenidato (Ritalin) e fenetrazina (Preludin); PCP. III (moderado potencial de abuso elevado, moderado risco de dependência) Narcóticos: produtos combinados contendo < 15 mg de hidrocodona por unidade de dosagem (Vicodin), produtos contendo não mais de 90 mg de codeína por unidade de dosagem (Tylenol com Codeína), aspirina com codeína, elixir paregórico, buprenorfina (Suboxone). Não-narcóticos: benzfetamina (Didrex), fendimetrazina, metiprilon, cetamina e esteróides anabolizantes. IV (menor potencial de abuso que o III) Hidrato de cloral (Noctec), etclorovinol (Placidyl), flurazepam (Dalmane), alprazolam (Xanax), pentazocina (Talwin), clordiazepóxido (Librium), propoxifeno (Darvon), dietilpropiona (Tenuate), carisoprodol (Soma), clonazepam (Klonopin), clorazepato (Tranxene), diazepam (Valium), lorazepam (Ativan), midazolam (Versed), temazepam (Restoril) e triazolam (Halcion). V (baixo abuso, elevada utilidade) Preparações contendo quantidadades limitadas de certos narcóticos. Ex.: misturas de narcóticos e atropina (Lomotil); misturas de codeína (200 mg), ezogabina. Farmacodependência Classificação: Potencial de abuso Quanto ao potencial de abuso e à utilidade (DEA, Drug Enforcement Agency, USA; 1970) http://medshadow.org/resource/drug-classifications-schedule-ii-iii-iv-v/ Farmacodependência Classificação Farmacológica usual (SENAD) Lewin, 1928 Exemplos Estimulantes Excitantia Cafeína (café, guaraná, chá, refrigerantes, chocolates), anfetaminas, cocaína, antidepressivos, anorexígenos (inibidores do apetite), nicotina. Depressores Euphorica Inebriantia Hypnotica Opiáceos e opióides Substâncias voláteis ou solventes orgânicos Fármacos barbitúricos e benzodiazepínicos Alucinógenos (perturbadores) Phantastica Maconha (Cannabis)*, haxixe, LSD-25, peiote, cogumelos, ayahuasca, datura, beladona. * Ilusiogênica. A droga estimulante mais usada é a cocaína e seus derivados, como cloridrato, crack, merla, pasta. Drogas Psicotrópicas: Classificação Drogas Estimulantes atividade do SNC (estado de vigília) Consequências Diminuição do sono Nervosismo Atividade motora Alucinações e delírios (doses elevadas) Cocaína, anfetaminas, nicotina, xantinas, IMAO, tricíclicos, ISRS, monoaminas. Algumas dessas substâncias são úteis como medicamentos em casos nos quais o SNC está funcionando "muito acima do normal“. epilepsias, insônias, excesso de ansiedade Drogas Psicotrópicas: Classificação Drogas Depressoras atividade do SNC (funcionamento mais lento) Consequências Sonolência Lentificação psicomotora. As drogas depressoras mais consumidas Álcool, benzodiazepínicos ansiolíticos, hipnóticos, inalantes, opióides, antipsicóticos Drogas Psicotrópicas: Classificação Drogas perturbadoras ou alucinógenas produzem uma mudança qualitativa no funcionamento do SNC Consequências alterações mentais: delírios, ilusões e alucinações. psicoticomiméticas drogas perturbadoras mais usadas Naturais: maconha, mescalina, psilocibina. Sintéticos: LSD, MDMA, fenciclidina, quetamina, anticolinérgicos. Farmacodependência Classificação: Atividade farmacológica Drug Class Primary Effects/Approved Medicinal Uses Examples Opiates/Opioids/NarcoticAnalgesics analgesia, cough suppression, antidiarrhea, suppression of opiate withdrawal, sedation; currently used therapeutically for the first four effects opium, morphine, codeine, heroin (diacetyl morphine), fentanyl, methadone, meperidine, L-alpha-acetylmethadol (LAAM) Narcotic/Opiate Antagonists block the effects of narcotics; used to treat opiate overdose naloxone, naltrexone Psychomotor Stimulants stimulate psychological and sensory-motor functioning; used therapeutically to treat ADHD and narcolepsy, sometimes as an appetite suppressant, occasionally antifatigue, formerly for asthma and for sinsus decongestion amphetamine, methamphetamine, cocaine, methylphenidate Other Stimulants similar to psychomotor stimulants but with much less efficacy; various therapeutic effects including caffeine compounded with aspirin in some OTC pain relievers, ephedrine in OTC asthma medicines, pseudoephedrine in OTC sinus decongestants and OTC appetite suppressants caffeine, nicotine, ephedrine, pseudoephedrine Barbiturates general decrease in CNS arousal/excitability level; used therapeutically for anesthetic, anticonvulsant, sedative, and hypnotic effects thiopental, secobarbital, pentobarbital, phenobarbital http://www.addictionscience.net/ASNclass.htm Drug Class Primary Effects/Approved Medicinal Uses Examples Minor Tranquilizers general decrease in CNS arousal/excitability level, but low dose are somewhat selective for anxiety and much less sedative than barbiturates; used therapeutically as anxiolytics, benzodiazepines also as anesthetics and anticonvulsants includes two subclasses: benzodiazepines (e.g.,. diazepam, chlordiazepoxide, flunitrazepam [Rohypnol]) and muscle relaxants (e.g., meprobamate) Major Tranquilizers (antipsychotics/neuroleptics) general sedation at high doses, with selective antipsychotic activity at lower doses; used therapeutically to treat schizophrenia and other major psychotic disorders haloperidol, pimozide, flupenthixol, chlorpromazine, spiroperidol, clozapine Antidepressants no perceptible CNS effects in normals, but effectively alleviate depression in many depressives; used therapeutically to treat depression includes three subclasses: monoamine oxidase inhibitors (e.g., pargyline), tricyclic antidepressants (e.g., amitriptyline, desmethylimipramine), and selective serotonin reuptake inhibitors (SSRIs: e.g., sertaline) Antimaniac dampens extreme mood swings in some people; used to treat manic-depressive (bipolar) disorders lithium Alcohol general decrease in CNS arousal/excitability level; no current therapeutic uses, but formerly used as an anesthetic and a sedative ethyl alcohol (other alcohols have similar actions but are associated with very toxic effects, e.g., methanol) Volatile Anesthetics general decrease in CNS arousal/excitability level; used therapeutically for anesthesia nitrous oxide, halothane, ether http://www.addictionscience.net/ASNclass.htm Farmacodependência Classificação: Atividade farmacológica Farmacodependência Classificação: Atividade farmacológica Drug Class Primary Effects/Approved Medicinal Uses Examples Volatile Solvents produce feelings of intoxication, can produce hallucinations at high doses; no therapeutics uses (all can cause marked brain damage in moderately low concentrations toluene, benzene, naphtha Psychogenics produce altered states of consciousness; hallucinogenics produce hallucinations sometimes reported as "mystic" experiences; cannabinoids usually produce increased feelings of "well being" and "mellow" intoxication; the "pleasantness" of the states produced by both classes probably depends partially on expectancies; no approved therapeutic uses, but cannabinoids are being increasingly used for their antinausea, anxiolytic, and appetite- stimulating effects inseverely ill patients (e.g., AIDS) includes two subclasses: hallucinogenics (e.g., lysergic acid diethylaminde [LSD], mescaline, psilocybin) and cannabinoids (e.g., marijuana, hashish). Stimulatory Hallucinogenics (cf. former psychotomimetics) produce a mixture of psychomotor stimulant and hallucinogenic effects, depending on dose and other factors; no therapeutic uses, except phencyclidine as a veterinary anesthetic MDMA (ecstasy), phencyclidine (PCP), ketamine (?) Abbreviations: ADHD, attention deficit hyperactivity disorder; AIDS, acquired immune deficiency syndrome; CNS, central nervous system; OTC, over-the- counter (nonprescription) medicines. http://www.addictionscience.net/ASNclass.htm Farmacodependência Classificação: Usuário Uso experimental: as primeiras experimentações, geralmente motivado por curiosidade e com incentivo de amigos; Uso recreativo: uso em circunstâncias sociais ou relaxantes, sem implicação de outros problemas relacionados. Pode ser entendido como uso em companhia de outras pessoas e de maneira socialmente aceitável; Uso controlado: refere-se à manutenção de um uso regular, não compulsivo e que não apresenta problemas para a vida do indivíduo; Uso nocivo ou abuso: padrão de uso em que aumenta o risco de conseqüências prejudiciais ao usuário, já apresentando danos comportamentais ou físicos no indivíduo; Dependência: é um termo genérico e amplo que inclui uma grande diversidade de fenômenos. Envolve problemas comportamentais, médicos, familiares, sociais, legais, religiosos, afetivos, dentre outros, decorrentes do uso compulsivo de drogas. Classificação do uso de drogas segundo a OMS Tipo de uso Definição Uso na vida o uso de droga pelo menos uma vez na vida Uso no ano o uso de droga pelo menos uma vez nos últimos doze meses Uso recente ou no mês o uso de droga pelo menos uma vez nos últimos 30 dias Uso freqüente uso de droga seis ou mais vezes nos últimos 30 dias. Uso de risco padrão de uso que implica alto risco de dano à saúde física ou mental do usuário, mas que ainda não resultou em doença orgânica ou psicológica Uso prejudicial padrão de uso que já está causando dano à saúde física ou mental. Classificação do uso de drogas segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) Tipo de usuário Definição Não-usuário nunca utilizou drogas Usuário leve utilizou drogas no último mês, mas o consumo foi menor que uma vez por semana Usuário moderado utilizou drogas semanalmente, mas não todos os dias, durante o último mês Usuário pesado utilizou drogas diariamente durante o último mês. Epidemiologia http://noticias.uol.com.br/cotidiano/2008/06/26/ult5772u194.jhtm (UNODOC) Epidemiologia Epidemiologia As drogas mais usadas no brasil em 2014, de acordo com a iniciativa The Global Drug Survey https://jornalismoespecializadounesp.wordpress.com/2015/09/28/o-novo-mercado-das-drogas/ Modelo Espiral dos Estágios de Mudança Prochaska e col. (1992) Por que é tão difícil o tratamento da dependência? Farmacodependência Abuso de drogas Problema atual ou ancestral? É um problema individual ou um “problema social”? Existe solução? Onde eu entro como profissional e como pessoa? COCAÍNA Prof. Dr. Luiz Carlos da Cunha lccunha@ufg.br Faculdade de Farmácia da UFG 36 Estimulantes do SNC “Toda substância utilizada voluntariamente com a finalidade de obtenção de estados alterados de consciência, caracterizados por euforia decorrentes da estimulação do SNC.” 37 Estimulantes SNC Anfetaminas Metilxantinas Nicotina Cocaína Droga abuso Tratamento da obesidade Tratamento da hipersonia Tratamento da TDAH Estimulante moderado Tratamento da asma Tratamento da apnéia de neonatos Droga abuso Toxicologia Anestésico local; droga abuso Anorexígenos Antidepressivos 38 Cocaína: preliminares Informações gerais Folhas de Erythroxylum novogranatense var. trujillo; Erythroxylum coca pasta de coca (merla) cloridrato de cocaína Anestésico local Estimulante do SNC História Uso antigo e tradicional em países da América do Sul Religioso, Social, Euforizante e Medicinal Alcalóide ativo purificado de folhas em 1860: cocaína. 39 Cocaína: preliminares A cocaína foi incorporada a numerosos medicamentos e bebidas Coca-Cola “Harrison Narcotic Act” baniu este uso em 1914 (USA) Uso recreacional aumentou dramaticamente nos anos 1960 Cocaína de baixo custo (“crack”) espalhou-se no final dos anos 1970 40 Formas de cocaína E. coca contém cerca de 0,5-1,0% de cocaína Preparo: Folhas são prensadas com ácido sulfúrico e querosene/gasolina, formando pasta (pasta básica de cocaína – PBC: 90% sulfato de cocaína; 50-60% de pureza); Remoção de impurezas: ácido clorídrico (cloridrato de cocaína); Obs.: A MERLA é uma PBC artesanal, mal-preparada, contendo muitas impurezas; há risco de explosão e queimaduras no seu preparo. Free-basing: cloridrato de cocaína + água + bicarbonato de sódio + hidróxido de amônio; a base de cocaína é separada por meio de solvente (e.g.: éter): CRACK (som feito sob queimação) ou PEDRA ou stone (aspecto). 41 Propriedades físico-químicas COC-HCl: pó branco, cristalino, higroscópico, PF 197ºC (degrada ao atingir PF), hidrossolúvel, termolábil, pode ter até 100% pureza. VIA INTRANASAL, IV, ORAL COC-base: reversão do processo de oxidação, cristalino, branco ou transparente, volátil, PF 96-98ºC, vapor estável ao ser aquecida e fumada, solúvel etanol, acetona, éter etílico. VIA PULMONAR (FUMÁVEL) 42 Apresentações 43 Cocaína: padrões de uso Cloridrato de cocaína Absorvida por todas as vias de exposição/ administração Membranas mucosas, pulmões, estômago, intestino Principalmente pelas vias: intranasal intravenosa respiratória (crack) Adulterantes: açúcar, talco, anestésicos locais, NaHCO3, MgSO4, metais pesados, etc. Podem ser usados para “mapear” a cocaína. 44 Toxicocinética Absorção (Cocaina, HCl) Absorvida por todas as vias de exposição/ administração Membranas mucosas Pulmões Estômago Intestino INTRANASAL VIA PERORAL IV bolus Evita todas as barreiras da absorção Dose total diretamente na corrente sanguínea e, eventualmente, no cérebro PULMONAR (base livre) Fumada em cachimbos ou cigarros 45 Toxicocinética Distribuição Penetra rapidamente no cérebro (modelo monocompartimental aberto) Concentração cerebral superior à plasmática (4:1) Atravessa livremente a barreira placentária Acumula no cabelo, nas unhas, no leite materno Metabolismo & Excreção Meia-vida de eliminação: 30-90 min [pulmonar (30-40 min); intranasal (50-90 min)] Metabolizada por enzimas no plasma e no fígado Lentamente removida do cérebro Teste de urina positivo por 12 h (dose única) ou até 3 dias (usuário pesado) Metabólito mais abundante: benzoilecgonina F (%) Biodisponibilidade % Excreção urinária % B ClT (ml/min/Kg) Vd (L/Kg) T(1/2)b (h) CMAX (ng/mL) TMAX (min) 57 19 (intranasal) ~ 70 (fumada) Dose 100 mg. < 2 91 32 6 2,0 0,2 0,8 0,2 Depende da dose 35-120 Parâmetros cinéticos (Goodman & Gilman, 2002) 46 Cocaína: biotransformação Cocaína (3%) N C O CH3 O O CH3 C O Éster metil ecgonina (15-35%) N C CH3 O O CH3 O H Benzoilecgonina (15-50%) N C O CH3 O C O O H Ecgonina (1-8%) N C CH3 O O H O H Norcocaína (2-6%) N C O O O CH3 C O H 47 Anidroecgonina- metil-éster(metil-ecgonidina) Anidroecgonina Pirólise Etanol Cocaetileno Benzoilecgonina Éster-metilecgonina Norcocaína Carboxilesterases pH Colinesterases CitP450 Cocaína + álcool Na presença de etanol, um metabólito diferente é produzido – cocaetileno Cocaetileno exerce o mesmo efeito fisiológico no cérebro, mas é mais tóxico: Efeitos euforizantes mais duradouros Aumenta o risco de dupla dependência Aumenta gravidade da retirada É a combinação que mais resulta em efeitos letais. 49 CH3 N CH3 C O O - OH éster metilecgonina OH OH O C CH3 N 1 ou pH ecgonina N CH3 C O O - CH2 - CH3 OH éster etilecgonina 1 CH3 N CH3 C O O - O - C - O 1 ou pH N CH3 C O OH O - C - O 1 O - CH2 - CH3 O C CH3 N O O - C - N C H 3 C O O - CH3 metilecgonidina O - C - O N H C O O - CH3 norcocaína O - C - O N H C O OH benzoilnorecgonina O - C - O N H C O O - CH2 - CH3 norcocaetileno 2 2 2 1 ou p H 3 1 1 1 etanol 33 etanol cocaína benzoilecgonina cocaetilenococaetileno Produtos de biotransformação, transesterificação e pirólise da cocaína encontrados em urina. 1- Carboxilesterases; 2- Colinesterases; 3- Citocromo P450 50 Mecanismo de ação da cocaína. A cocaína é um inibidor competitivo do transporte de DA (recaptação). Não penetra no terminal sináptico de maneira adequada. COC bloqueia igualmente bem os transportadores de NE e de 5-HT, aumentando os níveis extracelulares destas aminas. DA transporter COCAINE x Ca DA DACOC aumenta enormementeo nível extracelular de DA. COC é também anestésico local NE 5-HT 51 Mecanismo de ação Cocaína x Anfetamina 52 Efeitos agudos Dose baixa, resposta fisiológica não-tóxica: Aumento alerta Hiperatividade motora Taquicardia Midríase Aum liberação glicose Redirecionamento do fluxo sanguíneo dos órgãos internos para os músculos 53 Efeitos agudos Efeitos psicológicos (30-90 min) Euforia imediata e moderada Tonteira, vertigem Aumento da auto-consciência Ostentação de poder, força Estado de ansiedade dura por horas Aumenta raciocínio, fala acelerada Diminuição do sono Supressão do apetite Estado depressivo Efeitos físicos no SNC Depleção de oxigênio Atrofia cerebral Vasoconstrição e estreitamento de vasos Convulsões Outros Numerosas complicações cardiovasculares podem ocorrer com uso simples ou prolongado 54 Uso prolongado em altas doses: Efeitos tóxicos e psicóticos Ansiedade e privação do sono aumentam Hipervigilância Sensação de desconfiança, paranóia e mania de perseguição Psicose paranóica tóxica Percepção alterada da realidade pode resultar em ações agressivas ou homicidas como resposta a uma perseguição imaginária 55 Complicações médicas: agudo Efeitos cardiovasculares Ataques cardíacos (infarto agudo do miocárdio) Arritmias ventriculares Insuficiência respiratória Estimulação profunda do SNC Convulsões Psicoses Hiperpirexia ATIVA A VIA DE RECOMPENSA DOPAMINÉRGICA NO SISTEMA LÍMBICO 56 Complicações médicas: crônico R E F O R Ç O N E G A T IV O Euforia / disforia Psicose esquizofrênica Alteração do humor Idéias paranóides Agitação Irritabilidade Depressão Impotência Distorção da personalidade Comportamento suicida/homicida Desorientação mental Diminuição da memória imediata Psicose tóxica com alucinações tácteis Mudança na percepção visual (bolas de luz) 57 Complicações médicas: crônico DISTÚRBIOS RESPIRATÓRIOS Administração intranasal VASOCONSTRIÇÃO: hiperemia nasal (rinite, lesões, perfuração septo), sinusite (deposição de adulterantes nos seios etmoidais); GRANULOMAS PULMONARES DISPNÉIA TOSSE OPACIDADE PULMONAR RINORRÉIA DE LÍQUIDO PLEURAL Administração pulmonar BRONQUIOLITE OBSTRUTUVA HEMORRAGIAS EDEMA PULMONAR 58 Complicações médicas: crônico DISTÚRBIOS CARDIOVASCULARES BRADICARDIA TAQUICARDIA Efeito periférico Efeito SNC (hipotálamo) ARRITMIAS MORTE SÚBITA (Fibrilação ventricular) HIPERTENSÃO (Aumento 5-HT): hemorragia cerebral AVC IAM 59 Complicações médicas: crônico OUTROS HEPATOTOXICIDADE N-hidroxinorcocaína COC + maconha: taquicardia, hipertensão (potenciação) COC + anestésicos locais: colapso cardiovascular (potenciação) COC + etanol: cocaetileno (sinergismo) 60 Tolerância e sensitização Modesta em relação aos anfetamínicos Diferente entre efeitos subjetivos e cardiovasculares Tolerância reversa (sensitização) aos efeitos anestésicos e convulsivos Aumento da excitação com doses menores em usuários crônicos (Dim. da biossíntese de 5-HT e aumenta efeito da DOPAMINA). Explica algumas mortes que ocorrem sob baixas doses 61 Síndrome de abstinência Caracterizada por: Sonolência Falta de energia Fissura Períodos de depressão Obs.: Melhoram espontaneamente após alguns dias. 62 ANFETAMINAS 63 CH2 CH N H H CH3 CH CH N H H H HO HO OH DA e NE (com radical OH) não atravessam a BHE. Anfetamina Semelhante às catecolaminas, mas é mais lipossolúvel, o que a torna capaz de penetrar no SNC. Anfetamina: estrutura e propriedades gerais anfetamina noradrenalina 64 Anfetaminas lícitas e ilícitas Anfetaminas lícitas d-anfetamina, fenfluramina, metilfenidato, pemolide, femproporex, mazindol, dietilpropiona (anfepramona) Anfetaminas de uso não-médico 3,4-metilenedioxi-metanfetamina – MDMA (ecstasy) 4-metilaminorex ou metanfetamina (ice ou crystal) metanfetamina HCl (speed) 65 Farmacocinética da anfetamina e drogas relacionadas: formas ionizada e base livre CH2 CH N H H CH3 Anfetamina é uma base (pKa = 9.9) BH B + H + + Forma carregada é bastante lípide-insolúvel (cocaína, HCl; anfetamina HCl) Forma não-ionizada (free base) é muito lipossoluvel (crack, metamfetamina / ice) Lento início de ação (lagtime), pouco potente, não fumável Lagtime rápido, muito potente, fumável, dependência intensa. 66 Farmacocinética: excreção CH2 CH N H H CH3 pKa = 9.9 BH B + H + + Metabolizada no fígadoExcretada pelo rins Excreção aumentada por acidificação urinária Detectada por até 48 h. 67 Anfetaminas: biotransformação CH 2 CH CH 3 N CH 3 H metanfetamina CH 2 CH CH 3 N H H anfetamina CH 2 CH CH 3 N CH 2CH 2CN H femproporex CH CH CH 3 N H H OH fenilpropanolamina CH2 CH CH3 N CH3 H OH efedrina Fenfluramina NorfenfluraminaMazindol Anfepramona Selegilina (anti-parkinson) L-isômeros 68 Anfetamina e cocaína são aminas simpatominéticas de ação indireta Anfetaminas e drogas relacionadas liberam: • Dopamina no SNC • NE no SNC • Serotonina no SNC • NE nas terminações nervosas simpáticas Estimula mecanismos de recompensa, causa efeitos psicotrópicos e adição. Aumenta a vigilância, causa anorexia Aumenta a vigilância, causa anorexia Causa hipertensão, AVC, arritmias 69 Mecanismo de liberação de aminas pela anfetamina. NE transporter NE amphetamine amphetamine NE NE Anfetamina penetra na terminação nervos por difusão lipídica e por ligação a um transportador de NE. Anfetamina, umabase fraca, desequilibra o gradiente de pH da vesícula, evitando o acúmulo de NE. Anfetamina causa acúmulo de NE citoplasmática. NE sai por ligação a um transportador de NE (transporte reverso) Anfetamina libera DA = NE > 5-HT pelo mesmo mecanismo 70 71 Anfetamina: efeitos farmacológicos SNC – dose moderada: • aumenta vigilância, diminui sono • anorexia • reduz sensação de fadiga • euforia • aumenta a atividade motora e a fala SNC – dose alta: • psicose paranóica, alucinações táteis • convulsões potencialmente letais. Periferia: • taquicardia e hipertensão • AVCs, arritmias (frequente causa de morte) Devido à elevada liberação de DA, podem ser atenuadas com antipsicóticos. A hipertensão pode ser controlada por um antagonista alfa-adrenérgico. Tipicamente, capacidade motora e intelectual melhoram, mas com maior quantidade de erros. 72 Tolerância aguda é produzida por adiminstração repetida de anfetamina ou cocaína em curtos intervalos. Desenvolve rapidamente. (A tolerância é, provavelmente, devido à depleção de aminas rapidamente retiradas dos terminais sinápticos) Uso se torna compulsivo. Anfetaminas afetam áreas do cérebro relacionadas a reforço comportamental. Seguindo à abstinência >1dia, a próxima administração produz elevada liberação de DA e efeitos psicotrópicos (sensitização comportamental ou tolerância reversa; pode ser devido, em parte, a resposta condicionada). Anfetamina e drogas correlatas: Tolerância vs sensitização 73 Anfetaminas: dependência; síndrome de abstinência Sinais e sintomas Fissura intensa Ansiedade Agitação Pesadelos Redução da energia Lentificação Humor depressivo A dependência física obedece modelo de condicionamento clássico. Síndrome da retirada (abstinência) ocorre, mas não é tão dramática quanto aquelas provocadas por narcóticos e barbituratos. Sinais e sintomas opostos aos efeitos da droga. 74 Metanfetaminas: ICE (gelo) Forma freebase (base livre) da metanfetamina Extremamente potente Efeito estimulante (“high”) é intenso e de longa duração Uso crônico pode resultar em sérios problemas psiquiátricos, cardiovasculares, metabólicos e neuromusculares Anfetamina Metanfetamina 75 Metanfetaminas FIGURA 3: A Yaba. Outra metanfetamina utilizada principalmente nos países asiáticos. FIGURA 2: As anfetaminas modificadas ou metanfetaminas. Nas imagens o ice (gelo) ou crystal [à esquerda] e uma pedra de metanfetamina, ambos consumidos pela via inalatória. As metanfetaminas são pouco conhecidas no Brasil. 76 ICE: Farmacocinética Quando fumada: absorção imediata Meia-vida biológica: cerca de 11 houras 60% biotransformada a anfetamina no fígado após distribuição cerebral Excreção urinária: 40% 77 ICE: Efeitos e toxicidade Efeitos similares à cocaína Potente estimulante psicomotor e reforçador positivo Altas doses repetidas associadas com psicose paranóide Muitos efeitos permanentes devido ao longo período de alteração da química cerebral Devido a densidade neuronal reduzida no lobo frontal e nos gânglios basais em usuários abstinentes, pode causar alterações permanentes em: Sono Funções sexuais Humor (depressão permanente) Esquizofrenia Alterações nos movimentos 78 Outros estimulantes comportamentais Efedrina / Metilfenidato (Ritalin) Efedrina Recentemente introduzida como “street drug” Aumenta NA na sinapse Aumenta pressão arterial Induz perda de peso 79 Metilfenidato (Ritalin) Mecanismo similar a cocaína Aumenta dopamina de forma semelhante à anfetamina Usada para TDAH (transtorno de défcit de atenção e hiperatividade): aumenta a concentração Costuma ser administrada IV combinada à cocaína 80 Modafinil, uma nova solução para o tratamento da hipersonia ? • Modafinil (Provigil) foi recentemente introduzido como agente promotor eficiente em reduzir a duração excessiva de sono (EDS) em narcolépticos. • Age sobre o hipotálamo anterior por mecanismos desconhecido, mas diferente daquele da anfetamina. • Parece ativar as células produtoras de orexina. • Promove o despertar sem produzir RAM cardiovascular ou agitação cognitiva-comportamental. • Principal RAM identificada: cefaléias. • Parece ter baixo potencial de abuso (Classe IV DEA) 81 Tratamento da obesidade Do Barão de Munchhausen illustr. Gustave Dore, ca. 1875 82 Tratamento da obesidade Ingestão calórica Dispêndio de energia Ingestão calórica – dispêndio energético = acúmulo gordura 1 lb de gordura = 4000 KCal Para perderg 1/10 de 1 lb por dia requer um balanço negativo diário de 400 KCal. Reduzida por: • diminuição do apetite (anfetaminas) • dim abs gordura (inibidores lipase; orlistat, Xenical) Aumentada por : • exercícios • metabolismo aumentado (anfetaminas) 83 Liberadores de aminas e tratamento da obesidade NE 5-HT DA Psychotropic side-effects Drug dependance amphetamine anorexia NE 5-HT DA Psychotropic side-ef fects Drug dependanceanorexia fenfluramine (releasing agent) NE 5-HT D A Psychotropic side-ef fects Drug dependanceanorexia sibutramine (uptake inhibitor) Suspensa em 1997 (FDA) e 2002 (ANVISA); Pode causar problemas valvulares. Não utilizada; muitas RAM. Nome comercial sibutramina: Plenty, Reductil Melhor droga atualmente no mercado, mas pode causar hipertensão e possui eficácia moderada. Deve ser restrita a pessoas com IMC > 30 Kg/m2. Outras drogas: fendimetrazina (Bontril); metamfetamina (Desoxyn); dietilpropiona (Tenuate); fentermina (Adipex) 84 Metilxantinas: Teofilina, cafeína, teobromina Estimulantes do SNC 85 Metilxantinas Alcalóides encontrados no chá, café, cacau (teofilina cafeína, teobromina) Mecanismo de ação: antagonismo de adenosina (NT inibitório; receptores A1 e, talvez, A2). Pode agir como inibidor de fosfodiesterase (aumenta AMPc) O N N N NO Caffeine ATP AMPc 5 -´AMP Adenilato ciclase (AC) Fosfodiesterase (PDE) 86 Neuronal hyperactivity (inc. seizures) ATP release Adenosine production CNS hypoxia A1 receptor stimulation - + - KCa A1 receptor Glu Adenosine K Cell body Nerve ending +Teofilina, cafeína e teobromina agem,Principalmente, por bloqueio de receptor A1. Atenuam o efeito inibitório da adenosina na transmissão sináptica. Efeitos estimulantes destas drogas são devidos à presença de pouca adenosina sob circunstâncias normais. Função da adenosina no SNC 87 Efeitos das metilxantinas no SNC Aumenta alerta Estimulação respiratória (especialmente sob condições hipóxicas) Sob altas doses: convulsões Assim, o uso da cafeína em refrigerantes e em medicamentos para estados gripais (“para reduzir o efeito sedativo dos anti-histamínicos”) Portanto, o uso da teofilina na apnéia e bradicardia de prematuros. Maior efeito colateral no tratamento da asma. 88 Nicotina Nicotina é o ingrediente psicoativo do fumo do tabaco. Tabaco também contém alcatrão carcinogênico e monóxido de carbono. Nicotine is in cigarette tobacco. It interacts with receptors in the brain and activates nerve cells. It is addictive and a poison. C10H14N2 10 black carbon atoms 14 white hydrogen atoms 2 blue nitrogen atoms 89 Nicotina: mecanismo de estimulação SNC Ca Nicotinic receptor Glu Cell body Nerve ending Nicotine _ _ _ _ _ + + ++ Na+/K+ Na+/K+ • No cérebro, receptores nicotínicos com alta afinidade pela nicotina são pré- e pós-sinápticos.A ativação de receptores pré-sinápticos potencializa a liberação de glutamato (excitatório). • Receptores nicotínicos do SNC têm uma diferente composição de sub-unidades que os receptores presentes nas junções neuromusculares. Receptores nicotínicos também estão presentes na via vagal aferente. Sua ativação causa náusea. 90 Nicotina: mecanismo de estimulação autonômica Receptores nicotínicos nas células corporais aumentam a razão de descarga nos neurônios ganglionares simpáticos. Ca Nicotinic receptor VSM or Heart Nerve ending Nicotine _ _ _ _ _ + + ++ Na+/K+ NE alpha or beta receptors Sympathetic ganglionic cell body Na+/K+ Recptores nicotínicos nas terminações nervosas promovem maior entrada de Ca e aumenta a entrada de NE liberada pelo potencial de ação. Receptores ganglionares nicotínicos são diferentes dos receptores presentes nas junçoes neuromusculares. 91 Efeitos da nicotina Baixa dose (associada ao ato de fumar): • Alerta aumentada / facilita a memória e a atenção • reduz apetite • tremor, relaxamento muscular • náusea / aumento da respiração • taquicardia / hipertensão / aumento da motilidade do trato GI. Alta dose (toxicidade) • Bloqueio despolarizante na junção neuromuscular e gânglios autonômicos • Pode causar morte por colapso cardiovascular e insuficiência respiratória. • Tratamento: lavagem gástrica + medidas gerais de suporte. 92 Adição à nicotina Nicotina: • Ativa os centros de recompensa cerebral em parte pela liberação de DA no sistema límbico • Produz forte dependência psicológica (fissura em seguida à abstinência) • Produz dependência física, i.e.: • abstinência produz uma clara síndrome de abstinência consistindo de: • sonolência, irritabilidade, estímulo do apetite, ganho de peso. Tratamento: • Adesivos (patches) ou comprimidos de nicotina (terapia de reposição evita a síndrome de retirada) • Bupropiona (dose baixa, antidepressivo). • Ajuda psicológica. 93 C am p an h as p u b lic it ár ia s an ti - ta b ag is m o 94 Campanhas publicitárias anti-tabagismo 95 A L U C IN Ó G E N O S Prof. Dr. Luiz Carlos da Cunha Faculdade de Farmácia-UFG 2017 Alucinógenos Diferentes denominações – Psicotogênicos – Psicotomiméticos – Psicodélicos – Psicotodislépticos – Ilusiogênicos – Expansores da consciência Efeito primário: produz alterações perceptivas e alucinações Podem influenciar vários sistemas sensoriais na percepção de tempo, espaço e eventos P.S.: Há cerca de 150 plantas usadas como alucinógenos, praticamente igual ao número de alimentos vegetais. O que são alucinações? Alucinações verdadeiras – Experiências sensoriais na ausência de estímulo – Esquizofrenia A maioria dos alucinógenos realmente produz ilusões – Distorção de estímulo real (desenhos, cores …); mudanças radicais no estado mental. – A pesssoa sabe que o efeito é devido à droga O Ocidente considera alucinação um estado anormal – Em outras civilizações, são vistas como valorosas – Promovem insight e/ou têm significado religioso Estado psicodélico Expansão mental ou da consciência – Mudanças na percepção, pensamento, emoções, ânimo, auto-imagem – As mudanças são conhecidas como “estados alterados da consciência” Características do estado psicodélico Muito relacionado ao impulso sensorial Representação vívida, mas irreal Aumento da sensação de clareza Diminuição do controle sobre o que é experimentado (efeito subjetivo) Inabilidade para distinguir o “self” do ambiente Pensa claramente, mas há inabilidade para expressá-lo Senso de união de toda a humanidade Delírios e ilusões Características do estado psicodélico Sinestesia – mistura de percepção na qual uma sensação é transformada em outra (mistura dos sentidos) Flashback – o efeito da droga re-aparece sem que a mesma seja re-utilizada. – HPPD (hallucinogen persisting perception disorder) Experiências psicodélicas Experiência psicótica – Intenso medo, pânico, ilusões paranóicas, confusção, depressão, desconforto corporal. Experiência cognitiva – Pensamento lúcido ou claro, habilidade para enxergar problemas de uma única perspectiva. Experiência estética – Mudanças fascinantes nas sensações e percepções - SINESTESIA Experiência psicodinâmica – Emergência de assuntos esquecidos ou inconscientes para a consciência Experiência transcendental – Sentimento de unidade, prazer, alegria, paz, admiração, reverência e “insights” (revelações) psicológicos ou filosóficos Risco psicológico “Bad Trips” – ataque de ansiedade e/ou pânico caracterizados por terror, confusão, dissociação, medo de perder o controle de si próprio, percepção do tempo. – Estes efeitos são geralmente relacionados à dose, bem como influenciado pela personalidade, expectativa e experiência prévia. Efeitos colaterais Físicos – Midríase – temperatura, PAS, FC, fraqueza muscular, tremores, NVD Tolerância moderada Dependência física discutível ou não- dependência Dependência psicológica Classificação mecanística Serotoninérgios – LSD – Psilocibina/Psilocina – Mescalina – TMA, PMA, STP (DOM) – Morning glory seeds (Ipomea) – Noz-moscada – Santo Daime (ayuhasca) – MDA, MDMA (ecstasy) (metileno-dioxi-metanfetamina) Colinérgicos – Muscarina – PCP - fenciclidina Anticolinérgicos – Datura sp. (jinsomweed) Outros – álcool, canabinóides Classificação química Estrutura indolamina (semelhante a serotonina) – LSD – Psilocibina – DMT Estrutura feniletilamina (semelhante a DA e NA) – Mescalina – Metilenedioximetanfetamina (MDMA) – Dimetoximetilanfetamina (DOM) serotonina LSD Dietilamida do ácido lisérgico Ácido lisérgico – Derivado de alcalóides do ergot Ergot é um fungo tóxico que afeta o centeio e outros grãos e gramíneas (“esporão do centeio”) Albert Hoffman (1938) sintetizou a molécula nº 25 de uma série de novas moléculas de alcalóides derivadas do ergot 1943: retornou à # 25, fabricando novo lote e absorveu um pouco pela pele (“acid trip”) Dr Albert Hofmann The Inventor of LSD “Sexta-feira, 16 de abril 1943: Fui forçado a interromper meu trabalho no laboratório no meio da tarde e fui para casa, sentindo uma inquietação notável, combinada a uma ligeira tonteira. No repouso me afundei em um estado agradável, como que intoxicado, caracterizado por uma imaginação extremamente estimulada. Em um estado semelhante a sonho, com os olhos fechados (o brilho da luz do dia me era desagradável), eu percebi uma corrente ininterrupta de figuras fantásticas, formas extraordinariamente acentuadas com intenso e caleidoscópico jogo de cores. Após umas duas horas esta condição se desvaneceu.” http://www.flashback.se/archive/my_problem_child/chapter1.html A “viagem” de Albert Hoffman Do livro “Meu filho-problema”. Classe Exemplos I (elevado potencial de abuso elevado, sem utilidade terapêutica) Heroína, alucinógenos (LSD, peyote), maconha, metaqualona (Quaalude), MDMA (3,4-metilenodioximethamphetamina). II (elevado potencial de abuso elevado, elevado risco de dependência) Narcóticos: ópio ou morfina, codeína, opióides sintéticos (meperidina – Demerol; dextrometorfano, dextropropoxifeno, oxicodona, fentanil, metadona). Hipnóticos e sedativos (secobarbital, amobarbital, glutetimida pentobarbital). Estimulantes: anfetaminas, metanfetamina, metilfenidato (Ritalin)e fenetrazina (Preludin); PCP. III (moderado potencial de abuso elevado, moderado risco de dependência) Narcóticos: produtos combinados contendo < 15 mg de hidrocodona por unidade de dosagem (Vicodin), produtos contendo não mais de 90 mg de codeína por unidade de dosagem (Tylenol com Codeína), aspirina com codeína, elixir paregórico, buprenorfina (Suboxone). Não-narcóticos: benzfetamina (Didrex), fendimetrazina, metiprilon, cetamina e esteróides anabolizantes. IV (menor potencial de abuso que o III) Hidrato de cloral (Noctec), etclorovinol (Placidyl), flurazepam (Dalmane), alprazolam (Xanax), pentazocina (Talwin), clordiazepóxido (Librium), propoxifeno (Darvon), dietilpropiona (Tenuate), carisoprodol (Soma), clonazepam (Klonopin), clorazepato (Tranxene), diazepam (Valium), lorazepam (Ativan), midazolam (Versed), temazepam (Restoril) e triazolam (Halcion). V (baixo abuso, elevada utilidade) Preparações contendo quantidadades limitadas de certos narcóticos. Ex.: misturas de narcóticos e atropina (Lomotil); misturas de codeína (200 mg), ezogabina. Farmacodependência Classificação: Potencial de abuso Quanto ao potencial de abuso e à utilidade (DEA, Drug Enforcement Agency, USA; 1970) http://medshadow.org/resource/drug-classifications-schedule-ii-iii-iv-v/ LSD: apresentações LSD – o mais potente psicodélico sintético Ingestão oral – microdots – window panes (gel tabs) – blotter paper acid – LSD líquido 400x > psilocibina 4000x > mescalina LSD: blotter paper acid LSD blotter collage LSD: Farmacologia Efeitos Dose-dependentes – Não aumenta a intensidade, mas o tipo de sensação percebida Baixas doses (25-30 mcg) = moderada alteração perceptiva – Comparável ao efeito da maconha, mas com grande clareza LSD e neurotransmissão Liga a receptores 5-HT2 – Efeito agonista – Ritanserina bloqueia efeito do LSD Aumenta a quantidade de informação sensorial que chega à córtex Este é o mecanismo que explica como a droga influencia a percepção, especialmente a visão. Liga a receptores 5-HT1A e 5-HT1C, autonômicos. – Mescalina, psilocibina, DMT e DET exercem os mesmos efeitos LSD: Efeitos - Início: cerca de 30 min Duração: 6-12 h Primeiros sinais: ativação autonômica (HAS, taquicardia, midríase, hipertermia e piloereção). Seguida: evidentes sinais comportamentais – Perda das inibições emocionais / Desvario, riso sem motivo – Humor eufórico e expansivo, mas lábil e oscilante – Sensação anormal de cor, luminescência / Cores mais brilhantes – Desordem espacial e temporal / Perda de perspectiva de profundidade – A proximidade é mais influenciada do que a distância – Diminuição da velocidade geral do tempo Fase I: oscilação humor - choro-riso, verborréico, descuido Fase II: 30 - 90 min, mudanças percepção, alucinações Fase III: 3 - 4 h, distorção tempo, oscilação humor, falsa ilusão de poderes LSD: Alucinações Grades, sala com janelas de grades, favo-de-mel, tabuleiro de xadrez Túneis, becos afunilados, cones, vasos e espirais – Podem estar presentes com olhos abertos ou fechados Envolve luzes brilhantes no centro com figuras movendo na periferia Formas parecem mover em profundidade e ganhaM sombras coloridas, principalmente vermelho Sons podem tomar formas visuais – Músicas podem aumentar o significado ou a intensidade LSD & Bad Trips Impacto psicológico traumatizante, imagens escuras, revelações aterrorizadoras Geralmente ocorre em usuários novatos, que se sentem fora de controle Geralmente predisposição negativa e fixação são fatores colaboradores Pode levar ao suicídio ou a prolongada reação psicótica Deve-se conversar baixo acerca de uma bad trip LSD & Flashbacks Recorrência espontânea de uma “viagem” após período de normalidade Pode ocorrer após longo período de abstinência Mais comum após uso de doses altas múltiplas Imagens posteriores prolongadas por dias a semanas – mecanismo desconhecido Pode ser provocada por outras drogas ou situações Mais comumente reportados em situações de penumbra Não é intinsecamente perigoso e usualmente a pessoa “segue em frente” Outros psicodélicos Peyote – “mescal buttons” – Usado há 1000 anos; é retirado de um cacto – Efeitos adversos físicos: 6 – 10 h – Desenvolve tolerância – Cacto seco e mascado, tomado com chá ou ingerido na forma de cápsula (350-500 mg) Mescalina – p.ativo mais importante. – Derivado peyote – sintetizado – 20 x mais forte que os “buttons” – Desenvolve tolerância – Ingestão oral em cápsulas ou líquido (10-30 mg) Trichocereus pachanoi (San Pedro), T. peruvianus; Lophophora williamsii (Peyote) San Pedrillo & Peyotl Obs.: “Soma” de Aldous Huxley em “Admirável Mundo Novo”. 3,4,5 trimethoxyphenethylamine (mescaline) Alucinógenos colinérgicos Muscarina – Agonista da acetilcolina (receptores muscarínicos) Cogumelos (Amanita muscaria, Clitocybe, Inocybe) Produz mistura de sonho com alucinações visuais – Efeitos periféricos: sudorese, espasmos nos membros, convulsões – Potente alucinógeno, induz alucinações verdadeiras Derivado de cogumelos Psilocybe, Panaeolus, Gymnopilus e outros (Am. Central e USA); Noz-moscada. Ingestão do cogumelo seco Análogo da 5-HT; alucinação mediada por receptores serotoninérgicos Efeitos similares aos do LSD e DMT, mas menos intenso (6 h): relaxamento, desapego da realidade, “peso ou leveza” física. Dose alta (>13 mg): vertigem, náusea, mudança na percepção, despersonalização, bocejo, lenta passagem do tempo, salivação. Produz fortes distorções visuais / Ilusões vívidas e cheias de cor. Tolerância é facilmente adquirida / Taquifilaxia cruzada, não-aditiva. Dimetiltriptamina – Derivado de plantas na América do Sul (ayhuasca ou Santo Daime) ou sintetizada (similar psilocibina). – Ação rápida (10 min) da droga fumada, produzindo intenso efeito psicodélico de curta duração. Há forma de chá. – Uma mini-viagem de LSD. – Tolerância é rapidamente adquirida. – Biotransformada pela MAO periféfica e, portanto, influenciada por inibidores da MAO (a duração do efeito sofre influência direta do metabolismo: pequena quantidade da droga chega o SNC). Ayuhasca ou hoasca (caapi; Santo Daime) Duas plantas 1. Mariri (Banisteriopsis caapi), que contém as betacarbolinas harmina e harmalina (pouca ação alucinógena). 2. Chacrona (Psychotria viridis), que contém a DMT. Utiliza-se, também, a Prestonia amazonicum (Port. 344) A DMT é rapidamente metabolizada pela MAO periférica, sendo impedida de entrar no SNC. Já as betacarbolinas inibem a MAO. Morning Glory Seeds (OLOLIUQUI; Ipomoea tricolor, Rivea corimbosa ou Ipomea violácea ) – Contém amida do ácido d-lisérgico (LSD) – similar ao LSD mas menos potente (1 folha = 25 mcg LSD) – Sementes comerciais são cobertas com venenos – Náuseas, vômitos, confusão mental, coma. Noz-moscada (Myristica fragans) – Miristicina ou metoxi-safrol – Produz confusão e moderada euforia – Efeitos ocorrem cerca de 2 h pós- ingestão – Efeitos: aumento FC, midríase, boca seca, disúria e difculdade de defecar. Desorientação, alucinações visuais, despersonalização. – Três nozes produzem os efeitos JUREMA Mimosa hostilis. Possui a N,N- dimetiltriptamina. COHOBA Piptadenia peregrina. Conhecida como cohoba, niopo, curupá, paricá. Substância ativa: bufotenina (5-metoxi-N,N-dimetiltriptamina) SAPO BUFO Espécime: sapo Bufo alvarius. O veneno seco do B. alvarius contém bufotenina, um alucinógeno relacionado à DMT (dimetiltriptamina). "Sapo fumado" induz a quadro alucinatório dentro de cinco minutos. Quadro clínico: salivação profunda. Convulsões. Cianose, após aplicação oral (beijar ou lamber o sapo). ABSINTO O extrato de Artemisia absinthium é o principal ingrediente do absinto, um licor, hoje proibido nos EUA, pois causa o absintismo. Caracteriza-se por psicose, alucinações, e deterioração intelectual. O óleo volátil é uma mistura de alfa e beta-tujona. Um extrato livre de tujona é agora utilizado para aromatizar vermutes. Pintores como Van Gogh e Touluse-Lautrec usaram muito o absinto. Os efeitos da tujona sobre o sistema nervoso central são parecidos com os da cânfora. Tetrahidrocanabinol e tujona têm afinidade por um mesmo receptor no cérebro e por mesma via de biotransformação. IBOGAINA Existe na Tabernathe iboga. Classificada desde 67 como alucinógeno do tipo da LSD. Nativa do Gabão (África Ocidental). Usa-se o extrato obtido da raiz. A ibogaína, o alcalóide, é alucinógeno (bloqueia receptor NMDA, glutamato). A lei antitóxico dos EUA a inclui como de nenhum valor médico e de alto potencial de abuso. O FDA, no entanto, classifica-a como não causadora de dependência, e auxiliar no tratamento da dependência por cocaína e heroína, com uma dose apenas (sic). Heroína e cocaina disparam a dopamina no centro de recompensa do cérebro. Ibogaína bloqueia este mecanismo, e em ratos, destrói as células do cérebro responsáveis por comportamento obsessivo e repetitivo. TROMBETEIRA-ROXA É a Datura fastuosa L., ou saia-roxa, original dla Índia e encontrada no Brasil em vários Estados. Todas estas plantas produzem efeitos atropínicos. Pertencem ao gênero Solanaceae. Contêm atropina, hiosciamina e hioscina. Quadro clínico: náuseas, vômitos, rubor facial. Desorientação, confusão mental, agitação. Riso, choro, calma e agressividade. Alucinações visuais, bastante coloridas. Intoxicação grave causa intensa depressão neurológica, torpor e coma profundo. Distúrbios cardiovasculares, respiratórios e morte. Tratamento: Eméticos, medidas provocadoras de vômitos e lavagem gástrica são recomendáveis. Lavagem gástrica com solução de tanino a 4% ou permanganato de potássio a 1:1000. Controle da hipertermia com bolsa de gelo e compressas frias. Os antitérmicos são ineficazes. Correção dos distúrbios hidroeletrolíticos. Assistência às condições respiratórias. Agitação deve ser controlada com sedativos, com cautela, pois podem agravar a fase depressiva posterior. Para distúrbios neuropsíquicos muito intensos pode-se usar fisostigmina, na dose de 0,5 mg por via parenteral, repetida, se necessário, até um total de 2 mg. FIGUEIRA DO INFERNO Datura stramonium BELADONA Atropa belladonna, planta originária da Europa e Ásia. SAIA BRANCA, Também chamada trombeteira, buzina ou zabumba. Datura arbória L. MDA (metileno-dioxianfetamina) – Fabricada a partir do óleo de sassafrás ou sintetizada – Via oral, nasal, IV – Provoca sensação de tranquilidade – Efeitos duram 8-10 h Relacionada à mescalina & anfetaminas Dose baixa: sensação de bem- estar e aumento de self-insight sem alucinação Dose alta: similar ao LSD, começa 30-60 m após ingestão até 8 h Pós-efeitos (ocasionalmente): exaustão física e ansiedade Tolerância/dependência - não provável TMA: trimetoxianfetamina DOM: metildimetoxianfetamina PMA: parametoxianfetamina DOB: bromodimetoxianfetamina MTF: bromometoxifetiletilamina CH2 CH N H H CH3 anfetamina 1985 MDMA temporariamente colocado na Categoria I do DEA para situações de emergência. 1987 MDMA foi retirado da Categoria I por conta de uso inadequado de acordo com as exigências originais de uso em emergência do DEA. 1988 MDMA defititivamente colocado na Categoria I. 1994-1999 Durante este período de 5 anos, 27 mortes relacionadas ao Ecstasy nos USA reportadas pelo SAMSA 2000 – 2001 Cerca de 20 mortes no mundo atribuidas a comprimidos contendo PMA comercializado como Ecstasy. Histórico Mecanismo de ação Obs.: Existe maior aumento de serotonina do que de dopamina na sinapse Ecstasy: Efeitos Efeito estimulante observado logo após a ingestão – Aumenta freq. cardíaca – Aumenta PAS – Boca seca (sialosquese) – Diminui apetite (anorexígeno) – Aumenta estado alerta – Eleva o humor – Cerra os dentes Ecstasy: Efeitos Subjetivos – Euforia / Aumento da energia física e emocional – Aumento da convicção de sensualidade – Sentimento subjetivo de aumento da proximidade (intimidade) ou aumento da comunicabildiade – Aumento da espontaneidade, dim inibição – Intensificação da percepção sensorial, alucinações, paranóias Objetivos – Taquicardia – Aumento da temperatura corporal, sudorese – Fadiga, espasmos musculares, tremores, boca seca – Anorexia, insônia – Vômito Ecstasy: Toxicidade (MDMA) A sobredosagem de ecstasy pode levar a: Síndrome hipertérmica, incluindo acidose metabólica, coagulação intravascular disseminada, rabdomiólise, insuficiência renal, depleção eletrolítica. Hepatite tóxica (insuficiência hepática com risco de dano permanente). Morte por cardiopatia e fibrilação ventricular. MDMA leva à destruição de células do sistema serotoninérgico (neurotoxicidade). Pode produzir distúrbios psiquiátricos em indivíduos vulneráveis. Parametoxidianfetamina possui propriedades estimulante e alucinógena. Efeito mais potente que MDA; aumenta freq cardíaca e PAS, taquipnéia, hipertermia, movimento errático dos olhos, espasmo muscular, vômito. Dose alta --> convulsão--> coma --> morte Aparência de pó bege, branco ou rosa Administração oral 4-metil-2,5-dimetoxi anfetamina Similar químico da anfetamina e da mescalina; adm oral. Mais potente que a mescalina; < LSD. Efeitos físicos: insônia, visão borrada, boca seca, náusea, flushing, tremores Últimas 16-24 hr; experiência psicológica prévia pode prolongar a reação psicótica Taquifilaxia, mas não dependência CETAMINA PCP = PeaCe Pill Originalmente desenvolvida como depressora (anestésico). Bloqueia recetor NMDA, glutamato. 1950 – usada em cirurgias em veterinária 1965 – removida do mercado para uso humano Todas as formas são sintéticas, havendo disponíveis uma variedade de compostos É inalada, mascada, injetada, misturada em bebidas Baixa faixa terapêutica: 2-5 mg (depressão leve/estimulação; similar etanol); 10-15 mg (estado agradável de privação sensorial – analgesia, anestesia); doses > 20 mg (catatonia, convulsões, coma). Instabilidade cardiovascular; amnésia. Efeito prolongado (dias). Elevado índice de “viagens ruins” Elevado risco de tolerância e dependência. Pós-efeitos: flashback e depressão. Fatalidades por convulsão e hemorragia. “Club Drugs” is a general term for a number of illicit drugs, primarily synthetic, that are most commonly encountered at nightclubs and “raves.” In addition to MDMA (Ecstasy), examples of club drugs include: methamphetamine - a central nervous system stimulant. Lysergic Acid Diethylamide (LSD) - a hallucinogenic substance which has re-emerged from its height of popularity in the 1960’s to subliminal levels in the 1980’s. Users may experience an array of visual hallucinations, synesthesia, delusions, and/or paranoia. Flunitrazepam (Rohypnol, Roofies) - a hypnotic, much like valium, which induces a rapid degree of relaxation, an inability to process events into memory, and sets the occasion for possible sexual assaults. Gamma Hydroxybutyric Acid (GHB) - a Schedule I depressant that produces effects similar to barbiturates including euphoria, respiratory depression, coma, and death. Ketamine (Special K) - produces PCP-like effects, which include mild intoxication, hallucinations, delirium, catatonia, and amnesia. The drug is used to induce a “near death experience” which is sought after by its users. GHB Rohypnol Ketamina Novas substâncias psicoativas O Relatório Mundial sobre Drogas 2013 apontou um crescimento do uso de drogas lícitas no mundo. O documento serve como base para a elaboração da declaração da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre drogas. Entre 2009 e 2012, constata-se que o número de substâncias lícitas utilizadas como entorpecentes subiu de 166 para 251. Tolerância/Dependência Tolerância ocorre rapidamente em relação aos efeitos psicodélicos e euforizantes; o mesmo não ocorre com efeitos autonômicos. – A frequência de uso diminui chance de tolerância Dependência clássica insignificante. Não há síndrome de retirada ou abstinência. Pessoas e animais não aumentam a compulsão em auto-administrá-las Problemas relacionados à influência do uso dos alucinógenos: – Acidentes – Suicídios – Agressão/violência – Reações tóxicas CANABINÓIDES Prof. Dr. Luiz Carlos da Cunha lccunha@ufg.br Faculdade de Farmácia da UFG 145 FARMACODEPENDÊNCIA Cannabis spINTRODUÇÃO Registros mais remotos: 2723 a.C. Cannabis sativa Linné 1753 Brasil - Século XVIII: fibras, hipnótico (escravos); Classes pobres; 1º e 2º graus. D9-THC isolado em 1964 C. sativa: 61 canabinóides 146 PRINCÍPIOS ATIVOS Princípio ativo mais importante: D9- THC. Planta in natura: 95% de canabinóides na forma de ácidos carboxílicos, INATIVOS. Outros canabinóides ativos: D8-THC [70% atividade] D9-THCV [25% atividade] CBN [10% atividade - produto degradação calor, luz, ácidos, O2] RESSECAMENTO ESTOCAGEM PIRÓLISE DESCARBOXILAÇÃO FARMACODEPENDÊNCIA Cannabis sp 147 o OH R1 R2 FARMACODEPENDÊNCIA Cannabis sp PRINCÍPIOS ATIVOS D9-THC D9-tetraidrocanabinol R1 = H; R2 = COOH Ác. 2-carbóxi-D9-THC R1 = COOH; R2 = H Ác. 4-carbóxi-D9-THC o OH D8-THC D8-tetraidrocanabinol o OH D9-THCV D9-tetraidrocanabivarin OH o CBN Canabinol CBD Canabidiol OH OH CH3H2C Atividade: 100 % Atividade: 75 % Atividade: 25 % Atividade: 10 % Ref.: Oga, S. Fundamentos de Toxicologia, Ed. Atheneu, p. 515, São Paulo-SP, 1996 148 FARMACODEPENDÊNCIA Cannabis sp Fatores que condicionam teor de D9-THC Ambientais Método de cultivo e conservação Genéticos: planta tipo-fibra (até 0,4% D9-THC) planta tipo-droga (até 5-10% D9-THC) Parte da planta: inflorescências folhas caules, ramos raízes e sementes [ausentes] Preparações Tabela 1. AMP (maconha embebida em formaldeído, seca e fumada) SKUNK (ou “supermaconha” : D9-THC maximizado em 7-10 vezes) 149 Produto Composição Teor de D9-THC Modo de uso Maconha (Brasil) Marijuana, grass (EUA) Kit (Marrocos Dagga (África do Sul) planta inteira, com proporções variáveis de folhas, inflorescências, caules e frutos. 1 a 3% fumada através de cigarros conhecidos por “fininho” ou “baseado”. Cada cigarro contém, em média, 0,5 a 1,0 g da erva. Hash oil (Cannabis líquida ou óleo de Cannabis) produto obtido através de extração com solventes orgânicos ou por destilação. Raramente presente no comércio ilícito. até 60% adicionado a alimento e bebidas ou mesmo ao material vegetal para aumentar a sua potência. Haxixe (Meio-Oeste e Norte da África) Charas (Índia) exsudato resinoso seco coletado das inflorescências das plantas cultivadas 1,4 a 18,8% geralmente fumada através de cachimbos Sinsemilla (“Seedless marijuana”), Califórnia-EUA sumidades floridas das plantas femininas que não foram polinizadas. cerca de 5% fumada Ganja (Índia) massa resinosa composta por folhas pequenas e inflorescências de plantas cultivadas. cerca de 3% (um pouco mais potente do que a maconha) fumada ou adicionada a bebidas e doces. Bhang (Índia) folhas secas e inflorescências de plantas não cultivadas. potência equivalente à da maconha normalmente é bebida na forma de decocção. TABELA 1. Principais preparações psicotrópicas obtidas de Cannabis. FARMACODEPENDÊNCIA Cannabis sp 150 Via de administração Velocidade de absorção Biodisponibilidade média Efeito subjetivo Lag time Máximo Duração ORAL Lenta e irregular 6% 30-60 min 2,5-3,5 h 4–6 h PULMONAR Muito rápida 18% Minutos 8-15 min 2-3 h TABELA 2. Diferenças na velocidade de absorção, biodisponibilidade e no tempo de efeito subjetivo, para a Cannabis sativa. FARMACODEPENDÊNCIA Cannabis sp ABSORÇÃO 151 COMENTÁRIOS Via oral: Menor interação social (efeito reforçador); não- conversão dos ácidos precursores em D9-THC. Via pulmonar: 1 minuto após a 1a inalação de cigarro contendo 1,75% de D9-THC, detectou-se no plasma Cmédia de 7,0 ng/mL. Em 8,5 minutos foi atingido a Cmax de 84,3 ng/mL. Biodisponibilidade: É baixa devido a perdas PIRÓLISE (23-30%); METABOLISMO (40-50%); DINÂMICA DO ATO DE FUMAR. Via pulmonar/ Via oral: Ex.: cigarro de 500 mg (2% de THC) Absorção pulmonar: 1,8 mg Absorção oral: 0,6 mg RAZÃO: 3:1 FARMACODEPENDÊNCIA Cannabis sp 152 DISTRIBUIÇÃO % B = 95 - 97% (lipoproteínas:albumina 3:2) Acumula no leite materno Acúmulo no tecido adiposo com liberação lenta t(1/2)b tecidual: 7 dias > 20 horas 30 minC t i.v. FARMACODEPENDÊNCIA Cannabis sp ELIMINAÇÃO Citocromo P-450 (> 20 compostos; < 1% inalterado) 2/3 nas fezes e 1/3 na urina 80 - 90% de dose única em humanos em 5 dias Velocidade de eliminação lenta: usuários habituais: 20 - 60 dias após abstinência usuários ocasionais: ± 7 dias 153 BIOTRANSFORMAÇÃO o OH o OH CH2OH o OH COOH o OH COOGlic. OGlic. COOH o OGlic. COOGlic. o D9-THC OH-THC COOH-THC FARMACODEPENDÊNCIA Cannabis sp Ácidos 11-nor-delta -9 -THC-COOH conjugados Ácido 11-nor-delta-9-THC-COOH 154 Mecanismo Ação Receptores específicos centrais ligados a Proteína G. Núcleos de base e cerebelo (incoordenação motora, ataxia, catatonia) Hipocampo (informações sensoriais, memória) Córtex frontal (tomada de decisões, habilidades sociais, consciência profunda; euforia, sensação estar sonhando) Núcleo acumbens (sistema de recompensa prazerosa; dependência) Tronco cerebral, medula e tálamo (praticamente ausentes) FARMACODEPENDÊNCIA Cannabis sp 155 Neurotransmissor canabinóide anandamida* (similar endógeno do D9-THC) Receptores específicos periféricos Gônadas Baço Interação com outros neurotransmissores Dopamina Acetilcolina Noradrenalina Serotonina * Do sânscrito ananda, que traz contentamento interno e tranquilização. Mecanismo Ação FARMACODEPENDÊNCIA Cannabis sp 156 Potencial terapêutico Analgesia Anticonvulsivante Sedativo-hipnótico Diminuição da pressão intra-ocular Anti-emético e anti-náuseas devidos à QT antineoplásica Relaxamento muscular na esclerose múltipla Orexígeno em PT aidéticos e sob QT antineoplásica. FDA: D9-THC sintético (dronabinol [MarinolR] FARMACODEPENDÊNCIA Cannabis sp 157 Potencial terapêuticoOrexígeno 158 FARMACODEPENDÊNCIA Cannabis spTOXICODINÂMICA Efeitos a curto prazo Alta variabilidade dos efeitos subjetivos Dependem: da personalidade e das condições psicomentais (idade, idéia de si mesmo [self], intelectualidade, sensualidade, temperamento, senso artístico, senso de proporção, vontade, tensão psíquica, nível mental, conflitos, circunstâncias, ambiente social, influência do meio, expectativa, experiência prévia), dose absorvida, via de administração, técnica de fumar. 159 FARMACODEPENDÊNCIA Cannabis spEfeitos gerais da Cannabis EUFORIA PERDA DA DISCRIMINAÇÃO DE TEMPO E ESPAÇO COORDENAÇÃO MOTORA DIMINUÍDA PREJUÍZO DA MEMÓRIA RECENTE FALHAS NAS FUNÇÕES INTELECTUAIS E COGNITIVAS RETARDO DA PERCEPÇÃO SENSORIAL, INTENSIFICANDO AS SENSAÇÕES, OS SENTIDOS E EXAGERANDO A SENSIBILIDADE TAQUICARDIA HIPEREMIA DAS CONJUNTIVAS 160 Efeitos gerais da Cannabis PAS/PAD: Em repouso - elevadas Doses aumentadas: HIPOTENSÃO ORTOSTÁTICA AUMENTO DO APETITE C/ SECURA DA BOCA e GARGANTA EFEITOS SNC: Doses elevadas: ALUCINAÇÕES, ILUSÕES e PARANÓIAS (Pensamento confuso e desorganizado, despersonalização e perda do senso temporal; ansiedade e angústia acentuados (“bad trip”) INTOXICAÇÃO: psicose tóxica aguda, despersonalização, não-reconhecimento de si mesmo. Exacerbação aguda da sintomatologia de esquizofrênicos. 161 TOXICODINÂMICA Efeitos a longo prazo Efeitos não-confirmados: Diminuição da resposta imune, disfunção dos hormônios sexuais, psicopatologias (e.g.: síndrome amotivacional), anormalidades comportamentais no recém- nascido e malformação congênita. FARMACODEPENDÊNCIA Cannabis sp 162 Efeitos confirmados Sistema respiratório 1. Bronquite aguda e crônica 2. Riscos de carcinogênese (alcatrão, benzopireno, hidrocarbonetos policíclicos) 3. Citotoxinas: acetaldeído e acroleína Sistema cardíaco 1. Carboxiemoglobina 4X mais elevada do que em fumantes de tabaco. 2. Taquicardia (THC) 3. Aumento da demanda de O2 na doença coronariana e na angina pectoris 163 FARMACODEPENDÊNCIA Cannabis spTOXICODINÂMICA Efeitos a longo prazo Farmacodependência LEVE A MODERADA Neuroadaptação (tolerância) Doses altas, uso frequente, tempo prolongado Síndrome de abstinência LEVE 164 Depressores Álcool e alcoolismo Prof. Dr. Luiz Carlos da Cunha lccunha@ufg.br Faculdade de Farmácia da UFG 165 FARMACODEPENDÊNCIA Etanol: CH3CH2OH - Introdução Breve histórico Evolução (EUA) Fermentados Destilados Licores Restrições legais e morais ao uso Alcoólicos anônimos (1935) Alcoolismo (Doença) OMS (1951) AMA (1956) APA (1965) Doença psiquiátrica DSM-III-R CID-10 166 FARMACODEPENDÊNCIA EtanolCH3-CH2OH C ( m g /d L ) t (h) CMAX (30-90`) F = 80 % Vd = 0,54 ± 0,05 Lkg t 1/2b = 0,24 ± 0,08 h CTOX = 800 - 1500 mg/L Concentração Tecidual Concentração Plasma Distribuiçao rápida LIC/LEC Sangue > Cérebro > Rins > Pulmóes > Coraçao > Paredes intestinais > Músculos estriados e fígado > Tecido adiposo > Ossos Cinética de ordem zero Vm = 124 ± 10 mg/kg/h Km = 82 ± 29 mg/L ClT aumentado em fumantesAbsorção 20% Estômago 80% Intestino Eq. Michaelis-Menten v = (Vm).(s)/Km + s Baixo PM Lipossolúvel Hidrossolúvel 167 Farmacocinética 1. Metabolismo saturável 2. Eliminação por cinética não-linear (Michaelis-Menten) 3. Eliminação de etanol não é facilmente aumentada, mas pode ser o dobro em alcoolistas crônicos (Alcohol 26:17, 2002) (British J. Clin. Pharmacol. 49:399, 2000) 2100:1 ETILÔMETRO (BAFÔMETRO) 168 F A R M A C O D E P E N D Ê N C IA E ta no l: C H 3 C H 2 O H -B io tr an sf or m aç ão Etanol Oxidação hepática Cinética de ordem zero Vm = 124 ± 10 mg/kg/h Km = 82 ± 29 mg/L Álcool desidrogenase Sistema misto de oxidação Microssomal (MEOS) Catalase Fígado Estômago Fígado Fígado Plasma EtOH + NAD EtOH + NADPH + H+ + O2 EtOH + H2O2 CH3-CHO Aldeído desidrogenase ACETATO ACETIL CoA Ácidos graxos TRIGLICÉRIDES PIRUVATO LACTATO Gliceraldeído-3-P Glicerol-3-P ADH estomacal (10–20%); mulheres e alcoolistas homens. 169 Etanol: metabolismo Citocromo P450IIE1 Inibição Uso agudo EtOH Dim. desmetilaçao metadona, inibe tranquilizantes e barbitúricos. Indução Uso crônico EtOH TCC, bromobenzeno, anestésicos, aflatoxina B, isoniazida, cocaina, fenilbutazona, paracetamol, metadona, nitrosodimetilamina 170 TOXICODINÂMICA MECANISMO DE AÇAO - SNC Membrana celular Depressão similar aos barbituricos e anestésicos voláteis. Altas doses - aumento da fluidez das membranas lipídicas. Outros sítios Ação pelo acetaldeído Efeito indireto via metabolismo (radicais livres) Efeitos nutricionais (e.g.: deficiência de folato e tiamina) Intracelular Inibição da entrada de cálcio nos canais de cálcio. Estimulo da inibição sináptica mediada por GABA, alostericamente, de forma semelhante aos benzodiazepinicos (antagonizado por FLUMAZENIL). Inibição do receptor NMDA (N-metil-d- aspartato), com aumento da DEPRESSÃO e diminuição da MEMÓRIA. Outros receptores e kinases 171 MECANISMO DE AÇAO – SNC Ligação alostérica ao receptor GABA-A www.csusm.edu/DandB/ Sedatives.html 172 Fonte: Cassaret and Doull’s Toxicology, 5th edition Etanol: Efeitos AGUDOS 1. Níveis sanguíneos e efeitos principais: 100-150 mg/100 ml (0.10-0.15%) Incoordenação, diminuição do tempo de reação, visão borrada, aumento da auto-confiança, euforia. 150-300 mg/100 ml (0.15-0.30%) Alteração visual, andar cambaleante, fala “pastosa”, diminui desempenho intelectual. 300-500 mg/100 ml (0.30-0.50%) Elevada incoordenação, estupor, hipoglicemia, convulsões. 500 mg/100 ml e acima Coma e morte, exceto em indivíduos tolerantes Concentração vs. Efeito sobre motoristas (Acidentes) Até 50 mg/dL NENHUM EFEITO SIGNIFICATIVO 80 mg/dL AUMENTO 4X probabilidade 150 mg/dL AUMENTO 25x probabilidade 173 Murad, J.E. O que você deve saber sobre os psicotrópicos. A viagem sem bilhete de volta, p. 157. 174 Efeitos crônicos Condições sempre causadas pelo álcool Psicose alcoólica Síndrome da dependência alcoólica Polineuropatia alcoólica Gastrite alcoólica Esteatose hepática alcoólica Cirrose hepática alcoólica Hepatite aguda alcoólica Concentração alcoólica sanguínea excessiva. Doenças indiretamente atribuídas ao álcool (RR > 1% de contribuição) tuberculose (25%) câncer de lábios, boca, esôfago, laringe, fígado e pulmão (5-75%) Doenças do estômago, esôfago e duodeno (10%) Pancreatite aguda (42%) Pancreatite crônica (60%) Cirrose do fígado sem a menção de álcool (50%) 175 Efeitos crônicos Injúrias e efeitos adversos indiretamente atribuídos ao álcool Acidentes com veículos motorizados (42%) Acidentes com bicicletas e outros acidentes de veículos (20%) Acidentes em transpote aquático (20%) Acidentes de aviões (16%) Quedas acidentais (35%) Acidentes causados por fogo e chamas (45%; Hosp Queimaduras Gyn – 60%) Afogamentos acidentais (38%) Suicídio e danos auto-infligidos (28%) Homicídio e injúria propositadamente causados por outrem (46%) Fonte: Eighth Special Report to the U.S. Congress on Alcohol and Health, 1993; WHO – Global status on alcohol report, 2001. 176 O alcoolismo diminui a expectativa de vida em 15 anos, como resultado
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