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GE I')r:,W Lu í J-. . [j <1(,:~J (19 ~~ . '-'VI i':'O,'"'A.'~~.~ (('À./ fY"\o) ~'VY',(1,; . C'·U..!WVJ'U:::U . j/ Quando em Junho de 1815 chega a Inglaterra a notícia da vitúria de Waterloo, () alívio pelo filial da guerra foi rapidal11ente superado pelas preocupações relativas à situação interna, agravada por muitas dificuldades que o sucesso militar deixava inalteradas. O velho Jorge 111 estava louco e as suas funções eram exer- cidn~ pelo corrupto Príncipe ReRente. A política r.xtr.rIIa r.ra dirip'ida pelo frio e impopular Casl!ereagh, que sele anus mais tarde se SUI- cidaria perante a indiferença e a hostilidade dos seus concidadãO'>. As despesas da guerra tinha/ll causado uma prugrcssiva inflaçãu, duplicando quase o custo de vida entre 17f)() e IR11; "Rora, o r'inal das restrições de guerra colocava em crise quer o monupólio dos co- merciantes ingleses nas rotas oceânicas, quer o monopólio dos agri- cultores ingleses no abastecimento do mercado interno. O Parla- mento, dOlllinndo pe!o'> prnpriel(Hio'> fundi(nio'>. prrpnrnvl1 ~r 1'11r:l aprovar a infausta lei pl'Uteccionista sobre o trigo que iria transferir para os consumidores, e indirectamente para o custo da mão·de-obra industrial, os encargos da crise agrícola. O medo da Revolução Francesa transformara muitos conservadores iluminados, como Burke, cm pregadores úa violência, e induzira o governo a reprimir com desusado rigor qualqucr manifestação não conformista. Entretanto, a revolução demográfica e industrial transformara i(l radicalfTll~nlr: 11 di~'rihllirJí() d()~ hahitanlr.~ no trrrilr'"j". r. 11~ I'o"'l.l S1HIl: .'T'" ':OlO TA" OH\." '''NO o capital investido só podiam portanto ser aumentados redu7.indo os custos e baixando o mais possível o nível das construções. Para além disso, a maioria das casas operárias de Manchester, de Leeds, de Birmingham e dos subúrbios de Londres fora construída durante as guerras napoleónicns, qunndo a mndeira importada dos pníse~ bálticos começava a escassear, a mão-de-obra da construção civil se tornara mais dispendiosa e sobretudo as taxas de juro sobre o capital aplicado iam subindo, mantendo-se altas ainda durante muitos anos npús o finnl do conflito. As cOl1di(J)es do 1("llIflo de' Ruellll contribuíram pois decisivamente para piorar a qualidade dos novos bai rros. Com tudo isto, é provável que as casas ocupadas pelas famí- lias operárias Ilas cidades n1ío fosselll piores, COllsideradlls IIllIa II uma, do que as casas do campo de onde essas mesmas famílias provinham em grande parte. As paredes eram construídas em tijolo em vez de madeira. c os tcllllldos CIII nnlú,in 011 CIII pedlll elll ve/. de l·lIlll1l1. 11\ 'Itlll1\1I\ eram mais acanhados, mas sem o estorvo e a poeira das máquinas fiandeiras domésticas; os sanitários estavam ausentes ou eram igual- mente primitivos em ambos os casos. ~ A diferença é, em contrapartida, evidente, ~e se con,idcrarelll - os problemas derivados das relações recíprocas entre as casas e os outros edifícios, no corpo compacto da cidade industrial; - a mudança de atitude dos habitantes relativamente aos in- cômodos que sãu con~trangidm a suportar. (Hllf o, 011I••.•••.(11I. _UH •• 1 •• 011I OH I'''''''D '000 ITO"IO 1M TO" OltA.(. 11I00' LIA« (;AI "'(ftlll o..•.,. 000. .~-• - . IUllf lto! t'O ( •••.•..Pi .• "1. CHILO t 2 C.,IU) I o I,!! !!! ,c. •.t,.( O' , (( T Figura 14: Glasgow, uma casa superapinhada ainda existente em 1948 (do (dournah> do Royal fnstilutc of Brilish Architecls. [948). carências dos novos locais de fixação começavam a manifestar-se em larga escala, na ausência de providências adequadas. As famílias que abandonavam o campo e afluíam aos aglome- rados industriais ficavam alojadas nos espaços vazios disponíveis dentro dos bairros antigos, ou nas novas construções erigidas na periferia. que depressa se multiplicaram formando bairros novos e extensíssimos em redor dos núcleos primitivos. A construção das novas casas ou a adaptação das existentes era obra de especuladores privados - os je!!y bJJjld~ers- e, devido ao jogo da concorrência, a qualidade dos alojamentos, tal como o valor dos salários ou a extensão dus horários de trahalho na oficina, era quase em toda a parte a pior que as famílias operárias estavam dispostas a suportar. Os alugueres podiam variar apenas dentro de limites muito estreitos, nivelados pelo mínimo compatível com a sohrevivência do, v,:ndcdore'\ de: forc,:a de traballlll; e" lucre" ",brc ( As carências higiénic<ls relativamente slJrort{lvci\ n" r:ílnlfJlI tornam-se insuportáveis na cidade, pela cantiguidade e o número enarmíssimo das novas habitações. Enquanto cada casa tinha muito espaço à sua volta, os de- jectos líquidos e só/idos podiam ser eliminados cum facilidade. e 1I~ divcrQl1Q IIclividl1dc~ lIt1c ~f' rf'lIli .•IIV;lI11 :I" IIr livrl' '"' i:ll;;j" ci,,'. animais, tráfego dos peões e dos carros, os ;ogos das crian.,:as- podiam processar-se sem interferirem demasiado entre si Mas agora, o adensamento e a extensão sem precedentes dos bairros operários tornam qua~c ill1ro~~ivcl o c<;coalncnlo d()~ delrilo~; a() )"111(" da ... ruas correm. os regos dos esgotos a descoberto, e qualquer recantu afastado está cheio de amontoados de imundícies. Nos mesmí'>'>im(;s e~paços, promi~cll<1mentc. circulam ()~ carr()~ c O~ reõe~. val(ueiam lJ~ anilual~, lJl illCilll1 il\ L1l1l1lC,;1\ Os bairros de habitação são construídos preferencialmente pró- ximo dos locais de trabalho, pelo que as ca.~as e as oficinas ficam amiúdo em contacto, alternando-se sem qualquer ordem e pertur- bando-se mutuamente. As oficinas impregnam as casas de fumo, inquinam os cursos de água com resíduos, enquanto o tráfego industrial é penosamente tolhido pelo tráfego residencial. Este quadro caótico vai sendo continuamente alterado pelo dinamismo dos seus próprios factores: as oficinas transformam-se e ampliam-se, as casas são demolidas e reconstruídas. as orlas da cidade avançam para o campo sem se ordenarem num equilíbrio definido. E,I"","", • 011'''' <le 111-41TI <le 11IA1 a 11;><) rj '1e '9;><) a '941) O~ •parque. ~ Charcos ~ C"""' ma"Irmo Eis a clássica descrição de Manchester feita por Engels em 1845, utilizando muitos dados dos inquéritos e dos estudos efectua- dos nos decénios precedentes: [Na cidade velhal as ruas, mesmo as melhures, são estreitas e tur- tuosas, as casas são imundas, velhas, a cair, e o aspecto das ruas laterais é absolutamente horrível. Chegando a Long Millgate pela Igreja Velha, tem-se logo à direita uma fila de casas antiquadas, nas quais nem uma só das paredes frontais se manteve de pé: .50 o. re,to, da velha MandlC:,ter pré-indll,trinl. cujos antigos habitantes se transferiram com os seus descendentes para bairros melhor construídos, abandonando as casas, que para eles se tinham tornado demasiado miseráveis, a uma casta de operários fortemente mesclada de sangue irlandê~. Aqui encontramo-nos realmente num bairro quase manifestamente operário, visto que nem as lojas nem as tabernas se dão ao trabalho de mostrarem um pouco de asseio. Mas isto ainda não é nada comparado com as vielas e os pátios que se estendem por detrás, e aos quais apenas se chega por meio de estreitas passagens cobertas através das quais nãu passam nem duas pessoas ao lado uma da outra. t difícil imaginar a mistura desordenada das ca,a" escarnecendo de qualquer urbanística raciunal, o seu apinhamento, de tal ordem que se en- contram literalmente em cima uma das outras. E a culpa não é somente imputável aos edifícios sobreviventes dos velhos tempos de Manchester: em tempos mais recentes a confusão foi levada ao má:l:imo, pois onde quer que houvesse um bocadinho de espaço entre as construções da época precedente continuou-se a construir e a remendar, até arrebatar entre as casas a ultima unha de terreno livre ainda susceptível de ser utilizado. A prová-Io, apre- sentamosuma pequena parte da planta de Manchester; não é sequer a parte mai~ ch0Canle e ná') representa nem um dccimn de I')(la a cidade velha. terrificante das condições deste pátio naqueles tempos. Desde então, parece que alguma coi~a foi demolida e recon~tnJÍda: relo meno<;. da Ollcie Brictge VêCI11-'10 "indn nIHlIr1tn~ pnfcdc ... 0111 rltftun e l\llo~ I1lUntl'C!'I do clltulht) tlO lado de casas de construção recente. A vista desta ponte - delicadamente es- condida dos mortais não muito altos por um parapeito de pedra e cal da altura de um homem - é em geral característica de toda a zona. Em baixo corre, ou melhor. estagna o Irk, um rio estreito, escuro, fedorento. cheio de iTllundície~ e de delrito~ que ntira pnrn cima dn mnrgem direila. mllis plana: com o tempo seco. esta margem fica coberta de repugnantes po.;:!s lamacentas, esverdeadas, de cujo fundo saem continuamente alé à superfície bolhas de gás fétido que difundem um mau cheiro intolerável até para quem está sobre a ponte, quarenta ou cinquenta pés acima do nível da á~a. Para nlérn di"o, n cndit PI1l::;''U) () rir) é inlcrrofllpic1n por n1tt,., diqll~". ,1('lIlr!) ti/I'; quais se depositam e apodrecem em grandes quantidades o lodo e os ,.!elrllos. Acima da ponte ficam grandes oficina~ de curtumes, e mais acima ainda tinturarias, moinhos para pulverizar OSSQ<l e ga.sómctro~, cuj')1 canais de e'.cr};)· mento e detritos desembocam todos no Irk. que recebe ainda o conteúdo do, esgotos e latrinns vi7.inhos. t. fflcil imaginar, portanlo, qllal a 1I11111rr/a d,,' depósitos que o rio encerra. Aos pés da ponte vê-se o entullllJ. a imulIJILle. a sujidade e as ruínas dos pátios que dão para a íngreme margem e,querda; as casas sucedem-~ imediatamente umas as outras e, devIdo à inclinac;ão da margem. consegue ver-se um bocado cte cada uma: todas ne[!ra. do fIlmo. dr..c;rritn">. vrlhn">. Cll'" n~ ('lli,i1hl)~ (' l)~ vidrll<:;; dao; jflllP!no; "111 I'rdl1l.dl; () flll1\l" é cUllstitllídu por velhus eslalJelecllllelllus illlJuSlrtais selllelhallles a ilUdi I"'" [.··1 A cidade nova estende·se depois da cidade velha, sobre uma colina ar· gilosa entre o Irk e St Georgc's Road. Aqui desaparece qualquer fisionomia de cidade; fila 'i de j.;nlnda~ cn"n~ flll v.nlrHI~ d~ rtl:1't l"'IlCfl"tr:lln-,;f" di'prr'.:l\ nqui e tlcoli\ CtUItO peqll~IHI'l ,,~lullll·(udu"'i. 'itI1Ht" li t1c"'illudiUII' Irllt'lItl .1I~1I\''l\1 onde nem a erva cresce; as casas. ou ante~. as colla~e,.. encontram-,e em estado degradauo. sem nunca terem sido reparadas. suja~, com qlJar'(,,, em caves húmidas e insalubres; as ruas não são pavimentadas nem pO\'iuem cnJlflj" de cc;conrnenlf). nl;lq nlhenunn irllúncr;g COI"Hlin<: d~ pnrr-t)<:. fcrh;1fllf'-; Clll pe=queJIl'1 pfttl1h (: c!llqlJr"IIIJ"l (111 1'~ILC"rc:"lId(1 IIVIr'lllr.'l'l~ lt nlllnl;l 1-1.1"'1 ruas são tão lamacentas que somente quando o tempo está muito seco se tem alglJma possibilidade de as atraveS'ar sem aflHldar l)"j p~s ;jf~ ar) rllrnll/~I'1 a cada passo. Na~ vizinharlc;as de SI. vcurgc's Hoad, as ilhas de casas lr;rrtarll' ,e mais densas. e deparamos com uma série interminável de caminh,,·:. heC'". ruela~ sccufldáría~ e pálios, <.:aua VC.'L ",ais tlutllcrosu.s c lIC\OrdClIi.lCl0S a f11edld,l que nos vamos aproximando do centro da cidade. Em compensação. tornam·,e mais frequcntes as rua, pavimelll;"'a~ ()u pel,) flICII'fl C'!TJI pa·, .•cil)" calcclad,,~ e canais de escoamento; mas a percaria e as carências das ca~as. particular· rncnlc :l~ cnvrq, IT1llfllrrll'';(" r.'-::1l'tI1ITlrlllr 11"; IIH"'ltlll<; É opurtullu fa'l~r aquI al~ulllas olJs~l'\'a,;óes de caracler ~erJI ,,,I,,e o tipo de construções próprias dos bairros operários de :'-.Ianchesler Vimos corno na cidade velha foi na maior parte das vezes () acas') a pre",dlr i1'; agrupamento das casas. Cada casa_.é construi0a sem_ qualquer ~prêocupação com as re~tante<;. e os recanto", livres entre a,:, ca"'a~ rl:CChCllI, ;-, [:lI!;, de olllrn, Este esboço é suficiente para caracterizar o urbanismo absurdo de todo o bairro, particularmente na vizinhança do Irk. A margem meridional do Irk.': aqui muito íngreme e com uma altura entre quinze e trinta pés; sobre este ín- greme declive estão comtruída~ na maior parte das ve7e~ trê.s fila.~ de casa.s. a rnai~ baixa da~ quaí~ .~e ergue qua~e imedia!:llllenle sobre o rio, enqllanto a Ia- chada da mais alta se encontra ao nível das colinas de Long Millgate. Ao longo do rio estão ainda intercaladas fábricas: também aqui as construções são portanto apertadas e desordenadas. tal como na parte inferior de Long Millgate. À direita ~ à esquerda, uma quantidade de passagens cobertas conduzem da rua principal a~ nUrllerO"So, páfío'S, ~ntrando no, quaí, ~H~depara corll urna revoll:tltt~ imundície que não tem igual, particularmente nos pátios virados ao Irk. que contêm as mais horrendas habitações que eu alguma vez vira. Num destes pálios. mesmo à entrada, onde termina a pas~agem coberta. existe uma lalrina privada de porta e tão imunda que os moradores, para entrarem e saírem do pálio. tem de atraveS'ar uma poça lamacenta de urina putrefacta c de e:-tcrementos que a circunda. É o primeiro pátio junto ao lrk. por cima de Ducie Bridge, se alguém tiver vontade de o ir ver; em baixo, sobre o rio. encontram-se numerosas fábricas de curtumes, que empeslam toda a zona com o fedor da putrefacção animal. Nos pátios por baixo de Ducie Rridge de~e-se além disso por escadag estreitas e sujag, e só alravessando muntões de escombros e de imundícies se consegue chegar às casas, O primeiro pátio por baixo de Ducie Bridge chama-se Allen's Court. e durante a cólera encon· trava-se em condições tais que a polícia sanitária leve de o desimpedir. limpar e desinfectar com cloro: o doulor Kay faz numa sua publicação' um relato 1, P. KA Y, The Moral and Physical Condilion o/ lhe Working C/alieI, Emp/oyed in lhe Collon Manu!aclure in Manchesler. London 1832 [Nota de Engel~J. ORIGINAL o nome de pátios (courts). Nas partes mais novas deste e doutros bairros operam>5, construídos nos primeiros tempos de f1orescimento da indústria. o~ervã-seum maIOr esforço de sistematI7.nçllo. O espnço entro dUM casas é dividido em pátios mais regulares, na maior parte de forma quadrada, aproximadamente do seguinte modo: para a rua do lado oposto e pagam um aluguer inferior ao da primeira fila. mas superior ao dn segunda. Eis pois. apro:-:imadamente. a disposição das ruas: COI" c~tr. .,1"1("111" d~ ctll1~I"I\·nn. n vrrtlill1\'f!p dlt·! ,.,,((,fJlr\ d/\ priI1H'II;l fila é bastante bOil. e a das col/ageJ d.1 terceira Illa lIau ~ pelu 'lIclltri I·"'" do que a das construções correspondentes do velho SIStema; mas a fila central é mal ventilada. pelo menos tanto como as casas dos pátios. e a rua secunr'árla é suja e sórdida. não menos do que os próprios pátios. ~_el!1preiteiros pre- ferem este sistema de construçlÍo porque econnmira espnço e permite explorar ainda mais os open\rios melhor pllgos. medillllte os alugueles_ mais elevlld,i,' das cottagfs da primeira e da terceira fila. Em toda a Manchester se encontram estes três tipos de Col/ages. ou melhor. em todo o Lancashire e YorLhire. frequentemente misturados. mas na maior parte das vezes bastante separados. o fllIe permite rl-.rl1I7ir n irlnrle relnlivn ri,>, vJlrios hnirrns cilnrlinos () tcrrrlr •• ~Islen'ü, u c.lft~ rlJu~ ~<:ctJlltlt\flu~. p.cl!tllllllut dccltlldHlll~llt~ IIU H.'r111dc I",llltl operário a Este de St. George's Road. dos dois lados -de Oldham Road e de Great Ancoat! Slreet. e é também fl mais rlifunrlirlfl nfl! flutrfl~ bairrr)! operários de Manchester e dos seus subúrbiO';. No grande bairro já mencionado, conhecido pelo nome de Ancoats. estão situadas ao longo dos canais a maior parte das grandes fábricas de Manche,ter. edifícios colossais de seis a sete andares. que com as suas chaminés altaneiras sobranceiram as pequenas coltages opuárias. Por is.sfl a poplJlaçãfl dI) ba irro é principalmenteconstituída por operários fabris e. nas ruas piores. por te- ccl6c'\ rnnnuni,. 1\ c; fune; rnniq rr(lX.itl1nQ do crntrn dn cidndr ,no n •• fl1:li"" IIl1tigas. e portlllltu as piore~. III1IS IIleSlllll assilll lageadas e pr uvi",,, de valer,,, de escoamento: entre estas contam-se as paralelas mais próximas de Oldham Road e de Oreat Ancoals Street. Mais para lá. na direcção Norde~le. exislem algumas ruas de construção nova; aqui as co/tages enfileiram-se limpas e polidas. com portas e janelas novas e enverni7~"~s dc frcsco. e os rlivis(lc, interiores bem caiadas; as próprias ruus s1\o lI1~is uejadus. com espu<;os livres maiores e mais frequentes. Mas isto reporia-se apenas a uma parte e não à maioria das habitações; ao que vem ainda IOmar-se o facto de em quase todas as cotlageí existirem caves habitadas. de muitas ruas não serem pavi- rnen1;tdl\~ nt':rn prfJvif!;p; dr. vnlr.tat> e. ~f)hrrl"d(). I) rncln fi,. ,.••t,. ;lc;prcln IlfTlpq dispostos assim de enfiada e aos quais se tem acesso das ruas através de passagens cobertas. Mas se a disposição do todo, privada de um plano. era já nociva para a saúde dos habitantes porque impedia a ventilação, este modo de encerrar os operários em pátios cercados de construções por todos os lados l!-o ainda muito mais. O ar não tem qualquer possibilidade de sair de lá; as próprias chaminés das casas constituem. até se acender o lume. a única via de escape para o ar viciado dos pátios. A isto vem juntar-se ainda o facto de a, ca,a, em volta de5t~ pátios 'erem na 5U" maioria dllplo,. unidas duas a duas pela parede posterior. o que l! já de si suficiente para Impedir UIllA bua ventilação. E na medida em que a polícia não se ocupa das condições destes pátios. pelo que tudo aquilo que para lá é arremessado aí pode permanecer tranquilamente, não é caso para ficar admirado com a porcaria e os montões de cinzas e de imundícies que neles existem. Estive em pátios - nas proximi- dades de Millers Street - que se encontravam pelo menos a meio pé abaixo do nível da rua. e que não possuiam o mínimo canal de escoamento para as águas que aí se concentram durante as chuvas! Em tempos mais recentes passou-se a um outro modo de construção, que agora se tornou geral. As cot/ages operárias já não são construídas isoladamente. mas quase sempre às dúzias. ou verdadeiramente aos montões. comtruindo um só empreiteiro uma ou mais ruas à volta. A disposição é então a seguinte: um lado é cons- tituído por cottages de primeira fila. muito afortunadas por possuirem uma porta traseira e um pequeno pátio, e pelas quais l! pedido o aluguer mais elevado. Por trás do muro dos pátios destas cottagel fica uma estreita ruela. a via secundária (back Sfreet), que é obstruída por construções nas duas extre- midades e na qual desemboca uma estreita viela ou uma passagem coberta. As cottages que dão para esta ruela secundária pagam um aluguer menor do que as restantes, e em geral são as mais descuradas. As suas paredes po1teriore, são comun~ com a terceira fila de t:otlage.f. que por slJa Ve7. d~() não passar de aparência. Aparência essa que não dura mais de dez anos. De facto, a estrutura das próprias c()((ng~" nno é menOl reprovllvel du qlle a disposição das ruas. De inIcio, todas se apresentam limpas e sólidas, as suas paredes maciças de tijolo enchem a vista, e percorrendo uma destas ruas operárias de construção recente, sem ter em conta as ruas secundárias ou sem observar melhor a construção das próprias casas, não se pode deixar de partilhar a afirmação dos industriais liberais de que em parte alguma os I operários se encontram tão bem alojados corno em Inglaterra. Mas, olhando um pouco mais de perto, vê-se que as paredes destas coltages são o mais frágil que é possível construir. As paredes exteriores, que sustêm a cave, o andar térreo e o telhado têm, no máximo, a espessura de um tijolo, de tal mooo que em cada estrato horizontal os tijolos se encnntram uniclr). pelo lado mais comprido; mas tenho visto muitas cot/ages da mesma altura - e algumas ainda em construção - nas quais as paredes exteriores tinham apenas a espessura de meio tijolo, e em que os tijolos eram portanto aplicados não ao largo mas ao comprido, unindo-se assim uns aos outros pelo lado mais curto. Isto acontece em parte para poupar material, e em parte também porque o~ em- preiteiros não são os proprietários do terreno mas, segundo o costume inglcs, têm-no alugado por vinte, trinta, quarenta, cinquenta ou até por noventa anos, decorridos os quais retorna ao antigo proprietário com tudo o que sobre ele se encontra, sem que este último tenha de reembolsar seja o que for pela constrllç!io erllllida, Por j,,<, rI nrrendnt~rir) cOlIsI r(,i o, ecliffcio, de lal mndll que, no fim do prazo contratua!. estejam o mais poss(vel privados de valor; e na medida em que essas coltages são frequentemente construídas apenas vinte ou trinta anos antes de tal data. é fácil compreender que os emprei- teiros não estejam interessados em fazer com elas grandes despesas. A isto vem juntar-se o facto de estes construtores, na sua maioria pedreiros, car- pinteir"" ou industriais, gastarem pouco 011 nada em repara<,;ÍJes, em parte para não diminuírem os rendimentos provenientes dos alugueres. e em parte também porque se avizinha o momento da restituição do terreno onde se erguem as construções; e a tudo isto vem ainda somar-se o facto de, devido às crises comerciais e à consequente falla de trabalho, ficarem frequente- rnerlt~ rua~ irtl~ira~ dC:$f;rla~, Caílldf) a-s CfJ(frIK"" rllpíd:l1nCrllc (:'rI rUfflSif'\ c tornando-se inabitá veis". Eis efectivamente a descrição de um bairro de co((ages degradado: Numa depressão bastante profunda, rodeada em semicírculo pelo Medlock -t e em todos os quatro lados por altas fábricas e altas margens cobertas de construções e áreas terraplenadas, estão cerca de 200 colfage.r reunidas em dois grupos, na sua maior parte com a parede posterior comum duas a dua~, e nas quais habita um total de cerca de 4000 pessoas, quase todas irlandesas. '.:" As colfages são velhas, sujas e do tipo mais pequeno, as ruas são desiguais, cheias de buracos e em parte não pavimentadas e sem valetas. Imundícies. detritos e lama nauseabunda estão dispersas por todo o lado em enormes quantidades, no meio de lameiros permanentes; a atmosfera é empestada pelas suas exalações e escurecida e adensada por uma dúzia de chaminés; uma nln"t;n dr. ,tllllhcreQ c dr. crinnt.'llq Itl.,llfl,pilhn,q l"Írclllnlll prln .• Í1llrdin •..·'4,r,. "li"'" corno os porcos que se deleitam nos montões de cinzas e nos lameiros; em suma, toda a zona apresenta um aspecto talvez mais desagradável e repug- nante do que os piores pátios junto ao Irk. A raça humana que vive nestas cOlfages a cair, por trás de janelas partidas e remendadas com tela, por trás de portas desconjuntadas e de caixilhos podres, ou na" caves húmidas e escuras, no meio de toda esta porcaria sem limites e deste mau cheiro, numa atmosfera que parece propositadamente fechada, esta raça humana deve per- tencer realmente ao mais baixo degrau da humanidade; esta é a impressão e a conclusão que somos con~trangidos a tirar tão só pelo aspecto exterior do ""irro. M,,~ flue dl7cr ;10 tornar cnnhccifllrnto dr. qtlf' ""1 cacln li"'" drr;lat:: cnsltu~t que cUIII~ln no IlIt\xI111U dois quartos ~ ltS i\~lIl1~·ltlll:HllI". C lfU.ll1t1tl muito ainda uma cave. habitam em média vinte pessoas, ao saber que em todo o bairro existe uma única latrina - naturalmente, na mai!)r parte das veze~ impraticável- para cada 120 pessoas, aproximadamente. e que não obstante todas as advertências dos médicos. não obstante a al\itaç~o prnvooda lia p'lifcia sanitúria lia époclt da cúlt:ra pelas cundic;ucs da ,d'cquclI,' Irlalld,.,., ainda hoje, no ano da graça de 1844, as condições se mantêm quase as mesmas de 1831? O dout')r Kay relata que n,J() somente as cavc'; mas tamberll os andares térreos de todas as casas deste bairrosão húmidos: que lIumerosas l'nv("'i., inicinlrnf'lll(" RI"'rrn":1~. plllll'll Irlt1!''' Vlllvid" rl\nlll1 df' 1111\1' df'l;ld'~lr'li":,; e silo agora Ilafllladi-i'l pu. tllillldc.,c'l; qlle IllJllIU cavo;:: nlJI' llc\\ tlllt:llIlI .,c CII contrava abaixo do nível do rio, a água brotava continuamente por um buraco subterrãneo tapado com argila, peJo que o inquilino. um tecelã,) manual, era obrigado a esvaziar a sua cave atirando a água para a rua', Engels de.:scn:ve.: os casos piore.:s e.: niío a Itl~tlia. 'I 1It1;, \ i;l. a \\1.1 recolha de situações-limite é justificada na medida em que a opinião pública já não as considera admissíveis, independentemente <1:.1 sua difusão estatística, Aqui reside o verdadeiro móhil da<; dent"!nciél<; Ijlcr(tria~) Cqlllerllpflftlllca', c dlt·~ 'lIICC','livu'l jlCt,:(tr:'i rellJIIIIlII!llljl'l Os inconvenientes do ambiente pré-industrial eram entendiLlo-; como um destino inelutável; existiam (k~(k lr;mr'J', irn-:fT/"r;'I',":I', ,. pareciam - pelo menos no horizonte de cada gera<,:ão - substancial- mente imutáveis, Em contrapartida, a cid<lde industrial é um facto novo, surgido num tempo limitado sob os olhos das me\ma'i pessoas que lhe suportam os incómodos. É um facto singular, perturha os háhitos e a capacidade.: dc CIIIIlIJrccn'iii" tI"s CI>lllclllI",ri\lll'''\, 11111\1'/11<'< " tudo menos fixo e inevitável. Ainda não se encontrou um sistema ra~oável. para controlar os seus processos, mas parece natural que a inventiva do homem e a força das máquinas. tal como originaram esta realidade, possam tamhém mudélr-Ihe o curso, - Em todas as épocas existiram misérias equiparaveis e taha mesmo mais graves do que é1S de'>critas píJr Engels e pe/r)\ outrc)', escritores dos primórdios do século XIX, e é possível contrapor às suas descrições outros escritos mais antigos que repetem quase lite- ralmente a mesma coisa; foi o que fez Uarbagallo, citando textos \ " de Vauban (1698), de Boisguillebert (1697) e de Mercier (1783)'. De facto, a diferença não reside nas coisas descritas, mas no tom A' das descrições: triste e resignado na época pré-industrial, e agora , carregado de revolta e iluminado, não obstante a grande miséria do presente, pela confiança num futuro melhor. A pobreza - condição suportada há séculos sem esperança de alternativas razoáveis - é agora reconhecida como «miséria», quer dizer, é vista na perspectiva moderna de um mal que pode e deve /1 ser eliminado com os meios à disposição. A. Bevan escreve: «Por miséria entendo uma consciência geral de privações não necessárias - e esta é a condição normal de milhões de pessoas na moderna cidade industrial - unida a um profundo sentimento de desilusão e de insatisfação pela situação local actual. De nada serve replicar que as coisas sempre estão ._,) ',\" melhor que outrora.' As pessoas vivem no presente, não no passado. ',:J O de~cl}ntcntarncnto lIa~cc do contra,te entre aquilo que ~e "/lhe i ," ,..I',' ser possível e o que efectivamente existe. Há a universal e justificada ),'.,~ (. (' convicção de que a grande massa de homens e mulheres se encontra , ,(' \ pior do que poderia estar»". \ ~."", Convém portanto buscar as origens do urbanismo moderno .. ' . 'o na época em que as situações de facto se concretizaram em lIledilla 'v' ,>,;,;" suficiente para provocar não somente o mal-estar, mas também o protesto das pessoas nelas envolvidas; aqui o discurso histórico deve ", ser necessariamente alar~ado das formas de povoamento à prohle- , \ mática social lia época, mostranúu u currectu posídunamento úa urbanística moderna como parte da tentativa em curso para es- te.nder a todas as classes os benefícios potenciais da revolução indus- tna!,. e p.ondo a claro de uma vez por todas a inevitável implicação polttlca Inerente ao debate técnico. Não é por acaso que se dá precisamente em Manchester, em 1819, o primeiro incidente importante que inaugura os conflitos so- ciais do século XIX: o episódio de Peterloo. A política repressiva do governo levara as associações operárias e os radicais extremistas a porem-se de acordo. Os operários liam o «Policial Registen> de Cobbett, que desde 1816 era vendido a dois ("'flCt', e o Roverno respondia nlOhili7l1lldo polícin e e~ér("it{). ordenando prisões preventivas, fazelll.!u sus(Xnller as seculares garan- tias do habeas corpus. A 16 de Agosto de 1819 - conta Trevelyan - foi autoriz.1da para o campo de S. Pedra, em Manchester, a reunião de uma multidãll ordenada e desarmada de 60000 homens, mulheres e crianças; mas depois, as autoridades encarregadas da vigilància, alarmadas à vista de uma tal multidão, mandaram a milícia a cavalo prender o orador, o conhecido radical Hunt, na altura em quc n rcuniRo ntinllia o aURC. Quando m militarcs, crnhrcnhal\(I" ..sc °entre a ITlultidliu pura cUlnprirern n 11Ii~·H'\u. rornlll vtti"dl.~ c repelido"', n, nll(()ridnd("'~ ordenaram à cavalaria de reserva que carregasse. O embate empurrou a densa massa de seres humanos praguejando e gritando para fora do campo, enquanto a milfcia, formada por partidários laries, brandia os sabrcs com gosto. Nus recontros desse dia, pelo menos onze pessoa.; foram mortas ou morreram na sequel1ciu de ferirl1el1to'\; lJlni3 dc urlln ~el1lClln fic"u feridn 1><:1", \l,I",.\ e várias outras centenas foram colhidas pelos cascos dos cavalos ou sairam maltratadas da rj~a, O numero de mulheres feridas elevou-se a mais de I1ma centena 7. Este episóllio rapidamente sensi!Jilil.Ou iI Inlilgillil~a'l li", LI>!I temporâneos, que o baptizaram com o nome de «batalha de Peterloo.>, A história corroborou esta apreciação, e em todos os manuais o nome de Peterloo vem lado a lado, com significativa simetria. com o de Water!oo, real~':II\(1t1 II conlrasle enlle 11 r'\l'klldlll dOI p••hll'·,1 externa e a obscuridade da política interna, Os contemporâneos foram sensibilizados não pela naturc;;l du, factos nem pela crueldade das autoridades responsáveis, que cederam ll., 1'r"lic •• ~ llií •• 1"IJplillllll'lll" 11 11111 1'111111'I'lI' ,.';1111".1<-.id .• , "",', 1"'1.. sentimento de inutilidalle no comportamento lias duas partes, amua, aparentemente hll)rjlJeadas nlJm imfJfH\f' s~rn s;)ída, A autoridade, adoptando urna posição de força, não prillla e~perar qllalqlll:r rC'llIlIado dlJlado'll1J 1:l/,O,\vrl (;, hi-,I,'>li" irlf~Ir",,, tornara desde há tempo impossível governar com tais meiOS); e os manifestantes, por sua vez _... o, m()racf()rc~ da, viela, e do\ r;tlj,J" descritos por Engels - eram movidos por uma revolta elementar. airllJa plÍvllda de jlCl'I1'ecl iVlIs de 1It'~'li() dd illidll'; Cobbett inventara um termo significativo, a coisa, «para lIe- signar o conjunto de ministros, de traficantes eleitorais, de juhilado\, de senhores, de eclesiásticos, de industriais que acorrentavam, tira- nizavam e sangra\'arn a Inglaterra»'; e contra uma imagem deçte , C. BARBAGALLO, Le Origini delfa Grande !nduslria Canlempo- ranea. cil. capo XIX. Cil. in ~II Mondo~, 20 de Dezembro de 1960. G. M. TREVEL YAN. 8rilifh Hif10ry In Ninefeenlh Cenluf/ and Afler (1922). 0/1 (.j( OR\G\NAL tipo é que era dirigido o protesto dos manifestantes de Peterloo, \ ainda incapaz de apontar para ohjectivo5 precisos. \ A constatação dos males da cidade industrial e o protesto dos seus habitantes perfilam-se pois, por agora, num vazio ideológico que deixa a sociedade dos primeiros decénios do século XIX mo- mentaneamente privada de instrumentos para corrigir esses males J na prática: insuficientes e desacreditados os antigos instrumentos, ainda não caracterizados os novos. Doravante trata-se de encher este vazio com uma série de iniciativas individuais, de propostas, dc leis capazes de soldar-se por uma nova e coerente experiência; de caracterizar uma a uma as feições da «coisa», para conseguir mudá-Ia. O urbanismo moderno não é apenas uma tentativa para re- presentar visualmente estefenómeno, transferindo-o para a organi- zação dos espaços, mas intervém concretamente corno um dos facto- res que cooperam na construção de uma comunidade democrática . . A urbanística perde assim a posição de aparente distanciamento dos conflitos sociais, mantida até então à somhra do podcr nbsoluto, e perde inclusive a aparente capacidade para regular com carácter definitivo, do alto, o equilíbrio do povoamento; apresenta-se, mais modestamente, coma uma das técnicas necessárias para definir este equilíbrio; não insiste já numa forma perfeita a realizar à partida, mas numa série de modificações parciais, num compromisso razoável entre as forças em jogo, a renovar continuamente de acordo com o seu movimento recíproco. No período entre 1815 e 1848 - de Waterloo à revolução de Fevereiro - os aspectos técnicos e os aspectos políticos da pesquisa urbanistica apresentam-se fortemente ligados e quase incorporados entre si. Este é um aspecto característico da cultura da época: bastará recordar o caso de Bentham, o filósofo radical que empenhou os melhores anos da sua vida e uma boa parte do seu património na vã tentativa de realizar o seu «pan-óptico», uma prisão modelo cons- truída de tal modo que um só carcereiro pudesse ver todos os pri- sioneiros através de um sistema de espelhos, sem ser visto por eles. A facilidade com que eram aswciados argumentos técnicos e ideológicos em urbanística parece-nos hoje desconcertante e ingénua, na medida em que resulta de uma avaliação imperfeita das forças em jogo e dos obstáculos reais a superar, e que virão gradualmente a clarificar-se nos períodos sucessivos. Todavia, esta capacidade de associação mantém-se ainda fortemente sugestiva, e testemunha a unidade ideal subjacente às diversas experiências urbanísticas do século XIX, encaminhada~ após lR4R num sentido consideravel- mente divergente. Por isso este período - que quanto aos efei~os das realizaçõe~ cOIH:relns pertence nntes 1I pré-Itistúrill do IIr!lllnlsnlO ,."odcrlP. ,- pelo contrário rico de assomos metodológicos tanto Ill.als ~1~nlflCatlVos. Torna-se finalmente claro o duplo carácter, clentlflco e mora- lista da urbanística moderna; delineia-se a combinação particular de motivos que distinguc tão c1aramentc a acção rcspons;\vel dos .SCII\ promotores, da acção subaltcrna ou literariamente evasiva dos arllsta~ de uma época, e que pode ser descrita atravé~ da~ palavras de Brecht: drc;drll1 f'" lrl1ncidndf"'. cnl1!JrcilT1r'nln ,.. rl""1)("'liitn l:lJIIIJHCr.It·.Ou .141 pltlllt:ulttJ c dtl ~cl"lu. Neste âmnito exi~tem dUil'i linh<l) de <lcC;iir>,que por <lg'lra se apresentam claramente divididas: a que aborda ,O~ prohlemas da ur1Janística moderna partindo de IInl 1Il,,,IcI,, Ilk"IClgwCI glClhlll, '1111' é apresentad0 em altcrnativa à cidade existent: e que se procura realizar experimentalmente longe cJe~ta, ou entíJO a que pilrtt; d;I', t:xigências técnicas individuais, ligadas ao desenvolvimento da Cidade illdll!lllial, ~ 11II,,"IIII' "I>lligil CI·' \1'11', dr!"r'ilCl" i';ldlldl~" . Ambas tendem a convergir e integrar-se, pOIS as tentall\ as para realizar os modelos teóricos levam a teoria a confrontar-'>c com a realidade, enquanto as providências para resolver os pro- blemas técnicos isolados tra7.cm .1 IU7 a inlerligação entre os dl- vcrsos problemas, e rinalmcntc o problema linitúrio ua planifi- cação territorial. ... Por isso, a nossa exposlçao será diVidida em duas partes: na primeira falar-se-;I dns utopins do século XIX --- ns dc Owen. de Saint-Silllon Je "OUI ier e de Cabe! - e Ja\ e.'1'cIICIICliI"' llill;l pô-Ias em práti~a: na segunda examinar-se-ão as experiências teóricas que alteraram o equilíbrio tradiciunal da utili/il')fI do ',%, t Irl"" duziram portanto a exigência de um novo equilíhrio calcuhdo. Como veremos, as principais iniciativas nuo partem das grandes ubrus públicas, mas dos múltiplos inconvenientes de ordem higiênica da cidade industrial, que dependem de uma combinação de muitos factores e requerem uma legislação que rapidamente se estende do campo sanitário ao campo mais geral da urbanística. '. \ . . ' .) I. t,·í I " • ORIGINAL daqui a indiferença pela questão urbanística, e a indeterminação das previS()cs sobre a'l formos dc povon mcn to nn 'locicdodc futu 1"11", O impulso dos utopistas para intervir de imediato, sem esperar por uma reforma geral da sociedade, adquire nesta medida um valor permanente de estímulo, e a cidade ideal por eles imaginada entra na cultura urbanística moderna como um modelo cheio de gene-, rosidade e de simpatia humana, muito diferente da cidade ideal do Renascimento, As esquemáticas descrições de Owen, de Fourier e de Cabet constituem até o grandc viveiro de ideias ue que partiram as expe- riências urbanísticas do período que se lhe seguiu e se estendeu até aos nossos dias, É fácil detectar a impressionante semelhança de algumas das suas propostas - a «unidade de habitação» com um número limitado de habitantes, as instalações centralizadas, os pátios, a rue inlérieure, a circulação de viaturas no andar térreo - com certas soluções da arquitectura moderna, Até o número de habi- tantes previsto no paralelogramo de Owen (1200) e no Falanstério de Faurier (1620) se aproxima do da rmilé d'hahilalion de Lc Cor- busícr, c a ucnsiuaue inuicaua por Owen, um acre por habitante, é igual à indicada por Wright para Broadacre City, A investigação dos reformadores socialistas será utilizada por [' Howard nas garden cilies e pelos prajectistas alemães nas Siedlungen uas primóruia~ uo pós-guerra, cmpobrecenuo a conceito da ciuaue ideal até fazer dela um elemento subalterno da metrópole moderna: o bairro satélite mais ou menos independente. Mas os programas e as iniciativas anteriores a 1848 mantêm-se na nossa cultura a in- uicar um<J meta muito mai'i <Jlllbicio'ia, OIJ seja, a rcorganização de toda a paisagem urbana e rural segunuo novas relações econámicas e sociais. " «Pretender resolver o problema da habitação e ao mesmo tempo pretender conservar os grandes aglomerados urbanos conlemporãneo~ é um contra-senso. 03 grandes aglomerados urbanos contemporâneos só serão eli- minados com a aholiç50 do modo de rroduçãCl cnritalisla» (er. F. ENírEI.S, () I'rohlema da lfabitaçu'J 11~72J). J' -,, •• C' \li' J' I Vi ' ~- 2. OS PRIMóRDIOS DA LEGISLAÇÃO URBANtSTlCA MO- J)1~ltNA EM IN<;I,ATF.ltHA E I;.M FH:\N(,'" ,\~ •••• 1" ~_ • ' ' J.\}i'· \' '~" \ J • \) ''\",~ (; ,.( I· I :" , Nos anos da revolução industrial grande parte das infra-es- truturas urbanas e territariais - estradas, pontes, c:ln:lis, porlos ,- foram realizauas pela iniciativa privaJa, e o Estauo, quando não era movido por razões estratégicas, preferia limitar a sua interven- ção a urna vigilância genérica. mediante as formalidades das auto- I i/ll~''-le~ c dll~ plllcnlc~. .' A construção e a manutenção das antigas estradas. II'glcsd\ era da competência das freguesias, mediante as corvées Impo~ta, aos habitantes locais. A ineficácia das administrações das fregueSias. caua vez mais acentuaua uurante o século XVIII, ueixou deterio- rar-se o estado das estradas precisamcnte quando aumcnta\'am ;\s exigências do tráfe~o, Para remediar es.ta :it~,?:,~o. o Parl~mento começou a publicar em 1745 as Turnplke\ Aets que autOrlza'/am n sector priv:ldo a cnnstrllir novas estradils CO'Tl portagem: entre- lalltu O~ CUlltIIl,Ulu,> léCllic"" <ll: T<:lltJld e dc 1\-IIICII<lIIIII,Illellllol:lIlIl" sem paralelo a qualiuaue e a duração uas estradas, permitiam re· vogar os velhos rcglJliullt:n(f)) 411(; limitil'/;lfTl () pe',(j r; " (_;11'5:) ri',', veículos, seguindo o principio ue <:ldaptar o tráfego a estraua: man- tinham-sc us incullvcnil:IIIl:" (kvido'; 11 partículal idadl: ue t:.\i"tll <:111 numerosas entiuades gestnrils de pequenos troços e a perm<:lnência ue urna rede <:linda vastíssirna d(; estradas secundária, adrnini,tr<tlJa:,pel:ls fregllesi:l~. O Fslilllll leve de intervir em IR:'O. p:lra IInifiC:lr em certa medida a gcsl;\" dlls C,II,\(I;I\ CIIIII plll tllgclIl, c Clll IH.\·' para abolir as corvées, autorizanuo as freguesias a cobrar uma taxa. As portagens foram anolidas gradualmente entre IH5H e IWJ5, e as despesa, de manutenção elas estradas foram atrihuídas em IRRR aos cunuadus". A rede dos canais navegáveis foi construída P?r proprietários privados de minas e por grupos esp~culadores, segulnd.o o. exemplo do duque de Bridgewater, que abriu em 1761 o ~rlme.lr? c~nal perto de Manchester. Entre 1790 e 1794, as excess~vas InICiativas deste tipo causaram um verdadeiro boom especulatlvo. ~ Estad.o ' concedia uma autorização prescrevendo que o canal devia servir todos os utentes mediante pagamento de uma taxa58• • Mas a invenção de um novo meio de tra~sp~rte, ~ ca~lnho de ferro alterou completamente as coisas. As primeiras vias ferreas foram e'xperimentadas junto das .minas, e ~o in~ci~ do século XIX foram abertos os primeiros ramais de serviço publico, sempre para carruagens puxadas a cavalos. As primeiras tentativas com compo- sições a vapor" resultaram mais dispendiosas do que as de tracção animal, até à invenção da locomotiva de Stcphenson, que fez a .<-.0: primeira carreira pública entre Stockton e Darlington em 1825. A primeira linha importante, entre Manchester e Birmingham, foi aherta em IR30, iniciando-se <I concorrência do novo meio de tral1.~- porte com os tradicionais. Tentou-se primeiralllente aplicar os fer- rovias a mesma legislação das estradas e dos canais, prescrevendo que os trilhos do caminho de ferro servissem qualquer utente, me- l ".' diante uma portagem, mas isto revelou-se impossível na medida . r em que as empresas construtoras exigiam a gestão das suas linhas. Deste modo, o Parlamento não pôde manter por muito tempo o tra- dicional critério de não intervenção, confiando na livre concor- rência para assegurar o bom andamento do serviço, e em 1844 votou urna lei que concedia ao Est<ld" <I faCilIdade de optar pela compra das ferrovias dentro de 21 anos (mas no termo do prazo, em 1865, a diferente conjuntura política aconselhou a manter o regime pri- vado), fixando entretanto os limites de velocidade, da utilização e ,das tarifas das linhas existentes. ".r.'" Analogamente, no períotlo inicial, enquanto os ramais se man- í''': tinham isolados, os construtores podiam adoptar sem problema ).'~r).)- diferentes bitolas para a via férrea; mas quando os ramais se uniram rJ ,_,;" formando uma retle, o Estauo teve de intervir fixando em IR4li '<:.-"' Jf'" uma bitola uniforme tle 4 pés, 8 polegadas e meiaH. ,~:<'J ~(.r'1 Em França, o ancien régime deixara uma boa rede de estradas, J.'.>: mantida com as corvées da população rural. Este sistema foi abolido .r?---:-- jo-) , , 5" Op. àl. .' '?' ' 51 Um primeiro modelo fOI construido em 1769 por G. Cugnot, em (.J ",,(I )França: apú~ a invenção de Watt. foram feita~ outra~ tentativas por Rooin>fJn J J e Murdock entre 1780 e 17~), e por ., re·vitl\kk em I~CJJ . .1,'- ~. Op. cit. y'~\,. ,..)- \ ,"~ l . " ;';, ,'~ peln Revolul,:iío e o Estndo elll:nITegou-se di.rectllnlcnte de construil ~J'" O/I' e reparar as estrauas; Napoleão I construIu mUitas vias. tl~ mte- resse estratégico em França e nos territórios ocupados:. ellmmando por conseguinte o expediente das portagens; a Restauraçao melhorou sobretutlo as vias secundárias e formulou em 1 R 1R um plano para ,(- a construção dos canais, solicitantlo a iniciativa das companhias pri- vadas e autorizantlo-as a cohrar uma taxa; ;j monarquia de Julh,) - que em 1831 criou um ministério das obras públic3s - elaborou em IR.1(j um vasto r1rOp'ramn Ifnil;trio para a Cll,,~t 1"I;iill dI' 1"';11';"1.,,; \~ . '. e tle canais, atribuindo-lhe no tlecénio seguinte cerca de MOO nll- Ihões de francos. O problema das construções ferroviárias foi prontamente aco- metido com lnrguezi1 de vistas; a primcira linha férrca pnto d~ SI. Etienne entrou em funcionamento em 1832, e logo em 1M3] o Governo encarregou o ccComeil général des ronls et chaussccs" de formular um plano rara todo o país: todavia. foi repetidamenle ,I' I~jl~illtdlt (c '" IX 1\ I I! 11 <' I I! lI!) Ii 1""I""tll 1'11111 "",,1 il.'l li" 1;',1;,.1,· :I (I ,I' \ "", .\ ,. construção tlas vias férreas, como se fizera na Udglca, e dL!rantc \, . ~ um certo período continuou-se a proceder caso a caso, conceuendo j,: "as autorizações às companhias privadas. Mas a exigência de um ,', ,,<.,' 'controlo unitário veio a conduzir <l lei de IR42, que atrihuiu Ú' ( ,/"', grandes companhias o monopólio das linhas principais. repartindo ,. a despesa em partes quase iguais entre o capital privado e o Eslatlo. ''''~' e estabelecentlo que as vias férreas passariam para o Estado ao •1 ,(,'1 fi m ue 40 a nos"' . ,.' \ Os IlUVU\ plugralllas Je ubras públicas, e e\lH:ciallllellle "., .tC '1 J , .• ,V. 'ferentes às vias férreas. permitiam de facto à administração publica .). modificar profundélmcntc o ortlenamento tcrrilorial, c mC',rnl} CI. dll', 't centros habitauos _ basta pensar nos efeitos tlo plano ferrovia riu tle IM42 elll Fra/ll;a, Cutll a~ selc grallJc\ li Ilhas cOllvcrgillJu \1I1J1 c Paris, ou nas consequências resultantes tla localização escolhitla para as estações ferroviárias nas orlas da citladc -, mas a urgéncla e a ,I "complexidnde das exigências lécnicas deixar;1I11 pn~qr qll;l\C d,'~- percebido u valur urIJallislicll global du\ IIUVUS IIICIII'. 1.111111.1 1c~1\ lação como a prática atlquiriram um carácter espeCializado. sectonal impedindo descortinar as relações e as interligações entre 05 sectore'>. 'f ,c" (' \ f.\J ~.i.' . •'J -'" \. r ·u-J " (. )\ .) '" Op. cit .. No final de 18]7, F. Barlholomy, presidente da Companhia d'Orléans, dcclara: "li apliLaçáo do vap'Jr a navcgaçáo c a'R camlllh()\ de ferro só pode igualar·,e, pela sua importância. à invençáo da imprensa ou 11 d~'H:()ht:rl:l dJl "'lJl~ril:ll. ilf'Ill1lrj·j,nrn1n •• 'I"" "lII/Ja';lI" a r,lI l'" dI) fTlllllflll'l (dt. jn 11. Pl--YHI.I, Ifl.)ltJlIl! tlf') CII,'''I/II\ 1/" If'r "li 1'/(J/llt' ,'/ 111111\ Ir 1\/1I1/1/r, Paris 1949). ORIGINAL' Portanto, a muderna legislação urbanística nuo podia nascer deste terreno, tendo pelo contrário encontrado imediatamente na própria legislação sectorial sobre as vias férreas e as obras públicas um dos obstáculos mais poderosos. A única consequência importante destes avanços, válida para J os fins urbanísticos gerais, foi a revisão da lei da expropriação, que inicialmente era considerada uma operação rara e excepcional, .' r), ao passo que agora, por ter de ser aplicada em larga escala, foi .~I'· disciplinada de modo cada vez mais favorável para o Estado. Em Inglaterra, as garantias concedidas pela lei para proteger os direitos dos proprietários fundiários tornavam, em 1840, o custo das linhas ferroviárias cinco vezes mais elevado do que nos países germânicos, e dez vezes mais elevado do que na América, onde ,,:-as linhas férreas avançavam pejos territórios livres do Oeste'lu. Mas também em Inglaterra o processo de expropriação viria a ser dis- t,· ciplinado de modo explícito em 1842 e 1845. Em Prar1<;a, a lei lJapolcf"lica de IHI() e a orleanisla de IH.1J - resultantes das exigências dos já referidos programas de obras públicas - foram aperfeiçoadas em 1841 pela lei de 13 de Maio, . J;' ,"que precedeu o plano nacional ferroviá'rio e serviu de modelo às ; / leis de muitm outros países, entre as quais a lei italiana de 18(,5; • " foi então estabelecido que a expropriação devia ser autorizada pelo poder legislativo, os seus termos definidos por decreto do prefeito e pro~unciada pela autoridade judiciária, a quem competia também a deCisão sobre eventuais controvérsias. Mas a teia UêlS inlerlígaçõe:i urbanísticas criadas pclo desen- volvimento industrial torna-senecessariamente evidente através da constatação dos inconvenientes de ordem higiénica causados pela desord~m e a aglomeração das novas periferias. Quando estes in- convenientes se tornaram intoleráveis - devido às epidemias de có- lera .q~e ~roliferaram depois de 1830 - e se estudaram as primeiras proVidenCIaS ~ara os eliminar, tornou-se clara a pluralidade das ,(' cau.sas determlnantes, pelo que as providências adquiriram neces- sariamente um carácrer múltiplo e cuortlcl1ado, lJe~le motlo 'I Ie- ; (, •. , ''gis~ação san!tá.ria torna-se o precedente directo da moderna' iegis- laçao urbanlstlca e cedo, se. gcneralizou a noção de expropriação, estendendo-a das obras publIcas a todo o corpo da cidade. Em Inglaterra, as primeiras tentativas sérias para melhurar as condições higiénicas da cidade foram levadas a cabo após a "'I Cil. de Á P, I;SIfFH, ;f" Inlr'l'f'" I;IJII 10 11", 1,,<I'Jllr"JI 1Ii>I'Iry o/ England. Londres 1939, p 449. reforrl1l1 e1eilornl dc IHJ2, c CIl((lllldrllll1-\C Iltl VII\lll plllHllIlll1I Ir, formista do novo governo whig, No mesmo ano de 1832, Edmund Chadwick (1800-1890), ex- -assistente de Bentham, foi nomeado inspector na Comissão dos Pobres, tendo contribuído para a formulação da nova lei de IRJ~. e até se retirar da vida pública, em 1854, foi o animador de todas as reformas no campo da higiene social. A lei dos pobres de 1834 respeita em certos aspectos os pre5- Sl/postO'i lec'lficllS de oriw:m radical rn')prio'i da c1i1s<;c diri~I~IlI\, 1'11 tão no poder. Foi abolido o ruinoso sistema de Speenhamland, estabelecen- do-se o princípio de que ninguém devia receber subsídios parci,JI); para os desempregados estavam previstas as casas ele trahalho (lvnrk- houses), mas tendo o cuitlatlo de «tornar a vida menos agrad<'.I\c1 , . do que a dos mais infelizes trabalhadores independentes»)'''. Na C; \ ,', \ l1?Jl)in~s,ma época foi criad~ uma organização de vigilância muito mais ',«9/' cflclcl1lc do ((111' 11 1I1111gll, ('''111 1111111<;nic' (TI1II"III r dq'f'llllrlll·l." ~)/ perifcricas para cada grupo tlc frcguesias; a eslcs sClviç", 1", {illl1- bém atribuída a responsabilidade de prestarem assistência médica aos pobres, posteriormente de tomarem a cargo os registos dos nas- cimentos e mortes - estas últimas classificadas segundo as GIII\;)S. em confurmidade COIII a Registraliol1 Àct dc IHJCJ-- c fi,1<l11111:nll: a vacinação pública, depois de 1840. Chadwick, que foi nomeado secretário da comissão central, QV)f.-t.\'· ,\,_' \. teve ,rossibil idade ele se doeu me n ta r ampla men te <;obre <1S cond içr)e<; <:.,"0- (.' " ..• ,' dc Vida da'l ciWI';!", JlICI10', 1I111I''';"lw" C lk'l "1: ('''JlIII de '1"': ,,', I'" I" ,-{", c" "rI deres até então concedidos pela lei aos serviços de assistência aos " \ pohres apenas permitiam 11m;) inlcr'l'~n(;iir) paliariva; ;fS (:;IlJ~;l', /j;, ',_'I \ \' Iv'", desastrosa situação sanitária estavam inseparavelmente ligadas ao •.• j(,1 ,;.-.' I e~p~çn cOllstrllido c ;1'1 ~lla<; rccclllc1 t,all',for 1I111\f'C1, dr:víd" ;,', (- .;.~,. qualS os tradicionais meios de intervenção se tornavam ineficazes, ,j' Exi~t iam de f aclo l1a~ cidades 11Ume f()~a~ c,1I iJalk~ pú 11/ICi!' (trezentas só em Londres) encarregadas da iluminação. da pil1i- IIIClllll';iio, do'; c';J.\ol,,~, d" 1I1'1I':lrl'illlt'llllI d,' (,gllll 1111 d •. 11'" respe.itar os regulamentos relativos à construção, a~ tráfego e' '~(l ~ol~c.Jamen~o, ~as es~avam desacre~itadas, incapazes de se adaptarem a flslonomla e as difIculdades técnICas do novo ordenamento urbano. Em 1835 foram criadas nova<; admini<;lraçr)c\ mllllícipili\ clcil;l\. Gl ESI~,q ~ão a' r~l.1vra' de Na"~1I ,éninr l1"e. jlllll.1menle com íha- dVJie'J.:, ("j 11 (Ir "" 111/11 , r r,; P" " "dt " •.•1 "rlll Iri, li' 1,·",J,J,""lr7 ("r ali' d'·I"'I~ d.": cri Ias pÚICllli(alllclltc por U!(kCIIS CIII UI,,'u r"" II (I MJM). a 4ue foram atribuídas as tarefas antcriormcntc dispcrsas por aquclas entidades tradicionais, mas era preciso conceder-lhes os poderes necessários para agir e introduzir as correspondentes limitações nos direitos privados. Devido ao carácter acentuadamente privatístico da legislação e J dos hábitos ingleses, esta inovação foi longa e difícil, e só a dra- mática evidência das epidemias de cólera, que se repetiam de 183 [ . em diante, persuade enfim as autoridades a sairem da sua reserva teórica. Em 1838, as autoridades londrinas pediram à comissão da lei dos pobres que fizesse um inquérito sobre uma epidemia eclodida em Whitechapel. O relatório da comissão de inquérito - formada por três mé- dicos, Arnott, Kay e Southwood Smith - e sobretudo o relatório pessoal de Southwoou Sl11ith sobre a falta de água sensibilizaram a opinião púhlic<l; Chadwick ohteve de 10r<1 RusseIl, em 1839. o conscntimcnto para quc o inquérito l'ossc alargado li todo () p"ls, e em 1842 compilou o relatório final, que ofereceu pela primeira vez um quadro completo das condições sanitárias das classes tra- balhadoras';2. I I l,:,:,J',.\' o'C') Entretanto, uma comissão da Câmara dos Comuns começou a ocupar·se do assunto, e em 1840 publicou um relatório que con- firmava as conclusões de Chadwick; pouco depois, Peel, pressionado também por Lord Ashley e pelo príncipe consorte, nomeou uma comi,~ií() real de inquérill), que ,lr:u a conhcc;er a, ,lia, CCH\(,:lu>',c~ em I !l44 e em 1845'''. lIAS DB4TH (I~ A RAia:) lJee" i".il •.,1 I,y 11,,·t:,".""j"i",,,·r. U( (· •••".IIU" Sew"r~ lu lllkt' up hi" abo.h· in Larnbelh! or, (rom wflat IIlher viilllnllUq r.aulil· prr)r.~,'cl~ Ih •• (ril{hl(1I1 Morlalily hy which we ure.urrllundcd ! I" lhi •••••• 1-11"',,,· u( lhe IU"'ruJloli •• a.ul di5grace 10 lhe Nalíon, lhe main, Ihornugh(are! Are ~t,ill wil!l,,"t ellmlnllfl Sl~l<\'er~, Illtl'IIUgll the Inh"bilanl. h"n~ pllicl Cl(or!lil"nl Jl"le~ (rom limp. I 111111" Illllrl •• I 111 •• o Re •• eal Ihal •• ch _mp.nlc.a. lho.'''., allr.14 . •• ~ paI I. ~.err hOIlHI halld, • w"lp, ••To I•••• lhe raaeal. nalleodl I"roal" lhe W'orl"." Unleu ~omet"inll: be ~pecdily done 10 allay the growilllÇ di,C'cJllIl'III ••r lhc' 1"'lIplc, relrihulive jultice in her !UllulHry "engeance "ill eommence her ope~tion! wil!l the Lamp-Iron and the Halter. É interessante ler. nos relatórios da comlssao real, a grande variedade das providências su~eridas para melhorar a higiene da cidade: - confiar os controlos sanitários às autoridades locais, soh a supervisão directa da Coroa; - fazer levantamentos c indaga<J,es cxactas ~ohrc n 7.0I1a, antes de projectar a instalação de esgotos; - combinar os trabalhos dos esgotos com os da pavimentação; - conceder fundos às autoridades locais para alargarem e melhorarem as ruas; "' Reporl 011 Ilte Sanilary Condilions n/ Ilte LabOllrillg POflll/aliot!, 1'142; ef. J. H. CLAPHAM. An Economie Hif10ry o/ ,"fadem Rrilait!. lhe f,'ar/y RlJI/way A K", C","brjrlv.~ I') I'). GIl' J O" f'ITlI Rl!porl o/ (lrl! CUmmll'llUnen for ["'llIirill/( illlo Ilre Sla/e o/ Large TOIVt!s and POpll/OIl5 Vi5lriel5, 1844; Seeond Reporl. ele., 1845. J·ll!."ra 'I. (1,11 IJlJtIlI1r.')II' fi,., lii\J, li"" 111131111 n~ ('••Iflllllll') ~"IIIr'. it~ ("li dições sanitárias de Lundres (em L. WIUGIlI', La civtllà //1 bagllo, eJ. 11<1.) _ fixar os requisitos higiénicos mínimos p;\ra tO(,I;\s,I\S habi- tações e tornar obrigatória a instalação ~os servlço~ sall1tános; _ obrigar os proprietá:ios a ventl~ar e a limpar adequada- mente as casas insalubres, Criando uma hcença para o aluguer dos alojamentos; " , _ criar um corpo de médicos téCl1lCOSde higIene; _ conceder fundos para a abertura de parques públicos nas cidades industriais que os não possuem. É já evidente que as futuras leis sanitárias deverão desenvol- \. " ver-se no sentido de uma legislação urbanística geral, e que uma vez \_ ; .,' abordado um problema - o sanitário - todos os outros virão como , " consequéncia. , A primeira consequênciajurídica destes inquéritos foi a lei , . "de 9 de Agosto de 1844, para Londres e arredoreso" que definiu .,f' , certos requisitos higiénicos mínimos para os alojamentos de aluguer " e proibiu que as divisões subternineas fossem uestinauas a habitação a partir de Julho de lR4r" Ainda em IR4r, foi nprovat!;\ a primeira leí para a criação de balncários c lavalldarias públicas na capital. No mesmo ano, o Parlamento começou a estudar uma lei geral; homens púhlicos e jornalistas desenvolveram com insistência os argumentus te6rÍ<.:us du liberalisl!lo contra a intervençào pública nesta matéria, enquanto uma nova epidemia de cólera tornava ur- gente a decisão. Uma primeira proposta de lei. haseada nas recomendações da comissãu rcal, fui apresentaJa cm )!l47, mas posteriormente reti· rada; só no ano seguinte foi aprovaJa a primeira Public Health Aet, de alcance mais jimitauo mas de incalculável importância política, sendo esta a primeira tentativa para introduzir na legislação tra· dicional a realidade da nova situação urbanística, pelo menos em alguns aspectos mais evidentes, A lei de 31 de Agosto ue 1848 é um documento longo e minucioso, e ocupa bem setenta páginas dos decretos oficiaisQS, A extensão deriva em parte dos hábitos juríJicos ingleses, ma, também do carácter da nova lei que, introduzindo um novo con- ceito de controlo público num campo até então não regulado, ou o. 7 el 8 Vicloriae Reginae, capo LXX XIV; An Acl for Regulaling lhe Conslruclion and lhe Use of lluildings ir! lhe Melropolis and ils Net'- ghbourhood, p. 190. o', 1/" JZ Víclo,lu" I<"",;"u", ;1" ,A ':1 I'" I"""'''I/''e Ih" 1',,/,11" I/"u/I/', p. 721. e P'H'~ h h Lhh h h n .----- h ~ z: h o•... '" lu"".1 .. a '"... :J: Tu,,"tl 211 10,0' "",dt h ltWII IQU -_.- -- h h 4" "To IlAlIl s) "~ VARO. ...•...... -' v :r:.... Figura 32: Planla de um pátio de Nottinghall1: desenho incluido nu Rda· lório da ComiBào Real JOhre o ESlado das Grandes Cidades, de 1845 (se· gundo HOSKINS) regulauo por prescrições discordantes e antiquadas. requer uma longa série uc cspccifica<,:iíc\ (10 COflfrofltar·\(; com olltra\ ki\ c h;'d,i- tos vigentes. As definições dos termos usados ocupam só p<Jr si qU<l'(; trê:s págill<l\. Os objectivos da lei são assim declarados no início: «Na medida em que é necessário tomar novas e mais eficazes provi- dências para melhorar as condições sanitárias das cidades e dos distritos populüsüs em Inglaterra e no r<lis de Gales. interessa que ~,\ r' \ O abastecimento de água a estas cidades e distritos, os esgotos, as ~ drenagens, a limpeza urbana e as pavimentações sejam tanto quan(n \~:" possível colocados sob um único e mesmo órgão local de gestão r: c"ntr"I". q"llfllrlid" " ';"I)rr"j~ii" v.rr;d rll"i~ 1I"lIi~" illdi(';lll" (<11'1. I), A primeira coisa criada pela lei é a General Dourd ar Henlt~l, formada por três membros de nomeação rcal, por um secretáflo e pelo pessoal necessário. A General Bo~rd o~ He~l~h tem ~ facul- dade de nomear inspectores para conduZlrem Inquentos locais onde tal venha a ser requerido pelo menos por um décimo dos habitantes, ou onde a taxa de mortalidade nos últimos sete anos seja superior a 23 por mil (arts. 3-8). Em seguida a tais inquéritos a General Board of Health pro-' move nesses lugares a aplicação da nova lei, criando para o efeito circunscrições (dislricls) coincidcntcs ou nãu coincidcntcs com as circunscrições administrativas normais (sujeitas, em alguns casos, à aprovação das assembleias locais; arts. 9-11). Em cada distrito é criada uma Board of Health local, for- mada por funcionários e por representantes dos proprietários c dos contribuintes. Os artigos seguintes (12-33) estabelecem as modali- dades para as eleições destes representantes. As Boards of Health locais podem nomear inspectores, em- pregados <: também um méúico para o cargo de Técnico de lllgiclle (art. 40). Os poderes das Boards locais abrangem: a) os esgotos (arts. 41-54); a lei prevê que acima de tudo seja elaborado «um mapa, quc represente um sistema dc eSHl,tm adaptado à satisfação das necessidades do distrito, numa escala a prescrever pela General Board of Health». Além disso, «todos os esgotos existentes à data do início da aplicação da presente lei, ou a ~cguir comtruído'i ('ialvo alguma'i cxcepçiic'i) com os cdifícios, tal como as instalações e matcriais anexos devem pertencer e ser geridos pela Board of Health local»; é prevista a expropriação das obras pertencentes aos antigos proprietários. Cada casa de nova construção deve ser provida de e'igoto próprio e de latrina; quem transgredir esta obrigação é passível de multa até 20 libras ester- linas, e a Board local pode ordenar a construção da latrina omissa a expensas do proprietário. Também passa a ser obrigatória, para as novas construções, a notificação dos níveis dos quartOl mai'l baixos e da localização dos serviços sanitários, que deve ser apro- vada pela Board local; para os transgressores é prevista uma multa até 15 libras esterlinas e a modificação forçada das obras cons- truidas abusivamente; b) a limpeza urbana (arts. 55-57); c) a remoção de quanto possa causar danos higiénicos (ca- nais descobertos, pocilgas, imundícies, águas estagnadas nos subter- rànco'i, etc.; arts. 5R-óf); d) a regularnental,:ão dus matadourus (arts, 61-(5); - ~~~ • !~.,""'.• - .. - ~-~. • .-:__ :'.::'S.:_:!lJ:==-;";~'~..;- _ ..- -.-:: Fill"r" 11' f\. r"nd"çi,c' de P"ri, (c''1"in" entre a Rue Snllfrtot c a Rue Sain' JIlC'IIIC'; dc f\. JO/\NNI'" /'",;, 1//",,,,:. lW]IJ/, e) a rcgulamcnf;J';iio da'i C;l'i;)'i de allJglJer (arl, ór,-(7),. qlJe devem possuir delerminados requisito) de assclo e de \cnt!lac,.<H), c pruibido o lI)O d;)s cavcs para ha!Jila<;;iIl, ';1: Il;i" c"rJ,:·,p"lldt:rcrn :1 certas condições, e é previsto um prazo - de seIs meses a um anu - dentro do qual dcverão s.cr de'iimpedid<l'i <I'i cavc,> niio reglJiarnen· tares actualmente habitadas: /) li pavilllcllla~';íll c 11 1I11111111cll,iíll d,,'; 11111': (1111'. (,!'l 7' I, g) os jardins públicos (art. 74); «as Boards af I-Iealth locaIS, com a aprovação da General Board, podem patrocln.ar, m,anter, traçar, plantar e melhorar espaços de~tinados a passeios publlcos ou jardin), e contribuir para empreendImento) scrncJll<lllles de Ini- ciativa privada»: h) o aba')!ccimento de água (art') 75-~OJ; i) a sepultura dos mortos (arts, 81-83), () ali. 117 ,:':lal)(:I<:,',: aillda '1')(: w: ""ard~ I,,,'ai': Il':':llllllr:ill as fUllçues de vigilúncia das estraúas estatai'i, ORiGINAL Os artigus seguintes - du 84 em diunte -dizem respeitu nu funcionamento administrativo e financeiro das Boards locais, e estabelecem que as despesas suportadas com a execução das ins- talações sanitárias podem ser recuperadas de dois modos: mediante contribuições especiais (special district rates) a aplicar aos imóveis' l',' a que dizem respeito essas instalações, e mediante contribuições .' gerais (general districl rales) aplicáveis a todo o distrito. Quando, os trabalhos executados consistem na beneficiação de um bem pri- vado, o respectivo proprietário deverá pagar outras contribuições (privale improvements rales). As relações entre as Boards e as entidades privadas são minu- ciosamente reguladas pelos últimos artigos da lei; são concedidas muitas garantias legais aos proprietários, mas o exercício pleno dos direitos de propriedade é inevitavelmente limitado de diversos modos pela nova lei; para além de serem obrigados a cumprir os regulamentos, a pagar as contribuições e a submeterem-se even- tualmente ao processo tle expropriaçiío. os proprielúrios privado,s devem garantir sempre aos funcionários tia Board of Healt o livre acesso aos edifícios e aos terrenos «para elaborar os planos, inspeccionar, medir, nivelar, examinar os trabalhos, verificar o percurso dos esgotos e das condutas tle tlescarga,averiguar ou fixar os limites». A lei não se aplica à City de Londres (onde existe a Metro- politan Commission of Sewers com amplos poderes), aos distritos onde actuam as Cornmis'iions of Sew';rs criadas a 13 de Novembro e a 4 de DezemiJru tle IH47, e a zona tle Regenl's Park, subme- tida em 1825 a um regime de vigilância especial. O debate que acompanhou o iler parlamentar da lei é bastante interessante, pela variedade e a insistência das ohjecções, colocadas não apenas pelos proprietários cujos interesses foram postos em causa e pelos seus representantes, mas também pelos teóricos li- berais, entre os quais Herbert Spencer"n; este caso é recordado por Waller Lippmann, como exemplo típico da deformação c;1I1~ada pelo dogma da não intervenção do Estado, O radical «Economist», em 13 de Maio de 1848 lamenta que a Public Health Act não tenha encontrado uma opo~ição ade- quada, e desdenhando entranhar-se nos pormenores na medida em que a lei abarca «uma grande quantidade de matéria, que não "podemos enumerar s~m atulhar o nosso espaço com um rol de - 'palavras quase ofenSIvas» (trata-se de esgotos, imundícies, etc,), .,' H, SI'ENCER, Suciul S/Vlle>. 1~51; cL W, L11'I'MAN, ,I Sutle- dade Justa (194J), o"~crvlI: (ISofrilllclllo C 111111e,síio I\dmnc<;tn~-iíc~ d.n llat,"rC7:l: niín é possivcl eliminá-Ios, e as illll,Jacielllcs tellllllivilS lillll~lIIII'IClI' llillll os banir do mundo através da legislação, sem determinarem o seu objecto e o seu fim, sempre trouxeram ~ais mal d? que bem»", Contra estas filosMicas argumentaçoes, Chadwlck e os seus'\",,' 'I I I Icolegas podiam opor o senso cumum e a r~:,III( ,I( c l as Cpll Cllllil'. que irrompiam em Londres, ex~~tamente ne.ssa alt~ra: Mas o ala~mc dos especialistas era bem JUstifIcado; a lei. cO,nst,lt~la um pn~eJro pn"o pnra IInHl profllnda mlld:lnç:l d:lS 1rlstllul~oes, que nnn ,e queda ria por certo 110<; limites fixados pe,tos legislado I ';'1, (~~ I K,IH . (. ' As Boards locais começaram a funcionar, com lentldao e, di- ficuldade: na primeira fase úe aplicação da 1<:1 foi pelo cor]! r;trl') decisiva a acção da General Soard of Heallh (composta por dOI'> emillelltes pulíticos, lord Shaftcsbury c lord Mor~)"ct, e por dOI" técnicos de higiene, Chadwick e Southwood Srlllth), que actuoLl durante dez anos entre contínuas controvérsias até ser anollda elfl 1R'iR, selldo a~ qlns competêncin<; tr:ln<;ferid:l<; par:l n Cnn<;(~lhn Pri- vado; Ileste pedlHlo cOII'l'gllill <:1 illl IX.! IlOII"" 11"'l1i'; (', ',,(/"1 '11"" vaI', em 1851, a primeira lei sobre a construção subSllJlaLla, aper- feiçoada posteriormente em 1868 e 1875, M<ls o curso da legl;- lacào sanitária inglesa era doravante irreversí\'e!: os passos seguIntes fo~am a criar,:íio ;Ia I,ocal (Jovelll1l1CIlI Iloard ("OI!1 illri\di~';i" '1'1<'1 sobre sanidade quer subre a assislência aos pobres!. e a ~'ULI kl sanitária de 1875, até à unificação das leis sobre a conslruçao suh)J- diada e sobre sanidade pelo Housing of the Working Classes Act, 'io.: 1 ~,)(), '"' EII1 (:ralll,:a, as Clll1sequél1clas da il1t1u,lllidlla~a", L, ti" 1111", . ,\": ,r <.-,. , nismo manifestaram-se mais tarde, mas as conJiçi)es IJIglenlcas (L1s '~, "\, ,.0-, i {grandes cidades e do', aglonteradtl~ indlJ',Ifl;II', u;,rrJ UfI I~li) I;," _ '\ r'r· ' nl;Hmante~ como as venflcadas em Inglaterra, , [111 1l:\4U, l;régier, um [unClIJl1anIJ da pre!l:111llil ti" Selld. formulou um plano de construç')cs púhlic;lS para as cla<;<;es meno<; abastadas"", Nu mesmu ano aparece o primclru inljuérll" JOCUfIlLfI' 1;ltI" ,ohrr ns ct>lIdilJlrs ,k \'idn tll1S n!wr;üi,,·'. tln nllLori" til' "d, Iernlt;~.", Mas durallte il IIIUllill quia de JulllLJ, iI "IUd,clt> tle 1I111"CI I' (l~' I I - c"t' :1 . 1",('1,., ',11 '.•..e..:. ,.(" ,r-. ': ( ~,,',.,' .•... r \ '. <11 J, lI. CI.AI'II/\1\1. "I', 111., p, 5-15; cI 1\ lU SSI I I, 1/'11'''''' "<I, {deia, d" S,;culo XIX (19.1-1) 'I~ Der C{UI'íf.:'i {)af1lt":"'U'J", di: lu /}()fJUlflI1tlll dOI/. 1,,; r;r(Jn,j"7 ~'I!!'" ec dn ,1,,("'-"/1, de /('1' R/~/1dre .\feil/etlrn. Paris í ,~-1f), t I' '/11 I I "~/f' 1"111",,,, ,I,' '"('u, "//\,.1'1/11' ,,{ 1\("'1f1 ,t· (}tI,'nc·"'. 1',lrlS IH,lU, ORIGINAL Figura 34: I3irmingham, a construçáo by lali! nas zonas concêntricas da cidade, que ilustram a evolução dos regulamentos sobre a construção a partir de mearJ0' alé final rir, ,écul" XIX ('e~1Jnrlr, r. lIJfJRNS, T"wn IJI/llrlinf( in /I i.l/or y). Figura 35: O~ tipos de construção mai, comuns n;" três 7onas: casas com Ir~~ pil;(n 1r."II,) ai, IJld" Irq -:"''1il,'li, f:,t;;I'; '"'1111 d/II\\ pi~lI': , f'''I (li ':.I"'J'I'."·; iflLOI puradt):'); CH:').t') I...IJlII Jitldllll illlt.\lJ hegullL!t) 111()'t~:)J. ORIGINAL ---li".iiiiiiii iR •••mm~ !! iiiiiiii- Figura 36: Conslrução em conformidade com o Public Heallh Act de 1875 (em C. BA UER, Modern Nou linl( J. As prescriçôcs elos primeiros regulamentos prediais sobre a altura, os t1istanciarnentos, etc., interpretados fl letra pelos construtores de modo a obterem a máxima densidade permitida, lornaram a construção das novas periferias uniforme e obsessiva. Enquanlo dura a vaga especulaliva que deu origem aos primeiros jerry buildings, os regula- mentos não têm valor resolulivo; ~eria nccessário diFcrenciar as prescriçôes de local para I<>cal, ist<> é, Iil;ar IlS rCl;lIlalllCnlo'l a um plan<> aulêlltic<> e concreto. " turbado domínio da burguesia liberal não permitiu que se tomassem , . quaisquer providências eFicazes para limitar o exercício da proprie- , dade predial e fundiária; a polémíca contra os alojamentos írlsa- " ' (( fubres Foi por isso levada por diante pelas duas principais correntes (' :," . de opo<;ição: os católicos e os socialistas. I'o"'" Em IR42, a Ordem de S. Vicente de Paula encarregou ulIla comissão de estudar as condiçõl:s higiénicas dos alojamentos ope- rários de lille. Em 1845, a Société d'Economie Charitable começou a publicar os «Annales de Ia Charité», onde aparecem vários es- y. critos sohre o problema do saneamento dos bairros operários;"; ,í o animador principal destas iniciativas é o conde Armand de .\;/ l'vIelun, que foi a seguir um dos promotores da primeira lei urba- ....;,... ,,,,nística, durante a segunda República.~,--, ,-.rI, ' fI" >' ';'.)' '0 M me de CARON, Du LogemeJIl du I'auvre el de l'Ouvrier, 1845, )' IjJi pp. 393-402; H. ROMAIN, Des Clanes Oum'éres, 1847, pp. 747·762. ,( [.r'· \:",1/' ! r' Os socialistas tmlJlIlhallllll 110 IIIC;:SIIIUseltlidll, c;: as dCSCIlt.;i\O magoadas dos «Annales de Ia Charité» encontram-se pontualmente no relatório de Blanqui sobre as condições da classe operária fran- cesa em 1848". Os socialistas viam o prohlema de modo mais dou- trinal, esperando que uma nova organização econúmica resulvesse globalmente o problema dos alojamentos juntamente com os outros problemas sociais; por isso, O~ cat61icos, propensos li cOl\)idtrartlll as questões p0r partes, foram os mais decididos promotores das rdOrlllll'1 ti dlll 11Í'il iCII'l. No breve período de vida da segunda República, os estudus e as propostas elanor;]d;]'i no, dnis dccénins preccdcnl';, rivn;lln concretização numa lei precisamente por mérito de Armand de rvrellln e do irmiio AII:lfok, q1le em I!H') :lprc';cIII,," 11111:11""1',,',1:1 à Assembleia Nacional. ;\ proposta Melun passoIISlICC'i\ivarnente pelo crivo de ullla comissão parlamentar presidida por labordere, e de uma comissão III1~ilillr dll A';';("11Ihlrill pl(""ididll 1'''1 Hillll(,("Y-, ("';11', 11., IrI'II,,"" oFicial, apresentou a lei com cautela mas com firllléla. cuntra os previsíveis ataques da oposição: I(A matéria é delicada r J, o livre uso, a livre disponibilidade dos bens pertencentes ao cidadão exigem o resreitn mais ri,gornsn, rnis siio as hases primordiais tI;1 ordem sucia!J>. Toúavia, elll 1111111l:ruSOScasos «() dilTilu c;: u i,IICICY>C privado devem ceder perante o interessepúhlico». e exi'>tem já diversas limitações deste género ao direito de propriedade: é proi- hido vender alimentos estragados, Faler navegar 11m" ernhMc;I~'iill <:111I1lall estado. FSlil'. proil,it.;,·,c'; lI;ío clII I aqtll'ccllI " I" IIILI"I" de propriedade, mas al1tes o salvaguardam: «Nada justifica melhor a propriedade do qlJe a prr'lpria ;IIJI1l,ir!;Hk (1:J ),;;, Ijl/l; I"~; r';~',1:r e sanciona o exercíciOll;2. A lei foi atacada lia época pel1l'> li\'CI"is dc 11I1cl\. Lidcmolc'> dos «direitos do homem)), e pelo'> socialista'>, jú de,i1udido'i pelo Fa"l~nço do~ ulelíen fw,ílJnuux e Jesconliados de 4ual4un medida parCial de reforma. 1~llIlc os pllllc·,tll'> IlIai'> sigllilIC:;lil\o\, ICClll,LI-\C ill/lIl lIlIl <1/111>" na «Revue des Deux Mondes» escrito pelo ex-'>ainHiJTJoniano i\li- chel ChcvaJiern e um outro no jornal sociali'ita ala VOIX du P::uple,., " 1. A. BLANQUI. Ues ClaJl'eJ Uurrii:res en f'rance pendafll /'.~nnt'e 1848, Paris 1849 . n Cit. in J. HUGUENEY, L'n Cenlenaire Oublté.· Ia Premiere Lai Frflnçn;H' d'{Irh""; .•,,J'", 11 ri,' /1 vril 18')1}, in fI'.a Vir' Irhair ••·" 1')<;fl p 7 lfl () felal.'JI,q é ft'fH11lltllldlJ 111 ••Afllllt1t·" de LI (Il.lllle"". I/H'J, 1'11 1.'·,/1,. que antevia a sorte da~ famílias operarIas expulsas dos alojamentos insalubres e sem poderem arranjar outros melhores, acima das suas possibilidades, e por isso reduzidas a «procurarem um outro abrigo que ainda tenha escapado à polícia, ou então a dormir ao ar livre»". Durante o debate foram apresentadas e rejeitadas algumas J emendas de notável interesse: uma de Roussel, para alargar a bair- ros inteiros oS trabalhos de saneamento previstos, e uma de Wo- lowski, para tornar as administrações comunais aptas a construir novos alojamentos, em substituição uos velhos uemolidos. Uma última epidemia de cólera, em 1849, foi provavelmente o motivo determinante para que a lei fosse aprovada a 13 de Abril de 1850. O seu conteúdo é mais restrito do que o da lei inglesa, limitando-se a disciplinar as características uos alojamentos ue alu- guer e confiando a execução da lei a serviços comunais, não assis- tidos por um órgão central coordenador e dinamizador. O art. I estabelece: ((Em todas as comunas onde o Conselho Municipal o julgue necessário, nornear-se-á urna Comissão encar- regada de investigar e indicar as medidas indispensáveis ao arranjo dos alojamentos e dependências insalubres alugadas ou ocupadas por pessoa distinta do proprietário, do usufrutuário ou do utente». O art. 2 regulamenta a composição da Comissão, que deve com- preender um arquitecto e um médico, não necessariamente resi- dentes na comuna. Os artigos seguintes diferenciam as causas da insalubridade: se é devida ao proprietário, este é obrigado a exe- cutar ()~ trahalhos nece~súrios para a eiimin;)r, ';llh pena de indemni· zações que podem atingir o dobro da importância dos trabalhos. O art. 13, finalmente, determina: «Quando a insalubridade resulta de causas externas e permanentes, e quando estas causas não se " I' podem remover sem trabalhos de conjunto, a Comuna pode aduuirir, dLaçQLdo com as normas e modalidades da lei de 3 de Abril de 1841, a totalidade das propriedatles compreenditlas no perímetro dQL!.rllQª!t)0.s»7$. - N.este artigo reside toda a ifllporlilncia da lei. DifercnlcfJlcnlc do que acontecia em Inglater~a, em França exi~tia u.ma I~gislação eficiel1.te sobre a expropriação, baseatla na lei de 1841. - Estas disposições, pensadas para as obras -públicas, podem agora ser aplicadas ao saneamento dos bairros de habitação. ~ esta 7' 7 de Março de IR50; d. a re~p()<;la de A. de Melun nas actas parlamenlare1 cila<!a1 pele) .MIlllilclJr. " 1. HCGUENEY, op. cil., p. 246. lei que servirá a Haussmann para realizar a transformação radical da Paris nos vinte anos seguintes, uproveitullllo-se ue UIllU I:IIlt:nua de 23 de Maio de 1852, que permite a expropriação não apenas através de uma lei, mas também de uma deliberação do poder executivo.
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