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Fatos Jurídicos II

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Fatos Jurídicos II
SIMULAÇÃO nulidade absoluta
Aqui celebra-se um NJ aparentemente normal, mas que não pretende atingir o efeito que, juridicamente, deveria produzir. Duas ou mais partes se unem para enganar um terceiro.
=/= FCC : vontade expressa de obter os efeitos daquele NJ;
=/= Dolo: Uma parte é enganada – vício da vontade;
Simulação pode ser:
A – Absoluta: não gera efeito jurídico algum na realidade; Apenas uma aparência; Ex: compra e venda irreal para evitar a perda na divisão dos bens de um divórcio; 
B – Relativa: gera efeitos jurídicos diferentes na realidade; Dissimulação; Encobre outro NJ; Aqui o NJ é nulo, mas o que foi dissimulado é válido se houver legalidade na forma e substância; Ex: no papel comodato, na realidade aluguel: é válido para o direito o NJ de locação. Art. 167, parágrafo 1º. 
#Atenção:
Sendo a Simulação causa de nulidade absoluta, ela pode ser alegada por uma das partes contra a outra. 
Questões especiais
#Contrato Vaca-Papel: patologia; empréstimo financeiro com juros abusivos disfarçado de parceria pecuária, que consiste em um proprietário de gado arrendando para um tratador por um determinado período de tempo visando um aumento significativo das cabeças ou recompensa financeira da diferença.
#Reserva Mental: agente resguarda em seu íntimo o propósito de não cumprir uma obrigação. Divide a doutrina: 
Moreira Alves; Se a outra parte toma conhecimento da reserva o negócio torna-se inexistente; art. 110 – “existe”;
Pablo Stolze; se a outra parte toma conhecimento o negócio pode ser invalidado (dolo ou simulação);
EFICÁCIA
Quando os negócios jurídicos surtirão efeito?
Elementos acidentais: subordina a eficácia do NJ a determinado acontecimento; não são obrigatórios; 
CONDIÇÃO
- Acontecimento futuro e incerto; art. 121
*Morte só pode ser condição se tiver incerteza quanto ao seu momento ou forma. (especificar)
A. Suspensiva – Suspende a eficácia até o evento; Inicia os efeitos;
B. Resolutiva – Resolve-se no evento; Termina os efeitos;
*Segundo o art. 125, CC, se o NJ tiver condição suspensiva enquanto essa não se verificar, não existirá obrigações e direitos, não há direito adquirido, nenhuma das partes está obrigada a fazer algo. Há uma expectativa de direito. Já na resolutiva, o NJ já tem eficácia, logo o direito por ele estabelecido pode ser exigido. 
Condições permitidas/proibidas pela legislação art. 123, 124
- Condição suspensiva fisicamente impossível – NJ inválido
- Condição suspensiva juridicamente impossível – NJ inválido
- Condição resolutiva fisicamente impossível – Válido por prazo indeterminado; Condição tida como inexistente;
- Condição resolutiva juridicamente impossível – Válido por prazo indeterminado; Condição tida como inexistente;
*Segundo o art. 123, inciso I, as condições suspensivas física ou juridicamente impossíveis, se presentes invalidam todo o NJ. “Quando você for a Lua”, etc. No entanto, as condições resolutivas fisicamente ou juridicamente impossíveis são tidas como inexistentes e se fizerem parte de um NJ não o invalidam, art. 124, exemplo “te empresto a casa até você tocar a Lua.”
- Condição suspensiva ou resolutiva ilícita ou de fazer algo ilícito – NJ inválido
*Segundo o art. 123, inciso II, as condições suspensivas ou resolutivas ilícitas sempre invalidam o NJ por completo. 
Qual a diferença entre condição ilícita e juridicamente impossível?
Cesar Fiúza diz que não há diferença. Para ele, juridicamente impossível é algo contra à lei, portanto ilícito. Flávio Monteiro de Barros diz que há diferença, pois o próprio legislador assim o fez. Dessa forma, a condição ilícita é a que contraria a lei, mas é possível de realização, como matar ou roubar alguém. As condições juridicamente impossíveis contrariam a lei e são insuscetíveis de realização. Ex: emancipação voluntária de filho de 12 anos.
- Condição contraditória/perplexa ou incompreensível – NJ inválido
*Segundo o art. 123, inciso III, as condições suspensivas ou resolutivas incompreensíveis ou contraditórias invalidam o NJ por completo. Condição perplexa é a contraditória, que gera efeitos trancados, exemplo, contrato de locação com a condição de ninguém residir lá.
- Condição puramente potestativa – NJ inválido
*Segundo o art. 122, parte final, é proibida a condição que privar de todo efeito o negócio jurídico (perplexa) – efeitos trancados. Também é proibida a condição que se sujeitar ao puro arbítrio, a pura vontade, ao puro desejo de uma das partes. Esta é a chamada puramente potestativa. Ela vem do exclusivo capricho de uma das partes sem qualquer interferência externa. “Se eu entender conveniente.”
- Condição promiscua – Válida, porém ineficaz
Qual a natureza jurídica da condição promiscua?
É uma condição que nasce lícita, legal, mas um fato superveniente impede a parte de cumpri-la. “Neymar ganhará bônus se fizer 100% das partidas do PSG, uma fratura no pé o impediu de cumprir a condição. A promiscua é válida, perdendo apenas a eficácia.”
- Condições lícitas
*São lícitas todas as condições não contrárias a lei, a ordem pública ou aos bons costumes. Segundo a maioria da doutrina, a condição deve respeitar o princípio constitucional da dignidade da pessoa humana. Por mais que haja a opção de realizar ou não a condição, cláusulas que objetificam o ser humano devem ser afastadas. Segundo a maioria da doutrina uma pessoa não tem autonomia para rejeitar a proteção à dignidade. Todos são merecedores de respeito por parte da sociedade e do Estado.
O ordenamento jurídico brasileiro admite situações puramente potestativas?
Excepcionalmente isso pode acontecer. Art. 49, CDC. Direito de arrependimento em 7 dias, quando a contratação ocorrer fora do estabelecimento comercial.
Segundo o art. 126 e 130, se alguém se comprometer sob condição suspensiva e fizer novas disposições sobre o objeto, estas não terão valor, uma vez realizada a condição, se forem incompatíveis. Além disso, o titular do direito eventual pode praticar atos de conservação.
#Atenção Segundo o art. 129, CC, considera-se verificada quanto aos efeitos jurídicos, a condição cujo implemento for maliciosamente obstado pela parte a quem desfavorecer. Caso Pequena Sereia – Ariel.
TERMO
- Subordina ao evento futuro e certo; exemplo: fixação no tempo, morte;
- Termo Inicial: (suspensivo) a eficácia começa no evento;
- Termo Final: tem eficácia até o evento;
#Atenção
Na condição suspensiva enquanto o evento futuro e incerto não ocorre, não há direito adquirido e, portanto, não se pode exercê-lo. Já no termo inicial, art. 131, da assinatura do NJ há o direito adquirido, mas o exercício fica suspenso até que o termo inicial ocorra.
#Atenção: Prazos
- Processual: lapso temporal que se refere a atos processuais/jurisdicionais; Art. 219, CPC; Dias uteis, exclui-se o início;
- Material: lapso temporal referente ao Direito Material; Art. 132, CC; dias corridos, exclui-se o começo e inclui-se o vencimento; 
 *Se o dia do vencimento cair em feriado, considera-se prorrogado até o dia útil seguinte. Sábado é feriado para efeitos forenses e a Lei 4178/62 faz o mesmo para estabelecimento de crédito. Se do objeto do contrato perceber-se que o profissional usa o sábado como dia útil, este deverá prevalecer.
 *Meado: art. 132, parágrafo segundo, é o 15º dia do mês. 
 *Prazos de meses e anos terminam no dia de igual número do início ou no imediato seguinte se não houver exata correspondência (ano bissexto). Prazos fixados por hora contam-se minuto a minuto.
ENCARGO
Presente somente nos negócios gratuitos. Limita a liberalidade estabelecendo uma obrigação. Não é contraprestação! 
Não suspende a aquisição, nem o exercício do direito. Caso não cumprida a obrigação, a outra parte poderá revogar a doação ou entrar com ação de execução do encargo. Art. 153 e 155, CC. Assim o Modo/Encargo é coercitivo, pois pode-se exigir judicialmente seu cumprimento.
Encargo ilícito ou impossível é considerado não escrito, salvo se for determinante, aí sim invalidará todo o NJ. (Doar casa para criaçãode prostíbulo)
Teoria da Invalidade do Negócio Jurídico
Nulidade Absoluta: defeito ofende preceitos de ordem pública que interessam a sociedade, ou seja, há um interesse além do individual para que a ofensa não ganhe força.
Anulabilidade: defeito ofende normas com predomínio no interesse particular.
	 
Teoria da Invalidade
	
Nulo
Nulidade absoluta
	
Anulabilidade
Nulidade relativa
	
Quem pode alegar
	Qualquer interessado ou o juiz de ofício
	
As partes envolvidas
	
Ratificação
	
Impossível
	
Possível
	
Prescrição/Decadência
	
Não se aplica
	
Se aplica
	
Retroatividade
	
Sim, efeito ex tunc
	
Sim, efeito ex tunc
	
Casos
	
Art. 166
	
Art. 108 e leis pelo Código
São absolutamente nulos os atos que ofendem preceitos de ordem pública, que interessam a sociedade, ou seja, há um interesse maior do que o individual para que a ofensa não ganhe força. Já os relativamente nulos, ou anuláveis, são aqueles que ofendem normas com predomínio no interesse particular.
O ato jurídico nulo ou anulável está sujeito a prescrição ou decadência?
Segundo Pablo Stolze, embora seja imprescritível o reconhecimento da nulidade absoluta, seus efeitos patrimoniais irão prescrever nos prazos legais. Se uma pessoa pedir a nulidade absoluta de um contrato e conjuntamente perdas e danos, este efeito patrimonial prescreve nos prazos da lei.
Princípio da Conservação e Aproveitamento do Negócio Jurídico
Não é confirmação, mas sim tentar fazer valer a vontade das partes de duas possíveis formas:
- Redução do NJ: Art. 184; A invalidade pode ser total ou parcial. Se ela se limitar a algumas cláusulas que não incidem sobre o núcleo do NJ, o juiz poderá excluí-las, reduzindo o NJ. Ex: foro de eleição abusivo.
- Conversão do NJ inválido: Aproveita-se o NJ inválido se ele contiver os requisitos de outro. Aproveitam-se os elementos materiais do NJ nulo ou anulável convertendo o em outro NJ para fins lícitos. Ex: compra e venda de imóvel acima de 30 salários mínimos sem escritura converte-se em promessa de compra e venda.
	
	
Prescrição
	
Decadência
	
Critério legal
	
Art. 205, 206, CC
	
Demais
	
Critério científico
	Direito prestacional;
Prestação;
Pretensão = poder coercitivo
	Direito potestativo;
Desconstruir relação jurídica;
	
Tipos
	
Prescrição legal; art. 192
	- legais (lei)
- convencionais (acordo entre as partes)
	
Renúncia
	É possível, uma vez consumada a prescrição;
	- legais: Não cabe;
- convencionais: Sim;
	
Juiz reconhece de ofício
	
SIM art. 332, CPC
	
- legais: SIM
- convencionais: NÃO
	
Momento Processual
	
Qualquer momento; art. 193
	
Qualquer momento; art. 211
	
Regime de Suspensão e Interrupção
	
SIM art: 197, 198, 199, 202;
	
NÃO art. 207
O exercício do direito não pode ficar pendente indefinidamente, deve ser exercido em um determinado prazo. Se fosse possível exercê-lo quando quisesse haveria instabilidade social. Assim, o fundamento é a pacificação da sociedade. Pode parecer injusto porque quem deve tem que assumir suas obrigações, no entanto, se não tivesse um prazo toda pessoa teria que guardar indefinidamente todos os documentos dos NJ realizados em sua vida, bem como das gerações anteriores. O direito não socorre aos que dormem “dormientibus non sucurrit jus”. Os atos devem ser praticados dentro dos prazos legais.
O primeiro critério diferenciador dos dois institutos é o legal. Os prazos prescricionais estão nos artigos 205 e 206. Exemplo: Hotel e hospede inadimplente, prazo um ano; Prestações alimentares: 2 anos; Aluguéis: 3 anos. A decadência está nos demais artigos do Código, exemplo: artigos 178, 504, etc.
Segundo o critério científico, de Agnello amorim Filho, a prescrição está relacionada a um direito prescricional. A prescrição não ataca a ação. O direito de ação é aquele que todos têm de pedir ao Estado uma solução que ponha fim ao litígio. A prescrição ataca, neutraliza a pretensão, art. 198. Pretensão é o direito conferido a alguém de usar o poder coercitivo, poder de força, do Estado para o cumprimento de um dever jurídico prestacional. A prestação é o bem da vida que alguém se comprometeu a dar ou fazer, exemple: pagar um dinheiro, construir um muro, pagar o aluguel, são as ações condenatórias. 
A decadência está ligada a um direito potestativo, que não tem um conteúdo prestacional imediato. Direito potestativo é o poder de uma pessoa de interferir na esfera jurídica de terceiro, alterando a situação do direito, art. 49, CDC; art. 504, 178, 1815, CC; são ações constitutivas, positivas ou negativas. 
Quanto aos tipos existentes, os prazos prescricionais são sempre legais, não podendo ser modificados pela vontade das partes, art. 192. Já os prazos decadenciais, podem estar fixados em lei ou podem ser convencionais, estabelecidos pela vontade das partes em um NJ.
É possível renunciar a prescrição, art. 191, desde que ela esteja consumada e sem prejudicar terceiros. Já a decadência legal, não pode ser renunciada, art. 209. Mas a convencional sim, pois foi constituída pela vontade das partes. 
A prescrição pode ser reconhecida por juiz de ofício, em nome da pacificação social. 
#Atenção: Segundo o parágrafo 1º do art. 332, CPC/16, o juiz pode liminarmente declarar a prescrição sem ouvir a parte contrária. Essa conduta deve ser vista com ressalvas. É importante que o juiz abra prazo para a outra parte se manifestar sobre a eventual renúncia da prescrição. Se isso não for feito, o autor deverá apelar para ter garantida a manifestação do réu. 
Na decadência legal o juiz pode reconhecer de ofícios, art. 120. Já a convencional, não, art. 211.
No que se refere ao momento processual, tanto a prescrição quanto a decadência podem ser alegadas em qualquer grau de jurisdição, art. 193 e 211.
O prazo prescricional está sujeito a suspensão ou interrupção. Na suspensão, quando o fato ocorre, o prazo para, voltando a fluir de onde parou, quando o fato suspensivo deixar de existir. É devolvido ao interessado o prazo pelo tempo que faltava para seu término. A prescrição é suspensa quando:
1- Houver sociedade conjugal, art. 197, I;
2- entre ascendentes e descendentes, quando houver poder familiar e durante tutela ou curatela, art. 197, II e III;
#Atenção: Segundo o art. 198, a prescrição não correrá contra o menor de 16 anos. Não correrá prescrição que desfavoreça o absolutamente incapaz. Também não correrá a prescrição que: desfavoreça os ausentes do país em serviço da UEM, União, Estados e Municípios; contra os que servirem nas forças armadas em tempo de guerra. Art. 198, I, II, III.
Segundo o art. 199, também não correrá prescrição enquanto estiver pendente condição suspensiva, quando o prazo ainda não venceu e estiver pendente a ação de evicção. 
Isso não se confunde com a interrupção da prescrição, quando o fato interruptivo acontecer o prazo para de correr. Quando esse fato não mais existir, o prazo é retomado do início, zerado, correndo de forma integral. Só cabe uma vez em uma relação jurídica.
Segundo o art. 202, CC, a interrupção da prescrição, que somente poderá ocorrer uma vez, acontecerá:
1- Quando houver despacho do juiz, ainda que incompetente, que ordenar a citação, se o interessado promover no prazo e na forma da lei processual. Segundo o art. 240, parágrafo 1º, CPC, o despacho que ordena a citação retroagirá a data da propositura.
2- Quando o interessado entrar em juízo com o protesto judicial, interrompendo nas mesmas condições do item anterior.
3- Quando ocorrer o protesto cambial. Esse protesto é feito em cartório extra-judicial e tem o intuito de provar publicamente o atraso do devedor. Se houver o protesto uma relação jurídica e depois uma ação judicial, o protesto, por vir primeiro, interrompe a prescrição, e a ação subsequente suspende a prescrição pelo art. 199, inciso I.
4- Quando houver apresentação do título de crédito em juízo de inventário ou concurso de credores.
5- Quando houver qualquer ato judicial que constitua o devedor em atraso.6- Confissão de dívida. Quando houver qualquer ato inequívoco, ainda que extra-judicial que reconheça o direito do credor, feito pelo devedor.
#Atenção: a regra legal diz que os prazos decadenciais não interrompem, nem suspendem. Art. 207. Salvo disposição do art. 208.
Ato ilícito
O homem é um ser social, não vive isolado, mas em sociedade. Para que essa vida seja bem-sucedida, é necessário respeitar uma série de regras. Se você não respeita a ordem jurídica, você comete ato ilícito, um ato antijurídico, contra o direito, não necessariamente contra a lei, mas contra norma contratual, convenção de condomínio, etc. Se esse ato ilícito causar um dano, o agente pode ser responsabilizado, chamado a indenizar.
Uma pessoa pode ser responsabilizada mais de uma vez pelo menos fato. Um mesmo comportamento pode deflagrar mais de uma responsabilidade jurídica, em diferentes esferas, como penal, civil e administrativa. 
Existem duas formas de responsabilidade civil:
1- Contratual: O comportamento do agente viola uma norma contratual pré-estabelecida. Há um relacionamento prévio entre as partes.
2- Extra-contratual: Também conhecida por Aquiliana. O comportamento do agente fere diretamente a norma legal pré-existente. Não há contrato entre as partes, há um dever de conduta estabelecido pelos art. 186, 187 e 927.
O primeiro artigo da responsabilidade aquiliana traduz um ato ilícito subjetivo, ou seja, para que haja ato ilícito pelo 186, é preciso comprovar o dolo ou a culpa (negligência, omissão a um cuidado; imprudência, o agir precipitado e imperícia, falta de cuidado profissional). Assim, segundo o 186, se o agente age com dolo ou culpa, viola direito e causa dano, ainda que somente moral, comete ato ilícito.
#Atenção: O dolo e a culpa não são elementos essenciais a responsabilidade aquiliana. Isso porque além do 186, faz parte do regime os artigos 187 e 927, que consagram uma responsabilidade objetiva. Nesses dispositivos não se analisa dolo ou culpa, segundo o 187, também comete ato ilícito o titular do direito que excede os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, ou pela boa-fé e bons costumes. Aqui o ato nasceu lícito e torna-se ilícito pelo seu exercício anormal, irregular. O critério é objetivo, finalístico. Há um abuso do direito. Não se exigindo a prova do dolo ou culpa. 
No entanto, é importante mencionar os excludentes de ilicitude, que não são atos ilícitos:
1- Os praticados em legítima defesa, que tem por objetivo afastar moderadamente uma agressão injusta.
2- Os atos praticados no exercício regular de um direito reconhecido. Segundo o artigo 9º da lei 8697/93 que alterou a moeda nacional, ninguém será obrigado a receber em qualquer pagamento, moeda metálica em montante superior a cem vezes o respectivo valor de face. Atenção: o depósito em conta corrente não se sujeita a esse limite.
3- Também não é ato ilícito, a deterioração ou destruição da coisa alheia, ou lesão a pessoa, afim de remover perigo iminente. Este ato só será lícito, se for absolutamente necessário, não excedendo os limites do indispensável para remoção do perigo. Atenção: se a pessoa lesada não for responsável pelo perigo, haverá direito a indenização pelo prejuízo sofrido. No entanto, o autor do dano, mesmo praticando ato lícito, terá que ressarcir o lesado e depois terá direito a ação regressiva contras o terceiro para reaver a importância paga se a culpa for de terceiro.

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