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movimentos sociais e politicas sociais no cenário brasileiro

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SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................
2. DESENVOLVIMENTO ............................................................................................
2.1 MOVIMENTOS SOCIAIS E POLÍTICAS SOCIAIS NO CENÁRIO BRASILEIRO 2.2 POLÍTICA SETORIAL DE PÚBLICO LÉSBICA, GAY, BISSEXUAL, TRAVESTI, TRANSEXUAL E TRANSGÊNERO - LGBTTT .............................................................
3. CONCLUSÃO ...........................................................................................................
4. REFERÊNCIAS ........................................................................................................
1 - INTRODUÇÃO 
 Os movimentos sociais são característicos de uma sociedade plural, em que os indivíduos, de forma organizada, em busca de representação ativa de seus anseios agem de modo a produzir uma reação direta ou indireta no Estado. Para isso diversas formas de ações coletivas são utilizadas como marchas, passeatas, denuncias, etc. 
O cenário brasileiro é caracterizado por várias lutas pela liberdade e democracia e resistências realizadas contra governos autoritários. Os movimentos sociais no Brasil têm uma trajetória de amplas conquistas. Mas, ao resgatarmos a história das conquistas dos direitos sociais podemos perceber que se faz necessário que os atores envolvidos – estudantes, profissionais, usuários – tenham melhor e maior conhecimento e criticidade acerca desta temática.
Sabemos que a implantação das políticas sociais esta intrinsicamente relacionada a necessidade provocada pelo processo de exclusão do sistema capitalista, pela intervenção do Estado e pela capacidade de organização e pressão da classe trabalhadora. E essa capacidade da classe operária, dos trabalhadores e das suas organizações, com particular destaque para o movimento sindical, continuam a ser uma força social determinante, não só na defesa dos interesses dos trabalhadores, mas das massas populares do país, na resistência à política neoliberal, e cotidianamente confirmam-se, pela sua ação e pelos seus valores, como elementos essenciais na defesa do regime democrático.
A classe trabalhadora, por sua experiência no processo de lutas e organizações está no centro da força dinamizadora e mobilizadora das lutas de classes contra o capital e a política econômica neoliberal. Para que as conquistas sociais fossem incorporadas no rol das políticas sociais, as lutas de classes foram e são de suma importâncias, assim quando a demanda é acionada pelo Estado, os sujeitos envolvidos se reconhecem representados nela. Entretanto, temos que considerar a realidade atual, que consiste em uma fragilização e precarização das lutas e dos movimentos sociais frente à crise capitalista, dando espaço cada vez mais para que o projeto neoliberal estabeleça reformas estruturais.
2 – DESENVOLVIMENTO 
2.1 – MOVIMENTOS SOCIAIS E POLÍTICA SOCIAIS NO BRASIL
É uma atribuição do Estado criar diversas políticas para atender a sociedade, sendo que todas as políticas são públicas cabendo ao Estado a função de defini-las e regulamentá-las. Sendo que a Política Social é a política da área social, regulamentada pelo Art.6º da Constituição Federal de 1988, que tem como função o bem-estar da sociedade através das ações do poder político. O Conselho de Políticas Públicas fortifica e materializa a participação social da sociedade civil, tornando-se um amparo para que a classe menor colabore de forma efetiva na implantação e implantação de políticas públicas que atendam às necessidades destes grupos sociais.
Behring e Boschetti (2006) conceituam a política social como a expressão das relações e reprodução social no capitalismo; e também como a resposta dos trabalhadores da sociedade e do Estado, ou seja, é o resultado da luta de classes. Contudo, podemos afirmar que não existem políticas sociais sem luta de classes. Assim, a consciência política e social da sociedade nasce a partir do conflito entre capital e trabalho, e através da organização e representações dos trabalhadores por meio das cooperativas e sindicatos que surgem a luta pelas ações de políticas sociais e a busca da responsabilidade pública. O surgimento dos movimentos sociais está intrinsicamente relacionado ao conflito de classes provenientes do sistema capitalista, é dessa relação de interesses contraditórios que surgem às greves, as manifestações populares, as organizações sociais, as mobilizações com a perspectiva de enfrentamento da exploração e da opressão social buscando uma transformação da realidade social e da forma de se viver em sociedade.
Os Movimentos Sociais podem ser definidos por objetivar ações coletivas, no cotidiano, organizadas com funções e valores ideológicos na busca de alcançar mudanças sociais por meio da luta política. O surgimento de um movimento social possui diversos motivos, mas em geral, é fruto da insatisfação popular frente a má gestão dos líderes políticos eleitos pelo povo, que encontram nos movimentos sociais uma forma de materializarem o enfrentamento em ações efetivas como passeatas, ocupações, marchas, notas e cartas coletivas entre outras.
É com uma vigorosa capacidade de mobilização que “[...] os sindicatos, as ONGs, e os diversos movimentos de luta conquistaram importantes direitos de cidadania ao longo da história brasileira” (LAMBERTUCCI, 2009, p. 82).
 O cenário brasileiro dos movimentos sociais demonstra as expressões das organizações e manifestações da sociedade civil, agindo de forma coletiva como resistência a exclusões de determinada classe social. O século XIX caracteriza-se como o período em que os movimentos sociais surgem no Brasil como fenômenos sociais abrangentes. Os movimentos sociais iniciais, mesmos que sem amplas implicações, foram de grande importância para a construção da cidadania sociopolítica do Brasil, apesar que esses movimentos não foram capazes de apresentarem uma base política-ideológica e uma classe social que delimitasse suas ações. Na segunda parte do século XIX, surgiram os movimentos ligados à escravidão, os mesmos não tiveram a visibilidade necessária sendo impedidos e bloqueados pelos movimentos nativistas do período, mas mesmos assim, não deixaram de registrar diversos movimentos e lutas sociais. Entre eles: Zumbi dos Palmares (1630-1695), A Revolução Pernambucana (1817), A Balaiada (1830-1841) no Maranhão, A Cabanagem (1835) no Pará, A Sabinada (1838) na Bahia, entre outros. Mesmo que não organizados, os movimentos sociais neste período tiveram uma história expressiva e de resistência. 
 No início do século XX houve uma transformação da questão social com o advento da República e com a mudança da mão-de-obra escrava para assalariada, quase que em sua totalidade de imigrantes. A acumulação capitalista deixa de ser através das atividades de exportação e agrárias, focando-se no fortalecimento do mercado de trabalho, da economia de mercado, do pólo industrial. Assim, originou-se as organizações de luta e resistência dos trabalhadores expressas em ligas, uniões, associações, etc. Nas duas primeiras décadas do século XX ocorreram revoltas da população protestando contra as políticas locais e os serviços urbanos. Com a classe operaria morando em vilas construídas pelas fabricas (uma forma de controlar o preço da mão-de-obra) ou nos cortiços e favelas, inúmeras greves e revoltas ocorreram como reivindicações por melhores condições, pois as moradias era retrato das condições de trabalho.
Nos anos 20 surgiram diversas lutas e movimentos que se espalharam por vários pontos do Brasil, como revoltas de militares, movimentos messiânicos, dos cangaceiros e das camadas média da população. Esse processo revolucionário em curso no país vinha exigindo uma recomposição do quadroeconômico, social e político nacional de forma dinâmica, sendo que a repressão policial já não se mostrava mais eficaz para conter os avanços do movimento operário. A luta pela sobrevivência, pelo trabalho, pela liberdade levou a classe trabalhadora a progredir em seu processo como organização levando a um inegável amadurecimento político dos movimentos deste período, o que despertou grande apreensão por parte da burguesia e do Estado. A classe dominante procurava conceber estratégias com força disciplinadora e desmobilizadora, porém o movimento já não se permitia mais recuos, a luta de classes se infligia com uma realidade marcado por uma tensão permanente. 
A República Velha teve seu fim com o movimento político-militar de 1930. Enquanto o Brasil se reestruturava e organizava a política de Estado, sob os prelúdios da Nova República. Ocorreram diversos movimentos sociais, entre os quais: Movimento dos Pioneiros da Educação (1931), A Marcha Contra Fome (1931), Aliança Libertadora Nacional (1935), etc. A resposta na busca de neutralizar e garantir a ordem social se traduziu em práticas assistenciais desenvolvidas nos vários Estados brasileiros, ao longo dos anos de 1930 e 1940, através de eventuais benefícios concedidos aos trabalhadores que ocultavam as intenções reais subjacentes, que eram de controlar tais movimentos abafando assim o nível de tensão da sociedade que atingia seu ápice em setores diversificados, expressando através de paralisações, greves, manifestações coletiva. O Estado aproveitou e tratou de absorver a pressão dos movimentos com a criação de organismos normalizadores e disciplinadores das relações de trabalho, surgem então o Ministério do Trabalho, Industria e Comércio em 1930 e as Juntas de Conciliação de Julgamento em 1932, praticamente anulando as lutas dos trabalhadores, por uma pratica de sindicalismo oficializado controlado pelo Estado.
Os movimentos operários buscavam a conquista de melhores condições de trabalho e de garantias sociais. Como resultado de suas ações, com a crise do modelo liberal e a necessidade de se criar uma nova forma de pensar o direito de modo que ele se adeque às novas relações construídas pelo capitalismo industrial, surgem, então, três expoentes legais, sendo eles: a Consolidação das Leis Trabalhistas, a Justiça do Trabalho e a Lei de Interpretação do Código Civil. Cada uma dessas três entidades tinha um propósito em um campo característico: a CLT agrupava as principais leis que regiam as relações entre empregadores e empregados, em um âmbito mais concreto; a Justiça do Trabalho funcionava como o intuito de fazer com que o que estava previsto na CLT fosse cumprido, resolvendo os conflitos de modo a não deixar com que a parte empregadora recebesse vantagem sobre os trabalhadores; e a Lei de Interpretação do Código Civil assumia a intenção de modificar a maneira que os juristas aplicavam, interpretavam e entendiam as leis, de modo a promover uma revolução no pensamento jurídico em prol dos trabalhadores, considerando a questão social, o bem comum e os fins sociais da lei. Todos esses aparatos jurídicos contribuem para uma formação da cidadania operária em vista da promoção de direitos sociais e políticos. 
Nos anos de 1945 a 1964 surgiram centenas de greves no país, criaram dois movimentos que são considerados os antecessores do atual Sem-Terra: as Ligas Camponesas do Nordeste e o Movimentos dos Agricultores Sem-Terra (MASTER). Mesmo com o desenvolvimento significativo de diversos movimentos sociais e lutas de classe, o Golpe Militar de Estado de 1964, desarticulou e fragilizou os movimentos colocando fim no ciclo de mobilizações e articulações no cenário brasileiro. Foram algumas tentativas de organizações no meio industrial, destacando-se a organização estudantil, influenciada pela conjuntura internacional.
 Mas a partir da década de 1970, os movimentos sociais no Brasil passaram a se intensificar, com fortes movimentos de oposição à ditadura militar que se encontrava em vigor e ao autoritarismo estatal. Sobre o papel dos movimentos sociais, neste contexto, Gohn (2011, p. 23) pondera o quanto é inegável “que os movimentos sociais dos anos 1970/1980, no Brasil, contribuíram decisivamente, via demandas e pressões organizadas, para a conquista de vários direitos sociais, que foram inscritos em leis na nova Constituição Federal de 1988”. Os movimentos de contestação e oposição ao regime militar tinha um propósito bem claro: defesa dos valores do Estado democrático e crítica a toda forma de autoritarismo estatal. O que levou o governo militar a responder duramente no sentido de conter tais manifestações e representações sociais, com repressão, tortura e violência alcançando a culminância com o AI-5 (Ato Institucional número 5), que vigorou de 1968 a 1979.
Em 1974, com a crise do petróleo e do chamado Milagre Econômico brasileiro, os movimentos sociais, organizados nas Comunidades Eclesiais de Base, consolidadas na Teoria da Libertação, ganham espaço. Nesse contexto, retoma-se os movimentos dos trabalhadores, há o surgimento da Central Única dos Trabalhadores (CUT) e da Confederação Geral dos Trabalhadores (CGT), as forças populares começam a definir os blocos de força através da luta popular, do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs) e de inúmeras entidades e partidos políticos, como o então recém-nascido Partido dos Trabalhadores – PT, registrando um grande desenvolvimento sociopolítico. 
O esgotamento do modelo vigente colocou fim na Ditadura Militar e o que entrou em pauta no cenário brasileiro foram as disputas de projetos econômicos ao longo da década de 1980, tendo como foco a redefinição das atribuições do Estado. Os movimentos sociais e mobilizações desencadearam greves gerais. E em 1984, ocorre um marco da história sociopolítica do país que rompia com as diferenças geográficas do país: as Diretas Já - o maior movimento brasileiro em prol da cidadania, um movimento popular pela redemocratização, pelas eleições diretas para presidente. O país se mobiliza por uma nova Constituição Federal, os movimentos que surgem ao longo da história sociopolítica conseguem participar de leis, transformadas em direitos, verdadeiras conquistas para trabalhadores, menores, mulheres, negros, índios, cidadãos até então considerados de “segunda categoria”.
Os movimentos sociais tiveram um desempenho fundamental na articulação das demandas coletivas, para constar no corpo do novo projeto de Constituição Federal, como O Movimento Nacional dos Meninos e Meninas de Rua, em parceria com as Caritas Paroquiais e as CEBs, para garantir que crianças e adolescentes fossem prioridades nas politicas sociais.
Foi elaborada uma Assembleia Constituinte composta por deputados e senadores, eleitos democraticamente para construção dessa Nova Constituição, sendo que o trabalho participativo desta assembleia foi concluído em 20 meses e teve o alcance expressivo em varia áreas e permitiu o avanço em áreas elementares como saúde, previdência social e assistência social.
A Constituição Federal de 1988, também conhecida como Constituição Cidadã, concebeu um novo panorama ao sistema de proteção social brasileiro, ao menos ao que se referia à legislação vigente, pois adotava um conjunto amplo de direitos sociais – e, ao mesmo tempo, estabelecia o conceito de seguridade social como conjunto integrado de ações destinadas a assegurar os direitos relativos à previdência, à assistência social e à saúde, com universalidade de atendimento e de cobertura. No entanto, a implementação e implantação desse novo modelo foi dificultada pelos desafios atribuídos pelo cenário internacional e, sobretudo, pela conjuntura interna da política economia brasileira.
Nos anos de 1990, o Brasil foi atingido pela crise do capitalismo internacional e mesmo afincado os direitos sociais na Constituição, novas fragilidades tomaram conta dos movimentos sociais. 
O ano de 2000 marca a retomada dos movimentos sociais à cena política nacional, apesar dequase uma década de desmobilização desses movimentos populares urbanos, existe um lento retorno através de outras bases, aliado a experiência adquirida via participação nos conselhos, fóruns e outros contornos mais ou menos institucionalizados de participação. O Brasil é um país com um grande histórico de movimentos sociais, ligados ao desejo de democracia, aos direitos civis, sociais e econômicos.
Houve transformações na conjuntura política, social e economia e na forma de interpretar os movimentos sociais e a sociedade brasileira. Os movimentos sociais, no que tange ao campo dos problemas sociais continua amplo, mas criasse uma entrada no universo da economia, da cultura, das relações políticas, dos valores religiosos, etc., alterando as estruturas das associações representativas da sociedade civil brasileira e suas relações com o Estado.
No Brasil atual, de um lado, passou a prevalecer segundo Gohn “um certo modismo, que tenta se desvencilhar de imagens movimentalistas dos anos 80 e construir novas representações sobre ações civis, tidas como ativas e propositivas”, operando como formas atuais e modernas de ação coletiva. De outro lado, a medida que o cenário da questão social se transforma, entram em cena novos atores sociais, como as ONGs e as Entidades do Terceiro Setor, assim as políticas sociais ganham destaque na organização dos grupos sociais. A consequência é que a sociedade organizada passa a nortear suas ações coletivas e associações por outros eixos, focalizando cada vez menos nas conjecturas ideológicas e políticas – algo predominantemente dos movimentos dos anos 70 e 80. Dessas articulações surgem as redes temáticas e sociais organizadas segundo questões ecológicas e socioambientais, gênero, religiosa, idade, gênero, raça, cor, habilidades, etc., além de fóruns, câmaras, conselhos, etc., compondo o novo cenário associativo brasileiro, sendo que o papel dessas redes associativas é de conquistar o melhor resultado.
2.2 - POLÍTICA SETORIAL DE PÚBLICO LÉSBICA, GAY, BISSEXUAL, TRAVESTI, TRANSEXUAL E TRANSGÊNERO - LGBTT
A Constituição Federal de 1988, conhecida mundialmente como Constituição Cidadã, estabeleceu diretrizes e princípios para as políticas sociais, assim como parâmetros para elaboração das diferentes politicas setoriais. 
As políticas sociais de atenção a grupos minoritários da sociedade brasileira são muito recentes e trazem consigo uma história de lutas e mobilizações social. Quando nos referimos as políticas setoriais para o público lésbica, gay, bissexual, travesti, transexual e transgênero - LGBTTT, falamos de políticas para grupos minoritários em nossa sociedade, o que requer do Estado o reconhecimento de situações que os expõem ao abuso, à exclusão ou à discriminação.
No cenário brasileiro são várias as formas de violência e violação de direitos que possibilita a exposição da população lésbica, gay, bissexual, travesti, transexual e transgênico – LGBTTT- por motivos relacionados à orientação sexual e a identidade de gênero. Debater a questão dos direitos e das políticas públicas para a população LGBTTT implica necessariamente em mudanças no que tange aos costumes, a moral e os padrões sexuais estipulados e enraizados historicamente na sociedade brasileira. 
Com a negação da cidadania para essa determinada parte da população e os problemas enfrentados cotidianamente, os diferentes rituais de abusos e discriminações vão se agravando e tomando dimensões como ódio, exclusão e até homicídio. Além dessas situações ainda sofrem, na maioria dos casos, com a falta de apoio e até o abandono das famílias. Nesse contexto, existe por parte das Organizações das Nações Unidas, do qual o Brasil faz parte, e dos movimentos sociais dos grupos LGBTTT reivindicações para implantação de uma legislação própria que proteja e criminalize a pratica de homofobia. 
Com a negação de cidadania para essa determinada parte da população e os problemas enfrentados cotidianamente, é um desafio muito grande alçar grandes conquistas e mudanças no cenário político e jurídico brasileiro. Nesse sentido, compreendemos que uma situação pode existir durante muito tempo, atingindo seriamente grupos de pessoas e gerando insatisfações sem, contudo, chegar a mobilizar as autoridades governamentais. 
 A forma de conter o preconceito, discriminação e violência contra lésbica, gay, bissexual, travesti, transexual e transgênico - LGBTTT, deve ser entendido com o uso do emprego dos direitos humanos, de forma universal como preconiza a Constituição Federal de 1988.   
No que tange aos direitos sexuais no Brasil, podemos afirmar que historicamente o Estado brasileiro tem configurado suas leis impondo a heterossexualidade como única possibilidade de exercício da sexualidade, de constituição familiar e de regime de poder. “Este modelo se baseia na complementaridade macho-fêmea e é reiterado nas práticas sociais como natural. Nesta lógica qualquer variação ou desvio se coloca à margem, sendo perseguido pelo perigo que significam à ordem social” (BUTLER, 2005). Por sua vez a homofobia - postura de aversão, repúdio, hostilidade e agressão às homossexualidades - funciona como uma espécie de vigilante das fronteiras sexuais entre a heterossexualidade e homossexualidade que produz o “controle de gênero” (masculino/feminino) e contribui para que o desejo sexual heterossexualizado atue como dispositivo de reprodução social (BORRILLO, 2001). Podemos assim observar as particularidades e a complexidade que perpassam a questão dos direitos LGBTTT e a garantia de políticas públicas para tal grupo social. 
Especificamente no que tange as solicitações do Movimento LGBTTT brasileiro, identificamos um conjunto bastante amplo de reivindicações tais como direito à adoção conjunta de crianças, à livre expressão de sua orientação sexual e/ou de gênero em espaços públicos, à redesignação do “sexo” e à mudança do nome em documentos de identidade, ao acesso a políticas de saúde específicas e, ainda mais fundamental, à proteção do Estado frente à violência por preconceito.  
Enfrentar as diversas formas de violência e discriminação em razão da orientação sexual e identidade de gênero constitui um imenso desafio para os direitos de todos os países. Sendo que os países membros da ONU, dentre eles o Brasil, têm obrigações legais de Estado no que tange promover o debate sobre o assunto e ainda proteger a população LGBTTT. Dentre as responsabilidades legais desses Estados membros da ONU podemos destacar: 1-proteger indivíduos de violência homofônica e transfobia; 2-prevenir tortura e tratamento cruel, desumano e degradante de pessoas LGBTTT; 3-descriminalizar a homossexualidade; 4-proibir discriminição baseada em orientação sexual e identidade de gênero; 5-respeitar as liberdades de expressar, de associar e de reunião particular.
Os poderes públicos do Brasil, têm o dever de garantir os direitos humanos a todos os indivíduos. E o Brasil, sendo um Estado de direito democrático, deve criar condições para garantir o exercício de direito, implementando Políticas Públicas que garantam a prevenção a violência, bem como o acesso aos direitos civis. Por fim, o movimento LGBTTT e os grupos de pressão que compartilham da agenda do referido grupo social, tem diante de si desafios fortes a serem ultrapassados tanto na esfera estatal quando em seu trabalho junto à sociedade brasileira na progressiva mudança na opinião pública. Faz-se necessária ainda, maior participação nas instâncias de controle social e participação democrática bem como organização política de pressão social e defesa de valores emancipatórios que ressaltem a necessidade de reconhecimento da cidadania LGBTTT. 
 Os Movimento LGBTTT foi aos poucos lutando por espaços para a manifestação da orientação sexual e por direitos universais e civis plenos. As paradas do orgulho LGBTTT tem sido um dos meios de visibilidade da questão sexual que unem protesto e celebração para o reconhecimento dos LGBTTT como sujeitos de direitos. A trajetória do movimento busca, entre outros, sensibilizaros parlamentares, de forma democrática, a aprovarem direitos, além de lutar contra a homofobia, a intolerância sexual e a discriminação.
Talvez o LGBTTT seja um dos movimentos que ganhou mais visibilidade nos últimos tempos no cenário brasileiro, tendo como suas principais conquistas: a retirada do termo “homossexualismo” da Classificação Internacional de Doenças (CID); o reconhecimento da união estável entre casais homossexuais; a possibilidade de requerer junto ao INSS pensão por morte de companheiro; a aprovação de lei no Rio de Janeiro que impõe sanções para quem agir de forma discriminatória (Lei nº 7041 de 15/07/2015); a legalização da adoção homoafetiva; a legalização da união civil homoafetiva.
3 - CONCLUSÃO 
Historicamente as políticas sociais no Brasil tiveram sua trajetória influenciada pelas políticas econômicas internacionais, os reflexos internacionais trouxeram fortes significados no formato adotado pelo Estado. 
No Brasil do século XX o governo utilizava a política social como um mediador governamental, uma forma para acalmar a população, para tentar amenizar os conflitos gerados pelas expressões da questão social. A política social era utilizada para conservar a ordem social fazendo com que a sociedade acreditasse que o governo se preocupava com as camadas mais pobres. Sendo que de fato, as políticas sociais são as condições para que a sociedade civil possa acessar os direitos sociais.
A Constituição Federal de 1988 é um divisor de aguas no que diz respeito ao direito social, é uma das melhores legislação do mundo, mas, apesar do Brasil possuir esse aparato legal existe uma grande parte da população que não consegue acessar os recursos, simplesmente por falta da materialização do que está escrito. Contudo, podemos afirmar, que muitas das conquistas sociais para melhoria das condições de vida da sociedade civil com vista à equidade e à igualdade social, emergiram das lutas de classe e dos movimentos sociais. 
A fragilização das políticas sociais frente à nova crise capitalista tem enfraquecido os trabalhadores e as lutas sociais, consolidando as estruturas do projeto neoliberal cada vez mais. Sabemos que as políticas sociais são, ou pelo menos deveriam ser, a resposta para a efetivação dos direitos sociais, mas até o momento, houve a clara necessidade das demandas dos movimentos sociais buscarem no cotidiano o enfrentamento de determinadas classes sociais, na luta pela inclusão social, na resistência à exclusão, agindo de forma coletiva. E o que aprendemos na trajetória dos movimentos sociais no cenário brasileiro, é que necessário o reavivamento a todo instante de lutas sociais por direitos.
4 - REFERÊNCIAS
A classe operaria, os trabalhadores e as suas organizações de classe. Disponível em https://www.pcp.pt/partido/anos/congres/cong15/resol/resol3_3.html Acessado em 16/05/2018.
Breve Histórico dos Movimentos Sociais no Brasil. Disponível em https://www.sabedoriapolitica.com.br/products/breve-historia-dos-movimentos-sociais-no-brasil/ Acessado em 12/05/2018
GENEROSO, Claudiney. Classes e movimentos sociais. Londrina-PR, Editora e Distribuidora Educacional S.A. 2017
GOHN, Maria da Gloria. Brasil: Movimentos sociais e mobilizações civis no Brasil contemporâneo. Petrópolis – RJ, Vozes, 2013
GOHN, Maria da Gloria. 500 anos de lutas sociais no Brasil: movimentos sociais, ONGs e terceiro setor. Disponível em www.uel.br/revistas/uel/index.php/mediacoes/article/viewFile/9194/7788 Acessado em 13/05/2018.
MARTINELLI, Maria Lúcia. Serviço Social Identidade e alienação. São Paulo –SP, Cortez Editora 13ª edição, 2009
Movimentos sociais e política – releituras contemporâneas. Disponível em 
https://www.sabedoriapolitica.com.br/ci%C3%AAncia-politica/movimentos-sociais
Acessado em 12/05/2018
PEREIRA, Maria Lucimar; Zambon, Rodrigo Eduardo. Fundamentos das Políticas Sociais e políticas Sociais. Londrina-PR, Editora e Distribuidora Educacional S.A. 2017
PEREIRA, Maria Lucimar; Zambon, Rodrigo Eduardo. Políticas setoriais e políticas setoriais contemporâneas. Londrina-PR, Editora e Distribuidora Educacional S.A. 2018
Sistema de Ensino Presencial Conectado
serviço social
fernanda CARDOSO arruda
janaina da silva gomes
patricia valeria da silva
neilde alves vidal
movimentos sociais
e polÍticaS sociaIS 
no cenário brasileiro
 
Marabá - Pará
2018
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Trabalho de Serviço Social apresentado à Universidade Norte do Paraná - UNOPAR, como requisito parcial para a obtenção de média no quinto semestre do curso de Serviço Social, abrangendo as disciplinas de: Pesquisa Social e Oficina de Formação; Instrumentalidade em Serviço Social; Políticas setoriais e Políticas Setoriais Contemporâneas; Movimentos Sociais.
Orientador: Profs. - Rosane Ap. Belieiro Malvezzi
 - Amanda Boza Gonçalves
 - Maria Lucia Pereira
 - Maria Angela Santini
Marabá
2016

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