Buscar

APOSTILA DE RESP CIVIL 2017 1

Prévia do material em texto

Marise Baptista Fiorenzano Henrichs M/B
DIREITO CIVIL VI
RESPONSABILIDADE CIVIL
“ Meu agradecimento a todos os mestres doutrinadores que dedicam muito de suas vidas à sublime missão de ensinar e aos meus alunos queridos que me movem a cada dia buscar mais conhecimento dentro desse universo maravilhoso que é o Direito.”
Profª Marise Baptista Fiorenzano Henrichs
	A PRESENTE APOSTILA TEM POR OBJETIVO FACILITAR O ESTUDO DO CONTEÚDO DADO EM SALA DE AULA, MAS NÃO DISPENSA A LEITURA DE DOUTRINA.
- Referência Bibliográfica:
Sérgio Cavalieri
Rui Stoco
Flávio Tartuce
Carlos Roberto Gonçalves
Cláudia Lima Marques
Leonardo de Medeiros Garcia
Pablo Stoze Gagliano
Aguiar Dias
Felipe Teixeira Neto
Felipe Peixoto Braga Netto
Cristiano Chaves
.
Informativos recentes do STJ e STF sobre responsabilidade civil
Bibliografia
CAVALCANTE, Márcio André Lopes –Principais julgados do STF e STJ comentados 2014/ Márcio André Lopes Cavalcante. – Manaus: Dizer o Direito, 2015. 1581 p. 
CAVALCANTE, Márcio André Lopes –Principais julgados do STF e STJ comentados 2013/ Márcio André Lopes Cavalcante. – Manaus: Dizer o Direito, 2014. 1256 p. 
INTRODUÇÃO
	.Desde os tempos mais remotos, o convívio social, por vezes, traz situações de conflitos, ensejando perda, quer seja patrimonial, quer seja moral, daí a necessidade de reparação. 
No direito romano, a regra era a responsabilidade sem culpa, sendo o causador punido de acordo com a Lei de Talião, prevista.na Lei das XII Tábuas, “olho por olho, dente por dente”
Se um quadrúpede causar dano, que o seu proprietário indenize o valor desse dano ou abandone o animal ao prejudicado;
Se alguém causar um dano premeditadamente, que o repare;
(...)
Se o autor do dano for impúbere, que seja fustigado a critério do pretor e indenize o prejuízo em dobro. [1: Lei das XII Tábuas. Tábua Sétima. Dos Delitos. ]
	
Admitia-se a vingança com as próprias mãos, mas em termos práticos, ambos, ofensor e vítima, experimentavam prejuízos, sem nenhuma compensação.
	Em um segundo momento, surge para a vítima a opção por uma reparação em pecúnia ou em bens.
	Nessa seara a Lei das XII Tábuas fixava um quantum indenizatório a ser pago pelo ofensor à vítima, o que importava uma reação à autotutela, evitando-se a aplicação da pena de Talião. 
Assim, “em vez de impor que o autor de um dano a um membro do corpo sofra a mesma quebra, por força de uma solução transacional, a vítima receberia, a seu critério e a título de poena, uma importância em dinheiro ou em outros bens.” [2: GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA FILHO, Rodolfo, op. cit., p. 54.]
	Posteriormente, a Lex Aquília de Damno, do final do séc. III a.c , (regulava a reparação de dano causado por outrem), que fixou os primeiros parâmetros de responsabilidade extracontratual. precursora da responsabilidade extracontratual, ( decorrente da lei e não do contrato), consagra a responsabilidade subjetiva, que obriga a vítima a provar a culpa do ofensor para ser indenizada.
	Essa responsabilidade perdurou de forma prevalente, no Código Civil de 1916, como também até hoje, no Novo Código Civil, embora exista muita resistência na doutrina, segundo Flávio Tartuce 
	Já o CDC consagrou a responsabilidade Objetiva, pautada no risco, trazendo apenas o § 4º do art 14, a Responsabilidade subjetiva 
	Seguindo uma tendência mundial, a nossa Constituição Federal de 1988 posicionou o ser humano no centro do ordenamento jurídico, à medida que preceituou no seu art. 1º, Inc.. III, como um dos fundamentos da República o Princípio da Dignidade da Pessoa Humana.
	Sendo o indivíduo o foco central no universo jurídico, instaurou-se na doutrina civilista contemporânea a ideia da eficácia horizontal dos direitos fundamentais. Isso significa que todas as normas infraconstitucionais de Direito Civil ( como também dos demais ramos do Direito), devem ser interpretadas à luz dos princípios constitucionais.
	A esse fenômeno dá-se o nome de constitucionalização do direito civil ou direito civil constitucional. Assim, o juiz, ante o caso concreto, deve através de uma hermenêutica (interpretação) constitucional, verificar se o princípio da Dignidade da Pessoa Humana está sendo respeitado.
	Ingo Sarlet nos traz o conceito de dignidade da pessoa humana.
Qualidade intrínseca e distintiva do ser humano, que o torna merecedor do mesmo respeito e consideração por parte do Estado e da comunidade, implicando, nesse sentido, em um complexo de direitos e deveres fundamentais que asseguram a pessoa tanto contra qualquer ato de cunho degradante ou desumano, como condições de existência mínima de ter uma vida saudável, além de propiciar e promover a sua participação ativa e co-responsável no destino de sua própria vida e em comunhão com os demais seres humanos.
		
Para que os valores constitucionais sejam respeitados adota-se as cláusulas gerais, que são técnicas legislativas nas quais são utilizados conceitos jurídicos abertos, indeterminados a serem preenchidos pelo magistrado na análise do caso concreto,ex.boa fé objetiva, função social do contrato.etc.... As cláusulas gerais servem de “PORTA DE ENTRADA” por onde se irradiam os direitos fundamentais nas relações privadas. As cláusulas gerais concedem maior autonomia ao intérprete, (julgador), porque são disposições normativas abertas, fluidas, vagas que possibilitam o juiz a criar, com maior liberdade, a norma jurídica adequada ao caso concreto. Na realidade indicam um critério de justiça, mas não impõem regras, autorizando ao juiz a função de criá-las, para a resolução do caso concreto.
 OBS O processualista Fredie Didier conceitua cláusulas gerais como dispositivo/enunciado normativo que se caracteriza por ser aberto tanto na hipótese de incidência como no consequente normativo.( o texto é aberto na hipótese de incidência da norma e não traz suas consequências), ex. art. 186, 187, 927 e § único do CC, cláusulas geris de responsabilidade civil
	O juiz, ante o caso concreto, deverá através das cláusulas gerais, sendo a da dignidade da pessoa humana, uma delas, verificar se o equilíbrio material do contrato, a Boa-fé objetiva, a lealdade nas relações contratuais e a proteção ao indivíduo lesado nas relações contratuais e extracontratuais estão sendo respeitados.
	Importante ressaltar, que na Constituição Federal anterior a de 1988, a ordem jurídica e a paz social eram o foco do ordenamento e o indivíduo um mero meio para o alcance desse fim. Na Carta Magna vigente, o indivíduo é valorado, devendo a sua dignidade ser protegida em todas as relações jurídicas, daí, todos os institutos jurídicos têm sido revisitados, inclusive o da responsabilidade civil, que é a matéria que iremos abordar neste semestre.
	O principal objetivo da ordem jurídica é proteger o lícito e reprimir o ilícito. Para alcançar esta finalidade o ordenamento jurídico impõe deveres jurídicos que podem ter conteúdo positivo de: dar coisa certa (art. 233 e CC), dar coisa incerta (art.243 CC), fazer (art. 247 do CC) ou conteúdo negativo: de não fazer (art. 250), de tolerar. O ordenamento determina também um dever geral”: de não prejudicar ninguém”.
	Esses deveres jurídicos não são meros conselhos, recomendações ou advertências, são ordens emitidas pelo Estado através das normas jurídicas dotadas de coercibilidade, normas obrigatórias, gerais e imperativas.
	A violação de um dever jurídico imposto pela lei configura um ato ilícito, conforme previsto no art. 186 do CC
Art. 186 do CC - aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral comete ato ilícito.
	A violação a um dever jurídico, caso venha a causar dano a alguém, gera para o agente outro dever jurídico, qual seja, o de indenizar, nos moldes do art. 927 do CC, in verbis:
 Art. 927 do CC - aquele que por ato ilícito causar dano a outrem, fica obrigado a indenizar.
Nossa sociedadeé uma sociedade de riscos, não se pode olvidar dos avanços tecnológicos, que contribuem para o desenvolvimento, mas aumentam a possibilidade de danos e riscos. Hoje, já se quer prevenir possíveis riscos daqui a dezenas ou centenas de anos. Exemplo, se uma empresa joga lixo tóxico no rio é possível calcular o tempo que aquele rio vai demorar para se restabelecer. Então hoje, também se planeja riscos, vez que uma empresa na Alemanha pode jogar lixo tóxico no ar, e uma nuvem contaminada chegue ao Brasil causando uma chuva tóxica. 
Assim, os avanços tecnológicos e as novas demandas dessa sociedade plural contemporânea possibilita que a responsabilidade civil ganhe, cada vez mais, novos contornos. Daí a importância desta disciplina. 
DO PRINCÍPIO DO NEMINEM LAEDERE E RESTITUTIO IN INTEGRUM
	Não podemos olvidar que um dos princípios gerais que orientam o Direito Civil é o do neminem laedere, ou seja, “não lesar ninguém”. Tal princípio nos dá a exata dimensão do sentido de responsabilidade civil.
	Segundo Rui Stocco, a ninguém é permitido lesar a esfera de direitos de outrem sem sofrer as consequências da reparação. Isso significa que, no âmbito civil o dever de reparar assegura ao lesado a reconstituição de seu patrimônio material ou moral, reconstituindo-se o seu statu quo ante, mediante a restitutiu in integrum, ou Princípio da Reparação Integral.
DEVERES JURÍDICOS ORIGINÁRIOS OU PRIMÁRIOS E SUCESSIVOS OU SECUNDÁRIOS
	Caso o dever jurídico originário ou primário venha a ser violado, gerará para o agente um dever jurídico sucessivo ou secundário, qual seja, o de indenizar o prejuízo.
Ex. todos têm o dever jurídico de não violar a integridade física do ser humano, trata-se de um dever jurídico primário/originário, à medida que esse dever é descumprido, nasce outro dever jurídico o da reparação do dano. Ex. aquele que atropela é obrigado a custear todo tratamento médico do atropelado, caso tenha dado causa ao atropelamento.
	 O direito à indenização pelo dano sofrido pelo lesado, é um direito fundamental, tanto que está previsto no art. 5º, Inc X da CF, “são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito à indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação” 
	Se a obrigação imposta pela lei for violada, nasce o dever de reparação para o agente lesante, e concomitantemente, nasce para o lesado o direito de ser reparado.
	Segundo Sérgio Cavalieri Filho, “a responsabilidade civil é um dever jurídico sucessivo que surge para recompor o dano decorrente da violação de um dever jurídico originário”.
	A responsabilidade pressupõe a violação de um dever jurídico preexistente.
	A responsabilidade exprime a ideia de restauração de equilíbrio, de reparação de dano. Assim, aquele que tem conduta danosa é responsável pela restauração do prejuízo, ainda que não seja de sua vontade repará-lo, porque a norma jurídica, assim o impõe.
TEORIA DUALISTA DAS OBRIGAÇÕES
O Direito brasileiro adotou a teoria dualista que divide-se em 2 momentos: débito shuld/debitum e a responsabilidade, haftung/obligatio.
Débito = shuld/debitum é a obrigação propriamente dita, pagar entregar, fazer
Responsabilidade = haftung/obligatio. é uma obrigação sucessiva que decorre do não cumprimento do débito. Tem que entregar o carro, não entregou tem que indenizar.
	Obrigação civil é a que tem débito e responsabilidade
	Existe obrigação apenas com débito – obrigação natural, débito sem responsabilidade. Se a obrigação for descumprida, não terá exigibilidade do cumprimento. Exemplo, dívida de jogo art 814 CC e dívida prescrita 882 e 883 CC.
Art. 814. As dívidas de jogo ou de aposta não obrigam a pagamento; mas não se pode recobrar a quantia, que voluntariamente se pagou, salvo se foi ganha por dolo, ou se o perdente é menor ou interdito.
§ 1o Estende-se esta disposição a qualquer contrato que encubra ou envolva reconhecimento, novação ou fiança de dívida de jogo; mas a nulidade resultante não pode ser oposta ao terceiro de boa-fé.
§ 2o O preceito contido neste artigo tem aplicação, ainda que se trate de jogo não proibido, só se excetuando os jogos e apostas legalmente permitidos.
§ 3o Excetuam-se, igualmente, os prêmios oferecidos ou prometidos para o vencedor em competição de natureza esportiva, intelectual ou artística, desde que os interessados se submetam às prescrições legais e regulamentares.
Art. 882. Não se pode repetir o que se pagou para solver dívida prescrita, ou cumprir obrigação judicialmente inexigível.
Art. 883. Não terá direito à repetição aquele que deu alguma coisa para obter fim ilícito, imoral, ou proibido por lei.
Parágrafo único. No caso deste artigo, o que se deu reverterá em favor de estabelecimento local de beneficência, a critério do juiz.
	São jogos socialmente tolerados, mas não regulamentados, exemplos pôquer, buraco, se jogo a dinheiro, não posso exigir. Jogo do bicho é ilícito.
Na prescrição, perde-se o direito à pretensão que é a obligatio, a exigibilidade.
As obrigações naturais são irrepetíveis, se você cumpriu, pagou a divida de jogo ou prescrita não pode exigir de volta, porque o credor tem o direito de receber, porque ele continua credor, mas não poderá socorrer-se do Poder Judiciário para exigir.
Existe também hipótese de responsabilidade, haftung/ obligatio sem o débito debitum/schuld, no caso do locatário que não paga aluguel, (este que tem a obrigação propriamente dita), mas o fiador poderá ser responsabilizado.
RESPONSABILIDADE JURÍDICA E RESPONSABILIDADE MORAL
	A responsabilidade jurídica pressupõe a violação de um dever jurídico originário, porém para que haja obrigação de reparação do dano, necessário a conduta danosa + prejuízo, enquanto que a responsabilidade moral independe de prejuízo, a responsabilidade atua no campo da consciência do indivíduo.
DIREITO CIVIL. INEXISTÊNCIA DE RESPONSABILIDADE CIVIL DO CÚMPLICE DE RELACIONAMENTO EXTRACONJUGAL NO CASO DE OCULTAÇÃO DE PATERNIDADE BIOLÓGICA. O “cúmplice” em relacionamento extraconjugal não tem o dever de reparar por danos morais o marido traído na hipótese em que a adúltera tenha ocultado deste o fato de que a criança nascida durante o matrimônio e criada pelo casal seria filha biológica sua e do seu “cúmplice”, e não do seu esposo, que, até a revelação do fato, pensava ser o pai biológico da criança. Isso porque, em que pese o alto grau de reprovabilidade da conduta daquele que se envolve com pessoa casada, o “cúmplice” da esposa infiel não é solidariamente responsável quanto a eventual indenização ao marido traído, pois esse fato não constitui ilícito civil ou penal, diante da falta de contrato ou lei obrigando terceiro estranho à relação conjugal a zelar pela incolumidade do casamento alheio ou a revelar a quem quer que seja a existência de relação extraconjugal firmada com sua amante. REsp 922.462-SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 4/4/2013.
OBS violação de deveres jurídicos decorrentes: da lei, do contrato, da declaração unilateral de vontade, do ato ilícito, dos títulos de crédito, e segundo Nelson Rosenvald, do Princípio da Boa-fé .
DA OBRIGAÇÃO DE INDENIZAR
	O art. 927 do CC determina que aquele que pratica ato ilícito é obrigado a indenizar. A obrigação de indenizar tem por finalidade tornar indene, sem dano o lesado, colocar a vítima na situação que estaria, se não houvesse o dano.
	Além das obrigações previstas no CC de dar, fazer, não fazer, há ainda, a obrigação de indenizar.
	
	
	
ATO ILÍCITO
O ato ilícito é fonte da responsabilidade civil extracontratual
	Ato ilícito é toda conduta que viola a norma jurídica. O ato ilícito é o fato gerador por excelência para a responsabilidade civil, sendo imprescindível o requisito de violação de obrigação originária para que haja responsabilidade. (art. 186, 187 c/c 927 do CC). Mas não só os atos ilícitos geram a obrigação de indenizar, há casos de obrigação de indenizar por atos lícitos, tratam-se de atos excepcionaise somente ocorrem em situações específicas.
	A OBRIGAÇÂO DE INDENIZAR POR ATO LÍCITO NÃO É RESPONSABILIDADE EM SENTIDO TÉCNICO, POR INEXISTIR VIOLAÇÃO DE DEVER JURÍDICO, TRATA-SE DE MERA OBRIGAÇÃO LEGAL.
Exemplo: os danos causados em estado de necessidade, ex. art. 188 , Inc. II c/c 929 e 930 , in verbis: 
			
Art. 188 - Não constituem atos ilícitos: II- a deterioração ou destruição da coisa alheia, ou a lesão à pessoa, a fim de remover perigo iminente, ex. A para salvar a vida de B, destrói portas em casa incendiada de C.
Art. 929 – se a pessoa lesada ou o dono da coisa, no caso do Inc. II do art. 188, não forem culpados do perigo, assistir-lhes-á direito à indenização do prejuízo que sofreram.
Art. 930 – no caso do Inc. II do art. 188, se o perigo ocorrer por culpa de terceiro, contra este terá o autor do dano ação regressiva para haver a importância que tiver ressarcido ao lesado.
EXEMPLO: João, passando na Rua, vê um prédio pegando fogo e uma criança chorando na varanda do 3º andar. João toca o interfone, grita, mas ninguém atende. João, então, arremessa uma pedra na portaria, quebrando a porta de vidro, entra, sobe as escadas, arromba a porta, entra no apartamento em chamas e salva a criança.
	Passado um mês, sai um laudo do corpo de bombeiro afirmando que o fogo foi provocado por uma conduta negligente dos pais da criança, que deixaram o gás ligado e que tinha uma fiação elétrica velha, etc...ou seja, constatou-se que os pais da criança foram os causadores do incêndio.
	Dois meses depois, João foi citado em dois processos judiciais, um movido pelos pais da criança pleiteando indenização por dano material, pelo prejuízo sofrido na porta arrombada e perda de vasos de porcelana quebrados. O condomínio, por sua vez, pleiteava indenização por dano material exigindo pagamento da porta de vidro estilhaçada. 
	Assim sendo, deverá João indenizar o condomínio e ajuizar ação regressiva em face dos pais da criança, art. 930, do CC. Porém, será julgado improcedente a ação movida pelos pais, vez que eles que foram os causadores do dano.
	Outros exemplos de dever de indenizar com base em fatos lícitos, ex. art 1.285 (passagem forçada), art. 1.289, ex calha que cai água em terreno de vizinho, art. 1.293 construção de canais para receber água, 1.385, § 3º , largueza de servidão. Ressalte-se que nesses casos, não há responsabilidade porque esta pressupõe a violação de deveres jurídicos originários, mas mera obrigação de indenizar com base em ato lícito.
O fundamento para essa opção legislativa é a equidade, aplicando-se a chamada teoria do sacrifício, bem desenvolvida pelo doutrinador português J.J. Gomes Canotilho (O problema da responsabilidade do estado por actos lícitos. Coimbra: Almedina, 1974).
Pela teoria do sacrifício, diante de uma colisão entre os direitos da vítima e os do autor do dano, estando os dois na faixa de licitude (os dois comportamentos são lícitos), o ordenamento jurídico opta por proteger o mais inocente dos interesses em conflito (o da vítima), sacrificando o outro (o do autor do dano).
b) Há fundamento jurídico para que Fernando seja condenado a pagar uma pensão mensal à vítima?
SIM, havendo previsão no art. 950 do CC:
Art. 950. Se da ofensa resultar defeito pelo qual o ofendido não possa exercer o seu ofício ou profissão, ou se lhe diminua a capacidade de trabalho, a indenização, além das despesas do tratamento e lucros cessantes até ao fim da convalescença, incluirá pensão correspondente à importância do trabalho para que se inabilitou, ou da depreciação que ele sofreu.
Parágrafo único. O prejudicado, se preferir, poderá exigir que a indenização seja arbitrada e paga de uma só vez.
O art. 950 afirma que, a se lesão provocada reduzir ou impossibilitar a capacidade de trabalho da vítima, o autor do dano deverá pagar como indenização:
• Despesas do tratamento de saúde;
• Lucros cessantes até ao fim da convalescença;
• Pensão correspondente à importância do trabalho para que se inabilitou, ou da depreciação que ele sofreu.
No caso de responsabilidade por lesão corporal grave não se considera para efeito de concessão da pensão a expectativa de vida do ofendido, como ocorre no caso de homicídio, previsto no art. 948 do CC.
Art. 948. No caso de homicídio, a indenização consiste, sem excluir outras reparações:
II - na prestação de alimentos às pessoas a quem o morto os devia, levando-se em conta a duração provável da vida da vítima.
No caso de indenização por dano à saúde da vítima que gerou redução ou impossibilidade permanente de trabalho, o fundamento para a indenização é o art. 950 do CC, que não estabelece limite de tempo para essa pensão. Logo, entende-se que se trata de uma pensão vitalícia, ou seja, que perdurará até a morte do ofendido.
Trata-se de uma solução legal justa e lógica, considerando que, após atingir essa idade-limite (65 ou 70 anos de idade), o ofendido continuará necessitando da pensão e talvez de modo ainda mais agudo, em função da velhice e do incremento das despesas com saúde.
Info 561 do STJ, julgado em 14/4/2015 
. O parágrafo único do art. 950 determina que, se o prejudicado preferir, ele poderá exigir que a indenização seja arbitrada e paga de uma só vez, ou seja, em vez de receber todo mês o valor da pensão, ele receberia à vista a quantia total. Nos casos de responsabilidade civil derivada de incapacitação para o trabalho (art. 950 do CC), a vítima não tem o direito absoluto de que a indenização por danos materiais fixada em forma de pensão seja arbitrada e paga de uma só vez. O juiz é autorizado a avaliar, em cada caso concreto, se é conveniente ou não a aplicação da regra que estipula a parcela única (art. 950, parágrafo único, do CC), pois não se pode exigir o pagamento de uma só vez se isso puder levar o devedor à ruína. Enunciado 381-CJF/STJ: O lesado pode exigir que a indenização, sob a forma de pensionamento, seja arbitrada e paga de uma só vez, salvo impossibilidade econômica do devedor, caso em que o juiz poderá fixar outra forma de pagamento, atendendo à condição financeira do ofensor e aos benefícios resultantes do pagamento antecipado. STJ. 3ª Turma. REsp 1.349.968-DF, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 
	O STJ também admite que em se tratando de empresa devedora da pensão mensal, se tiver solidez econômica, poderá incluir o credor na folha de pagamento.
ESPÉCIES DE RESPONSABILIDADE
Responsabilidade civil e penal
Responsabilidade contratual e extracontratual
Responsabilidade subjetiva e objetiva 
Responsabilidade nas relações de consumo
1) RESPONSABILIDADE CIVIL E PENAL:
	A ilicitude importa uma contrariedade à norma jurídica que pode ser do ramo do Direito Penal ou do Direito Civil. Quando ocorre a violação de um dever jurídico imposto pelo Direito Penal, verifica-se um ilícito penal, se houver violação de deveres jurídicos na esfera do Direito Civil, verifica-se um ilícito civil.
	A única diferença entre o ilícito penal e o civil está na maior ou menor gravidade ou imoralidade em cotejo de uma com a outra. O ilícito civil é um minus ou residum ou seja, tem uma gravidade menor em relação ao ilícito penal.	
Só é considerado ilícito penal a conduta de maior gravidade, obedecendo a razões de natureza de política criminal. O ponto de análise diferenciador não é o comportamento ilícito do indivíduo. Um mesmo comportamento poderá ensejar diversas espécies de responsabilidades. Exemplo: condutor que atravessa sinal vermelho e depois atropela um transeunte, terá em decorrência de sua conduta a responsabilidade administrativa (pontos na carteira); a responsabilidade penal (lesões corporais) e por fim, a responsabilidade civil (pelos danos causados, morais e materiais).
O direito penal é o soldado de reserva do direito, nas palavras de Nelson Hungria. E possui este ramo do direito modo diferente de lidar com os ilícitos cometidos, comparado ao direito civil.
	A sentença penal condenatóriafaz coisa julgada no cível, quanto ao dever de indenizar (an debeatur). O CPP autoriza a fixação de valor mínimo indenizatório, já na sentença condenatória penal, nos moldes do art. 387, Inc IV.
“O juiz na condenação penal, ao proferir sentença fixará valor mínimo para reparação dos danos causados pela infração , considerando os prejuízos sofridos pelo ofendido”
	Em síntese, na responsabilidade civil, o agente fica obrigado a uma reparação, enquanto que na penal a uma punição. A responsabilidade penal é pessoal, já a civil nem sempre, pois pode-se responder por ato de outrem, ex. por fato da coisa, do animal, do filho menor ( 928, 932 e ss do CC).
2-RESPONSABILIDADE OBJETIVA E SUBJETIVA
	A responsabilidade subjetiva, desde o Direito romano, e depois do seu resgate pela doutrina francesa, era toda baseada na culpa. A partir do séc. XX inicia-se um a mudança de entendimento, vez que a prova da culpa prejudicava o lesado, que muitas vezes não tinha como prova-la. Inicia-se o desenvolvimento da responsabilidade objetiva calcada na Teoria do risco, também chamada deTeoria do Risco do Empreendimento ou da Atividade.
	Pela Teoria do Risco aquele que cria o risco deve por ele responder independentemente de culpa.
	O Código Civil consagra tanto a responsabilidade objetiva, como a subjetiva, esta está preceituada no art. 186 do CC, a culpa aqui esta empregada no sentido lato sensu, para indicar não só a culpa como o dolo. A vítima só obterá a reparação do dano se conseguir provar a culpa do agente.
	A responsabilidade objetiva prescinde da culpa, está prevista no parágrafo único do art. 927 do CC, in verbis:
Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em Lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo o autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem.
	Este risco não é o do risco integral, que não admite excludente de responsabilidade, o risco aqui tem a ideia de risco proveito, trata-se de risco empreendido visando auferir proveito de determinada ordem, em geral, o lucro. Assim, não é qualquer situação de risco que justifica a responsabilidade objetiva, trata-se de uma situação que impõe à vítima uma probabilidade de risco maior do que outros membros da coletividade.
OBS. Caio Mário, nas palavras de Pablo Stolze entende que o parágrafo único do art. 927 adota a teoria do risco criado, ou seja, não há a necessidade de se perquirir se a atividade do ofensor teria proveito econômico, basta apenas que a atividade exponha a vítima a uma maior probabilidade de risco.
Enunciado 38 – art. 927: a responsabilidade fundada no risco da atividade, como prevista na segunda parte do parágrafo único do art. 927 do novo Código Civil, configura-se quando a atividade normalmente desenvolvida pelo o autor do dano causar a pessoa determinada um ônus maior do que aos demais membros da coletividade.
Exemplos: a casa de Maria fica numa área permitida, próxima a um aeroporto, em uma descida o trem de pouso de um avião caiu na casa de Maria. Pode-se argumentar que a responsabilidade da empresa é objetiva por estar empreendendo uma atividade de risco visando a um proveito, atividade exercida com caráter habitual, visando lucro.
	O parágrafo único do art. 927 traz a ideia de que a responsabilidade objetiva pode ser verificada em leis especiais. Ressalte-se que o nosso ordenamento tem muitos microssistemas que consagram a responsabilidade objetiva, como por exemplo o Código de Defesa do Consumidor, a legislação ambiental, legislação do DPVAT (seguro obrigatório de veículos), responsabilidade do Estado, art. 37, § 6º da CF. Ressaltando-se ainda, que o próprio Código Civil consagra a responsabilidade objetiva em outros dispositivos, como do:
 art. 931: Ressalvados outros casos previstos em lei especial, os empresários individuais e as empresas respondem independentemente de culpa pelos danos causados pelos produtos postos em circulação.
				
5- RESPONSABILIDADE CONTRATUAL E EXTRACONTRATUAL
Responsabilidade contratual → ilícito contratual ou relativo.
Responsabilidade extracontratual → ilícito extracontratual ou absoluto.
	Aquele que infringe dever jurídico, de que resulte dano a outrem, fica obrigado a indenizar. Esse dever jurídico decorre de uma relação obrigacional preexistente oriunda de : CONTRATO, DECLARAÇÃO UNILATERAL DE VONTADE, LEI e ATO ILÍCITO.
	Ilícito extracontratual importa a violação de um dever jurídico imposto pela lei, enquanto que ilícito contratual importa a violação a deveres jurídicos impostos pela vontade das partes, em contrato ou manifestações unilaterais de vontade.
	As regras trazidas pela lei no que tange ao dever de indenizar decorrentes de ato ilícito ou de ilícito contratual estão previstos nos arts. 393, 402 e 403 do CC.
Art. 393 – o devedor não responde pelos prejuízos resultantes de caso fortuito ou força maior, se expressamente não se houver por eles responsabilizados.
Parágrafo único – o caso fortuito ou força maior verifica-se no fato necessário, cujos efeitos não era possível evitar ou impedir.
OBS. Oportuno ressaltar que, a doutrina não é unânime quanto o conceito de caso fortuito ou força maior, embora ambos rompam com o nexo causal, excluem a obrigação de indenizar.
	Para Sérgio Cavalieri, caso fortuito é todo evento imprevisível, logo, inevitável, enquanto força maior é todo acontecimento que embora previsível é inevitável, como o raio, a chuva, o furacão.
	Há doutrinadores que entendem que, caso fortuito decorre de ato humano, ex. guerra e greve e força maior decorre de eventos da natureza como: chuva, enchente, terremoto etc...
	Ressalte-se que o art. 402 do CC determina a obrigação de indenizar, quando ocorre um dano emergente, ou seja aquele efetivo e o lucro cessante, aquele que o lesado deixou de ganhar.
Art. 402 – salvo as exceções expressamente previstas em lei, as perdas e danos devidas ao credor abrangem, além do que ele efetivamente perdeu, o que razoavelmente deixou de lucrar. Ex. batida em taxi, o motorista terá direito à indenização pelo dano emergente e pelo lucro cessante.
Art. 403 – ainda que a inexecução resulte de dolo do devedor, as perdas e danos só incluem os prejuízos efetivos e os lucros cessantes por efeito dela direto e imediato, sem prejuízo do disposto na lei processual.
Princípio da Razoabilidade – o art. 402 do CC, segundo Sérgio Cavalieri consagrou o princípio da razoabilidade, quando usa a expressão “ o que razoavelmente deixou de lucrar”. O referido princípio sinaliza que razoável é tudo aquilo que é adequado + necessário + proporcional.
Caso- SEBASTIÃO PEREIRA ingressou com ação de indenização por danos morais, estéticos e lucros cessantes em face de NOÊMIA PERLUZZI. Alega, em síntese, que no dia 31 de agosto de 2009, o autor dirigia o seu automóvel, em companhia de sua esposa, NIRVANA PEREIRA, eis que foi abalroado por veículo conduzido pela ré, o que lhe resultou diversas seqüelas. Aduz que naquele dia chovia muito e, por isso, dirigia com toda a prudência e não entende como o veículo da ré desgovernou-se já que, qualquer motorista deveria dirigir com cautela. Sustenta, que em conseqüência do acidente restou-lhe disfunção da perna esquerda, acarretando-lhe redução da capacidade laborativa em 10% (dez por cento), em caráter permanente, e ainda, que o dano moral suportado restou comprovado por meio do laudo pericial acostado às fls dos autos. Em contestação a ré defende-se ao argumento que pela própria declaração do autor a pista estava molhada, escorregadia e em péssimo estado de conservação, o que caracteriza situação totalmente previsível no caso em exame. Acrescenta também que pelos argumentos acima descritos presume-se o caso fortuito e, por isso, a isenta de qualquer responsabilidade pelos danos causados aos autores. Por fim alega a improcedência do pedido com base, ainda na alegação do autor em relação à perda da capacidade laborativa, uma vez que o mesmo é militar reformado e descabe qualquertipo de verba indenizatória. Como juiz, decida a questão em relação à responsabilidade civil e aborde os aspectos da devida indenização. Resposta, fundamentada, em 15 (quinze) linhas. 
 
Resposta: Em um dia chuvoso, todo motorista sabe que a atenção deve estar redobrada, sendo claramente previsível que o veículo derrape. Por isso, a ré responde, em função da óbvia previsibilidade do dano.
Quanto à perda da capacidade laborativa, essa certamente é relevante para fins de indenização, in casu, eis que o fato de ser aposentado não faz dispensável essa capacidade.
Veja, a respeito, o julgado abaixo:
“Processo: 0002911-70.2002.8.19.0208 (2008.001.21464). 1ª Ementa – APELACAO. DES. CLAUDIO DE MELLO TAVARES - Julgamento: 02/07/2008 - DECIMA PRIMEIRA CAMARA CIVEL.
APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO INDENIZATÓRIA POR DANOS MORAIS, ESTÉTICOS E LUCROS CESSANTES. ACIDENTE AUTOMOBILÍSTICO, EM QUE O VEÍCULO CONDUZIDO PELA RÉ SE DESGOVERNOU E ATINGIU O VEÍCULO EM QUE VIAJAVAM OS AUTORES. SENTENÇA DE PROCEDÊNCIA PARCIAL, QUE CONDENOU A RÉ A INDENIZAR O PRIMEIRO AUTOR EM DANOS MORAIS E ESTÉTICOS, RESPECTIVAMENTE, 50 E 10 SALÁRIOS MÍNIMOS, VIGENTES NA DATA DO EFETIVO PAGAMENTO, ACRESCIDOS DE JUROS DE MORA A PARTIR DO EVENTO (23.04.2000); E, A TÍTULO DE LUCROS CESSANTES, PENSÕES MENSAIS VENCIDAS, CORRESPONDENTES A 10% DA SUA REMUNERAÇÃO LÍQUIDA MENSAL, E VINCENDAS NO MESMO CRITÉRIO, A SEREM PAGAS ATÉ O AUTOR COMPLETAR 70 ANOS DE IDADE, E QUANTO ÀS 2ª E 3ª AUTORAS, DANO MORAL DE 10 SALÁRIOS-MÍNIMOS VIGENTES NA DATA DO EVENTO, ACRESCIDOS DE JUROS DE MORA A PARTIR DO ACIDENTE, ARCANDO, AINDA, COM O PAGAMENTO DAS DESPESAS PROCESSUAIS E HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS DE 10% SOBRE O VALOR DA CONDENAÇÃO, NOS TERMOS DO ART. 21, § ÚNICO, DO CPC.PROVIMENTO PARCIAL DO APELO.A lide envolve colisão de veículos de passeio, tratando-se de responsabilidade extracontratual subjetiva. Os fatos narrados na inicial e a culpa da ré/apelante, além de serem presumidos, ante os efeitos da revelia (art. 319, do CPC), foram comprovados nos autos. Não restou caracterizado o caso fortuito alegado pela apelante, pois as circunstâncias de estar chovendo e a pista de rolamento estar em mau estado de conservação não podem ser consideradas imprevisíveis, devendo a pessoa que se propõe a dirigir em uma rodovia estar preparada para elas, agindo com maior prudência. Os danos morais suportados pelos autores decorrem do próprio fato (in re ipsa), tendo o juiz a quo fixado as respectivas indenizações com observância ao princípio da proporcionalidade e razoabilidade, levando em conta a maior dimensão do dano sofrido pelo primeiro autor. Os danos estéticos suportados pelo primeiro autor estão comprovados no laudo pericial, cujo quantum indenizatório, também, mostra-se de acordo com o fim a que se propõe. Entretanto, tais verbas indenizatórias devem ser fixadas em moeda corrente, de acordo com o comando da Súmula 97, deste Tribunal, impondo-se a reforma da sentença. Considerando a conclusão do expert, o primeiro autor/apelado, embora não tenha ficado incapaz para realização da atividade laborativa que exercia, à época, restou-lhe disfunção da perna esquerda, acarretando-lhe redução da capacidade laborativa em 10% (dez por cento), em caráter permanente. Assim, mesmo que o autor tenha sido reformado no serviço militar, por tempo de serviço, sem perda da respectiva remuneração, não se pode negar que, antes de completar 70 anos, é possível que queira exercer outras atividades civis, e para tanto estará com a capacidade laborativa reduzida no referido percentual. Desta forma, deve ser mantida a condenação em lucros cessantes, na forma fixada na sentença.”
Caso- Em discussão de trânsito, um dos motoristas, o mais jovem, 25 anos, depredou o veículo do outro, já senhor de 70 anos de idade, que foi acometido de infarto fulminante, morrendo no local. O motorista jovem responde civilmente pela morte do motorista ancião? 
Resposta : A responsabilidade do motorista jovem é subjetiva, fundada na culpa, que tem por elemento a previsibilidade. O fato imprevisível não poder ser evitado, por maior que seja a cautela do agente. No caso, embora o motorista jovem tenha, com sua conduta, dado causa à morte do motorista idoso, não responde por esse resultado (não pode ser responsabilizado), por ser ele imprevisível. Não é esperável que alguém, em razão de um acidente de trânsito, venha a sofrer enfarto e morrer. Em suma, o motorista jovem deu causa ao evento morte, mas por ele não responde por falta de culpa.
Veja o seguinte julgado:
“AC 2009.001.24436 TJRJ – Rel. DES. ANA MARIA OLIVEIRA, j. 14/07/2009, 8ª CCTJ.
Responsabilidade civil. Ação de indenização por danos material e moral decorrentes da morte do filho dos Autores, vítima de acidente de trânsito que teria sido causado por veículo conduzido pelo preposto da Ré. Improcedência do pedido. Apelação dos Autores. Contrarrazões requerendo a apreciação de agravo retido interposto contra decisão que rejeitara a prejudicial de prescrição. Acidente de trânsito ocorrido em 1986, quando ainda vigorava a prescrição vintenária do artigo 177 do Código Civil de 1916, observada pelos Apelantes. Rejeição do agravo retido. Evento anterior à promulgação da Constituição Federal de 1988. Responsabilidade subjetiva. Dano e nexo de causalidade que ficaram comprovados. Ausência de prova da condição de passageiro do filho dos Apelantes. Provas documental e oral que nada esclarecem quanto à mecânica do acidente. Inexistência de prova de qualquer conduta culposa do preposto da Ré que tivesse sido causa do evento, afastando o dever de indenizar. Desprovimento da apelação.”
				
MATRIZ DA RESPONSABILIDADE CIVIL EXTRACONTRATUAL
	Segundo Pablo Stolze, a matriz da responsabilidade civil extracontratual, encontra-se no artigo 186, CC que define a expressão “ato ilícito”. Este artigo estabelece a regra geral da responsabilidade civil no Brasil. 
Este artigo 186, CC também consagra o princípio de que a ninguém é dado o poder de causar prejuízo a outrem. Também é chamado este princípio de neminem laedere.
Art. 186, CC (CLÁUSULA GERAL) - Aquele que, por ação ou omissão voluntária (conduta dolosa), negligência ou imprudência (conduta culposa), violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.
	Este artigo 186, CC que define o “ato ilícito”, define uma ilicitude subjetiva, pela presença dos elementos subjetivos, o dolo e a culpa. O fato de a culpa ou o dolo integrarem o conceito de ato ilícito, não implica necessariamente dizer que somente haverá responsabilidade civil quando estes elementos estiverem presentes.
	Além do artigo 186, CC, integram também o sistema jurídico de responsabilidade civil os artigos 187 e 927, CC que consagram formas de ilicitude objetiva.
Art. 187, CC - Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes.
Art. 927, CC - Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.
Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem.
	Estes dois artigos acima consagram a configuração da responsabilidade civil e o conseqüente dever de indenizar, mesmo na ausência de qualquer elemento subjetivo.
	O sistema de responsabilidade civil brasileiro é montado sobre o tripé destes três artigos do Código Civil: art. 186, art. 187 e art. 927, que são cláusulas gerais, que trazem conceitos jurídicos indeterminados, abarcando situações não previstas pelo legislador, mas que permitem ao julgador extair a norma e promover a justiça.
DA RESPONSABILIDADE SUBJETIVA NO CÓDIGO CIVIL 
	Já foi visto que o ilícito pode vir de conduta contrária às normas jurídicas e de conduta que importe abuso de direito, ou exercício irregularde direito. (art. 187).
	Em se tratando de responsabilidade subjetiva, prevista no art. 186 do CC, os pressupostos para a sua configuração são:
	
Conduta humana culposa ou dolosa, 
A conduta humana, para efeito de responsabilidade civil, pressupõe voluntariedade na sua atuação, omissiva ou comissiva. Deverá haver o mínimo grau de consciência inserido na conduta da pessoa.
	Exemplo: não há realização de conduta humana e voluntária para fins de responsabilidade quando for ela motivada pelo sonambulismo, hipnose, reflexo, etc.
Dano, violação ao bem jurídico
Nexo causal, é o liame, a ligação, o nexo causal entre a conduta humana e o dano
Para que se configure a Responsabilidade Subjetiva, imprescindível: conduta humana+ato ilícito + culpa + dano + nexo causal.
OBS. A RESPONSABILIDADE SUBJETIVA É A QUE PREVALECE NO CÓDIGO CIVIL 
CULPA GENÉRICA OU LATO SENSU
Quando se fala em culpa lato sensu também chamada de culpa genérica, inclui-se o dolo, vontade livre e consciente de agir e a culpa em seu sentido estrito, stricto sensu.
Ocorre a culpa, quando o agente causa um dano sem ter tido a intenção. A culpa estrita se relaciona a 3 modelos jurídicos:
1)Imprudência : culpa in comittendo, falta de cuidado + ação, quando motorista bêbedo em alta velocidade causa acidente.
 O Ministério Público tem entendido, que nesse caso o agente agiu com dolo eventual, assumiu o risco de produzir o resultado, tanto que tem havido denúncia por homicídio doloso, e o réu é julgado no Tribunal do Júri., (art. 186 do CC)
2) Negligência: falta de cuidado + omissão (art. 186 do CC), ex. médico que esquece gaze na barriga do paciente, após uma cirurgia, culpa in omittendo.
3) Imperícia – falta de qualificação ou treinamento de um profissional liberal para desempenhar uma determinada função, art. 951 do CC, para os que atuam na área de saúde.
PRINCIPAIS CLASSIFICAÇOES DE CULPA STRICTO SENSU
Quanto à origem :
culpa contratual, incluindo a culpa em contratar ou culpa in contrahendo, se refere ao desrespeito à cláusula contratual ou a um dever anexo ou lateral do contrato, que pode se dar na fase pré-contratual. Ex. o TJRS condenou empresa carioca a pagar indenização por danos materiais e morais a um gaúcho que por gerar falsas expectativas em relação a um carro anunciado como “joia de carro impecável. O gaúcho esposa e bebê se deslocaram até o Rio, gerando despesas para a compra do veículo, encontrou um carro com pintura mal feita , que revelava que o carro era batido.
	O inadimplemento é a fonte da responsabilidade civil contratual.
Temos o inadimplemento absoluto e o relativo.
Inadimplemento absoluto é aquele em que o credor não tem interesse na execução específica, ( no resultado prático). Exemplo, Maria contratou Joana para fazer seu vestido de noiva que deveria ser entregue, no dia 10/01/2016. Joana não entregou, Maria alugou outro vestido, passado o casamento, Maria tem o direito de buscar reparação pelos danos sofridos, a questão se resolve por PERDAS E DANOS. Poderá pleitear em juízo dano material e moral, não lhe interessa mais a execução específica, ou seja, a entrega do vestido.
Outro exemplo, João pagou R$100,00, para ter uma aula de revisão para prova de magistratura, dada pelo cursinho X, no dia da aula, o curso estava fechado e não atendia telefone. Passada a prova, João não tem interesse mais na aula, poderá pleitear em juízo PERDAS E DANOS, dano material, dano moral, com base na teoria da perda de uma chance.
Inadimplemento relativo - é aquele em que o credor tem interesse na execução específica, ou seja, no resultado prático do contrato, a questão se resolve com EXECUÇÃO ESPECÍFICA DA OBRIGAÇÂO + PERDAS E DANOS. Exemplo, João celebra contrato de comodato com Maria, deixando com esta seu carro até 10/01/2016, no dia acordado, Maria não entrega. Por óbvio, João quer seu carro de volta, então pode pleitear em juízo a devolução do carro, mais dano material pelos gastos com táxi, aluguel de carro, metrô, passagem de ônibus, etc..., mais dano moral.
 1.2) culpa aquiliana ou extracontratual - decorre de violação de um dever fundado em norma de ordenamento jurídico ou por abuso de direito, ex. acidente de trânsito, homicídios, lesões corporais entre outros .
Quanto ao critério da análise pelo aplicador de direito :
2.1) culpa in abstrato – leva-se em conta a pessoa natural comum, ou seja, o antigo critério do homem médio.
2.2)culpa in concreto – analisa-se a conduta de acordo com o caso concreto. O juiz ao analisar a culpa do ofensor leva em consideração as circunstâncias do caso concreto. Exemplo, no caso de acidente de veículo, leva-se em conta quem está dirigindo, a idade, se está na faixa dos 18 anos, se acabou de tirar a CNH, se tem habilitação ou não, se tem experiência, se estava acostumado com a estrada, qual era o carro, as condições do carro etc.... Tudo tem repercussão para a aferição da culpa.
Quanto à atuação do agente:
3.1)Culpa in comittendo- decorre de uma ação do agente, relacionado com a imprudência, ex. furar o sinal vermelho e atropelar pedestre, na faixa de pedestre.
3.2) Culpa in omittendo- decorre de uma omissão do agente, relacionado com a negligência, ex. deixar de trocar os pneus carecas do carro.
	
Quanto à presunção ou conteúdo da culpa 
4.1) culpa in vigilando ocorre na quebra do dever de vigilância, no caso de responsabilidade do pai por dano causado pelo filho, do tutor pelo tutelado, do curador pelo curatelado, do dono de Hotel pelo hóspede, do educador pelo educando.
4.2) Culpa in eligendo decorre da escolha ou eleição feita pela pessoa a ser responsabilizada, ex. responsabilidade do petrão por ato de seu empregado ou preposto.
4.3) Culpa in custodiando – decorrente da falta de cuidado em guardar uma coisa ou animal. Ex. o condômino responde por dano causado pelo vaso que caiu da janela, e o dono do cachorro responde pelo ataque do animal.
Flávio Tartuce e outra parcela da doutrina entendem que não se pode mais falar nessas modalidades de culpa presumida, hipóteses anteriores de responsabilidade subjetiva, ( Código de 1916), vez que o art. 932 e 933, do atual CC adotaram a Teoria do Risco, ou seja, tais casos são de responsabilidade objetiva, não se discutindo culpa, porque houve a objetivação da responsabilidade.
Flavio Tartuce se pauta nos ensinamentos de Sergio Cavalieri que leciona, in verbis: “Essas espécies de culpa, todavia estão em extinção, porque o novo código, em seu art. 932, estabelece responsabilidade objetiva para os pais, patrão, comitente, detentor de animal etc... e não mais responsabilidade com culpa presumida como era no Código anterior.”
EXCLUSÃO DA ILICITUDE
	Nem sempre haverá coincidência entre ilicitude e dano, pode haver ilícito sem dano (conduta dolosa ou culposa ), ex. ultrapassar sinal vermelho e não causar dano a ninguém, como também dano sem ilícito (causar dano em estado de necessidade ou legítima defesa).
	O art. 188 do CC consagra as hipóteses de condutas excludentes de ilicitude:
Art.188 – não constituem atos ilícitos:
I _ os praticados em legítima defesa ou no exercício regular de um direito reconhecido;
II – a deterioração ou destruição da coisa alheia, ou a lesão a pessoa, a fim de remover perigo iminente.(estado de necessidade)
Parágrafo único, no caso do Inc. II, o ato será legítimo somente quando as circunstâncias o tornarem absolutamente necessário, não excedendo os limites do indispensável para a remoção do perigo.
	Infere-se desse artigo que, não constituem ato ilícito os praticados em legítima defesa, no exercício regular de um direito, estrito cumprimento do dever legal e em estado de necessidade.
	O exercício regular de direito importa em exercer o direito em observância com o seu fim econômico, social, boa-fé e bons costumes. Assim, ainda que o ato prejudique alguém, ele será lícito, como por ex. cobrar dívida, penhorar bem em ação executória, propositura de ação, Porta-giratória de um Banco – desde que não haja discriminaçãoou excesso, a porta-giratória é exercício regular de um direito do Banco quanto à sua segurança, guarda-volume de supermercado – também é considerado como exercício regular do direito do supermercado.
Observação: o STJ, por outro lado, não acatou a tese do exercício regular de um direito no REsp 164391/RJ, sobre a alegação da excludente da ilicitude pela defesa em relação às medidas tomadas por uma família que para repreender a empregada doméstica que em sua casa trabalhava, a trancou no apartamento por um momento, para que determinadas averiguações fossem feitas:
CIVIL E PROCESSO CIVIL. RESPONSABILIDADE CIVIL. EMPREGADA DOMÉSTICA. SUSPEITA DE FURTO. TRANCAMENTO NO APARTAMENTO. QUEDA DO EDIFÍCIO. SUSPEITA DE SUÍCIDIO. IRRELEVÂNCIA. RESPONSABILIDADE DOS PATRÕES. EXERCÍCIO REGULAR DE DIREITO. INOCORRÊNCIA. USO IMODERADO DO MEIO. DOUTRINA. RECURSO ESPECIAL. PRESSUPOSTOS. FALSIDADE DE DOCUMENTO. MATÉRIA FÁTICA. SÚMULA/STJ. ENUNCIADO Nº 7. PRINCÍPIO DA IDENTIDADE FÍSICA DO JUIZ. CPC. ART. 132. SENTENÇA PROFERIDA PELO JUIZ DA INSTRUÇÃO, REMOVIDO PARA OUTRA VARA DA MESMA COMARCA. INOCORRÊNCIA DE NULIDADE. IMPOSSIBILIDADE DE ENFRENTAMENTO DE TEMAS NÃO PREQUESTIONADOS. RECURSO DESACOLHIDO.I - A relação de trabalho entre patrão e empregada doméstica confere àquele o poder de exigir tão-somente as obrigações decorrentes do contrato de trabalho. Prender o empregado no local de trabalho, sob o argumento de averiguações quanto a eventual ilícito praticado, constitui uso imoderado do meio, nos termos da melhor doutrina.
II - O exercício regular de um direito não pode agredir o direito alheio, sob pena de tornar-se abusivo e desconforme aos seus fins.
III - O cerceamento ao direito fundamental de ir e vir encontra no ordenamento constitucional hipóteses restritas, não se podendo atribuir ao empregador o poder de tolher a liberdade do emprega.
. 	Estrito cumprimento do dever legal, ex. policial que efetua mandado de prisão atua sob o mando do estrito cumprimento do dever legal, desde que não haja o excesso configurado; da mesma forma quando o oficial de justiça realiza um arrombamento por ordem judicial para realizar a busca e apreensão; etc
- jurisprudência:
 – TJRJ, AP. cível 11.794/2004 , atraso no pagamento da prestação, NEGATIVAÇÃO DO NOME DO DEVEDOR, dever de indenizar inexistente.
- TJRJ, AP. cível, 5.140/95, relatório a superior hierárquico contendo narração de fatos desabonadores praticados por outro servidor, dano moral não configurado, ato lícito, exercício regular do direito de informar/dever funcional.(estrito cumprimento de dever legal.
- TJRJ, AP. cível 9.365/2000, despedida imotivada de empregado, exercício regular de direito, dever de indenizar inexistente.
-TJRJ, AP. cível 13.638/98, comunicação de crime à Polícia, absolvição criminal, inexistência de dolo ou culpa do informante. (diferente de comunicação falsa de crime – delito cometido pelas inglesas que pretendiam dar golpe no seguro anti-furto/roubo)
	Acontece porém, se o titular do direito ao exercê-lo extrapolar os limites estabelecidos por lei, tem-se abuso de direito, logo ato ilícito previsto no art. 187 do CC.
	Para que se configure a Legítima Defesa, necessário os mesmos requisitos previstos no art. 25 do Código Penal, que o agente, usando moderadamente dos meios necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem . Apesar da Lei não permitir a justiça com as próprias mãos, há situações, em que o agente não pode esperar a justiça, pois poderá sofrer um dano injusto, em razão disso a Lei entende que a legítima defesa é uma excludente de ilicitude.
Quanto a este tema, entende Felipe Peixoto Braga Neto, em enunciado, da V Jornada de Direito Civil “as excludentes de ilicitude não se confundem com as excludentes de responsabilidade. Ex. Pedro é parado em blitz falsa, quando percebe acelera o carro, matando um dos criminosos, neste caso não há responsabilidade civil.
Por outro lado, se em carnaval de rua, um bêbado vem com uma faca, em direção de João, este para se defender, arremessa uma garrafa, errou na pontaria, acertando terceiro, Trata-se de caso de aberratio ictus, no âmbito de Direito Penal está protegido pela legítima defesa, por erro na execução, causando à vítima dano estético, responde civilmente.
	Ocorre o estado de necessidade quando alguém deteriora ou destrói coisa alheia ou causa lesão a alguém, a fim de remover perigo iminente. O ato só será legitimo, quando não exceder aos limites do estritamente necessário para a remoção do perigo.
	Quando o direito de alguém está em conflito com o de outra pessoa, a Lei exige que se faça uma ponderação, a fim de se verificar qual o direito é mai valioso. Ex. vida x patrimônio, se no caso de incêndio A vê B pedindo socorro na sacada poderá quebrar a porta da casa para socorrê-lo.
DANO OU PREJUÍZO
	Dano é elemento essencial para a responsabilidade civil, configura um dos pressupostos para a responsabilidade civil, (ato ilícito, culpa, nexo causal e dano – Responsabilidade subjetiva e ato ilícito, nexo causal e dano – Responsabilidade objetiva
Segundo Pablo Stolze, Responsabilidade civil sem dano é um corpo sem alma, SE NÃO HÁ O DANO, NÃO HÁ O QUE SE INDENIZAR. 
Exemplo, Imagine alguém dirigindo na Vila, a 200 Km/hora, avançando todos os sinais vermelhos, subindo nos canteiros, calçadas e etc..., se ninguém for atropelado, pode existir responsabilidade penal, administrativa, com multas, perda de pontos na carteira, mas não haverá responsabilidade civil
Como já dito anteriormente, indenizar significa tornar indene, ou seja, reparar o dano causado à vítima. Se possível, restaurando o status quo ante, que importa devolvê-la ao estado em que se encontrava antes da ocorrência do ato ilícito (evento danoso). Mas como na maioria das vezes é impossível tal objetivo, busca-se uma compensação em forma de indenização pecuniária.
	O dano que interessa à responsabilidade civil é o DANO INDENIZÁVEL. Tanto é assim que “o mero aborrecimento” não gera a indenização.
	O dano ou prejuízo traduz a lesão a um interesse jurídico tutelado material ou imaterial. Somente se fala em dever de indenizar se houver dano, senão haveria pretensão sem objeto. Também, para que haja obrigação de indenizar o dano tem que ser atual que já existe no momento da ação de responsabilidade e certo fundado em fato preciso e não em hipótese.
 E para que este dano seja indenizável, ele deverá observar três requisitos:
1-A violação de interesse jurídico material ou moral;
Exemplo: o dano decorrente do fim de um namoro não interessa à responsabilidade civil, não se caracterizando como um interesse jurídico. Diferentemente de ter o indivíduo seu nome inscrito erroneamente no cadastro do Serviço de Proteção ao Crédito ou seu nome afixado na porta do elevador, como inadimplente de cota condominial.
2-A subsistência do dano;
Nas palavras da professora Maria Helena Diniz, “se o dano já foi reparado pelo responsável, o prejuízo é insubsistente, mas, se o foi pela vítima, a lesão subsiste pelo quantum da reparação; o mesmo se diga se terceiro reparou o dano, caso em que ele ficará sub-rogado no direito do prejudicado” (DINIZ, Maria Helena. Responsabilidade Civil, 7º volume, Editora Saraiva, 2004, p.69).
3-A certeza do dano.
É o requisito mais difícil de ser caracterizado. Significa dizer que não se indeniza dano hipotético. O dano deverá ser certo e atual.
	A título de exemplo, julgado de dano moral do TST, em relações trabalhistas: 
A empresa paulista Frigol Comercial Ltda. foi condenada a pagar reparação por danos morais de R$ 10 mil a uma ex-empregada porque impunha a ela a obrigatoriedade de pedir autorização à chefia para ir ao banheiro. A condenação imposta pelo TRT da 15ª Região (Campinas/SP) foi mantida DES. ROGERIO DE OLIVEIRA SOUZA - Julgamento: 13/09/2011 - 
Observação: A teoria da Perda de Uma Chance relativiza a certeza do dano. 
TEORIA DA PERDA DE UMA CHANCE 
	A teoria foi importada da França, ganhandorelevância no Brasil, quando o STJ enfrentou um recurso especial interposto por candidata do programa SHOW DO MILHÃO, exibido pela rede SBT.
	A candidata concorria ao prêmio de R$ 1.000.000,00, quando Silvio Santos lhe perguntou: _ Qual o percentual da extensão territorial das terras indígenas, no território brasileiro? 
. A candidata, ante a pergunta, não sabia a resposta, respondeu que não arriscaria o prêmio de R$ 500.000,00, já ganhos, não respondendo a resposta que lhe conduziria ao prêmio máximo.
	O advogado da candidata, ajuizou ação indenizatória alegando que nenhuma das 4 assertivas apresentadas pela produção estavam certas, vez que nem a Constituição Federal	informava a resposta, fundamentando o pedido indenizatório na Teoria da perda de uma chance.
	A produção do programa entendeu como certa a assertiva de 10%, mas este percentual não está previsto na CF. Os ministros do STJ entenderam que a candidata poderia ter acertado ou não a pergunta, caso houvesse resposta certa. Assim, julgaram procedente, parcialmente o pedido, condenando o SBT a indenizar em R$ 125.000,00 ¼ do valor pleiteado, R$ 500.000,00.
	Na realidade, a teoria defende a indenização pela perda da chance e não pela perda do sucesso. Chance é a perda da possibilidade de auferir uma vantagem ou de evitar um prejuízo, razão pela qual não caberia a indenização pelo valor máximo de R$ 500.000,00.	
Resp 788459/BA consagra situação famosa de perda de uma chance por conta da impropriedade de pergunta veiculada em programa televisivo. O questionamento em progrma de perguntas e respostas pela televisão, sem viabilidade lógica, uma vez que a CF não indica percentual relativo às terras indígenas (...) impondo o dever de indenizar o participante pelo que razoavelmente deixou de lucrar”.
	Em. 444 da V JDC:
 a responsabilidade civil pela perda de uma chance não se limita à categoria de danos extrapatrimoniais, pois , conforme as circunstâncias do caso concreto, a chance perdida pode apresentar também a natureza jurídica de dano patrimonial. A chance deve ser séria e real, não ficando adstrita a percentuais apriorísticos
Como já dito, entende-se por chance a possibilidade de se obter uma vantagem ou de se evitar uma perda. È preciso verificar em cada caso se o resultado seria possível. O juiz terá que fazer um prognóstico sobre as concretas possibilidades, só será indenizável se a probabilidade era de mais de 50%, segundo Sérgio Cavalieri. Para Carlos Roberto Gonçalves a chance deve ser séria e real, pois mera possibilidade não é passível de indenização. O juiz há que se respaldar em critérios objetivos.
O Min Luis Felipe Salomão do STJ, em RE condenou a mãe a indenizar um de seus filhos, vez que alegou e provou que sua genitora propiciou tudo para seu irmão e nada para ele, em razão disso o irmão se tornou um homem bem sucedido.
A aplicação dessa teoria é cabível em situações de competição, ex cavalo favorito ao prêmio, que é entregue pela transportadora no hipódromo, depois da corrida. Outro exemplo que caberia a indenização pela perda de uma chance, seria o caso de um atleta consagrado, que em razão de um dano físico, perde a chance de vitória.
 
	A indenização se dá pela perda da possibilidade de obter uma vantagem e não pela perda da própria vantagem. 
	Recente julgado do STJ: 
	Quarta Turma 
	DANOS MATERIAIS. PROMOÇÃO PUBLICITÁRIA DE SUPERMERCADO. SORTEIO DE CASA. TEORIA DA PERDA DE UMA CHANCE. 
	A Turma, [...}julgou parcialmente provido o recurso especial para condenar o recorrido (supermercado) ao pagamento de danos materiais à recorrente (consumidora), em razão da perda de uma chance, uma vez que não lhe foi oportunizada a participação em um segundo sorteio de uma promoção publicitária veiculada pelo estabelecimento comercial no qual concorreria ao recebimento de uma casa. Na espécie, a promoção publicitária do supermercado oferecia aos concorrentes novecentos vales-compras de R$ 100,00 e trinta casas. A recorrente foi sorteada e, ao buscar seu prêmio – o vale-compra –, teve conhecimento de que, segundo o regulamento, as casas seriam sorteadas àqueles que tivessem sido premiados com os novecentos vales-compras. Ocorre que o segundo sorteio já tinha sido realizado sem a sua participação, tendo sido as trinta casas sorteadas entre os demais participantes. De início, afastou a Min. Relatora a reparação por dano moral sob o entendimento de que não houve publicidade enganosa. Segundo afirmou, estava claro no bilhete do sorteio que seriam sorteados 930 ganhadores – novecentos receberiam vales-compra no valor de R$ 100,00 e outros trinta, casas na importância de R$ 40.000,00, a ser depositado em caderneta de poupança. Por sua vez, reputou devido o ressarcimento pelo dano material, caracterizado pela perda da chance da recorrente de concorrer entre os novecentos participantes a uma das trinta casas em disputa. O acórdão reconheceu o fato incontroverso de que a recorrente não foi comunicada pelos promotores do evento e sequer recebeu o bilhete para participar do segundo sorteio, portanto ficou impedida de concorrer, efetivamente, a uma das trinta casas. Conclui-se, assim, que a reparação deste dano material deve corresponder ao pagamento do valor de 1/30 do prêmio, ou seja, 1/30 de R$ 40.000,00, corrigidos à época do segundo sorteio. EDcl no AgRg no Ag 1.196.957-DF, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, julgados em 10/4/2012. 
Concurso Público:
	Segunda Turma 
	TEORIA. PERDA. CHANCE. CONCURSO. EXCLUSÃO. 
	A Turma decidiu não ser aplicável a teoria da perda de uma chance ao candidato que pleiteia indenização por ter sido excluído do concurso público após reprovação no exame psicotécnico. De acordo com o Min. Relator, tal teoria exige que o ato ilícito implique perda da oportunidade de o lesado obter situação futura melhor, desde que a chance seja real, séria e lhe proporcione efetiva condição pessoal de concorrer a essa situação. No entanto, salientou que, in casu, o candidato recorrente foi aprovado apenas na primeira fase da primeira etapa do certame, não sendo possível estimar sua probabilidade em ser, além de aprovado ao final do processo, também classificado dentro da quantidade de vagas estabelecidas no edital. AgRg no REsp 1.220.911-RS, Rel. Min. Castro Meira, julgado em 17/3/2011
Caso: JOSEFA E JOSELINA DA FONSECA, filhas legítimas de JOSÉ DA FONSECA, ingressaram com ação de indenização em face da CONSTRUTORA VIVABEM S/A.. Alegaram, em síntese, que seu pai, no dia 25 de agosto de 2001, celebrou com a ré contrato de promessa de compra e venda para a aquisição de uma bela casa residencial no bairro de Ipanema, na grande São Paulo. Sustentam que o valor do imóvel fora ajustado, na época, em R$ 27.000,00 (vinte e sete mil reais), sendo que R$ 19.600,00 (dezenove mil e seiscentos reais) deveriam ser pagos por meio de empréstimo obtido junto à CAIXA FINANCEIRA DE IMÓVEIS S/A, no prazo máximo de 40 dias, após a entrega de toda a documentação pela vendedora, no caso a construtora-ré. Acrescentam, ainda, que no dia 20 de setembro de 2004 seu pai veio a falecer em virtude de acidente automobilístico e, até a presente data, 02 anos e meio após a assinatura do referido contrato, a ré ainda não havia apresentado os documentos do imóvel ao agente financiador do negócio. Requerem, por fim, a condenação da ré e a quitação do imóvel, uma vez que restou comprovado o imenso dano causado em seu pai que, em vida, não conseguiu honrar seu compromisso e se encontra sem solução até os dias de hoje. Em contestação, a ré requer a improcedência do pedido, uma vez que a quitação do débito não poderia ser concedida, pois o dano não coincide com a vantagem que era esperada - o promitente comprador tinha apenas uma mera expectativa. Aduz, ainda que o falecido ao assinar o referido contrato de promessa de compra e venda anuiu com o item nº 5 que permitia a ré dilatar o prazo para a apresentação dos documentos de acordo com o seu único e exclusivo arbítrio. Como juiz, decida a questão. Resposta fundamentadaem 15 (quinze) linhas 
Resposta à Questão 2
O STJ entende que é possível aplicar-se, aqui, a teoria da perda da chance. A construtora deve indenizar a família do comprador, do de cujus, porque se houvesse entregue os documentos necessários antes do óbito, como deveria, o negócio teria sido aperfeiçoado, o seguro feito, e a morte acarretaria a quitação do financiamento. Entendeu-se que houve abuso de direito na cláusula que permitia a dilatação do prazo para entrega dos documentos por arbítrio exclusivo da construtora. Há o nexo entre a conduta da construtora e o dano, e por isso responde.
ESPÉCIES DE DANO
	Dano material ou patrimonial é o dano que afeta somente o patrimônio do ofendido. Dano Moral ou extrapatrimonial é o que ofende a vitima como ser humano, não atingindo o seu patrimônio. 
DANO INDIRETO, DANO REFLEXO E EM RICOCHETE
Não há unanimidade na doutrina, 
Segundo Pablo Stolze:
Dano indireto traz a idéia de uma cadeia de prejuízos: a mesma vítima sofre um dano direto e danos indiretos ou conseqüenciais da conduta realizada. Somente uma única vítima sofre uma cadeia de acontecimentos e danos. Ex. plano de saúde recusa a cobertura de dado procedimento, se houver agravamento do quadro clínico do paciente, responderá pelos danos reflexos, ou seja, terá que cobrir o tratamento dos danos decorrentes, após a recusa.
Já o dano reflexo ou em ricochete é aquele que atinge além da vítima, uma vítima indireta, a exemplo do filho que sofre o dano pela morte do pai. Existem duas vítimas envolvidas, o dano recai sobre o pai e sobre o filho.
Juiz manda empresa indenizar mulher por impotência do marido Dersa - Desenvolvimento Rodoviário S.A - foi condenada a pagar indenização de R$ 500 mil por danos morais para uma dona de casa de Santos (SP). Motivo: ela foi privada de manter relações sexuais com o marido por causa de um acidente na travessia de balsas, operada pela Dersa, que provocou o esmagamento de vários órgãos incluindo a genitália e o deixou impotente.(...). O acidente provocou a redução de seu órgão genital, deixando-o incapaz para a prática de relações sexuais. Ele morreu em outubro de 1999, quando se submeteu a uma operação para a recomposição das genitálias.Pelo acidente, o marido da autora ingressou com uma ação contra a Dersa e ganhou uma indenização de R$ 1 milhão 200 mil, que foram pagos em quatro parcelas de R$ 300 mil, entre junho e agosto de 1999. "Ela teve que experimentar a perda do lídimo direito de manter com seu marido relações sexuais", afirmou o juiz. Segundo ele, "a indenização tem por fim ministrar uma sanção para a violação de um direito que não tem denominador econômico, considerando que o abalo psicológico da autora em nenhum momento se confunde com a dor e os traumas experimentados pelo seu falecido marido".Ao fundamentar a sentença, o juiz fez referência aos laudos médicos periciais que apontaram as lesões como muito severas e as seqüelas irreversíveis. "A vítima sentia fortes dores na região abdominal, dificuldades para urinar e impotência sexual. O perito, especialista em urologia, apontou que a redução do órgão genital se dera por retração por fibrose cicatricial da região publiana. As lesões redundaram em disfunção erétil, a ponto de o membro só responder a estímulo sexual com fármaco-indução".
OBS. STJ entendeu que não cabe indenização por dano em ricochete ao noivo, caberá aos irmãos.
	STJ julgou caso em que condenou o ofensor a pagar indenização à sogra pela morte de genro, em razão de grande aproximação de ambos.
 
DANO MATERIAL
Titulares da ação de ressarcimento do dano material: 
	O lesado e os dependentes econômicos (cônjuge, descendentes, ascendentes e irmãos.		
	Beneficiários da pensão são aqueles que viviam sob dependência econômica, a dependência econômica é presumida para os filhos e cônjuge. Em se tratando de ascendentes, dos descendentes maiores e irmãos da vítima, tem que ser provada.
	A jurisprudência tem admitido o direito da companheira de receber, indenização, quando provada a união estável .
	Se a vítima pagava pensão a ex-mulher e tinha uma companheira é cabível a concorrência de ambas para buscar a indenização.
PERDAS E DANOS: DANO EMERGENTE E LUCRO CESSANTE
		Não há unanimidade na doutrina, Sérgio Cavalieri entende que as perdas e danos abrange somente o dano material, outros entendem que abarca também o dano moral. Para Flávio Stolze dano ou prejuízo = perdas e danos.
È composto por DANO EMERGENTE, aquele que a vítima efetivamente perdeu e o lucro cessante que é a FRUSTRAÇÃO DA EXPECTATIVA DE LUCRO, ex. motorista de taxi que fica sem trabalhar. Encontra-se prevista no art. 402 do CC:
Salvo as exceções expressamente previstas em lei, as perdas e danos devidas ao credor abrangem, além do que ele efetivamente perdeu, o que razoavelmente deixou de lucrar.
RESPONSABILIDADE CIVIL POR MORTE
PENSÃO POR MORTE DECORRENTE DE HOMICÍDIO
Art. 948 CC , no caso de homicídio
Dano emergente: tratamento, e funeral e luto
Dano emergente – alimentos reparatórios ou indenizatórios, aos dependentes econômicos, até a data que a vítima completaria 74 anos ( estimativa do IBGE).
OBS. Flávio Tartuce entende que nas Perdas e Danos se inclui o dano moral
Art. 948. No caso de homicídio, a indenização consiste, sem excluir outras reparações:
II - na prestação de alimentos às pessoas a quem o morto os devia, levando-se em conta a duração provável da vida da vítima.
	Duração provável de vida
	Aplica-se a expectativa de vida dada pelo IBGE.
Informativo 578 do STJ, julgado 18/02/2016
	Se a vítima tiver mais da idade média prevista, no caso de seu falecimento, havendo dependentes econômicos, estes poderão pleitear pensão mensal por ato ilícito, aplicando-se a tabela de sobrevida do IBGE, (tábua completa de mortalidade),vigente na data do óbito. Levando-se em conta o gênero e a idade da vítima.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.311.402-SP, Rel. Min. João Otávio de Noronha, julgado em 18/2/2016 (Info 578).
	Assim, se a vítima morre com 76 anos, ultrapassada a expectativa de vida, que é de 74,3 ), (setenta e quatro anos e três meses), ainda que ultrapassada a idade, se a tabela de sobrevida informar, por exemplo, mais 10,3 (dez anos e três meses), o dependente econômico terá direito a receber a pensão, até quando o falecido alcançasse 86,3 (oitenta e seis anos e três meses)
Informativo 542 do STJ, julgado em 6/05/2014
Possibilidade de cumulação de benefício previdenciário de pensão por morte com pensão civil ex delito.
	São cumuláveis o benefício previdenciário e a indenização por dano moral e material, pois têm naturezas diversas. A pensão por morte é um direito assegurado pela previdência, enquanto que a indenização por dano moral ou material decorre de ato ilícito, previsto no art. 948 do CC.
	Exemplo, A, sargento do exército foi morto por B. A viúva propôs ação civil ex delito (para o ressarcimento pela prática de crime), em face de B, este , em contestação, alegou que Maria receberia duas pensões, caso de bis in idem. 
	STJ entendeu que Maria tem direito a receber a pensão previdenciária e a pensão do art. 948 do CC.
	A indenização por ato ilícito é autônoma, em relação a qualquer benefício previdenciário.
RESPONSABILIDADE CIVIL POR INABILITAÇÃO PARA O TRABALHO
Informativo 545 do STJ, em 10/06/2014
Art. 950 
Art. 950. Se da ofensa resultar defeito pelo qual o ofendido não possa exercer o seu ofício ou profissão, ou se lhe diminua a capacidade de trabalho, a indenização, além das despesas do tratamento e lucros cessantes até ao fim da convalescença, incluirá pensão correspondente à importância do trabalho para que se inabilitou, ou da depreciação que ele sofreu.
Parágrafo único. O prejudicado, se preferir, poderá exigir que a indenização seja arbitrada e paga de uma só vez.
	Imagine que A tenha sofrido um acidente causado pela empresa X, ficando com sequelas que lhe diminuíram a capacidade para o trabalho.
	A ajuizou a açãoindenizatória por dano moral e material, tendo a empresa sido condenada a pagar 100 salários mínimos por dano moral.
Mais despesas médicas com tratamentos e cirurgias.
Pensão mensal vitalícia de um salário mínimo, pela perda da capacidade laborativa, com determinação de constituição de capital.
Constituição de capital:
Os juízes determinavam que o condenado separasse um imóvel ou título da vida pública, para que este gerasse rendimentos e aquele, para que o aluguel servisse de garantia para o pagamento da pensão fixada.
Somente a caução fidejussória substituiria a constituição de capital.
Súmula 313 do STJ – em ação de indenização, procedente o pedido, é necessária a constituição de capital ou caução fidejussória para a garantia de pagamento da pensão, independentemente da situação financeira do demandado.
	Depois de editada a súmula, editada lei que tratou do assunto, art. 475-Q
	Quando a prestação por ato ilícito incluir prestação de alimentos, o juiz, quanto a esta parte, poderá ordenar ao devedor constituição de capital, cuja renda assegure o pagamento do valor mensal da pensão. 
§2º o juiz poderá substituir a constituição do capital pela inclusão do beneficiário da prestação em folha de pagamento de entidade de direito público ou de empresa de direito privado de notória capacidade econômica, ou, a requerimento do devedor, por fiança bancária ou garantia real, em valor a ser arbitrado de imediato pelo juiz.
O STJ entendeu que a constituição de capital ou a caução fidejussória é a regra, mas o devedor poderá requerer ao juiz , que as garantias para pagamento da pensão seja substituída pela a inclusão da vítima na folha de pagamento da empresa, desde que provada a solvabilidade da empresa. Isso porque a constituição de capital pode ficar oneroso para a empresa.
DANO MORAL
		É o que atinge o ofendido como pessoa, é a lesão de bens que integra o direitos da personalidade como: a honra, a vida privada, a dignidade, a intimidade, a imagem, o bom nome etc... e também, que acarreta na vítima dor, sofrimento, tristeza, vexame e humilhação. Está preceituado no art. 5º, Inc V e X da CF. 
Sobre o assunto, leciona o mestre Sergio Cavalieri
Só deve ser reparado como dano moral a dor, o vexame, sofrimento ou humilhação que, fugindo a normalidade, interfira intensamente no comportamento psicológico do individuo, causando-lhe aflições, angustia e desequilíbrio em seu bem-estar. Mero dissabor, aborrecimento, magoa, irritação ou sensibilidade exacerbada estão fora da orbita do dano moral, porquanto, além de fazerem parte da normalidade do nosso dia a dia, no trabalho, no transito, entre os amigos e ate ambiente familiar, tais situações não são intensas e duradouras, a ponto de romper o equilíbrio psicológico do individuo. Se assim não se entender, acabaremos por banalizar o dano moral, ensejando ações judiciais em busca de indenizações pelos mais triviais aborrecimentos.
	Exemplos de dano moral: a dor que experimentam os pais na morte de filho, o padecimento ou complexo de quem suporta um dano estético, a humilhação de quem foi publicamente injuriado.
	A indenização tem por escopo atenuar, em parte, as conseqüências da lesão jurídica sofrida. 
MERO ABORRECIMENTO
	Ressalte-se que meros aborrecimentos da vida não configuram o dano moral, como se recomenda Sérgio Cavalieri:
 a dor, vexame, sofrimento ou humilhação que, fugindo à normalidade, interfira intensamente no comportamento psicológico do indivíduo, causando-lhe aflições, angústia e desequilíbrio em seu bem-estar. Mero dissabor, aborrecimento, mágoa, irritação ou sensibilidade exacerbada estão fora da órbita do dano moral, porquanto além de fazerem parte da normalidade do nosso dia-a-dia, no trabalho, no trânsito, entre os amigos e até no ambiente familiar, tais situações não são intensas e duradouras, a ponto de romper o equilíbrio psicológico do individuo.
	RESPONSABILIDADE CIVIL EM CASO DE ERRO DE ÁRBITRO DE FUTEBOL
	STJ – Embora reconheça relação de consumo entre torcedor e CBF, entendeu, RESP 1296944/RJ, julgado 4/6/2013, Não gera dano moral indenizável ao torcedor, pela entidade organizadora da competição, o erro de arbitragem não intencional, ainda que resulte eliminação do time, ainda que árbitro tenha posteriormente reconhecido que errou. Mero aborrecimento do torcedor.
STJ entendeu que a espera em fila para atendimento bancário, ainda que seja superior ao prazo previsto por lei municipal não gera dano moral. 
O TJ/SP julgou improcedente pedido de dano moral de pessoa que ficou presa em porta de Banco com detectores de metais. Ex.2 não gera indenização o exame de malas e bagagens de passageiros na alfândega.
		Sintetizando, o dano moral para ser indenizável tem que ser razoavelmente grave.
		Não se pode olvidar que em muitos julgados o dano moral é deferido, em seu caráter punitivo-pedagógico, ou seja, ainda que não haja dano aos direitos da personalidade do lesado, a indenização arbitrada “dói no bolso” do lesante, com o escopo de evitar que reitere na prática danosa. 
Enunciado 445 da V Jornada de direito civil:
O dano moral indenizável não pressupõe necessariamente a verificação de sentimentos humanos desagradáveis como dor e sofrimento.
	
JUSTIFICATIVA DO ENUNCIADO, por Felipe Teixeira Neto:’		
“[...] visa garantir a proteção da Dignidade da Pessoa Humana”.
DANO MORAL POR INFIDELIDADE OU DESRESPEITO NO CASAMENTO
	Com a EC 66, muito se discute se existe ou não o instituto da separação judicial, a doutrina e jurisprudência entendem que não, porém o STJ e STF ainda não se posicionaram quanto à matéria.
	Para aqueles que entendem que ainda existe a separação judicial, uma de suas modalidades é a separação sanção ou separação com culpa.
	Uma das motivações para o pedido de separação sanção é quando um dos cônjuges foi vítima de infidelidade ou desrespeito, como se trata de ato ilícito, poderá pedir indenização por dano moral.
Em muitos julgados não se defere a indenização, vez que há entendimento que a infidelidade nada mais é do que a materialização do desgaste da relação. Acontece porém, que quando a infidelidade é capaz de gerar uma humilhação pública, como por exemplo, cidade pequena, a noiva, na noite de núpcias recebeu telefonema de amante do marido. (reportagem FATÁSTICO)
	
0007742-78.2008.8.19.0006 – APELACAO
	DES. ALEXANDRE CAMARA - Julgamento: 26/02/2014 - SEGUNDA CAMARA CIVEL 
Direito de Família. Demanda indenizatória. Omissão sobre a verdadeira paternidade biológica de filho nascido na constância do casamento. Inocorrência de prescrição. Incidência do art. 197, inciso I, do CC. Separação de fato que não permite a contagem do prazo prescricional. Alegação da apelante de que o recorrido violou os deveres conjugais e de que o adultério foi consentido. Ausência de provas que pudessem comprovar as alegações da demandada. Aplicação do art. 333, II, do CPC. Infidelidade conjugal, que por si só não gera dano moral. Peculiaridades relativas à infidelidade conjugal com o padrinho de casamento do casal e quebra da confiança do apelado, com omissão acerca da verdadeira paternidade biológica do filho nascido durante o casamento. Violação dos deveres de fidelidade, respeito e consideração mútuos. Art. 1.566 do Código Civil. Dano moral configurado. Dano material comprovado. Valor da compensação que deve ser reduzido para R$ 20.000,00. Recurso parcialmente provido
DANO POR OFENSA À HONRA OU À IMAGEM DE PESSOA FALECIDA
	É cediço que a honra e imagem são direitos personalíssimos intransmissíveis, e que a personalidade extingue-se pela morte da pessoa. Durante muito tempo não foi permitido aos herdeiros legitimados reclamar indenização por suposta ofensa à honra e a imagem de falecido.
	Acontece porém, que dependendo da notoriedade de uma pessoa , a imagem pode projetar efeitos jurídicos para além de sua morte, ex. Ayrton Senna, Tom Jobim, Vinícius de Moraes, Renato Russo, Tim Maia, componentes dos Mamonas Assassinas

Continue navegando