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04-Biogeografia

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1
Biogeografia
2
Biogeografia
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Coordenação ♦ João Jacomel
Equipe ♦ Alexandre Ribeiro, Cefas Gomes, Clauder Filho,
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Dantas, Lucas do Vale, Marcio Serafim, Mariucha Ponte,
Ruberval da Fonseca e Tatiana Coutinho.
Editoração ♦ Mariucha Silveira Ponte
Imagens ♦ Corbis/Image100/Imagemsource
Ilustrações ♦ Mariucha Silveira Ponte
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Jean Carlo Nerone
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Ronaldo Costa
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Luís Carlos Nogueira Abbehusen
Romulo Augusto Merhy
Osmane Chaves
João Jacomel
Gervásio Meneses de Oliveira
William Oliveira
Samuel Soares
Germano Tabacof
Pedro Daltro Gusmão da Silva
3
SUMÁRIOSUMÁRIOSUMÁRIOSUMÁRIOSUMÁRIO
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INTRODUÇÃO À BIOGEOGRAFIA
Biogeografia: conceitos e definições
A biosfera
Zoogeografia: a geografia dos animais
Fitogeografia: a geografia dos vegetais
Atividades complementares
FATORES CONDICIONANTES DA VIDA NA BIOSFERA
Fatores Bióticos e Abióticos
Aspectos gerais da vegetação
Principais classificações dos seres vivos
A transformação continua da vida: especiação e extinção
Atividades complementares
PRINCÍPIOS GERAIS DA BIOGEOGRAFIA,
CONCEITOS, TEMAS E PARADIGMAS
A BIOGEOGRAFIA GERAL E DO BRASIL E
SUAS APLICAÇÕES NO ESTUDO AMBIENTAL
4
Biogeografia
Atividade Orientada
Glossário
Referências Bibliográficas
40
40
49
41
64
64
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 AS GRANDES PAISAGENS TERRESTRES E SEUS
BIOMAS
As regiões Biogeográficas
Os biomas mundiais
Os grandes biomas Brasileiros
Fitogeografia brasileira
Atividades complementares
 O PAPEL DA BIOGEOGRAFIA NA PRESERVAÇÃO AMBIENTAL
O homem e o meio ambiente
Problemas ambientais
A importância do ensino da biogeografia
Atividades complementares
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Este material didático tem como intuito levar o discente ao entendi-
mento da disciplina Biogeografia, que, segundo alguns autores, representam,
na atualidade, um ponto chave para os debates atuais da sociedade moderna
e sua relação com o meio ambiente. Desta maneira, iniciaremos nossos
estudos biogeográficos através da análise dos conceitos e paradigmas que
envolvem a disciplina. Posteriormente, aprofundaremos a discussão sobre
a distribuição dos seres vivos no planeta, suas causas e conseqüências,
buscando contextualizar essas informações à prática pedagógica em sala
de aula, de modo que os estudos possam ser desenvolvidos, de maneira
prática e agradável, ao longo do curso.
Acredito que, desse modo, vocês estarão sistematizando o conheci-
mento biogeográfico, aprofundando as discussões sobre meio ambiente e
desenvolvimento sustentável, um dos temas que mais despertam interesse
na atualidade (conservação da biodiversidade), ou seja, da pluralidade das
espécies que vivem num dado ambiente. Esse interesse, até mesmo de
origem política, aponta para a importância do estudo da Biogeografia, um
dos ramos da Geografia Física.
Ao estudar este material vocês estarão em contato com as idéias dos
principias autores, com os conceitos e temas de maior relevância para o
entendimento desta disciplina. Para facilitar a compreensão, elaboramos uma
estrutura de estudo dividida em duas partes. No primeiro bloco aprofunda-
remos aspectos gerais da Biogeografia (conceitos, pensamentos e teorias).
No segundo bloco, partiremos para estudos específicos, procurando
compreender a contextualização dos mesmos com outras disciplinas, como
Climatologia, Hidrografia, etc.
Sejam bem vindos aos estudos da Biogeografia e as suas discussões.
Professor Ricardo Bahia Rios
Apresentação da Disciplina
6
Biogeografia
7
PRINCÍPIOS GERAIS DA BIOGEOGRAFIA,
CONCEITOS, TEMAS E PARADIGMAS
Biogeografia: Conceitos e Definições
A dispersão irregular dos oceanos e continentes, as diversas formas de relevo, a
variedade climática e as diferentes composições de rochas e solos são alguns dos fatores
que determinam à distribuição dos seres vivos sobre o planeta Terra, (Pereira & Almeida,
2000, 195 p.). Desse modo, o estudo dessa distribuição atual e passada e das condições
desta distribuição, seja da flora ou da fauna, viventes ou fósseis, corresponde ao principal
objetivo dos estudos biogeográficos.
Desse modo, a Biogeografia é a ciência que estuda a espacialização, a expansão e
associação das plantas e dos animais, ou seja, os seres vivos sobre a superfície terrestre.
Abordando, sob diferentes ângulos e aspectos, os assuntos relacionados aos seres vivos,
analisando suas relações entre si e o meio ambiente (KUHLMANN, 1973).
A Biogeografia procura mostrar a evolução dos seres vivos, compreendendo sua
origem e história geológica remota e recente, restrições e limitações impostas pelos fatores
físicos e químicos e a ação deste sobre os próprios grupos vegetais e animais.
É considerada, por uns, como ramo da Biologia e, por outros, como um ramo da
Geografia. O seu campo é muito vasto, entrando em contato com várias ciências, tais como
a Botânica, a Zoologia, a Geologia, a Paleontologia, a Climatologia, entre outras.
Desse modo, podemos concluir que a Biogeografia abrange um rol muito ampliadodo conhecimento, apoiando–se, principalmente, na Biologia e na Geografia.
INTRODUÇÃO À BIOGEOGRAFIA
O que interessa, sobretudo, ao geógrafo, é explicar e conhecer a distribuição dos
seres vivos (fauna e flora), no espaço geográfico, correlacionando essa espacialização
aos fatores ambientais (bióticos e abióticos) e ao próprio homem, responsável pela dinâmica
das modificações espaciais, apresentando assim uma visão mais ampla.
Os biogeógrafos são aqueles que compreendem os diferentes padrões de distribui-
ção dos animais e das plantas. Para tanto, buscam entender seus fatores e suas causas e
como isso aparece refletido no espaço geográfico.
Sendo assim, a Biogeografia constitui num verdadeiro traço de união entre a geogra-
fia física e a geografia humana. Implica no conhecimento não só da distribuição atual das
8
Biogeografia
1. Ambiente ou meio
Conjunto das forças e condições naturais que operam numa determinada região ou
localidade.
2. Habitat
Parte do ambiente em estreita relação com os organismos que nele vivem; qualquer
lugar do ambiente em que cresce e reproduz-se os seres vivos.
3. Biótopo ou nicho
A menor área caracterizada por um ambiente particular, ou seja, menor unidade de um
habitat.
4. Biocenose
Comunidade de seres vivos que ocupa dado habitat .
5. Substrato
É o ponto do físico do habitat onde está fixado um vegetal qualquer. Ex. substrato
rochoso, aquoso, etc.
6. Comunidade
Indica qualquer grupo organizado (com estrutura definida) de plantas e de animais.
8. Formação
É um grande tipo de vegetação do ponto de vista fisionômico: cerrado, mata atlântica,
floresta equatorial.
9. Biócoro
Meio geográfico onde predominam certas formas biológicas, adaptadas a um conjunto
particular de fatores meteorológicos.
Para refletir!Para refletir!Para refletir!Para refletir!Para refletir!
Qual a importância dos estudos biogeográficos para os dias atuais?
Divisão Clássica da Biogeografia
Tradicionalmente, a Biogeografia é dividida
em dois ramos: a Fitogeografia ou geografia das
plantas e a Zoogeografia ou geografia dos animais.
Quando os estudos são mais voltados para
os vegetais, recebe o nome de Fitogeografia e,
quando voltado para os estudos dos animais, de-
nomina-se Zoogeografia.
É fato que a Fitogeografia recebe maior aten-
ção por parte dos biogeógrafos do que a Zoogeo-
plantas e dos animais, mas também das causas e fatores que a presidem, no
tempo e no espaço; e na observação da forma pela qual se processou a
adaptação dos seres vivos ao meio e os indícios dessa acomodação. Como
nada existe isoladamente na natureza, procura-se conhecer as causas que
originaram determinadas associações de espécies, bem como apreciar os
diferentes aspectos sob os quais se apresentam.
Nos estudos biogeográficos alguns temas-conceitos devem ser cla-
ramente explicitados, devido à sua importância para a disciplina e para o
entendimento do assunto, tais como:
9
grafia. Kuhlmann (1977) aponta que isso se deve, provavelmente, ao fato de os vegetais se
destacarem mais nas paisagens terrestres. É tão grande sua importância nas paisagens
que os geógrafos, por vez, estabelecem os limites das grandes regiões naturais segundo
as áreas de ocorrência dos tipos de vegetação.
Evolução da Biogeografia
No século XV, quando começaram as explorações por todo o mundo, os primeiros
naturalistas europeus percorreram as terras recém-descobertas para estudarem sua fauna
e flora. Um deles foi Alexander Humboldt que, no final do século XVII, tinha coletado vários
dados sobre a distribuição das plantas na América.
Outro naturalista importante foi o inglês Charles Darwin, cuja teoria de origem da
vida mudou a visão da época na qual se acreditava que as espécies eram imutáveis, e
produto da criação divina. Depois de suas viagens, Darwin reuniu informações sobre a
distribuição dos organismos. Surpreso pelas semelhanças e diferenças entre as várias
espécies, assim como com os restos fósseis dos organismos que habitaram a Terra,
desenvolveu a “Teoria da Evolução das Espécies”, em 1859. Nessa teoria, Darwin sugeria
que a seleção natural era o principal mecanismo para a troca das espécies através do
tempo. Ao mesmo tempo, Wallace viajou pelo sudeste asiático estudando sua fauna e sua
flora e chegou às mesmas conclusões que Darwin. Assim, foi atribuída a ambos a formulação
da Teoria da Evolução. Além disso, Wallace escreveu em 1876 uns dos primeiros e mais
importantes trabalhos sobre Biogeografia: “A distribuição geográfica dos animais”. Através
de seus trabalhos, Wallace estabeleceu os conceitos básicos da Biogeografia, que ainda
são vigentes. Por esses motivos, Wallace é considerado o pai da Biogeografia.
Níveis de Integração nos Estudos Biogeográficos
Pierre Danserau (1949) aponta que os estudos biogeográficos podem ser realizados
em diferentes níveis de integração (oito níveis), de acordo com o objetivo a ser alçando pelo
pesquisador. Em cada nível, podemos observar que variam:
• As afinidades com outras ciências;
• A natureza das limitações impostas;
• O próprio material estudado;
• O objetivo da pesquisa;
• As conclusões às quais queremos chegar.
Dividindo, então, os estudos em partes correspondentes e integradas entre si, procura-
se conhecer as causas que originaram determinadas associações de espécies, bem como
apreciar os diferentes aspectos sob os quais se apresentam. Procurando atender a todos
esses objetivos é que Dansereau imprimiu na Biogeografia uma perspectiva ecológica,
estabelecendo os denominados planos ou níveis de integração que “representam as várias
limitações que o meio impõe, sucessivamente, aos seres vivos, no tempo e no espaço”.
Tais níveis são os seguintes:
Primeiro Nível – Paleontológico:
Incluem nesse nível as considerações sobre adaptação das plantas e animais,
condicionadas por grandes acontecimentos geológicos (glaciação, transgressão marinha,
movimentos das placas tectônicas, etc.). Nesse nível, é importante verificar a escala
geológica que possibilitou condições novas e mais ou menos favorável à vida. Tem
como finalidade estabelecer a origem das plantas e animais, o seu apogeu e o motivo
do seu desaparecimento.
10
Biogeografia
Segundo Nível – Paleoecológico:
Permite um estudo mais meticuloso, dentro do período geológico mais
recente. Estuda não só a evolução das espécies, mas também as mudanças
geográficas do clima e da vegetação. Fornece uma idéia do tempo em que
existiu determinado tipo de vegetação num determinado território.
Terceiro Nível – Aerográfico:
Estuda as áreas geográficas de todas as espécies de plantas e animais, suas
unidades paisagísticas, sua origem, suas mudanças e limites e as características dos
territórios florais e faunísticos.
Quarto Nível – Bioclimatológico:
Se no nível Aerográfico procura–se a explicação da distribuição; neste, procura – se
indagar sobre os fatores climatológicos responsáveis pela atual distribuição da luz, da
temperatura, da umidade, etc. Uma das preocupações dos bioclimatologistas é estabelecer
os isófenos, isto é, a linha que une pontos de igual periodicidade biológica: momento de
floração de uma determinada planta, da reprodução de um peixe, etc.
Nesse nível são estudadas as limitações devido aos fatores do clima. A ação desses
fatores (latitudes, distribuição dos continentes, relevo, depressões barométricas, correntes
marinhas) faz-se sentir, principalmente, sobre as plantas, através de seus elementos
(temperatura, precipitações, ventos, etc).
Assim, a latitude, condicionando a temperatura, acarreta a divisão da superfície da
Terra em grandes zonas climáticas (equatorial, tropical, temperada e fria), nas quais o
comportamento biológico é bem diversificado. Cada uma delas, em função também da
umidade, corresponde a diferentes faixas de vegetação. Quando à altitude, introduz
modificações climáticas, também se estabelece um escalonamento (agoravertical) da
vegetação, passando estas faixas a constituir os denominados andares de vegetação.
Latitude e altitude são, assim, os dois fatores que mais influenciam sobre a distribuição das
espécies.
Quinto Nível – Autoecológico:
Este estudo limita–se ao ser individualizado nos vários aspectos do seu ciclo vital:
periodicidade, reprodução, dispersão, reação aos fatores físicos e químicos.
O objetivo desse nível é o estudo do ser vivo individualizado, nos vários aspectos de
seu ciclo vital e em relação ao meio. Todo ser vivo manifesta uma série de exigências e de
tolerâncias. Na tolerância, há a considerar também a duração e a variação do fator.
Exigências e tolerâncias são fatores complementares e contrários, resultando do balanço
entre ambos a melhor ou pior adaptação. Os elementos que possuem poucas exigências e
muita tolerância podem aproveitar melhor os recursos do meio. Para sobreviver, os
organismos têm, pois, de adaptar-se não só aos fatores cósmicos (número de horas de
insolação) e climáticos (regime térmico), como também aos de seu habitat, manifestando,
assim, mais diretamente, sua capacidade de reação e de aproveitamento dos recursos. Os
fatores limitativos impostos pelo habitat podem ser: (1) químicos - quantidade de oxigênio,
teor de cálcio e silício no solo, quantidade de sal, condições de pH etc; (2) físicos-luz (pela
influência sobre a fotossíntese e reprodução, a forma, a germinação e o fototropismo), calor
(tanto pelo excesso como pela deficiência; o frio, por exemplo, exerce grande influência
sobre os seres vivos), a umidade, a pressão (esta mais sobre os animais, pela influência
direta sobre a pressão do sangue); (3) biológicos - (a) vigor (plantas e animais mais vigorosos
transformam, rapidamente, em seu proveito, as possibilidades oferecidas pelo meio); (b)
vitalidade (capacidade de um organismo em cumprir todas as fases de seu ciclo; a esta se
11
liga a noção de longevidade); (c) fecundidade; (d) dispersão (pelo vento, água ou animais,
especialmente aves); (e) agilidade (capacidade de locomoção própria de cada organismo).
 Da participação dos diversos organismos nos elementos nutritivos do meio ou em
todos os recursos do ambiente, resultam as relações biocenóticas, que são as seguintes:
(1) parasitismo (um dos dois organismos precisa do outro para subsistir); (2) saprofitismo
(sobrevivência sobre matéria orgânica em decomposição); (3) epifitismo (as plantas
aproveitam-se de outras apenas como suporte, sem utilizar-lhes a seiva); (4) simbiose
(associação de duas ou mais espécies com benefício para todas); (5) comensalismo (para
que possam conviver no mesmo habitat, as diferentes espécies têm que possuir exigências
muito vizinhas, porém, complementares); (6) fitofagia (consumação de plantas pelos animais;
alguns manifestam preferências específicas); (7) predação (há animais que se alimentam
de outros).
Nos estudos da auto-ecologia, podem ser utilizados dois métodos: observação direta
(o ser vivo no seu meio natural) e experimentação (controle em laboratório dos fatores que
afetam o comportamento dos indivíduos).
Sexto Nível – Sinecológico:
Procura–se saber como se associam as várias espécies de seres vivos, como utilizam
as possibilidades do meio e como as retribuem: se cada um melhora ou piora as condições
de seu habitat.
Neste nível são estudadas as composições, estruturas e dinâmicas dos ecossistemas
(conjuntos dinâmicos formados pelo habitat e as associações de seres que nele vivem). A
sinecologia estuda, assim, as comunidades biológicas e não o indivíduo isoladamente. Para
melhor compreensão do que significa um habitat, é preciso salientar que dentro de cada
biócoro principal (meio geográfico, onde dominam certas formas biológicas adaptadas a
um conjunto particular de fatores meteorológicos), podem ser encontrados vários habitats,
isto é, locais onde se desenvolvem todas as atividades das espécies. Em cada habitat, por
sua vez, podem existir unidades menores, como as sinusias e os biótopos. As primeiras
constituem as camadas horizontais, de altura definida, apresentadas pela vegetação num
determinado local e que incluem plantas de mesma forma biológica (ex.: sinusia herbácea,
arbustiva, arbórea). Os segundos representam unidades ainda menores que, no interior
das sinusias, apresentam-se com condições de vida ainda mais particulares, obedecendo
à ordem decrescente de grandeza: biociclos (água salgada, água doce e meio terrestre),
biócoros, habitats, sinusias e biótopos. Poucos são os organismos que se acham
exclusivamente restritos a um biótopo; alguns limitam-se a uma sinusia ou, mais freqüen-
temente, a um habitat. Este, geralmente, limita as espécies, havendo, porém algumas que
não se restringem nem aos biócoros, ou, nem mesmo, aos biociclos. O capim gordura
(Melinis minutiflora), por exemplo, pode ser encontrado em mais de um biócoro, enquanto
que o salmão (Salmo salar) vive tanto na água doce quanto na salgada. Quanto mais limitado,
porém, o organismo, tanto melhor indicador será das condições do habitat.
Sétimo Nível – Sociológico:
É o estudo do modo como se associam as espécies, das proporções que guardam
entre si. A composição florística é estabelecida numa base estatística e tem que reconhecer
também a estratificação da vegetação. Analisando a freqüência, a presença, a constância
de todas as espécies.
Além da dinâmica da vegetação, sua composição e estrutura também têm que ser
estudadas, embora pelo aspecto quantitativo pertençam mais ao campo da biologia
(sociologia vegetal) do que ao da geografia. Enquanto o dinamismo é indicado pelo lugar
ocupado pela associação na sucessão (se é subclímax, clímax etc), a estrutura resulta da
forma biológica dos indivíduos. Cada formação tem estrutura própria. Para sua compreensão,
12
Biogeografia
Oitavo nível – Industrial:
Nesse nível de estudo, o termo industrial é empregado no sentido da interpretação
da adaptação do homem ao meio. Como a sociedade utiliza os recursos, com se da a
transformação da paisagem, sua interferência no espaço.
O resultado do impacto de adaptação do homem ao meio compreende seis fases
sucessivas de intensidade crescente: coleta, caça e pesca, pastoreio, agricultura, indústria
e urbanização. Se, da primeira poucas modificações resultam para os elementos do meio,
já a partir da segunda, as alterações se fazem sentir (extermínio do bisão em áreas da
América do Norte, desaparecimento do salmão de muitos rios, etc.). Pelo pastoreio
continuado (a não ser em regiões de pastagens naturais), podem constituir-se áreas de
disclímax, como é o caso dos Alpes (na Europa) e do vale do Paraíba (no Brasil); todavia,
como a ação do pastoreio acha-se quase sempre acrescida pelas queimadas periódicas,
torna-se, muitas vezes, quase impossível determinar o clímax primitivo. Pela agricultura, o
homem não só modifica a área, mas, também, introduz nela novas espécies na vegetação
(plantas domesticadas p.ex.). O estabelecimento de usinas influi, muita vez, na vegetação,
pela fumaça e eliminação de outros vapores ou de poeiras prejudiciais; por outro lado, a
indústria madeireira é responsável pelas alterações na composição das florestas. Final-
mente, para atender aos imperativos da urbanização, é preciso modificar e, freqüentemente,
destruir todo um revestimento vegetal.
 Movimentando-se o homem de um ponto para outro da Terra, seu deslocamento é
acompanhado por migrações, tanto de plantas como de animais, fazendo com que deter-
minadas espécies venham a ter uma grande disseminação. Por isso, os deslocamentos
de populações, as guerras, as navegações, etc. tiveram grande papel na disseminação
de ervas daninhas, de pragas (ratos p. ex.), sem falar do transporte premeditado das
plantas cultivadas.
Constitui, pois, objetivo deste nível o estudo da forma pela qual o homem utiliza os
recursos do meio, bem como a maneira pela qual transforma a paisagem até o ponto de,
muitas vezes,estabelecer um novo equilíbrio, diferente do primitivo.
A consideração destes diferentes níveis dá uma idéia do conjunto das ciências
biogeográficas, da variedade das pesquisas e dos diversos métodos a serem empregados
para chegar à conclusão de certa ordem de grandeza (de certeza também) e ao
estabelecimento de unidades mais ou menos padronizadas (DANSEREAU, 1947).
No complexo campo de estudo da Biogeografia podem ser ainda reconhecidas
diferentes direções interdependentes e complementares de compreensão dos fenômenos
biogeográficos, Lemeé (1967) distingue três campos de ação:
1. Corologia – estudo da área geográfica das unidades taxonômicas, tais com
espécies, gênero, família, etc. de sua origem e de suas mudanças dos limites e características
dos territórios florais e faunísticos. É também conhecida com Areografia.
2. Biocenologia – estudo das comunidades de organismos, vista em seus diferentes
aspectos, como organização, composição taxonômica, dinâmica e extensão geográfica.
3. Ecologia – análise das relações dos organismos e de suas comunidades com o
meio exterior.
além da forma biológica, são consideradas a estratificação e a cobertura. A
composição é o conjunto das espécies presentes, cada uma com papel ou
valor de índice próprio. Da análise dos resultados dos levantamentos obtêm-
se dados sobre a abundância, a sociabilização, a freqüência, a presença, a
constância e a fidelidade dos diferentes componentes de uma associação.
 Nos estudos de sociologia vegetal, é necessário que as áreas es-
colhidas para amostra sejam bem homogêneas quanto aos seus fatores físicos.
13
Já Furon (1967) aponta para as possibilidades de estudos biogeográficos em três
setores:
1. Biogeografia Estatística – que estuda a repartição das espécies animais e
vegetais atuais e as condições ecológicas desta repartição.
2. Biogeografia Histórica ou Paleobiogeografia – que estuda a repartição e a
ecologia dos seres vivos ao longo dos tempos geológicos.
3. Biogeografia Dinâmica – que estuda as origens da população atual, suas
características geográficas e biológicas.
Você Você Você Você Você SabiaSabiaSabiaSabiaSabia?????
Taxonomia refere-se à classificação das coisas e aos princípios subja-
centes da classificação. Quase tudo - objetos animados, inanimados, lugares
e eventos - pode ser classificado de acordo com algum esquema taxonômico.
Sendo assim, táxon é uma unidade taxonômica, essencialmente
associada a um sistema de classificação. Táxons (ou taxa) podem estar em
qualquer nível de um sistema de classificação: um reino é um táxon, assim
como um gênero é um táxon, assim como uma espécie também é um táxon.
O táxon é o objeto de estudo da Taxonomia, que visa individualizar e
descrever cada táxon, seja de que nível taxonômico for, e da Sistemática,
que visa organizá-los nos diferentes sistemas de classificação.
Geobiocenose ou Ecosistema
O termo geobiocenose foi criado por cientistas da escola russa e equivale ao ecossis-
tema. Apesar de não ser amplamente utilizado, os geógrafos utilizam-se deste termo para
ressaltar o enfoque geográfico – espacial. Geobiocenoses aparece como sendo um sistema
de interações em funcionamento, composto de um ou mais organismos vivos em seus ambi-
entes reais, tanto físicos, como biológico.
Assim, geobiocenose ou ecossistema pode ser definido como um sistema aberto,
integrado por todos os organismos vivos (compreendendo o homem) e os elementos não
viventes de um setor ambiental, definido no tempo e no espaço, cujas propriedades globais
de funcionamento (fluxo de energia e ciclagem da matéria) e auto-regulação (controle)
derivam das relações entre todos os seus componentes, tanto pertencentes aos sistemas
naturais, quanto aos criados ou modificados pelo homem.
Portanto, ele pode ser formado por uma comunidade (conjunto) que possui elementos
físicos (ar, água, solo, rocha, etc.) e elementos vivos (animais e vegetais, dos grandes até
os microscópicos).
Em uma geobiocenoses, os elementos físicos e os elementos vivos estão unidos
numa mesma área, coexistindo num processo de dependência. Por exemplo, em uma flo-
resta, a energia do sol permite que os vegetais vivam. Isto é de importância comprovada
pelo fato de que os animais herbívoros (que se alimentam
exclusivamente de vegetais) morreriam de fome caso não
existissem os vegetais.
Ao longo do litoral brasileiro, encontra-se um ecossis-
tema complexo e importantíssimo para o desenvolvimento
da vida marinha, os manguezais. Ecossistemas específicos
sujeitos a inundação periódica pela ação das marés e sob
regime de variações extremas de salinidade. Devido a isso,
14
Biogeografia
pode ser considerado como o sistema intermediário entre os ecossistemas
aquáticos e terrestres. Esse ecossistema desempenha um importante papel
como fonte de matéria orgânica responsável pela produtividade primária da
zona costeira, como berçário e abrigo para fauna aquática, como um filtro
natural dos sedimentos, como proteção contra erosão de áreas estuarinas.
Além disso, é uma rica fonte de alimentos para populações que vivem da
pesca nessas áreas.
Conceito de Biosfera
A atuação da Biogeografia se dá na região do planeta denominada biosfera. Segundo
Ramade (1977) “biosfera é a região do planeta que compreende o conjunto de todos os
seres vivos e na qual se faz possível sua existência”. Esta definição procura ressaltar que
partes do planeta como as calotas polares e altas montanhas, não são favoráveis ao
desenvolvimento e sobrevivência de organismos, apesar de esporadicamente ocorrerem,
mas não se estabelecem de forma permanente ou por longos períodos. Portanto, a biosfera
pode ser entendida como uma película que envolve o planeta e é construída por litosfera,
hidrosfera e atmosfera. A espessura desta película é impossível de ser definida, visto que
prospecções petrolíferas encontraram microorganismos em rochas perfuradas à
profundidade de 365m; algumas formas de vida têm sido encontradas em assoalhos
oceânicos com profundidade de 10km; esporos de fungos foram coletados a cerca de 11
km de altitude e a NASA detectou a presença de bactérias a 22 km de altitude.
Sendo assim, torna-se de grande importância o entendimento do conceito da Biosfera,
seu funcionamento e evolução para os estudos biogeograficos.
 A noção de Biosfera foi criada há mais de uma centena de anos, em 1875 pelo
geólogo austríaco Edouard Zuss, que utilizou esse termo pela primeira vez, ao se referir aos
compartimentos envoltórios do globo terrestre.
Em 1926, V.I.Vernadsky cientista russo considerou a biosfera como sendo aqueles
estratos da crosta terrestre que tinham estado sob a influência dos organismos vivos por
toda a história geológica. Assim, no estrato superior dos dois compartimentos: na litosfera
e na hidrosfera, estariam situados todos os seres vivos.
Os estudos atuais têm uma definição mais completa da biosfera com sendo, “a união
de todos os espaços onde há vida na Terra que forma uma tênue cobertura de processos
vitais em interação. Essa complexa rede de interdependência se expressa em grande
conjunto de comunidades terrestre e aquática” (Jurandy Ross, 2001).
Também conhecida com esfera da vida, ela é formada pelo conjunto das três esferas
terrestre, responsável pela existência da vida na terra: atmosfera, litosfera e hidrosfera. A
biosfera é a parte da Terra onde se encontram os seres vivos. Ela compreende a superfície
terrestre e a porção inferior da atmosfera e prolonga-se até o fundo dos oceanos.
O conhecimento da biosfera é de fundamental importância para os estudos
biogeográficos, porque nela contém inúmeros ecossistemas (conjunto formado pelos
animais e vegetais em harmonia com os outros elementos naturais).
Incluem-se na biosfera todos os organismos vivos que vivem no planeta, embora o
conceito seja comumente alargado para incluir também os seus habitats, passando a
biosfera a ser tratada como um conjuntode ecossistemas, e englobando assim toda a zona
habitável do planeta. O homem, como ser vivo, faz parte da biosfera, e adapta o seu lar da
maneira que ele precisar, causando reações positivas e negativas.
15
Atenção Atenção Atenção Atenção Atenção !!!!!
A litosfera (do grego “Lithos” = pedra) é a parte do planeta Terra cons-
tituída por rochas e solo, correspondendo à crosta terrestre. É um dos três
principais grandes ambientes físicos da Terra, ao lado da hidrosfera e da
atmosfera. A litosfera é a camada solida mais externa da Terra.
O termo hidrosfera vem do grego: hidro + esfera = esfera da água.
Compreende todos os rios, lagos e mares e todas as águas subterrâneas,
bem como as águas marinhas e salobras, águas glaciais e lençóis de gelo,
vapor de água; as quais correspondem a 71% de toda a superfície terrestre.
A atmosfera (atmo = gás, vapor) corresponde à camada gasosa sem
cheiro, sem cor e sem gosto, presa a Terra pela força da gravidade.
Vista do espaço, o planeta Terra aparece como uma esfera de coloração
azul brilhante. Esse efeito cromático é produzido pela dispersão da luz solar
sobre a atmosfera, que também existe em outros planetas do sistema solar
que, assim como a Terra, possuem atmosfera.
A Formação da Biosfera
A idade da Terra é calculada em cerca de 4 a 5 bilhões de anos. No decorrer desse
longo período ela foi palco de inúmeras transformações físicas e biológicas, em boa parte,
ainda não esclarecidas. Há aproximadamente 3,5 bilhões de anos surgiram os primeiros
organismos vivos unicelulares (vide tabela Síntese das Eras e Períodos geológicos e
principais ocorrências), a partir desse ponto a vida vegetal e animal, começou a se desen-
volver inicialmente nos fundos dos oceanos.
16
Biogeografia
Você Você Você Você Você SabiaSabiaSabiaSabiaSabia?????
Ao longo da era pré–cambriana estudos científicos indicam que os
vulcões estavam em plena atividade; os continentes acabavam de ser
formados, havia muitas tempestades elétricas e a atmosfera não era igual à
de hoje.
Nesse ambiente, com uma atmosfera cheia de gases tóxicos, quase
sem oxigênio e com muito gás carbônico, substâncias químicas não-vivas
organizaram-se nos oceanos primitivos e formaram os primeiros seres vivos.
Essa idéia é a mais aceita pelos cientistas. Mas ainda são muitos discutidos os processos
que explicariam como as substâncias não-vivas conseguiram se organizar para originarem
os primeiros seres vivos.
Ainda na era pré–cambriana, há 2,5 bilhões de anos, ou seja, um bilhão de anos
depois do surgimento dos primeiros seres vivos microscópicos, uma grande mudança
aconteceu no planeta. A quantidade de oxigênio na atmosfera começou a aumentar e, no
mesmo ritmo, a quantidade de gás carbônico começou a diminuir permitindo o surgimento
de organismos mais complexos (pluricelulares).
Os cientistas imaginam que os primeiros seres vivos eram algas microscópicas que
viviam nos mares e que, além de se reproduzir, multiplicando sua população, absorviam
gás carbônico e liberavam oxigênio.
A coisa teria funcionado assim: como cada alga microscópica liberava um pouco
de oxigênio e se reproduzia, depois de algum tempo a população de algas nos antigos
oceanos aumentou muito. Conseqüentemente, mais oxigênio foi liberado e mais gás
carbônico foi consumido.
Em função disso, hoje, o planeta Terra possui uma atmosfera rica em oxigênio e com
pouco gás carbônico, diferente de qualquer outro planeta. Aqui também temos algo que não
existe em nenhum outro planeta conhecido: a vida.
Graças ao conjunto de influências da hidrosfera, atmosfera e litosfera a vida evoluiu,
dentro da quarta esfera: a biosfera. Em todo o processo de formação da terra, houve um
inter-relacionamento entre “esferas”. Isso determinou um equilíbrio no planeta: se ocorrer
alguma alteração nesse conjunto o sistema todo pode ser afetado.
O Homem só vem aparecer no período Quaternário. Houve neste
período a glaciação no hemisfério norte; delineamento dos atuais
continentes; formação das bacias sedimentares recentes.
Desse modo, podemos concluir que, em relação à origem da Terra, o homem é recente,
mas são os principais agentes atuais modificadores da paisagem terrestre. Os seres
humanos, ao promoverem transformação no espaço, cada vez mais colocam em risco o
funcionamento desse sistema natural, gerando assim um desequilíbrio. Em virtude desse
rompimento, as conseqüências para vida animal e vegetal tornam–se mais vulneráveis,
colocando em risco a vida de muitas espécies terrestres.
Reservas da Biosfera
São as reservas naturais criadas pelo programa MAB (Man and the
Biosphere) da Unesco. A idéia básica desse programa é a criação de “museus
vivos” do que melhor existe, em termos de natureza, no planeta, como amostras
dos principais ecossistemas de hoje preservados para as gerações futuras.
Nessa categoria estão incluídos ricos cenários naturais como também zonas
ou paisagens típicas, raras ou em perigo de extinção. São, na verdade, reservas
biogenéticas, como, no Brasil, a Mata Atlântica, o Cinturão Verde ao redor de
São Paulo e o Cerrado.
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Faça uma visita ao site
www.dnpm-pe.gov.br/geologia/escala_de_tempo.htmwww.dnpm-pe.gov.br/geologia/escala_de_tempo.htmwww.dnpm-pe.gov.br/geologia/escala_de_tempo.htmwww.dnpm-pe.gov.br/geologia/escala_de_tempo.htmwww.dnpm-pe.gov.br/geologia/escala_de_tempo.htm
e entenda mais sobre as era geológicas.
Meio Ambiente
Várias ciências, desde sua origem, principalmente a Biogeografia, demonstraram
interesse em tratar de perto a temática ambiental, colocando-a como um dos principais
focos de suas preocupações. Também procuraram conceituar meio ambiente considerando-
o somente como o conjunto de organismos – ecossistemas.
A superfície terrestre é representada pela organização de vários sistemas ambientais
que passam por um processo de estruturação e funcionamento, resultante da dinâmica
evolutiva, natural ou humana. Ao longo da história da humanidade, a interação homem e
natureza se mostraram diversificada; a paisagem natural da Terra foi paulatinamente tornando-
se social e cultural. Da “primeira natureza” surgiu a “segundo natureza” – o espaço geográfico.
Por isso, não basta somente considerar o meio ambiente do ponto de vista dos
elementos físicos e bióticos, mas também é necessário incluir a sociedade como um sistema
a sofrer e a promover modificações em outros sistemas.
Assim, as mudanças que ocorrem nos sistemas ambientais físicos, que alteram suas
características, irão refletir direta ou indiretamente na vivência das comunidades humanas.
Biodiversidade
Como o próprio nome sugere, são as diversas formas de manifestação da vida,
(plantas, animais, homens) e todas as relações de interdependência e encadeamento que
se estabelecem entre eles.
Biodiversidade ou diversidade biológica refere-se à variedade de vida no planeta
Terra, incluindo a variedade genética dentro das populações e espécies, a variedade de
espécies da flora, da fauna e de microrganismos, a variedade de funções ecológicas
desempenhadas pelos organismos nos ecossistemas; e a variedade de comunidades,
hábitats e ecossistemas formados pelos organismos. Biodiversidade refere-se tanto ao
número (riqueza) de diferentes categorias biológicas quanto à abundância relativa dessa
categoria incluindo a totalidade dos recursos vivos, ou biológicos, e dos recursos genéticos,
e seus componentes.
A biodiversidade corresponde a uma das propriedades fundamentais da natureza,
responsável pelo equilíbrio e estabilidade dos ecossistemas, e fonte de imenso potencial
de uso econômico. Ela é a base das atividades agrícolas, pecuárias, pesqueiras e florestais
e, também, a base para a estratégia industrial da biotecnologia. As funções ecológicas
desempenhadas pela biodiversidade são ainda pouco compreendidas, muito embora se
considere que ela seja responsável pelos processos naturais e produtos fornecidos pelos
ecossistemase espécies que sustentam outras formas de vida e modificam a biosfera,
tornando-a apropriada e segura para a vida. A diversidade biológica possui, além de seu
valor intrínseco, valor ecológico, genético, social, econômico, científico, educacional, cultural,
recreativo e estético. Com tamanha importância, é preciso evitar a perda da biodiversidade.
18
Biogeografia
Diversidade é uma fonte potencial de imensas riquezas materiais ainda
não exploradas, sejam sob a forma de alimentos, medicamentos ou bem-
estar. A fauna e a flora também são partes do patrimônio de uma nação, produto
de milhões de anos de evolução concentrada naquele local e momento e,
portanto, tão merecedora da atenção nacional quanto às particularidades da
língua e da cultura.
A conservação da biodiversidade é hoje discutida por cientistas, políticos
e simpatizantes da questão ambiental, como forma de assegurar o uso, pelo ser humano,
dos benefícios atuais e futuros deste recurso, como os produtos farmacêuticos e industriais.
Ecologia
Ecologia é o estudo das interações dos seres vivos entre si e com o meio ambiente.
A palavra e o conceito foram iniciados em 1866 pelo biólogo alemão Ernst Haeckel
da palavra grega “oikos”, que significa “casa”, e “logos”, que significa “estudo”.
Para os ecólogos, o meio ambiente inclui não só os fatores abióticos como o clima e
a geologia, mas também os seres vivos que habitam uma determinada comunidade ou
biótopo.
O conjunto dos seres vivos e não-vivos que habitam um determinado espaço geográ-
fico chama-se ecossistema. O conjunto dos ecossistemas da Terra é conhecido por biosfera.
O meio ambiente afeta os seres vivos não só pelo espaço necessário à sua
sobrevivência e reprodução — levando, por vezes, ao territorialismo — mas também às
suas funções vitais, incluindo o seu comportamento (estudado pela etologia, que também
analisa a evolução dos comportamentos), através do metabolismo. Por essa razão, o meio
ambiente — a sua qualidade — determina o número de indivíduos e de espécies que podem
viver no mesmo habitat.
Por outro lado, os seres vivos também alteram permanentemente o meio ambiente
em que vivem. O exemplo mais dramático é a construção dos recifes de coral por minúsculos
invertebrados, os pólipos coralinos.
As relações entre os diversos seres vivos existentes num ecossistema incluem a
competição pelo espaço, pelo alimento ou por parceiros para a reprodução, a predação
de uns organismos por outros, a simbiose entre diferentes espécies que cooperam para
a sua mútua sobrevivência, o comensalismo, o parasitismo e outras (ver a página
Relações Ecológicas).
Da evolução destes conceitos e da verificação das alterações de vários ecossis-
temas — principalmente a sua degradação — pelo homem, levou ao conceito da ‘Ecologia
Humana’, que estuda as relações entre o Homem e a Biosfera, principalmente do ponto
de vista da manutenção da sua saúde, não só física, mas também social.
Por outro lado, apareceram também os conceitos de conservação e de conservacio-
nismo que se impuseram na atuação dos governos, através das ações de regulamentação
do uso do ambiente natural e das suas espécies, através de várias organizações ambien-
talistas que promovem a disseminação do conhecimento sobre estas interações entre o
Homem e a Biosfera.
A ecologia está ligada a muitas áreas do conhecimento, dentre elas a economia,
biologia, geografia entre outras. Nosso modelo de desenvolvimento econômico se baseia
no capitalismo, que promove a produção de bens de consumo cada vez mais caros e
sofisticados e isso esbarra na ecologia, pois não pode haver uma produção ilimitada desses
bens de consumo na biosfera finita e limitada.
19
Zoogeografia: A Geografia dos Animais
Zoogeografia é a parte da Biogeografia que se dedica aos estudos relacionados à
distribuição dos animais, e suas características atuais e passadas, sobre a superfície
terrestre, preocupando – se em estudar sua origem, distribuição, adaptação e suas
associações.
Além de mapear a distribuição atual das espécies animais, os zoogeógrafos formulam
teorias para explicar essa distribuição, baseados em informações sobre geografia,
fisiografia, clima e história geológica, assim como o conhecimento da história evolutiva dos
animais e as relações entre eles.
Kuhlmann aponta que os estudos zoogeográficos recebem pouca atenção por parte
dos geógrafos, isso se dá pela pequena influência exercida pelos animais nas paisa-
gens terrestres.
O interesse dos estudos zoogeográficos depende, em grande parte da influência
direta que os animais exercem sobre as atividades humanas.
A participação dos animais, entretanto, deve se considerada, tanto na forma direta
com indireta. Das primeiras são exemplos as “cidades de terminais” ou cupins em nossas
áreas campestres e os enormes amontoados de formigueiros. Em maior número podem
ser citadas as moscas, os mosquitos, o barbeiro e outros vetores, responsáveis em grande
parte pela proliferação de algumas enfermidades em diversas áreas do globo. A existência
de animais de pele preciosa na tundra e nas florestas tropicais e temperadas condicionou
uma economia tipicamente baseada na caça. Estes exemplos citados indicam a importância
da zoogeografia no estudo das paisagens.
Entre os animais, a tolerância às condições do meio varia muito. Alguns podem
sobreviver em diversos tipos de hábitats, enquanto outros morrem quando são retirados de
seu entorno natural. Com exceção do homem, nenhum animal é capaz de sofrer grandes
modificações e ainda ser capaz de sobreviver num meio totalmente estranho, a não ser que
as mudanças aconteçam ao longo de muitas gerações e adaptações. As interações
específicas dos animais com seu meio são estudadas pela Ecologia. Os zoógrafos estudam
a distribuição da vida animal, utilizando princípios ecológicos para explicar os modelos
desta distribuição.
 Os hábitats dos animais podem ser classificados de forma simples em aquáticos
ou terrestres. As aves se incluem em hábitat aquático ou terrestre em função do lugar para
onde finalmente regressam. A distribuição dos animais aquáticos subdivide-se em hábitats
de água salgada e de água doce.
As terras emersas classificam-se em seis regiões zoogeográficas, cada uma das
quais com sua fauna característica. Dentro destas regiões, os animais agrupam-se de acordo
com os hábitats que ocupam. A preferência de um animal por certo hábitat depende de
muitos fatores, como alimento e proteção natural contra os predadores.
Fitogeografia: A Geografia dos Vegetais
O estudo dos fatores que influem na distribuição dos vegetais é denominado de
estudo fitogeográfico. Essa disciplina é centrada no estudo de como se determina a
distribuição das espécies individuais, a representação dos dados obtidos em mapas que
mostram o território natural de cada planta e a ilustração ou compilação das espécies e
associações botânicas próprias de uma determinada região.
A Fitogeografia denomina-se também de geobotânica, de geografia botânica e de
geografia das plantas. É integrada por um conjunto de disciplinas que inclui a taxoomia e
relaciona-se com outros setores do conhecimento com morfologia, a climatologia e a
20
Biogeografia
ecologia. Até o início do século XIX só se estudavam as plantas do ponto de
vista estreitamente botânico. Como os trabalhos de Alexander von Humboldt
começou-se a correlacioná-las ao meio ambiente e a determinar as causas
de sua distribuição no espaço e sua evolução.
A distribuição das plantas sobre a Terra e as causas que levam a tal
distribuição, corresponde ao objeto de estudo da Fitogeografia, um troco dos
estudos biogeográficos. Do ponto de vista acadêmico a Fitogeografia é um
conjunto de disciplinas botânicas que constituem uma seqüência natural, e qual toma como
ponto de partida o conhecimento prévio de outras ciências, dentre as quais cita-se a
Climatologia e a Pedologia (RIZZINI, 1976).
Dentrodessa óptica, os estudos fitogeográficos compreendem o estudo de:
1. Ambiente – ou a soma das forças da natureza circunjacente que atuam sobre os
seres vivos; esta parte toma o nome de Ecologia;
2. Vegetação – ou conjunto dos vegetais que existem em um determinado local;
3. Flora – ou conjunto das entidades taxionômicas (classificação dos vegetais) que
ocorrem em certa região, cuja distribuição e áreas constituem objeto da Fitogeografia.
Nos estudos fitogeográficos é muito comum ocorrer confusões dos termos flora com
vegetação, muitas vezes esses termos são utilizados como sinônimos. Rizzini (1976, p.5)
aponta para a diferenciação dos termos:
“Vegetação diz respeito aos vegetais em si, concretamente, que se podem tocar
manusear com as mãos; flora refere-se às famílias, gêneros e espécies (principalmente a
estas), abstratamente, que compõem cada vegetação.”
A vegetação é constituída pelas formas visíveis que constituem a cobertura vegetal
de certa região, resultantes de causas atuais: clima, solo e fauna. Já a flora é constituída,
sobretudo, das espécies localizadas no mesmo local, resultante das causas pretéritas como
alterações climáticas, migrações, modificações pedológicas, mudanças faunísticas e
acidentes geográficos, ou seja, a flora é o resultado da adaptação de certas espécies em
determinados ambientes terrestres ao logo de sua evolução.
As plantas são organismos que correspondem ao quadro vivo que compõe a
cobertura vegetal, nos quais os processos fundamentais (como divisão celular e síntese de
proteínas, por exemplo) podem ser estudados, sem o dilema ético destes estudos em animais
ou humanos. As leis de herança genética foram descobertas desta maneira por Gregor
Mendel que estava estudando a maneira pela qual a forma das ervilhas era herdada. O que
Mendel aprendeu estudando plantas teve um alcance muito além da botânica.
Atenção Atenção Atenção Atenção Atenção !!!!!
Botânica é o estudo científico da vida das plantas, fungos e algas.
Como um campo da biologia, é também muitas vezes referenciado como
a Ciência das Plantas ou Biologia Vegetal. A Botânica abrange um conjunto
de disciplinas científicas que estudam crescimento, reprodução, metabo-
lismo, desenvolvimento, doenças e evolução da vida das plantas.
Os fatores mais importantes que determinam à distribuição das espécies vegetais
são a geologia, a ecologia, o clima e a capacidade de dispersão dos órgãos reprodutores
de cada planta.
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Atenção Atenção Atenção Atenção Atenção !!!!!
A paleobotânica ou estudo das plantas fósseis tem contribuído
muito para o conhecimento geral da evolução dos grandes grupos
vegetais e, em especial, para a compreensão das relações existentes entre
as classes de plantas com sementes.
1..... No primeiro tema estudamos os principais conceitos e variáveis ligados à Biogeo-
grafia e vimos que ela constitui numa disciplina de abordagem ampla para a Geografia
Física. Desse modo, qual a importância dos estudos biogeográficos para a sociedade atual?
AtividadesAtividadesAtividadesAtividadesAtividades
ComplementaresComplementaresComplementaresComplementaresComplementares
2..... Observamos que os estudos biogeográficos podem desenvolver-se sobre duas
divisões clássicas, a depender do objeto a ser estudado (Fitogeografia e Zoogeografia).
Com base nessa afirmação, caracterize essas duas subdivisões clássicas da Biogeografia
e justifique o fato de uma delas atrair maior interesse por parte dos geógrafos.
3..... Diferencie geobiocenose de ecossistema.
4..... Diferencie biodiversidade de meio ambiente.
5..... De que forma a expansão urbana impactua sobre a fitogeografia e a zoogeografia
de determinada área? Exemplifique.
22
Biogeografia
FATORES CONDICIONANTES DA VIDA NA BIOSFERA
Fatores Bióticos E Abióticos
A natureza é uma totalidade onde todos dependem de todos. Essa totalidade resulta
de certas combinações e das condições necessárias para que as espécies obtenham
energia e participem das interações biológicas em seu nicho.
Em Biogeografia, o conceito de nicho é considerado em duas dimensões: o nicho
fundamental, que é a área total onde se encontram as condições do meio físico necessárias
para a existência da espécie, e o nicho realizado, que é a parte do nicho fundamental ocupada
realmente pela espécie, que ali fica de certa forma confinada devido a interações competitivas
ou para livrar-se da predação por outras espécies.
As espécies têm seu nicho definido por um complexo conjunto de fatores físicos e
biológicos. As necessidades de água, calor, nutrientes e solo parecem limitar a distribuição
de muitas espécies. A existência de certos tipos de insetos polinizadores ou aves e morce-
gos como dispersores de sementes também influi na distribuição. Não é intenção discutir
aqui todos os fatores que influem na atual organização da biosfera, mas mostrar os aspectos
fundamentais de algumas de suas interações.
Os organismos estão programados geneticamente para sobreviver num conjunto de
condições ambientais que têm certos limites de tolerância. A maior parte do conhecimento
dos limites de cada espécie foi obtida por meio de experimentos de laboratório feitos, prin-
cipalmente, com espécies de valor econômico na agricultura, na pecuária, na pesca etc.
A maior parte das plantas utilizadas na agricultura foi hibridizada para obter formas
que se adaptem às diferentes condições climáticas do planeta. Quando isto não é possível,
o sistema agrícola maneja as condições naturais, criando situações artificiais que simulem
as características do meio ótimo para uma determinada planta ou animal. Assim, a agricultura
irrigada, a calagem, a adubação, as estufas nada mais são que alterações do meio para se
chegar às condições que estejam dentro do intervalo de tolerância da espécie e, se possível,
nas condições ótimas para o seu melhor desempenho.
Os organismos podem apresentar um intervalo de tolerância variável para diferentes
fatores, como, por exemplo, água e temperatura. Numa determinada condição um organis-
mo pode suportar melhor a escassez de água, mas ser pouco tolerante a mudanças térmicas.
Um animal de deserto, por exemplo. Há espécies com limites de tolerância amplos que
ocorrem em várias regiões do globo, como, por exemplo, os pardais, que foram introduzidos
em diversas regiões do mundo. Essas espécies, provavelmente, têm largas faixas de
tolerância para diversos fatores, como luz, água, solos, temperatura etc.
Outro aspecto curioso da ação sempre combinada dos fatores é a influência recíproca
entre os fatores. A água, por exemplo, é um fator que está relacionado com os nutrientes
solúveis; portanto, se as condições hídricas não forem favoráveis, isso irá influir também
nos nutrientes solúveis.
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Na natureza as espécies muitas vezes estão vivendo numa área onde as condições
não são ótimas, mas estão sempre dentro do seu intervalo de tole-rância. É possível encontrar
para uma mesma espécie diferentes biótipos. Há, também, limites de tolerância diferentes
para uma mesma espécie, conforme seu estágio de desenvolvimento. Sementes, ovos,
embriões, plântulas e larvas, em geral, possuem tolerância mais estreita do que as formas
adultas correspondentes em fase não-reprodutiva.
Os intervalos de tolerância compreendem uma faixa de condições que inclui o estado
ótimo e uma série de situações intermediárias até os limites. A condição real de sobrevivên-
cia de uma população nem sempre está no intervalo ótimo. Quando nos propomos manejar
um ambiente e suas comunidades biológicas, é preciso estar atentos para não ultrapassar
os limites que inviabilizam a sobrevivência dessas comunidades no ecossistema.
Exemplo:
Estudo sobre o peixe tambaqui, na região amazônica, é um bom exemplo das altera-
ções que sofrem os seres vivos, resultantes de transformações do ecossistema em que
vivem. A fauna de peixes amazônicos é talvez a mais diversificada do mundo, possuindocerca de 2 mil espécies conhecidas. Evolutivamente, os peixes estão adaptados ao complexo
aquático amazônico, formado por rios, lagos, lagunas temporárias, canais naturais (furos),
e aos diferentes tipos bioquímicos de águas (pretas, brancas e cristalinas). Os peixes vivem
harmoniosamente com as variações diárias e sazonais do volume de águas e, conseqüen-
temente, dos nutrientes e, sobretudo, da alternância da concentração de oxigênio. Estudos
recentes têm demonstrado que as frações de hemoglobina (pigmento que captura o O2 na
brânquia, transporta o oxigênio no sangue e troca-o pelo CO2 nos tecidos) desses peixes
possuem propriedades funcionais auto-reguláveis que criam condições para que os peixes
acompanhem as flutuações de O2 no meio.
No período de seca a concentração de oxigênio é baixa e os peixes têm estratégias
para capturar gás por vias extrabranquiais, além de possuírem capacidade de trabalho
muscular em anaerobiose. O tambaqui, um peixe muito apreciado pelas populações ribeiri-
nhas e de valor econômico, através de um processo bioquímico consegue fazer com que o
músculo cardíaco funcione por metabolismo anaeróbico. Em situações de baixa concen-
tração de O2 o tambaqui aumenta sua tolerância através desse metabolismo alternativo.
O exemplo do tambaqui mostra que os organismos estão adaptados ao ambiente
que influi na sua composição físico-química, reduzindo os efeitos-limitantes do meio à sua
sobrevivência.
As populações de distribuição ampla na biosfera são as que mais praticam a compen-
sação de fatores para sobreviver nas condições que não são as melhores para o seu ponto
ótimo de desenvolvimento. Essa adaptação pode aparecer sob a forma de ajuste fisiológico
e se expressa muitas vezes na morfologia (ecótipos). Para alguns autores os ecótipos nada
mais são do que espécies irmãs, para outros as modificações genéticas não atingiram a
diferenciação suficiente para separá-los em espécies distintas. Neste caso, aceitam-se
esses ecótipos como variedades ou raças.
Condicionantes Físico-químicos na Distribuição dos Seres Vivos
A distribuição dos seres vivos sobre a Terra é condicionada por um conjunto de fatores,
sendo assim constitui-se num equívoco pensar que um único fator, sozinho, possa limitar o
crescimento de uma população. A idéia de fator único tem origem nas aplicações experi-
mentais da agricultura. Na ecologia, os fatores são multi-interativos e há necessidade de
compreender como isto se dá empiricamente. Além disso, é preciso acompanhar os orga-
nismos no seu ciclo de vida, para melhor compreender suas interações com o ambiente.
24
Biogeografia
No ambiente terrestre, a luz, a temperatura, a água e os solos são fatores reguladores
de maior importância na distribuição dos seres vivos. No mar, a salinidade é um fator
importante devido à natureza hipossalina dos tecidos biológicos dos organismos. Na água
doce, o oxigênio nela dissolvido é um fator regulador.
A Luz (Radiação Luminosa)
A luz é a fonte primária de energia para os ecossistemas. A energia luminosa recebida
do Sol se distribui em intensidades desiguais pela superfície terrestre, conforme as latitudes.
As diferenças de intensidade da luz do Sol que incide sobre as diversas regiões da Terra
são responsáveis indiretas pelos tipos de clima, controlando as temperaturas atmosféricas,
que por sua vez influenciam as variações de pressão, os sistemas de ventos, as precipi-
tações, as correntes oceânicas etc. Os ecossistemas atuais não existiriam na ausência da
luz do Sol, que é constituída por vários comprimentos de onda. Algumas partes ou faixas de
comprimento dessa luz devem ser filtradas, pois são prejudiciais à maioria dos organismos;
é o caso da radiação ultravioleta. A domesticação da radiação solar desenvolveu-se ao
longo da história biológica com a participação dos seres vivos, que modificaram a química
da atmosfera, criando barreiras para os comprimentos de onda letais.
Os comprimentos de onda que atravessam a atmosfera estão na faixa de 0,3 a 10
micrômetros. Os animais respondem fisiológica e comportamentalmente a essa faixa. Para
o olho humano, a faixa visível está entre 0,36 e 0,76 micrômetro. A qualidade da luz (com-
primento de onda-cor) e a quantidade (calor-energia) são importantes fatores adaptativos.
O processo de captura da energia luminosa pelos seres vivos é a fotossíntese, que
funciona com intensidades de luz tanto altas quanto baixas. A fotossíntese se realiza em
todas as latitudes, em diferentes estações do ano, em diferentes altitudes, e quanto maior a
disponibilidade de luz, tanto melhor a condição para que as plantas realizem a conversão
da energia luminosa em biomassa.
A luz influencia a atividade diária e sazonal de plantas e animais e participa na definição
dos ritmos biológicos. Estes, apesar de não resultarem apenas desse fator, têm uma relação
estreita com a quantidade e a qualidade da energia luminosa. A periodicidade é uma espécie
de programação à qual a atividade biológica está adaptada. No caso da luz, a quantidade
de energia é variável, pois depende da região (latitude) ou da época do ano (estações). A
quantidade diária de luz regula a atividade fotossintética. Nos animais a troca de penas ou
de pêlos, a migração ou a reprodução podem estar indiretamente associadas ao número
de horas de luz. Essa regulação é quase sempre indireta, pois a luz é ativadora de processos
associados à temperatura, à umidade, etc.
Energia Solar e Temperatura
Ao penetrar na atmosfera a energia solar aquece o ar, particularmente o vapor de água,
mas a maior parte da energia alcança a superfície da Terra, aquecendo-a também. Essa superfície
não é plana, nem homogênea, pois os solos, as rochas e as plantas absorvem diferentemente
essa energia. Uma parte dela é convertida em calor, que é remetido para a atmosfera.
Há evidências de que o estresse tem um papel fundamental na definição
dos limites de distribuição. Por exemplo, muitas alterações ambientais pro-
duzidas pela sociedade industrial não eliminaram os organismos dos ecos-
sistemas, mas estes sobrevivem sob estresse e, em muitos casos, são mais
suscetíveis a doenças e morte prematura ou são menos produtivos.
Os fatores de maior importância para a vida dos organismos são a luz,
a temperatura, a umidade, os gases atmosféricos, os sais biogênicos (nutri-
entes), o solo e as correntes oceânicas e atmosféricas.
25
Os oceanos e outros ambientes aquáticos absorvem a maior parte da energia que
chega à superfície. A produção de calor na água, no entanto, atinge somente as camadas
mais superficiais. As florestas, comparadas ao solo nu, também absorvem muita energia e
emitem menos calor.
A maior incidência de energia sobre uma superfície ocorre quando os raios luminosos
estão em posição perpendicular à mesma. No equador e nos trópicos (estes, nos solstícios
de verão), os raios luminosos atingem essa posição. Quando isso ocorre, a camada de ar
que está entre o Sol e a superfície é menor nessas regiões, ou seja, os raios solares percor-
rem uma distância menor, portanto as perdas de energia são menores. Esse fato explica
por que as temperaturas nos trópicos são mais altas do que nos pólos. Em relação ao
ângulo de incidência, uma montanha do hemisfério sul é mais fria na face sul do que na face
norte, pois durante a trajetória solar a face norte é a mais exposta à luz solar. No hemisfério
norte ocorre o contrário.
As estações do ano têm regimes térmicos resultantes das
diferenças de duração dos dias e das noites e da distância do
Sol. A única região do globo cujos ecossistemas recebem doze
horas de luz/dia o ano todo é o equador, mas a cobertura de nuvens
é maior e em virtude disso a quantidade de luz direta que a biota
recebe é menor do que nas regiões subtropicais, onde há menor
cobertura de nuvens. A biota do círculo polar ártico e antártico conta
com um dia no ano com luz durante 24 horas e um dia comple-
tamente escuro. Osdemais dias situam-se gradativamente dentro
desses dois extremos.
Nas regiões de altitudes elevadas a intensidade luminosa é elevada, mas a tempera-
tura é baixa devido à menor densidade do ar e à diminuição da pressão atmosférica. Assim,
numa mesma latitude podem coexistir florestas tropicais úmidas e quentes e uma montanha
nevada, como o pico da Neblina, na Amazônia, a isto chamamos de escalonamento vertical.
A temperatura limita a distribuição de muitas espécies de plantas e influi também no
rendimento da fotossíntese, limitando o seu funcionamento. As baixas temperaturas associa-
das a outras condições, como a disponibilidade de água e a química dos solos, são fatores
limitantes para inúmeras es-pécies. Nas baixas temperaturas, as plantas têm dificuldades
para capturar água do solo com suas raízes. Nas altas temperaturas, as plantas têm que
controlar as perdas por evapotranspiração para a atmosfera, conforme a disponibilidade
da água nos solos. A transpiração nas plantas funciona como uma compensação contra o
aquecimento dos tecidos. Os animais possuem inúmeras estratégias comportamentais para
suportar temperaturas excessivamente baixas ou elevadas.
26
Biogeografia
Água
A água está em toda parte. É essencial para todas as formas de vida.
Basta dizer que sem a água não existiriam processos vitais como a fotossíntese
e a respiração.
A água é também um ambiente. Os oceanos representam 71% da
superfície terrestre e são, em sua maior parte, lócus da produção de umidade
para a atmosfera. Neles, a maior parte do oxigênio dissolvido é produzida
pela atividade fotosintética do Fitoplâncton.
A água participa da maioria das reações metabólicas e é um fator limitante para os
organismos terrestres. Estes têm que desenvolver estratégias para obtê-la, utilizá-la de forma
eficiente e não sofrer perdas desnecessárias. Nos ambientes aquáticos cujo volume de
água é muito variável, ou onde a salinidade é muito elevada, os organismos têm que
desenvolver estratégias para evitar a perda de líquidos corporais. Nos ambientes terrestres,
a água é distribuída pelas chuvas. Estas dependem da circulação atmosférica e de outros
fatores, como a cobertura vegetal e o relevo.
A umidade distribuída pelas chuvas varia de região para região. Há totais de chuva
muito semelhantes entre várias regiões, mas com distribuição distinta ao longo do ano. O
ritmo das chuvas pode ser sazonal, e nos trópicos muitos organismos têm seu ciclo de vida
condicionado pelos ciclos de pluviosidade. Para as plantas, o balanço entre as precipita-
ções e a evapotranspiração é que vai determinar o tipo de comunidade biológica de uma
certa região. A umidade é especialmente importante na regulação da temperatura. A evapo-
ração da água é um recurso para o resfriamento das folhas, ajudando a manter condições
favoráveis para a ciclagem dos nutrientes. A água é também o veículo de transporte dos
nutrientes no solo, através dos poros e de atividades biológicas.
O Solo
O solo está repleto de vida. Ao pisar no solo de uma floresta, estamos caminhando
sobre milhares de animais que participam da decomposição da floresta, sendo responsáveis
pelo processo de reciclagem dos nutrientes. Esse suporte, que reúne materiais inorgânicos
e orgânicos, determina o desenvolvimento das comunidades biológicas. Os solos se
enriquecem com a vida que se desenvolve sobre eles. Os organismos vivos e as quantidades
variadas de água, por exemplo, criam uma espécie de laboratório bioquímico co-responsável
pela composição mineralógica e fertilidade dos solos.
Os solos são formados por um pacote de materiais originados da transformação da
rocha-mãe e dos materiais transportados pela ação da gravidade. A capa superior desse
pacote, chamada primeiro horizonte, contém uma camada denominada húmus. O húmus é
o produto da decomposição orgânica responsável pela fertilidade do solo. Uma camada
humífera de 30 cm pode levar até cinqüenta anos para se desenvolver. Os processos de
gênese do solo são lentos em todas as camadas do pacote. “A partir da rocha-mãe, 1 cm
de solo leva 100 mil anos para se formar; comparando-se a uma página de livro de 30 cm
de altura, o tempo equivaleria a 3 milhões de anos.”
Os solos estão co-adaptados aos ecossistemas naturais para suas necessidades,
porque a evolução de ambos foi conjunta. Assim, quando falamos em solos muito ácidos e
impróprios, estamo-nos referindo à sua utilização agrícola (camada edáfica), pois as plantas
nativas desses solos estão adaptadas à sua acidez e outras características. Um solo com
altos teores de alguns elementos — por exemplo, o cálcio — seleciona plantas que se
adaptam bem a essas condições nutricionais. Os solos e as plantas formam uma unidade
ajustada de intercâmbio de materiais. O solo é um ambiente poroso onde circulam a água
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Para refletir!Para refletir!Para refletir!Para refletir!Para refletir!
e os gases. Por esta razão, pode-se falar em atmosfera no solo. Essa atmosfera é muito
diferente da atmosfera do ambiente aéreo. Nela não há luz, nem fotossíntese, predominando
os processos de respiração ou oxidação. Como conseqüência, os solos possuem menos
oxigênio e muito mais CO2. O clima no interior do solo tem temperaturas mais constantes.
Os materiais são formados por ingredientes orgânicos e inorgânicos cuja quantidade,
tamanho das partículas e composição química dos fragmentos minerais dependem do tipo
de rocha onde se originaram e da intensidade do intemperismo a que está sujeito. A
decomposição do solo é uma função do clima e da atividade biológica.
A capacidade nutricional de um solo é fundamental para o desenvolvimento das
comunidades biológicas. As propriedades físicas e químicas da fração mineral dos solos
são profundamente influenciadas pela presença de matéria orgânica. Essa matéria orgânica
consiste na acumulação de tecidos de plantas e animais em vários estágios de decom-
posição. A maior contribuição vem das plantas e dos agentes de decomposição formados
por fungos e bactérias (o grupo mais numeroso entre os elementos da fauna que decompõem
o solo). A decomposição tem vários estágios, cujo produto final é a camada marrom-escura,
que recebe o nome de húmus. Sob condições constantes de altas temperaturas e umidade,
as plantas crescem rapidamente e a taxa de decomposição orgânica é correspondente-
mente intensa e rápida, como em solos tropicais.
O solo não é apenas um substrato para o desenvolvimento da biosfera.
O solo é um dos determinantes das características da biosfera e é modificado
por elas, através dos processos interativos que mantém com os seres vivos.
O solo é onde estes estão ancorados e o elo de transferência do alimento e
da água para as plantas, fechando o ciclo por onde flui a energia. Os solos
se desenvolvem a partir de uma matriz rochosa que, por ação do clima, dos
seres vivos e da força da gravidade, se diversifica em muitos tipos. Estes se
formam por processos lentos e são agrupados pelos especialistas conforme
uma série de atributos genéticos. Essa lentidão é tal que 2,5 cm de solo pode
levar de cem a 2 mil anos para se formar. Esse tempo pode ser ainda maior
conforme o tipo de solo. Uma das preocupações ambientais importantes da
atualidade é a velocidade com que perdemos solo pela sua utilização
predatória. Estima-se que por erosão os mesmos 2,5 cm de solo citados acima
são destruídos em menos de dez anos.
Aspectos Gerais Da Vegetação
 A notoriedade classificativa de um determinado vegetal perpassa por uma análise
sistemática dos atributos superficiais dos corpos destas estruturas. A seguir, visualizaremos
um modelo de classificação de cunho didático, experimentado pelas diversas escolas
biogeográficas mundiais.
Podemos realizar uma classificação a partir dos seguintes critérios:
Quanto à Folhagem:
Vegetação Latifoliada: caracteriza-se por apresentar folhas grandes e largas. Predomina
nos ambientes de clima quente e chuvoso. Possuem maior facilidadepara funções
fotossintéticas e de transpiração.
28
Biogeografia
Quanto à Umidade
Vegetação Hidrófila: vive na água por pelo menos durante parte do ano.
Vegetação Higrófila: aparece nas regiões de muita umidade, como é o caso da Amazônia.
A exemplo da Bananeira.
Vegetação Tropófila: domina nos ambientes de média umidade, onde normalmente existe
uma estação chuvosa e outra seca.
Vegetação Xerófila: é própria dos ambientes com pouca umidade, a exemplo da Caatinga
e dos desertos. Possui pequena superfície de transpiração.
Quanto ao Porte
Vegetação Arbórea: apresenta grande tamanho, como é o exemplo das florestas.
Vegetação Arbustiva: possui médio porte, caracterizando muito as savanas.
Vegetação Herbácea: muito encontrada na área de climas temperados, é identificada
pela ausência de vegetais arbóreos. Possui, desse modo, um porte diminuto.
Quanto ao Aspecto
Vegetação Fechada: mantêm-se com vegetais muitos próximos uns dos outros, apresen-
tando uma feição densa (densidade vegetal). Dificulta, por conseguinte, à penetração
do homem e sua exploração econômica.
Vegetação Aberta: é aquele cujos vegetais aparecem dispersos, afastados uns dos outros.
Quanto à Variedade dos Vegetais
Vegetação Homóclita ou Homogênea; caracteriza-se por apresentar pouca variedade
de espécies.
Vegetação Heteróclita ou Heterogênea: é rica em espécies de vegetais, a exemplo das
florestas equatoriais e tropicais.
Quanto ao Clima
Vegetação Microtérmica: aparece em áreas de clima frio.
Vegetação Mesotérmica: domina nos ambientes de clima temperado.
Vegetação Megatérmica: surge nas regiões de climas equatoriais ou tropicais.
Quanto ao Tipo de Madeira
Vegetação de Madeira Mole: é muito utilizada na fabricação de papel, cuja matéria-prima
é a celulose.
Vegetação de Madeira de Lei: bastante utilizada na produção de móveis, possuindo grande
valor econômico.
Vegetação de Madeira Lenhosa: muito comum na produção de compensados, tábuas e
carvão.
Quanto ao Tipo de Solo
Vegetação Halófila: surge e desenvolve-se em ambientes de solos salinos, como é o caso
dos manguezais.
Vegetação Calcícola: predomina nos solos ricos em calcário.
Vegetação Silícola: domina nos solos arenosos.
Vegetação Aciculifoliada: é identificada por apresentar folhas pontiagudas,
em forma de agulha. Torna-se menor, neste caso, a superfície de trans-
piração. Este tipo de vegetal é muito comum nas vegetações de coníferas,
como o pinheiro, por exemplo.
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Atenção Atenção Atenção Atenção Atenção !!!!!
Observações:
Vegetação Pneumatófora: possuem raízes de escora. Exemplos: mangues.
Vegetação Heliófila: Desenvolve-se sobre forte intensidade solar.
Vegetação Umbrófila: Desenvolve-se sobre ambientes com sombrios.
Vegetação Perene ou Perenifólia: Apresenta folhagem o ano inteiro.
Vegetação Caduca ou Caducifólia ou Decídua: Perde a folhagem em uma época do
ano, normalmente no outono-inverno.
Principais Classificações dos Seres Vivos
É muito difícil estudar isoladamente todos os seres vivos conhecidos na Terra. Saber
como eles são, onde se abrigam, como se reproduzem, por exemplo, não é uma tarefa fácil.
Na tentativa de entender melhor a evolução dos grupos de seres vivos e suas relações
de parentesco, os cientistas fazem a sua classificação. Classificar é agrupar, formar grupos,
obedecendo a determinados critérios. Exemplos: Grupo dos macacos (macaco-aranha,
sagüi, bugio, etc.); Grupo dos pássaros (curió, canário, pardal, beija-flor, etc.); Grupo dos
cães (pequinês, yorkshire trrier, perdigueiro, pastor alemão, etc).
Espécie e gênero
Espécie é o conjunto de indivíduos semelhantes que podem cruzar-se entre si, gerando
descendentes férteis.
Para entender bem esta definição, veja o exemplo do cavalo e da égua. Eles podem
cruzar-se e dão origem a um descendente fértil, isto é, que também pode originar
descendentes. Por isso, eles são da mesma espécie.
Do cruzamento de um jumento com uma égua nascerá um burro (macho) ou uma
mula (fêmea). Estes animais serão estéreis, isto é, não podem dar origem a descendentes.
Portanto o cavalo (e a égua) e o jumento são de espécies diferentes.
Espécies mais aparentadas entre si, do que com quaisquer outras, formam um gênero.
Os cães e os lobos são parentes próximos e também muito semelhantes. Assim,
todos esses animais foram classificados no gênero Canis.
Com as noções de gênero e espécie, o cientista sueco Carlos Lineu (1707 - 1778)
classificou todos os seres vivos até então conhecidos. Para isso, empregou sempre duas
palavras para dar nome a eles.
Nome científico
As duas palavras do nome científico são escritas no idioma latim. Essa
língua, usada pelos antigos romanos, foi escolhida por ser um idioma morto,
ou seja, ninguém mais o utiliza no dia-a-dia. Os idiomas em uso, geralmente,
sofrem alterações, trazendo mais de um significado para uma determinada
palavra. Outra vantagem de utilizar um idioma universal científico seria o fato
de os seres vivos descritos em trabalhos científicos serem identificados por
um pesquisador em qualquer parte do planeta, seja ele chinês, alemão, por-
tuguês, brasileiro ou finlandês.
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Biogeografia
O nome científico deve estar destacado do texto de alguma
maneira para facilitar a identificação. Isso pode ser feito com letras
em negrito, em itálico ou sublinhadas.
Lineu chamou o cão, por exemplo, de Canis familiaris e o
lobo de Canis lupus. Observe-se que a primeira palavra é escrita
sempre em maiúscula e a segunda em minúscula.
A expressão formada da primeira palavra (Canis) mais a
segunda (familiaris ou lupus) representa a espécie a que pertence
o animal. Assim, Canis, é o nome do gênero ao qual pertencem,
que é o mesmo para o cão e para o lobo. Ou seja, cão e lobo são
do mesmo gênero, mas de espécies diferentes.
O homem pertence à espécie Homo sapiens.
Gêneros podem ser agrupados e formar uma família
O conjunto de gêneros mais aparentados entre si do que com quaisquer outros, forma
a família. Assim, o cão (Canis familiaris) e animais aparentados a ele, por exemplo o lobo
(Canis lupus) e a raposa (Vulpes vulpes) fazem parte da família dos canídeos (Canidae).
Famílias podem ser agrupadas e formar uma ordem
O conjunto de famílias mais aparentadas entre si forma uma ordem. Assim, o cão, o
lobo e a raposa (da família dos canídeos) e o tigre (da família dos felídeos - Felidae) fazem
parte da ordem dos carnívoros (Carnivora).
Esses animais têm várias semelhanças e, normalmente, se nutrem apenas de carne,
daí o nome da ordem. Mas os ursos fazem parte da ordem carnívora e também se alimentam
de mel e de frutas. O cão doméstico come também outros tipos de alimento, além de carne.
Ordens podem ser agrupadas e formar uma classe
Um conjunto de ordens mais aparentadas entre si forma uma classe. Assim a raposa
(da ordem dos carnívoros), o rato (da ordem dos roedores - Rodentia), o macaco e os
seres humanos (da ordem dos primatas - Primates) e o coelho (da ordem dos lagomorfos -
Lagomorpha) fazem parte da classe dos mamíferos - Mammalia).
A característica mais marcante dessa classe é a presença de glândulas mamárias,
que nas fêmeas são desenvolvidas e produzem o leite que alimenta os filhotes.
Classes podem ser agrupadas e formar um filo
O conjunto de classes mais aparentadas entre si forma um filo. Assim, o boi (da
classe dos mamíferos), a galinha (da classe das Aves - Aves), a tainha (da classe dos peixes
- Osteichthyes), o sapo (da classe dos anfíbios - Amphibia) e a cobra (da classe dos répteis
- Reptilia) fazem parte do filo dos cordados (Chordata).
Esses animais são semelhantes porque possuem, na fase de embrião, uma estrutura
chamada notocorda, com função de sustentação. A notocorda pode desaparecer ou não.
Nos animais que possuem vértebras (vertebrados), como os seres humanos, a notocorda
desaparece durante o desenvolvimento embrionário. Em seu lugar forma-se a coluna
vertebral.

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