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1 Biogeografia 2 Biogeografia copyright © FTC EaD Todos os direitos reservados e protegidos pela Lei 9.610 de 19/02/98. É proibida a reprodução total ou parcial, por quaisquer meios, sem autorização prévia, por escrito, da FTC EaD - Faculdade de Tecnologia e Ciências - Ensino a Distância. www.ftc.br/ead ♦PRODUÇÃO ACADÊMICA♦ Gerente de Ensino ♦ Jane Freire Coordenação de Curso ♦ Gisele das Chagas Autor (a) ♦ Ricardo Bahia Rios Supervisão ♦ Ana Paula Amorim ♦PRODUÇÃO TÉCNICA ♦ Revisão Final ♦ Carlos Magno Brito Almeida Santos Coordenação ♦ João Jacomel Equipe ♦ Alexandre Ribeiro, Cefas Gomes, Clauder Filho, Delmara Brito, Diego Doria Aragão, Diego Maia, Fabio Gonçalves, Francisco França Júnior, Hermínio Vieira, Israel Dantas, Lucas do Vale, Marcio Serafim, Mariucha Ponte, Ruberval da Fonseca e Tatiana Coutinho. Editoração ♦ Mariucha Silveira Ponte Imagens ♦ Corbis/Image100/Imagemsource Ilustrações ♦ Mariucha Silveira Ponte EQUIPE DE ELABORAÇÃO/PRODUÇÃO DE MATERIAL DIDÁTICO: Presidente ♦ Vice-Presidente ♦ Superintendente Administrativo e Financeiro ♦ Superintendente de Ensino, Pesquisa e Extensão ♦ Superintendente de Desenvolvimento e>> Planejamento Acadêmico ♦ SOMESB Sociedade Mantenedora de Educação Superior da Bahia S/C Ltda. FTC - EaD Faculdade de Tecnologia e Ciências - Ensino a Distância Diretor Geral ♦ Diretor Acadêmico ♦ Diretor de Tecnologia ♦ Diretor Administrativo e Financeiro ♦ Gerente Acadêmico ♦ Gerente de Ensino ♦ Gerente de Suporte Tecnológico ♦ Coord. de Softwares e Sistemas ♦ Coord. de Telecomunicações e Hardware ♦ Coord. de Produção de Material Didático ♦ Reinaldo de Oliveira Borba Roberto Frederico Merhy Jean Carlo Nerone André Portnoi Ronaldo Costa Jane Freire Luís Carlos Nogueira Abbehusen Romulo Augusto Merhy Osmane Chaves João Jacomel Gervásio Meneses de Oliveira William Oliveira Samuel Soares Germano Tabacof Pedro Daltro Gusmão da Silva 3 SUMÁRIOSUMÁRIOSUMÁRIOSUMÁRIOSUMÁRIO 07 07 07 14 19 22 22 ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 29 27○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 19○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 33 21○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 39 ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 40○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ INTRODUÇÃO À BIOGEOGRAFIA Biogeografia: conceitos e definições A biosfera Zoogeografia: a geografia dos animais Fitogeografia: a geografia dos vegetais Atividades complementares FATORES CONDICIONANTES DA VIDA NA BIOSFERA Fatores Bióticos e Abióticos Aspectos gerais da vegetação Principais classificações dos seres vivos A transformação continua da vida: especiação e extinção Atividades complementares PRINCÍPIOS GERAIS DA BIOGEOGRAFIA, CONCEITOS, TEMAS E PARADIGMAS A BIOGEOGRAFIA GERAL E DO BRASIL E SUAS APLICAÇÕES NO ESTUDO AMBIENTAL 4 Biogeografia Atividade Orientada Glossário Referências Bibliográficas 40 40 49 41 64 64 ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 66 65○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 51○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 63○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 68 ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 69 72 74 AS GRANDES PAISAGENS TERRESTRES E SEUS BIOMAS As regiões Biogeográficas Os biomas mundiais Os grandes biomas Brasileiros Fitogeografia brasileira Atividades complementares O PAPEL DA BIOGEOGRAFIA NA PRESERVAÇÃO AMBIENTAL O homem e o meio ambiente Problemas ambientais A importância do ensino da biogeografia Atividades complementares ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 5 Este material didático tem como intuito levar o discente ao entendi- mento da disciplina Biogeografia, que, segundo alguns autores, representam, na atualidade, um ponto chave para os debates atuais da sociedade moderna e sua relação com o meio ambiente. Desta maneira, iniciaremos nossos estudos biogeográficos através da análise dos conceitos e paradigmas que envolvem a disciplina. Posteriormente, aprofundaremos a discussão sobre a distribuição dos seres vivos no planeta, suas causas e conseqüências, buscando contextualizar essas informações à prática pedagógica em sala de aula, de modo que os estudos possam ser desenvolvidos, de maneira prática e agradável, ao longo do curso. Acredito que, desse modo, vocês estarão sistematizando o conheci- mento biogeográfico, aprofundando as discussões sobre meio ambiente e desenvolvimento sustentável, um dos temas que mais despertam interesse na atualidade (conservação da biodiversidade), ou seja, da pluralidade das espécies que vivem num dado ambiente. Esse interesse, até mesmo de origem política, aponta para a importância do estudo da Biogeografia, um dos ramos da Geografia Física. Ao estudar este material vocês estarão em contato com as idéias dos principias autores, com os conceitos e temas de maior relevância para o entendimento desta disciplina. Para facilitar a compreensão, elaboramos uma estrutura de estudo dividida em duas partes. No primeiro bloco aprofunda- remos aspectos gerais da Biogeografia (conceitos, pensamentos e teorias). No segundo bloco, partiremos para estudos específicos, procurando compreender a contextualização dos mesmos com outras disciplinas, como Climatologia, Hidrografia, etc. Sejam bem vindos aos estudos da Biogeografia e as suas discussões. Professor Ricardo Bahia Rios Apresentação da Disciplina 6 Biogeografia 7 PRINCÍPIOS GERAIS DA BIOGEOGRAFIA, CONCEITOS, TEMAS E PARADIGMAS Biogeografia: Conceitos e Definições A dispersão irregular dos oceanos e continentes, as diversas formas de relevo, a variedade climática e as diferentes composições de rochas e solos são alguns dos fatores que determinam à distribuição dos seres vivos sobre o planeta Terra, (Pereira & Almeida, 2000, 195 p.). Desse modo, o estudo dessa distribuição atual e passada e das condições desta distribuição, seja da flora ou da fauna, viventes ou fósseis, corresponde ao principal objetivo dos estudos biogeográficos. Desse modo, a Biogeografia é a ciência que estuda a espacialização, a expansão e associação das plantas e dos animais, ou seja, os seres vivos sobre a superfície terrestre. Abordando, sob diferentes ângulos e aspectos, os assuntos relacionados aos seres vivos, analisando suas relações entre si e o meio ambiente (KUHLMANN, 1973). A Biogeografia procura mostrar a evolução dos seres vivos, compreendendo sua origem e história geológica remota e recente, restrições e limitações impostas pelos fatores físicos e químicos e a ação deste sobre os próprios grupos vegetais e animais. É considerada, por uns, como ramo da Biologia e, por outros, como um ramo da Geografia. O seu campo é muito vasto, entrando em contato com várias ciências, tais como a Botânica, a Zoologia, a Geologia, a Paleontologia, a Climatologia, entre outras. Desse modo, podemos concluir que a Biogeografia abrange um rol muito ampliadodo conhecimento, apoiando–se, principalmente, na Biologia e na Geografia. INTRODUÇÃO À BIOGEOGRAFIA O que interessa, sobretudo, ao geógrafo, é explicar e conhecer a distribuição dos seres vivos (fauna e flora), no espaço geográfico, correlacionando essa espacialização aos fatores ambientais (bióticos e abióticos) e ao próprio homem, responsável pela dinâmica das modificações espaciais, apresentando assim uma visão mais ampla. Os biogeógrafos são aqueles que compreendem os diferentes padrões de distribui- ção dos animais e das plantas. Para tanto, buscam entender seus fatores e suas causas e como isso aparece refletido no espaço geográfico. Sendo assim, a Biogeografia constitui num verdadeiro traço de união entre a geogra- fia física e a geografia humana. Implica no conhecimento não só da distribuição atual das 8 Biogeografia 1. Ambiente ou meio Conjunto das forças e condições naturais que operam numa determinada região ou localidade. 2. Habitat Parte do ambiente em estreita relação com os organismos que nele vivem; qualquer lugar do ambiente em que cresce e reproduz-se os seres vivos. 3. Biótopo ou nicho A menor área caracterizada por um ambiente particular, ou seja, menor unidade de um habitat. 4. Biocenose Comunidade de seres vivos que ocupa dado habitat . 5. Substrato É o ponto do físico do habitat onde está fixado um vegetal qualquer. Ex. substrato rochoso, aquoso, etc. 6. Comunidade Indica qualquer grupo organizado (com estrutura definida) de plantas e de animais. 8. Formação É um grande tipo de vegetação do ponto de vista fisionômico: cerrado, mata atlântica, floresta equatorial. 9. Biócoro Meio geográfico onde predominam certas formas biológicas, adaptadas a um conjunto particular de fatores meteorológicos. Para refletir!Para refletir!Para refletir!Para refletir!Para refletir! Qual a importância dos estudos biogeográficos para os dias atuais? Divisão Clássica da Biogeografia Tradicionalmente, a Biogeografia é dividida em dois ramos: a Fitogeografia ou geografia das plantas e a Zoogeografia ou geografia dos animais. Quando os estudos são mais voltados para os vegetais, recebe o nome de Fitogeografia e, quando voltado para os estudos dos animais, de- nomina-se Zoogeografia. É fato que a Fitogeografia recebe maior aten- ção por parte dos biogeógrafos do que a Zoogeo- plantas e dos animais, mas também das causas e fatores que a presidem, no tempo e no espaço; e na observação da forma pela qual se processou a adaptação dos seres vivos ao meio e os indícios dessa acomodação. Como nada existe isoladamente na natureza, procura-se conhecer as causas que originaram determinadas associações de espécies, bem como apreciar os diferentes aspectos sob os quais se apresentam. Nos estudos biogeográficos alguns temas-conceitos devem ser cla- ramente explicitados, devido à sua importância para a disciplina e para o entendimento do assunto, tais como: 9 grafia. Kuhlmann (1977) aponta que isso se deve, provavelmente, ao fato de os vegetais se destacarem mais nas paisagens terrestres. É tão grande sua importância nas paisagens que os geógrafos, por vez, estabelecem os limites das grandes regiões naturais segundo as áreas de ocorrência dos tipos de vegetação. Evolução da Biogeografia No século XV, quando começaram as explorações por todo o mundo, os primeiros naturalistas europeus percorreram as terras recém-descobertas para estudarem sua fauna e flora. Um deles foi Alexander Humboldt que, no final do século XVII, tinha coletado vários dados sobre a distribuição das plantas na América. Outro naturalista importante foi o inglês Charles Darwin, cuja teoria de origem da vida mudou a visão da época na qual se acreditava que as espécies eram imutáveis, e produto da criação divina. Depois de suas viagens, Darwin reuniu informações sobre a distribuição dos organismos. Surpreso pelas semelhanças e diferenças entre as várias espécies, assim como com os restos fósseis dos organismos que habitaram a Terra, desenvolveu a “Teoria da Evolução das Espécies”, em 1859. Nessa teoria, Darwin sugeria que a seleção natural era o principal mecanismo para a troca das espécies através do tempo. Ao mesmo tempo, Wallace viajou pelo sudeste asiático estudando sua fauna e sua flora e chegou às mesmas conclusões que Darwin. Assim, foi atribuída a ambos a formulação da Teoria da Evolução. Além disso, Wallace escreveu em 1876 uns dos primeiros e mais importantes trabalhos sobre Biogeografia: “A distribuição geográfica dos animais”. Através de seus trabalhos, Wallace estabeleceu os conceitos básicos da Biogeografia, que ainda são vigentes. Por esses motivos, Wallace é considerado o pai da Biogeografia. Níveis de Integração nos Estudos Biogeográficos Pierre Danserau (1949) aponta que os estudos biogeográficos podem ser realizados em diferentes níveis de integração (oito níveis), de acordo com o objetivo a ser alçando pelo pesquisador. Em cada nível, podemos observar que variam: • As afinidades com outras ciências; • A natureza das limitações impostas; • O próprio material estudado; • O objetivo da pesquisa; • As conclusões às quais queremos chegar. Dividindo, então, os estudos em partes correspondentes e integradas entre si, procura- se conhecer as causas que originaram determinadas associações de espécies, bem como apreciar os diferentes aspectos sob os quais se apresentam. Procurando atender a todos esses objetivos é que Dansereau imprimiu na Biogeografia uma perspectiva ecológica, estabelecendo os denominados planos ou níveis de integração que “representam as várias limitações que o meio impõe, sucessivamente, aos seres vivos, no tempo e no espaço”. Tais níveis são os seguintes: Primeiro Nível – Paleontológico: Incluem nesse nível as considerações sobre adaptação das plantas e animais, condicionadas por grandes acontecimentos geológicos (glaciação, transgressão marinha, movimentos das placas tectônicas, etc.). Nesse nível, é importante verificar a escala geológica que possibilitou condições novas e mais ou menos favorável à vida. Tem como finalidade estabelecer a origem das plantas e animais, o seu apogeu e o motivo do seu desaparecimento. 10 Biogeografia Segundo Nível – Paleoecológico: Permite um estudo mais meticuloso, dentro do período geológico mais recente. Estuda não só a evolução das espécies, mas também as mudanças geográficas do clima e da vegetação. Fornece uma idéia do tempo em que existiu determinado tipo de vegetação num determinado território. Terceiro Nível – Aerográfico: Estuda as áreas geográficas de todas as espécies de plantas e animais, suas unidades paisagísticas, sua origem, suas mudanças e limites e as características dos territórios florais e faunísticos. Quarto Nível – Bioclimatológico: Se no nível Aerográfico procura–se a explicação da distribuição; neste, procura – se indagar sobre os fatores climatológicos responsáveis pela atual distribuição da luz, da temperatura, da umidade, etc. Uma das preocupações dos bioclimatologistas é estabelecer os isófenos, isto é, a linha que une pontos de igual periodicidade biológica: momento de floração de uma determinada planta, da reprodução de um peixe, etc. Nesse nível são estudadas as limitações devido aos fatores do clima. A ação desses fatores (latitudes, distribuição dos continentes, relevo, depressões barométricas, correntes marinhas) faz-se sentir, principalmente, sobre as plantas, através de seus elementos (temperatura, precipitações, ventos, etc). Assim, a latitude, condicionando a temperatura, acarreta a divisão da superfície da Terra em grandes zonas climáticas (equatorial, tropical, temperada e fria), nas quais o comportamento biológico é bem diversificado. Cada uma delas, em função também da umidade, corresponde a diferentes faixas de vegetação. Quando à altitude, introduz modificações climáticas, também se estabelece um escalonamento (agoravertical) da vegetação, passando estas faixas a constituir os denominados andares de vegetação. Latitude e altitude são, assim, os dois fatores que mais influenciam sobre a distribuição das espécies. Quinto Nível – Autoecológico: Este estudo limita–se ao ser individualizado nos vários aspectos do seu ciclo vital: periodicidade, reprodução, dispersão, reação aos fatores físicos e químicos. O objetivo desse nível é o estudo do ser vivo individualizado, nos vários aspectos de seu ciclo vital e em relação ao meio. Todo ser vivo manifesta uma série de exigências e de tolerâncias. Na tolerância, há a considerar também a duração e a variação do fator. Exigências e tolerâncias são fatores complementares e contrários, resultando do balanço entre ambos a melhor ou pior adaptação. Os elementos que possuem poucas exigências e muita tolerância podem aproveitar melhor os recursos do meio. Para sobreviver, os organismos têm, pois, de adaptar-se não só aos fatores cósmicos (número de horas de insolação) e climáticos (regime térmico), como também aos de seu habitat, manifestando, assim, mais diretamente, sua capacidade de reação e de aproveitamento dos recursos. Os fatores limitativos impostos pelo habitat podem ser: (1) químicos - quantidade de oxigênio, teor de cálcio e silício no solo, quantidade de sal, condições de pH etc; (2) físicos-luz (pela influência sobre a fotossíntese e reprodução, a forma, a germinação e o fototropismo), calor (tanto pelo excesso como pela deficiência; o frio, por exemplo, exerce grande influência sobre os seres vivos), a umidade, a pressão (esta mais sobre os animais, pela influência direta sobre a pressão do sangue); (3) biológicos - (a) vigor (plantas e animais mais vigorosos transformam, rapidamente, em seu proveito, as possibilidades oferecidas pelo meio); (b) vitalidade (capacidade de um organismo em cumprir todas as fases de seu ciclo; a esta se 11 liga a noção de longevidade); (c) fecundidade; (d) dispersão (pelo vento, água ou animais, especialmente aves); (e) agilidade (capacidade de locomoção própria de cada organismo). Da participação dos diversos organismos nos elementos nutritivos do meio ou em todos os recursos do ambiente, resultam as relações biocenóticas, que são as seguintes: (1) parasitismo (um dos dois organismos precisa do outro para subsistir); (2) saprofitismo (sobrevivência sobre matéria orgânica em decomposição); (3) epifitismo (as plantas aproveitam-se de outras apenas como suporte, sem utilizar-lhes a seiva); (4) simbiose (associação de duas ou mais espécies com benefício para todas); (5) comensalismo (para que possam conviver no mesmo habitat, as diferentes espécies têm que possuir exigências muito vizinhas, porém, complementares); (6) fitofagia (consumação de plantas pelos animais; alguns manifestam preferências específicas); (7) predação (há animais que se alimentam de outros). Nos estudos da auto-ecologia, podem ser utilizados dois métodos: observação direta (o ser vivo no seu meio natural) e experimentação (controle em laboratório dos fatores que afetam o comportamento dos indivíduos). Sexto Nível – Sinecológico: Procura–se saber como se associam as várias espécies de seres vivos, como utilizam as possibilidades do meio e como as retribuem: se cada um melhora ou piora as condições de seu habitat. Neste nível são estudadas as composições, estruturas e dinâmicas dos ecossistemas (conjuntos dinâmicos formados pelo habitat e as associações de seres que nele vivem). A sinecologia estuda, assim, as comunidades biológicas e não o indivíduo isoladamente. Para melhor compreensão do que significa um habitat, é preciso salientar que dentro de cada biócoro principal (meio geográfico, onde dominam certas formas biológicas adaptadas a um conjunto particular de fatores meteorológicos), podem ser encontrados vários habitats, isto é, locais onde se desenvolvem todas as atividades das espécies. Em cada habitat, por sua vez, podem existir unidades menores, como as sinusias e os biótopos. As primeiras constituem as camadas horizontais, de altura definida, apresentadas pela vegetação num determinado local e que incluem plantas de mesma forma biológica (ex.: sinusia herbácea, arbustiva, arbórea). Os segundos representam unidades ainda menores que, no interior das sinusias, apresentam-se com condições de vida ainda mais particulares, obedecendo à ordem decrescente de grandeza: biociclos (água salgada, água doce e meio terrestre), biócoros, habitats, sinusias e biótopos. Poucos são os organismos que se acham exclusivamente restritos a um biótopo; alguns limitam-se a uma sinusia ou, mais freqüen- temente, a um habitat. Este, geralmente, limita as espécies, havendo, porém algumas que não se restringem nem aos biócoros, ou, nem mesmo, aos biociclos. O capim gordura (Melinis minutiflora), por exemplo, pode ser encontrado em mais de um biócoro, enquanto que o salmão (Salmo salar) vive tanto na água doce quanto na salgada. Quanto mais limitado, porém, o organismo, tanto melhor indicador será das condições do habitat. Sétimo Nível – Sociológico: É o estudo do modo como se associam as espécies, das proporções que guardam entre si. A composição florística é estabelecida numa base estatística e tem que reconhecer também a estratificação da vegetação. Analisando a freqüência, a presença, a constância de todas as espécies. Além da dinâmica da vegetação, sua composição e estrutura também têm que ser estudadas, embora pelo aspecto quantitativo pertençam mais ao campo da biologia (sociologia vegetal) do que ao da geografia. Enquanto o dinamismo é indicado pelo lugar ocupado pela associação na sucessão (se é subclímax, clímax etc), a estrutura resulta da forma biológica dos indivíduos. Cada formação tem estrutura própria. Para sua compreensão, 12 Biogeografia Oitavo nível – Industrial: Nesse nível de estudo, o termo industrial é empregado no sentido da interpretação da adaptação do homem ao meio. Como a sociedade utiliza os recursos, com se da a transformação da paisagem, sua interferência no espaço. O resultado do impacto de adaptação do homem ao meio compreende seis fases sucessivas de intensidade crescente: coleta, caça e pesca, pastoreio, agricultura, indústria e urbanização. Se, da primeira poucas modificações resultam para os elementos do meio, já a partir da segunda, as alterações se fazem sentir (extermínio do bisão em áreas da América do Norte, desaparecimento do salmão de muitos rios, etc.). Pelo pastoreio continuado (a não ser em regiões de pastagens naturais), podem constituir-se áreas de disclímax, como é o caso dos Alpes (na Europa) e do vale do Paraíba (no Brasil); todavia, como a ação do pastoreio acha-se quase sempre acrescida pelas queimadas periódicas, torna-se, muitas vezes, quase impossível determinar o clímax primitivo. Pela agricultura, o homem não só modifica a área, mas, também, introduz nela novas espécies na vegetação (plantas domesticadas p.ex.). O estabelecimento de usinas influi, muita vez, na vegetação, pela fumaça e eliminação de outros vapores ou de poeiras prejudiciais; por outro lado, a indústria madeireira é responsável pelas alterações na composição das florestas. Final- mente, para atender aos imperativos da urbanização, é preciso modificar e, freqüentemente, destruir todo um revestimento vegetal. Movimentando-se o homem de um ponto para outro da Terra, seu deslocamento é acompanhado por migrações, tanto de plantas como de animais, fazendo com que deter- minadas espécies venham a ter uma grande disseminação. Por isso, os deslocamentos de populações, as guerras, as navegações, etc. tiveram grande papel na disseminação de ervas daninhas, de pragas (ratos p. ex.), sem falar do transporte premeditado das plantas cultivadas. Constitui, pois, objetivo deste nível o estudo da forma pela qual o homem utiliza os recursos do meio, bem como a maneira pela qual transforma a paisagem até o ponto de, muitas vezes,estabelecer um novo equilíbrio, diferente do primitivo. A consideração destes diferentes níveis dá uma idéia do conjunto das ciências biogeográficas, da variedade das pesquisas e dos diversos métodos a serem empregados para chegar à conclusão de certa ordem de grandeza (de certeza também) e ao estabelecimento de unidades mais ou menos padronizadas (DANSEREAU, 1947). No complexo campo de estudo da Biogeografia podem ser ainda reconhecidas diferentes direções interdependentes e complementares de compreensão dos fenômenos biogeográficos, Lemeé (1967) distingue três campos de ação: 1. Corologia – estudo da área geográfica das unidades taxonômicas, tais com espécies, gênero, família, etc. de sua origem e de suas mudanças dos limites e características dos territórios florais e faunísticos. É também conhecida com Areografia. 2. Biocenologia – estudo das comunidades de organismos, vista em seus diferentes aspectos, como organização, composição taxonômica, dinâmica e extensão geográfica. 3. Ecologia – análise das relações dos organismos e de suas comunidades com o meio exterior. além da forma biológica, são consideradas a estratificação e a cobertura. A composição é o conjunto das espécies presentes, cada uma com papel ou valor de índice próprio. Da análise dos resultados dos levantamentos obtêm- se dados sobre a abundância, a sociabilização, a freqüência, a presença, a constância e a fidelidade dos diferentes componentes de uma associação. Nos estudos de sociologia vegetal, é necessário que as áreas es- colhidas para amostra sejam bem homogêneas quanto aos seus fatores físicos. 13 Já Furon (1967) aponta para as possibilidades de estudos biogeográficos em três setores: 1. Biogeografia Estatística – que estuda a repartição das espécies animais e vegetais atuais e as condições ecológicas desta repartição. 2. Biogeografia Histórica ou Paleobiogeografia – que estuda a repartição e a ecologia dos seres vivos ao longo dos tempos geológicos. 3. Biogeografia Dinâmica – que estuda as origens da população atual, suas características geográficas e biológicas. Você Você Você Você Você SabiaSabiaSabiaSabiaSabia????? Taxonomia refere-se à classificação das coisas e aos princípios subja- centes da classificação. Quase tudo - objetos animados, inanimados, lugares e eventos - pode ser classificado de acordo com algum esquema taxonômico. Sendo assim, táxon é uma unidade taxonômica, essencialmente associada a um sistema de classificação. Táxons (ou taxa) podem estar em qualquer nível de um sistema de classificação: um reino é um táxon, assim como um gênero é um táxon, assim como uma espécie também é um táxon. O táxon é o objeto de estudo da Taxonomia, que visa individualizar e descrever cada táxon, seja de que nível taxonômico for, e da Sistemática, que visa organizá-los nos diferentes sistemas de classificação. Geobiocenose ou Ecosistema O termo geobiocenose foi criado por cientistas da escola russa e equivale ao ecossis- tema. Apesar de não ser amplamente utilizado, os geógrafos utilizam-se deste termo para ressaltar o enfoque geográfico – espacial. Geobiocenoses aparece como sendo um sistema de interações em funcionamento, composto de um ou mais organismos vivos em seus ambi- entes reais, tanto físicos, como biológico. Assim, geobiocenose ou ecossistema pode ser definido como um sistema aberto, integrado por todos os organismos vivos (compreendendo o homem) e os elementos não viventes de um setor ambiental, definido no tempo e no espaço, cujas propriedades globais de funcionamento (fluxo de energia e ciclagem da matéria) e auto-regulação (controle) derivam das relações entre todos os seus componentes, tanto pertencentes aos sistemas naturais, quanto aos criados ou modificados pelo homem. Portanto, ele pode ser formado por uma comunidade (conjunto) que possui elementos físicos (ar, água, solo, rocha, etc.) e elementos vivos (animais e vegetais, dos grandes até os microscópicos). Em uma geobiocenoses, os elementos físicos e os elementos vivos estão unidos numa mesma área, coexistindo num processo de dependência. Por exemplo, em uma flo- resta, a energia do sol permite que os vegetais vivam. Isto é de importância comprovada pelo fato de que os animais herbívoros (que se alimentam exclusivamente de vegetais) morreriam de fome caso não existissem os vegetais. Ao longo do litoral brasileiro, encontra-se um ecossis- tema complexo e importantíssimo para o desenvolvimento da vida marinha, os manguezais. Ecossistemas específicos sujeitos a inundação periódica pela ação das marés e sob regime de variações extremas de salinidade. Devido a isso, 14 Biogeografia pode ser considerado como o sistema intermediário entre os ecossistemas aquáticos e terrestres. Esse ecossistema desempenha um importante papel como fonte de matéria orgânica responsável pela produtividade primária da zona costeira, como berçário e abrigo para fauna aquática, como um filtro natural dos sedimentos, como proteção contra erosão de áreas estuarinas. Além disso, é uma rica fonte de alimentos para populações que vivem da pesca nessas áreas. Conceito de Biosfera A atuação da Biogeografia se dá na região do planeta denominada biosfera. Segundo Ramade (1977) “biosfera é a região do planeta que compreende o conjunto de todos os seres vivos e na qual se faz possível sua existência”. Esta definição procura ressaltar que partes do planeta como as calotas polares e altas montanhas, não são favoráveis ao desenvolvimento e sobrevivência de organismos, apesar de esporadicamente ocorrerem, mas não se estabelecem de forma permanente ou por longos períodos. Portanto, a biosfera pode ser entendida como uma película que envolve o planeta e é construída por litosfera, hidrosfera e atmosfera. A espessura desta película é impossível de ser definida, visto que prospecções petrolíferas encontraram microorganismos em rochas perfuradas à profundidade de 365m; algumas formas de vida têm sido encontradas em assoalhos oceânicos com profundidade de 10km; esporos de fungos foram coletados a cerca de 11 km de altitude e a NASA detectou a presença de bactérias a 22 km de altitude. Sendo assim, torna-se de grande importância o entendimento do conceito da Biosfera, seu funcionamento e evolução para os estudos biogeograficos. A noção de Biosfera foi criada há mais de uma centena de anos, em 1875 pelo geólogo austríaco Edouard Zuss, que utilizou esse termo pela primeira vez, ao se referir aos compartimentos envoltórios do globo terrestre. Em 1926, V.I.Vernadsky cientista russo considerou a biosfera como sendo aqueles estratos da crosta terrestre que tinham estado sob a influência dos organismos vivos por toda a história geológica. Assim, no estrato superior dos dois compartimentos: na litosfera e na hidrosfera, estariam situados todos os seres vivos. Os estudos atuais têm uma definição mais completa da biosfera com sendo, “a união de todos os espaços onde há vida na Terra que forma uma tênue cobertura de processos vitais em interação. Essa complexa rede de interdependência se expressa em grande conjunto de comunidades terrestre e aquática” (Jurandy Ross, 2001). Também conhecida com esfera da vida, ela é formada pelo conjunto das três esferas terrestre, responsável pela existência da vida na terra: atmosfera, litosfera e hidrosfera. A biosfera é a parte da Terra onde se encontram os seres vivos. Ela compreende a superfície terrestre e a porção inferior da atmosfera e prolonga-se até o fundo dos oceanos. O conhecimento da biosfera é de fundamental importância para os estudos biogeográficos, porque nela contém inúmeros ecossistemas (conjunto formado pelos animais e vegetais em harmonia com os outros elementos naturais). Incluem-se na biosfera todos os organismos vivos que vivem no planeta, embora o conceito seja comumente alargado para incluir também os seus habitats, passando a biosfera a ser tratada como um conjuntode ecossistemas, e englobando assim toda a zona habitável do planeta. O homem, como ser vivo, faz parte da biosfera, e adapta o seu lar da maneira que ele precisar, causando reações positivas e negativas. 15 Atenção Atenção Atenção Atenção Atenção !!!!! A litosfera (do grego “Lithos” = pedra) é a parte do planeta Terra cons- tituída por rochas e solo, correspondendo à crosta terrestre. É um dos três principais grandes ambientes físicos da Terra, ao lado da hidrosfera e da atmosfera. A litosfera é a camada solida mais externa da Terra. O termo hidrosfera vem do grego: hidro + esfera = esfera da água. Compreende todos os rios, lagos e mares e todas as águas subterrâneas, bem como as águas marinhas e salobras, águas glaciais e lençóis de gelo, vapor de água; as quais correspondem a 71% de toda a superfície terrestre. A atmosfera (atmo = gás, vapor) corresponde à camada gasosa sem cheiro, sem cor e sem gosto, presa a Terra pela força da gravidade. Vista do espaço, o planeta Terra aparece como uma esfera de coloração azul brilhante. Esse efeito cromático é produzido pela dispersão da luz solar sobre a atmosfera, que também existe em outros planetas do sistema solar que, assim como a Terra, possuem atmosfera. A Formação da Biosfera A idade da Terra é calculada em cerca de 4 a 5 bilhões de anos. No decorrer desse longo período ela foi palco de inúmeras transformações físicas e biológicas, em boa parte, ainda não esclarecidas. Há aproximadamente 3,5 bilhões de anos surgiram os primeiros organismos vivos unicelulares (vide tabela Síntese das Eras e Períodos geológicos e principais ocorrências), a partir desse ponto a vida vegetal e animal, começou a se desen- volver inicialmente nos fundos dos oceanos. 16 Biogeografia Você Você Você Você Você SabiaSabiaSabiaSabiaSabia????? Ao longo da era pré–cambriana estudos científicos indicam que os vulcões estavam em plena atividade; os continentes acabavam de ser formados, havia muitas tempestades elétricas e a atmosfera não era igual à de hoje. Nesse ambiente, com uma atmosfera cheia de gases tóxicos, quase sem oxigênio e com muito gás carbônico, substâncias químicas não-vivas organizaram-se nos oceanos primitivos e formaram os primeiros seres vivos. Essa idéia é a mais aceita pelos cientistas. Mas ainda são muitos discutidos os processos que explicariam como as substâncias não-vivas conseguiram se organizar para originarem os primeiros seres vivos. Ainda na era pré–cambriana, há 2,5 bilhões de anos, ou seja, um bilhão de anos depois do surgimento dos primeiros seres vivos microscópicos, uma grande mudança aconteceu no planeta. A quantidade de oxigênio na atmosfera começou a aumentar e, no mesmo ritmo, a quantidade de gás carbônico começou a diminuir permitindo o surgimento de organismos mais complexos (pluricelulares). Os cientistas imaginam que os primeiros seres vivos eram algas microscópicas que viviam nos mares e que, além de se reproduzir, multiplicando sua população, absorviam gás carbônico e liberavam oxigênio. A coisa teria funcionado assim: como cada alga microscópica liberava um pouco de oxigênio e se reproduzia, depois de algum tempo a população de algas nos antigos oceanos aumentou muito. Conseqüentemente, mais oxigênio foi liberado e mais gás carbônico foi consumido. Em função disso, hoje, o planeta Terra possui uma atmosfera rica em oxigênio e com pouco gás carbônico, diferente de qualquer outro planeta. Aqui também temos algo que não existe em nenhum outro planeta conhecido: a vida. Graças ao conjunto de influências da hidrosfera, atmosfera e litosfera a vida evoluiu, dentro da quarta esfera: a biosfera. Em todo o processo de formação da terra, houve um inter-relacionamento entre “esferas”. Isso determinou um equilíbrio no planeta: se ocorrer alguma alteração nesse conjunto o sistema todo pode ser afetado. O Homem só vem aparecer no período Quaternário. Houve neste período a glaciação no hemisfério norte; delineamento dos atuais continentes; formação das bacias sedimentares recentes. Desse modo, podemos concluir que, em relação à origem da Terra, o homem é recente, mas são os principais agentes atuais modificadores da paisagem terrestre. Os seres humanos, ao promoverem transformação no espaço, cada vez mais colocam em risco o funcionamento desse sistema natural, gerando assim um desequilíbrio. Em virtude desse rompimento, as conseqüências para vida animal e vegetal tornam–se mais vulneráveis, colocando em risco a vida de muitas espécies terrestres. Reservas da Biosfera São as reservas naturais criadas pelo programa MAB (Man and the Biosphere) da Unesco. A idéia básica desse programa é a criação de “museus vivos” do que melhor existe, em termos de natureza, no planeta, como amostras dos principais ecossistemas de hoje preservados para as gerações futuras. Nessa categoria estão incluídos ricos cenários naturais como também zonas ou paisagens típicas, raras ou em perigo de extinção. São, na verdade, reservas biogenéticas, como, no Brasil, a Mata Atlântica, o Cinturão Verde ao redor de São Paulo e o Cerrado. 17 , Faça uma visita ao site www.dnpm-pe.gov.br/geologia/escala_de_tempo.htmwww.dnpm-pe.gov.br/geologia/escala_de_tempo.htmwww.dnpm-pe.gov.br/geologia/escala_de_tempo.htmwww.dnpm-pe.gov.br/geologia/escala_de_tempo.htmwww.dnpm-pe.gov.br/geologia/escala_de_tempo.htm e entenda mais sobre as era geológicas. Meio Ambiente Várias ciências, desde sua origem, principalmente a Biogeografia, demonstraram interesse em tratar de perto a temática ambiental, colocando-a como um dos principais focos de suas preocupações. Também procuraram conceituar meio ambiente considerando- o somente como o conjunto de organismos – ecossistemas. A superfície terrestre é representada pela organização de vários sistemas ambientais que passam por um processo de estruturação e funcionamento, resultante da dinâmica evolutiva, natural ou humana. Ao longo da história da humanidade, a interação homem e natureza se mostraram diversificada; a paisagem natural da Terra foi paulatinamente tornando- se social e cultural. Da “primeira natureza” surgiu a “segundo natureza” – o espaço geográfico. Por isso, não basta somente considerar o meio ambiente do ponto de vista dos elementos físicos e bióticos, mas também é necessário incluir a sociedade como um sistema a sofrer e a promover modificações em outros sistemas. Assim, as mudanças que ocorrem nos sistemas ambientais físicos, que alteram suas características, irão refletir direta ou indiretamente na vivência das comunidades humanas. Biodiversidade Como o próprio nome sugere, são as diversas formas de manifestação da vida, (plantas, animais, homens) e todas as relações de interdependência e encadeamento que se estabelecem entre eles. Biodiversidade ou diversidade biológica refere-se à variedade de vida no planeta Terra, incluindo a variedade genética dentro das populações e espécies, a variedade de espécies da flora, da fauna e de microrganismos, a variedade de funções ecológicas desempenhadas pelos organismos nos ecossistemas; e a variedade de comunidades, hábitats e ecossistemas formados pelos organismos. Biodiversidade refere-se tanto ao número (riqueza) de diferentes categorias biológicas quanto à abundância relativa dessa categoria incluindo a totalidade dos recursos vivos, ou biológicos, e dos recursos genéticos, e seus componentes. A biodiversidade corresponde a uma das propriedades fundamentais da natureza, responsável pelo equilíbrio e estabilidade dos ecossistemas, e fonte de imenso potencial de uso econômico. Ela é a base das atividades agrícolas, pecuárias, pesqueiras e florestais e, também, a base para a estratégia industrial da biotecnologia. As funções ecológicas desempenhadas pela biodiversidade são ainda pouco compreendidas, muito embora se considere que ela seja responsável pelos processos naturais e produtos fornecidos pelos ecossistemase espécies que sustentam outras formas de vida e modificam a biosfera, tornando-a apropriada e segura para a vida. A diversidade biológica possui, além de seu valor intrínseco, valor ecológico, genético, social, econômico, científico, educacional, cultural, recreativo e estético. Com tamanha importância, é preciso evitar a perda da biodiversidade. 18 Biogeografia Diversidade é uma fonte potencial de imensas riquezas materiais ainda não exploradas, sejam sob a forma de alimentos, medicamentos ou bem- estar. A fauna e a flora também são partes do patrimônio de uma nação, produto de milhões de anos de evolução concentrada naquele local e momento e, portanto, tão merecedora da atenção nacional quanto às particularidades da língua e da cultura. A conservação da biodiversidade é hoje discutida por cientistas, políticos e simpatizantes da questão ambiental, como forma de assegurar o uso, pelo ser humano, dos benefícios atuais e futuros deste recurso, como os produtos farmacêuticos e industriais. Ecologia Ecologia é o estudo das interações dos seres vivos entre si e com o meio ambiente. A palavra e o conceito foram iniciados em 1866 pelo biólogo alemão Ernst Haeckel da palavra grega “oikos”, que significa “casa”, e “logos”, que significa “estudo”. Para os ecólogos, o meio ambiente inclui não só os fatores abióticos como o clima e a geologia, mas também os seres vivos que habitam uma determinada comunidade ou biótopo. O conjunto dos seres vivos e não-vivos que habitam um determinado espaço geográ- fico chama-se ecossistema. O conjunto dos ecossistemas da Terra é conhecido por biosfera. O meio ambiente afeta os seres vivos não só pelo espaço necessário à sua sobrevivência e reprodução — levando, por vezes, ao territorialismo — mas também às suas funções vitais, incluindo o seu comportamento (estudado pela etologia, que também analisa a evolução dos comportamentos), através do metabolismo. Por essa razão, o meio ambiente — a sua qualidade — determina o número de indivíduos e de espécies que podem viver no mesmo habitat. Por outro lado, os seres vivos também alteram permanentemente o meio ambiente em que vivem. O exemplo mais dramático é a construção dos recifes de coral por minúsculos invertebrados, os pólipos coralinos. As relações entre os diversos seres vivos existentes num ecossistema incluem a competição pelo espaço, pelo alimento ou por parceiros para a reprodução, a predação de uns organismos por outros, a simbiose entre diferentes espécies que cooperam para a sua mútua sobrevivência, o comensalismo, o parasitismo e outras (ver a página Relações Ecológicas). Da evolução destes conceitos e da verificação das alterações de vários ecossis- temas — principalmente a sua degradação — pelo homem, levou ao conceito da ‘Ecologia Humana’, que estuda as relações entre o Homem e a Biosfera, principalmente do ponto de vista da manutenção da sua saúde, não só física, mas também social. Por outro lado, apareceram também os conceitos de conservação e de conservacio- nismo que se impuseram na atuação dos governos, através das ações de regulamentação do uso do ambiente natural e das suas espécies, através de várias organizações ambien- talistas que promovem a disseminação do conhecimento sobre estas interações entre o Homem e a Biosfera. A ecologia está ligada a muitas áreas do conhecimento, dentre elas a economia, biologia, geografia entre outras. Nosso modelo de desenvolvimento econômico se baseia no capitalismo, que promove a produção de bens de consumo cada vez mais caros e sofisticados e isso esbarra na ecologia, pois não pode haver uma produção ilimitada desses bens de consumo na biosfera finita e limitada. 19 Zoogeografia: A Geografia dos Animais Zoogeografia é a parte da Biogeografia que se dedica aos estudos relacionados à distribuição dos animais, e suas características atuais e passadas, sobre a superfície terrestre, preocupando – se em estudar sua origem, distribuição, adaptação e suas associações. Além de mapear a distribuição atual das espécies animais, os zoogeógrafos formulam teorias para explicar essa distribuição, baseados em informações sobre geografia, fisiografia, clima e história geológica, assim como o conhecimento da história evolutiva dos animais e as relações entre eles. Kuhlmann aponta que os estudos zoogeográficos recebem pouca atenção por parte dos geógrafos, isso se dá pela pequena influência exercida pelos animais nas paisa- gens terrestres. O interesse dos estudos zoogeográficos depende, em grande parte da influência direta que os animais exercem sobre as atividades humanas. A participação dos animais, entretanto, deve se considerada, tanto na forma direta com indireta. Das primeiras são exemplos as “cidades de terminais” ou cupins em nossas áreas campestres e os enormes amontoados de formigueiros. Em maior número podem ser citadas as moscas, os mosquitos, o barbeiro e outros vetores, responsáveis em grande parte pela proliferação de algumas enfermidades em diversas áreas do globo. A existência de animais de pele preciosa na tundra e nas florestas tropicais e temperadas condicionou uma economia tipicamente baseada na caça. Estes exemplos citados indicam a importância da zoogeografia no estudo das paisagens. Entre os animais, a tolerância às condições do meio varia muito. Alguns podem sobreviver em diversos tipos de hábitats, enquanto outros morrem quando são retirados de seu entorno natural. Com exceção do homem, nenhum animal é capaz de sofrer grandes modificações e ainda ser capaz de sobreviver num meio totalmente estranho, a não ser que as mudanças aconteçam ao longo de muitas gerações e adaptações. As interações específicas dos animais com seu meio são estudadas pela Ecologia. Os zoógrafos estudam a distribuição da vida animal, utilizando princípios ecológicos para explicar os modelos desta distribuição. Os hábitats dos animais podem ser classificados de forma simples em aquáticos ou terrestres. As aves se incluem em hábitat aquático ou terrestre em função do lugar para onde finalmente regressam. A distribuição dos animais aquáticos subdivide-se em hábitats de água salgada e de água doce. As terras emersas classificam-se em seis regiões zoogeográficas, cada uma das quais com sua fauna característica. Dentro destas regiões, os animais agrupam-se de acordo com os hábitats que ocupam. A preferência de um animal por certo hábitat depende de muitos fatores, como alimento e proteção natural contra os predadores. Fitogeografia: A Geografia dos Vegetais O estudo dos fatores que influem na distribuição dos vegetais é denominado de estudo fitogeográfico. Essa disciplina é centrada no estudo de como se determina a distribuição das espécies individuais, a representação dos dados obtidos em mapas que mostram o território natural de cada planta e a ilustração ou compilação das espécies e associações botânicas próprias de uma determinada região. A Fitogeografia denomina-se também de geobotânica, de geografia botânica e de geografia das plantas. É integrada por um conjunto de disciplinas que inclui a taxoomia e relaciona-se com outros setores do conhecimento com morfologia, a climatologia e a 20 Biogeografia ecologia. Até o início do século XIX só se estudavam as plantas do ponto de vista estreitamente botânico. Como os trabalhos de Alexander von Humboldt começou-se a correlacioná-las ao meio ambiente e a determinar as causas de sua distribuição no espaço e sua evolução. A distribuição das plantas sobre a Terra e as causas que levam a tal distribuição, corresponde ao objeto de estudo da Fitogeografia, um troco dos estudos biogeográficos. Do ponto de vista acadêmico a Fitogeografia é um conjunto de disciplinas botânicas que constituem uma seqüência natural, e qual toma como ponto de partida o conhecimento prévio de outras ciências, dentre as quais cita-se a Climatologia e a Pedologia (RIZZINI, 1976). Dentrodessa óptica, os estudos fitogeográficos compreendem o estudo de: 1. Ambiente – ou a soma das forças da natureza circunjacente que atuam sobre os seres vivos; esta parte toma o nome de Ecologia; 2. Vegetação – ou conjunto dos vegetais que existem em um determinado local; 3. Flora – ou conjunto das entidades taxionômicas (classificação dos vegetais) que ocorrem em certa região, cuja distribuição e áreas constituem objeto da Fitogeografia. Nos estudos fitogeográficos é muito comum ocorrer confusões dos termos flora com vegetação, muitas vezes esses termos são utilizados como sinônimos. Rizzini (1976, p.5) aponta para a diferenciação dos termos: “Vegetação diz respeito aos vegetais em si, concretamente, que se podem tocar manusear com as mãos; flora refere-se às famílias, gêneros e espécies (principalmente a estas), abstratamente, que compõem cada vegetação.” A vegetação é constituída pelas formas visíveis que constituem a cobertura vegetal de certa região, resultantes de causas atuais: clima, solo e fauna. Já a flora é constituída, sobretudo, das espécies localizadas no mesmo local, resultante das causas pretéritas como alterações climáticas, migrações, modificações pedológicas, mudanças faunísticas e acidentes geográficos, ou seja, a flora é o resultado da adaptação de certas espécies em determinados ambientes terrestres ao logo de sua evolução. As plantas são organismos que correspondem ao quadro vivo que compõe a cobertura vegetal, nos quais os processos fundamentais (como divisão celular e síntese de proteínas, por exemplo) podem ser estudados, sem o dilema ético destes estudos em animais ou humanos. As leis de herança genética foram descobertas desta maneira por Gregor Mendel que estava estudando a maneira pela qual a forma das ervilhas era herdada. O que Mendel aprendeu estudando plantas teve um alcance muito além da botânica. Atenção Atenção Atenção Atenção Atenção !!!!! Botânica é o estudo científico da vida das plantas, fungos e algas. Como um campo da biologia, é também muitas vezes referenciado como a Ciência das Plantas ou Biologia Vegetal. A Botânica abrange um conjunto de disciplinas científicas que estudam crescimento, reprodução, metabo- lismo, desenvolvimento, doenças e evolução da vida das plantas. Os fatores mais importantes que determinam à distribuição das espécies vegetais são a geologia, a ecologia, o clima e a capacidade de dispersão dos órgãos reprodutores de cada planta. 21 Atenção Atenção Atenção Atenção Atenção !!!!! A paleobotânica ou estudo das plantas fósseis tem contribuído muito para o conhecimento geral da evolução dos grandes grupos vegetais e, em especial, para a compreensão das relações existentes entre as classes de plantas com sementes. 1..... No primeiro tema estudamos os principais conceitos e variáveis ligados à Biogeo- grafia e vimos que ela constitui numa disciplina de abordagem ampla para a Geografia Física. Desse modo, qual a importância dos estudos biogeográficos para a sociedade atual? AtividadesAtividadesAtividadesAtividadesAtividades ComplementaresComplementaresComplementaresComplementaresComplementares 2..... Observamos que os estudos biogeográficos podem desenvolver-se sobre duas divisões clássicas, a depender do objeto a ser estudado (Fitogeografia e Zoogeografia). Com base nessa afirmação, caracterize essas duas subdivisões clássicas da Biogeografia e justifique o fato de uma delas atrair maior interesse por parte dos geógrafos. 3..... Diferencie geobiocenose de ecossistema. 4..... Diferencie biodiversidade de meio ambiente. 5..... De que forma a expansão urbana impactua sobre a fitogeografia e a zoogeografia de determinada área? Exemplifique. 22 Biogeografia FATORES CONDICIONANTES DA VIDA NA BIOSFERA Fatores Bióticos E Abióticos A natureza é uma totalidade onde todos dependem de todos. Essa totalidade resulta de certas combinações e das condições necessárias para que as espécies obtenham energia e participem das interações biológicas em seu nicho. Em Biogeografia, o conceito de nicho é considerado em duas dimensões: o nicho fundamental, que é a área total onde se encontram as condições do meio físico necessárias para a existência da espécie, e o nicho realizado, que é a parte do nicho fundamental ocupada realmente pela espécie, que ali fica de certa forma confinada devido a interações competitivas ou para livrar-se da predação por outras espécies. As espécies têm seu nicho definido por um complexo conjunto de fatores físicos e biológicos. As necessidades de água, calor, nutrientes e solo parecem limitar a distribuição de muitas espécies. A existência de certos tipos de insetos polinizadores ou aves e morce- gos como dispersores de sementes também influi na distribuição. Não é intenção discutir aqui todos os fatores que influem na atual organização da biosfera, mas mostrar os aspectos fundamentais de algumas de suas interações. Os organismos estão programados geneticamente para sobreviver num conjunto de condições ambientais que têm certos limites de tolerância. A maior parte do conhecimento dos limites de cada espécie foi obtida por meio de experimentos de laboratório feitos, prin- cipalmente, com espécies de valor econômico na agricultura, na pecuária, na pesca etc. A maior parte das plantas utilizadas na agricultura foi hibridizada para obter formas que se adaptem às diferentes condições climáticas do planeta. Quando isto não é possível, o sistema agrícola maneja as condições naturais, criando situações artificiais que simulem as características do meio ótimo para uma determinada planta ou animal. Assim, a agricultura irrigada, a calagem, a adubação, as estufas nada mais são que alterações do meio para se chegar às condições que estejam dentro do intervalo de tolerância da espécie e, se possível, nas condições ótimas para o seu melhor desempenho. Os organismos podem apresentar um intervalo de tolerância variável para diferentes fatores, como, por exemplo, água e temperatura. Numa determinada condição um organis- mo pode suportar melhor a escassez de água, mas ser pouco tolerante a mudanças térmicas. Um animal de deserto, por exemplo. Há espécies com limites de tolerância amplos que ocorrem em várias regiões do globo, como, por exemplo, os pardais, que foram introduzidos em diversas regiões do mundo. Essas espécies, provavelmente, têm largas faixas de tolerância para diversos fatores, como luz, água, solos, temperatura etc. Outro aspecto curioso da ação sempre combinada dos fatores é a influência recíproca entre os fatores. A água, por exemplo, é um fator que está relacionado com os nutrientes solúveis; portanto, se as condições hídricas não forem favoráveis, isso irá influir também nos nutrientes solúveis. 23 Na natureza as espécies muitas vezes estão vivendo numa área onde as condições não são ótimas, mas estão sempre dentro do seu intervalo de tole-rância. É possível encontrar para uma mesma espécie diferentes biótipos. Há, também, limites de tolerância diferentes para uma mesma espécie, conforme seu estágio de desenvolvimento. Sementes, ovos, embriões, plântulas e larvas, em geral, possuem tolerância mais estreita do que as formas adultas correspondentes em fase não-reprodutiva. Os intervalos de tolerância compreendem uma faixa de condições que inclui o estado ótimo e uma série de situações intermediárias até os limites. A condição real de sobrevivên- cia de uma população nem sempre está no intervalo ótimo. Quando nos propomos manejar um ambiente e suas comunidades biológicas, é preciso estar atentos para não ultrapassar os limites que inviabilizam a sobrevivência dessas comunidades no ecossistema. Exemplo: Estudo sobre o peixe tambaqui, na região amazônica, é um bom exemplo das altera- ções que sofrem os seres vivos, resultantes de transformações do ecossistema em que vivem. A fauna de peixes amazônicos é talvez a mais diversificada do mundo, possuindocerca de 2 mil espécies conhecidas. Evolutivamente, os peixes estão adaptados ao complexo aquático amazônico, formado por rios, lagos, lagunas temporárias, canais naturais (furos), e aos diferentes tipos bioquímicos de águas (pretas, brancas e cristalinas). Os peixes vivem harmoniosamente com as variações diárias e sazonais do volume de águas e, conseqüen- temente, dos nutrientes e, sobretudo, da alternância da concentração de oxigênio. Estudos recentes têm demonstrado que as frações de hemoglobina (pigmento que captura o O2 na brânquia, transporta o oxigênio no sangue e troca-o pelo CO2 nos tecidos) desses peixes possuem propriedades funcionais auto-reguláveis que criam condições para que os peixes acompanhem as flutuações de O2 no meio. No período de seca a concentração de oxigênio é baixa e os peixes têm estratégias para capturar gás por vias extrabranquiais, além de possuírem capacidade de trabalho muscular em anaerobiose. O tambaqui, um peixe muito apreciado pelas populações ribeiri- nhas e de valor econômico, através de um processo bioquímico consegue fazer com que o músculo cardíaco funcione por metabolismo anaeróbico. Em situações de baixa concen- tração de O2 o tambaqui aumenta sua tolerância através desse metabolismo alternativo. O exemplo do tambaqui mostra que os organismos estão adaptados ao ambiente que influi na sua composição físico-química, reduzindo os efeitos-limitantes do meio à sua sobrevivência. As populações de distribuição ampla na biosfera são as que mais praticam a compen- sação de fatores para sobreviver nas condições que não são as melhores para o seu ponto ótimo de desenvolvimento. Essa adaptação pode aparecer sob a forma de ajuste fisiológico e se expressa muitas vezes na morfologia (ecótipos). Para alguns autores os ecótipos nada mais são do que espécies irmãs, para outros as modificações genéticas não atingiram a diferenciação suficiente para separá-los em espécies distintas. Neste caso, aceitam-se esses ecótipos como variedades ou raças. Condicionantes Físico-químicos na Distribuição dos Seres Vivos A distribuição dos seres vivos sobre a Terra é condicionada por um conjunto de fatores, sendo assim constitui-se num equívoco pensar que um único fator, sozinho, possa limitar o crescimento de uma população. A idéia de fator único tem origem nas aplicações experi- mentais da agricultura. Na ecologia, os fatores são multi-interativos e há necessidade de compreender como isto se dá empiricamente. Além disso, é preciso acompanhar os orga- nismos no seu ciclo de vida, para melhor compreender suas interações com o ambiente. 24 Biogeografia No ambiente terrestre, a luz, a temperatura, a água e os solos são fatores reguladores de maior importância na distribuição dos seres vivos. No mar, a salinidade é um fator importante devido à natureza hipossalina dos tecidos biológicos dos organismos. Na água doce, o oxigênio nela dissolvido é um fator regulador. A Luz (Radiação Luminosa) A luz é a fonte primária de energia para os ecossistemas. A energia luminosa recebida do Sol se distribui em intensidades desiguais pela superfície terrestre, conforme as latitudes. As diferenças de intensidade da luz do Sol que incide sobre as diversas regiões da Terra são responsáveis indiretas pelos tipos de clima, controlando as temperaturas atmosféricas, que por sua vez influenciam as variações de pressão, os sistemas de ventos, as precipi- tações, as correntes oceânicas etc. Os ecossistemas atuais não existiriam na ausência da luz do Sol, que é constituída por vários comprimentos de onda. Algumas partes ou faixas de comprimento dessa luz devem ser filtradas, pois são prejudiciais à maioria dos organismos; é o caso da radiação ultravioleta. A domesticação da radiação solar desenvolveu-se ao longo da história biológica com a participação dos seres vivos, que modificaram a química da atmosfera, criando barreiras para os comprimentos de onda letais. Os comprimentos de onda que atravessam a atmosfera estão na faixa de 0,3 a 10 micrômetros. Os animais respondem fisiológica e comportamentalmente a essa faixa. Para o olho humano, a faixa visível está entre 0,36 e 0,76 micrômetro. A qualidade da luz (com- primento de onda-cor) e a quantidade (calor-energia) são importantes fatores adaptativos. O processo de captura da energia luminosa pelos seres vivos é a fotossíntese, que funciona com intensidades de luz tanto altas quanto baixas. A fotossíntese se realiza em todas as latitudes, em diferentes estações do ano, em diferentes altitudes, e quanto maior a disponibilidade de luz, tanto melhor a condição para que as plantas realizem a conversão da energia luminosa em biomassa. A luz influencia a atividade diária e sazonal de plantas e animais e participa na definição dos ritmos biológicos. Estes, apesar de não resultarem apenas desse fator, têm uma relação estreita com a quantidade e a qualidade da energia luminosa. A periodicidade é uma espécie de programação à qual a atividade biológica está adaptada. No caso da luz, a quantidade de energia é variável, pois depende da região (latitude) ou da época do ano (estações). A quantidade diária de luz regula a atividade fotossintética. Nos animais a troca de penas ou de pêlos, a migração ou a reprodução podem estar indiretamente associadas ao número de horas de luz. Essa regulação é quase sempre indireta, pois a luz é ativadora de processos associados à temperatura, à umidade, etc. Energia Solar e Temperatura Ao penetrar na atmosfera a energia solar aquece o ar, particularmente o vapor de água, mas a maior parte da energia alcança a superfície da Terra, aquecendo-a também. Essa superfície não é plana, nem homogênea, pois os solos, as rochas e as plantas absorvem diferentemente essa energia. Uma parte dela é convertida em calor, que é remetido para a atmosfera. Há evidências de que o estresse tem um papel fundamental na definição dos limites de distribuição. Por exemplo, muitas alterações ambientais pro- duzidas pela sociedade industrial não eliminaram os organismos dos ecos- sistemas, mas estes sobrevivem sob estresse e, em muitos casos, são mais suscetíveis a doenças e morte prematura ou são menos produtivos. Os fatores de maior importância para a vida dos organismos são a luz, a temperatura, a umidade, os gases atmosféricos, os sais biogênicos (nutri- entes), o solo e as correntes oceânicas e atmosféricas. 25 Os oceanos e outros ambientes aquáticos absorvem a maior parte da energia que chega à superfície. A produção de calor na água, no entanto, atinge somente as camadas mais superficiais. As florestas, comparadas ao solo nu, também absorvem muita energia e emitem menos calor. A maior incidência de energia sobre uma superfície ocorre quando os raios luminosos estão em posição perpendicular à mesma. No equador e nos trópicos (estes, nos solstícios de verão), os raios luminosos atingem essa posição. Quando isso ocorre, a camada de ar que está entre o Sol e a superfície é menor nessas regiões, ou seja, os raios solares percor- rem uma distância menor, portanto as perdas de energia são menores. Esse fato explica por que as temperaturas nos trópicos são mais altas do que nos pólos. Em relação ao ângulo de incidência, uma montanha do hemisfério sul é mais fria na face sul do que na face norte, pois durante a trajetória solar a face norte é a mais exposta à luz solar. No hemisfério norte ocorre o contrário. As estações do ano têm regimes térmicos resultantes das diferenças de duração dos dias e das noites e da distância do Sol. A única região do globo cujos ecossistemas recebem doze horas de luz/dia o ano todo é o equador, mas a cobertura de nuvens é maior e em virtude disso a quantidade de luz direta que a biota recebe é menor do que nas regiões subtropicais, onde há menor cobertura de nuvens. A biota do círculo polar ártico e antártico conta com um dia no ano com luz durante 24 horas e um dia comple- tamente escuro. Osdemais dias situam-se gradativamente dentro desses dois extremos. Nas regiões de altitudes elevadas a intensidade luminosa é elevada, mas a tempera- tura é baixa devido à menor densidade do ar e à diminuição da pressão atmosférica. Assim, numa mesma latitude podem coexistir florestas tropicais úmidas e quentes e uma montanha nevada, como o pico da Neblina, na Amazônia, a isto chamamos de escalonamento vertical. A temperatura limita a distribuição de muitas espécies de plantas e influi também no rendimento da fotossíntese, limitando o seu funcionamento. As baixas temperaturas associa- das a outras condições, como a disponibilidade de água e a química dos solos, são fatores limitantes para inúmeras es-pécies. Nas baixas temperaturas, as plantas têm dificuldades para capturar água do solo com suas raízes. Nas altas temperaturas, as plantas têm que controlar as perdas por evapotranspiração para a atmosfera, conforme a disponibilidade da água nos solos. A transpiração nas plantas funciona como uma compensação contra o aquecimento dos tecidos. Os animais possuem inúmeras estratégias comportamentais para suportar temperaturas excessivamente baixas ou elevadas. 26 Biogeografia Água A água está em toda parte. É essencial para todas as formas de vida. Basta dizer que sem a água não existiriam processos vitais como a fotossíntese e a respiração. A água é também um ambiente. Os oceanos representam 71% da superfície terrestre e são, em sua maior parte, lócus da produção de umidade para a atmosfera. Neles, a maior parte do oxigênio dissolvido é produzida pela atividade fotosintética do Fitoplâncton. A água participa da maioria das reações metabólicas e é um fator limitante para os organismos terrestres. Estes têm que desenvolver estratégias para obtê-la, utilizá-la de forma eficiente e não sofrer perdas desnecessárias. Nos ambientes aquáticos cujo volume de água é muito variável, ou onde a salinidade é muito elevada, os organismos têm que desenvolver estratégias para evitar a perda de líquidos corporais. Nos ambientes terrestres, a água é distribuída pelas chuvas. Estas dependem da circulação atmosférica e de outros fatores, como a cobertura vegetal e o relevo. A umidade distribuída pelas chuvas varia de região para região. Há totais de chuva muito semelhantes entre várias regiões, mas com distribuição distinta ao longo do ano. O ritmo das chuvas pode ser sazonal, e nos trópicos muitos organismos têm seu ciclo de vida condicionado pelos ciclos de pluviosidade. Para as plantas, o balanço entre as precipita- ções e a evapotranspiração é que vai determinar o tipo de comunidade biológica de uma certa região. A umidade é especialmente importante na regulação da temperatura. A evapo- ração da água é um recurso para o resfriamento das folhas, ajudando a manter condições favoráveis para a ciclagem dos nutrientes. A água é também o veículo de transporte dos nutrientes no solo, através dos poros e de atividades biológicas. O Solo O solo está repleto de vida. Ao pisar no solo de uma floresta, estamos caminhando sobre milhares de animais que participam da decomposição da floresta, sendo responsáveis pelo processo de reciclagem dos nutrientes. Esse suporte, que reúne materiais inorgânicos e orgânicos, determina o desenvolvimento das comunidades biológicas. Os solos se enriquecem com a vida que se desenvolve sobre eles. Os organismos vivos e as quantidades variadas de água, por exemplo, criam uma espécie de laboratório bioquímico co-responsável pela composição mineralógica e fertilidade dos solos. Os solos são formados por um pacote de materiais originados da transformação da rocha-mãe e dos materiais transportados pela ação da gravidade. A capa superior desse pacote, chamada primeiro horizonte, contém uma camada denominada húmus. O húmus é o produto da decomposição orgânica responsável pela fertilidade do solo. Uma camada humífera de 30 cm pode levar até cinqüenta anos para se desenvolver. Os processos de gênese do solo são lentos em todas as camadas do pacote. “A partir da rocha-mãe, 1 cm de solo leva 100 mil anos para se formar; comparando-se a uma página de livro de 30 cm de altura, o tempo equivaleria a 3 milhões de anos.” Os solos estão co-adaptados aos ecossistemas naturais para suas necessidades, porque a evolução de ambos foi conjunta. Assim, quando falamos em solos muito ácidos e impróprios, estamo-nos referindo à sua utilização agrícola (camada edáfica), pois as plantas nativas desses solos estão adaptadas à sua acidez e outras características. Um solo com altos teores de alguns elementos — por exemplo, o cálcio — seleciona plantas que se adaptam bem a essas condições nutricionais. Os solos e as plantas formam uma unidade ajustada de intercâmbio de materiais. O solo é um ambiente poroso onde circulam a água 27 Para refletir!Para refletir!Para refletir!Para refletir!Para refletir! e os gases. Por esta razão, pode-se falar em atmosfera no solo. Essa atmosfera é muito diferente da atmosfera do ambiente aéreo. Nela não há luz, nem fotossíntese, predominando os processos de respiração ou oxidação. Como conseqüência, os solos possuem menos oxigênio e muito mais CO2. O clima no interior do solo tem temperaturas mais constantes. Os materiais são formados por ingredientes orgânicos e inorgânicos cuja quantidade, tamanho das partículas e composição química dos fragmentos minerais dependem do tipo de rocha onde se originaram e da intensidade do intemperismo a que está sujeito. A decomposição do solo é uma função do clima e da atividade biológica. A capacidade nutricional de um solo é fundamental para o desenvolvimento das comunidades biológicas. As propriedades físicas e químicas da fração mineral dos solos são profundamente influenciadas pela presença de matéria orgânica. Essa matéria orgânica consiste na acumulação de tecidos de plantas e animais em vários estágios de decom- posição. A maior contribuição vem das plantas e dos agentes de decomposição formados por fungos e bactérias (o grupo mais numeroso entre os elementos da fauna que decompõem o solo). A decomposição tem vários estágios, cujo produto final é a camada marrom-escura, que recebe o nome de húmus. Sob condições constantes de altas temperaturas e umidade, as plantas crescem rapidamente e a taxa de decomposição orgânica é correspondente- mente intensa e rápida, como em solos tropicais. O solo não é apenas um substrato para o desenvolvimento da biosfera. O solo é um dos determinantes das características da biosfera e é modificado por elas, através dos processos interativos que mantém com os seres vivos. O solo é onde estes estão ancorados e o elo de transferência do alimento e da água para as plantas, fechando o ciclo por onde flui a energia. Os solos se desenvolvem a partir de uma matriz rochosa que, por ação do clima, dos seres vivos e da força da gravidade, se diversifica em muitos tipos. Estes se formam por processos lentos e são agrupados pelos especialistas conforme uma série de atributos genéticos. Essa lentidão é tal que 2,5 cm de solo pode levar de cem a 2 mil anos para se formar. Esse tempo pode ser ainda maior conforme o tipo de solo. Uma das preocupações ambientais importantes da atualidade é a velocidade com que perdemos solo pela sua utilização predatória. Estima-se que por erosão os mesmos 2,5 cm de solo citados acima são destruídos em menos de dez anos. Aspectos Gerais Da Vegetação A notoriedade classificativa de um determinado vegetal perpassa por uma análise sistemática dos atributos superficiais dos corpos destas estruturas. A seguir, visualizaremos um modelo de classificação de cunho didático, experimentado pelas diversas escolas biogeográficas mundiais. Podemos realizar uma classificação a partir dos seguintes critérios: Quanto à Folhagem: Vegetação Latifoliada: caracteriza-se por apresentar folhas grandes e largas. Predomina nos ambientes de clima quente e chuvoso. Possuem maior facilidadepara funções fotossintéticas e de transpiração. 28 Biogeografia Quanto à Umidade Vegetação Hidrófila: vive na água por pelo menos durante parte do ano. Vegetação Higrófila: aparece nas regiões de muita umidade, como é o caso da Amazônia. A exemplo da Bananeira. Vegetação Tropófila: domina nos ambientes de média umidade, onde normalmente existe uma estação chuvosa e outra seca. Vegetação Xerófila: é própria dos ambientes com pouca umidade, a exemplo da Caatinga e dos desertos. Possui pequena superfície de transpiração. Quanto ao Porte Vegetação Arbórea: apresenta grande tamanho, como é o exemplo das florestas. Vegetação Arbustiva: possui médio porte, caracterizando muito as savanas. Vegetação Herbácea: muito encontrada na área de climas temperados, é identificada pela ausência de vegetais arbóreos. Possui, desse modo, um porte diminuto. Quanto ao Aspecto Vegetação Fechada: mantêm-se com vegetais muitos próximos uns dos outros, apresen- tando uma feição densa (densidade vegetal). Dificulta, por conseguinte, à penetração do homem e sua exploração econômica. Vegetação Aberta: é aquele cujos vegetais aparecem dispersos, afastados uns dos outros. Quanto à Variedade dos Vegetais Vegetação Homóclita ou Homogênea; caracteriza-se por apresentar pouca variedade de espécies. Vegetação Heteróclita ou Heterogênea: é rica em espécies de vegetais, a exemplo das florestas equatoriais e tropicais. Quanto ao Clima Vegetação Microtérmica: aparece em áreas de clima frio. Vegetação Mesotérmica: domina nos ambientes de clima temperado. Vegetação Megatérmica: surge nas regiões de climas equatoriais ou tropicais. Quanto ao Tipo de Madeira Vegetação de Madeira Mole: é muito utilizada na fabricação de papel, cuja matéria-prima é a celulose. Vegetação de Madeira de Lei: bastante utilizada na produção de móveis, possuindo grande valor econômico. Vegetação de Madeira Lenhosa: muito comum na produção de compensados, tábuas e carvão. Quanto ao Tipo de Solo Vegetação Halófila: surge e desenvolve-se em ambientes de solos salinos, como é o caso dos manguezais. Vegetação Calcícola: predomina nos solos ricos em calcário. Vegetação Silícola: domina nos solos arenosos. Vegetação Aciculifoliada: é identificada por apresentar folhas pontiagudas, em forma de agulha. Torna-se menor, neste caso, a superfície de trans- piração. Este tipo de vegetal é muito comum nas vegetações de coníferas, como o pinheiro, por exemplo. 29 Atenção Atenção Atenção Atenção Atenção !!!!! Observações: Vegetação Pneumatófora: possuem raízes de escora. Exemplos: mangues. Vegetação Heliófila: Desenvolve-se sobre forte intensidade solar. Vegetação Umbrófila: Desenvolve-se sobre ambientes com sombrios. Vegetação Perene ou Perenifólia: Apresenta folhagem o ano inteiro. Vegetação Caduca ou Caducifólia ou Decídua: Perde a folhagem em uma época do ano, normalmente no outono-inverno. Principais Classificações dos Seres Vivos É muito difícil estudar isoladamente todos os seres vivos conhecidos na Terra. Saber como eles são, onde se abrigam, como se reproduzem, por exemplo, não é uma tarefa fácil. Na tentativa de entender melhor a evolução dos grupos de seres vivos e suas relações de parentesco, os cientistas fazem a sua classificação. Classificar é agrupar, formar grupos, obedecendo a determinados critérios. Exemplos: Grupo dos macacos (macaco-aranha, sagüi, bugio, etc.); Grupo dos pássaros (curió, canário, pardal, beija-flor, etc.); Grupo dos cães (pequinês, yorkshire trrier, perdigueiro, pastor alemão, etc). Espécie e gênero Espécie é o conjunto de indivíduos semelhantes que podem cruzar-se entre si, gerando descendentes férteis. Para entender bem esta definição, veja o exemplo do cavalo e da égua. Eles podem cruzar-se e dão origem a um descendente fértil, isto é, que também pode originar descendentes. Por isso, eles são da mesma espécie. Do cruzamento de um jumento com uma égua nascerá um burro (macho) ou uma mula (fêmea). Estes animais serão estéreis, isto é, não podem dar origem a descendentes. Portanto o cavalo (e a égua) e o jumento são de espécies diferentes. Espécies mais aparentadas entre si, do que com quaisquer outras, formam um gênero. Os cães e os lobos são parentes próximos e também muito semelhantes. Assim, todos esses animais foram classificados no gênero Canis. Com as noções de gênero e espécie, o cientista sueco Carlos Lineu (1707 - 1778) classificou todos os seres vivos até então conhecidos. Para isso, empregou sempre duas palavras para dar nome a eles. Nome científico As duas palavras do nome científico são escritas no idioma latim. Essa língua, usada pelos antigos romanos, foi escolhida por ser um idioma morto, ou seja, ninguém mais o utiliza no dia-a-dia. Os idiomas em uso, geralmente, sofrem alterações, trazendo mais de um significado para uma determinada palavra. Outra vantagem de utilizar um idioma universal científico seria o fato de os seres vivos descritos em trabalhos científicos serem identificados por um pesquisador em qualquer parte do planeta, seja ele chinês, alemão, por- tuguês, brasileiro ou finlandês. 30 Biogeografia O nome científico deve estar destacado do texto de alguma maneira para facilitar a identificação. Isso pode ser feito com letras em negrito, em itálico ou sublinhadas. Lineu chamou o cão, por exemplo, de Canis familiaris e o lobo de Canis lupus. Observe-se que a primeira palavra é escrita sempre em maiúscula e a segunda em minúscula. A expressão formada da primeira palavra (Canis) mais a segunda (familiaris ou lupus) representa a espécie a que pertence o animal. Assim, Canis, é o nome do gênero ao qual pertencem, que é o mesmo para o cão e para o lobo. Ou seja, cão e lobo são do mesmo gênero, mas de espécies diferentes. O homem pertence à espécie Homo sapiens. Gêneros podem ser agrupados e formar uma família O conjunto de gêneros mais aparentados entre si do que com quaisquer outros, forma a família. Assim, o cão (Canis familiaris) e animais aparentados a ele, por exemplo o lobo (Canis lupus) e a raposa (Vulpes vulpes) fazem parte da família dos canídeos (Canidae). Famílias podem ser agrupadas e formar uma ordem O conjunto de famílias mais aparentadas entre si forma uma ordem. Assim, o cão, o lobo e a raposa (da família dos canídeos) e o tigre (da família dos felídeos - Felidae) fazem parte da ordem dos carnívoros (Carnivora). Esses animais têm várias semelhanças e, normalmente, se nutrem apenas de carne, daí o nome da ordem. Mas os ursos fazem parte da ordem carnívora e também se alimentam de mel e de frutas. O cão doméstico come também outros tipos de alimento, além de carne. Ordens podem ser agrupadas e formar uma classe Um conjunto de ordens mais aparentadas entre si forma uma classe. Assim a raposa (da ordem dos carnívoros), o rato (da ordem dos roedores - Rodentia), o macaco e os seres humanos (da ordem dos primatas - Primates) e o coelho (da ordem dos lagomorfos - Lagomorpha) fazem parte da classe dos mamíferos - Mammalia). A característica mais marcante dessa classe é a presença de glândulas mamárias, que nas fêmeas são desenvolvidas e produzem o leite que alimenta os filhotes. Classes podem ser agrupadas e formar um filo O conjunto de classes mais aparentadas entre si forma um filo. Assim, o boi (da classe dos mamíferos), a galinha (da classe das Aves - Aves), a tainha (da classe dos peixes - Osteichthyes), o sapo (da classe dos anfíbios - Amphibia) e a cobra (da classe dos répteis - Reptilia) fazem parte do filo dos cordados (Chordata). Esses animais são semelhantes porque possuem, na fase de embrião, uma estrutura chamada notocorda, com função de sustentação. A notocorda pode desaparecer ou não. Nos animais que possuem vértebras (vertebrados), como os seres humanos, a notocorda desaparece durante o desenvolvimento embrionário. Em seu lugar forma-se a coluna vertebral.
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