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AGENTES PÚBLICOS

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AGENTES PÚBLICOS – ASPECTOS CONSTITUCIONAIS
Conceito:
Agente público é todo aquele que exerce função pública, seja de forma temporária ou de forma permanente, com ou sem remuneração. Esse é o conceito mais amplo encontrado na doutrina.
Ex. Mesário de eleição.
2) Classificação dos Agentes Públicos:
2.1) Agentes Políticos: 
São aqueles que representam a vontade do Estado, que estão no comando/ direção de cada um dos poderes.
São eles: Chefes do Executivo e os respectivos vices, auxiliares imediatos do executivo (ministros de estado, secretários do Estado, secretários municipais), membros do legislativo (senadores, deputados federais, deputados estaduais, vereadores), magistrados* e membros do MP*, Ministros e Conselheiros dos Tribunais de Contas.
*Parte da doutrina entende que eles não são agentes políticos porque a sua “escolha” é por concurso, e não de forma política. Mas o STF, desde 2002, reconhece os magistrados e membros do MP como agentes políticos, tendo em vista a força da sua vontade e não pela escolha política.
Dica: Se o trabalhador tem os seus direitos previstos em uma lei, ele se submete ao regime legal ou regime jurídico administrativo, ou regime estatutário. Esse sujeito será titular de cargo público, que, por sua vez, só está presente em pessoa jurídica de direito público. Por outro lado, se os direitos do trabalhador estão previstos em um contrato de trabalho, ele estará sujeito a um regime contratual, ou regime trabalhista, ou celetista. Então, esse sujeito será titular de um emprego público, que pode estar presente em pessoa jurídica de direito público e em pessoa jurídica de direito privado.
Agente político é titular de cargo público, com regime legal, estatutário, previsto não necessariamente na Lei 8.112/90. Pode ser, por exemplo, na Constituição (Presidente da República), estatuto do congressista (parlamentares), LOMAN (magistrados), LOMP (MP).
2.2) Servidores Estatais:
São os servidores que trabalham no Estado, que podem atuar na administração direta ou indireta. Note-se que não foi utilizada a expressão “servidor público”, mas a expressão “servidor estatal”.
Os servidores estatais podem ser divididos em duas categorias:
Servidor público – atua em pessoa jurídica de direito público (administração direta/ autarquias/ fundações públicas);
Servidor de ente governamental de direito privado – atua em pessoa jurídica de direito privado.
a) Servidor público – Atua em pessoa jurídica de direito público (Adm. Direta/ Autarquias/ Fundações públicas):
Obs: Servidores Públicos e Regime Jurídico único:
A CF/88, em seu texto original, dizia que os servidores públicos no Brasil estavam sujeitos a regime jurídico único. Isso significa que em determinado ente federativo, só seria possível um regime jurídico. O texto original de 1988 não exigia regime estatutário. O regime estatutário prevaleceu no âmbito federal. Mas, no âmbito municipal, prevaleceu o regime celetista. Assim, de um modo geral, pelo texto original da Constituição de 1988, no Brasil, predominou o regime estatutário. 
Mas, em 1998, veio a reforma administrativa, com a EC nº 19/98, em que o constituinte aboliu o regime único e passou a admitir o regime múltiplo. O regime iria depender da lei de criação. Se houvesse criação de cargo, o regime seria estatutário. Mas, se fosse criado o emprego, haveria o regime celetista. A mistura começou a acontecer. Foram criados cargos e empregos nos ambitos federais, estaduais e municipais. Mas, o art. 39, da CF, com a redação dada pela EC 19/98, foi levado ao STF, na ADI 2.135, em que o STF, na cautelar, reconheceu a inconstitucionalidade formal desse dispositivo.
Com isso, voltou a vigorar o regime jurídico único no Brasil. Mas como a decisão foi em cautelar de ADI, ela produziu efeitos ex nunc. Então, foram preservados os cargos e os empregos da época em que a norma ainda não tinha sido declarada inconstitucional. O STF disse que, com relação a quem já misturou, será decidido quanto ao mérito da ADI.
Servidor público, hoje, pode ser titular de cargo. Este era o antigamente denominado “funcionário público”. Então, o “servidor público titular de cargo” (antigo “funcionário público”) segue o regime estatutário.
Mas, se o servidor público é titular de emprego, seguindo o regime celetista, ele é chamado de “servidor público titular de emprego” ou “empregado público”.
b) Servidor de ente governamental de direito privado – atua em pessoa jurídica de direito privado:
Os entes governamentais de direito privado são as pessoas jurídicas de direito privado: sociedades de economia mista e empresas públicas.
Os servidores desses entes são “empregados” (aqui só se fala em empregado, porque ele não atua em pessoa pública. Os empregados públicos são somente os que atuam nas pessoas jurídicas de direito público).
O empregado não é servidor público. Ele é um servidor estatal; é um agente público, mas não é servidor público.
No entanto, eles se equiparam aos servidores públicos em algumas questões: (1) prestam concurso público, (2) observam o regime de não acumulação de cargos/empregos públicos, (3) observam o teto remuneratório (salvo se a empresa pública/ sociedade de economia mista não receber repasse para custeio), (4) equiparam-se a servidores públicos para a lei penal (art. 327, CP), (5) também estão sujeitos à improbidade administrativa, (6) também estão sujeitos aos remédios constitucionais. A jurisprudência diz que é possível MS (e os demais remédios) contra os empregados dessas entidades, mas ressalva que esse MS só é cabível se essa entidade for prestadora de serviço público.
Contudo, a dispensa desses empregados é diferente da dos servidores públicos, não havendo o mesmo formalismo necessário para estes. 
Essa orientação começou com o TST, que entende que esses empregados não possuem a estabilidade do art. 41, da CF. (Súm. 390, TST). 
Súmula nº 390 do TST - ESTABILIDADE. ART. 41 DA CF/1988. CELETISTA. ADMINISTRAÇÃO DIRETA, AUTÁRQUICA OU FUNDACIONAL. APLICABILIDADE. EMPREGADO DE EMPRESA PÚBLICA E SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA. INAPLICÁVEL (conversão das Orientações Jurisprudenciais nºs 229 e 265 da SBDI-1 e da Orientação Jurisprudencial nº 22 da SBDI-2) - Res. 129/2005, DJ 20, 22 e 25.04.2005.
I - O servidor público celetista da administração direta, autárquica ou fundacional é beneficiário da estabilidade prevista no art. 41 da CF/1988. (ex-OJs nºs 265 da SBDI-1 - inserida em 27.09.2002 - e 22 da SBDI-2 - inserida em 20.09.2000).
II - Ao empregado de empresa pública ou de sociedade de economia mista, ainda que admitido mediante aprovação em concurso público, não é garantida a estabilidade prevista no art. 41 da CF/1988. (ex-OJ nº 229 da SBDI-1 - inserida em 20.06.2001).
	
Segundo o TST, por não terem estabilidade, a dispensa desses empregados será imotivada, sem necessidade de justificativa (OJ 247, do TST). Cuidado! A OJ 247 traz uma exceção: relacionada à ECT (que teve reconhecida na ADPF 46 a sua exclusividade no serviço postal, o que lhe dá tratamento de Fazenda Pública, devendo ter dispensa motivada). 
OJ 246, SDI I - SERVIDOR PÚBLICO. CELETISTA CONCURSADO. DESPEDIDA IMOTIVADA. EMPRESA PÚBLICA OU SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA. POSSIBILIDADE.
I - A despedida de empregados de empresa pública e de sociedade de economia mista, mesmo admitidos por concurso público, independe de ato motivado para sua validade;
II - A validade do ato de despedida do empregado da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) está condicionada à motivação, por gozar a empresa do mesmo tratamento destinado à Fazenda Pública em relação à imunidade tributária e à execução por precatório, além das prerrogativas de foro, prazos e custas processuais.
Essa matéria foi levada ao STF, e terá repercussão geral reconhecida. Tema 131, RE 589.998. Ainda não há julgamento de mérito.
EMENTA RE 589.998: DIREITO DO TRABALHO. EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E TELÉGRAFOS - ECT. DISPENSA IMOTIVADA DE SEUS EMPREGADOS. IMPOSSIBILIDADE. ITEM II DA ORIENTAÇÃO JURISPRUDENCIAL247 DA SBDI-1 DO TST. AUSÊNCIA DE MANIFESTAÇÕES SUFICIENTES PARA A RECUSA DO RECURSO EXTRAORDINÁRIO.
2.3) Particulares em colaboração:
Particular em colaboração é aquele que não perde a qualidade de particular, mas que, em um dado momento, colabora com o Estado. Eles se dividem em (rol exemplificativo):
Particulares requisitados: São convocados. 
Ex. mesário da eleição; jurado do Tribunal do Júri; serviço militar obrigatório.
Particulares voluntários ou particulares em “esponte própria” ou “agentes honoríficos”.
Ex. amigos da escola; dirigente de órgão de classe.
Particulares que atuam nas concessionárias/ permissionárias de serviços públicos. 
Ex. motorista de ônibus.
Delegação de função: Art. 236, CF – serviços notariais. O serviço notarial no Brasil é previsto na CF, em que o titular da serventia é particular, mas que tem que prestar concurso público.
Art. 236, CF - Os serviços notariais e de registro são exercidos em caráter privado, por delegação do Poder Público. 
(...)
§ 3º - O ingresso na atividade notarial e de registro depende de concurso público de provas e títulos, não se permitindo que qualquer serventia fique vaga, sem abertura de concurso de provimento ou de remoção, por mais de seis meses.
Particular que pratica ato oficial: Serviço de saúde e serviço de ensino no Brasil. Eles prestam serviço. Por isso, é possível ajuizar MS contra reitor de universidade privada, ou contra diretor de hospital privado.
3) Acessibilidade:
Podem ser servidores públicos no Brasil, brasileiros e estrangeiros na forma da lei, conforme emenda constitucional nº 19. 
O que já está regulamentado é o trabalho de pesquisadores em hospitais e universidades.
A condição de acessibilidade é o concurso público. O concurso público ocorre por escolha meritória.
Excepcionalmente no Brasil, não é necessário prestar concurso. São os seguintes:
Mandatos eletivos (escolha política);
Cargos em comissão (antigo cargo de confiança; é de livre nomeação e exoneração ad nutum) – para direção, chefia e assessoramento;
Contratos temporários (previsto no art. 37, IX, CF), em situação de anormalidade. Contratos temporários que duram 5, 10 ou 12 anos, por exemplo, são contratos ilegais.
Art. 37, IX, CF - a lei estabelecerá os casos de contratação por tempo determinado para atender a necessidade temporária de excepcional interesse público;
Hipóteses expressas na CF – Ministro do STF, quinto constitucional, algumas vagas dos Tribunais Superiores; ministros e conselheiros dos Tribunais de Contas.
Agentes comunitários de saúde e agentes de combate às endemias, que serão submetidos a um processo seletivo. São aqueles que atuam no PSF (Vide, Lei 11.350/06 e art. 198, §5º, CF).
Art. 198, CF - As ações e serviços públicos de saúde integram uma rede regionalizada e hierarquizada e constituem um sistema único, organizado de acordo com as seguintes diretrizes (...).
§ 5º Lei federal disporá sobre o regime jurídico, o piso salarial profissional nacional, as diretrizes para os Planos de Carreira e a regulamentação das atividades de agente comunitário de saúde e agente de combate às endemias, competindo à União, nos termos da lei, prestar assistência financeira complementar aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, para o cumprimento do referido piso salarial.
O prazo de validade do concurso público no Brasil, hoje, é de até 2 anos, prorrogável, por uma única vez, por igual período (ex. 6 meses + 6 meses; 1 ano + 1 ano; 2 anos + 2 anos). A prorrogação deve estar prevista no edital. Se não houver essa previsão, não pode haver prorrogação. A prorrogação tem que acontecer enquanto o concurso ainda é válido. Trata-se de uma decisão discricionária do administrador.
O STF disse que o administrador pode revogar a prorrogação do concurso. Contudo, conforme atos administrativos, a revogação não pode acontecer se o ato já produziu direito adquirido. Então, é possível a prorrogação desde que o prazo da prorrogação ainda não tenha começado a fluir (pois, nesse caso, os candidatos já têm direito adquirido a essa prorrogação).
 Pergunta de Concurso: É possível realizar novo concurso se ainda estiver válido o concurso anterior? É possível sim a realização de nova prova, desde que observada a ordem de classificação do concurso anterior.
Ex. Suponha-se que foi realizado o concurso 1, com prazo de validade de 2 anos, realizado em 2010. Em 2012, a administração pode decidir pela prorrogação desse concurso. Em 2014, finda-se o prazo de validade desse concurso. Mas, meses antes de vencer o prazo, a administração realiza novo concurso. Nesse caso, é possível a realização de novo concurso, a partir da EC 19/98. Mas, cuidado! Primeiro, devem ser nomeados os candidatos aprovados no concurso 1. Após, poderão ser nomeados os candidatos do concurso 2. Vencido o prazo do concurso 1, não mais serão nomeados aprovados nesse concurso. Se isso não for observado, haverá preterição na nomeação, o que é proibido.
 Pergunta de Concurso: O candidato aprovado no concurso tem direito subjetivo à nomeação? 
R: Hoje, o candidato aprovado no concurso, como regra, tem mera expectativa de direito. Mas, hoje, já existem várias situações em que esse direito subjetivo existe. São elas:
1ª hipótese de direito subjetivo à nomeação) O primeiro direito subjetivo que foi reconhecido foi o direito a não ser preterido. O candidato terá direito subjetivo à nomeação, quando ele for preterido. Isso já foi sumulado na Súmula 15, do STF:
Súmula 15, STF - Dentro do prazo de validade do concurso, o candidato aprovado tem o direito à nomeação, quando o cargo for preenchido sem observância da classificação.
2ª hipótese de direito subjetivo à nomeação) No Brasil, acontecia muito de o administrador realizar um concurso, e de os aprovados não serem aqueles que o administrador queria. Então, o administrador ignorava o concurso, não nomeava os aprovados e fazia vínculo precário com terceiros. O administrador se negava a nomear os concursados, alegando que não possuía dinheiro para pagar os aprovados no concurso ou que aquela entidade da administração não estava precisando de funcionários.
A jurisprudência, diante desse caso, entendeu que, se a administração possui concurso válido, e realiza vínculos precários, ao invés de nomear os aprovados, ela está violando o direito subjetivo. Então, nesse caso, o candidato terá direito à nomeação.
Essa é a orientação do STJ e do STF. Então, se a administração realiza vínculos precários tendo concurso válido com candidatos aprovados, esses aprovados terão direito subjetivo de serem nomeados.
Ex. de vínculo precário: contrato temporário, designação ad hoc, cessão de servidores, desvio de função, etc.
3ª hipótese de direito subjetivo à nomeação) Também terão direito subjetivo à nomeação os candidatos aprovados no concurso dentro do número de vagas. Essa orientação foi julgada em repercussão geral no STF (RE 598.099, com mérito julgado).
EMENTA RE 598.099: RE. REPERCUSSÃO GERAL. CONCURSO PÚBLICO. PREVISÃO DE VAGAS EM EDITAL. DIREITO À NOMEAÇÃO DOS CANDIDATOS APROVADOS. I. DIREITO À NOMEAÇÃO. CANDIDATO APROVADO DENTRO DO NÚMERO DE VAGAS PREVISTAS NO EDITAL. Dentro do prazo de validade do concurso, a Administração poderá escolher o momento no qual se realizará a nomeação, mas não poderá dispor sobre a própria nomeação, a qual, de acordo com o edital, passa a constituir um direito do concursando aprovado e, dessa forma, um dever imposto ao poder público. Uma vez publicado o edital do concurso com número específico de vagas, o ato da Administração que declara os candidatos aprovados no certame cria um dever de nomeação para a própria Administração e, portanto, um direito à nomeação titularizado pelo candidato aprovado dentro desse número de vagas. II. ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. PRINCÍPIO DA SEGURANÇA JURÍDICA. BOA-FÉ. PROTEÇÃO À CONFIANÇA. O dever de boa-fé da Administração Pública exige o respeito incondicional às regras do edital, inclusive quanto à previsão das vagas do concurso público. Isso igualmentedecorre de um necessário e incondicional respeito à segurança jurídica como princípio do Estado de Direito. Tem-se, aqui, o princípio da segurança jurídica como princípio de proteção à confiança. Quando a Administração torna público um edital de concurso, convocando todos os cidadãos a participarem de seleção para o preenchimento de determinadas vagas no serviço público, ela impreterivelmente gera uma expectativa quanto ao seu comportamento segundo as regras previstas nesse edital. Aqueles cidadãos que decidem se inscrever e participar do certame público depositam sua confiança no Estado administrador, que deve atuar de forma responsável quanto às normas do edital e observar o princípio da segurança jurídica como guia de comportamento. Isso quer dizer, em outros termos, que o comportamento da Administração Pública no decorrer do concurso público deve se pautar pela boa-fé, tanto no sentido objetivo quanto no aspecto subjetivo de respeito à confiança nela depositada por todos os cidadãos. III. SITUAÇÕES EXCEPCIONAIS. NECESSIDADE DE MOTIVAÇÃO. CONTROLE PELO PODER JUDICIÁRIO. Quando se afirma que a Administração Pública tem a obrigação de nomear os aprovados dentro do número de vagas previsto no edital, deve-se levar em consideração a possibilidade de situações excepcionalíssimas que justifiquem soluções diferenciadas, devidamente motivadas de acordo com o interesse público. Não se pode ignorar que determinadas situações excepcionais podem exigir a recusa da Administração Pública de nomear novos servidores. Para justificar o excepcionalíssimo não cumprimento do dever de nomeação por parte da Administração Pública, é necessário que a situação justificadora seja dotada das seguintes características: a) Superveniência: os eventuais fatos ensejadores de uma situação excepcional devem ser necessariamente posteriores à publicação do edital do certame público; b) Imprevisibilidade: a situação deve ser determinada por circunstâncias extraordinárias, imprevisíveis à época da publicação do edital; c) Gravidade: os acontecimentos extraordinários e imprevisíveis devem ser extremamente graves, implicando onerosidade excessiva, dificuldade ou mesmo impossibilidade de cumprimento efetivo das regras do edital; d) Necessidade: a solução drástica e excepcional de não cumprimento do dever de nomeação deve ser extremamente necessária, de forma que a Administração somente pode adotar tal medida quando absolutamente não existirem outros meios menos gravosos para lidar com a situação excepcional e imprevisível. De toda forma, a recusa de nomear candidato aprovado dentro do número de vagas deve ser devidamente motivada e, dessa forma, passível de controle pelo Poder Judiciário. IV. FORÇA NORMATIVA DO PRINCÍPIO DO CONCURSO PÚBLICO. Esse entendimento, na medida em que atesta a existência de um direito subjetivo à nomeação, reconhece e preserva da melhor forma a força normativa do princípio do concurso público, que vincula diretamente a Administração. É preciso reconhecer que a efetividade da exigência constitucional do concurso público, como uma incomensurável conquista da cidadania no Brasil, permanece condicionada à observância, pelo Poder Público, de normas de organização e procedimento e, principalmente, de garantias fundamentais que possibilitem o seu pleno exercício pelos cidadãos. O reconhecimento de um direito subjetivo à nomeação deve passar a impor limites à atuação da Administração Pública e dela exigir o estrito cumprimento das normas que regem os certames, com especial observância dos deveres de boa-fé e incondicional respeito à confiança dos cidadãos. O princípio constitucional do concurso público é fortalecido quando o Poder Público assegura e observa as garantias fundamentais que viabilizam a efetividade desse princípio. Ao lado das garantias de publicidade, isonomia, transparência, impessoalidade, entre outras, o direito à nomeação representa também uma garantia fundamental da plena efetividade do princípio do concurso público. V. NEGADO PROVIMENTO AO RECURSO EXTRAORDINÁRIO.
Cuidado! O STF faz uma ressalva, dizendo que esse direito não é absoluto. Segundo o STF, se existir uma mudança de contexto ou situação nova, que justifique, por razões de interesse público, uma não nomeação, o aprovado não será nomeado.
Ex. Concurso para carimbador, com 10 vagas. No meio do concurso, criaram uma máquina que faz o carimbo. Nesse caso, não será necessário nomear os 10 aprovados.
Obs: Ler as seguintes Súmulas do STF e do STJ: 
Súmula 684, STF - É inconstitucional o veto não motivado à participação de candidato a concurso público.
Súmula 685, STF – É inconstitucional toda modalidade de provimento que propicie ao servidor investir-se, sem prévia aprovação em concurso público destinado ao seu provimento, em cargo que não integra a carreira na qual anteriormente investido.
Súmula 266, STJ - O diploma ou habilitação legal para o exercício do cargo deve ser exigido na posse e não na inscrição para o concurso público.
Súmula 377, STJ – O portador de visão monocular tem direito de concorrer, em concurso público, às vagas reservadas aos deficientes.
Quais as exigências podem aparecer no edital do concurso? Para que os requisitos sejam previstos no edital do concurso, eles devem estar previstos na Lei da Carreira. Ademais, para se prever um requisito no edital, é preciso que a exigência seja compatível com a natureza das atribuições a serem desenvolvidas. Ademais, a exigência deve estar expressa no edital (mesmo se for uma atribuição da carreira, deve haver previsão no edital).
 Pergunta de Concurso: É possível limite de idade em concurso público no Brasil hoje?
R: Sim. É possível limite de idade mínima ou de idade máxima.
Súmula 683, STF - O limite de idade para a inscrição em concurso público só se legitima em face do art. 7º, XXX, da CF, quando possa ser justificado pela natureza das atribuições do cargo a ser preenchido.
Essa questão foi levada ao STF e recentemente foi julgada em sede de repercussão geral. A discussão foi relacionada ao limite de idade para as forças armadas. O limite de idade das forças armadas não estava previsto na lei da carreira. O STF disse que essa previsão não pode vir em decreto-lei, regulamento, regimento, etc.. (RE 600.885)
EMENTA RE 600.885: DIREITO CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO. CONCURSO PÚBLICO PARA INGRESSO NAS FORÇAS ARMADAS: CRITÉRIO DE LIMITE DE IDADE FIXADO EM EDITAL. REPERCUSSÃO GERAL DA QUESTÃO CONSTITUCIONAL. SUBSTITUIÇÃO DE PARADIGMA. ART. 10 DA LEI N. 6.880/1980. ART. 142, § 3º, INCISO X, DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA. DECLARAÇÃO DE NÃO-RECEPÇÃO DA NORMA COM MODULAÇÃO DE EFEITOS. DESPROVIMENTO DO RECURSO EXTRAORDINÁRIO. 1. Repercussão geral da matéria constitucional reconhecida no Recurso Extraordinário n. 572.499: perda de seu objeto; substituição pelo Recurso Extraordinário n. 600.885. 2. O art. 142, § 3º, inciso X, da Constituição da República, é expresso ao atribuir exclusivamente à lei a definição dos requisitos para o ingresso nas Forças Armadas. 3. A Constituição brasileira determina, expressamente, os requisitos para o ingresso nas Forças Armadas, previstos em lei: referência constitucional taxativa ao critério de idade. Descabimento de regulamentação por outra espécie normativa, ainda que por delegação legal. 4. Não foi recepcionada pela Constituição da República de 1988 a expressão “nos regulamentos da Marinha, do Exército e da Aeronáutica” do art. 10 da Lei n. 6.880/1980. 5. O princípio da segurança jurídica impõe que, mais de vinte e dois anos de vigência da Constituição, nos quais dezenas de concursos foram realizados se observando aquela regra legal, modulem-se os efeitos da não-recepção: manutenção da validade dos limites de idade fixados em editais e regulamentos fundados no art. 10 da Lei n. 6.880/1980 até 31 de dezembro de 2011. 6. Recurso extraordinário desprovido, com modulação de seus efeitos.
 Pergunta de Concurso: Exame psicotécnico no Concurso. Disserte:
R: É possível exame psicotécnico, desde que previsto na lei da carreira.A jurisprudência traz alguns complementos com relação a isso.
Súmula 686, STF – Só por lei se pode sujeitar a exame psicotécnico a habilitação de candidato a cargo público.
Além dessa súmula, a jurisprudência traz os seguintes complementos necessários: além da exigência por lei, o psicotécnico deve ter parâmetros objetivos, não podendo adotar parâmetros subjetivos. Além disso, será necessário o direito de recurso no exame psicotécnico.
 Pergunta de Concurso: Realizado concurso com prazo de validade, venceu-se o prazo de validade do concurso e, no dia seguinte, depois de expirado o prazo, o administrador prorrogou referido prazo e nomeou vários candidatos. Após essa nomeação, ao perceber o que tinha feito, o administrador revogou as nomeações e exonerou os servidores. Quid iuris?
R: Nesse caso, a prorrogação não é válida, sendo ilegal. As nomeações também foram ilegais, pois o concurso não era mais válido. Logo, tais nomeações devem ser anuladas. Mas, para essas anulações, esses servidores têm direito a participar da tomada de decisão. Logo, deve haver um processo administrativo para anular, com direito a contraditório e ampla defesa. 
4) Estabilidade e estágio probatório:
Quando se fala de estabilidade, a previsão está no art. 41, da CF, também modificado pela EC 19/98.
Estável é uma qualidade do servidor é a garantia de permanência no serviço, desde que o servidor ocupe um cargo efetivo.
Efetivo é uma qualidade do cargo depende da prévia aprovação em concurso público.
Para que o servidor adquira estabilidade, a pessoa deve passar no concurso, ser nomeado para cargo efetivo, passar por três anos de exercício e ser aprovado na avaliação especial de desempenho.
Art. 41, CF - São estáveis após três anos de efetivo exercício os servidores nomeados para cargo de provimento efetivo em virtude de concurso público. (Redação dada pela EC nº 19, de 1998)
§ 1º O servidor público estável só perderá o cargo: 
I - em virtude de sentença judicial transitada em julgado; 
II - mediante processo administrativo em que lhe seja assegurada ampla defesa; 
III - mediante procedimento de avaliação periódica de desempenho, na forma de lei complementar, assegurada ampla defesa.
§ 2º Invalidada por sentença judicial a demissão do servidor estável, será ele reintegrado, e o eventual ocupante da vaga, se estável, reconduzido ao cargo de origem, sem direito a indenização, aproveitado em outro cargo ou posto em disponibilidade com remuneração proporcional ao tempo de serviço. 
§ 3º Extinto o cargo ou declarada a sua desnecessidade, o servidor estável ficará em disponibilidade, com remuneração proporcional ao tempo de serviço, até seu adequado aproveitamento em outro cargo. 
§ 4º Como condição para a aquisição da estabilidade, é obrigatória a avaliação especial de desempenho por comissão instituída para essa finalidade.
O servidor nomeado para emprego público tem direito à estabilidade? Essa questão é muito polêmica. 
Em sua redação original, a CF/88 previa que o candidato, para ter estabilidade, precisava ser aprovado no concurso e ter 2 anos de exercício. Não se falava em cargo ou emprego. Então se o servidor fosse titular de cargo público ou emprego público, ele tinha direito a estabilidade. Nesse contexto, o TST publicou a súmula 390, que diz que o sujeito empregado de pessoa jurídica de direito público (empregado público) possuía estabilidade. Contudo, ainda por essa súmula, o sujeito empregado de pessoa jurídica de direito privado não possuía estabilidade. 
Em 1998, a Emenda Constitucional nº19 alterou o art. 41, da CF, dizendo que, a partir dali, servidor público, para adquirir estabilidade, precisaria de cargo efetivo, aprovação em concurso público, três anos de exercício e avaliação de desempenho. Então, hoje, o empregado público não possui direito a estabilidade. Então, o empregado público, pela EC 19, perdeu a estabilidade.
Hoje, essa é a orientação do TST e, também, do STF.
Cargo efetivo – tem e sempre teve estabilidade;
Empregado público – teve estabilidade, mas deixou de ter em 1998;
Empregado de pessoa jurídica de direito privado – nunca teve e continua sem estabilidade.
Para adquirir estabilidade, o servidor precisa ter três anos de exercício e ser aprovado na avaliação de desempenho. Até hoje essa matéria da avaliação de desempenho não foi regulamentada. Os servidores não estão sendo avaliados. Então, o servidor adquire estabilidade, mesmo sem ter sido submetido a esta avaliação.
Como o servidor público perde a estabilidade? O art. 41, CF também traz as regras para a perda da estabilidade. Pode haver perda da estabilidade através de um processo administrativo, com contraditório e ampla defesa. Pode ser, também, em caso de processo judicial com trânsito em julgado. Pode, ainda, haver perda da estabilidade através de uma avaliação periódica, avaliação esta que também depende de regulamentação. 
Contudo, há uma hipótese em que o servidor poderá perder o cargo prevista no art. 169, da CF – caso de racionalização da máquina administrativa. A administração só pode gastar com folha de pagamento até o limite previsto na Lei de Responsabilidade Fiscal. Se a administração não estiver conseguindo cumprir seu orçamento, primeiramente, serão dispensados os cargos em comissão e as funções de confiança (20%). Após, cortam-se os servidores não estáveis. Após, serão exonerados os servidores estáveis. Essa sequência deve ser respeitada. Nessa hipótese, o servidor é exonerado e indenizado.
Estágio Probatório:
A posição que prevalece hoje é que o estágio probatório tem o prazo de 3 anos.
O texto original de 1988 dizia que eram necessários 2 anos de exercício e aprovação em concurso público. Nem o texto original nem o atual falavam/fala em estágio probatório. Fala-se apenas em exercício.
Regulamentando essa matéria e tendo como base o texto original de 1988, a lei 8.112/90 no seu art. 20, utilizou a expressão “estágio probatório”, prevendo o prazo de 24 meses.
Com a EC 19/98, o servidor passou a ter necessidade de 3 anos de exercício para adquirir estabilidade. Por isso, questiona-se se o art. 20, da Lei 8.112/90, foi ou não recepcionado pela CF/88, com o novo texto constitucional.
1ª Corrente) Se se entender que estabilidade e estágio probatório são institutos independentes, pode-se entender que eles podem ter prazos diferentes. Logo, neste entendimento, seria possível dizer que o art. 20, da lei 8.112/90 foi recepcionado pela CF/88, sendo materialmente compatível com a nova regra constitucional. Logo, o prazo do estágio probatório continuaria sendo de 24 meses. Ainda adota essa posição o Congresso Nacional.
Em 2008, o Presidente editou a MP 431, alterando o art. 20, da Lei 8.112/90, para alterar o prazo do estágio probatório, de 24 para 36 meses. Porém, essa MP foi levada ao Congresso para conversão, e quando o CN foi converter a MP, esse dispositivo foi emendado, entendendo que a estabilidade e o estágio probatório são institutos independentes, que poderiam ter prazos diferentes. Então, o art. 20 voltou a ter o prazo original, de 24 meses.
2ª Corrente) Mas, se se entende que esses institutos são dependentes, deve-se entender, também, que eles devem ter o mesmo prazo. E, então, o art. 20, da Lei 8.112/90 não é materialmente compatível com a CF e não foi recepcionado pela nova regra constitucional. Logo, o prazo do estágio probatório só pode ser de três anos. Nesta linha de raciocínio, entendem a AGU, com parecer vinculante para todo o executivo federal. Também neste sentido, entendem o STJ (desde 2009), algumas decisões do STF e o CNJ (que tem o pedido de providências 822, em que se reconhece o tempo de 3 anos).
No concurso, deve-se responder 3 anos!!!
6) Sistema de Remuneração:
 
Hoje no Brasil existem duas modalidades de sistema remuneratório. Os servidores podem receber (1) REMUNERAÇÃO (vencimentos) ou (2) SUBSÍDIO.
6.1) Modalidades:
 
a) Remuneração (vencimentos): Parcela Fixa (salário-base) + Parcela variável.
 A remuneração é dividida em parcelafixa (salário-base) e em parcela variável (vai depender da condição de cada servidor – gratificações). 
 A EC 19/1998 criou a segunda modalidade remuneratória:
 
b) Subsídio: parcela única. Tudo que o servidor recebe é pago de uma vez, em parcela única.
 No subsídio há a soma da parcela fixa com a parcela variável, tornando-se uma parcela única. A palavra subsídio vem do latim subsidium e significa “ajuda de sobrevivência”, nome este que é muito criticado. Recebem subsídio:
 
Chefes do poder executivo e os respectivos vices;
Auxiliares imediatos do poder executivo;
Membros do poder legislativo;
Magistrados e os membros do MP;
AGU / Procuradores / Defensores Públicos (só não recebem subsídio os procuradores municipais);
Ministros e conselheiros dos Tribunais de Contas;
Policiais (todas as carreiras da polícia: rodoviária, federal, militar, etc...);
Podem receber todos os demais cargos organizados em carreira (cargos que têm um plano de ascensão em carreira).
 
Fora da parcela única, pagam-se duas verbas:
a) Garantias do art. 39, §3º da CF.
Art. 39, CF - A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios instituirão, no âmbito de sua competência, regime jurídico único e planos de carreira para os servidores da administração pública direta, das autarquias e das fundações públicas. (Vide ADIN nº 2.135-4)
§ 3º Aplica-se aos servidores ocupantes de cargo público o disposto no art. 7º, IV, VII, VIII, IX, XII, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XX, XXII e XXX, podendo a lei estabelecer requisitos diferenciados de admissão quando a natureza do cargo o exigir. (Redação dada pela EC nº 19, de 1998)
b) Verbas indenizatórias: ex: diárias, ajuda de custo, transporte.
 
6.2) Fixação da remuneração:
 
A remuneração no Brasil é fixada por meio de Lei. A iniciativa do projeto de lei é do “dono do bolso”, ou seja, daquele que vai arcar com essa despesa.
Excepcionalmente, a remuneração é fixada pelo Congresso Nacional, por meio de Decreto Legislativo, que dispensa deliberação executiva e não tem sanção nem veto presidencial. Trata-se da fixação da remuneração do Presidente da República, de seu vice, dos Ministros, Senadores e Deputados Federais.
Ainda em sede de exceção, a Câmara Municipal, via decreto legislativo, fixa a remuneração dos seus vereadores.
 
6.3) Teto remuneratório:
 
O Brasil possui teto remuneratório. 
O teto geral é a remuneração do ministro do STF. Este teto geral deve ser fixado por Lei, de iniciativa do próprio STF.
A Lei 12.041/04 dispôs, em seu art. 1o, que “o subsídio mensal de Ministro do Supremo Tribunal Federal, referido no inciso XV do art. 48 da CF, fica reajustado em: I - 5,00% (cinco por cento), a partir de 1o de setembro de 2009; II - 3,88% (três inteiros e oitenta e oito centésimos por cento), a partir de 1o de fevereiro de 2010”, e, em seu art. 2o, que “as despesas resultantes da aplicação desta Lei correrão à conta das dotações orçamentárias consignadas aos órgãos do Poder Judiciário da União”. 
 A EC 41/03 fixou subtetos para cada ordem política. Assim:
Na União - Vale o teto geral. Ninguém pode receber mais que ministro do STF;
Nos Estados - Ninguém pode receber mais que
- No âmbito do Poder Executivo - teto do governador.
- No âmbito do Poder Legislativo - teto do deputado estadual.
- No âmbito do Poder Judiciário - teto dos desembargadores do TJ. Membros do MP (promotores de justiça, procuradores de justiça), procuradores e defensores também observam o teto dos desembargadores. Mas, Cuidado! Os demais cargos do quadro administrativo desses órgãos têm como teto o do governador.
 A remuneração do desembargador não pode ser superior a 90,25% da remuneração de ministro do STF (é o limite máximo enquanto desembargador). 
Obs: Na ADI 3.854, o STF, fazendo uma interpretação conforme a Constituição, reconheceu a constitucionalidade do percentual de 90,25% (se interpretado a regra de limite para o desembargador). Se o desembargador exercer magistério, no entanto, a remuneração pode ser igual a dos Ministros do STF.
EMENTA ADI 3.854: MAGISTRATURA. Remuneração. Limite ou teto remuneratório constitucional. Fixação diferenciada para os membros da magistratura federal e estadual. Inadmissibilidade. Caráter nacional do Poder Judiciário. Distinção arbitrária. Ofensa à regra constitucional da igualdade ou isonomia. Interpretação conforme dada ao art. 37, inc. XI, e § 12, da CF. Aparência de inconstitucionalidade do art. 2º da Resolução nº 13/2006 e do art. 1º, § único, da Resolução nº 14/2006, ambas do Conselho Nacional de Justiça. Ação direta de inconstitucionalidade. Liminar deferida. Voto vencido em parte. Em sede liminar de ação direta, aparentam inconstitucionalidade normas que, editadas pelo Conselho Nacional da Magistratura, estabelecem tetos remuneratórios diferenciados para os membros da magistratura estadual e os da federal.
 
No município - o teto é a remuneração do prefeito.
 
7) Proibição de acumulação de cargos e empregos públicos:
 
A regra no Brasil é o regime da não acumulação de cargos e empregos públicos no Brasil (essa regra atinge os que trabalham na administração direta e indireta).
Excepcionalmente, a CF autoriza (art. 37, XVI e XVII e art. 38, da CF):
 
Art. 37, CF - A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
(...)
XVI - é vedada a acumulação remunerada de cargos públicos, exceto, quando houver compatibilidade de horários, observado em qualquer caso o disposto no inciso XI.
a) a de dois cargos de professor; 
b) a de um cargo de professor com outro técnico ou científico;
c) a de dois cargos ou empregos privativos de profissionais de saúde, com profissões regulamentadas; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 34, de 2001)
XVII - a proibição de acumular estende-se a empregos e funções e abrange autarquias, fundações, empresas públicas, sociedades de economia mista, suas subsidiárias, e sociedades controladas, direta ou indiretamente, pelo poder público; 
Art. 38, CF - Ao servidor público da administração direta, autárquica e fundacional, no exercício de mandato eletivo, aplicam-se as seguintes disposições:(Redação dada pela EC nº 19, de 1998)
I - tratando-se de mandato eletivo federal, estadual ou distrital, ficará afastado de seu cargo, emprego ou função;
II - investido no mandato de Prefeito, será afastado do cargo, emprego ou função, sendo-lhe facultado optar pela sua remuneração;
III - investido no mandato de Vereador, havendo compatibilidade de horários, perceberá as vantagens de seu cargo, emprego ou função, sem prejuízo da remuneração do cargo eletivo, e, não havendo compatibilidade, será aplicada a norma do inciso anterior;
IV - em qualquer caso que exija o afastamento para o exercício de mandato eletivo, seu tempo de serviço será contado para todos os efeitos legais, exceto para promoção por merecimento;
V - para efeito de benefício previdenciário, no caso de afastamento, os valores serão determinados como se no exercício estivesse.
São quatro hipóteses em que se permite a acumulação:
 
	Acumulação de Cargos Públicos
	Situação
	Hipótese
	Requisitos (cumulativos)
	
Atividade
 +
 Atividade
	2 cargos de professor.
Ex: Professor da universidade federal + universidade estadual.
1 cargo de professor e 1 técnico científico. 
Ex: juiz que é professor, delegado que é professor...
2 cargos na área de saúde (com profissão regulamentada por lei).
	O horário deve ser compatível.
A soma das duas remunerações não pode ultrapassar o teto remuneratório.
	Aposentado 
+ 
Aposentado 
	2 cargos de professor.
1 cargo de professor e 1 técnico científico. 
2 cargos na área de saúde (com profissão regulamentada por lei).
	Estar aposentado nas duas hipóteses (Inatividade + Inatividade).
	
Aposentado
 +
 AtividadeAposentado
 +
 Atividade
	Nas hipóteses de aposentado + atividade, pode tudo.
- 2 cargos de professor. 
- 1 de professor e 1 técnico científico.
- 2 cargos na área de saúde (com profissão regulamentada por lei).
 
Já nas hipóteses de aposentado + mandato eletivo:
- Se o segundo cargo for um mandato eletivo pode cumular. 
Ex: proventos de professor e um cargo de mandato eletivo.
- Se o segundo cargo for cargo em comissão também é possível cumular. 
Ex: proventos de professor e um cargo em comissão.
	
Estar aposentado em um cargo e em atividade em outro.
Obs: Antes da CF/88: Se o servidor estivesse em atividade em um cargo e aposentado em outro, ele poderia aposentar nos dois cargos e acumular as aposentadorias, em qualquer hipótese, desde que anteriores a EC 20/1998 (art. 11).
	
Atividade
+
Atividade 
(mandato eletivo – 
Art. 38, CF).
	Se o mandato for Federal, Estadual ou Distrital (ex: professor quer ser governador). Ele tem que ser afastado primeiro. NÃO É POSSÍVEL ACUMULAÇÃO. Neste caso não se pode escolher a remuneração; ele ficará com a segunda remuneração.
Se for mandato for de prefeito (Ex: professor quer ser prefeito): Não é possível acumulação. Ele será afastado do primeiro cargo e exercerá o segundo. Neste caso, ele pode escolher a remuneração.
Se o mandato for de Vereador:
Se os horários forem compatíveis: exercerá os dois cargos e receberá as duas remunerações.
Se os horários forem incompatíveis: não é possível acumular-se os cargos. A regra é a mesma para prefeito.
8) Regras de competência para julgar os servidores públicos:
 
Se o vínculo é legal, se o regime é jurídico administrativo e é ESTATUTÁRIO: a competência é da justiça comum (Federal / Estadual).
Por outro lado, se o vínculo é celetista: a regra é a justiça do trabalho.
EMENTA ADI 3.395: INCONSTITUCIONALIDADE. Ação direta. Competência. Justiça do Trabalho. Incompetência reconhecida. Causas entre o Poder Público e seus servidores estatutários. Ações que não se reputam oriundas de relação de trabalho. Conceito estrito desta relação. Feitos da competência da Justiça Comum. Interpretação do art. 114, inc. I, da CF, introduzido pela EC 45/2004. Precedentes. Liminar deferida para excluir outra interpretação. O disposto no art. 114, I, da Constituição da República, não abrange as causas instauradas entre o Poder Público e servidor que lhe seja vinculado por relação jurídico-estatutária.
 
9) Contratação Temporária:
9.1) Natureza Jurídica do Vínculo estabelecido pelo Contrato Temporário: 
Os contratos temporários seguem o regime jurídico administrativo. Trata-se de um regime jurídico especial, que tem uma lei própria.
9.2) Competência para julgar os dissídios decorrentes dos Contratos Temporários: 
A competência é da justiça comum (Federal / Estadual), independentemente de o vínculo ser válido ou não. Nesse sentido, STF RE 573.202 (repercussão geral).
EMENTA RE 573.202: RE. ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO. REGIME ESPECIAL. CONTRATAÇÃO TEMPORÁRIA REGIDA POR LEGISLAÇÃO LOCAL ANTERIOR À CONSTITUIÇÃO DE 1988, EDITADA COM BASE NO ART. 106 DA CONSTITUIÇÃO DE 1967. ACÓRDÃO QUE RECONHECEU A COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO. RECURSO CONHECIDO E PROVIDO. I - Ao reconhecer a competência da Justiça do Trabalho para processar e julgar a reclamação trabalhista, o acórdão recorrido divergiu de pacífica orientação jurisprudencial deste Supremo Tribunal Federal. II - Compete à Justiça Comum processar e julgar causas instauradas entre o Poder Público e seus servidores submetidos a regime especial disciplinado por lei local editada antes da Constituição Republicana de 1988, com fundamento no art. 106 da Constituição de 1967, na redação que lhe deu a Emenda Constitucional no 1/69, ou no art. 37, IX, da Constituição de 1988. III - Recurso Extraordinário conhecido e provido.
Se na justiça comum ficar reconhecido que o vínculo é válido, serão dados ao servidor os direitos previstos na lei do temporário.
Se na justiça comum ficar reconhecido que o vínculo não é válido, poderão ser reconhecidos os direitos trabalhistas na própria justiça comum.
10) Aposentadoria do servidor público:
10.1) Introdução. Distinções iniciais:
O regime de aposentadoria pode ser o RGPS (regime geral de previdência social) ou o RPPS (Regime Próprio de Previdência Social).
O RGPS está previsto no art. 201 e seguintes da CF, sendo mantido e administrado pelo Ministério da Previdência Social e pelo INSS. Esse Regime de Previdência é estudado pelo direito previdenciário. Estão sujeitos a esse regime:
Empregados privados (que contribuem para o INSS);
Empregados públicos (que seguem regime celetista por estar atuando em pessoas públicas);
Servidores de Entes Governamentais de Direito Privado (atuam na administração indireta de direito privado – empresas públicas, sociedades de economia mista e fundações públicas de direito privado);
Contratados temporariamente;
Servidores titulares de cargo em comissão também se sujeitam a esse regime (esses são titulares de cargo, tem regime estatutário, mas pelo fato de o seu cargo ser temporário, eles se aposentam pelo Regime Geral de Previdência). 
Art. 40, §13, CF - Ao servidor ocupante, exclusivamente, de cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração bem como de outro cargo temporário ou de emprego público, aplica-se o regime geral de previdência social. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 15/12/98)
Obs1: Essa discussão sobre os cargos em comissão foi levada ao STF e foi submetida a exame de controle de constitucionalidade (ADI 2.024). Nessa ADI, discutiu-se se o cargo em comissão deveria efetivamente se aposentar pelo RGPS.
EMENTA ADI 2.024: I. Ação direta de inconstitucionalidade: seu cabimento - sedimentado na jurisprudência do Tribunal - para questionar a compatibilidade de emenda constitucional com os limites formais ou materiais impostos pela Constituição ao poder constituinte derivado: precedentes. II. Previdência social (CF, art. 40, § 13, cf. EC 20/98): submissão dos ocupantes exclusivamente de cargos em comissão, assim como os de outro cargo temporário ou de emprego público ao regime geral da previdência social: argüição de inconstitucionalidade do preceito por tendente a abolir a "forma federativa do Estado" (CF, art. 60, § 4º, I): improcedência. 1. A "forma federativa de Estado" - elevado a princípio intangível por todas as Constituições da República - não pode ser conceituada a partir de um modelo ideal e apriorístico de Federação, mas, sim, daquele que o constituinte originário concretamente adotou e, como o adotou, erigiu em limite material imposto às futuras emendas à Constituição; de resto as limitações materiais ao poder constituinte de reforma, que o art. 60, § 4º, da Lei Fundamental enumera, não significam a intangibilidade literal da respectiva disciplina na Constituição originária, mas apenas a proteção do núcleo essencial dos princípios e institutos cuja preservação nelas se protege. 2. À vista do modelo ainda acentuadamente centralizado do federalismo adotado pela versão originária da Constituição de 1988, o preceito questionado da EC 20/98 nem tende a aboli-lo, nem sequer a afetá-lo. 3. Já assentou o Tribunal (MS 23047-MC, Pertence), que no novo art. 40 e seus parágrafos da Constituição (cf. EC 20/98), nela, pouco inovou "sob a perspectiva da Federação, a explicitação de que aos servidores efetivos dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, "é assegurado regime de previdência de caráter contributivo, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial", assim como as normas relativas às respectivas aposentadorias e pensões, objeto dos seus numerosos parágrafos: afinal, toda a disciplina constitucional originária do regime dos servidores públicos - inclusive a do seu regime previdenciário - já abrangia os três níveis da organização federativa, impondo-se à observância de todas as unidades federadas, ainda quando - com base no art. 149, parág. único - que a proposta nãoaltera - organizem sistema previdenciário próprio para os seus servidores": análise da evolução do tema, do texto constitucional de 1988, passando pela EC 3/93, até a recente reforma previdenciária. 4. A matéria da disposição discutida é previdenciária e, por sua natureza, comporta norma geral de âmbito nacional de validade, que à União se facultava editar, sem prejuízo da legislação estadual suplementar ou plena, na falta de lei federal (CF 88, arts. 24, XII, e 40, § 2º): se já o podia ter feito a lei federal, com base nos preceitos recordados do texto constitucional originário, obviamente não afeta ou, menos ainda, tende a abolir a autonomia dos Estados-membros que assim agora tenha prescrito diretamente a norma constitucional sobrevinda. 5. É da jurisprudência do Supremo Tribunal que o princípio da imunidade tributária recíproca (CF, art. 150, VI, a) - ainda que se discuta a sua aplicabilidade a outros tributos, que não os impostos - não pode ser invocado na hipótese de contribuições previdenciárias. 6. A auto-aplicabilidade do novo art. 40, § 13 é questão estranha à constitucionalidade do preceito e, portanto, ao âmbito próprio da ação direta.
O RPPS é aquele previsto no art.40, da CF e é estudado pelo Direito Administrativo. Estão sujeitos ao RPPS os servidores públicos titulares de cargos efetivos e de cargos vitalícios.
Obs: Titulares de serviços notariais: Trata-se de um particular em colaboração com o Estado. Ele não perde a qualidade de particular por isso. Coopera com o poder público, recebendo delegação e função, prevista no art. 236, da CF. Então, eles estão sujeitos ao RGPS. Segundo o STF, o titular de serventia notarial não está sujeito à regra da aposentadoria compulsória, aos 70 anos de idade, pois não é servidor público.
Art. 236, CF - Os serviços notariais e de registro são exercidos em caráter privado, por delegação do Poder Público. (Regulamento)
§ 1º - Lei regulará as atividades, disciplinará a responsabilidade civil e criminal dos notários, dos oficiais de registro e de seus prepostos, e definirá a fiscalização de seus atos pelo Poder Judiciário.
§ 2º - Lei federal estabelecerá normas gerais para fixação de emolumentos relativos aos atos praticados pelos serviços notariais e de registro.
§ 3º - O ingresso na atividade notarial e de registro depende de concurso público de provas e títulos, não se permitindo que qualquer serventia fique vaga, sem abertura de concurso de provimento ou de remoção, por mais de seis meses.
Obs2: Os militares federais possuem um regime diferenciado. Eles não se aposentam tecnicamente, recebendo um tratamento diferenciado quanto ao sistema previdenciário. O militar fica em “reserva remunerada”, em “reforma” e são custeados completamente pelo próprio Estado (os militares não contribuem para previdência). 
10.2) O Regime Próprio de Previdência Social:
10.2.1) Regras gerais sobre o RPPS:
O ato de aposentadoria é um ato complexo, que depende de duas manifestações de vontade que ocorrem em órgãos diferentes. A concessão da aposentadoria depende da administração a que está vinculado o servidor e do Tribunal de Contas.
No que diz respeito ao ato da aposentadoria é importante observar que:
A súmula vinculante nº 03 diz que “nos processos perante o tribunal de contas da união asseguram-se o contraditório e a ampla defesa quando da decisão puder resultar anulação ou revogação de ato administrativo que beneficie o interessado, excetuada a apreciação da legalidade do ato de concessão inicial de aposentadoria, reforma e pensão”. 
Então, essa súmula diz que não é necessário oportunizar contraditório e ampla defesa nos atos iniciais de aposentadoria, reforma e pensão perante o Tribunal de Contas. Esse contraditório e ampla defesa devem ser oportunizados perante a Administração.
Mas, deve-se observar que só não seria necessário dar oportunidade de contraditório e ampla defesa perante o Tribunal de contas se ele não demorasse demais para decidir. Essa demora fez com que, muitas vezes, o servidor, fosse aposentado precariamente, de modo que o Tribunal de Contas recebia essa informação de aposentadoria e nada fazia, deixando-se passar mais de 5 anos sem decidir sobre o ato (da aposentadoria).
Por isso, o entendimento do STF foi no sentido de que se o TCU demorar mais de 5 anos para julgar esse processo de aposentadoria, ele teria que dar ao servidor público contraditório e ampla defesa perante o TC (isso era exatamente o que a súmula vedava). O STF faz, então, uma interpretação da súmula vinculante nº 03, parte final, temperando a SV 3.
Então, o ato complexo depende de duas manifestações de vontade.
Sobre esse tema, ver STF, MS 24.781.
Ementa MS 24.781: Mandado de Segurança. 2. Acórdão da 2ª Câmara do Tribunal de Contas da União (TCU). Competência do Supremo Tribunal Federal. 3. Controle externo de legalidade dos atos concessivos de aposentadorias, reformas e pensões. Inaplicabilidade ao caso da decadência prevista no art. 54 da Lei 9.784/99. 4. Negativa de registro de aposentadoria julgada ilegal pelo TCU. Decisão proferida após mais de 5 (cinco) anos da chegada do processo administrativo ao TCU e após mais de 10 (dez) anos da concessão da aposentadoria pelo órgão de origem. Princípio da segurança jurídica (confiança legítima). Garantias constitucionais do contraditório e da ampla defesa. Exigência. 5. Concessão parcial da segurança. I – Nos termos dos precedentes firmados pelo Plenário desta Corte, não se opera a decadência prevista no art. 54 da Lei 9.784/99 no período compreendido entre o ato administrativo concessivo de aposentadoria ou pensão e o posterior julgamento de sua legalidade e registro pelo Tribunal de Contas da União – que consubstancia o exercício da competência constitucional de controle externo (art. 71, III, CF). II – A recente jurisprudência consolidada do STF passou a se manifestar no sentido de exigir que o TCU assegure a ampla defesa e o contraditório nos casos em que o controle externo de legalidade exercido pela Corte de Contas, para registro de aposentadorias e pensões, ultrapassar o prazo de cinco anos, sob pena de ofensa ao princípio da confiança – face subjetiva do princípio da segurança jurídica. Precedentes. III – Nesses casos, conforme o entendimento fixado no presente julgado, o prazo de 5 (cinco) anos deve ser contado a partir da data de chegada ao TCU do processo administrativo de aposentadoria ou pensão encaminhado pelo órgão de origem para julgamento da legalidade do ato concessivo de aposentadoria ou pensão e posterior registro pela Corte de Contas. IV – Concessão parcial da segurança para anular o acórdão impugnado e determinar ao TCU que assegure ao impetrante o direito ao contraditório e à ampla defesa no processo administrativo de julgamento da legalidade e registro de sua aposentadoria, assim como para determinar a não devolução das quantias já recebidas. V – Vencidas (i) a tese que concedia integralmente a segurança (por reconhecer a decadência) e (ii) a tese que concedia parcialmente a segurança apenas para dispensar a devolução das importâncias pretéritas recebidas, na forma do que dispõe a Súmula 106 do TCU.
Quando o servidor se aposenta, ele deixa de receber remuneração e passa a receber proventos. 
Com relação à contagem de prazo para a aposentadoria, não se pode contar duas vezes o mesmo prazo.
Ex. Em 2011, a pessoa trabalhou em 2 empregos: não se pode contar esse período mais de uma vez. 
A contagem de tempo é feita pela contribuição, ou seja, o tempo de serviço é o tempo que a pessoa contribuiu. Por isso, fala-se em um sistema contributivo.
Ademais, no RPPS considera-se a reciprocidade, ou seja, aquilo que foi contribuído para o RPS pode ser levado para o RGPS e vice-versa. 
10.2.2) Evolução Histórica da Aposentadoria pelo RPPS:
TEXTO ORIGINAL DA CONSTITUIÇÃO DE 1988
A CF, em seu texto original, dispunha que o servidor público, para se aposentar, bastava preencher um único requisito: tempo deserviço. Não havia preocupação com idade, com tempo de contribuição, etc.
Essa preocupação só começou a surgir a partir da EC nº 20.
EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 20, DE 16 DE DEZEMBRO DE 1998
(MUITO IMPORTANTE – PODE CAIR NO CONCURSO!!!)
Em 1998, houve um problema sério. A EC nº 20 substituiu o tempo de serviço pela idade + tempo de contribuição.
Os servidores ficaram enlouquecidos. Muitos servidores correram para se aposentar, com medo da nova regra, e de não preencherem os requisitos. Muitos se aposentaram de forma antecipada.
A EC nº 20/98 estabeleceu o “regime contributivo”, que exige do servidor, para ter direito de se aposentar, que tenha que contribuir. 
Art. 40, §10, CF - A lei não poderá estabelecer qualquer forma de contagem de tempo de contribuição fictício. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 15/12/98)
O regime contributivo adotado foi o regime de repartição simples, que determina que todos contribuem para a mesma conta e todos recebem da mesma conta.
Em outros países, cada servidor tem a sua conta. Mas não é o que ocorre no Brasil.
A EC 20/98 estabeleceu uma série de novos requisitos para a aposentadoria do servidor, prevendo modalidades diversas de aposentadoria. Vale ressaltar que esses requisitos continuam os mesmos até hoje. As Emendas seguintes não alteraram essas regras e condições.
São modalidades de aposentadoria do servidor:
a) Aposentadoria por invalidez:
A aposentadoria por invalidez, como regra, confere direito a proventos proporcionais ao tempo de contribuição. Excepcionalmente, o servidor poderá receber proventos integrais, quando a invalidez estiver ligada ao serviço (moléstia profissional) ou doença grave contagiosa e incurável.
Art.40, §1º, CF - Os servidores abrangidos pelo regime de previdência de que trata este artigo serão aposentados, calculados os seus proventos a partir dos valores fixados na forma dos §§ 3º e 17: (Redação dada pela EC nº 41, 19.12.2003)
I - por invalidez permanente, sendo os proventos proporcionais ao tempo de contribuição, exceto se decorrente de acidente em serviço, moléstia profissional ou doença grave, contagiosa ou incurável, na forma da lei; (Redação dada pela EC nº 41, 19.12.2003)
b) Aposentadoria Compulsória:
A aposentadoria compulsória ocorre aos 70 anos de idade. Nessa modalidade de aposentadoria, o servidor tem direito a proventos proporcionais. Vale ressaltar que, se o servidor preencher todos os requisitos para a aposentadoria integral, ele poderá se aposentar com proventos integrais.
II - compulsoriamente, aos setenta anos de idade, com proventos proporcionais ao tempo de contribuição; (Redação dada pela EC nº 20, de 15/12/98)
c) Aposentadoria Voluntária:
Essa aposentadoria exige, como requisitos básicos 10 anos de serviço público e 5 anos no cargo em que está pretendendo a aposentadoria.
No caso dessa aposentadoria, o servidor pode aposentar-se com proventos integrais e com proventos proporcionais.
III - voluntariamente, desde que cumprido tempo mínimo de 10 anos de efetivo exercício no serviço público e 5 anos no cargo efetivo em que se dará a aposentadoria, observadas as seguintes condições: (Redação pela EC nº 20, de 15/12/98)
a) 60 anos de idade e 35 de contribuição, se homem, e 55 anos de idade e 30 de contribuição, se mulher; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 15/12/98)
b) 65 anos de idade, se homem, e 60 anos de idade, se mulher, com proventos proporcionais ao tempo de contribuição. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 15/12/98)
	Requisitos Básicos
	10 anos de serviço público
5 anos no cargo em que está pretendendo a aposentadoria
	Proventos Integrais
	Proventos Proporcionais*
	Homens
	Mulheres
	Homens
	Mulheres
	60 anos de idade
35 anos de contribuição
	55 anos de idade
30 anos de contribuição
	65 anos de idade
	60 anos de idade
*Nesse caso, com relação ao requisito da contribuição, vale destacar que o tempo de contribuição será o que determinará a aposentadoria maior ou menor do servidor. Por isso, a aposentadoria é por tempo de contribuição.
A modalidade de aposentadoria com proventos proporcionais só é interessante para quem entrou no serviço público com uma idade mais avançada. O objetivo maior do Estado é que o servidor se aposente de forma integral.
d) Aposentadoria Especial**:
d.1) Aposentadoria especial do professor:
Essa aposentadoria especial do professor terá como requisito que o professor seja exclusivo de magistério, ou seja, que tenha sido professor a vida toda.
Obs: Logo que a EC 20/98 surgiu, foram muito comuns os casos de professores que assumiam a Diretoria da escola por um determinado tempo. Quando a Emenda surgiu e exigiu a exclusividade do magistério, muitos professores estavam perdendo o direito à aposentadoria especial, em razão de em algum período da vida terem sido diretores, ainda que temporariamente. Isso acabava gerando muitas injustiças, pois os professores não eram avisados disso antes de exercerem o cargo de direção da escola. O servidor só era avisado depois, quando já havia perdido o direito à aposentadoria especial. Essa questão foi objeto de controle de constitucionalidade, e, hoje, a exclusividade de magistério se refere ao professor que exerce atividades dentro da escola, ainda que seja, por exemplo, coordenador, diretor, etc. (nesse caso ele não perde o direito à exclusividade). Essa questão foi regulamentada pela Lei 11.301/06 e objeto da ADI 3.772. Esse entendimento foi mais justo.
EMENTA ADI 3.772: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE MANEJADA CONTRA O ART. 1º DA LEI FEDERAL 11.301/2006, QUE ACRESCENTOU O § 2º AO ART. 67 DA LEI 9.394/1996. CARREIRA DE MAGISTÉRIO. APOSENTADORIA ESPECIAL PARA OS EXERCENTES DE FUNÇÕES DE DIREÇÃO, COORDENAÇÃO E ASSESSORAMENTO PEDAGÓGICO. ALEGADA OFENSA AOS ARTS. 40, § 5º, E 201, §8º, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. INOCORRÊNCIA. AÇÃO JULGADA PARCIALMENTE PROCEDENTE, COM INTERPRETAÇÃO CONFORME. I - A função de magistério não se circunscreve apenas ao trabalho em sala de aula, abrangendo também a preparação de aulas, a correção de provas, o atendimento aos pais e alunos, a coordenação e o assessoramento pedagógico e, ainda, a direção de unidade escolar. II - As funções de direção, coordenação e assessoramento pedagógico integram a carreira do magistério, desde que exercidos, em estabelecimentos de ensino básico, por professores de carreira, excluídos os especialistas em educação, fazendo jus aqueles que as desempenham ao regime especial de aposentadoria estabelecido nos arts. 40, § 5º, e 201, § 8º, da Constituição Federal. III - Ação direta julgada parcialmente procedente, com interpretação conforme, nos termos supra.
Atenção!!! O professor deve ser infantil, do ensino fundamental ou do ensino médio. O professor universitário ficou excluído da aposentadoria especial.
Esse professor só tem direito à aposentadoria especial recebendo proventos integrais. Serão necessários os seguintes requisitos:
Art. 40, §5º, CF - Os requisitos de idade e de tempo de contribuição serão reduzidos em cinco anos, em relação ao disposto no § 1º, III, "a", para o professor que comprove exclusivamente tempo de efetivo exercício das funções de magistério na educação infantil e no ensino fundamental e médio. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 15/12/98)
	Proventos Integrais
	Homens
	Mulheres
	55 anos de idade
30 anos de contribuição
	50 anos de idade
25 anos de contribuição
	+ Exclusividade de magistério
+ Ensino Infantil, Fundamental ou Médio
**Obs: A aposentadoria especial foi modificada pela EC 47, com a introdução de mais uma modalidade de aposentadoria especial: além da aposentadoria especial do professor, haveria outras hipóteses de aposentadorias especiais. Seria especial, também, a aposentadoria dos portadores de deficiência física. Ademais, ganharam direito à aposentadoria especial os servidores que exercem atividade de risco e, ainda, os servidores que exerçam atividades em condiçõesespeciais, que prejudiquem a sua saúde ou integridade física. Mas essas aposentadorias ainda dependem de regulamentação (por Lei Complementar).
Cenário estabelecido a partir da Emenda constitucional nº 20/98:
A cada Emenda Constitucional, e, no caso da EC nº 20/98, passou a existir a seguinte situação:
Os servidores que, na data da Emenda, já possuíam os requisitos para se aposentar ganharam direito à regra velha. Para esses servidores, ficou reconhecido o direito adquirido;
Os servidores que ingressaram no serviço público após a Emenda nº 20/98, passaram a observar as regras novas, sendo necessário o tempo de contribuição;
Os servidores que já estavam no serviço público quando da EC nº 20/98, mas ainda não haviam completado todos os requisitos para se aposentar, não tinham direito adquirido. Isto porque, segundo o STF, NÃO EXISTE DIREITO ADQUIRIDO AO REGIME LEGAL (ESTATUTÁRIO). PORTANTO, AS REGRAS QUE ESTÃO NAS LEIS E NA CONSTITUIÇÃO PODERIAM SER MODIFICADAS A QUALQUER TEMPO E ATINGIRIAM O SERVIDOR. 
Para não prejudicar totalmente os servidores que estavam nessa situação, o Constituinte fez uma regra de transição, dando a opção para esses servidores de se submeterem ou não a essa nova regra de transição. A regra de transição, então, foi e é uma regra facultativa, uma alternativa para os servidores, sendo intermediária.
Essa regra intermediária estava prevista no art. 8º, da EC nº 20/98 e dizia que era necessário a idade intermediária – 53 anos de idade para os homens e 48 anos de idade para as mulheres (a regra nova da Emenda 20/98 falava em 60 anos para os homens e 55 para as mulheres) – e, com relação ao tempo de contribuição, seria necessário analisar a contribuição com proventos integrais e contribuição com proventos proporcionais. Haveria o direito de se aposentar com proventos integrais se preenchidas as condições de 35 anos de contribuição para os homens (e 53 anos de idade + o pedágio*) e de 30 anos de contribuição para as mulheres (e 48 anos de idade + o pedágio*).
*Contudo, esse tempo de contribuição era acrescido por um período chamado “pedágio”. O pedágio era calculado da seguinte forma: 
Para se aposentar com proventos integrais: Na data da Emenda, era analisada a quantidade de tempo de contribuição restante para o servidor se aposentar. A esse valor, seria somado um período de adicional de 20% (20% do tempo que faltava para o servidor se aposentar na data da emenda). 
Ex. Servidor homem, em 16/12/1998 (data da EC 20/98), havia preenchido 15 anos de tempo de serviço. Então, faltariam 20 anos para ele se aposentar. Aos seus 15 anos, então, seriam somados 20% de 20 anos. Então, ele necessitaria de 35 anos + 4 anos de pedágio, ou seja, 39 anos. Logo, esse servidor, para se aposentar com proventos integrais, precisaria da idade de 53 anos de idade e de 39 anos de contribuição.
Para se aposentar com proventos proporcionais: O servidor teria que observar os seguintes requisitos: se homem, 30 anos de contribuição e se mulher 25 anos, somando-se a esse período o pedágio. O pedágio, aqui, seria acrescido de 40% do que faltava na data da emenda para o servidor se aposentar.
Ex. No exemplo, acima, se o servidor quisesse se aposentar com proventos proporcionais, ele já teria contribuído 15 anos. Se já teria contribuído 15 anos, faltaria 15 anos para aposentar com proventos proporcionais. O pedágio seria 40% de 15 anos, ou seja, 6 anos. Então, seriam 30 anos + 6 anos de pedágio. Logo, seria necessário 36 anos de contribuição e 53 anos de idade.
A Emenda Constitucional nº 20/98, além dessa mudança, trouxe outra mudança. Os servidores não queriam ser atingidos por essa Emenda. Para tentar conter o pânico dos servidores, o Constituinte criou, na EC 20/98, o chamado “abono de permanência”, que ganhou natureza de isenção, sendo concedido aos servidores que, na data da Emenda 20/98 já preenchiam os requisitos para se aposentar, mas que continuaram trabalhando. Então, pelo abono de permanência da EC/20/98, não havia mais necessidade de contribuir (isenção da contribuição previdenciária). A ideia era evitar a grande debandada.
Nesse momento, os servidores se acalmam um pouco, até 2003. Mas, em 2003, o problema reacende com a Emenda Constitucional nº 41.
EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 41, DE 31 DE DEZEMBRO DE 2003
O governo federal apresentou a EC 41/ para o Congresso Nacional. A EC 41/03 trouxe, dentre outras mudanças, a contribuição dos inativos. Então, o governo federal pediu pressa na aprovação dessa Emenda; pediu-se para o Congresso aprovar a Emenda exatamente como foi proposta e foi dito que aquilo que o Congresso tivesse vontade de emendar e alterar na PEC, fosse feito via outra Emenda Constitucional. O governo federal fez, então, um acordo com o Congresso Nacional.
Com esse acordo, tramitavam no Congresso, duas emendas para tratar do mesmo assunto: a Emenda Constitucional 41/03 e a chamada “PEC Paralela”. A “PEC paralela” era a “emenda da emenda” e foi convertida na EC 47/05.
A EC 41/03 foi aprovada dia 31 de dezembro de 2003. A EC 47 foi aprovada em 2005. Então, a EC 41/03 não foi objeto de Emendas pelo Congresso Nacional.
Essa Emenda trouxe as seguintes mudanças:
(1) A primeira mudança considerável trazida por essa EC 41 foi o “princípio da solidariedade” de forma expressa no caput do art. 40 da CF. Por esse princípio, o povo brasileiro deveria ser mais solidário, contribuindo mais. Nesse momento, no Brasil, havia o regime contributivo, no sistema de repartição simples (todos contribuem para a mesma conta e retiram da mesma conta, inclusive quem não contribuiu).
Art. 40, CF - Aos servidores titulares de cargos efetivos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, incluídas suas autarquias e fundações, é assegurado regime de previdência de caráter contributivo e solidário, mediante contribuição do respectivo ente público(cotização dos entes), dos servidores ativos e inativos e dos pensionistas, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial e o disposto neste artigo. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 41, 19.12.2003)
O regime de repartição simples é diferente do regime de capitalização, em que cada pessoa possui uma conta individual. O regime de capitalização é adotado em outros países.
(2) Outra mudança importante trazida pela emenda 41/03 foi a cotização dos entes. No setor privado, o empregador paga uma parcela e o empregado paga outra para o regime de previdência. Antes dessa Emenda, no Estado, isso não acontecia. Somente o servidor contribuía: o Estado não tinha sua parcela de Contribuição. A EC 41 mudou isso, instituindo a cotização dos entes, que passaram a contribuir com uma parcela desse regime. Os entes públicos passaram a ser patrocinadores do Regime de Previdência (art.40, caput, CF).
(3) A terceira mudança foi a revogação do princípio da integralidade. Segundo esse princípio, o servidor aposentado teria direito a tudo que ele ganhava na ativa. 
Art. §2º, CF - Os proventos de aposentadoria e as pensões, por ocasião de sua concessão, não poderão exceder a remuneração do respectivo servidor, no cargo efetivo em que se deu a aposentadoria ou que serviu de referência para a concessão da pensão. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 15/12/98)
O princípio da integralidade foi revogado e substituído pelo princípio da média da vida laboral. Isso significa que seria feita uma média de tudo que o servidor ganhou na vida e a partir dali seria calculada a contribuição. 
Ex. No início da carreira, o servidor tinha como remuneração R$1mil. Depois, o servidor passou a ganhar R$5mil. Depois disso, o servidor passou a ganhar R$10 mil e se aposenta nessa época. Deve-se fazer uma média de todo esse período. Isso dependeria de quanto o servidor ficou em cada cargo. Essa média será inferior aos R$10 mil e superior aos R$1 mil, por exemplo.
Ressalta-se que as remunerações utilizadas para a média da vida laboral só podem ser aquelas que verteram contribuições. Só serve para média aquilo quesofreu incidência de contribuição.
Ex. Se, no exemplo, no período em que o servidor recebia R$5 mil, o servidor tinha uma isenção e não contribuiu, então, o esse período de serviço em que o servidor ganhou R$5mil não será considerado para o cálculo. O servidor só pode utilizar os valores de R$1mil e R$10 mil, porque com eles houve contribuição.
O cálculo dos proventos pela média da vida laboral utiliza como base a Lei 10.887/04. Mas, não é necessário ler essa lei. Na CF, deve-se ler o art. 40, §§1º, 3º e 17.
Art. 40, CF – (...)
§1º Os servidores abrangidos pelo regime de previdência de que trata este artigo serão aposentados, calculados os seus proventos a partir dos valores fixados na forma dos §§ 3º e 17: (Redação dada pela EC nº 41, 19.12.2003)
§ 3º Para o cálculo dos proventos de aposentadoria, por ocasião da sua concessão, serão consideradas as remunerações utilizadas como base para as contribuições do servidor aos regimes de previdência de que tratam este artigo e o art. 201, na forma da lei. (Redação dada pela EC nº 41, 19.12.2003)
§ 17. Todos os valores de remuneração considerados para o cálculo do benefício previsto no § 3° serão devidamente atualizados, na forma da lei. (Incluído pela EC nº 41, 19.12.2003)
(4) A quarta mudança trazida pela EC 41/03 também alterou muito o cenário do RPPS, revogando o princípio da paridade. O princípio da paridade dizia que se o servidor da ativa tivesse um aumento, o aposentado também teria. Em seu lugar, foi inserido o princípio da preservação do valor real, que busca conservar o poder de compra do servidor (atualização do poder aquisitivo do valor da aposentadoria), conforme art. 40, §8º, CF. 
Art. 40, §8º, CF - É assegurado o reajustamento dos benefícios para preservar-lhes, em caráter permanente, o valor real, conforme critérios estabelecidos em lei. (Redação pela EC nº 41, 19.12.2003)
Ocorre que esse princípio não é efetivamente respeitado.
Obs: O teto do INSS segue esse principio. Mas, se se analisar na prática os reajustes do valor do teto do RGPS e os reajustes do valor do salário mínimo, verifica-se que o valor do teto do RGPS vem cada vez mais sendo desvalorizado, e tem perdido o seu valor de compra. Inicialmente, quando da EC 41/03, o teto o RGPS correspondia a 10 salários mínimos. Hoje, esse valor corresponde a, aproximadamente, 6,30 salários mínimos, o que demonstra uma altíssima desvalorização e desatualização dos valores de aposentadoria do RGPS em relação aos reajustes do salário mínimo.
	Ano
	Salário Mínimo
	Teto RGPS
	2003
	R$240,00
	R$2.400,00
	2004
	R$260,00
	R$2.508,00Observa-se que no RGPS o princípio da preservação do valor real, apesar de existir, não é cumprido.
	2005
	R$300,00
	R$2.668,15
	2006
	R$350,00
	R$2.801,56
	2007
	R$380,00
	R$2.894,28
	2008
	R$415,00
	R$3.038,99
	2009
	R$465,00
	R$3.218,90
	2012
	R$622,00
	R$3.916,20
Essa história vai ser desastrosa, porque o aposentado não tem poder de barganha. O aposentado não tem, por exemplo, como fazer greve...
(5) A quinta mudança trazida pela EC 41 foi o teto de proventos. O teto de proventos estabeleceu que o servidor público receberia o mesmo teto do INSS, que é de R$3.916,16. O cuidado é que a aplicação desse teto estava condicionada à criação de um Regime Complementar de Previdência. 
Hoje, esse teto já possui Regime Complementar, que foi estabelecido pela Lei 12.618/12, que regulamentou a criação do Regime Complementar (publicada em 02 de maio de 2012).
Obs: O Regime Complementar já existia na CF desde o texto trazido pela EC 20/98. Nessa época, esse regime (originariamente) dependia de uma lei complementar. Contudo, a partir da Emenda 41, o Regime Complementar passou a precisar somente de lei ordinária. Isso foi fundamental para a instituição do Regime Complementar.
(6) A Emenda 41/03 trouxe, também, a contribuição dos inativos, pela qual os aposentados passaram a ter que contribuir. Nos art. 40, §18 e art. 149, §1º, da CF, isso vem estabelecido. O inativo, para contribuir, terá como base de cálculo toda remuneração que ultrapassar o teto do RGPS.
Art. 40, §18, CF - Incidirá contribuição sobre os proventos de aposentadorias e pensões concedidas pelo regime de que trata este artigo que superem o limite máximo estabelecido para os benefícios do regime geral de previdência social de que trata o art. 201, com percentual igual ao estabelecido para os servidores titulares de cargos efetivos. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 41, 19.12.2003)
Art. 40, §21, CF. A contribuição prevista no § 18 deste artigo incidirá apenas sobre as parcelas de proventos de aposentadoria e de pensão que superem o dobro do limite máximo estabelecido para os benefícios do regime geral de previdência social de que trata o art. 201 desta Constituição, quando o beneficiário, na forma da lei, for portador de doença incapacitante. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 47, de 2005)
Art. 149, §1º, CF - Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios instituirão contribuição, cobrada de seus servidores, para o custeio, em benefício destes, do regime previdenciário de que trata o art. 40, cuja alíquota não será inferior à da contribuição dos servidores titulares de cargos efetivos da União. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 41, 19.12.2003)
A alíquota da contribuição dos inativos é de, no mínimo, 11%. Já existem estados hoje, com alíquota de 17%.
A contribuição dos inativos atingiu todos os aposentados, inclusive os que se aposentaram anteriormente à Emenda. 
Isso é importante porque muitos alegaram que já eram aposentados quando do advento da EC 41/03. Não havia que se falar em direito adquirido, pois NÃO HÁ DIREITO ADQUIRIDO A REGIME LEGAL (ESTATUTÁRIO).
Outra importância disso é que quando a EC 41 foi introduzida, ela estabelecia regras diferentes sobre contribuição dos inativos para os aposentados anteriores e posteriores à emenda. Contudo, essas regras foram igualadas e, hoje, os aposentados contribuem da mesma forma (sejam eles aposentados antes ou depois da EC 41/03).
Essa situação foi levada ao STF, sendo objeto da ADI 3.105. O STF declarou a constitucionalidade da contribuição dos inativos.
EMENTA ADI 3.105: 1. Inconstitucionalidade. Seguridade social. Servidor público. Vencimentos. Proventos de aposentadoria e pensões. Sujeição à incidência de contribuição previdenciária. Ofensa a direito adquirido no ato de aposentadoria. Não ocorrência. Contribuição social. Exigência patrimonial de natureza tributária. Inexistência de norma de imunidade tributária absoluta. Emenda Constitucional nº41/2003 (art. 4º, caput). Regra não retroativa. Incidência sobre fatos geradores ocorridos depois do início de sua vigência. Precedentes da Corte. Inteligência dos arts. 5º, XXXVI, 146, III, 149, 150, I e III, 194, 195, caput, II e § 6º, da CF, e art. 4º,caput, da EC nº 41/2003. No ordenamento jurídico vigente, não há norma, expressa nem sistemática, que atribua à condição jurídico-subjetiva da aposentadoria de servidor público o efeito de lhe gerar direito subjetivo como poder de subtrair ad aeternum a percepção dos respectivos proventos e pensões à incidência de lei tributária que, anterior ou ulterior, os submeta à incidência de contribuição previdencial. Noutras palavras, não há, em nosso ordenamento, nenhuma norma jurídica válida que, como efeito específico do fato jurídico da aposentadoria, lhe imunize os proventos e as pensões, de modo absoluto, à tributação de ordem constitucional, qualquer que seja a modalidade do tributo eleito, donde não haver, a respeito, direito adquirido com o aposentamento. 2. Inconstitucionalidade. Ação direta. Seguridade social. Servidor público. Vencimentos. Proventos de aposentadoria e pensões. Sujeição à incidência de contribuição previdenciária, por força de Emenda Constitucional. Ofensa a outros direitos e garantias individuais. Não ocorrência. Contribuição social. Exigência patrimonial de natureza tributária. Inexistência de norma de imunidade tributária absoluta.

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