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TEORIA DAS RELAÇÕES INTERNACIONAIS: EXPLICAÇÕES TEÓRICAS E O FIM DAS TEORIAS DE RI
Beatriz do Piauí Barbosa[2: Bacharelanda em Relações Internacionais na Universidade Federal de Sergipe – UFS. E-mail: biapiaui@yahoo.com.br]
Resumo
As Relações Internacionais como um campo acadêmico costumam ser referidas como uma matéria recente quando posto como parâmetro outras áreas das Ciências Sociais como o Direito ou as Ciências Políticas, por exemplo. Assim, as teorias das RI costumam ser questionadas por terem como base alguns dos conceitos e estudos utilizados nas matérias mais antigas da Academia. Esse artigo buscará exemplificar algumas das teorias das Relações Internacionais, os debates da área e fortificar a confirmação da existência das teorias das RI.
Palavras-chave: Teoria das Relações Internacionais. Debates Teóricos. Ciências Sociais. 
Abstract
International Relations as a academic field is used to be refer as a recent realm when is compared with others fields like Law or Politics Science, for example. Thus, the theories of IR are constantly questionated for having as basis some concepts and studies based in older areas in the Academy. This article will to exemplify some of the theories of International Relations, their debates and fortify the confirmation of the existence of IR theories.
Key-words: International Relations Theory. Theorical Debates. Social Science.
Introdução
As Relações Internacionais surgiram como uma disciplina propriamente dita com o fim da Primeira Guerra Mundial. A mudança no parâmetro mundial de poder e as novas relações entre Estado acabaram levando à criação de uma área de estudos voltada para buscar explicar e avaliar os acontecimentos que envolviam aspectos internacionais e seus impactos nos países e em suas nações.
Relações Internacionais (...) nesse sentido, pode ser sobre aspectos específicos que os Estados fazem em relação a outros Estados (como o Realismo disse sobre em seu auge); pode ser também sobre os envolvimentos políticos e econômicos do mundo (como a EPI diria, contanto que esses envolvimentos não permaneçam confinados a processos ocorrendo apenas dentro dos limites dos Estados); ou isso poderia ser basicamente sobre qualquer coisa contanto que isso envolva algo que se expanda além das fronteiras estatais (o que as RI como disciplina, aceitam na maior parte). (BUZAN, pp. 14)
O primeiro grande debate teórico das Relações Internacionais tem seu início durante os anos 30 logo após o fracasso do liberalismo econômico com o “crash” de 1929. O debate ocorre entre os estudiosos realistas e os liberais (ou como alguns autores realistas como Carr e Morgenthau preferem: os idealistas).
O Realismo clássico tem como premissa a natureza humana, a concepção hobbesiana de natureza é tida como parâmetro e é levada em consideração não só para indivíduos como também para o comportamento dos Estados. Outro aspecto é a caracterização da ideia de anarquia entre Estados, a possibilidade de haver uma hegemonia que controle todos os Estados é um conceito fora da “caixa” realista. 
Hobbes, como a maior parte dos realistas, é cético sobre uma mudança na natureza humana. Analistas razoavelmente discordam sobre a variedade e maleabilidade da natureza humana ou dos interesses estatais. Entretanto, a maioria concordaria com a ênfase hobbesiana na competição, na desconfiança e na glória que representam sua ideia caricatural (...) (BURCHILL, et all, pp. 34) 
Já o Liberalismo clássico é aplicado nas RI de maneira completamente oposta ao Realismo. Baseado nos pilares de Locke e Wilson, os maiores ideais perseguidos são a cooperação, o individualismo, a democracia e, por último e mais importante: a propriedade privada. Os Estados seriam por natureza, assim como os humanos, cooperativos.
Isso defendeu a liberdade política, democracia e, constitucionalmente, a garantia de direitos, privilegiou a liberdade individual e a igualdade perante a lei. Liberalismo também defende a competição individual na sociedade civil e alegou que o capitalismo de mercado promove melhor o bem-estar de 
todos, distribuindo de forma mais eficiente recursos escassos dentro da sociedade. (BURCHILL, et all, pp. 55)
Assim, é nesse contexto que ocorre o primeiro grande debate das Relações Internacionais, duas teorias (quase completamente opostas) buscando explicar e entender o mundo e os fenômenos internacionais a partir de seus conceitos e pressupostos. 
O resultado do debate? O desenvolvimento de algumas vertentes dentro das teorias, as quais serão debatidas ao longo do artigo, e a denominação de “o maior debate teórico das Relações Internacionais.” Ambas as teorias são conhecidas como o “mainstream teórico” das Relações Internacionais e são de extrema importância para o desenvolvimento das RI como uma área acadêmica.
O segundo debate teórico das RI foi relacionado ao método de pesquisa e estudo dentro da área. Seguindo a tendência de muitas áreas das ciências sociais nos anos 60, a questão entre seguir um método teórico mais cientificista e tradicional ou seguir uma linha mais voltada à história e a subjetividade foi o tema central do debate. 
Como as Relações Internacionais se tratam de um campo onde há uma grande variedade de áreas para uma análise mais completa dos fenômenos internacionais, a defesa de uma metodologia mais matemática pelos teóricos que estudavam economia internacional foi comum, assim como os historiadores das RI e alguns cientistas políticos que defendiam o lado subjetivo do debate. O consenso geral é de que ambos os lado tiveram um entendimento positivista do método científico, o que veio a ser questionado depois com os pós-modernos.
O terceiro debate das Relações Internacionais acaba por se tratar de um dissenso. Alguns teóricos como Ole Wæver defendem que se tratou do debate interparadigmático, no entanto neste artigo a premissa a ser considerada será a concepção de Waltz sobre o terceiro grande debate das RI. As diferentes argumentações sobre a epistemologia nas Relações Internacionais e discussões acerca dos atores envolvidos no processo teórico e sobre as estruturas dentro da matéria foram os principais pontos aclamados pelo debate.
É durante o terceiro debate que surgem diversas teorias que trazem renovações e questionamentos ao campo das RI como a Teoria Crítica representada por Horkheimer e Cox, a Teoria Racional ou Neorrealista de Waltz, o Neoliberalismo de Keohane e a Teoria Construtivista de Wendt.
Entretanto, com o “fim” dos debates há o surgimento de uma nova questão: existem teorias de Relações Internacionais? A questão é levantada por conta de uma grande ramificação dentro das teorias, além da “proliferação teórica na prática de ‘importar’ teorias de disciplinas cognatas” (WIGHT, pp. 413). Ao longo do artigo, será visto que sim, existem (e resistem) as teorias das Relações Internacionais. 
A primeira sessão do artigo tratará de explicar de forma mais detalhada algumas das teorias e teóricos já apresentados aqui nesta introdução para que haja um fortalecimento argumentativo. A segunda sessão é dedicada a desenrolar a questão citada no parágrafo anterior e será baseada nos argumentos de Buzan e Wight.
Realismo, Liberalismo e Construtivismo: o mainstream das RI
As teorias das Relações Internacionais mais conhecidas e amplamente reforçadas dentro de sua área acadêmica são o Realismo, o Liberalismo e o Construtivismo. Ainda que pareçam ser muito distintas entre si e muitas vezes se contradigam, a constante evolução dentro de cada uma dessas teorias permitiu que as Relações Internacionais se concretizassem como uma área de estudo e pesquisa.
O Realismo pode ser dividido em três tipos: o Realismo Clássico (abordado na introdução deste artigo então não voltaremos a ele nesta sessão), o Neorrealismo e o Realismo Neoclássico. 
O Neorrealismo ficou conhecido por conta de Waltz e traz como diferença do Realismo Clássico o enfoque na estrutura do Sistema Internacional, os Estados buscam manter a segurança e a sobrevivência dentro desse SI.
Para Waltz, o sistemainternacional consiste nos Estados de grande poder e sua sobrevivência. Como o SI é anárquico, cada Estado deve sobreviver por si próprio. Waltz argumenta que esta condição poderia levar os Estados mais fracos a equilibrar-se perante os rivais mais poderosos. E, ao contrário de Morgenthau, ele argumenta que a bipolaridade era mais estável que a multipolaridade. (WALT, pp. 31)
Já o Realismo Neoclássico é o tipo de Realismo mais recente das RI, uma releitura do Realismo Clássico e muito mais abrangente que o Neorrealismo. O tema principal da teoria gira em torno do equilíbrio de poder, considera que existem variáveis sistêmicas (voltadas para as distribuições de capacidades); variáveis cognitivas (a maneira que os Estados percebem o Sistema Internacional e as ações e comportamentos dos outros Estados) e; variáveis domésticas (as instituições domésticas e os grupos sociais de cada Estado).
(...) os realistas neoclássicos ocupam um meio termo entre teóricos estruturais e construtivistas. Os primeiros implicitamente aceitam uma ligação clara e direta com as restrições sistêmicas e comportamento no nível da unidade; os segundos negam que existam quaisquer restrições sistêmicas objetivas, argumentando, em vez disso, que a realidade internacional é socialmente construída e que "a anarquia é o que os estados fazem dela". Realistas neoclássicos assumem que há de fato algo como uma realidade objetiva de poder relativo, que terá, por exemplo, efeitos dramáticos nos resultados das interações estatais. (ROSE, pp. 152-153)
O Liberalismo por sua vez possui a vertente clássica, mas também possui roupagens diferentes dentro das Relações Internacionais. Um dos tipos que é menos abordado é o chamado Individualismo Metodológico, o que seu autor Andrew Moravcsik definiria como “a verdadeira teoria liberal das Relações Internacionais”. 
Para Moravcsik, o Individualismo Metodológico teria como premissa o indivíduo como centro de todas as decisões, tanto Estatais quanto sociais. A visão liberal institucional não seria puramente liberal já que coloca instituições e funções na frente dos indivíduos. Uma verdadeira teoria liberal tem que ter como base os indivíduos e apenas estes.
Chamo de individualismo metodológico a doutrina segundo a qual todos os fenômenos sociais (sua estrutura e sua mudança) são explicáveis, em princípio, apenas em termos de indivíduos: de suas características, fins e crenças. (ELSTER, pp. 164)
O Neoliberalismo difere bastante da doutrina do Individualismo Metodológico, que inclusive a critica por apoiar-se nas Instituições. Baseado no pilar da cooperação, o Neoliberalismo critica o Neorrealismo e seu principal representante é Keohane.
Isto "prestaria muito mais atenção aos papéis das instituições e das regras do que Realismo Estrutural. De fato, uma interpretação estrutural do surgimento de regras e procedimentos internacionais, e de obediência a eles pelos Estados, é uma das recompensas, Keohane escreve: "Proponho mostrar, no com base em suas próprias suposições, o que o pessimismo característico do Realismo não consegue. “Eu procuro demonstrar que as suposições realistas sobre o mundo político são consistentes com a formação de arranjos institucionalizados, contém regras e princípios que promovem a cooperação.” Em resumo, Keohane pretende começar com o mesmo conjunto de pressupostos fundamentais que o neo-realismo faz e, em seguida, mostra que a cooperação é compatível com esses pressupostos. (POWELL, pp. 327)
Por fim, uma teoria que apesar de não ser considerada por alguns dos teóricos das RI como um mainstream teórico, este artigo a considera: a Teoria Construtivista. Encabeçada por Wendt nas Relações Internacionais, a Teoria Construtivista veio da Sociologia e busca explicar os fenômenos internacionais e analisar o Sistema Internacional através da sociedade e dos fatos sociais.
Para o Construtivismo, há a estrutura e os agentes, Wendt concorda com o SI anárquico, porém não crê que a natureza de seus agentes é naturalmente “má” ou “boa”. Na teoria Construtivista, os fatos sociais são os que devem vir de antemão para determinar as atitudes dos Estados. Na tabela 1 baseada na tabela da obra de Walt (1998), a visualização dessas teorias e suas diferenças podem ser vistas de forma mais clara.
Tabela 1: Comparação dos paradigmas
	
	Realismo
	Liberalismo
	Construtivismo
	Principais proposições teóricas
	Estados egoístas competem entre si constantemente por poder e segurança.
	Preocupa-se com o poder da economia/considerações política. (Desejo pela prosperidade, compromisso com os valores liberais.)
	Comportamento estatal definido por crenças elitistas, normas coletivas e identidades sociais.
	Principais unidades de análise
	Estados
	Estados
	Indivíduos (principalmente elites.)
	Instrumentos principais
	Economia e poderio militar.
	Instituições internacionais, atividade econômica, promoção da democracia.
	Ideias e discurso.
	Teóricos modernos
	Hans Morgenthau, Kenneth Waltz.
	Michael Doyle, Robert Keohane.
	Alexander Wendt, John Ruggie.
	Principal limitação
	Não acredita na mudança internacional.
	Tende a ignorar o jogo de poder.
	Melhor em descrever o passado do que antecipar o futuro.
WALT (1998)
O fim da Teoria?
A definição de teoria pode ser muito variável a depender dos parâmetros escolhidos para analisá-la. Por ser uma área das ciências sociais, as RI possuem diferentes teorias, as quais não necessariamente costumam entrar em consenso entre si. Alguns dos exemplos disso estão no livro de Burchill et all citados abaixo: 
 Teorias explicam as leis das políticas internacionais ou dos comportamentos recorrentes das nações. (Waltz 1979)
Teorias servem para explicar e prever o comportamento ou para entender o mundo “dentro das cabeças” dos atores. (Hollis and Smith 1990) 
 Teorias são as especulações tradicionais sobre as relações entre Estados com o foco na luta pelo poder, na natureza da sociedade internacional e na possibilidade de uma comunidade mundial. (Wight 1991) 
Teorias usam fatos empíricos para testar hipóteses sobre o mundo, um exemplo é a abstenção de guerra entre os Estados liberal-democráticos. (Doyle 1983) 
Teorias analisam e tentam clarificar o uso de conceitos como o da balança de poder. (Butterfield and Wight 1966)
 Teorias criticam as formas de dominação e suas perspectivas as quais fazem a construção social parecer natural e inalterável. (Teoria Crítica) (BURCHILL, et all, pp. 11-12)
Para Buzan, a Escola Inglesa traria os aspectos necessários para esclarecer e desenvolver os estudos do âmbito internacional. A Escola Inglesa traz o conceito de sistema internacional, baseada no estruturalismo, positivismo e materialismo. O positivismo enfatiza a realidade como principal objeto de pesquisa, o materialismo enxerga a realidade como apenas o material, sem intervenção de princípios metafísicos e o estruturalismo compreende a realidade como uma construção de diversas estruturas diferentes que se complementam como a cultura, o direito e as organizações. 
Logo, ao partimos dessa premissa, a utilização de princípios e teorias da sociologia dentro das teorias das Relações Internacionais não desqualifica o campo das RI. A ideia de que a sociedade internacional é o foco principal ao invés de uma política internacional focada apenas nas relações interestatais vem da perspectiva sociológica das Relações Internacionais, trata-se de uma herança da Escola Inglesa nas RI. A visão mais abrangente, adquirida com a atribuição de outros conceitos das ciências sociais, sobre o foco dos estudos das Relações Internacionais ajuda a não limitar a disciplina apenas aos Estados. 
Entretanto, Buzan defende que as Relações Internacionais não são uma disciplina e sim um “campo interdisciplinar”. Para o autor, as RI são uma multiplicidade de teorias que, por terem uma funcionalidade diferenciada podem concentrar um corpo teórico, mas são demasiadas superficiais e gerais para se tratar de uma disciplina teórica específica. 
Em uma entrevista ao “Theory Talks”,o autor afirma que “RI não pode fazer isso [explicar os diversos acontecimentos internacionais], a não ser que se trate apenas de falar sobre as políticas internacionais, o que seria apenas uma macro-avaliação da disciplina. Isso parece muito superficial para mim, não me desperta o interesse.”
Em contraste com esse pensamento há o artigo “The end of International Relations theory?” de Colin Whight et all. Apesar do nome polêmico do artigo, é extremamente bem pontuado com argumentos pró e contra a questão. Assim como neste artigo, os autores trazem como conclusão que as teorias das RI existem, porém compreende que existem debates radicais que defendem a inexistência.
Assim sendo, logo no início do artigo referido aparece a definição de alguns dos grandes debates do campo das RI e as “guerras dos paradigmas”. A ideia de que as teorias deveriam ser generalizadas são postas em questão, os autores citam Waltz e a sua concepção de que onde há a definição de uma ou mais variáveis independentes é considerada a caracterização de uma lei e não de uma teoria. 
No entanto, Wight defende que toda teoria é uma abstração, é um processo conduzido em pensamento que tenta isolar o domínio da atividade de suas conexões com outros reinos, ou seja, a utilização de várias variáveis não necessariamente descartaria a definição de teoria.
Outro ponto levantado é sobre como testar essas teorias de forma real. Já que se tratam teorias de determinado campo então devem ser úteis nesta determinada área. A utilidade nesse contexto é o principal meio de comprovar a teoria. Ademais, a teoria deve preceder a realidade na ideia de que “desde que a realidade emerge fora dos materiais coletados e fora da capacidade de previsibilidade da teoria” (WIGHT, pp. 410). 
A delimitação do campo teórico também deve ser levada em consideração no momento de analisar a teoria, a importância de permitir identificar o que deve ser relevante na matéria se faz necessária. Afinal, mesmo que todos os atores sociais enxerguem o mundo de formas diferentes, não necessariamente essas visões irão ter coerência e lógica no que diz respeito ao estudo na área das RI.
No artigo de Wight et all, é discutida também a visão de que há “diferentes lentes” a serem utilizadas para visualizar um mesmo tema ou acontecimento. Os autores creem que a metáfora das lentes deve ser utilizada com destreza dentro das RI porque apesar de enxergar o mundo de formas particulares, talvez até pondo em evidência alguns fatores que foram escondidos em outras visões, as mudanças de lentes acabam tornando a teoria muito efêmera.
 De fato, a maioria dos estudiosos adota uma teoria no início de sua carreira e a defende até o amargo fim. Ou, como David Marsh e Paul Furlong colocaram, as teorias não devem ser tratadas como um suéter que pode ser “colocado” quando estamos abordando tais questões filosóficas e “tiradas” quando estamos fazendo pesquisas… os pesquisadores não podem adotar uma posição de uma só vez para um projeto e outro em outra ocasião para um projeto diferente (WHIGHT, pp. 412)
Finalmente, chegamos a um dos pontos de polêmica do artigo de Wight, a importação de teorias de outras áreas como o feminismo, o pós-estruturalismo e o construtivismo para as RI e como isso é argumentado para desqualificar a existência das teorias de Relações Internacionais. De acordo com os autores, a publicação da Teoria da Política Internacional de Waltz acabou levando a esse surgimento de teorias alternativas que se situaram em relação à concepção de Waltz sobre a internacionalização. “(...) importar teorias de outras disciplinas é vulnerável, em comparação, a questões de relevância.” (WIGHT, pp. 415)
Assim, sobre o debate da (in)existência das teorias de Relações Internacionais, há a afirmação de que sem a teoria não poderia haver a pesquisa, não poderia haver a especificação dos estudos ou quais aspectos deveriam ser analisados e julgados. No artigo, a compreensão de como as RI se desenvolvem e se estas existem vai além da quantificação textual e da importância da área. A comprovação de sua existência está nos impactos que esta causa nas ciências sociais e como isso implica nas outras comunidades acadêmicas. “A questão não é se existe um fim para a teoria em RI, mas se há um fim para os tipos de trabalhos que envolvem um debate "meta". (WIGHT, pp. 418)
Conclusão
Por fim, a discussão acerca das teorias das Relações Internacionais não pode ser vista apenas por uma visão. É interessante que haja a noção de que existem diferentes pontos de vista e justificativas diferentes dentro de uma mesma área, ainda que isso possa ser visto como um enfraquecimento teórico.
Se as teorias das Relações Internacionais não existissem, não haveria sentido de haver um campo acadêmico para a área e isso tornaria o estudo dos acontecimentos internacionais, da economia política, das instituições, das multinacionais e das culturas extremamente limitados. As teorias das Relações Internacionais não só existem (como demonstram as duas sessões do artigo) como são de grande importância no contexto internacional complexo e diverso em que vivemos hoje.
Referências Bibliográficas
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