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Infraestrutura Viária Aula 8 – Seções Transversais e Notas de Serviços Prof. Msc. Pedro Silveira Gonçalves Neto 8. Seções Transversais e Notas de Serviços 8.1. Introdução As notas de serviço de terraplenagem constituem um conjunto de planilhas nas quais são relacionados todos os pontos característicos da seção transversal necessários à implantação da geometria projetada, estaca por estaca. Os pontos são referenciados nas notas de serviço em termos de seus afastamentos (distâncias) em relação ao eixo de locação e as correspondentes cotas. Os principais pontos de interesse, são os seguintes: Eixo: terreno natural e greide; Bordos da plataforma; Off-sets; Canteiro central (fundo); Banquetas (crista e fundo). Em cada seção transversal deve ser considerada a plataforma efetivamente projetada, ou seja, levando em conta o abaulamento transversal em tangente e a superelevação e a superlargura calculadas para as extensões em curva. Aula 8 8. Seções Transversais e Notas de Serviços 8.2. Seção Transversal – Elementos Básicos 8.2.1. Faixa de Tráfego e Pista de Rolamento Faixa de Tráfego é o espaço destinado ao fluxo de uma corrente de veículos. Pista de Rolamento é o conjunto de faixas de tráfego adjacentes. A largura da pista é a soma das larguras de todas as faixas que a compõem (Aula 05). 8.2.2. Acostamentos São espaços adjacentes à pista de rolamento, destinados a paradas de emergência. São fundamentais em rodovias com grande volume de tráfego para que não haja parada de veículos sobre as faixas de tráfego. Benefícios: Criam espaços necessários para que as faixas de tráfego fiquem livres; Servem como áreas de escape para que veículos possam fugir ou pelo menos diminuir os efeitos de possíveis acidentes; Ajudam a drenagem da pista e, quando pavimentados, protegem as bordas da pista; Melhoram as condições de visibilidade nas curvas horizontais; Garantem a inexistência de obstáculos próximos da pista; Criam espaços que podem, eventualmente, ser utilizados como parada de ônibus. Aula 8 8. Seções Transversais e Notas de Serviços 8.2. Seção Transversal – Elementos Básicos 8.2.2. Acostamentos Aula 8 Largura do acostamento direito Classe de Projeto Topografia da região Plana Ondulada Montanhosa Classe 0* 3,50 3,00 3,00 Classe I* 3,50 2,50 2,50 Classe II 3,00 2,50 2,00 Classe III 2,50 2,00 2,00 Classe IV 2,00 2,00 – 1,50 1,50 – 1,20** Largura do acostamento esquerdo Número de faixas Topografia da região Plana Ondulada Montanhosa 2 0,60 0,60 0,50 3*** 3,00 – 2,50 2,50 – 2,00 2,50 – 2,00 4 3,00 3,00 3,00 – 2,50 *Adotar 3,50m onde for projetado um volume horário unidiresional de veículos comerciais superior a 350m **Valor Mínimo absoluto 1,20m *** Valores desejável e mínimo, respectivamente. 8. Seções Transversais e Notas de Serviços 8.2. Seção Transversal – Elementos Básicos 8.2.3. Taludes Laterais Os taludes de corte e aterro devem ser suaves, acompanhando o terreno, de forma a dar à estrada um aspecto harmonioso com a topografia do local. Pimenta e Oliveira (2013) sugerem que, taludes com inclinação 1:4 arredondados nas concordâncias com a plataforma da estrada e com o terreno natural são soluções interessantes para projetos geométricos. É importante ressaltar a relação custo-benefício da execução de taludes para com o custo da escavação e movimentação de terra. Aula 8 8. Seções Transversais e Notas de Serviços 8.2. Seção Transversal – Elementos Básicos 8.2.4. Plataforma Plataforma é o espaço compreendido entre os pontos iniciais dos taludes, isto é, a base do talude no caso de corte e o topo do talude no caso de aterro. A plataforma contém pistas, acostamentos, espaços para drenagem e separador central no caso de pistas duplas. 8.2.5. Espaços para Drenagem É necessário que haja espaços suficientes na plataforma para a implantação de dispositivos adequados de drenagem longitudinal. Nas estradas de pista simples, é recomendado que sejam deixados espaços de 1,0m adjacentes aos acostamentos. Nas de pista dupla são colocados também dispositivos no canteiro central. 8.2.6. Separador Central Divide as pistas de rolamento. Pode ser constituído por defesas metálicas ou de concreto, por calçadas e guias, ou por canteiros gramados, que evitam erosão e compõem o paisagismo. Aula 8 8. Seções Transversais e Notas de Serviços 8.2. Seção Transversal – Elementos Básicos 8.2.7. Guias As guias são usadas para disciplinar a drenagem, delinear e proteger as bordas do pavimento, melhorando a estética da estrada e reduzindo custos de manutenção. Em estradas com guias, as curvas verticais convexas deverão ter no máximo 5000m de raio para garantir o escoamento adequado da água superficial, não sendo recomendadas em áreas rurais. 8.2.8. Faixas de Domínio É a faixa de terra destinada à construção, à operação e às futuras ampliações da estrada. Deve ser definida de forma oferecer o espaço necessário à construção da estrada, incluindo cristas de cortes, saias de aterro, obras complementares e uma folga de no mínimo 5m para cada lado. Quando há previsão para ampliação da estrada, a faixa de domínio deverá também conter o espaço necessário. Geralmente, nas proximidades de áreas urbanas são adotas faixas mais largas, pois o desenvolvimento urbano valoriza os terrenos lindeiros, encarecendo eventuais desapropriações futuras. Aula 8 8. Seções Transversais e Notas de Serviços 8.2. Seção Transversal – Elementos Básicos 8.2.8. Faixas de Domínio 8.2.8. Pistas Duplas Independentes Nas estradas projetadas em regiões montanhosas ou onduladas, a manutenção de uma largura fixa para canteiros centrais pode não ser conveniente. As pistas são projetadas com traçados e perfis independentes mantendo-se apenas valores mínimos para a largura dos separadores centrais. Aula 8 Largura da faixa de domínio (m) – DER (SP) Classe da Rodovia Mínima Proximidade de cidades E 100 120 I 50 80 II 50 80 III 50 80 8. Seções Transversais e Notas de Serviços 8.3. Inclinação Transversal 8.3.1. Pistas simples com duas faixas e dois sentidos. Nos trechos em tangente, as pistas são construídas com uma pequena inclinação transversal para garantir o rápido escoamento de águas pluviais. A solução mais usada é a criação de inclinações opostas para as duas faixas, podendo ser arredondada. Neste caso, são empregadas parábolas, fazendo com que a inclinação vá aumentando no sentido das bordas, solução esta com maior dificuldade de construção. Aula 8 8. Seções Transversais e Notas de Serviços 8.3. Inclinação Transversal 8.3.1. Pistas simples com duas faixas e dois sentidos. Acostamentos devem, sempre que possível, ter inclinação transversal maior que a da pista, de forma a colaborar com a saída de águas pluviais. Pavimentados devem ter inclinação entre 2% e 5% e não pavimentados, entre 4% e 6%. Nos trechos em curva, a pista deverá ter inclinação transversal única (superelevação). A inclinação do acostamento interno pode acompanhar a mesma inclinação da pista ou manter a inclinação nos trechos em tangente. O acostamento externo deverá ter inclinação oposta à pista, não inferior aos valores mínimos estabelecidos, criando um adequado escoamento das águas pluviais. Aula 8 8. Seções Transversais e Notas de Serviços 8.3. Inclinação Transversal 8.3.2. Estradas com pista dupla Nos trechos em tangente, uma possibilidade é adotar para cada pista uma das soluções propostas para o caso de pista simples. A segunda possibilidade é o uso de pistas com declividade única. Aula 8 8. Seções Transversais e Notas de Serviços 8.4. Notas de Serviçode Terraplenagem (PEREIRA et al., 2017) O cálculo da nota de serviço por processo convencional (não informatizado) é fundamentalmente analítico, estando associado à gabaritagem da seção de projeto. Para a gabaritagem de uma seção típica de rodovia em pista simples, sem banquetas, é recomendável a seguinte seqüência: 1. Cálculo da caderneta de nivelamento da seção transversal, determinando afastamentos (distâncias) e cotas da seção, à direita e à esquerda do eixo; 2. Desenho da seção transversal do terreno, usualmente em escala 1:200; 3. Marcação, na posição correspondente ao eixo, da cota do greide. A diferença entre a cota do terreno e a cota do greide, como visto anteriormente, é designada por cota vermelha; 4. Considerado o abaulamento transversal ou a superelevação (em tangente ou em curva, conforme o caso), desenhar com auxílio de par de esquadros o caimento de cada semi-plataforma a partir do eixo; 5. Na distância correspondente à soma entre a semi-plataforma e a eventual superlargura, marcar o bordo da plataforma de terraplenagem; 6. Novamente com auxílio de par de esquadros, traçar a partir do bordo da plataforma a direção do talude de corte ou aterro, consideradas as correspondentes inclinações; 7. Na interseção de cada talude com o terreno natural, ficam definidos os off-sets. Aula 8 8. Seções Transversais e Notas de Serviços 8.4. Notas de Serviço de Terraplenagem (PEREIRA et al., 2017) Para o cálculo da nota de serviço, os dados são registrados em planilha específica, conforme modelo anexo, adotando-se, para rodovia em pista simples, em seção sem banquetas, a seguinte seqüência: 1. Transcrição, para a linha da planilha correspondente à estaca considerada, da cota do terreno e da cota do greide na posição do eixo locado; 2. Cálculo da cota vermelha, considerando sinal algébrico positivo para cortes e negativo para aterros; 3. Anotação da distância de cada bordo ao eixo, tomando-se para tal a soma da largura da semi- plataforma com a superlargura (se existente); 4. Cálculo da cota de cada bordo, levando em conta a distância anteriormente anotada e o abaulamento transversal ou a superelevação; 5. Medir graficamente, na seção gabaritada, a distância de cada off-set ao eixo, registrando no campo específico; 6. Cálculo da cota de cada off-set, da seguinte forma: calcular inicialmente a distância do bordo ao off-set; com a inclinação do talude chegar à cota do offset, a partir da cota do bordo. A imprecisão decorrente da medida gráfica que dá origem à definição do off-set é aceitável, sendo corrigida na fase de obra. Aula 8 8. Seções Transversais e Notas de Serviços 8.4. Notas de Serviço de Terraplenagem (PEREIRA et al., 2017) Modelo de Nota de Serviço Aula 8 Nota de Serviço de Terraplenagem Estaca Ponto Lado Esquerdo Eixo Lado Esquerdo Off- set Bordo Terre no Greide Cota Vermelha Off- set Bordo Dist. Cota Dist. Cota Dist. Cota Dist. Cota 8. Seções Transversais e Notas de Serviços Referências Bibliográficas Pontes Filho, G. Estradas de Rodagem: Projeto Geométrico, Ed. IPC Brasil. São Carlos, 1998. Lee, S.H. Apostila de Projeto Geométrico de Estradas. UFSC, 2000 Pimenta, C.R.T. e Oliveira, M.P. Projeto Geométrico de Rodovias. Editora RiMa - 2ª Edição. São Carlos, 2004; Manzolini, A. Notas de Aula de Projeto de Estradas – Aula 7. UNESP, 2009 Pontes Filho, G. Projeto Geométrico de Rodovias. 2. ed. Uberaba: Uniube, 2013. Nogueira, R.C. – Notas de Aula de Projeto de Estradas. UAM, 2016. Pereira, D.M., Franco. E.J., Ratton, E., Blasi, G.F., Bastos, J.T., Bernadinis, M. de A.P., Küster Filho, W. Projeto Geométrico de Rodovias – Parte I. UFPR, 2017. Aula 8
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