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A EDUCAÇÃO INTELECTO ATUAL: O CONSTRUTIVISMO TEÓRICO- PRÁTICO A EDUCAÇÃO INTELECTO ATUAL: O CONSTRUTIVISMO TEÓRICO- PRÁTICO Relber Aguiar Gonçales (Organizador) Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) ___________________________________________ Gonçales, Relber Aguiar A educação intelecto atual: o construtivismo teórico- -prático / Relber Aguiar Gonçales -- 1ª ed. São Paulo SP : PoloBooks, 2017. 256p.; 14,8 x 21cm. ISBN: 978-85-5522-261-0 Educação. 2. Educação e pesquisa. 3. Construtivismo I. Título CDD 320 ___________________________________________ Índice para catálogo sistemático: 1 Educação: 2 Educação e pesquisa: 3 Construtivismo 1ª edição: dezembro de 2017 2017 Gráfica PoloEditora 11 . 3791.2965 11 . 98393.7000 www.poloprinter.com.br atendimento@poloprinter.com.br polo.books SUMÁRIO CAPÍTULO I SABERES BRASILEIROS E PORTUGUESES: (RE) PENSANDO A EDUCAÇÃO, COMO, PORQUE E PARA QUE Relber Aguiar Gonçales Mariana Gonçalves CAPÍTULO II DESPERTAR DO ESPÍRITO CIENTÍFICO Rosangela Ferreira Rodrigues Marla Piumbini Rocha Anderson Ferreira Rodrigues Luciane da Silva Martins Vera Lucia Bobrowski CAPÍTULO III BACTÉRIAS FANTÁSTICAS E ONDE HABITAM Ricardo Cardoso Castro Relber Aguiar Gonçales Flávia Costa Mendonça Natividade CAPÍTULO IV O ENSINO DE CIÊNCIAS NO CICLO DE ALFABETIZAÇÃO NA EMEF BENJAMIN CONSTANT – ARROIO DO PADRE/RS: UM ESTUDO DE CASO Elizângela Macedo Torres Adriane Maria Delgado Menezes Beatriz Helena Gomes Rocha Vera Lucia Bobrowski CAPÍTULO V ENSINO DE BOTÂNICA NO CONTEXTO DAS ESCOLAS PÚBLICAS E PROPOSTAS PARA FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES Relber Aguiar Gonçales Anelize Cardozo da Gama CAPÍTULO VI A FORMAÇÃO INICIAL DE PROFESSORES DE CIÊNCIAS E BIOLOGIA CENTRADA NA EVOLUÇÃO BIOLÓGICA Gustavo Tavares Medina Beatriz Helena Gomes Rocha Vera Lucia Bobrowski CAPÍTULO VII UM ESTUDO SOBRE OS DESEJOS E RECURSOS DEFENSIVOS DE PROFESSORES QUE ATUAM NO ENSINO FUNDAMENTAL DE UMA ESCOLA PÚBLICA NA CIDADE DE SÃO PAULO – BRASIL Susana Sneiderman Marlene Banhos Laura Bongiardino Melanie Ghidella Fiorella Martino Ana Joulie Araújo Mora Alesis Biaín Fernanda Iglesias CAPÍTULO VIII REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DOS REFERENTES DA EDUCAÇÃO PARA UM GRUPO DE PROFESSORES DE FÍSICA Magliane Soares Trindade Odair Nunes Soares CAPÍTULO IX DIFAJ (DIAGNÓSTICO INTERDISCIPLINAR FAMILIAR DE APRENDIZAGEM EM UMA JORNADA): UM MODELO CLÍNICO DE PRIMEIRA ENTREVISTA NO TRATAMENTO PSICOPEDAGÓGICO Cláudia Moscarelli Corral APRESENTAÇÃO Este livro contém contribuições de pesquisadores com saberes distintos e de níveis de conhecimentos das mais diversas áreas do conhecimento; o sentimento de mudança e a inquietude prevalece em todos, com a certeza de que um mundo onde a educação seja prioridade prevalecerá. O primeiro livro publicado Educação: Pesquisas, Reflexões e Problematizações, o qual organizei com muito afinco, foi composto por capítulos de suma importância para a construção de saberes, reflexões e problematizações para a formação de professores, além de abarcar questões relevantes dentro da temática Educação. Organizar este segundo livro com a temática educação tornara-se mais um desafio que decidi tomar nas mãos, sendo o intelectual e o saber docente os grandes cernes deste livro, e compilam contribuições de diferentes metodologias teórico- práticas para uma educação de qualidade. A educação, de forma geral, necessita que o intelecto esteja em constante atualização, assim como os profissionais docentes. As mudanças são inexoráveis e necessitamos sonhar com um futuro onde a temática educação seja prioridade para todas as nações, juntos somos mais, juntos podemos mudar os rumos que ora elencamos em todas as pesquisas aqui exploradas. Julgo que podemos alavancar o que sonhamos para uma educação mais justa e igualitária, acessível a todos, com valorização dos docentes em todos os âmbitos e que os mais interessados em aprender possam ser beneficiados com o que o ensino pode oferecer. O time de autores que compõem os capítulos deste livro foi escolhido conforme suas expertises e vivências, compreendendo áreas diversas. Dessa forma, desejo a você prezado leitor, um sonho a ser realizado e que ao mergulhar neste livro, você possa compreender a mensagem deixada em cada um dos capítulos aqui explicitados, desejo que você sonhe, sonhe alto, sonhe o quanto puder, que possas dar asas a tua imaginação e que, a partir disso, possas concretizar todos os teus sonhos, com a certeza de que os sonhos são possíveis a todos aqueles que acreditam que após a chuva sempre o sol volta a brilhar. E assim, vou concluindo com uma frase que diz muito sobre os nossos sonhos, pois “sem sonhos, a vida não tem brilho. Sem metas, os sonhos não têm alicerces. Sem prioridades, os sonhos não se tornam reais. Sonhe, trace metas, estabeleça prioridades e corra riscos para executar seus sonhos. Melhor é errar por tentar do que errar por omitir. “ (Augusto Cury) Ademais, desejo que você, prezado leitor, seja um sonhador, venha sonhar conosco, veja o concreto hoje e agora, e principalmente para que “futuramente o adolescente tenha boas recordações das aulas que um dia fizeram a diferença para que hoje (futuro) tivessem chegado aonde chegaram (GONÇALES, et al., 2016, p.36), e que esses sonhos sejam concretizados com base em uma educação de qualidade, construtivista e que a teoria e a prática virem rotina dentro das escolas mundo a fora, pois o mundo real necessita de profissionais comprometidos com o saber fazer e o saber como fazer, pois dessa forma, com esse pensamento, tornar-se- á possível concretizarmos os nossos sonhos que ora almejamos. CAPÍTULO I: Saberes brasileiros e portugueses: (re) pensando a educação, como, porque e para que A educação brasileira e portuguesa passam por constantes mudanças de cunho político e social. Nosso berço enquanto civilização traz consigo inúmeras características e similaridades. Somos brasileiros emancipados há 517 anos, com traços marcantes e diversidades enormes, enquanto que portugueses milenares como nação. O que temos em comum? O que difere na educação desses dois países? Vamos explorar e viajar através do Atlântico para Brasil e Portugal. Visões e reflexões acerca de culturas e vivências. Para tanto, convidamos você, querido leitor, a embarcar conosco, nessa aventura... Por favor, não aceite nossas constatações como meras e cruas verdades, queremos que você seja nosso espectador e porque não fazer-se presente nessa viagem emocionante pelo mundo da educação? Vem conosco, venha, venha... Palavras-chave: educação brasileira; educação portuguesa; valores; metodologias de ensino. CAPÍTULO II: Despertar do espírito científico Com o objetivo de avaliar a efetivação do processo de aprendizagem, através da interpretação de artigos científicos, e o posicionamento de forma crítica, através de debates apresentados a comunidade escolar, foi desenvolvido um projeto na EEEM Adolfo Fetter, Pelotas, RS, em 2011. Os alunos participaram do projeto preparando uma apresentação em que ocorreu a simulação de uma entrevista abordando, sob o ponto de vista biológico, sociológico e filosófico, o artigo cientifico intitulado “Todas as Cores”, de Nina G. Jablonski e Geoge Chaplin. Os resultados desta pesquisa evidenciaram que somente o envolvimento efetivo produz um conhecimento duradouro e real, pois à medida que leem o assunto e tiram dúvidas e apropriam-se de conceitos e ideias antes desconhecidas passa a fazer parte de sua realidade. Palavras-chave: Construção do conhecimento, ensino de Biologia, alfabetização científica CAPÍTULO III: Bactérias fantásticas e onde habitam O modelo de aprendizagem tradicional, no qual cabe ao professor a função de transmitir informações e posteriormente avaliar oconhecimento do aluno tem cedido espaço a uma nova estratégia de ensino voltada ao protagonismo do aluno. Nessa nova abordagem, é considerado o conhecimento prévio trazido pelos estudantes, advindos do seu cotidiano que serve como base mental para que a partir disso novos conceitos sejam aplicados e compreendidos. O projeto Bactérias Fantásticas e Onde Habitam, abordou temas relacionados a microbiologia geral e pautou-se em um levantamento de dados, a partir de questionários, construção de mapa conceitual, atividades práticas, experimentais e lúdicas a estudantes do ensino fundamental e médio. O objetivo foi proporcionar conhecimentos gerais sobre ubiquidade microbiana com aplicações em cultivo celular, transmissão bacteriana, assepsia e esterilização, correlacionando com atividades da rotina diária dos alunos. Palavras-chave: Pesquisa em sala de aula. Aulas-práticas no ensino de Ciências. Higienização. Micro-organismos. Células de defesa. CAPÍTULO IV: O ensino de ciências no ciclo de alfabetização na EMEF Benjamin Constant – Arroio do Padre/RS: um estudo de caso O estudo foi realizado na EMEF Benjamin Constant, Arroio do Padre- RS, com o objetivo de analisar fragilidades com relação à alfabetização científica, apontadas por professoras dos anos iniciais, e assim propor atividades para dirimir tais dificuldades, incentivando o uso de diferentes abordagens pedagógicas. Palavras-chave: Alfabetização Científica. Anos Iniciais. Metodologias Alternativas. CAPÍTULO V: Ensino de botânica no contexto das escolas públicas e propostas para formação continuada de professores Visando qualificar o ensino de botânica, projetos vêm sendo criados na busca pela ressignificação das práticas educativas. Esta pesquisa objetivou avaliar a aprendizagem dos alunos em relação aos conceitos de botânica e a partir daí propor aos professores ferramentas didáticas alternativas para as necessidades evidenciadas. A pesquisa foi desenvolvida em escolas da rede pública da cidade de Pelotas, RS, com turmas regulares da educação básica, através da aplicação de entrevistas semi-estruturadas para 355 alunos e 21 professores. Os resultados demonstraram os alunos desejam aulas-práticas sobre botânica, pois entendem que facilita a compreensão, tornando o aprendizado significativo; já os professores alegam que as escolas não apresentam infra- estrutura adequada para aulas práticas e que possuem dificuldades com os conceitos de botânica e a elaboração de aulas inovadoras. Evidencia-se neste trabalho o quanto é importante à formação continuada para professores da educação básica, numa perspectiva reflexiva e autônoma, para que estes, ao capacitarem-se, instiguem seus alunos a tornarem-se sujeitos de suas aprendizagens, construtores de seus conhecimentos e de sua história. Palavras-chave: Ensino de Botânica. Formação continuada. Aprendizagem significativa CAPÍTULO VI: A formação inicial de professores de ciências e biologia centrada na evolução biológica A teoria evolutiva possui papel fundamental para o entendimento de muitos conceitos biológicos e tem sua validade pouco questionada pela comunidade científica, sendo considerada por muitos como um fato. Porém, mesmo que possua importância, tanto científica quanto filosófica, a Evolução Biológica ainda não é totalmente aceita pela população em geral e até mesmo por professores de Ciências e de Biologia. Ademais, um número razoável deles tem pouco conhecimento sobre as bases da evolução ou continuam com equívocos mesmo após sua formação ter sido concluída ou praticamente concluída. Esse fenômeno é preocupante, visto que esses professores são os responsáveis pela disseminação do paradigma evolutivo para seus alunos no Ensino Básico. Dessa maneira, o objetivo desta pesquisa foi analisar a formação inicial de alunos de Licenciatura em Ciências Biológicas da Universidade Federal de Pelotas (RS, Brasil) quanto à estrutura do Curso e ao aprendizado sobre Evolução Biológica. Palavras-chave: Ensino de Evolução. Teoria da Evolução. Ciências Biológicas. Ensino Superior. CAPÍTULO VII: Um estudo sobre os desejos e recursos defensivos de professores que atuam no ensino fundamental de uma escola pública na cidade de São Paulo – Brasil Objetivou-se refletir sobre as vicissitudes sofridas pelo educador do Ensino Fundamental. Analisamos uma pequena amostra de professoras da rede pública da cidade de São Paulo – Brasil, explorando quais recursos psicológicos funcionais dispõe para realizarem suas funções laborais cotidianas. Estudamos quais desejos e mecanismos de defesa são utilizados, bem como o que poderia acontecer se estes falharem. Palavras–chave: professor, desejos, defensas, questionário desiderativo. CAPÍTULO VIII: Representações sociais dos referentes da educação para um grupo de professores de física O presente artigo refere-se a pesquisa com um grupo de professores universitários sobre o tema Referentes Educacionais, a saber, Educação, Ensino e Aprendizagem que ocorreu com 19 sujeitos, docentes do Curso Física da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT). O estudo teve como aporte teórico a Teoria das Representações sociais (Moscovici,1978) e a filosofia política de Hanna Arendt. As discussões no artigo apontam os pressupostos presentes na relação professor-aluno: a forma como essa relação se estabelece em torno do ensino e aprendizagem da Física; a relação que se constrói a partir de modelos ora humanistas e dialógicos, ora tecnicistas e autoritários; e a dificuldade que os professores encontram ao falar de assuntos que atravessam as suas práticas como educação, ensino e aprendizagem.A coleta dos dados ocorreu através de entrevistas semiestruturadas, as quais foram processadas pelo software ALCESTE 2010. Palavras-chave: Educação. Ensino. Aprendizagem. Representações Sociais. CAPÍTULO IX: DIFAJ (diagnóstico interdisciplinar familiar de aprendizagem em uma jornada): um modelo clínico de primeira entrevista no tratamento psicopedagógico Este artigo apresenta a experiência de extensão universitária em Psicopedagogia Clínica, do Curso de Psicologia através do Projeto Psicopedagogia em Ação. O caráter inovador deste projeto foi se utilizar do diagnóstico instrumentado por uma só visita à clínica-escola, com a inclusão de toda a família no processo diagnóstico; e depois foram atendidos o paciente, seus pais e seus irmãos pelos acadêmicos de Psicologia e de Especialização em Psicopedagogia em grupos. Em três horas e meia de atendimento clínico foram feitas: anamnese com os pais; diagnóstico da dinâmica familiar através de sessões lúdicas; análise dos testes projetivos da criança dos membros da família; análise das relações entre irmãos e, posteriormente, entrevista de devolução, apresentando o plano de tratamento posterior a seguir para a família, incluindo um olhar sobre a escola. Este artigo descreve a experiência de pesquisa-ação situada no paradigma qualitativo e executada numa abordagem psicanalítica e psicopedagógica do sintoma na aprendizagem. A população a que se destinou a prática foi composta por 23 crianças na faixa etária de 7 a 12 anos, seus pais e seus irmãos, além de professores e acadêmicos participantes. Os resultados do método oportunizaram a construção do conhecimento na interface entre a Psicologia, a Psicanálise e a Psicopedagogia na compreensão, interpretação e intervenção, em âmbito institucional e clínico. Dando ênfase à Epidemiologia Crítica como modo de compreensão do fracasso escolar. O projeto contou com uma abordagem através de palestras e oficinas nas instituições de ensino. Posteriormente as crianças diagnosticadas foram atendidas em oficinas de escrita e em grupos de tratamento durante dez sessões semanais. Seus pais foram acolhidos em grupos de pais e orientados concomitantemente em salas distintas pela coordenação do projeto junto aos acadêmicos. Os resultados do método apontam um êxito na consecuçãodos objetivos propostos, demonstrou que ao se utilizar da escuta da família num modelo de abordagem sistêmico o tratamento dos problemas de aprendizagem em instituições ganha eficiência e eficácia. Palavras-chave: Diagnóstico Familiar. Problema de Aprendizagem. Interdisciplinaridade. Primeira Entrevista. Boa leitura! Relber Aguiar Gonçales CAPÍTULO I “Quando a educação não é libertadora, o sonho do oprimido é ser o opressor”. Paulo Freire SABERES BRASILEIROS E PORTUGUESES: (RE) PENSANDO A EDUCAÇÃO, COMO, PORQUE E PARA QUE Relber Aguiar Gonçales1, Mariana Gonçalves 2 1 Biólogo, Me e Doutorando em Biologia Celular e Molecular. Universidade de São Paulo (FMRP- USP), Ribeirão Preto, SP. E-mail: relbergoncales@usp.br 2 Mariana Gonçalves, Gestora de Marketing Digital, Licenciada em Comunicação Social. Universidade do Minho, Braga, Portugal. E-mail: mrgoncalves@gmail.com Quem somos nós? Um brasileiro... Parece fácil descrever quem ou o que fomos ou somos, não é mesmo? A vida é uma caixinha de surpresas, nem sempre somos aquilo que gostaríamos de ser. Nossa vida baseia-se em princípios de honestidade, de força de vontade, de determinação, de valores e de crenças.... Sem todo esse alicerce em nossa formação não teríamos a construção do Eu, a isso chamamos de bagagem intelecto-atual. Caro leitor, bem-vindo ao mundo em que é possível sonhar... um mundo de altos e baixos... com algumas curvas que ora desbravaremos e poderemos compreender que as decisões na vida podem ser inúmeras e para saber se tomamos as decisões de forma correta, basta nos posicionarmos em algum ponto do nosso passado e olharmos para o hoje.... Para tanto, convido você a uma viagem... uma viagem de histórias e estórias também. A nossa viagem começa no período entre os anos 70 e 80. Dissertaremos aqui com você momentos que fizeram história por onde, quando e como passamos e vivemos, convivemos das mais diversas formas de ser e de agir; histórias de vida, de alegria, de tristezas, de lutar pelo que se acredita. Nesse ponto duas histórias com um mesmo objetivo: a educação. Brasil e Portugal juntos, desde o extremo sul do Rio Grande do Sul até o extremo norte de Portugal, ambos os personagens nasceram em um dia cinzento, o sol escondera-se por entre nuvens, as folhas das árvores balançavam lentamente conforme o som de uma brisa leve... Incrível, exorbitante, extraordinário. Provavelmente, o nascimento desses desbravadores em épocas totalmente diferentes tenha sido a principal coisa que aconteceu nas décadas de 70 e 80, ao menos para eles, não é mesmo? Complicado falar sobre histórias de vida tão complexas, pois toda palavra é uma confissão e uma confissão sobre pessoas e culturas pode parecer indecente, porque de fato, só haverá qualidades. A vida está nos sonhos que se sonham e os sonhos somos nós mesmos, nunca sonharam uma vírgula que não fossem concretizar. Nossas histórias começam em 1979 e 1988. Nascidos numa cidade do Norte de Portugal e extremo sul do Rio Grande do Sul, Brasil, filha única de pai mecânico e mãe doméstica e quarto filho (gêmeo) de pai pecuarista e mãe costureira. Os julgamentos fazem parte da trajetória e quando se é julgado pode-se constatar e levantar hipóteses, mas pode ser pelo fato de não nos conhecerem de fato. Talvez sejamos de outro planeta, com mentes inventivas e dirigidas para o progresso. Penso que se faz necessário ter e construir uma opinião formada sobre tudo e caso não se tenha opinião sobre algo, é importante correr atrás, estudar, aprimorar o que e para que, pois, dessa forma podemos concretizar uma opinião sobre diversos assuntos. Uma portuguesa... Infância passada a brincar entre bonecas e legos, sem grande contato com outras crianças, devido a uma super-proteção materna. Esta circunstância criou grandes expectativas quanto à entrada na escola. Com 6 anos entrei pela primeira vez numa sala de aula, sedenta de conhecimentos e acima de tudo, de amizades. Em pouco tempo aprendi a ler, a escrever concretizando assim o sonho da independência na leitura. Já podia assim fugir da realidade solitária caseira nas páginas dos livros. Em casa, minha mãe sempre incentivou o estudo: “Não queiras ter uma vida sofrida como a dos teus pais e estuda, para que nunca tenhas que depender de um homem!” Quantas vezes ouvi esta frase, a mesma ficou tatuada para sempre no meu Ser. Eu acreditei que se estudasse, me formasse, tudo seria mais fácil. E fui crescendo, com o objetivo de ingressar na Universidade. Contudo, naqueles tempos não havia a quantidade de informação que hoje temos disponível. Não havia apoio às escolhas de um futuro. Ou as crianças já tinham ideias muito concretas do que queriam ser “quando fossem grandes”, ou tinham que escolher um pouco na base do “acho que gosto disto”. No meu caso particular, que tinha muita facilidade em qualquer área do saber, escolhi as Humanidades porque gostava de ler e de escrever. Com certeza, nos dias de hoje, as coisas teriam sido diferentes, mas o apoio na escola às escolhas era bem diferentes. Chegada à Universidade, a realidade era outra. Professores distantes, matérias totalmente alheadas da realidade do mundo do trabalho, e eu questionei se era mesmo aquele o caminho. Mas a decisão estava tomada, e segui até o final. Cinco anos de academia, fui estagiar e confirmei que a Universidade muito pouco de útil para o mundo real me tinha oferecido. Entendi, contudo, que tinha cumprido o seu papel de contribuir para uma abertura de mente, e para o treino da ginástica mental face aos diversos desafios propostos. Com altos e baixos, avalio de uma forma muito positiva todo o meu percurso acadêmico, e gostaria que os meus dois filhos pudessem ter a mesma qualidade no ensino público que a mãe teve. Brasil e Portugal: Estratégias marcantes Visão brasileira... Dinamizar com o jovem é o grande desafio para as escolas da atualidade, essas por sua vez têm o dever de aguçar a curiosidade, uma vez que os educadores têm o papel de instigar os alunos na busca pela construção de conhecimentos, levando-os a questionamentos, resolução de situações- problema, e assim, muitas vezes a família apresenta papel fundamental na formação pedagógica dos seus filhos. Final da década de 80, família em sua maioria com pouca instrução (ensino fundamental incompleto), origem humilde, pai pecuarista e mãe costureira, sem luz elétrica, realidade brasileira ainda observada em muitos lares inclusive nos dias de hoje. Alguns fatos marcantes se perpetuam em meu intelecto, para chegar até a escola, era necessário deslocar-me de ônibus que levava em média 30 min até o destino. Dessa forma, com 5 anos ingressei na pré- escola, tive uma boa formação e em poucos meses aprendi a ler e a escrever. Embora estivesse com um destino pré-definido, pois era mais fácil remar a favor da correnteza, não contra, seguir as lides da pecuária, plantações de arroz, de milho e de verduras, criação de animais de pequeno e grande porte. Mas “não está morto quem peleia” e era preciso correr atrás do que a progenitora pensava e acreditara que seria o melhor para sua prole: estudar. Acreditava que a melhor saída era, de fato, estudar, como uma sonhadora nata, sonhava por todos, impulsionava, instigava e dava exemplos de vida particulares, provavelmente na tentativa de mostrar a importância de se acreditar em um futuro diferente, promissor, ou porque não tentador, com o passar dos anos, aprendi a sonhar e percebi que eu poderia concretizar cada sonho, pois quando sonhamos com outras pessoas, mais real ele pode se tornar... Desde pequeno, questionador, curioso, emotivo e extrovertido. Sabia que a vida era pequena para ser vivida com base no pouco, não me contentava com restos, pois não precisamos de restos para ser felizes. Assim, fomos todos residir no município, com média de 33 mil habitantes, e os desafios e preocupações para os paisagora já eram outros, pois sair do interior para viver na cidade era notório o fácil acesso a drogas, bebidas, cigarros. Preocupações que abalavam a todos, inclusive parentes mais próximos. No que concerne ao ensino, observava professores que já não gostavam mais de ensinar, pois eram questionados do porquê disto ou daquilo, hoje compreendo que o método ensino-aprendizagem se pautava no tradicional: o professor finge que ensina e o aluno finge que aprende... Com base na construção de minha personalidade, diversos episódios foram importantes. Traumas, medos, aflições, amigos, falsos amigos, alegrias, tristezas, a vida nos presenteia o tempo todo, a cada dia, precisamos acreditar que o presente, o hoje, pode ser algo em que se pode sonhar, o importante é sonhar, sonhe caro leitor, sonhe dormindo, sonhe acordado, feche os olhos e sonhe, sonhe muito [...]. Creio que a identidade é julgada como sendo característica própria de uma pessoa que compõem quem ela é, sua nacionalidade, sua filiação, sua profissão, etc. Também, ao olhar da psicologia, a identidade pode ser entendida como tudo aquilo que constitui a personalidade e permanece semelhante com o passar do tempo, ou seja, que é imutável. No ser humano, a identidade é construída na infância, período em que nos desenvolvemos física e mentalmente, estando abertos ao aprendizado de novos conhecimentos e experiências, fase em que existe necessidade de cuidados. A construção é gradativa e se dá por meio das interações sociais. Por meio de participação no grupo familiar, pois ao confundirmos deveres com cuidados extremos, realizando as tarefas por eles, não estamos permitindo ao jovem construir sua identidade. Já em Portugal... Há alguns anos, em Portugal, houve profundas alterações no sistema educativo: agregação de escolas, com a criação de mega- agrupamentos, aumento da escolaridade obrigatória até ao 12º ano e a criação das “metas curriculares”. A criação dos mega-agrupamentos, que consiste em juntar diversas escolas de diferentes níveis de ensino debaixo de uma mesma alçada, foi uma medida por muitos considerada economicista em tempos de crise. Permitiu diminuir o número de professores e auxiliares necessários, mas criou agrupamentos com mais de 3.000 alunos, o que dificulta, e muito, uma gestão de proximidade e a criação de laços fundamentais. Em 2012, a escolaridade obrigatória foi aumentada do 9º para o 12º, considerando-se que era essencial para os jovens estarem na escola pelo menos até os 18 anos. Contudo, o reverso da medalha, representa na insistência em alunos que não querem estar na escola e consequentemente um aumento da indisciplina. Mais recentemente, houve a introdução das metas curriculares, que provocaram profundas alterações nos programas e manuais escolares. Em teoria, seria a criação de objetivos gerais para todo o país, na prática, há um alheamento da realidade escolar, o que as torna muito dificeis de realizar no contexto de sala de aula. Muito resumidamente, estes marcos, são a realidade atual das escolas de um Portugal que luta para sair de uma profunda crise econômica. Lembro-me que, nas escolas por onde passei, os alunos, na sua maioria, respeitavam os professores. E os pais desses alunos respeitavam os professores! Lembro-me também, que era objetivo da grande maioria tirar a melhor nota possível. E essa grande maioria esforçava-se, e estudava para passar de ano. Os professores viram a sua credibilidade diminuída dentro da sala de aula, fruto de uma profunda crise de valores. Não são raras as vezes que vemos casos de graves desrespeitos tanto de alunos como de pais, a quem ali está para ensinar. Na minha opinião muito pessoal, estamos a criar uma perigosa cultura de mediocridade. Ao não se incentivarem os alunos à excelência, porque afinal passam sempre, porque afinal não há grandes consequências dos seus atos, estamos a criar jovens que se contentam com pouco e que esse pouco venha sem esforço, de preferência. Porque precisamos pensar sobre os rumos da educação? Em Portugal... A educação é a pedra basilar da evolução de uma sociedade, para a sua transformação, e contribui de forma inquestionável para o desenvolvimento de cada indivíduo. Atualmente, em Portugal, pelo que vejo e sinto muito de perto, pois tenho dois filhos em idade escolar, estamos muito à deriva nesta área. Professores desmotivados, com carreiras congeladas desde 2005 devido à crise econômica, alunos cada vez mais medicados devido aos crescentes diagnósticos de hiperatividade são uma mistura explosiva para o futuro de um país. No meu ponto de vista muito pessoal, terá que haver uma humanização das escolas. No agora, as escolas são os locais onde deixamos os nossos jovens, para que lhes abram a cabeça e lhes extirpem o sentido crítico, a vontade e o questionamento. Os conteúdos programáticos são despejados, sem tempo para que haja um entendimento real, porque é preciso cumprir as metas curriculares. O indivíduo é diluído no todo, não havendo atenção às necessidades de cada um, afinal o professor é um e na sala são 26 crianças/jovens. A indisciplina tem aumentado de forma exponencial nos últimos anos, resultado do contexto familiar (familias desestruturadas, horas de trabalho em demasia por parte dos pais), da necessidade de auto- afirmação face a si próprio e ao grupo, e como resposta à desmotivação do corpo docente. Muitos pais delegam para a escola responsabilidades suas, como o ensinar a respeitar, a valorizar o outro. A escola não está de modo nenhum preparada para esta mudança. Pensar os rumos da educação é pensar todo o rumo de uma Sociedade! E quanto ao Brasil? Bem, precisamos acreditar e apostar nas escolas é um dos maiores desafios dos próximos anos, é preciso confiar, explorar os professores ao máximo. Parisotto e colaboradores (2003) nos relatam que: A vida tem sido definida como a soma de propriedades pelas quais um organismo se desenvolve e se reproduz, adaptando-se ao seu meio ambiente, qualidades essas que o diferem de corpos orgânicos mortos ou de corpos inorgânicos. Estes seres vivos (ou Sistemas Adaptativos Complexos), desde a mais simples forma orgânica até a complexidade observada nos primatas, seguem sua evolução sob a égide do Imperativo Reprodutivo: deixar cópias gênicas da melhor qualidade possível. Essa programação básica de fato está impressa em todos os seres vivos. Os valores que de berço carregamos são formadores de nossa personalidade, pais que mesmo sem instrução de ensino, são os nossos maiores professores, nos mostram desde cedo o certo e o errado, ou deveriam. Por isso, é papel da família educar, enquanto cabe a escola ensinar e contribuir para uma formação sólida e de qualidade. Mãe costureira e pai pecuarista, como podem ter culminado e instigado a formação de seus filhos? Enfermeira, Biólogo, Médico e Engenheiro de Produção, por acaso seria uma exceção à regra caro leitor? Muito fácil justificarmos tudo com esse tipo de frase (exceção à regra?). Talvez o principal ponto que deve ser levado em consideração é o sonho, pais sonhadores formam filhos concretizadores, pais que acreditam e filhos que constroem. O exemplo sempre esteve presente nas nossas vidas, nada é fácil, precisamos arregaçar as mangas e ir à luta (frase da progenitora), é preciso enfrentar os medos e não dar ouvidos as pessoas, em sua maioria, querem apenas nos dizer que já estamos predestinados a sermos pobres, do interior e que não seremos jamais capazes de conseguir o tão sonhado “lugar ao sol”, ledo engano, todo e qualquer cidadão é capaz de conseguir o que ele bem entender. Basta acreditar, impor metas e correr atrás. Nada é fácil, para ninguém, reclamar já o fazemos bastante, fazer-se de coitado não resolve, em frente os obstáculos e faça acontecer, mostre ao que veio. Julgo que o importante é falarem da vida alheia, de bem ou de mal, mas falem, enquanto isso, crescemos e construímos onosso império intelectual. Quem diria, hoje, podemos olhar para trás e dizer: “- Foi difícil, mas vencemos! ” Hoje, mãe é empresária, conseguiu instigar os filhos ao estudo, bem que ninguém pode jamais retirar de outrem, em meio a dificuldades, todos de sua prole estudaram em escolas públicas com formação superior em Instituições Públicas, formações, cursos, e etc. Um mestre e doutor diplomado pela Universidade de São Paulo (USP), a melhor da América Latina. Após cada obstáculo vencido para chegar até aqui, talvez muitos blasfemem, conseguiram tudo isso, porque roubaram, porque se prostituiram ou até mesmo porque se envolveram com o mundo das drogas, mas ninguém que aponta o dedo e julga, ninguém, acompanhou as noites em claro, de trabalho (por parte de quem nos sustentou) ou de noites estudando, quantas vezes tivemos que abrir mão de festas, de reuniões com amigos para que pudéssemos concretizar os nossos objetivos. Jovens de idade similar, na época, sonhavam com o primeiro emprego para comprarem seu primeiro veículo, nós sonhávamos com o primeiro emprego para pagar o cursinho pré-vestibular. Como digo sempre, o mundo dá voltas e gira muito rápido, não duvide da capacidade alheia, não desafie quem você não conhece, a vida é uma caixinha de surpresas e ninguém precisa de restos para ser feliz, faça acontecer pois o futuro é agora. Ao refletir sobre os rumos da educação é colocar em prática o que sempre tivemos que praticar no cotidiano, desde pequenos, quando não tínhamos aula, questionávamos o porquê, queríamos aula, cobrávamos, questionávamos e queríamos respostas. Professores já tinham receio, pois o conhecimento era colocado em prova, precisamos, hoje, mais do que nunca questionar sobre a qualidade do ensino. As escolas precisam acompanhar a evolução, precisam de internet de qualidade, aulas com Datashow, audiovisual de qualidade, aulas que instiguem a cultura (teatro, dança), os pais precisam estar presentes, contribuindo para o desenvolvimento local. A escola somos nós todos! Como seria a escola ideal? A partir de uma perspectiva brasileira... Enfim, acreditar que é possível uma escola mais informacional, mais prática é um dos maiores desafios para a modernidade, é preciso apostar, arriscar e investir em melhorias e capacitar os educadores, para que esses sejam o elo entre os pais e os alunos, e que possam ser finalmente os construtores de conhecimentos. A formação do Ser cidadão é, portanto, elemento que deve ser levado em consideração na formação da identidade do adolescente, manifestada por múltiplas identificações, como da imagem corporal, da descoberta do outro como objeto de amor ou desejo e da descoberta de si e das relações com os familiares, grupos e profissionais. Embora o exercício e o desenvolvimento do Eu seja considerado uma conduta simples e cotidiana, é muito complexa, pois assim como a sexualidade, permeia aspectos cognitivos que vão desde os mais primitivos (sensoriais) até esquemas de representação mais complexos, que envolvem a linguagem corporal, facial e outros sistemas de sinais (ROMERO, et al., 2007). Há, ainda, os aspectos culturais, extremamente relevantes, também arraigados na formação e no exercício da cidadania e valores construídos dentro do lar. Nascer, crescer, adolescer, adultecer, envelhecer e morrer. Parece clichê, mas a regra é esta. Permanecemos anos presos à escola, controlados para não sairmos antes de contemplarmos todas as aulas, além disso, somos avaliados o tempo todo e instigados a uma competição desenfreada, precisamos ser os melhores, em tudo. Assim, apenas os que detém melhores notas é que serão os mais queridos pelos professores, os demais são tratados como inferiores, como aqueles que estão ali apenas por número ou por um diploma de conclusão de curso para poderem conseguir um melhor emprego ou para melhorar os índices de avaliação do ensino, ou ainda para participarem de programas sociais do governo federal. A escola, além de apresentar características prisionais, toda murada, com “seguranças” prevendo a fuga dos alunos, janelas retangulares, aulas em sua maioria tradicionais, com pouco incentivo aos mais interessados em aprender. Pão e leite em sua maioria são as refeições oferecidas, pois com fome, não dá né? Muitos pais até gostam de enviar os seus filhos para a escola, não porque é legal e pensam no futuro dos mesmos, mas para se livrarem mesmo, para que a escola eduque e faça o papel que eles não são capazes de o fazer, a escola, finalmente, é vista, além de presídio, como comércio, como passatempo, como desempenhando papel de pais dos educandos. A escola deve ser libertadora como apregoa o grande mestre Paulo Freire, o conhecimento deve ser libertador e deve, e se assim não o ser, o sonho do oprimido será o de ser o opressor e, dessa forma, deverá conduzir os alunos a serem construtores de conhecimentos e de sonhos, especialistas na resolução de situações-problema, assim, devem ser os agentes transformadores do porquê e para que estudam. A escola ideal deve ser promotora de aulas em que os alunos estejam pelo prazer naquilo que a escola tem a oferecer. Devem ter o professor como mediador do processo ensino-aprendizagem. A escola ideal é aquela em que os professores se tornam parte do que e para que constroem o conhecimento, devem esses, preparar aulas diferenciadas, que estimulem o raciocínio lógico dos alunos. A escola ideal é aquela que contempla os saberes da comunidade em que está inserida, é aquela em que os alunos atuam como multiplicadores do conhecimento, levando até os lares o que estudam, assim, com esse pensamento, poderemos todos sonhar com um ensino de qualidade e com uma escola ideal. Além disso, para que a escola se torne ideal, as rixas políticas devem ser deixadas de lado, a equipe diretiva precisa estar alinhada com a comunidade e com os interesses da mesma, deve ser ativa e praticante dentro da comunidade ou do bairro. Professores devem (re) pensar o método de avaliação, fazer prova e prova e prova nem sempre é o melhor método, o melhor método é aquele que mesmo durante o processo avaliativo ainda há construção de conhecimentos, há formação, durante esse processo, o ser docente também deve ser avaliado. Muitos professores, não aguentariam assistir as suas próprias aulas de tão cansativas, aulas demasiadamente longas, ditadas, no quadro negro que pouco acrescentam e/ou multiplicam. A formação pedagógica nas escolas tem pouca adesão e a premissa básica ainda vale nos dias de hoje: professores fingem que ensinam e alunos fingem que estudam. E depois? Depois a gente vê como se vira.... Grande parte dos professores, hoje no Brasil estão adoecendo, licenças saúde solicitadas com frequência, aulas canceladas e professores desgostosos com a profissão docente, pouco valorizados, estressados e desenvolvendo a Síndrome de Burnout (GONÇALES, MACIEL & RODRIGUEZ, 2011; GONÇALES, et al., 2016). Atualmente, não existe mais a dialética de que o professor sabe tudo, sabe- se que o professor também pode errar e que não é o sabichão. A internet hoje, traz consigo a preocupação maior para os professores graduados no século passado, pois hoje durante a aula, os alunos têm acesso as informações em tempo real, e podem questionar do porquê das coisas de forma instantânea e isso assusta muitos docentes pois coloca em cheque as formações dos mesmos. Em suma, o que desejamos é que haja uma escola em sintonia com a comunidade, alunos e professores, uma escola livre de preconceitos, que não leve em consideração a cor, a etnia, a classe social, a estatura, a opção sexual. A escola tem o dever de agregar e formar cidadãos reflexivos pois dessa forma, conduziremos qualquer País, Brasil, Portugal a uma busca constante por melhores condições, pois o mundo será, finalmente povoado por pessoas que pensam e agem conforme o que e para que foram formados. A partir de uma perspectiva portuguesa...A palavra “Educação”, em português, vem de “Educar”, a origem desta, por sua vez, é do Latim EDUCARE que é um derivado de EX, que significa “fora” ou “exterior” e DUCERE, que tem o significado de “guiar”, “instruir”, “conduzir”. Ou seja, em latim, educação tinha o significado literal de “guiar para fora” e pode ser entendido que se conduzia tanto para o mundo exterior quanto para fora de si mesmo. Deste modo, a escola ideal deveria ser um local onde fossem oferecidas ao aluno as ferramentas necessárias para que se realize um percurso de auto conhecimento e de relacionamento com o ,mundo. Numa escola ideal, o indivíduo seria capaz de enxergar a sua individualidade e criatividade, pois seriam valorizadas, potencializadas e exploradas. Afinal, somos todos diferentes, como poderemos ser avaliados de forma tão igual? A lei de que o mais forte é quem sobrevive é válida? A escola ideal seria o local onde se despertaria o crescimento do cidadão participante na vida da comunidade. A escola ideal teria poucos alunos em cada grupo para que cada um tivesse o seu tempo e espaço, haveria lugar de discussão e não só ao monólogo. Os temas poderiam ser muito mais gerais e inter-ligados entre si, permitindo uma colaboração entre as temáticas do saber. Na escola ideal os professores estariam motivados a ensinar mas também a aprender. Na escola ideal as crianças e os jovens aprenderiam a ser cidadãos do mundo com a responsabilidade que isso acarreta. Esta escola é possível, inclusivamente há projetos aqui em Portugal que são escolas ideais. O meu filho mais novo frequenta uma dessas escolas ideais. Todos os dias ele vai com um sorriso, todos os dias ele caminha na floresta, ele brinca ao ar livre, ele aprende coisas novas sobre tamáticas tão díspares como astronomia e a 2ª guerra mundial. Ao mesmo tempo, aprende a ler, a escrever e a fazer contas. A escola ideal é possível, basta que haja vontade de se construir uma escola ideal para todos... Poderemos perguntar: que pode um ser humano fazer para provocar uma mudança, uma revolução radical, uma nova maneira de ver e viver? Penso que é uma pergunta errada. Se pomos a questão assim, então já demos a resposta: não podemos fazer nada. Mas se nos empenharmos, não no que poderemos fazer a esta enorme desgraça, mas em como poderemos viver uma vida totalmente diferente, então veremos que a nossa relação com o homem, com toda a comunidade, com o mundo, sofre uma transformação. Porque, afinal, vós e eu, como seres humanos, somos o mundo... O modo como vivemos a nossa vida, o que fazemos na existência quotidiana, é da maior importância [...] Vida é relação, e esta relação é um movimento constante, uma constante mudança. J. Krishnamurti, YOU ARE THE WORLD (editado em Portugal como O MUNDO SOMOS NÓS) Considerações Finais A partir de tais perspectivas ora apresentadas, acreditamos que inúmeros questionamentos devem estar permeando o seu intelecto, não é mesmo? Revoltante, intrigante, exorbitante, delirante, surreal... tantos adjetivos, críticas poderiam ser exploradas das mais diversas formas e sabores culturais entre Brasil e Portugal. Lançamos algumas discussões que não devem parar por aqui, não, somos sonhadores e construtores de um futuro bom para as próximas gerações. Desejamos que a educação seja, de fato libertadora, e que possamos desejar professores bem capacitados, alunos interessados, pais brilhantes, governantes interessados com o que o ensino pode oferecer. O ideal seria que nós todos, Mundo a fora, pudéssemos sonhar e concretizar o que gostaríamos para viver em um lugar que é possível concretizar e conquistar encantos, pois os saberes são inúmeros e as temáticas também. Precisamos estar vigilantes e (re) pensando a educação sempre, o tempo todo, dialogando e construindo. Somos o que fazemos, mas somos, principalmente, o que fazemos para mudar o que somos (Eduardo Galeano). Pense nisso! Referências PARISOTTO, Luciana et al. Diferenças de gênero no desenvolvimento sexual: integração dos paradigmas biológico, psicanalítico e evolucionista. Rev. psiquiatr. Rio Gd. Sul [online]. 2003, vol.25, suppl.1, pp.75-87. ISSN 0101- 8108. http://dx.doi.org/10.1590/S0101- 81082003000400009. GONCALES, RA; CORRAL, CM; SPEROTTO, RI; GONCALES, TA; CASTRO, RC; RODRIGUEZ, RCMC. (2016) Síndrome de Burnout: um estudo de caso na rede municipal de Pelotas, RS, Brasil. Educação: Pesquisas, Reflexões e Problematizações. Relber Aguiar Gonçales (Org.). 1.ed. São Paulo: PoloBooks. p.320. 978-85-5522-138-5 GONCALES, MACIEL & RODRIGUEZ. Síndrome de Burnout: avaliação quantitativa dos educadores da rede municipal de ensino do Município de Pelotas – RS. In. Seminário Internacional de Educação em Ciências, 1., 2011, Rio Grande. Anais do I Seminário Internacional de Educação em Ciências. Rio Grande: I SINTEC, 2011. p.110-113. ROMERO, Kelencristina T.; MEDEIROS, Élide Helena G. R.; VITALLE, Maria Sylvia S. and WEHBA, Jamal. O conhecimento das adolescentes sobre questões relacionadas ao sexo. Rev. Assoc. Med. Bras. [online]. 2007, vol.53, n.1, pp.14- 19. ISSN 0104-4230. http://dx.doi.org/10.1590/S0104-42302007000100012. CAPÍTULO II “Ensinar e aprender tem que ver com o esforço metodicamente crítico do professor de desvelar a compreensão de algo e com o empenho igualmente crítico do aluno de ir entrando como sujeito em aprendizagem, no processo de desvelamento que o professor ou professora deve deflagrar”. Paulo Freire, (1996, p.143) DESPERTAR DO ESPÍRITO CIENTÍFICO Rosangela Ferreira Rodrigues1, Marla Piumbini Rocha2, Anderson Ferreira Rodrigues3, Luciane da Silva Martins4, Vera Lucia Bobrowski5 1 Bióloga, Doutora em Ciências, Esp. em Ciências e suas Tecnologias na Educação. Universidade Federal de Pelotas (IB-UFPel), Pelotas, RS. E-mail: rosangelaferreirarodrigues@gmail.com 2 Bióloga, Doutora em Biologia Celular e Estrutural, Esp. em Ensino de Ciências e Matemática. Universidade Federal de Pelotas (IB-UFPel), Pelotas, RS. E-mail: marlapi@yahoo.com.br 3 Analista de Sistemas, Acadêmico do curso de Engenharia Elétrica. Instituto Federal Sul-rio-grandense de Pelotas, RS. E-mail: andersonferreirarodrigues@gmail.com 4 Bióloga, Doutora em Ciências, Especialista em Pedagogia. Governo do Estado do Rio Grande do Sul. Pelotas, RS. E-mail: vipmartins@yahoo.com.br 5 Agrônoma, Doutora em Genética e Biologia Molecular. Universidade Federal de Pelotas (IB-UFPel), Pelotas, RS. E-mail: vera.bobrowski@gmail.com Introdução Segundo Freire (1997), somos seres que para aprender é necessário muito mais do que repetir a lição dada, é uma aventura criadora, é construir, reconstruir e constatar para mudar. Entretanto, durante muito tempo persistiu o conceito de aprendizagem em que se utilizou o condicionamento para promover mudança de comportamento. Esse tipo de ensino promovia um ser humano submisso, subserviente e incapaz de se insurgir contra o “status quo” vigente. Assim sendo, o professor continuava a ser o “dono da verdade” e o aluno o “aprendiz submisso” (COELHO; MIRANDA, 2012). O surgimento das teorias construtivistas e interacionistas, fundamentadas no pensamento de Piaget, contribuíram para algumas mudanças. Nesse tipo de concepção, em que o método de conhecimento é baseado no processo cognitivo e não no de condicionamento, o ser humano age, aprende e realiza a construção do conhecimento através da inteligência, propiciando uma interação cada vez melhor com o meio, o que minimiza e proporciona suporte para lidar com as adversidades (PIAGET, 1973). Segundo Piaget (1997 apud COELHO e MIRANDA 2012), provocar discordâncias ou conflitos cognitivos que provoquem desequilíbrios possibilita que o aluno, mediante atividades para reequilibrar-se, supere a discordância reconstruindo o conhecimento. Portanto, o conhecimento ultrapassa os limites da aprendizagem, pois “aprendizagem consiste em saber fazer com êxito, enquanto que conhecerconsiste em atribuir significado a alguma coisa ou ação, levando em conta não só o atual e o explícito como também o passado, o possível e o implícito”. E o papel fundamental da escola é o instigar de forma constante a curiosidade do educando em vez de “amaciá-la” ou “domesticá-la” (FREIRE, 1997). E através desse processo ajudá-lo a adquirir uma visão crítica, científica e autônoma, reconhecendo a ciência como uma atividade em constante transformação e ele como o principal agente transformador dessas relações. Entretanto, o pensamento científico não é algo inato ou espontâneo, requer o desenvolvimento de hábitos de pensamentos que exigem esforço e tempo, portanto a responsabilidade da escola nesse processo é muito grande. Os professores têm um papel crucial, organizando aulas com abordagens didáticas diversas, que priorizem a realização de experiências, trabalhos com textos, debates, pesquisas, análise de resultados e muitas outras formas que permitam aos alunos um papel ativo (FURMAN, 2010). Essa proposta não é nova, entretanto até hoje não foi implantada nas escolas de forma efetiva. Os desafios vão desde o medo de correr riscos, “pois a construção do novo exige ousadia e criatividade”, até a falta de tempo para planejamento das aulas, falta de formação especifica e principalmente deficiência no processo de graduação, pois é muito difícil ensinar algo que não se conhece em profundidade (FREIRE, 1997). Importância da aprendizagem problematizadora Quando os conhecimentos prévios dos alunos são inter- relacionados ao novo conteúdo a ser estudado, ele adquire significado especial, pois passa a ser incorporado às estruturas de conhecimento. Por isso, ensinar exige não somente respeitar os saberes dos educandos, mas discutir com eles a razão de ser de alguns desses saberes em relação com o ensino dos conteúdos (FREIRE, 1997). Se esse processo não ocorrer, a aprendizagem dar-se-á de forma mecânica, as novas informações serão aprendidas sem a interação com conceitos relevantes existentes na estrutura cognitiva. Consideramos que a aprendizagem problematizadora possibilita inúmeras vantagens em relação à aprendizagem memorística. Possibilita que o conhecimento seja retido e lembrado por mais tempo, facilita a aprendizagem de outros conteúdos de maneira mais fácil, mesmo se a informação original for esquecida, e facilita a reaprendizagem. Formas de desenvolver a aprendizagem problematizadora A contextualização e a interdisciplinaridade são colocadas como elementos facilitadores do processo de ensino e aprendizagem e como elementos indispensáveis para o desenvolvimento adequado das competências e habilidades. Tecer relações entre o que está sendo estudado e sua experiência ou cotidiano, assim como informações relacionadas a outras disciplinas, faz com que perceba sua aplicabilidade no dia a dia. A importância dessa nova visão, mais integradora e totalizadora na construção do conhecimento, fica evidente nessas palavras: A formação científica das crianças e dos jovens deve contribuir para a formação de futuros cidadãos que sejam responsáveis pelos seus atos, tanto individuais como coletivos, conscientes e conhecedores dos riscos, mas ativos e solidários para conquistar o bem-estar da sociedade e críticos e exigentes diante daqueles que tomam as decisões (VASCONCELOS, 2011, p. 3). Segundo Fumagalli (1993), a formação de uma atitude científica depende de como se constrói o conhecimento. Portanto, o professor deve utilizar práticas que favoreçam a aprendizagem dos conteúdos, possibilitando ao aluno tanto o desenvolvimento dos conhecimentos transmitidos na escola como a oportunidade de criar novos conhecimentos, e isto somente é possível dando o que pensar ao aluno (FROTA-PESSOA et al., 1982). Por isso, ao invés de mediar conhecimentos prontos e acabados, o professor precisa instigar os alunos a solucionar problemas, possibilitando dessa forma que aflore o espírito científico e a gama de potencialidades que habita no seio de cada um, fazendo que mantenham o gosto pela rebeldia, que aguçando sua curiosidade os “imuniza” contra o poder apassivador do “bancarismo” (FREIRE, 1997). Entretanto, para que isto ocorra, as atividades práticas devem ser acompanhadas por questionamentos indutivos e não apenas diretivos. Vivenciamos uma situação paradoxal no nosso País em relação ao ensino de Ciências e Biologia. Geralmente nos discursos pedagógicos e políticos ocorre um consenso geral, relativo à importância social de abordar, em todos os níveis pedagógicos, o conhecimento científico e biotecnológico. Entretanto, a realidade da prática cotidiana das escolas é completamente diferente e, se houve uma constatação, não há como continuar diante deste quadro agindo de forma neutra, pois, segundo Freire (1997, p. 85-86), “constato não para me adaptar, mas para mudar”. Os fatores responsáveis por essa realidade são muitos e os mais variados. Um dos fatores é de que o docente carrega a maior parte da responsabilidade em garantir a aprendizagem de Ciências pelos alunos, entretanto deixa muito a desejar. Muitas vezes isso resulta nele carregar em sua prática diária docente a concepção errônea de “ciência como conjunto acabado e estático de verdades definitivas”, entretanto “onde há vida, há inacabamento” (FREIRE, 1997, p. 55). Agindo dessa forma ele perde a oportunidade de conduzir o aluno a caminhos carregados de sentido e deixa de levá-lo a solucionar situações problemas que certamente desenvolveria o espírito científico que habita em cada um, por isso que “uma das condições necessárias a pensar certo é não estarmos demasiado certos de nossas certezas” (FREIRE, 1997, p. 30). Outros fatores relevantes a serem salientados, baseados nas experiências como professoras e formadoras de profissionais da Educação Básica, é a falta de assessoramento para lidar com turmas grandes, como também a falta de tempo para fazer o planejamento, visto que os horários fixos de discussões pedagógicas são raramente implantados nas escolas. Papel da tecnologia na aprendizagem Atualmente, os avanços científico-tecnológicos ocorrem de forma imprevisível e inimaginável e sua amplitude e velocidade muitas vezes nos deixam perplexos diante da constante necessidade de atualização (COELHO; MIRANDA, 2012). Perante tal realidade, se torna visível o distanciamento entre esses avanços tecnológicos e a situação da maioria de nossas escolas, além da inexpressiva formação continuada dos professores, no sentido de torná-los aptos a usar essas tecnologias no processo de ensino e aprendizagem. Essa capacitação é vital diante da atual exigência do mercado de trabalho e da globalização nas formas de produção. Entretanto, há um descompasso entre os recursos tecnológicos existentes e os recursos didáticos geralmente utilizados pelos professores, que muitas vezes se restringem somente ao uso do quadro branco e pincel, metodologia geralmente citada pelos alunos como enfadonha e desinteressante. Por isso, é urgente uma reestruturação do sistema escolar, através de medidas que propiciem o acesso da comunidade escolar às metodologias que sejam atrativas e facilitem a contextualização. Serres, com muita propriedade no seu livro Filosofia Mestiça, nos diz que, para que haja aprendizagem, exige-se uma viagem, uma partida... O aprender é uma busca incessante da sabedoria, é a busca do “lugar mestiço” Afirma: “nada aprendi sem que tenha partido, nem ensinei ninguém sem convidá-lo a deixar o ninho (SERRES, 1993, p.14). A aprendizagem é uma via de mão dupla, o educador ensina e aprende ao mesmo tempo (FREIRE, 1997). Entretanto, para ocorrer deste modo é necessário termos a coragem e a disposição de mudar essa prática perversa que não nos estimulou enquanto discentes e nem estimula nossos alunos a questionar, discutir e optar pelo que acreditam ser o melhor. Essa é uma característica da nossa sociedade, que é carente de uma consciência críticaa qual é básica para nos levar a novas pistas e perceber novos caminhos na elaboração de uma prática pedagógica mais humana. Entretanto, a rotina é previsível, enquanto que fugir dela é trabalhoso e traz inquietações que muitas vezes não temos disposição para enfrentar, por isso repetimos tudo que nos ensinaram, sem dar aos nossos alunos a oportunidade de discernirem por si mesmos. Nessas ocasiões passamos a utilizar nosso discurso de verdade revestido de autoridade e nos tornamos nocivos ao processo de ensino e aprendizagem. Segundo Freire (1997, p. 37) “transformar a experiência educativa em puro treinamento técnico é amesquinhar o que há de fundamentalmente humano no exercício educativo: o seu caráter formador”. Portanto, a escola precisa de forma urgente diminuir o descompasso existente na forma “como tem realizado” o processo escolar e “como precisa realizá-lo”. Somente assim poderá ressignificar a sua função social e política, bem como tornar a aprendizagem prazerosa, através do estímulo constante de sua inteligência, e da construção de novos conhecimentos e novos saberes (COELHO; MIRANDA, 2012). É essencial, portanto, a necessidade de uma política educativa que promova não somente uma mudança curricular em relação à oferta de conteúdos, mas também em relação às metodologias de ensino utilizadas pelos professores que devem estar em compasso com a modernidade (LÓPEZ CEREZO, 2002 apud ZAIUTH, 2011). No artigo “Formas de ensinar produzem o aprender?”, Traversini e Costa, (2006) apresentam e discutem representações culturais de alunos sobre atividades desenvolvidas no cotidiano da sala de aula que geram ou não aprendizagem, e observou-se que muitas vezes a representação cultural construída pelo aluno acerca de uma atividade pode ter sentido oposto para o professor, portanto é essencial não somente pesquisar e explorar metodologias alternativas, mas aplicá-las de forma adequada e em consonância com as necessidades dos alunos. Segundo Freire (1997), é pensando criticamente nossa prática atual que podemos melhorar a próxima. Uma metodologia que surge como linha emergente na didática das Ciências é a alfabetização científica, pois possibilita uma compreensão do cotidiano e uma decodificação da linguagem científica (CHASSOT, 2003). A disposição em refletir sobre a prática educativa e como podemos utilizar essas alternativas são essenciais para sanar a dispersão e falta de interesse que geralmente ocorre por não entenderem a relação do que estão estudando com a realidade que os cerca. Ao propiciarmos este elo, utilizando os recursos tecnológicos e situações reais e embasamento teórico, a aprendizagem se torna mais significativa. Um professor competente está sempre replanejando sua prática educativa e refletindo sobre sua metodologia e postura em sala de aula para, através da motivação, estimular a aprendizagem, fazendo com que cada um se torne um ser autônomo, participativo e “agente crítico modificador de sua realidade” (SIQUEIRA, 2003). Outra metodologia que tem apresentado bons resultados é o uso de recursos tecnológicos. Entretanto, não basta ter acesso a esses recursos na escola, deve-se buscar o seu bom uso. É necessário fazer um planejamento para ter clareza quanto aos objetivos relativos à sua utilização. Alguns autores salientam o papel central da incorporação das tecnologias da informação e da comunicação (TICs) aos processos pedagógicos (BARRETO, 2001b apud BARRETO, 2003). E não há dúvida também quanto à forma como podem auxiliar no processo de alfabetização científica. A revolução tecnológica causou um impacto sobre a produção, socialização do conhecimento e formação de profissionais. Atualmente, podemos pesquisar em nossos computadores em qualquer local, assim como podemos nos informar por meio dos canais abertos pela telemática, e através da internet, sobre todo e qualquer assunto. Portanto, o papel do professor como apenas repassador de informações atualizadas ficou obsoleto. Diariamente somos surpreendidos com informações novas trazidas por nossos alunos, que muitas vezes desconhecemos por falta de oportunidade de estarmos atualizados, devido à gama de tarefas que temos de dar conta. Isso faz com que não nos reconheçamos mais como os únicos detentores do saber a ser transmitido, mas como um dos parceiros a quem compete compartilhar seus conhecimentos e mesmo aprender com outros, inclusive com nossos próprios alunos. É um novo mundo, uma nova atitude, uma nova perspectiva na relação entre o professor e o aluno, pois a cada dia vemos a veracidade das palavras de Paulo Freire de que, “ao ser produzido, o conhecimento novo supera outro que antes foi novo e se fez velho e se dispõe a ser ultrapassado por outro amanhã” (FREIRE, 1997, p.28). Essa nova realidade exige que tenhamos a capacidade de combinar a imaginação e ação com capacitação para buscar novas informações, saber trabalhar com elas e nos intercomunicar por meio dos recursos cada vez mais modernos da informática. O projeto foi realizado porque observamos essa realidade em nossa comunidade escolar, na qual muitos de nossos alunos possuíam uma gama de potencialidades, passíveis de aflorar através de estímulos que os desestabilizassem. A dúvida consistia em se a discussão de artigos científicos e o posicionamento de forma crítica, através de debates apresentados à comunidade escolar, provocaria o desequilíbrio necessário para esse processo ocorrer. Metodologia A metodologia utilizada nesta pesquisa foi de natureza qualitativa e quantitativa e a análise metodológica do tipo estudo de caso. Esta pesquisa procura compreender os processos e retratar o ponto de vista dos seus participantes, observando as características situacionais apresentadas por eles, envolvendo a obtenção de dados, através do contato direto do observador e com a situação estudada (BOGDAN; BIKLEN, 1994). A atividade foi desenvolvida na Escola Estadual de Ensino Médio Adolfo Fetter, em Pelotas, RS. O projeto foi executado de outubro de 2011 a maio de 2012 e envolveu as disciplinas de Filosofia, Sociologia e de Biologia; e os alunos do 2º ano (turmas 201-202-203-204) e 3º ano (turma 301) do Ensino Médio. Os alunos das turmas 201 e 301 participaram do projeto preparando uma apresentação sobre o artigo intitulado “Todas as Cores”, de Nina G. Jablonski e Geoge Chaplin, divulgado na revista Scientific American Brasil, de novembro de 2002. Os alunos da turma 202 participaram assistindo à apresentação da turma 201, e os alunos da turma 203 e 204 participaram como grupo controle, pois eles não prepararam e nem assistiram à apresentação, entretanto responderam ao questionário com perguntas objetivas e uma pergunta dissertativa, aplicado a todos os que avançaram para o terceiro ano. O artigo científico colocado à disposição para tirar fotocópia aborda a origem do ser humano e sua adaptação através da perda de pelos e desenvolvimento da síntese maior da melanina em algumas regiões. Apresenta também vários problemas de saúde devidos à migração crescente e a fatores sociais e financeiros que induzem a essa condição em detrimento da qualidade de vida. Esse artigo foi escolhido porque abrange o conteúdo de Histologia sobre os constituintes celulares da pele, abordado no 2º ano, e o conteúdo sobre a herança quantitativa, que promove as diferenças genéticas nas populações, abordado no 3º ano. Entretanto, apesar do assunto do artigo conter parte do conteúdo estudado, foi considerado muito difícil, por isso foi incentivada a leitura e o entendimento dos termos científicos com a ajuda dos professores. À medida que liam o artigo, discutiam os pontos obscuros e os termos desconhecidos. Foram incentivados a buscar mais informação sobre o tema em outros artigos para adquirir domínio e segurança antes da apresentação. Foi solicitado para a turma 201 e 301 que preparassem uma apresentação em que explorariam o assunto abordado no artigoatravés de uma entrevista simulada com biólogos, filósofos e sociólogos. Foi esclarecido que o repórter não somente faria perguntas, mas deveria fazer a conexão dos assuntos entre os entrevistados e que os entrevistados deveriam esclarecer os ouvintes. Assim que a proposta foi lançada alguns grupos ficaram muito entusiasmados e partiram para o trabalho, outros tiveram um pouco de resistência, mas acabaram aceitando a proposta. Alguns grupos se reuniam em turno inverso para planejar a metodologia de trabalho e treinar as apresentações, e essa movimentação chamou a atenção das outras turmas e criou expectativa para a apresentação. A avaliação do projeto foi realizada pelos alunos através de declaração escrita no dia da apresentação, cujos depoimentos, bem como as atividades, foram registrados através de fotografias e vídeos. No ano seguinte ocorreu a avaliação referente ao processo de aprendizagem com os alunos do 2º ano que avançaram para o 3º ano, através da aplicação de um questionário com sete (07) perguntas objetivas e uma (01) pergunta dissertativa referente ao conteúdo científico do trabalho apresentado. Foi quantificado o número de respostas corretas de cada aluno e, após a identificação da turma à qual pertenciam no ano anterior, foram realizadas médias de acertos por turma. O questionário não foi aplicado aos alunos da turma 301, porque concluíram o Ensino Médio dois meses após a apresentação do trabalho. A análise dos dados foi realizada de maneira descritiva, pois esse tipo de estudo descreve os fatos e fenômenos de determinada realidade (GERHARDT; SILVEIRA, 2009). Resultados e discussão Foi observado que a reação durante o desenvolvimento das atividades foi mudando gradativamente. No início a proposta foi aceita com cautela, insegurança e medo de que seria mais uma atividade para sobrecarregar e não para trazer resultado positivo. Foi necessária uma negociação, de que se houvesse um envolvimento efetivo com a realização do trabalho este consistiria na avaliação final, e a garantia que podiam recorrer aos professores à medida que precisassem de esclarecimentos. Entretanto, foi salientado que o entendimento dos aspectos biológicos, filosóficos e sociológicos seriam esclarecidos sempre que solicitado, mas não a ponto de interferir na criatividade individual. Estávamos cientes da veracidade de que “ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para sua produção ou a sua construção” (FREIRE, 1997, p. 47). Durante o processo, os professores das disciplinas de Sociologia e Filosofia ficaram sobrecarregados e não conseguiram participar efetivamente como combinado. Os alunos contornaram esse problema intensificando a busca de informações na internet e as discussões entre os grupos. À medida que recorriam em busca de esclarecimentos sobre os aspectos biológicos, realizavam questionamentos para perceberem os outros aspectos inseridos. Em relação à apresentação, cada grupo apresentou em conformidade com o perfil da maioria dos componentes. Alguns centraram em repassar a informação científica, salientando os pontos relevantes e sua conexão com o tema que estava sendo abordado no conteúdo curricular. Outros aproveitaram a oportunidade para, através de sátiras, aprofundar as relações sociológicas e filosóficas envolvidas em torno do assunto. Alguns grupos estavam tão entusiasmados no dia da apresentação que motivaram a turma toda a participar na organização e limpeza do auditório. Prepararam o local como se fosse um estúdio de gravação com cadeiras cobertas simulando sofá, vários microfones, telão e outros equipamentos para dar suporte. A apresentação da turma 301 foi assistida pela turma 302 e a apresentação da turma 201 foi assistida pela turma 202. O formato utilizado para a realização do trabalho foi um sucesso, pois conforme relato dos outros professores até mesmo alunos do 1º ano que não estavam envolvidos pediram para sair da sala de aula, pois queriam ir para o auditório assistir às apresentações. Os alunos da turma 202 que haviam sido liberados somente em um período, pois no outro teriam prova de Química, fizeram a prova rapidamente para retornar para o auditório. Principalmente durante a apresentação do grupo nº 1 da turma 201, o grupo mais empenhado, os alunos ficaram em silêncio extremo, extasiados. Os componentes desse grupo trouxeram roupas para fazerem uma produção especial antes da apresentação, e tiveram que apresentar duas vezes, pois alguns professores que estavam em aula no momento da apresentação queriam assistir. Tal fato ocorreu porque esses professores, apesar de não estarem participando diretamente do trabalho, partilharam de toda a movimentação realizada durante as semanas de preparação. Após a abertura houve a apresentação dos entrevistados com sua formação fictícia como biólogos, sociólogos e filósofos e sua respectiva instituição (Fig. 1). Figura 1. A) Abertura do trabalho simulando a entrevista; B) Apresentação pelo entrevistador dos profissionais fictícios a serem entrevistados. Durante a entrevista o mediador não somente fez perguntas, mas elaborou muito bem a transição entre os participantes, com perguntas questionadoras e esclarecimentos quando necessário, evidenciando uma excelente preparação e integração com o grupo (Fig. 2a). As biólogas interagiram com a plateia buscando duas pessoas de fenótipos diferentes para fazer o questionamento quanto a se consideravam que elas tinham o mesmo número de melanócitos (Fig. 2b). Enquanto as biólogas problematizavam o assunto (Fig. 2c), o entrevistador coletava opiniões (Fig. 2d). Esse momento foi muito importante, pois eles motivaram os alunos que estavam assistindo para participarem, mostrando que “não haveria criatividade sem a curiosidade que nos move e que nos põe pacientemente impacientes diante do mundo que não fizemos, acrescentando a ele algo que fazemos” (FREIRE, 1997, p.35). Após, discutiram as opiniões coletadas e esclareceram, através da projeção de imagens histológicas da epiderme, que o número de melanócitos é o mesmo e o que difere é a produção de melanina. Salientaram a informação do artigo científico sobre a diferença devido à adaptação ao ambiente e aproveitaram o momento para falar dos benefícios, em termos de preservação da espécie, da diversidade. Figura 2. A) Entrevista; B) Biólogas interagindo com a plateia; C) Biólogas problematizando o assunto. D) Entrevistador coletando opiniões. Ao final uma das integrantes deixou uma mensagem falando sobre a discriminação racial (Fig. 3a), mostrando dessa forma que a Biologia possui a melhor ferramenta para combater o preconceito, ou seja, a informação científica. Neste trabalho foi possível perceber isto, pois o artigo não somente mostrou a origem comum de todos os seres humanos, mas também salientou algo que a maioria não sabia, que todos, independentemente da cor, possuem o mesmo número de melanócitos. Essa informação ficou gravada na mente da maioria, pois meses após a atividade ainda recordava a informação e foi possível fazer várias discussões em sala sobre o assunto. Os alunos realizaram o fechamento de forma surpreendente, demostrando comprometimento, seriedade e dedicação (Fig. 3b). Figura 3. A) Mensagem Final do grupo; B) Fechamento da apresentação. Observamos durante todo o processo de elaboração e apresentação a forma positiva com que uns incentivaram os outros, confirmando a declaração de que tarefas realizadas em colaboração com os colegas propiciam uma contribuição maior para o seu desenvolvimento pessoal do que uma avaliação individual (VYGOTSKY, 1988). No dia da apresentação ocorreu a avaliação referente à participação, clareza e objetividade pelos professores e também da importância do projeto, através do depoimento de 21 alunos da turma 201 e nove alunos da turma 301. Os depoimentos foram muito semelhantes, escolhemos alguns que estão transcritos literalmente.Observamos que somente dois alunos da turma 201 declararam preferir aulas expositivas e não atividades alternativas. “Penso que é mais fácil entender com apresentações e aulas com slides. Contudo prefiro aulas em que a professora explica a matéria, faz perguntas e etc. Creio que seja mais fácil entender com a apresentação, mas é melhor com a professora explicando”. “Eu aprendo mais com textos resumidos copiados do quadro”. Os outros 28 alunos expressaram de forma diferente as várias contribuições que esse tipo de trabalho trouxe. Alguns mencionaram que foi intensificada a curiosidade por saber mais. “Eu acredito que é melhor nós estudarmos e apresentarmos o trabalho do que ficar só escutando o que o professor fala, estudando e apresentando nós vamos ter mais conhecimento sobre o assunto, vamos nos interessar, ter curiosidade e assim procurando saber mais”. (Turma 201) “Na minha opinião o trabalho foi mais proveitoso sendo apresentado pelos alunos, pois com isso foi necessário que os alunos corressem atrás do conteúdo e o entendessem para que fosse apresentado para o restante da turma, é claro que o trabalho ficou mais fácil com a ajuda da professora”. (Turma 301) Segundo Freire (2008), é o exercício da curiosidade que nos faz mais criticamente curiosos, mas metodicamente perseguidores do nosso objeto. Por isso, é muito importante instigar essa curiosidade e mostrar que essa viagem em busca do conhecimento não precisa ser enfadonha, mas prazerosa e recompensadora, quando percebem que se superaram. “Esse trabalho foi uma experiência única, um dos mais diferentes que eu já apresentei. Passamos várias tardes treinando e trocando conhecimentos, aprendemos melhor, mais gravamos para falar como você prova. Quebramos as barreiras da vergonha, do nervosismo e nos superamos. O único problema, que é sempre trabalhos de apresentar no 3º trimestre, sempre com pouco tempo e atrapalha muito”. (Turma 201) “Foi uma experiência única neste ano porque quando fazemos trabalho avaliados recebemos o tema e mais nada, quando o conteúdo do trabalho é igual a todos a diferença está na visão que cada um tem e assim o professor pode saber o que cada aluno absorveu do trabalho”. (Turma 301) “Eu gostei muito mais aprender assim porque temos que estudar muito e entender o que temos que apresentar e assim entendemos muito mais a matéria em questão. E também de ver os outros grupos apresentarem. Por serem nossos colegas a gente presta bem mais atenção”. (Turma 201) “Eu acredito que com o trabalho nós tivemos um grande proveito, pois nós aprendemos de uma forma diferente, uma forma mais recreativa. O trabalho teve um bom desenvolvimento, e não foi muito difícil, mas deu para se notar que a turma se esforçou para a realização do trabalho. Com certeza, é uma boa ideia a escola continuar com esse tipo de trabalho para avaliação”. (Turma 301) Manifestaram, nos depoimentos, terem achado o texto difícil, mas que aprenderam a se organizar para superar a dificuldade inicial. “O trabalho de Biologia mesmo com um artigo que pra mim foi muito difícil de desenvolver e difícil de trabalhar o grupo conseguiu aprender muitas coisas. Tiramos algumas dúvidas, aprendemos a trabalhar em grupo. Talvez o trabalho tivesse ficado bem melhor se tivéssemos mais tempo. Mas o que vale foi a experiência”. (Turma 301) “Para mim o trabalho foi mais difícil do que os outros, além de ter que se parecer com uma entrevista, o assunto era também um pouco difícil para entender no início, mas depois ficou mais fácil, também o nosso grupo não estava preparado para este tipo de trabalho”. (Turma 301) Foi observado que a interação entre os componentes nesse tipo de atividade possibilitou o desenvolvimento de habilidades e competências de forma gradativa e natural. À medida que os desafios foram surgindo, eles se arquitetaram para resolvê-los, o que serviu para uma maior integração e troca de saberes, fazendo com que cada um se enriquecesse com a experiência do outro. Isto ficou evidente em um dos grupos no qual um dos integrantes tinha experiência em apresentações. Ele trouxe sua experiência para o trabalho e contaminou os outros participantes com seu entusiasmo. Em outro grupo observei que a responsabilidade e determinação de uns integrantes fizeram a diferença, pois realizaram consultas frequentes para sanar as dúvidas que tinham sobre o artigo e foram lapidando o trabalho até acharem que estava aceitável. O processo foi contribuindo gradativamente para adquirirem autoconfiança e deixarem de lado a ideia de que são receptáculos vazios, que nada sabem e que necessitam serem preenchidos com o conhecimento provido pelo professor. Este processo é essencial, pois, segundo Freire (1997), não somente transmitir saberes, mas dar significado através de um constante exercício em favor da construção e do desenvolvimento da autonomia de professores e alunos é a verdadeira prática educativa. “Na minha opinião o trabalho serviu para motivar a turma nos estudos e aprendemos melhor a trabalhar em equipe e pensarmos mais nos outros ajudando-os a melhorar sempre mais. A experiência foi válida porque aprendemos a estudar em equipe e assim o conteúdo tornou-se mais acessível”. (Turma 301) “O trabalho foi bastante difícil, com assunto bastante interessante, onde aprendemos melhor a trabalhar em coletivo, e exigia bastante preparação do grupo”. (Turma 301) “Pra mim a apresentação de trabalhos é melhor para aprendermos melhor a matéria, apesar de ser meio complicado o trabalho e exige mais de nós, temos que ter mais responsabilidade e isso faz com que o desempenho seja maior, o interesse aumenta em ambas as partes. Na apresentação do trabalho de Biologia eu tentei dar o meu melhor apesar do nervosismo. Eu acho que valeu a pena e aprendi muito com esse trabalho e com meu grupo. Nós demos o nosso melhor e agradeço muito tanto aos meus colegas por terem me ajudado muito como agradeço também à professora que junto aos meus colegas me ajudou e me encorajou muito”. (Turma 201) Por mais desmotivados que alguns talvez estivessem não há como não se envolver neste tipo de trabalho, diferente de uma aula expositiva em que o aluno se quiser fica alienado em seu mundo bloqueando a aproximação. Por isso, é importante refletirmos de forma crítica sobre a prática educativa, para não reproduzirmos uma prática alienada que consista somente em um discurso teórico, sem questionamentos (FREIRE, 1997). A segunda etapa da avaliação foi realizada no ano seguinte, com os alunos do 2º ano que avançaram para o 3º ano, através da aplicação de um questionário com sete questões objetivas e uma dissertativa referente ao conteúdo de Biologia do trabalho apresentado. Foram quantificadas as respostas corretas de cada aluno e, após identificação da turma à qual pertenciam no ano anterior, foram realizadas médias de acertos por turma, apresentadas na Figura 4. Figura 4. Médias da quantidade de acertos nas questões objetivas da avaliação relacionada ao artigo do projeto. O gráfico mostra que os alunos da turma 201, que participaram do projeto preparando uma apresentação sobre o artigo, tiveram uma média de acertos expressiva (4,44) no questionário aplicado em maio do ano seguinte, em relação aos alunos das turmas 202 (2,78) que somente assistiram à apresentação e aos alunos da turma 203 (2,92) e 204 (2,81) que não prepararam e nem assistiram à apresentação. Com os alunos da turma 301 não foi possível fazer a avaliação referente ao processo de aprendizagem, pois saíram da escola no final do ano letivo. Figura 5. Número de alunos que responderam corretamente à questão discursiva. Quando quantificada a questão oito – “Escreva algo que você lembra sobre pigmentação da pele que não foi abordado nas perguntas”, foi observada uma diferença expressiva no número de alunos que acertaram a resposta da questão discursiva entre os alunos da turma 201, que apresentaram
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