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Propriedades dos Materiais Cerâmicos (Capítulo 12 – Callister) CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DOS MATERIAIS Prof: Jailson Rolim Teodosio 2014.2 Alguns compostos podem ser encontrados nas formas cristalinas e amorfa, como por exemplo o composto cerâmico dióxido de silício (SiO2). No SiO2 de silício embora cada íon de silício esteja ligado a três íons oxigênio em ambos os estados, a estrutura é muito mais desordenada para a estrutura não-cristalina. O resfriamento rápido a temperaturas inferiores a temperatura de congelamento favorece a formação de um sólido amorfo, uma vez que o tempo disponível para o processo de ordenação é pouco. Sólidos não cristalinos – Os sólidos não-cristalinos possuem um arranjo atômico e sistemático irregular ao longo distâncias atômica relativamente grandes; – Também são chamados de sólidos amorfos (sem forma) ou de líquidos super-resfriados. INTRODUÇÃO Esquema bidimensionais para a estrutura do (a) dióxido de silício cristalino e do (b) dióxido de silício não-cristalino. INTRODUÇÃO Os metais geralmente formam sólidos cristalinos, enquanto as cerâmicas podem apresentar estruturas tanto cristalinas como amorfas. Os polímeros podem ser completamente não-cristalinos e semicristalinos, com vários graus de cristalinidade. Estrutura e Propriedades das Cerâmicas O materiais cerâmicos são materiais inorgânicos e não metálicos. Predominantemente as cerâmicas são compostos formados entre elementos metálicos e não metálicos (freqüentemente óxidos, nitretos e carbetos), para os quais as ligações são totalmente iônicas ou predominantemente iônicas tendo, porém, alguma natureza covalente. O temo cerâmica vem da palavra grega keramikos, que significa “matéria queimada”, indicando que as propriedades desejáveis desses materiais são atingidas normalmente através de um processo de tratamento térmico a alta temperatura chamado de cozimento. Materiais como argilas, cimentos e vidros entre muitos outros são classificados como cerâmicos. CERÂMICAS SupercondutoresVidrosCerâmicas Até aproximadamente os últimos 60 anos, os materiais mais importantes nessa categoria eram denominados: – Cerâmicas tradicionais – A matéria prima de fabricação é a argila (Porcelana usada em louças, porcelana, tijolos, telhas, azulejos, vidros e as cerâmicas de alta temperatura. – Nova geração de cerâmicas foi desenvolvida tendo aplicação nas industrias de componentes eletrônicos, computadores, comunicação, aeroespacial, entre outros. Os materiais cerâmicos apresentam composições químicas muito variadas, desde compostos simples a misturas de várias fases complexas ligadas entre si, desta forma : as suas propriedades variam muito devido a diferenças de ligação química; são geralmente duros e frágeis, com baixa tenacidade e ductilidade; são geralmente isolantes térmicos e elétricos (embora existam materiais cerâmicos semicondutores, condutores e até mesmo supercondutores) quimicamente estáveis sob condições ambientais severas CERÂMICAS Classificação dos Materiais Cerâmicos de acordo com a aplicação CERÂMICAS Estruturas Cristalinas Estruturas do tipo AX: Números iguais de Cátions (A) e Ânions (X) Ex: Estrutura do Sal-gema (Cloreto de Sódio (NaCl), ou sal-gema) NaCl, MgO, MnS, LiF, FeO. Estruturas Cristalinas do Tipo AmXp Cargas dos Cátions e Ânions não são iguais, onde m e/ou p ≠ 1. Exemplo: Composto AX2 (Fluorita – CaF2). Estruturas Cristalinas do Tipo AmBnXp Possuem dois tipos de Cátions (A e B) Ex: Titanato de Bário (BaTiO3), com os cátions Ba2+ e Ti4+ Estruturas Cristalinas Cerâmicas à Base de Silicatos A estrutura é mais conveniente representada através de tetraedros de SiO4 4- interconectados. Nesse grupo encontram-se a sílica, o vidro e vários outros silicatos. Estruturas relativamente complexas podem resultar quando adicionados outros cátions como Ca2+,Mg2+,Al3+ e ânions (p.ex. OH-). Carbono As várias formas do carbono (diamante grafita os fuleranos e os nanotubos são classificados como materiais cerâmicos. – O diamante devido a sua dureza é utilizado para cortar e polir materiais mais moles. – A estrutura em camadas da grafita dá origem às suas excelentes propriedades lubrificantes e uma condutividade elétrica relativamente elevada, sendo também conhecida por sua alta resistência e estabilidade química em temperaturas elevadas e em atmosferas não-oxidantes. CERÂMICAS – Os fulerenos (forma alotrópica do Carbono) existem como moléculas esféricas e ocas, compostas por 60 atômos de carbono. – Os nanotubos de carbono consistem em um cilindro de grafita com hemisferas de fulerano nas suas extremidades. Possuem propriedades extraordinárias como elevadas rigidez e resistências, baixa massa específicas e características elétricas não usuais. CERÂMICAS Estrutura do Diamante Estrutura da Grafita Estrutura do Fulereno Estrutura dos Nanotubos Propriedades Mecânicas das Cerâmicas As cerâmicas tem sua aplicabilidade limitada em certos aspectos devido às suas propriedades mecânicas, que em muitos aspectos são inferiores àquelas apresentadas pelos metais. A principal desvantagem é uma disposição à fratura catastrófica de uma maneira frágil, com muito pouca absorção de energia (baixa tenacidade). À temperatura ambiente, as cerâmicas tanto as cristalinas quanto as não cristalinas quase sempre fraturam em resposta a aplicação de uma carga de tração, antes de qualquer deformação plástica ocorra. Os valores da tenacidade à fratura em deformação plana para os materiais cerâmicos são menores do aqueles apresentados pelos metais; tipicamente eles são menores do que 10 MPa/m². Comportamento Tensão-Deformação Resistência à Flexão O comportamento tensão-deformação em cerâmicas frágeis não é em geral é avaliado por ensaio de tração. As razões para isto são: Difícil preparação e testes de amostras que tenham a geometria exigida; Difícil prender e segurar materiais frágeis sem fraturá-los; Após uma deformação de apenas aproximadamente 0,1%, as cerâmicas falham. Propriedades Mecânicas das Cerâmicas Na maioria das vezes, ensaio de flexão transversal é mais adequado para tais casos. Neste ensaio um corpo de prova na forma de uma barra (com seção reta circular ou retangular) é flexionado até sua fratura, utilizando uma técnica de carregamento em três ou quatro pontos (*ASTM C1161). *American Society for Testing and Materials RESISTÊNCIA À FLEXÃO No ponto de carregamento, a superfície superior do corpo de prova é colocada em um estado de compressão, enquanto a superfície inferior encontra-se em tração. Propriedades Mecânicas das Cerâmicas RESISTÊNCIA À FLEXÃO Uma vez que os limites de resistência à tração dos materiais cerâmicos equivalem aproximadamente um décimo das suas resistências à compressão, e uma vez que a fratura ocorre na face do corpo de prova que está sendo submetida a tração, o ensaio de flexão é um substituto razoável para o ensaio de tração. A tensão no momento da fratura no ensaio de flexão é conhecida por resistência à flexão, módulo de ruptura, resistência à fratura ou resistência à dobra, e é um importante parâmetro mecânico para materiais frágeis. Propriedades Mecânicas das Cerâmicas RESISTÊNCIA À FLEXÃO Para seção transversal retangular, à resistência à flexão, σfs é dada por: Onde Ff - representa a carga no momento da Fratura L - distância entre os pontos de suporte Outros Parâmetros Dados na Figura Para seção transversal circular, à resistência à flexão, σfs é dada por: Onde R é o raio do corpo de prova. Propriedades Mecânicas das Cerâmicas Valores característicos para resistência à flexão de vários materiais Propriedades Mecânicas das Cerâmicas Comportamento tensão-deformação até a fratura para o óxido de alumínio (alumina) e para o vidroComportamento Elástico Quando comparados com os metais o comportamento elástico tensão-deformação para os cerâmicos quando se utilizam testes de flexão é semelhante aos resultados apresentados pelos ensaios de tração realizados com metais, existindo uma relação linear entre a tensão e a deformação. O módulo de elasticidade é dado através do coeficiente angular (inclinação) da curva na região elástica. A faixa do módulo de elasticidade para os materiais cerâmicos encontra-se entre aproximadamente 70 e 500 GPa, sendo ligeiramente maior do que para os metais. Propriedades Mecânicas das Cerâmicas À temperatura ambiente a maioria das cerâmicas sofre fratura antes do surgimento de qualquer deformação plástica. A deformação plástica difere para cerâmicas cristalinas e não-cristalinas. Cerâmicas Cristalinas Ocorre como nos metais, pela movimentação de discordâncias. Uma razão para a dureza e a fragilidade desses materiais é a dificuldade de escorregamento (ou movimento da discordância). Quando a ligação é predominantemente iônica, existem muito poucos sistemas de escorregamento (planos e direções cristalográficas dentro daqueles planos) ao longo dos quais as discordâncias podem se mover. Mecanismos da Deformação Plástica Propriedades Mecânicas das Cerâmicas Cerâmicas Não-Cristalinas • Devido a inexistência de uma estrutura atômica regular, a deformação plástica não ocorre pelo movimento das discordâncias, dessa forma as cerâmicas se deformam através de um escoamento viscoso, que é a maneira segundo a qual os líquidos se deformam; • A taxa de deformação é proporcional à tensão aplicada; • Não existe uma maneira ou direção predeterminada segundo a qual fenômeno ocorre, como é o caso para as discordâncias; • Quanto maior a viscosidade, menor será a velocidade em que o fluido se movimenta. Viscosidade é a propriedade associada a resistência que o fluido oferece a deformação por cisalhamento. Propriedades Mecânicas das Cerâmicas Mecanismos da Deformação Plástica Influência da Porosidade Em alguns casos, para a fabricação de materiais cerâmicos o material de origem se encontra na forma de pó. • Após a compactação ou conformação dessas partículas pulverizadas na forma desejada, existirão poros ou espaços vazios entre as partículas do pó. • Durante o tratamento térmico a maior parte da porosidade será eliminada, entretanto ele será incompleto em alguns casos resultando numa porosidade residual. • A porosidade terá influência negativa sobre as propriedades elásticas e a resistência. Foi observado para alguns cerâmicos que o módulo de elasticidade E diminui em função da fração volumétrica da porosidade, P, de acordo com a expressão: Propriedades Mecânicas das Cerâmicas E0 representa o módulo de elasticidade para o material sem porosidade. A influência da fração volumétrica da porosidade sobre o módulo de elasticidade para o óxido de alumínio é mostrada na figura, onde a curva está de acordo com a eq. anterior. Fração volumétrica da porosidade Propriedades Mecânicas das Cerâmicas A porosidade exerce um efeito negativo por dois motivos: 1. Os poros reduzem a área de seção reta através da qual uma carga é aplicada; 2. Eles também atuam como concentrados de tensões. A influência da porosidade sobre a resistência é relativamente drástica; p.ex., não é incomum que uma porosidade de 10% vol. seja responsável por uma diminuição em 50% na resistência à flexão em relação ao material sem porosidade. O grau de influência do volume de poros está mostrado na figura, novamente para o óxido de alumínio. Propriedades Mecânicas das Cerâmicas Cálculos da massa específica de Cerâmicas A massa específica teórica de um material cerâmico cristalino pode ser calculado a partir dos dados da sua célula unitária através da seguinte equação. Propriedades Mecânicas das Cerâmicas Dureza A dureza é uma propriedade de muita utilidade apresentada pelos materiais cerâmicos. Com freqüência é utilizada quando uma ação de abrasão ou de polimento é necessária. Os materiais mais duros conhecidos são classificados como cerâmicas Durezas Knoop aproximadas Propriedades Mecânicas das Cerâmicas Para os materiais cerâmicos é utilizado o ensaio de dureza de Vickers. Este é um método de classificação da dureza dos materiais baseada num ensaio laboratorial. Neste método, uma pirâmide de diamante com ângulo de diedro de 136º é usada sendo está comprimida, com uma força "F", contra a superfície do material. A área da superfície impressa é calculada pela medição das suas diagonais. A dureza de Vickers e dada por, onde d=(d1+d2)/2 Propriedades Mecânicas das Cerâmicas Referências Bibliográficas 1. Ciência e Engenharia de Materiais; Uma Introdução – Willian D. Callister, Jr.; 2. Ciência dos Materiais -James F. Shackelford; 3. Princípios de Ciência dos Materiais - Lawrence H. Van Vlack; 4. Materiais de Engenharia – Angelo Fernando Padilha
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