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Micologia Geral

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27/05/2011
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Micologia Clínica
UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS – UFAL
Prof. Valter Alvino
Introdução
Micologia – ciência que estuda os fungos e as enfermidades
causadas por estes, tanto no homem como em animais.
Fatores predisponentes às infecções fúngicas:
1.Externos: dieta alimentar, indumentária, profissão, esportes,
idade, hábitos higiênicos.
2.Internos: lesões pré-existentes, alterações metabólicas como
diabetes, uso de antimicrobianos, uso de hormônios, uso de
corticóides, AIDS, etc.
Parasita X Hospedeiro
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Caracterização Geral dos Fungos
1. Eucariontes;
2. Heterótrofos;
3. Aclorofilados;
4. Uni ou pluricelular;
5. Uni ou plurinucleados;
6. Reprodução sexuada ou assexuada;
7. Parede celular de quitina, celulose e outros polissacarídeos;
8. Glicogênio principal produto de reserva;
9. Habitat no solo, animais, vegetais e água;
10.Parasitas, simbiontes, saprófitas;
Morfologia dos Fungos
• Estrutura somática
Leveduriforme, filamentosa ou dimórfica.
Leveduriformes
1. Formato arredondado;
2. Reprodução assexuada por brotamento;
3. Formação de pseudo-hifa (pseudo-micélio)
Blastoconídio
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Filamentosos
1. Hifas;
Hialina ou demácea;
Septada ou asseptada (cenocítica);
Septo parciais ou pseudo-septos formando poros.
Micélio com hifas septadas
Micélio com hifas não septadas 
ou cenocíticas
Fungos dimórficos
•Temperatura ambiente apresentam-se filamentoso;
•Temperatura 37ºC apresentam-se leveduriforme.
Filamentoso Leveduriforme
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Micoses
Doenças causadas por fungos.
Micotoxina – substâncias tóxicas produzidas por 
fungos.
Classificação das micoses:
1. Micoses superficiais;
2. Micoses subcutâneas;
3. Micoses sistêmicas;
4. Micoses oportunistas.
Classificação quanto à terminologia:
1. Quanto a localização: dermatomicose, onicomicose (unhas), 
oftalmomicose, tricomicose (pêlos), micose pulmonar,...
2. Quanto ao fungo: aspergilose, tricofitose, microsporose, candidíase, 
histoplasmose,...
3. Quanto ao nome popular: favo, sapinho, pé-de-atleta, unheiro,...
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Micoses Superficiais
1. Limitam-se ao extrato córneo da pele e seus anexos;
2. Não produzem resposta inflamatória.
1.Pitiríase versicolor
Infecção fúngica superficial, recidivante, não
contagiosa, causada por fungos do gênero
Malassezia sp.
Aspectos Clínicos: manchas hipo ou hiper-
pigmentadas, maculosas, descamativas, de
coloração variável, que se localizam no tórax,
ombros e abdômen, braços e membros
inferiores.
Aspectos epidemiológicos
•Fatores exógenos: alta temperatura e umidade do ar;
•Fatores endógenos: pele oleosa, sudorese, fatores hereditários e uso 
de terapia imunossupressora;
•Faixa etária: adultos jovens e sem predileção por sexo.
Diagnóstico Clínico – baseia-se no exame físico das regiões
afetadas pelas lesões, através da presença de sinais clássicos:
•Sinal de Besnier – ou sinal da unha que consiste em passar a unha
sobre a lesão para observar descamação.
•Sinal de Zileri – consiste em fazer um estiramento da pele afetada para
visualizar a descamação.
•Lâmpada de Wood – fluorescência verde-amarelada.
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Diagnóstico laboratorial
Coleta da amostra – retiradas de escamas epidérmicas pela adesão de
fita transparente (Durex) com uma leve pressão sobre a lesão (Técnica
de Porto).
Exame direto – KOH a 30%, Azul-de-metileno.
Cultura – Agar Sabouraud + azeite de oliva (TA e 37º de 3 a 6 dias).
2.Piedra branca
Infecção fúngica assintomática da cutícula do pêlo causada por
espécies de Trichosporon.
Aspectos clínicos – nódulos moles de consistência mucilaginosa, de
coloração branca-cinza-amarelada que são facilmente destacados do
pêlo.
Aspectos epidemiológicos – encontrado no solo, água e vegetais, pode
fazer parte da microbiota normal da pele e mucosa oral. Acomete
adultos jovens sem predileção de sexo.
Piedra branca
Diagnóstico laboratorial
Coleta da amostra clínica, exame direto com KOH 30%, cultura com 
Agar Sabouraud + antibiótico em T ambiente por 3-6 dias.
Trichosporon sp.
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3.Piedra negra
Infecção fúngica assintomática que acomete os pêlos causada por
Piedraia hortae.
Aspectos clínicos – nódulos de consistência pétrea, fusiformes de
coloração que varia do castanho ao negro, firmemente aderido ao pêlo.
Aspectos epidemiológicos – acometem adultos jovens sem predileção de
sexo.
Diagnóstico laboratorial
Retirada do pêlo afetado com tesoura, exame direto com KOH 30%, cultura
com Agar Sabouraud + cicloeximidina T ambiente por 2-3 semanas.
4.Tinea nigra
Doença fúngica, assintomática, crônica, causada pelo fungo Hortaea
werneckii (saprófito do meio ambiente).
Aspectos clínicos – manchas únicas ou múltiplas, arredondadas, não
descamativa, com bordos delimitados.
Aspectos epidemiológicos – condições climáticas, hiperhidrose na
região palmar e plantar, acomete adultos jovens sem predileção por
sexo.
Diagnóstico laboratorial
Coleta da amostra (escama epidérmicas), exame direto com KOH
30%, cultura com Agar Sabouraud (com e sem antibiótico), mantidos
a T ambiente por 1-3 semanas.
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Tinea nigra
Hortaea werneckii
5.Candidíase
A mais freqüênte infecção fúngica oportunista podendo causar lesões
superficiais, com colonização de mucosas e pele até quadro
sistêmicos com invasão de órgãos. C. albicans (a mais comumente
implicada em quadros clínicos), C. tropicalis, C.parapsilosis, C.
glabata, C. Krusei, C. lusitaniae, C. rugosa, C. guillemondii.
Aspectos clínicos
a. Candidíase cutâneo-mucosa: inclui quadros clínicos onde se
observam acometimentos de pele, unhas e mucosas orofaríngeas e
genitais.
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b. Candidíase sistêmica ou visceral: manifestação clínica por espécies
de Candida e outras leveduras, com sintomatologia localizada que
pode se disseminar para outros órgãos por via hematogênica.
c. Candidíase alérgica: quadros cínicos variados, podem ser
observadas lesões cutâneas do tipo vesiculosas, eczematóides em
diversas partes do corpo.
d. Candidíase intertriginosa: principalmente em regiões onde ocorrem
exsudadação excessiva e maceração – regiões inframamárias,
axilares, pregas suprapúbicas, interglúteas, interdigitais palmares e
plantares (principalmente quem utiliza produtos químicos ou
permanecem em contato prolongado com água).
6. Dermatofitoses
Infecções causadas por fungos filamentosos, septados hialinos,
especializados em invadir e colonizar o extrato córneo da epiderme e
outros tecidos queratinizados; contagiosos, causados por um grupo
de fungos chamados dermatófitos representados pelos gêneros:
Trichophyton, Microsporon e Epidermophyton.
Aspectos clínicos – lesões variadas associada a uma resposta
inflamatória, caracterizado pela presença de lesões descamativas,
arredondadas e com bordos ativos. Classificação de acordo com a
localização da lesão: Tinha capitis (couro cabeludo), Tinha coporis
(corpo), Tinha cruris (região iguinocrural), Tinha unguium (unha),
Tinha pedis (pé),...
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Aspectos epidemiológicos
Distribuídos de acordo com o habitat natural:
a. Geofílicos: viabilidade em solos ricos em resíduos de queratina,
quando parasitam o homem desencadeiam resposta inflamatória
bem evidente.
A,b – lesões por Microsporum gypseum
b. Zoofílicos: adaptados ao parasitismo em espécies animais.
c. Antropofílicos: adaptados ao parasitismo no homem, podendo
coexistir com o hospedeiro causando lesões sub-clínicas.
Lesão por Trichophyton rubrum
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Diagnóstico laboratorial
Coleta da amostra (raspagem com bisturi), exame direto com KOH 
30%, cultura com Agar Sabouraud + antibiótico, T ambiente por até 
30 dias.
ARTROCONÍDIOS
ARTROCONÍDIOS
HIFA SEPTADA
HIALINA
Micoses Subcutâneas
Infecções causadas por um grupo diversificado defungos que ataca homem e
animais. As lesões aparecem inicialmente a partir do ponto de inoculação.
Permanece localizada ou dissemina-se por via linfática ou hematogênica. A
maioria dos fungos envolvidos são sapróbios dos solo e de vegetais em
decomposição.
Classificação das micoses subcutâneas
•Esporotricose;
•Cromomicose;
•Micetoma Eumicótico – Maduromicose;
•Micetoma Actinomicótico – Norcadiose;
•Rinosporidiose;
•Doença de Jorge Lobo - Lobomicose;
•Feo-hifomicose;
•Hialo-hifomicose.
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1.Esporotricose
Infecção subaguda ou crônica, produzida por Sporothrix schenckii, que
afeta o homem e outros mamíferos e aves.
Aspectos Clínicos
Infecção se inicia a partir do ponto de inoculação do fungo através de
perfurações, arranhões ou traumatismos diversos. Os braços e mãos de
adultos são mais afetados produzindo pequenos tumores subcutâneos que
tendem a supuração e ulceração. Podemos diferenciar 3 formas clínicas:
•Cutâneo-localizada – lesões polimórficas;
•Cutâneo-linfática – inicia-se no local do traumatismo e evolui para o
tronco linfático;
•Extrategumentar ou visceral – infecção adquirida por traumatismo ou
inalação, dissemina-se por via linfática ou hematogênica, para o sistema
nervoso, fígado, baço, rins, ossos, músculos, etc...
Aspectos epidemiológicos
Profissões (jardinagem, agricultura, etc.), predileção para o sexo
masculino, localização nas mãos, braços e face, com distribuição
universal.
Diagnóstico laboratorial
Coleta da amostra clínica (punção do nódulo, swab de secreções,
biopsia), exame direto com KOH (10-40%) corado por Gram ou
Giemsa, exame histopatológico, cultura.
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2.Cromomicose
Infecção crônica, de evolução lenta, causada por fungos da família
Dematiaceae, que vivem no solo ou em vegetais em decoposição.
Aspectos clínicos
Lesões unilaterais, com formação de verrugas ulceradas ou não, ou
nódulos, lesões papulosas de evolução crônica e com características
variadas.
Aspectos epidemiológicos
Lesões em membros inferiores e superiores, no tronco, pescoço, face
e nádegas, predileção pelo sexo masculino adulto, profissão
agricultor.
Diagnóstico laboratorial
Coleta da amostra clínica (raspagem com bisturi, swab de secreções
ou biópsia), exame direto, cultura.
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3. Feo-hifomicose
É uma infecção que se manifesta como um processo crônico e
destrutivo, geralmente seguindo-se a inoculação traumática, portanto
localizada principalmente em extremidades, freqüentemente os pés. A
infecção é normalmente curável com ressecção cirúrgica da lesão e
terapia antifúngica.
Aspectos epidemiológicos
Distribuição universal, isolados de plantas, do solo e de matéria em
decomposição.
Diagnóstico laboratorial
Coleta da amostra, exame direto, cultura e histopatológico.
4.Doença de Jorge Lobo
Apresenta lesões isoladas ou disseminadas na pele e tecidos
subcutâneos, através de processo de auto-inoculação ou via
hematogênica.
Aspectos clínicos
Lesões queloidiformes de evolução longa, queiloidiformes, gomosa,
ulcerada, verruciforme.
Aspectos epidemiológicos
Acomete seringueiros, garimpeiros e
lavradores, sexo masculino, grande incidência
da doença no pavilhão auricular (transporte de
cargas sobre os ombros).
Diagnóstico laboratorial
Coleta da amostra, exame direto e
histopatológico. (Não realiza cultura)
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Micoses Profundas
São infecções pro fungos sapróbios do solo, dimórficos. Contágio
por meio de inalação dos propágulos fúngicos na fase
filamentosa que no pulmão convertem-se para a fase de
levedura.
Classificação das micoses profundas
Paracoccidioidomicose – Paracoccidioides brasiliensis
Histoplasmose – Histoplasma capsulatum
Coccidioidomicose – Coccidioides immitis
Blastomicose – Blastomyces dermatitidis
1.Paracoccidioidomicose
É uma micose profunda, de inicio pulmonar, com manifestações
observadas preferencialmente na pele, mucosas, gânglios e árvore
respiratória.
Aspectos clínicos
Paracoccidioidomicose infecção, doença (forma aguda ou subaguda,
regressiva e forma crônica) e residual.
Aspectos epidemiológicos
Profissão (lavradores, operadores de máquinas agrícolas e
atividades ligadas ao campo, pedreiros e trabalhadores da
construção civil), faixa etária de 30-60 anos, sexo masculino,
América Latina.
Diagnóstico laboratorial
Coleta da amostra (raspado com bisturi da lesão, lavado brônquico,
escarro, secreção do nódulo, biópsia), exame direto, cultura
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2.Histoplasmose
Tem como porta de entrada e manifestações primárias o pulmão,
podendo se disseminar por via hematogênica ou linfática.
Aspectos clínicos
As formas clínicas de manifestações podem ser divididas em 4
grupos: assintomática, pulmonar aguda e crônica, disseminada e
cutânea por inoculação primária.
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Forma clínica Manifestações 
clínicas Complicações Evolução
Assintomática 78% dos casos sem 
sintoma
33% desenvolve 
calcificação
Cura espontânea
Pulmonar aguda Tosse seca, febre, 
perda de peso, 
dispnéia e dor 
retroesternal.
Insuficiência 
respiratória, fibrose 
mediastínica, 
derrame pleural
Cura espontânea 
na maioria dos 
casos (1-3 meses)
Pulmonar 
crônica
Idosos com 
sintomatologia 
semelhante à 
tuberculose
Insuficiência 
respiratória, fibrose 
grave
Pode ocorrer cura 
evolução lenta
Disseminada 
(rara 0,05%)
Imunodeprimidos 
com presença de 
foco extra pulmonar 
e ganglionar
Meningo-encefalite, 
endocardite, 
insuficiência supra 
renal
Geralmente letal
Cutânea por 
inoculação
Pápula no local do 
trauma e formação 
de ulcera
Geralmente não 
tem complicação
Curso benigno
Aspectos epidemiológicos
Sexo masculino, distribuição universal, atividades de risco (demolição,
corte e remoção de troncos, limpeza de prédios abandonados),
microambientes considerados reservatórios importantes (cavernas,
galinheiros, ocos de árvores ou locais com solo enriquecido com
excretas nitrogenadas).
Diagnóstico laboratorial
Coleta da amostra (raspado da lesão, punção de LCR, aspirado de
medula óssea, sangue, lavado brônquico, escarro, biópsia), exame
direto, cultura, exame histológico.
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Micoses Oportunistas
Fungos capazes de causar freqüentemente infecções em pacientes
imunocomprometidos
Principais micoses oportunistas
• Candidíase;
• Criptococose;
• Fusariose;
• Aspergilose.
1.Criptococose
Habitualmente subaguda ou crônica, conhecida por sua localização
meníngea, após aquisição da infecção por via respiratória. Agente
etiológico Cryptococcus neoformans.
Aspectos clínicos
•Forma pulmonar regressiva – achado casual de exame
histopatológico de nódulos residuais pulmonares, geralmente
periférico e sem calcificação.
•Forma pulmonar progressiva – 10% dos casos diagnosticados.
•Forma disseminada – cerca de 90% dos casos, geralmente com
sintomas relacionados ao sistema nervoso central, ocasiona quadros
polimórficos (manifestações cutâneas, ósseas, osteoarticulares
acompanhadas de lesão pulmonar ou sistema nervoso central). O
retardo no diagnóstico de meningoencefalite gera alto índice de
letalidade.
Dignóstico laboratorial
Coleta de amostra (lavado
brônquico, escarro, sangue, urina,
líquor, secreção do nódulo), exame
direto com tinta nanquim, cultura.
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Tratamento
Derivados azólicos;
Nistatina;
Anfotericina B;
Você que faz o seu caminho...
FIM

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