Buscar

Acústica na Arquitetura Antiga e Moderna

Prévia do material em texto

A acústica vem mostrando seu valor desde a antiguidade, com os teatros ao ar livre dos gregos e romanos, cujos resultados obtidos não devem ser esquecidos. O teatro grego, geralmente localizado em sítios inclinados para a aproveitamento da topografia, conta com partes como a cávea, orquestra e palco.
Com os gregos foi possível aprender sobre a eficiência da distribuição da plateia em formas semicirculares e o aproveitamento da topografia, tendo como resultado a aproximação do público ao palco e, consequentemente, a maior catação sonora do espectador. Já o teatro romano, apesar de seguir basicamente o modelo grego, se diferencia com o desenvolvimento de uma estrutura independente, a qual se apoia em escadas e corredores, que se elevam e abraçam a cávea, criando superfícies verticais mais altas. Nele, a orquestra toma forma semicircular e o proscênio é mais alto, mais largo e mais próximo ao espectador do que o teatro grego.
Dos romanos, nota-se a possibilidade de reforço sonoro, por meio do aumento das superfícies verticais da edificação construída atrás do palco e de reflexões laterais, hoje chamado de conchas acústicas. Mudando de assunto, as igrejas medievais são exemplos de ambientes com grande sobreposição sonora e construídas com materiais reflexivos (pedra e alvenaria). Já em locais com influência bizantina, a presença da cúpula serviu como exemplo de superfícies que causam ocorrência de uma focalização sonora. Mais tarde, no gótico, o edifício se tornou cada vez mais alto, aumentando o caminho percorrido pelo som e provocando percepção de fenômenos como o eco.
Os teatros renascentistas resgataram em planta algumas características da antiguidade, porém se desenvolveram em espaços fechados e, por isso, refletiram um importante momento para a acústica arquitetônica. Pois, enquanto para o teatro ao ar livre o som ouvido pelo receptor fica restringido praticamente ao som emitido diretamente pela fonte, nos teatros fechados o grande número de superfícies propicia inúmeras reflexões sonoras, que reforçam o som direto. O teatro Olímpico em Vicenza, de Andrea Palladio, sem a presença do público, quando comparado a um teatro aberto, pode ser considerado um ambiente bastante reverberante. No desenvolvimento dos teatros renascentistas, o palco ganhou duas áreas distintas, divididas por uma grande abertura chamada "boca de cena". Assim, dois espaços diferentes acusticamente são interligados por uma abertura (um de grande volume e outro de menor volume). As diferenças das características acústicas entre o palco e a área de orquestra marcam o agravamento dos problemas acústicos dos teatros fechados. A área excessivamente reflexiva dos músicos contrasta com a decoração absorvente do palco.
Os problemas acústicos começaram a ser tratados com maior embasamento científico a partir do século XX. Ao contrário dos teatros até então, no fim do século XIX e início do século XX, a plateia apresentou certa homogeneidade na recepção sonora devido à forma retangular dos auditórios, fato que proporcionou grande melhoria acústica desses ambientes, apesar de o paralelismo das paredes ser prejudicial acusticamente.
O som tem sua origem na vibração de um objeto, provocando a vibração de partículas do meio (ar e materiais de construção) e sendo capaz de ser captado pelo ouvido humano, porém nem toda vibração é percebida pelo ouvido humano. As vibrações sonoras propagam-se pelo ar em razão de pequenas alterações provocadas na pressão atmosférica, caracterizando as ondas sonoras. Com elas, as partículas do ar são submetidas a sucessivas compressões rarefações, de forma que o movimento de uma partícula provoca a vibração da partícula vizinha e resulta na propagação sonora.
A pressão determina o máximo deslocamento da partícula em relação ao seu centro de equilíbrio (amplitude). O número de ciclos de compressão e rarefação que uma partícula completa em determinado intervalo de tempo ao redor de seu centro de equilíbrio é denominada frequência.

Continue navegando