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Aula 07 (Interceptação)

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A
Estrategia
C O N C U R S O SV
Aula 04
NoQdes de Direito Processual Penal pi PC-DF (Agente) - Com videoaulas
Professor: Renan Araujo
AULA 04: INTERCEPTACAO DAS COMUNICAQOES
TELEFONICAS. QUEBRA DE SIGILO TELEFONICO,
BANCARIO E FISCAL.
SUMARIO
A1 LEI DE INTERCEPTACAO DAS COMUNICACOES TELEFONICAS
Finalidade e natureza
Requisitos
Legitimados a requerer a medida
Prazo e prorrogagao
Condugao dos procedimentos
Inutilizagao do material irrelevante
Degravagao e pericia
Tipo penal especifico
QUEBRA DE SIGILO BANCARIO E FISCAL
Quebra de sigilo bancario
Quebra de sigilo fiscal
DISPOSITIVOS LEGAIS IMPORTANTES
JURISPRUDENCE CORRELATA
RESUMO
LISTA DE EXERCICIOS
EXERCICIOS COMENTADOS
GABARITO
2
1.1 2
1.2 5
1.3 6
1.4 7
1.5 8
1.6 8
1.7 8
1.8 9
2 9
2.1 9
2.2 13
3 14
4 16
5 17
6 19
7 27
8 42
Ola, meus amigos!
Hoje vamos estudar a Lei de Interceptacao das Comunicacdes
Telefonicas (Lei 9.296/96).
Trata-se de uma lei pequena, com poucos artigos, mas que possui algumas
polemicas sobre as quais o STF e o STJ ja se manifestaram e que podem cair na
prova!
Veremos, ainda, a quebra de sigilo telefonico (dentro da parte relativa
a Interceptagao telefonica), e a quebra de sigilo bancario e fiscal.
Bons estudos!
Prof. Renan Araujo
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1 LEI DE INTERCEPTACAO DAS COMUNICACOES
TELEFONICAS
1.1 Finalidade e natureza
A primeira coisa que temos que ter em mente quando iniciamos o estudo
desta lei e que ela tern por finalidade regulamentar um dispositivo da
Constituigao Federal que e um dos pilares de um Estado verdadeiramente
Democratico de Direito: O direito a privacidade.
Vejamos o que diz o artigo 5°, XII da CRFB/88:
Art. 50 (...)
XII - e inviolavel o sigilo da correspondence e das comunicagdes telegraficas, de dados
e das comunicagdes telefonicas, salvo, no ultimo caso, por ordem judicial, nas
hipoteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigagao criminal ou
instrugao processual penal; (Vide Lei n° 9.296, de 1996 )
Por sua vez, o art. 1° da Lei 9.296/96 estabelece que:
Art. 1° A interceptagao de comunicagdes telefonicas, de qualquer natureza, para provaem investigagao criminal e em instrugao processual penal, observara o disposto nesta
Lei e dependera de ordem do juiz competente da agao principal, sob segredo de
justiga.
Paragrafo unico. O disposto nesta Lei aplica-se a interceptagao do fluxo de
comunicagdes em sistemas de informatica e telematica.
No entanto, o que seria "interceptagao de comunicagdes telefonicas"?
Esse termo significa a captagao de conversas realizadas por meio telefonico,
entre TERCEIROS, e ocorre quando NENHUM DOS INTERLOCUTORES TEM
CIENCIA DA GRAVA(?AO DA CONVERSA.1
FIQUE
atento!
Nao podemos confundir "interceptagao de
comunicagdes telefonicas" com escuta telefonica e gravagao telefonica.
A primeira e medida de excegao, mas autorizada em alguns casos. As duas
ultimas seguem regramentos distintos.
Quanto a ESCUTA TELEFONICA, e a modalidade na qual um dos interlocutores
tern ciencia da gravagao, que e feita por TERCEIRA PESSOA. A semelhanga da
interceptagao telefonica, so e admitida mediante autorizagao judicial.
1 NUCCI, Guilherme de Souza . Leis Penais e Processuais Penais comentadas. 8. ed. Rio de Janeiro: Ed.
Forense, 2014, p. 478/479
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Ja a GRAVAQAO TELEFONICA e a modalidade na qual um dos interlo'cutores
realiza a gravagao da conversa, ou seja, nao ha a participagao de terceiros.2 E
considerada prova LICITA (STJ: RHC 19136/MG 2007, Rel. Min. Felix Fischer).
FIQUE
atento!
Nao se deve confundir, ainda, interceptagao das
comunicagoes telefonicas com quebra de sigilo de dados telefdnicos. A
interceptagao das comunicagoes telefonicas tern por finalidade obter acesso ao
conteudo das comunicagoes telefonicas, ao teor das conversas.
A quebra de sigilo de dados telefdnicos tern por finalidade, apenas, obter
informagdes a respeito das referidas chamadas (duragao da chamada,
terminal de partida e destino, horario da ligagao, etc.).
=> Mas os requisitos para a quebra de sigilo de dados telefdnicos sao
os mesmos da interceptagao telefonica? Nao, pois e possivel que seja
determinada a quebra de tal sigilo sempre que houver justa causa, ou seja,
indicatives razoaveis de que os dados poderao auxiliar na investigagao ou na
instrugao processual. Alem disso, a Doutrina majoritaria entende que Comissdes
Parlamentares de Inqueritos, o proprio MP e a autoridade policial poderao
ter acesso a estes dados sem necessidade de autorizagao judicial, ja que estes
dados, a despeito de protegidos constitucionalmente, nao possuem a mesma
protegao conferida ao conteudo das conversas telefonicas.
Muito se questiona, ainda, a respeito das chamadas INTERCEPTAQOES
AMBIENTAIS (Que incluem a interceptagao ambiental stricto sensu, a gravagao
ambiental e a escuta ambiental).
Primeiramente, temos que saber o que e uma "comunicagao ambiental".
Uma comunicagao ambiental e aquela realizada pessoalmente, e nao
atraves de qualquer aparelho de transmissao.
Assim, uma gravagao ambiental, por exemplo, seria uma gravagao feita por
um dos interlocutores da conversa, sem o conhecimento do outro.
Os Tribunals Superiores aplicam as mesmas regras da interceptagao
telefdnica as interceptagdes ambientais. Vejamos:
2 Tambem chamada de captagao direta. NUCCI, Guilherme de Souza . Leis Penais e Processuais Penais
comentadas. Op. cit., p. 480
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Jurisprudence
(...) A aravacao ambiental meramente clandestina, realizada por um dos interlocutores,
nao se confunde com a interceptagao, objeto clausula constitucional de reserva de
jurisdigao. 2. E Ifcita a prova consistente em gravagao de conversa telefonica realizada por um
dos interlocutores, sem conhecimento do outro, se nao ha causa legal especifica de sigilo nem
de reserva da conversagao. Precedentes. 3. Agravo regimental desprovido.
(AI 560223 AgR, Relator(a): Min. JOAQUIM BARBOSA, Segunda Turma, julgado em
12/04/2011, DJe-079 DIVULG 28-04-2011 PUBLIC 29-04-2011 EMENT VOL-02511-01 PP-
00097 LEX5TF v. 33, n. 388, 2011, p. 35-40)
CUIDADO: O STF ja decidiu (HC 81154/SP) que interceptagoes telefonicas
realizadas antes da vigencia da Lei sao PROVAS ILICITAS, e geram a nulidade
do processo, se foram a unica prova sobre a qual se fundamentou a sentenga
condenatoria.
E bom lembrar que a interceptagao de comunicagao telefonica e
medida excepcional, por representar enorme invasao na esfera de privacidade
das pessoas, de forma que todo processo em que haja esse tipo de prova devera
tramitar em SEGREDO DE JUSTIQA. Os Tribunals, contudo, entendem que e
possfvel a divulgagao das conversas em alguns casos, notadamente quando
houver "justa causa" (Que ninguem sabe precisar exatamente o que e).
O art. 1° da Lei fala, ainda, em "Juiz Competente". Juiz competente seriaaquele que teria atribuigao para, em tese, processar e julgar a agao penal futura
ou em curso.
Mas e se for autorizada por Juiz incompetente? Neste caso, teremos
uma prova ilicita e, portanto, nao podera ser utilizada no processo.
CUIDADO MASTER! O STF entende que se a incompetencia do Jufzo que
decretou a medida somente foi reconhecida em razao de fatos cujo
conhecimento e posterior a decisao judicial, aplica-se a TEORIA DO JUIZO
APARENTE, ou seja, o Juizo que decretou a medida nao era, de fato,
competente, mas considerando-se apenas os fatos conhecidos a epoca da
decisao, ele era o Jufzo aparentemente competente.3
3 (...) 7. Quanto a celeuma acerca da determinagao da quebra de sigilo pelo Juizo Federal de
Itaperuna/RJ, que foi posteriormente declarado incompetente em razao de ter sido identificada
atuacao de oraanizacao criminosa (art. 1° da Resolugao Conjunta n. 5/2006 do TRF da 2a
Regiao), ha de se aplicar a teoria do jufzo aparente (STF, HC81.260/ES, Tribunal Pleno, rel. Min.
Sepulveda Pertence, DJ de 19.4.2002). 8. Ordem denegada, cassando a liminar deferida.
(HC 110496, Relator(a): Min. GILMAR MENDES, Segunda Turma, julgado em 09/04/2013, PROCESSO
ELETRONICO DJe-238 DIVULG 03-12-2013 PUBLIC 04-12-2013)
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É inconstitucional Resolução do CNJ que proíbe o juiz de prorrogar a interceptação telefônica
durante o plantão judiciário ou durante o recesso do fim de ano
A Resolução 59/2008 do CNJ disciplina e uniformiza o procedimento de interceptação de comunicações telefônicas 
e de sistemas de informática e telemática nos órgãos jurisdicionais do Poder Judiciário.
Foi proposta uma ADI contra esse ato normativo.
O STF decidiu que essa Resolução é constitucional, com exceção do § 1º do art. 13, que prevê o seguinte:
“§ 1º Não será admitido pedido de prorrogação de prazo de medida cautelar de interceptação de comunicação 
telefônica, telemática ou de informática durante o plantão judiciário, ressalvada a hipótese de risco iminente e grave 
à integridade ou à vida de terceiros, bem como durante o Plantão de Recesso previsto artigo 62 da Lei nº 5.010/66”. 
Em relação ao § 1º do art. 13 da Resolução 59/2008, o CNJ extrapolou sua competência normativa, adentrando em 
seara que lhe é imprópria. Essa previsão violou:
a) a competência dos Estados para editar suas leis de organização judiciária (art. 125, § 1º, da CF/88);
b) a competência legislativa na União para a edição de normas processuais (art. 22, I);
c) a norma constante do art. 5º, XXXV, da CF, no que respeita à inafastabilidade da jurisdição.
STF. Plenário. ADI 4145/DF, Rel. Min. Edson Fachin, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 26/4/2018
Constitucionalidade da Resolução 36/2009-CNMP
É constitucional a Resolução 36/2009 do CNMP, que dispõe sobre o pedido e a utilização de interceptações 
telefônicas, no âmbito do Ministério Público, nos termos da Lei nº 9.296/96.
A norma foi editada no exercício das atribuições previstas diretamente no art. 130-A, § 2º, I e II, da CF/88.
A Resolução apenas regulamentou questões administrativas e disciplinares relacionadas ao procedimento de 
interceptação telefônica, sem adentrar em matéria de direito penal, processual ou relativa a nulidades.
Não foram criados novos “requisitos formais de validade” das interceptações. Tanto isso é verdade que a 
inobservância dos preceitos contidos na resolução não constitui causa de nulidade, mas sim motivo para a 
instauração de procedimento administrativo disciplinar contra o agente público infrator, pois consistem em regras 
ligadas aos deveres funcionais de sigilo na atuação ministerial.
A independência funcional do MP foi preservada. A resolução não impõe uma linha de atuação ministerial, apenas 
promove a padronização formal mínima dos ritos adotados nos procedimentos relacionados a interceptações 
telefônicas, em consonância com as regras previstas na Lei nº 9.296/96.
STF. Plenário. ADI 4263/DF, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 25/4/2018 
1.2 Requisitos
0 art. 2° da Lei estabelece algumas restrigoes a autorizagao deinterceptagoes telefonicas. Vejamos:
Art. 2° Nao sera admitida a interceptagao de comunicagdes telefonicas quando ocorrer
qualquer das seguintes hipoteses:
I - nao houver indicios razoaveis da autoria ou participagao em infragao penal;
II - a prova puder ser feita por outros meios dispom'veis;
III - o fato investigado constituir infragao penal punida, no maximo, com pena de
detengao.
Paragrafo unico. Em qualquer hipotese deve ser descrita com clareza a situagao objeto
da investigagao, inclusive com a indicagao e qualificagao dos investigados, salvo
impossibilidade manifesta, devidamente justificada.
Assim, presente qualquer das situagoes acima narradas, nao se podera
admitir a interceptagao telefonica. A contrario sensu, podemos dizer que as
condigoes para a autorizagao de interceptagoes telefonicas sao as seguintes
(CUMULATIVAS):
• Haver indicios razoaveis de autoria ou participagao em infragao penal
• A prova nao puder ser feita por outros meios
• 0 fato investigado deve ser punido com pena de reclusao
• A situagao objeto da investigagao deve ser descrita com clareza, com a
qualificagao dos suspeitos, SALVO SE ISSO FOR IMPOSSIVEL
Tambem nao se admite a chamada "autorizagao generica", ou "carta
branca". Assim, nao e possfvel, por exemplo, que o Judiciario autorize a
interceptagao telefonica de todos os moradores de uma favela, pois ha suspeitas
de que alguem esteja praticando trafico de entorpecentes. Ora, essa autorizagao
e generica demais, nao especifica exatamente qual e o fato, quern sao os
suspeitos, etc.
Jurisprudencia
Embora as interceptagoes telefonicas so possam ser autorizadas nestes casos
expressamente previstos, o STF admite que a prova obtida atraves de uma
interceptagao licita (que obedeceu aos requisitos legais) possa ser
utilizada como "prova emprestada" em outros processos criminais ou ate
mesmo procedimentos administrativos disciplinares instaurados em face
dos mesmos investigados OU DE OUTROS, desde que haja conexao entre os
fatos. Vejamos a seguinte decisao do STF:
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L
.) 1. Nao e ilfcita a prova obtida mediante interceptagao telefonica autorizada por
Jui'zo competente. O posterior reconhecimento da incompetencia do Jui'zo que deferiu
a diligencia nao implica, necessariamente, a invalidagao da prova legalmente
produzida. A nao ser que "o motivo da incompetencia declarada [fosse]
contemporaneo da decisao judicial de que se cuida" (HC 81.260, da relatoria do
ministro Sepulveda Pertence). 2. Nao ha por que impedir que o resultado das
diligencias encetadas por autoridade judiciaria ate entao competente seja utilizado
para auxiliar nas apuragoes que se destinam a cumprir um poder-dever que decola
diretamente da Constituigao Federal (incisos XXXIX, LIII e LIV do art. 5°, incisoI doart. 129 e art. 144 da CF). Isso, e claro, com as ressalvas da jurisprudence do STF
quanto aos limites da chamada prova emprestada 3. Os elementos informativos
de uma investigagao criminal, ou as provas colhidas no bojo de instrugao
processual penal, desde que obtidos mediante interceptagao telefonica
devidamente autorizada por Jufzo competente, admitem compartilhamento
para fins de instruir procedimento criminal ou mesmo procedimento
administrativo disciplinar contra os investigados. Possibilidade
jurisprudencial que foi ampliada, na Segunda Questao de Ordem no Inquerito
2.424 (da relatoria do ministro Cezar Peluso), para tambem autorizar o uso
dessas mesmas informagoes contra outros agentes. 4. Habeas corpus denegado.
(HC 102293, Relator(a): Min. AYRES BRITTO, Segunda Turma, julgado em
24/05/2011, ACORDAO ELETRONICO DJe-239 DIVULG 16-12-2011 PUBLIC 19-12-
2011)
1.3 Legitimados a requerer a medida
Mas, quern pode requerer a autorizagao para realizagao de
interceptagao telefonica? A lei nos diz, em seu art. 3°:
Art. 3° A interceptagao das comunicagdes telefonicas podera ser determinada peto
juiz, de oficio ou a requerimento:
I - da autoridade policial, na investigagao criminal;
II - do representante do Ministerio Publico, na investigagao criminal e na instrugao
processual penal.
Assim, temos tres hipoteses:
=> De oficio, pelo Juiz (Sem pedido de ninguem)
=> A requerimento da autoridade policial, durante a investigagao
criminal
=> A requerimento do MP, durante a investigagao ou durante a
instrugao processual penal
Mas, e no caso de crimes de agao penal privada? A Doutrina entende
que a vitima tem legitimidade para requerer autorizagao para realizagao
de interceptagao telefonica.
O art. 4° determina, ainda, que o pedido devera cumprir determinadasformalidades (simples):
Art. 4° O pedido de interceptagao de comunicagao telefonica contera a demonstragao
de que a sua realizagao e necessaria a apuragaode infragao penal, com indicagao dos
meios a serem empregados.
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'xcepcionalmente, o juiz podera admitir que o pedido seja
verbalmente, desde que estejam presentes os pressupostos que autorizem a
interceptagao, caso em que a concessao sera condicionada a sua redugao a termo.
§ 2° O juiz, no prazo maximo de vinte e quatro horas, decidira sobre o pedido.
ormulado
1.4 Prazo e prorrogagao
0 art. 5°, por sua vez, estabelece que a decisao (que deferir ou indeferir opedido) devera ser fundamentada (em respeito ao art. 93, IX da Constituigao
Federal):
Art. 5° A decisao sera fundamentada, sob pena de nulidade, indicando tambem a
forma de execugao da diligencia, que nao podera exceder o prazo de quinze dias,
renovavel por igual tempo uma vez comprovada a indispensabilidade do meio de
prova.
A parte final do artigo trouxe muitas polemicas. Poderia ou nao a
interceptagao ser renovada mais de uma vez? A redagao legal e clara ao
dizer apenas uma vez. No entanto, o STF firmou entendimento no sentido
contrario, adotando a tese de que e possivel a renovagao por sucessivas
vezes, desde que isso se mostre indispensavel as investigagoes. Vejamos:
Jurisprudence
(...) 2. A renovagao da medida ou a prorrogagao do prazo das interceptagoes
telefonicas pressupoem a complexidade dos fatos sob investigagao e o numero de
pessoas envolvidas, por isso que nesses casos maior e a necessidade da quebra do
sigilo telefonico, com vista a apuragao da verdade que interessa ao processo penal,
sendo, a fortiori, "licita a prorrogagao do prazo legal de autorizagao para
interceptagao telefonica, ainda que de modo sucessivo, quando o fato seja complexo
e exija investigagao diferenciada e continua" (Inq. N° 2424/RJ, relator Ministro CezarPeluso, Dje de 25.03.2010). 3(...)
(HC 106225, Relator(a): Min. MARCO AURELIO, Relator(a) p/ Acordao: Min. LUIZ FUX, Primeira
Turma, julgado em 07/02/2012, PROCESSO ELETRONICO DJe-059 DIVULG 21-03-2012 PUBLIC
22-03-2012)
Vejam que o STF, portanto, contraria o que esta expressamente
previsto na Lei.
CUIDADO! O termo inicial para contagem do prazo de 15 dias e a data em
que se efetiva a diligencia, e nao a data da decisao judicial: STJ, HC
135771:
"(...) 2. Em relagao as interceptagoes telefonicas, o prazo de 15 (quinze) dias,
previsto na Lei n° 9.296/96, e contado a partir da efetivagao da medida constritiva,ou seja, do dia em que se iniciou a escuta telefonica e nao da data da decisao judicial.
(. )'
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1.5 Condugao dos procedimentos
Quem conduz o procedimento para a realizagao da interceptagao e a
autoridade policial, dando ciencia de tudo ao MP, nos termos do art. 6°:
Art. 6° Deferido o pedido, a autoridade policial conduzira os procedimentos de
interceptagao, dando ciencia ao Ministerio Publico, que podera acompanhar a sua
realizagao.
Art. 7° Para os procedimentos de interceptagao de que trata esta Lei, a autoridade
policial podera requisitar servigos e tecnicos especializados as concessionarias de
servigo publico.
Apos a realizagao dos trabalhos, a autoridade policial encaminhara o
resultado ao Juiz, acompanhado de resumo das operagoes realizadas. Neste
momento o Juiz determinara que os documentos relativos a interceptagao sejam
autuados em apartado, apensados aos autos principais, tramitando em segredo
de justiga. Apos, dara ciencia ao MP:
§ 2° Cumprida a diligencia, a autoridade policial encaminhara o resultado da
interceptagao ao juiz, acompanhado de auto circunstanciado, que devera conter o
resumo das operagoes realizadas.
§ 3° Recebidos esses elementos, o juiz determinara a providencia do art. 8° , ciente
o Ministerio Publico.
(... )
Art. 8° A interceptagao de comunicagao telefonica, de qualquer natureza, ocorrera em
autos apartados, apensados aos autos do inquerito policial ou do processo criminal,
preservando-se o sigilo das diligencias, gravagdes e transcrigdes respectivas.
1.6 Inutilizagao do material irrelevante
E claro que durante este procedimento muitas das gravagoes obtidas serao
completamente inuteis as investigagoes, motivo pelo qual deverao ser
descartadas, mediante requerimento da parte interessada ou do MP, naquilo que
se chama de "incidente de inutilizagao":
Art. 9° A gravagao que nao interessar a prova sera inutilizada por decisao judicial,
durante o inquerito, a instrugao processual ou apos esta, em virtude de requerimento
do Ministerio Publico ou da parte interessada.
Paragrafo unico. O incidente de inutilizagao sera assistido pelo Ministerio Publico,
sendo facultada a presenga do acusado ou de seu representante legal.
1.7 Degravagao e perfcia
Ate mesmo em razao da existencia de muito material irrelevante para as
investigagoes, os Tribunais Superiores firmaram entendimento no sentido de que
nao e necessaria a transcrigao (degravagao) de todo o conteudo
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interceptado, mas apenas daquelas partes que sejam importantes a
investigagao.4
Embora nao seja necessaria a transcrigao integral do audio captado, e
necessario que seja disponibilizado a defesa o conteudo integral do audio
(atraves de CDs, etc.).5
Mas, professor, me surgiu uma duvida: e necessaria a realizagao de
pericia para analisar se o material (conversas) e verdadeiro ou
montagem? Em regra, nao, mas nada impede que alguem, desconfiando da
veracidade da prova, requeira a realizagao de pericia. Este e o entendimento do
STJ.6
1.8 Tipo penal especifico
A Lei, la no final, ainda nos traz um tipo penal, que e o de realizar
interceptagao telefonica, de informatica ou telematica, ou quebrar segredo de
Justiga, SEM AUTORIZAGAO JUDICIAL OU COM OBJETIVOS NAO
AUTORIZADOS EM LEI:
Art. 10. Constitui crime realizar interceptagao de comunicagdes telefonicas, de
informatica ou telematica, ou quebrar segredo da Justiga, sem autorizagao judicial ou
com objetivos nao autorizados em lei.
Pena: reclusao, de dois a quatro anos, e multa.
Vejam que a parte grifada e o que se chama de elemento normativo do tipo
penal, pois estabelece uma situagao que, se presente, torna a conduta prevista
anteriormente em legal. Assim, se ha autorizagao judicial, a quebra de segredo
de Justiga, por exemplo, sera um indiferente penal.
Esse crime e de A£AO PENAL PUBLICA INCONDICIONADA, vez que a lei
nada fala a respeito do tipo de agao penal.
2 QUEBRA DE SIGILO BANCARIO E FISCAL
2.1 Quebra de sigilo bancario
O sigilo das informagoes bancarias esta previsto no art. 1° da LC 105/01.Vejamos:
Art. lo As instituigdes financeiras conservarao sigilo em suas operagdes ativas e
passivas e servigos prestados.
4 (HC 245.108/SP, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, SEXTATURMA, julgado em 22/04/2014,
DJe 02/05/2014)
5 NUCCI, Guilherme de Souza. Leis Penais e Processuais Penais comentadas. Op. cit., p. 491
6 (HC 245.108/SP, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, SEXTA TURMA, julgado em 22/04/2014,
DJe 02/05/2014)
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Mais a frente, a LC 105/01 estabelece, em seu art. 10, aquilo que
efetivamente nos interessa em se tratando de Direito Penal, que e a previsao
de crime para a conduta de quebra de sigilo bancario (fora das hipoteses
legais).
Vejamos a redagao do tipo penal:
Art. 10. A quebra de sigilo, fora das hipoteses autorizadas nesta Lei Compiementar,
constitui crime e sujeita os responsaveis a pena de reclusao, de um a quatro anos, e
multa, aplicando-se, no que couber, o Codigo Penal, sem prejuizo de outras sangdes
cabiveis.
Podemos perceber, sem grande esforgo interpretative, que o legislador nao
usou da boa tecnica ao redigir o tipo penal deste delito, eis que poderia, ao
menos, ter estabelecido o preceito primario (conduta) e o preceito secundario
(pena) separadamente, como o faz em regra.
Vejam, ainda, que o tipo penal traz um "elementonormativo do tipo",
que e a expressao "fora das hipoteses autorizadas nesta lei
compiementar". O que isso significa? Significa que em se tratando de quebra
de sigilo DENTRO DAS HIPOTESES AUTORIZADAS NA LC 105/01, nao
estaremos diante de uma conduta criminosa.
E quais sao as hipoteses de quebra de sigilo bancario previstas na LC
105/01? Existem varias, notadamente no que se refere a obrigatoriedade de
fornecimento de informagoes a determinados orgaos, como o BCB, o COAF, etc.,
mas a mais relevante delas, para o nosso estudo, e a hipotese de quebra de
sigilo por determinagao judicial, prevista no §4° do art. 1° da LC 105/01:
Art. lo (...)
§ 4o A quebra de sigilo podera ser decretada, quando necessaria para apuragao de
ocorrencia de qualquer ilicito, em qualquer fase do inquerito ou do processo judicial,
e especialmente nos seguintes crimes:
I - de terrorismo;
II - de trafico ilicito de substancias entorpecentes ou drogas afins;
III - de contrabando ou trafico de armas, munigdes ou material destinado a sua
produgao;
IV - de extorsao mediante sequestro;
V - contra o sistema financeiro nacional;
VI - contra a Administragao Publica;
VII - contra a ordem tributaria e a previdencia social;
VIII - lavagem de dinheiro ou ocultagao de bens, direitos e valores;
IX - praticado por organizagao criminosa.
Quer dizer que apenas quando se tratar destes crimes e possivel a
quebra do sigilo? NAO! A lei fala "especialmente" nesses casos, mas deixa claro
que e possivel a determinagao judicial de quebra de sigilo bancario na apuragao
da pratica de qualquer ilicito penal.
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O MP, por sua vez, nao pode decretar a quebra de sigilo bancario
(Vide STJ HC 160.646/SP), mas pode representar a autoridade judiciaria pela
quebra do sigilo bancario, a fim de instruir determinado processo criminal ou
inquerito policial, sendo esta, inclusive, uma de suas fungoes institucionais, nos
termos da LC 75/93 e da Lei 8.625/93.
O STJ, entretanto, entende que nao e necessario que haja, sequer, Inquerito
Policial instaurado para que o MP possa requerer a determinagao de quebra de
sigilo bancario. E possivel o requerimento e a decretagao de quebra de sigilo
bancario para instruir procedimento investigatorio criminal instaurado no ambito
do MP, e conduzido por ele proprio, que seria uma especie de inquerito policial.
Vejamos:
Jurisprudencia
(...) 2. Dentre as providencias que podem ser tomadas pelo Parquet para a
reuniao de provas no curso das investigates por ele promovidas esta a de
representar pela quebra do sigilo de dados, consoante o disposto no inciso
XVIII do artigo 6° da Lei Complementar 75/1993.
3. Embora o § 4° do artigo 1° da Lei Complementar 105/2001 estabelega que a quebrade sigilo podera ser decretada em qualquer fase do inquerito ou de processo judicial,
o certo e que tal disposigao legal nao impede que a medida seja autorizada em
procedimento investigatorio conduzido pelo orgao ministerial, como previsto na Lei
Complementar 75/1993.
4. O requerimento de quebra do sigilo bancario por parte do Ministerio Publico
prescinde da previa instauragao de inquerito policial, permitindo-se que a
medida seja requerida ao Poder Judiciario no curso de investigagao por ele
dirigida. Precedentes.
5. Ordem denegada.
(HC 168.184/SP, Rel. Ministro JORGE MUSSI, QUINTA TURMA, julgado em
02/02/2012, DJe 15/02/2012)
As comissoes parlamentares de inquerito PODEM obter os
documentos diretamente junto as Instituigdes financeiras, sem
necessidade de autorizagao judicial, nos termos do art. 4°, §1° da LC105/01:
Art. 4o O Banco Central do Brasil e a Comissao de Valores Mobiliarios, nas areas de
suas atribuigdes, e as instituigdes financeiras fornecerao ao Poder Legislative Federal
as informagdes e os documentos sigilosos que, fundamentadamente, se fizerem
necessarios ao exerdcio de suas respectivas competences constitucionais e legais.
§ lo As comissdes parlamentares de inquerito, no exerdcio de sua competencia
constitucional e legal de ampla investigagao, obterao as informagdes e documentos
sigilosos de que necessitarem, diretamente das instituigdes financeiras, ou por
intermedio do Banco Central do Brasil ou da Comissao de Valores Mobiliarios.
O dever de sigilo, por sua vez, e extensfvel, tambem, ao BANCO CENTRAL
DO BRASIL, no que se refere as operagoes que realizar. Contudo, as instituigdes
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financeiras nao podem deixar de fornecer informagoes ao Banco Central alegando
"possfvel quebra de sigilo". Vejamos:
Art. 2o O dever de sigilo e extensivo ao Banco Central do Brasil, em relagao as
operagdes que realizar e as informagdes que obtiver no exerdcio de suas atribuigoes.
§ lo O sigilo, inclusive quanto a contas de depositos, aplicagoes e investimentos
mantidos em instituigoes financeiras, nao pode ser oposto ao Banco Central do Brasil:
I - no desempenho de suas fungoes de fiscalizagao, compreendendo a apuragao,
a qualquer tempo, de ilicitos praticados por controladores, administradores, membros
de conselhos estatutarios, gerentes, mandatarios e prepostos de instituigoes
financeiras;
II - ao proceder a inquerito em instituigao financeira submetida a regime especial.
O mesmo se aplica a CVM - Comissao de Valores Mobiliarios, quando estiver
em sua fungao de fiscalizagao:
Art. 20 (...)
§ 3o O disposto neste artigo aplica-se a Comissao de Valores Mobiliarios, quando se
tratar de fiscalizagao de operagdes e servigos no mercado de valores mobiliarios,
inclusive nas instituigoes financeiras que sejam companhias abertas.
O fornecimento de informagoes pelo BACEN e pela CVM ao COAF (orgao cuja
finalidade principal e combater a lavagem de capitais) tambem se insere nas
hipoteses autorizadas de "quebra" de sigilo. Vejamos:
Art. 20 (...)
§ 60 O Banco Central do Brasil, a Comissao de Valores Mobiliarios e os demais drgaos
de fiscalizagao, nas areas de suas atribuigoes, fornecerao ao Conselho de Controle de
Atividades Financeiras - COAF, de que trata o art. 14 da Lei no 9.613, de 3 de margo
de 1998, as informagdes cadastrais e de movimento de valores relativos as operagdes
previstas no inciso I do art. 11 da referida Lei.
Tambem e possfvel a determinagao (pelo JUDIClARIO) da quebra do sigilo
bancario para instruir procedimento administrative disciplinar contra
servidor publico em razao de infragao praticada no exerdcio de suas
fungoes, nao havendo necessidade de que haja processo judicial em curso:
Art. 3o Serao prestadas pelo Banco Central do Brasil, pela Comissao de Valores
Mobiliarios e pelas instituigoes financeiras as informagdes ordenadas pelo Poder
Judiciario, preservado o seu carater sigiloso mediante acesso restrito as partes, que
delas nao poderao servir-se para fins estranhos a tide.
§ lo Dependem de previa autorizagao do Poder Judiciario a prestagao de informagdes
e o fornecimento de documentos sigilosos solicitados por comissao de inquerito
administrative destinada a apurar responsabilidade de servidor publico por infragao
praticada no exerdcio de suas atribuigoes, ou que tenha relagao com as atribuigoes
do cargo em que se encontre investido.
§ 2o Nas hipoteses do § lo, o requerimento de quebra de sigilo independe da
existencia de processo judicial em curso.
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O § unico do art. 10 ainda nos traz uma clausula de equiparagao,
estabelecendo pena identica aquele que omitir, retardar injustificadamente ou
prestar falsamente as informagoes requeridas nos termos da LC 105/01.
Vejamos:
Art. 10 (...)
Paragrafo unico. Incorre nas mesmas penas quem omitir, retardar injustificadamente
ou prestar falsamente as informagoes requeridas nos termos desta Lei Complementar.
Nao podemos deixar de analisar, ainda, que somente a pratica destas
condutas (tanto a do caput quando a do § unico) na forma DOLOSA
constitui o crime emquestao, uma vez que a punigao a titulo culposo exige
expressa previsao legal.
Vejam, ainda, que por ser a pena minima prevista igual a 01 ano cabera
SUSPENSAO CONDICIONAL DO PROCESSO, prevista na Lei 9.099/95:
Art. 89. Nos crimes em que a pena minima cominada for igual ou inferior a um ano,
abrangidas ou nao por esta Lei, o Ministerio Publico, ao oferecer a denuncia, podera
propor a suspensao do processo, por dois a quatro anos, desde que o acusado nao
esteja sendo processado ou nao tenha sido condenado por outro crime, presentes os
demais requisitos que autorizariam a suspensao condicional da pena (art. 77 do Cddigo
Penal).
2.2 Quebra de sigilo fiscal
O art. 198 do CTN assim dispoe sobre o sigilo fiscal:
Art. 198. Sem prejuizo do disposto na legislagao criminal, e vedada a divulgagao, por
parte da Fazenda Publica ou de seus servidores, de informagao obtida em razao do
oficio sobre a situagao economica ou financeira do sujeito passivo ou de terceiros e
sobre a natureza e o estado de seus negocios ou atividades. fRedacao dada pela Leo
n° 104. de 2001 )
Contudo, existem hipoteses nas quais e admitida a quebra de sigilo fiscal,
que constam logo abaixo, no § 1° do art. 1987:
Art. 198 (...)
§ lo Excetuam-se do disposto neste artigo, alem dos casos previstos no art. 199, os
seguintes: (Redagao dada pela Lcp n° 104, de 2001)
I - requisigao de autoridade judiciaria no interesse da justiga; (Incluido pela Lcp n°104, de 2001)
II - solicitagdes de autoridade administrativa no interesse da Administragao Publica,
desde que seja comprovada a instauragao regular de processo administrativo, no
orgao ou na entidade respectiva, com o objetivo de investigar o sujeito passivo a que
7 O art. 199 nao nos interessa para fins processuais penais: "Art. 199. A Fazenda Publica da Uniao
e as dos Estados, do Distrito Federal e dos Municipios prestar-se-ao mutuamente assistencia para
a fiscalizagao dos tributos respectivos e permuta de informagoes, na forma estabelecida, em
carater geral ou espedfico, por lei ou convenio. "
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se rer'ere a informagao, por pratica de infragao administrativa.
104, de 2001)
ncluiao pela Lcp n
Percebam que o sigilo fiscal pode ser quebrado por determinagao judicial,
para fins de instrugao processual (ou investigagao penal). Assim, e
absolutamente vedado ao MP proceder a quebra de sigilo fiscal sem autorizagao
judicial.
O STJ entende, ainda, que a decisao judicial que decreta a quebra do
sigilo fiscal deve ser devidamente fundamentada, sob pena de configurar-
se como coagao ilegal, maculando a prova:
Jurisprudencia
(...) O sigilo fiscal esta incluido no direito a privacidade, tutelado constitucionalmente
(art. 5°, X e XII, da CF), de modo que sua violagao exige suficiente fundamentagaopor parte do Judiciario a respeito da existencia dos motivos que justifiquem a sua
ocorrencia.
8. No caso, o magistrado singular limitou-se a deferir o pleito de quebra do
sigilo fiscal do paciente e dos demais correus sem tecer uma linha de
argumentagao para tanto, estando evidenciada a coagao ilegal capaz de
justificar a concessao da ordem de habeas corpus de oficio tambem nesse
ponto.
(...)
(HC 239.334/RJ, Rel. Ministro SEBASTIAO REIS JUNIOR, SEXTA TURMA, julgado em
16/06/2015, DJe 29/06/2015)
Contudo, ainda que a quebra de sigilo fiscal seja determinada sem a devida
fundamentagao, a nulidade da prova so sera decretada caso seja
demonstrado que houve algum prejuizo para o acusado (AgRg no REsp
1198354/ES, Rel. Ministro JORGE MUSSI, QUINTA TURMA, julgado em
16/10/2014, DJe 28/10/2014 - STJ).
3 DISPOSITIVOS LEGAIS IMPORTANTES
LEI 9.296/96
^ Arts. 1° a 10 do CPP - Regulamentam a interceptagao das comunicagoestelefonicas:
Art. 1° A interceptagao de comunicagoes telefonicas, de qualquer natureza, para provaem investigagao criminal e em instrugao processual penal, observara o disposto nesta
Lei e dependera de ordem do juiz competente da agao principal, sob segredo de
justiga.
Paragrafo unico. O disposto nesta Lei aplica-se a interceptagao do fluxo de
comunicagoes em sistemas de informatica e telematica.
W
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Nao sera admitida a interceptagao de comunicagoes telefomcas
quando ocorrer qualquer das seguintes hipoteses:
I - nao houver indicios razoaveis da autoria ou participagao em infragao penal;
II - a prova puder ser feita por outros meios disponiveis;
III - o fato investigado constituir infragao penal punida, no maximo, com pena
de detengao.
Paragrafo unico. Em qualquer hipotese deve ser descrita com clareza a situagao objeto
da investigagao, inclusive com a indicagao e qualificagao dos investigados, salvo
impossibilidade manifesta, devidamente justificada.
Art. 3° A interceptagao das comunicagoes telefonicas podera ser determinada pelo
juiz, de oficio ou a requerimento:
I - da autoridade policial, na investigagao criminal;
II - do representante do Ministerio Publico, na investigagao criminal e na instrugao
processual penal.
Art. 4° 0 pedido de interceptagao de comunicagao telefonica contera a demonstragao
de que a sua realizagao e necessaria a apuragao de infragao penal, com indicagao dos
meios a serem empregados.
§ 1° Excepcionalmente, o juiz podera admitir que o pedido seja formulado
verbalmente, desde que estejam presentes os pressupostos que autorizem a
interceptagao, caso em que a concessao sera condicionada a sua redugao a termo.
§ 2° O juiz, no prazo maximo de vinte e quatro horas, decidira sobre o pedido.
Art. 5° A decisao sera fundamentada, sob pena de nulidade, indicando tambem a
forma de execugao da diligencia, que nao podera exceder o prazo de quinze dias,
renovavel por igual tempo uma vez comprovada a indispensabilidade do meio
de prova.
Art. 6° Deferido o pedido, a autoridade policial conduzira os procedimentos de
interceptagao, dando ciencia ao Ministerio Publico, que podera acompanhar a sua
realizagao.
§ 1° No caso de a diligencia possibilitar a gravagao da comunicagao interceptada, sera
determinada a sua transcrigao.
§ 2° Cumprida a diligencia, a autoridade policial encaminhara o resultado da
interceptagao ao juiz, acompanhado de auto circunstanciado, que devera conter o
resumo das operagdes realizadas.
§ 3° Recebidos esses elementos, o juiz determinara a providencia do art. 8° , ciente
o Ministerio Publico.
Art. 7° Para os procedimentos de interceptagao de que trata esta Lei, a autoridade
policial podera requisitar servigos e tecnicos especializados as concessionarias de
servigo publico.
Art. 8° A interceptagao de comunicagao telefonica, de qualquer natureza, ocorrera em
autos apartados, apensados aos autos do inquerito policial ou do processo criminal,
preservando-se o sigilo das diligencias, gravagdes e transcribes respectivas.
Paragrafo unico. A apensagao somente podera ser realizada imediatamente antes do
relatorio da autoridade, quando se tratar de inquerito policial (Codigo de Processo
Penal, art.10, § 1°) ou na conclusao do processo ao juiz para o despacho decorrente
do disposto nos arts. 407, 502 ou 538 do Codigo de Processo Penal.
Art. 9° A gravagao que nao interessar a prova sera inutilizada por decisao judicial,
durante o inquerito, a instrugao processual ou apos esta, em virtude de requerimento
do Ministerio Publico ou da parte interessada.
Paragrafo unico. 0 incidente de inutilizagao sera assistido pelo Ministerio Publico,
sendo facultada a presenga do acusado ou de seu representante legal.
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L Constitui crime realizar interceptagao de comunicagoes ' telefonicas, de
informatica ou telematica, ou quebrar segredo da Justiga, sem autorizagao judicial ou
com objetivos nao autorizados em lei.
Pena: reclusao, de dois a quatro anos, e multa.
4 JURISPRUDENCE CORRELATA
^ STJ - HC 161.053/SP: 0 STJ entendeu que a posterior autorizagao de umdos locutoresnao convalida a interceptagao realizada ilegalmente:
"(...) 1. A interceptagao telefonica e a captagao de conversa feita por um terceiro, sem
o conhecimento dos interlocutores, que depende de ordem judicial, nos termos do
inciso XII do artigo 5° da Constituigao Federal.
2. A escuta e a captagao de conversa telefonica feita por um terceiro, com o
conhecimento de apenas um dos interlocutores, ao passo que a gravagao telefonica e
feita por um dos interlocutores do dialogo, sem o consentimento ou a ciencia do outro.
3. Na hipotese, embora as gravagoes tenham sido implementadas pelo esposo da
cliente do paciente com a intengao de provar a sua inocencia, e certo que nao obteve
a indispensavel previa autorizagao judicial, razao pela qual se tern como configurada
a interceptagao de comunicagao telefonica ilegal.
4. O fato da esposa do autor das interceptagdes - que era uma interlocutora
dos dialogos gravados de forma clandestina - ter consentido posteriormente
com a divulgagao dos seus conteudos nao tern o condao de legitimar o ato,
pois no momento da gravagao nao tinha ciencia do artificio que foi
implementado pelo seu marido, nao se podendo afirmar, portanto, que, caso
soubesse, manteria tais conversas com o seu advogado pelo telefone
interceptado.
(...)
(HC 161.053/SP, Rel. Ministro JORGE MUSSI, QUINTA TURMA, julgado em
27/11/2012, DJe 03/12/2012)
^ STJ - EDcl no MS 13.099/DF - Se a decisao que determinou a interceptagaofoi legal, a prova produzida na diligencia pode ser utilizada para instruir PAD,
ainda que em relagao a fatos diversos ou outras pessoas. Esse foi o
entendimento firmado pelo STF (Inq. 2424) e pelo STJ:
"(...) 3. E de ser reconhecida a legalidade da utilizagao da interceptagao telefonica
produzida na agao penal nos autos do processo administrative disciplinar, ainda que
instaurado (a) para apuragao de ilicitos administrativos diversos dos delitos objeto do
processo criminal; e (b) contra a mesma ou as mesmas pessoas em relagao as quais
a prova foi colhida, ou contra outros servidores cujo suposto ilicito tenha vindo a tona
em face da interceptagao telefonica.
4. Embargos de declaragao rejeitados."
(EDcl no MS 13.099/DF, Rel. Ministra LAURITA VAZ, TERCEIRA SEQAO, julgado em
25/04/2012, DJe 09/05/2012)
^ STF - HC 96156- 0 STF decidiu que se houve criagao interna de terminal paraefetuar desvios de chamada (desvio duplo), esse terminal criado, ainda que nao
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expressamente abrangido pela decisao, e alcangado pela interceptagao
telefonica:
O terminal telefonico criado internamente por operadora de telefonia, com o
simples fim de efetuar desvio de chamadas de um terminal objeto de interceptagao
judicial, e alcangado pela medida constritiva incidente sobre este ultimo. Ordem
denegada. (HC 96156, STF)
STJ - HC 43.234/SP - O STJ decidiu que e possfvel realizar interceptagao
telefonica mesmo antes da instauragao do IP:
”(...)I. A interceptagao telefonica para fins de investigagao criminal pode se efetivar
antes mesmo da instauragao do inquerito policial, pois nada impede que as
investigagoes precedam esse procedimento. "A providencia pode ser determinada para
a investigagao criminal (ate antes, portanto, de formalmente instaurado o inquerito)
e para a instrugao criminal, depois de instaurada a agao penal." (...)
(HC 43.234/SP, Rel. Ministro GILSON DIPP, QUINTA TURMA, julgado em 03/11/2005,
DJ 21/11/2005, p. 265)
5 RESUMO
Para finalizar o estudo da materia, trazemos um resumo dos
principais aspectos estudados ao longo da aula. Nossa
sugestao e a de que esse resumo seja estudado sempre
previamente ao inicio da aula seguinte, como forma de
"refrescar" a memoria. Alem disso, segundo a organizagao
de estudos de voces, a cada ciclo de estudos e fundamental
retomar esses resumos. Caso encontrem dificuldade em
compreender alguma informagao, nao deixem de retornar a
aula.
Finalidade - Regulamentar o artigo 5°, XII da CRFB/88, que estabelece a
inviolabilidade das comunicagoes telefonicas, permitindo a interceptagao de tais
comunicagoes apenas em casos excepcionais, por decisao judicial.
Conceitos
Interceptagao de comunicagoes telefdnicas - Esse termo significa a
captagao de conversas realizadas por meio telefonico, entre TERCEIROS, e ocorre
quando NENHUM DOS INTERLOCUTORES TEM CIENCIA DA GRAVAgAO DA
CONVERSA.
Escuta telefonica - E a modalidade na qual um dos interlocutores tern ciencia
da gravagao, que e feita porTERCEIRA PESSOA. A semelhanga da interceptagao
telefonica, so e admitida mediante autorizagao judicial.
Gravagao telefonica - E a modalidade na qual um dos interlocutores realiza a
gravagao da conversa, ou seja, nao ha a participagao de terceiros. E considerada
prova LICITA
Interceptagoes ambientais - Incluem a interceptagao ambiental stricto sensu,
a gravagao ambiental e a escuta ambiental. Uma comunicagao ambiental e aquela
realizada pessoalmente, e nao atraves de qualquer aparelho de transmissao.
m-
0^ =
W
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OBS. Os Tribunals Superiores aplicam as mesmas regras
interceptagao telefonica as interceptagoes ambientais.
a
Clausula de reserva de jurisdigao - Trata-se de medida excepcional, e que so
pode ser decretada pelo Juiz competente.
Mas e se for autorizada por Juiz incompetente? Neste caso, teremos uma
prova ilfcita e, portanto, nao podera ser utilizada no processo.
OBS.: Teoria do Jufzo aparente - O STF entende que se a incompetencia do Jufzo
que decretou a medida somente foi reconhecida em razao de fatos cujo
conhecimento e posterior a decisao judicial, aplica-se a TEORIA DO JUIZO
APARENTE, ou seja, o Jufzo que decretou a medida nao era, de fato,
competente, mas considerando-se apenas os fatos conhecidos a epoca da
decisao, ele era o Jufzo aparentemente competente.
Requisitos
Haver indfcios razoaveis de autoria ou participagao em infragao penal
A prova nao puder ser feita por outros meios
0 fato investigado deve ser punido com pena de reclusao
A situagao objeto da investigagao deve ser descrita com clareza, com a
qualificagao dos suspeitos, SALVO SE ISSO FOR IMPOSSIVEL
Prova emprestada
Embora as interceptagoes telefonicas so possam ser autorizadas nestes casos
expressamente previstos, o STF admite que a prova obtida atraves de uma
interceptagao Ifcita (que obedeceu aos requisitos legais) possa ser utilizada como
"prova emprestada" em outros processos criminais ou ate mesmo procedimentos
administrativos disciplinares instaurados em face dos mesmos investigados OU
DE OUTROS, desde que haja conexao entre os fatos.
Quern pode requerer a autorizagao para realizagao de interceptagao
telefonica?
De offcio, pelo Juiz (Sem pedido de ninguem)
A requerimento da autoridade policial, durante a investigagao criminal
A requerimento do MP, durante a investigagao ou durante a instrugao
processual penal
Mas, e no caso de crimes de agao penal privada? A Doutrina entende que a
vftima tem legitimidade para requerer autorizagao para realizagao de
interceptagao telefonica.
Prazo e prorrogagao
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O prazo e de ate 15 dias, renovavel uma vez por igual perfodo.
STF - Pode haver diversas prorrogagoes, desde que isso seja necessario.
Infcio da contagem do prazo - Data em que se efetiva a diligencia.
Procedimentos
Quern conduz? A autoridade policial, dando ciencia de tudo ao MP.
Conclusao - Apos a realizagao dos trabalhos, a autoridade policial encaminhara
o resultado ao Juiz, acompanhado de resumo das operagoes realizadas. Neste
momento o Juiz determinara que os documentos relativos a interceptagao sejam
autuados em apartado, apensados aos autos principais, tramitando em segredo
de justiga. Apos, dara ciencia ao MP.
Material irrelevante - Deverao ser descartados, mediante requerimento da
parte interessada ou do MP, naquilo que se chama de "incidente de
inutilizagao".Degravagao e perfcia
Nao e necessaria a transcrigao de todo o conteudo interceptado, somente
das partes relevantes
A integralidade do audio interceptado deve ser disponibilizada a defesa
Nao e necessaria a perfcia para atestar a legitimidade do material.
Entretanto, se alguma das partes tiver duvida, pode requerer a pericia.
Bons estudos!
Prof. Renan Araujo
6 LISTA DE EXERCICIOS
HORA OE
raticar!
(CESPE - 2013 - PGDF - PROCURADOR)01.
De acordo com a Lei n.° 9.296/1996, a intercepgao das comunicagoes telefonicaspodera ser determinada a requerimento da autoridade policial, na fase de
investigagao criminal, ou a requerimento do MP, somente na fase de instrugao
criminal.
02. (CESPE - 2013 - POLICIA FEDERAL - DELEGADO)
Apesar de a lei prever o prazo maximo de quinze dias para a interceptagao
telefonica, renovavel por mais quinze, nao ha qualquer restrigao ao numero de
prorrogagoes, desde que haja decisao fundamentando a dilatagao do perfodo.
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CESPE - 2013 - POLICIA FEDERAL - DELEGADO03.
Segundo o entendimento do STF, e permitido, em carater excepcional, a polfcia
militar, mediante autorizagao judicial e sob supervisao do MP, executar
interceptagoes telefonicas, sobretudo quando houver suspeita de envolvimento
de autoridades policiais civis nos delitos investigados, nao sendo a execugao
dessa medida exclusiva da autoridade policial, visto que sao autorizados, por lei,
o emprego de servigos e a atuagao de tecnicos das concessionaries de servigos
publicos de telefonia nas interceptagoes.
04. (CESPE - 2013 - PC-BA - DELEGADO)
Um delegado de polfcia, tendo recebido denuncia anonima de que Milton estaria
abusando sexualmente de sua propria filha, requereu, antes mesmo de colher
provas acerca da informagao recebida, a juiz da vara criminal competente a
interceptagao das comunicagoes telefonicas de Milton pelo prazo de quinze dias,
sucessivamente prorrogado durante os quarenta e cinco dias de investigagao.
Katia, ex-mulher de Mflton, contratou o advogado Caio para acompanhar o
inquerito policial instaurado. Mflton, entao, ainda no curso da investigagao,
resolveu interceptar, diretamente e sem o conhecimento de Caio e Katia, as
ligagoes telefonicas entre eles, tendo tornado conhecimento, devido as
interceptagoes, de que o advogado cometera o crime de trafico de influencia. Em
razao disso, Mflton procurou Katia e solicitou que ela concordasse com a
divulgagao do conteudo das gravagoes telefonicas, ao que Katia anuiu
expressamente. Mflton, entao, apresentou ao delegado o conteudo das
gravagoes, que foram utilizadas para subsidiar agao penal iniciada pelo MP contra
Caio, pela pratica do crime de trafico de influencia.
Com base nessa situagao hipotetica, julgue os itens seguintes, a respeito das
interceptagoes telefonicas.
A interceptagao telefonica solicitada pelo delegado de polfcia e autorizada
judicialmente e nula, haja vista ter sido sucessivamente prorrogada pelo
magistrado por prazo superior a trinta dias, o que contraria a previsao legal de
que o prazo da interceptagao telefonica nao pode exceder quinze dias, renovavel
uma vez por igual perfodo.
05. (CESPE - 2013 - PC-BA - DELEGADO)
Um delegado de polfcia, tendo recebido denuncia anonima de que Mflton estaria
abusando sexualmente de sua propria filha, requereu, antes mesmo de colher
provas acerca da informagao recebida, a juiz da vara criminal competente a
interceptagao das comunicagoes telefonicas de Mflton pelo prazo de quinze dias,
sucessivamente prorrogado durante os quarenta e cinco dias de investigagao.
Katia, ex-mulher de Mflton, contratou o advogado Caio para acompanhar o
inquerito policial instaurado. Mflton, entao, ainda no curso da investigagao,
resolveu interceptar, diretamente e sem o conhecimento de Caio e Katia, as
ligagoes telefonicas entre eles, tendo tornado conhecimento, devido as
interceptagoes, de que o advogado cometera o crime de trafico de influencia. Em
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isso, MNton procurou Katia e solicitou que ela concordasse com arazao
divulgagao do conteudo das gravagoes telefonicas, ao que Katia anuiu
expressamente. Mflton, entao, apresentou ao delegado o conteudo das
gravagoes, que foram utilizadas para subsidiar agao penal iniciada pelo MP contra
Caio, pela pratica do crime de trafico de influencia.
Com base nessa situagao hipotetica, julgue os itens seguintes, a respeito das
interceptagoes telefonicas.
O fato de Katia — que era interlocutora dos dialogos gravados — ter consentido
posteriormente com a divulgagao do conteudo das gravagoes nao legitima o ato
nem justifica sua utilizagao como prova.
06. (CESPE - 2013 - PC-BA - DELEGADO)
Um delegado de policia, tendo recebido denuncia anonima de que Milton estaria
abusando sexualmente de sua propria filha, requereu, antes mesmo de colher
provas acerca da informagao recebida, a juiz da vara criminal competente a
interceptagao das comunicagoes telefonicas de Milton pelo prazo de quinze dias,
sucessivamente prorrogado durante os quarenta e cinco dias de investigagao.
Katia, ex-mulher de Milton, contratou o advogado Caio para acompanhar o
inquerito policial instaurado. Milton, entao, ainda no curso da investigagao,
resolveu interceptar, diretamente e sem o conhecimento de Caio e Katia, as
ligagoes telefonicas entre eles, tendo tornado conhecimento, devido as
interceptagoes, de que o advogado cometera o crime de trafico de influencia. Em
razao disso, Milton procurou Katia e solicitou que ela concordasse com a
divulgagao do conteudo das gravagoes telefonicas, ao que Katia anuiu
expressamente. Milton, entao, apresentou ao delegado o conteudo das
gravagoes, que foram utilizadas para subsidiar agao penal iniciada pelo MP contra
Caio, pela pratica do crime de trafico de influencia.
Com base nessa situagao hipotetica, julgue os itens seguintes, a respeito das
interceptagoes telefonicas.
A interceptagao telefonica realizada por Milton e ilegal, porquanto desprovida da
necessaria autorizagao judicial.
07. (CESPE - 2013 - CNJ - ANALISTA JUDIClARIO)
Admite-se que o juiz determine interceptagao telefonica quando houver indicios
razoaveis de autoria ou participagao em infragao penal punida com detengao e a
prova nao puder ser feita por outros meios.
08. (CESPE - 2014 - TJ-DF - TITULAR NOTARIAL)
Assinale a opgao correta acerca de interceptagao telefonica, segundo o STF, o
STJ e a doutrina majoritaria.
a) Segundo o entendimento do STF, e impossivel a prorrogagao do prazo de
autorizagao para a interceptagao telefonica por periodos sucessivos.
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b) O juiz competente para determinar a interceptagao e o competente para
processar e julgar o crime de cuja pratica se suspeita. No entanto, a verificagao
posterior de que se trata de crime para o qual o juiz seria incompetente nao deve
acarretar a nulidade absoluta da prova colhida.
c) E valido o deferimento de interceptagao telefonica promovido em razao de
denuncia anonima desacompanhada de outras diligencias.
d) E indispensavel previa instauragao de inquerito para a autorizagao de
interceptagao telefonica
e) Consoante entendimento predominante nos tribunais superiores, faz-se
necessaria a transcrigao integral do conteudo da quebra do sigilo das
comunicagoes telefonicas
09. (CESPE - 2014 - TJ-DF - JUIZ - ADAPTADA)
Segundo entendimento do STJ, e inadmissfvel a utilizagao de prova produzida em
feito criminal diverso, obtida por meio de interceptagao telefonica e relacionada
com os fatos do processo-crime, ainda que seja oferecida a defesa oportunidade
de proceder ao contraditorio.
10. (CESPE - 2014 - TJ-DF - JUIZ - ADAPTADA)
A Lei n.° 9.296/1996, que trata da interceptagao das comunicagoes telefonicas,estipula o prazo de quinze dias para a interceptagao de comunicagoes telefonicas,
renovavel uma vez por igual periodo, vedadas, de acordo como entendimento
jurisprudencial do STF e do STJ, as prorrogagoes por periodo superior a esse
prazo.
(CESPE - 2014 - TJ-DF - JUIZ - ADAPTADA)
O contraditorio das provas obtidas por meio de interceptagao telefonica e
postergado para os autos da agao penal deflagrada, quando as partes terao
acesso ao seu conteudo e, diante desses elementos, poderao impugnar e
contraditar as provas obtidas por meio da medida cautelar.
11.
12. (CESPE - 2014 - MPE-AC - PROMOTOR DE JUSTI^A - ADAPTADA)De acordo com a lei que rege as interceptagoes telefonicas, a competencia para
deferir esse procedimento no curso do inquerito policial e do promotor de justiga
com atribuigao para atuar na agao principal.
13. (CESPE - 2014 - MPE-AC - PROMOTOR DE JUSTIGA - ADAPTADA)
A agao penal padecera de nulidade absoluta, por cerceamento de defesa, caso a
defesa nao tenha acesso a integralidade do teor das escutas telefonicas antes da
colheita da prova oral.
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CESPE - 2015 - TJDFT - OFICIAL DE JUSTI^A)A respeito de prova criminal, de medidas cautelares e de prisao processual, julgue
os itens que se seguem.
A gravagao decorrente de interceptagao telefonica que nao interessar ao processo
devera ser inutilizada por decisao judicial posterior, necessariamente, a conclusao
da instrugao processual.
14.
15. (CESPE - 2009 - AGU - ADVOGADO DA UNIAO)
A respeito da interceptagao das comunicagoes telefonicas, julgue o item a seguir,
com base no entendimento do STF.
Considere que, apos realizagao de interceptagao telefonica judicialmente
autorizada para apurar crime contra a administragao publica imputado ao
servidor publico Mario, a autoridade policial tenha identificado, na fase de
inquerito, provas de ilfcitos administrativos praticados por outros servidores.
Nessa situagao hipotetica, considerando-se que a interceptagao telefonica tenha
sido autorizada judicialmente apenas em relagao ao servidor Mario, as provas
obtidas contra os outros servidores nao poderao ser usadas em procedimento
administrative disciplinar.
16. (CESPE - 2009 - AGU - ADVOGADO DA UNIAO)
A respeito da interceptagao das comunicagoes telefonicas, julgue o item a seguir,
com base no entendimento do STF.
E possfvel a prorrogagao do prazo de autorizagao para a interceptagao telefonica,
mesmo que sucessiva, especialmente quando se tratar de fato complexo que
exija investigagao diferenciada e contmua.
17. (CESPE - 2009 - AGU - ADVOGADO DA UNIAO)
A respeito da interceptagao das comunicagoes telefonicas, julgue o item a seguir,
com base no entendimento do STF.
Uma vez realizada a interceptagao telefonica de forma fundamentada, legal e
legftima, as informagoes e provas coletadas dessa diligencia podem subsidiar
denuncia com base em crimes punfveis com pena de detengao, desde que estes
sejam conexos aos primeiros tipos penais que justificaram a interceptagao.
18. (CESPE - 2010 - ABIN - OFICIAL TECNICO DE INTELIGENCIA)
Com base nos delitos em especie, julgue o proximo item.
Constitui crime realizar interceptagao de comunicagoes, sejam elas telefonicas,
informaticas, ou telematicas, ou, ainda, quebrar segredo da justiga sem
autorizagao judicial ou com objetivos nao autorizados em lei.
19. (FGV - 2015 - OAB - XVIII EXAME DE ORDEM)
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Determinada autoridade policial recebeu informagoes de vizinhos de Lucas dando
conta de que ele possufa arma de fogo calibre .38 em sua casa, razao pela qual
resolveu indicia- lo pela pratica de crime de posse de arma de fogo de uso
permitido, infragao de medio potencial ofensivo, punida com pena de detengao
de 01 a 03 anos e multa. No curso das investigagoes, requereu ao Judiciario
interceptagao telefonica da linha do aparelho celular de Lucas para melhor
investigar a pratica do crime mencionado, tendo sido o pedido deferido.
De acordo com a situagao narrada, a prova oriunda da interceptagao deve ser
considerada
A) ilfcita, pois somente o Ministerio Publico tern legitimidade para representar
pela medida.
B) valida, desde que tenha sido deferida por ordem do juiz competente para agao
principal.
C) ilfcita, pois o crime investigado e punido com detengao.
D) ilfcita, assim como as dela derivadas, ainda que estas pudessem ser obtidas
por fonte independente da primeira.
20. (FGV - 2015 - TJ-BA - ANALISTA JUDICIARIO - DIREITO)
Durante a instrugao de caso penal versando sobre crime doloso contra a vida, em
desfavor de Bruno, alem da prova oral e pericial, foram juntados aos autos, por
meio de compartilhamento de provas judicialmente autorizado, audios e
transcrigoes de interceptagao telefonica implementada em processo distinto, que
investigava trafico de drogas, e que indiciavam a conduta criminosa do reu. A
decisao interlocutoria de pronuncia foi fundamentada nos indfcios oriundos dessa
interceptagao telefonica, deferida por Juiz de Direito diverso daquele competente
para o crime doloso contra a vida. Nessa situagao, a decisao de pronuncia:
(A) deve ser anulada por usar elementos de prova coligidos fora da instrugao
processual propria;
(B) pode ser fundamentada em indfcios de autoria surgidos, de forma fortuita,
durante a investigagao de outros crimes;
(C) deve ser anulada pela violagao do princfpio da imediagao processual penal;
(D) pode ser fundamentada em indfcios de autoria surgidos durante investigagao
de outros crimes, se corroborada pela prova plena do processo principal;
(E) deve ser anulada pela violagao do princfpio da identidade ffsica do juiz na
colheita da prova da interceptagao.
(FGV - 2013 - TJ-AM - JUIZ)
A interceptagao de comunicagoes telefonicas observara o disposto na Lei n.
9.296/96.
A esse respeito, assinale a afirmativa incorreta.
21.
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a) A interceptagao dependera de ordem do Juiz competente da agao principal,
podendo ser determinada de offcio, ou a requerimento da autoridade policial ou
do representante do Ministerio Publico
b) A interceptagao deve concretizar-se em segredo de justiga, podendo ser
determinada durante as investigagoes ou durante o processo penal.
c) Nao sera permitida a interceptagao para se apurar crime apenado com
detengao.
d) Quando for possfvel ser a prova feita por outros meios disponfveis, a
interceptagao nao pode ser deferida
e) Segundo a jurisprudence majoritaria dos Tribunais Superiores, o prazo da
interceptagao nao podera exceder de 15 dias, sendo permitida uma unica
renovagao por igual prazo.
22. (FGV - 2014 - DPE-RJ - TECNICO SUPERIOR JURIDICO)
Apos demonstrar a inviabilidade de outros meios de prova em investigagao
criminal sobre trafico de drogas, Delegado de Policia Civil obteve, com parecer
positivo do Ministerio Publico, no perfodo compreendido entre outubro e
dezembro de 2013, o deferimento e a prorrogagao sucessiva de interceptagoes
telefonicas contra desviante conhecido como "Fabio Aspira", decorrente de jufzo
positivo do Magistrado competente. No curso da investigagao, foram captados
dialogos incriminadores de um terceiro agente, identificado como "Paulao B.
Vulcao", em conversa com "Fabio Aspira", sem que seu terminal telefonico fosse
interceptado. Posteriormente, em atividade de jornalismo investigativo,
determinado reporter consegue gravar conversa com "Paulao B. Vulcao", na qual
este admite ser o Ifder da facgao criminosa "Movimento Estrategico Independente
de Entorpecentes Rusticos", o que e posteriormente usado na persecugao penal
contra os desviantes. Por fim, quando finalizada a investigagao, constata-se que
"Fabio Aspira" ocupa cargo, por aprovagao em concurso publico, de Guarda
Municipal, ha seis anos. A prova angariada no Inquerito Policial, incluindo a
interceptagao telefonica, e, posteriormente, utilizada pela Administragao Publica
Municipal, em Procedimento Administrative Disciplinar (PAD).
A luz da hipotese formulada e dos conceitos e limites legais, ecorreto afirmar
que:
a) dados obtidos em interceptagao telefonica, judicialmente autorizada para
produgao de prova em investigagao criminal, podem ser usados em Procedimento
Administrativo Disciplinar, contra a mesma ou as mesmas pessoas em relagao as
quais foram colhidos, ou contra outros servidores cujos supostos ilicitos teriam
despontado a colheita dessa prova.
b) o terminal telefonico criado internamente por operadora de telefonia, com o
fim de efetuar desvio de chamadas de um terminal objeto de interceptagao
judicial (chamado de "desvio duplo"), nao e alcangado pela medida constritiva
incidente sobre este ultimo, contaminando a prova produzida.
c) a interceptagao realizada na linha telefonica do correu "Fabio Aspira", que
captou dialogo com "Paulao B. Vulcao", mediante autorizagao judicial, constitui
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prova ilicita em relagao a este ultimo, nao podendo ser utilizada para subsidiar
agao penal, pois dependeria de ordem judicial espedfica.
d) nao e licita a prorrogagao do prazo legal de autorizagao para interceptagao
telefonica, ainda que de modo sucessivo (periodos sucessivos de quinze dias),
mesmo quando o fato seja complexo e, como tal, exija investigagao diferenciada
e contfnua.
e) para ser utilizada como prova judicial valida, a gravagao de conversa presencial
entre uma pessoa e seu interlocutor depende de autorizagao judicial previa,
enquadrando-se nas mesmas regras da interceptagao telefonica.
23. (FCC - 2008 - MPE-PE - PROMOTOR DE JUSTI^A)A interceptagao telefonica, nos termos da lei, sera admitida
a) mesmo que a prova possa ser feita por outros meios disponiveis.
b) quando houver indicios razoaveis de autoria ou participagao em infragao penal.
c) em infragao penal punida com qualquertipo de pena.
d) a pedido de qualquer pessoa que tenha interesse no fato a ser investigado.
e) pelo prazo maximo de trinta dias, prorrogavel por mais trinta.
24. (VUNESP - 2013 - TJ-RJ - JUIZ)
Relativamente a interceptagao de comunicagoes telefonicas, assinale a
alternativa correta de acordo com a Lei n.° 9.296/96.
a) Nao podera exceder o prazo de cinco dias, renovavel por igual tempo uma vez
comprovada a indispensabilidade do meio de prova.
b) A autoridade policial, na investigagao criminal, podera verbalmente solicitar
sua realizagao ao juiz.
c) O juiz nao podera determinar de oficio sua realizagao.
d) Podera ser realizada durante a investigagao criminal e em instrugao processual
penal de qualquer crime, mas nunca de contravengoes.
25. (VUNESP - 2014 - TJ-PA - JUIZ)
No que concerne a interceptagao telefonica, regulada pela Lei n.° 9.296/96,
a) e admitida para investigagao de infragoes penais punidas com reclusao ou
detengao, sendo vedada para aquelas que admitem apenas prisao simples e
multa.
b) a representagao pela sua decretagao deve ser feita por escrito, nao se
admitindo a forma oral.
c) os trechos de conversas interceptadas que nao interessarem a prova do crime
deverao ser imediatamente destruidas pela autoridade policial
d) nao pode ser prorrogada por mais de um perfodo de 15 (quinze) dias, de
acordo com jurisprudence atual e dominante dos tribunais superiores.
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e) so sera admitida se a prova nao puder ser feita por outros meios dispomveis.
7 EXERCICIOS COMENTADOS
(CESPE - 2013 - PGDF - PROCURADOR)
De acordo com a Lei n.° 9.296/1996, a intercepgao das comunicagdes
telefonicas podera ser determinada a requerimento da autoridade
policial, na fase de investigagao criminal, ou a requerimento do MP,
somente na fase de instrugao criminal.
COMENTARIOS: 0 item esta errado, porque o MP possui legitimidade para
requerer a determinagao da interceptagao das comunicagoes telefonicas a
qualquer momento, seja durante as investigagoes, seja durante a instrugao
processual. Vejamos:
Art. 3° A interceptagao das comunicagoes telefonicas podera ser determinada pelo
juiz, de oflcio ou a requerimento:
I - da autoridade policial, na investigagao criminal;
II - do representante do Ministerio Publico, na investigagao criminal e na instrugao
processual penal.
Portanto, a AFIRMATIVA ESTA ERRADA.
01.
02. (CESPE - 2013 - POLICIA FEDERAL - DELEGADO)
Apesar de a lei prever o prazo maximo de quinze dias para a
interceptagao telefonica, renovavel por mais quinze, nao ha qualquer
restrigao ao numero de prorrogagoes, desde que haja decisao
fundamentando a dilatagao do periodo.
COMENTARIOS: O item esta correto. Embora haja tal previsao legal, o STF
entende que e possivel a prorrogagao sucessiva da medida, desde que
indispensavel ao sucesso das investigagoes e devidamente fundamentada.
Portanto, a AFIRMATIVA ESTA CORRETA.
03. (CESPE - 2013 - POLICIA FEDERAL - DELEGADO)
Segundo o entendimento do STF, e permitido, em carater excepcional, a
policia militar, mediante autorizagao judicial e sob supervisao do MP,
executar interceptagoes telefonicas, sobretudo quando houver suspeita
de envolvimento de autoridades policiais civis nos delitos investigados,
nao sendo a execugao dessa medida exclusiva da autoridade policial,
visto que sao autorizados, por lei, o emprego de servigos e a atuagao de
tecnicos das concessionarias de servigos publicos de telefonia nas
interceptagoes.
COMENTARIOS: 0 item esta correto. 0 STF possui entendimento no sentido de
que nao ha "reserva de atuagao" a Policia "Judiciaria" (Policias Civil e Federal).
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Assim, o STF entende que e possfvel a execugao da medida pela Polfcia Militar
(desde que previamente autorizada pelo Juiz, e claro). Vejamos:
( . . . )Reconheceu-se a possibilidade excepcional de a polfcia militar, mediante
autorizagao judicial, sob supervisao do parquet, efetuar a mera execugao das
interceptagoes, na circunstancia de haver singularidades que justificassem
esse deslocamento, especialmente quando, como no caso, houvesse suspeita
de envolvimento de autoridades policias da delegacia local. Consignou-se nao
haver ilicitude, ja que a execugao da medida nao seria exclusiva de autoridade policial,
pois a propria lei autorizaria o uso de servigos e tecnicos das concessionaries (Lei
9.296/96, art. 7°) e que, alem de sujeitar-se a ao controle judicial durante a execugao,tratar-se-ia apenas de meio de obtengao da prova (instrumento), com ela nao se
confundindo.
(HC 96986/MG, rel. Min. Gilmar Mendes, 15.5.2012. (HC-96986)
Portanto, a AFIRMATIVA ESTA CORRETA.
04. (CESPE - 2013 - PC-BA - DELEGADO)
Um delegado de polfcia, tendo recebido denuncia anonima de que Milton
estaria abusando sexualmente de sua propria filha, requereu, antes
mesmo de colher provas acerca da informagao recebida, a juiz da vara
criminal competente a interceptagao das comunicagdes telefdnicas de
Milton pelo prazo de quinze dias, sucessivamente prorrogado durante os
quarenta e cinco dias de investigagao.
Katia, ex-mulher de Milton, contratou o advogado Caio para acompanhar
o inquerito policial instaurado. Milton, entao, ainda no curso da
investigagao, resolveu interceptar, diretamente e sem o conhecimento
de Caio e Katia, as ligagoes telefdnicas entre eles, tendo tornado
conhecimento, devido as interceptagoes, de que o advogado cometera o
crime de trafico de influencia. Em razao disso, Milton procurou Katia e
solicitou que ela concordasse com a divulgagao do conteudo das
gravagdes telefdnicas, ao que Katia anuiu expressamente. Milton, entao,
apresentou ao delegado o conteudo das gravagdes, que foram utilizadas
para subsidiar agao penal iniciada pelo MP contra Caio, pela pratica do
crime de trafico de influencia.
Com base nessa situagao hipotetica, julgue os itens seguintes, a respeito
das interceptagoes telefdnicas.
A interceptagao telefonica solicitada pelo delegado de policia e
autorizada judicialmente e nula, haja vista ter sido sucessivamente
prorrogada pelo magistrado por prazo superior a trinta dias,o que
contraria a previsao legal de que o prazo da interceptagao telefonica nao
pode exceder quinze dias, renovavel uma vez por igual periodo.
COMENTARIOS: O item esta ERRADO. Embora haja tal previsao legal, o STF
entende que e possfvel a prorrogagao sucessiva da medida, desde que
indispensavel ao sucesso das investigagoes e devidamente fundamentada.
Portanto, a AFIRMATIVA ESTA ERRADA.
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CESPE - 2013 - PC-BA - DELEGADO)
Um delegado de policia, tendo recebido denuncia andnima de que Milton
estaria abusando sexualmente de sua propria filha, requereu, antes
mesmo de colher provas acerca da informagao recebida, a juiz da vara
criminal competente a interceptagao das comunicagdes telefdnicas de
Milton pelo prazo de quinze dias, sucessivamente prorrogado durante os
quarenta e cinco dias de investigagao.
Katia, ex-mulher de Milton, contratou o advogado Caio para acompanhar
o inquerito policial instaurado. Milton, entao, ainda no curso da
investigagao, resolveu interceptar, diretamente e sem o conhecimento
de Caio e Katia, as ligagoes telefonicas entre eles, tendo tornado
conhecimento, devido as interceptagdes, de que o advogado cometera o
crime de trafico de influencia. Em razao disso, Milton procurou Katia e
solicitou que ela concordasse com a divulgagao do conteudo das
gravagoes telefonicas, ao que Katia anuiu expressamente. Milton, entao,
apresentou ao delegado o conteudo das gravagoes, que foram utilizadas
para subsidiar agao penal iniciada pelo MP contra Caio, pela pratica do
crime de trafico de influencia.
Com base nessa situagao hipotetica, julgue os itens seguintes, a respeito
das interceptagdes telefdnicas.
O fato de Katia — que era interlocutora dos dialogos gravados — ter
consentido posteriormente com a divulgagao do conteudo das gravagoes
nao legitima o ato nem justifica sua utilizagao como prova.
COMENTARIOS: No caso em tela temos um exemplo classico de interceptagao
telefonica obtida de forma ilegal, sendo considerada, portanto, prova ilicita.
Os Tribunals Superiores entendem que o posterior consentimento de um dos
interlocutores nao convalida a prova (Ver HC 161.053-SP - STJ)
Portanto, a AFIRMATIVA ESTA CORRETA.
05.
06. (CESPE - 2013 - PC-BA - DELEGADO)
Um delegado de policia, tendo recebido denuncia andnima de que Milton
estaria abusando sexualmente de sua propria filha, requereu, antes
mesmo de colher provas acerca da informagao recebida, a juiz da vara
criminal competente a interceptagao das comunicagdes telefdnicas de
Milton pelo prazo de quinze dias, sucessivamente prorrogado durante os
quarenta e cinco dias de investigagao.
Katia, ex-mulher de Milton, contratou o advogado Caio para acompanhar
o inquerito policial instaurado. Milton, entao, ainda no curso da
investigagao, resolveu interceptar, diretamente e sem o conhecimento
de Caio e Katia, as ligagoes telefdnicas entre eles, tendo tornado
conhecimento, devido as interceptagdes, de que o advogado cometera o
crime de trafico de influencia. Em razao disso, Milton procurou Katia e
solicitou que ela concordasse com a divulgagao do conteudo das
gravagoes telefdnicas, ao que Katia anuiu expressamente. Milton, entao,
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apresentou ao delegado o conteudo das gravagdes, que foram utilizadas
para subsidiar agao penal iniciada pelo MP contra Caio, pela pratica do
crime de trafico de influencia.
Com base nessa situagao hipotetica, julgue os itens seguintes, a respeito
das interceptagdes telefonicas.
A interceptagao telefdnica realizada por Milton e ilegal, porquanto
desprovida da necessaria autorizagao judicial.
COMENTARIOS: 0 item esta perfeito. A interceptagao realizada por Milton e
absolutamente ilegal, eis que realizada a revelia da lei, por pessoa sem atribuigao
para tal, bem como sem autorizagao judicial.
Portanto, a AFIRMATIVA ESTA CORRETA.
07. (CESPE - 2013 - CNJ - ANALISTA JUDIClARIO)
Admite-se que o juiz determine interceptagao telefonica quando houver
indicios razoaveis de autoria ou participagao em infragao penal punida
com detengao e a prova nao puder ser feita por outros meios.
COMENTARIOS: Item errado. Isto porque nao se admite a determinagao da
interceptagao das comunicagoes telefonicas para apuragao de fato punfvel
meramente com pena de detengao, nos termos do art. 2°, III da Lei. Vejamos:
Art. 2°. Nao sera admitida a interceptagao de comunicagao telefonicas quando ocorrerqualquer das seguintes hipotese:
(...)
Ill: o fato investigado constituir infragao penal punida, no maximo, com pena de
detengao.
Portanto, a AFIRMATIVA ESTA ERRADA.
08. (CESPE - 2014 - TJ-DF - TITULAR NOTARIAL)
Assinale a opgao correta acerca de interceptagao telefdnica, segundo o
STF, o STJ e a doutrina majoritaria.
a) Segundo o entendimento do STF, e impossfvel a prorrogagao do prazo
de autorizagao para a interceptagao telefdnica por perfodos sucessivos.
b) O juiz competente para determinar a interceptagao e o competente
para processar e julgar o crime de cuja pratica se suspeita. No entanto,
a verificagao posterior de que se trata de crime para o qual o juiz seria
incompetente nao deve acarretar a nulidade absoluta da prova colhida.
c) E valido o deferimento de interceptagao telefdnica promovido em
razao de denuncia anonima desacompanhada de outras diligencias.
d) E indispensavel previa instauragao de inquerito para a autorizagao de
interceptagao telefdnica
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e) Consoante entendimento predominante nos tribunals superiores, faz-
se necessaria a transcrigao integral do conteudo da quebra do sigilo das
comunicagdes telefonicas
COMENTARIOS:
A) ERRADA: O STF e o STJ possuem entendimento solido no sentido de que a
diligencia pode ser prorrogada por sucessivas vezes, desde que o fato seja
complexo e ainda haja necessidade de realizagao da medida.
B) CORRETA: Neste caso, o STJ entende que deve ser aplicada a teoria do Jufzo
aparente, ou seja, se no momento da decretagao da medida nao se tinha
conhecimento do fato que torna o Juizo incompetente, a diligencia determinada
nao sera considerada invalida.
C) ERRADA: Da mesma forma que a jurisprudence nao admite a instauragao de
IP exclusivamente com base em denuncia anonima, naturalmente, a decretagao
de interceptagao telefonica, medida extremamente invasiva, nao pode estar
baseada apenas em denuncia anonima (Ver, por oportuno: HC 108147, STF).
D) ERRADA: O IP e uma pega dispensavel. E possfvel que a agao penal tenha sido
ajuizada sem a instauragao de IP. Nesse caso, nada impede que seja decretada
a medida durante o processo criminal (nao tendo havido instauragao anterior de
IP). Alem disso, o STJ possui decisoes entendendo que mesmo no caso de nao
haver processo criminal em curso, ou seja, mesmo durante a investigagao, e
possfvel a decretagao da medida mesmo sem que tenha sido instaurado o IP,
desde que haja indfcios razoaveis da pratica da infragao penal (HC 43.234/SP,
STJ).
E) ERRADA: A transcrigao somente abrangera os pontos relevantes das
conversas, nao sendo necessaria a degravagao total (Ver, por todos: HC
245.108/SP, STJ).
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA E A LETRA B.
09. (CESPE - 2014 - TJ-DF - JUIZ - ADAPTADA)
Segundo entendimento do STJ, e inadmissfvel a utilizagao de prova
produzida em feito criminal diverso, obtida por meio de interceptagao
telefonica e relacionada com os fatos do processo-crime, ainda que seja
oferecida a defesa oportunidade de proceder ao contraditorio.
COMENTARIOS: Item errado, pois o STF e o STJ admitem, de forma pacffica, a
utilizagao da prova obtida em interceptagao telefonica em outro processo
criminal, devendo ser oferecido a defesa o direito de contraditar a prova.
Vejamos:
4. A alegagao de nulidade da decisao que determinou a utilizagao de prova emprestada
ja foi analisada por esta Corte quando do julgamento do Habeas Corpus n.°
259.617/RJ, Rel. Min.

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