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Amor Líquido – Zygmunt Bauman Resenha Capítulo 1 – Apaixonar-se e desapaixonar-se No inicio do capitulo o autor aborda assuntos como o amor e a morte, salientando que se trata de eventos singulares e que não possuem conexões, os aspectos de ambos os acontecimentos são regidos por nossa subjetividade. Para o autor, os amores assim como a morte, fazem parte do acaso, e que inevitavelmente seremos alcançados em algum momento da vida. Eles por sua vez não possuem histórias próprias, ocorrem no tempo humano. As experiências amorosas nos causam a falsa sensação de sabedoria, já a morte é vista e sentida pela ótica de terceiros, não havendo possibilidade de possíveis correções ou repetições. No amor é possível amarmos mais de uma vez, o amor na definição romântica que era pregado por nossos antepassados não é mais comum, aquela de “até que a morte os separe”. Assim o amor pode ser adquirido, tornar-se até mesmo uma habilidade que aumenta com a prática, criando expectativas para os próximos amores de serem melhores aos que estamos vivendo no agora. Na realidade o autor questiona essa falsa sensação de habilidade. O que ocorre é que por não ser o amor acontecimento necessariamente único (a condição do ser apaixonado pode acometer mais de uma vez) tendemos a nos esforçar para criar alguma noção de conhecimento sobre isso. Tentamos dar alguma ideia de previsibilidade, construindo uma ilusão de sabedoria conquistada. Sobre a morte é impossível não associar qualquer tentativa de aprendizado como ilusão, justamente por ser um acontecimento único, em que as possibilidades de se aprender com o tal acontecido, se dão apenas pelas experiências de terceiros, ou seja, vem da capacidade de imaginação do sujeito. A habilidade não é de amar, e sim de “terminar rapidamente e conhecer do inicio, o prazer passageiro, a satisfação instantânea, receitas antes testadas, etc”. O amor passou a ser tratado de forma corriqueira, sem constância. O que Bauman aponta como passo para criação dessas habilidades é a popularização das ideias de experiências que chamamos de amor. São testes que fazemos com as vivências. Por sua vez, tais vivências têm sido cada vez mais efêmeras, percebendo-se uma baixa com relação a padrões antigos de profundidade dos sentimentos. Essa abundancia na possibilidade de várias experiências amorosas traz consigo a ideia de que amar (apaixonar) pode ser habilidade, em que a prática leva a perfeição. Bauman acha que isso é uma verdadeira ilusão. Tempos de amor líquido. Independente desta ideia de aprendizado, o fato é que para o que tange o amor, este aprender só poderia ter acontecido uma vez que a chegada do sentimento tenha ocorrido. Assim, o autor começa definir alguns conceitos e traz citações e exemplos. Cita que humildade e coragem são imprescindíveis ao amor. Trata sobre a diferença entre amar e desejar. Enxerga o amor como a vontade de cuidar, preservar o objeto cuidado. Enquanto o desejo quer consumir, o amor quer possuir. O desejo cresce com aniquilação do objeto, já o amor cresce com a aquisição deste, estando então em campos opostos. Todo o texto é trabalhado no contexto da sociedade consumista, onde se comercializa também a arte de amar. Inclusive em determinado momento compara o desejo com o desejo de consumo de bens materiais, como em um Shopping Center. Lá não é o desejo construído detalhadamente, e sim desejo momentâneo. É interessante também a comparação da ideia de relacionamentos com a percepção de investimento. Atribui à possibilidade de comparação ao fato de que relacionamentos são como investimentos, justamente por você dedicar tempo, dinheiro, esforços etc. e estes poderiam ser empregados para outros fins (outras ações). Ao escolher investir nesse relacionamento, você como investidor acredita estar fazendo a coisa certa, e espera também o “lucro”. Nas relações, como ideia de lucro temos segundo ele, em primeiro lugar, a segurança no sentido amplo. Bauman aponta que por vários motivos colocar a visão do relacionamento de forma comercial não é a solução dos problemas. De todo modo investir no relacionamento não é exato, não é necessariamente seguro. Você almeja (ainda que indiretamente) aquele “lucro”, que seria a segurança em sentido amplo, mas mesmo assim a insegurança continua. E traz nesse capítulo que “A solidão produz insegurança — mas o relacionamento não parece fazer outra coisa. Numa relação, você pode sentir-se tão inseguro quanto sem ela, ou até pior. Só mudam os nomes que você dá à ansiedade.”. É a incerteza permanente, pois não há exatidão sobre ter feito a coisa certa e/ou no momento certo. É justamente pela existência do dilema acima explicado que percebemos comportamentos irracionais das pessoas envolvidas. Ao não encontrarem medidas sensatas e efetivas, elas acabam agindo de forma insensata, possivelmente aumentando os problemas do relacionamento. Interessante apontar a frase sobre ser “o fracasso no relacionamento muito frequentemente um fracasso na comunicação.”. Outros conceitos são apresentados, como a ideia de “relação de bolso”, que seriam aqueles relacionamentos vistos na atualidade como “pega, mas não se apega”, a encarnação da instantaneidade e da disponibilidade. Faz a diferenciação entre parentesco e afinidade, dizendo que esta última seria o parentesco qualificado. Também traz exemplos do seriado EastEnders, que tem grande sucesso justamente por parecer encaixar com a vida real do telespectador. Por fim, conclui o capítulo comentando sobre a seção da revista OM que traz uma matéria sobre os “casais semisseparados”, os ditos revolucionários do relacionamento, que conseguem com sua individualidade maior, ficarem juntos nos momentos determinados.
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